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CLUBE DA MADRUGADA

Fundação

Publicado no jornal O Estado do Amazonas,


Caderno História do Amazonas, em 31/10/2004
Autor: Marcos Frederico Krüger

Em novembro deste ano, mais precisamente no dia 22, comemoram-se os cinqüenta anos do
Clube da Madrugada. Na atualidade, o nome talvez não diga nada às novas gerações. Entretanto,
esse grêmio de escritores e artistas realizou o mais importante movimento cultural do Amazonas. A
ele pertenceu a melhor geração literária de nosso estado.
Para homenagear o Madrugada desenvolveremos, a partir deste domingo, uma série de cinco
artigos sobre sua vida. Hoje, trataremos do contexto político e literário no momento de sua
fundação. Nos próximos textos, escreveremos sobre as tendências líricas e ficcionais, comentando
alguns livros de grande importância.

* * *

Dos escombros da Segunda Guerra Mundial surgiu uma literatura desencantada com o
mundo. Tal fenômeno é compreensível, haja vista a insensatez e a brutalidade do conflito.
Uma tendência intimista e espiritualista invade então a poesia. O reencontro com o próprio
eu e a busca de valores transcendentais equivaliam a uma reorganização do mundo e a valores
distantes da materialidade, da ganância, da destruição.
No Brasil, os poetas que enveredaram por tal caminho constituíram um grupo que ficou
conhecido como Geração de 45. Em geral, os livros didáticos apontam esse instante de nossa
literatura como o 3º. momento do Modernismo. Cremos que essa caracterização não corresponde à
verdade, em virtude de os artistas do período – salvo as inevitáveis exceções – terem novamente
“fechado” a poesia, ou seja, a métrica, a rima e as formas fixas, como o soneto, voltaram a ser
intensamente praticadas.
É nesse esquema que se pode inserir o Clube da Madrugada. Melhor dizendo: o Madrugada
é a Geração de 45 no Amazonas.
Quem se debruça sobre a história literária local nota um intenso vazio após o ciclo da
borracha. Enquanto o Modernismo se firmava em São Paulo e fazia adeptos em todo o País,
varrendo o ranço parnasiano, em nosso Estado o tradicionalismo criara raízes. Entre 1922, data da
Semana de Arte Moderna, e 1954, ano em que raiou a “madrugada” em nossas letras, apenas dois
livros de relevância tinham sido publicados dentro da nova estética literária: os “Poemas
amazônicos”, de Pereira da Silva (1927), e os “Ritmos de inquieta alegria”, de Violeta Branca
(1935). De resto, o marasmo, o apego fanático ao Parnasianismo e, mais raramente, ao Simbolismo,
estilos de época já então sepultados pela História.
O Clube da Madrugada teve, portanto, esse indiscutível mérito: o de atualizar nossa
literatura, colocando-a para caminhar em simultaneidade com a do restante do País. À parte isso, os
livros editados revelaram poetas inspirados. Considerando a produção “madrugadense” em sua
totalidade, constatamos que ela está bem acima da média, com alguns momentos especialíssimos,
em que o lirismo atinge píncaros nunca dantes alcançados no Amazonas.
Visto a cinqüenta anos de distância, podemos perceber que o Clube fez uma grande
renovação. Isso, certamente, jamais passou pela cabeça daqueles jovens que, certa madrugada, junto
ao lago da Praça da Polícia, criaram, quase por divertimento, uma agremiação literária. A atitude é
explicável: era uma forma de, agrupados, se protegerem da indiferença do meio, hostil a tudo em
que vislumbrasse o verniz da cultura.
Segundo o que se lê no livro “Clube da Madrugada: 30 anos”, de Jorge Tufic, dentre os
membros mais conhecidos ali estavam, no momento do “fiat lux”, Farias de Carvalho e Luiz
Bacellar, que foi, provavelmente, quem sugeriu o nome para a entidade. Um nome por sinal
felicíssimo, pois Madrugada expressava não só a hora em que se decidiu fundar o Clube, como,
metaforicamente, o novo tempo que surgia. Madrugada é, na poesia, um signo positivo, pois
designa a novidade. Ela é o prenúncio de uma outra e renovada manhã que vai nascer, de uma nova
era que se inaugura.
Dez foram os fundadores, segundo ainda o registro de Tufic. Alguns abandonaram a
trajetória do grêmio literário: foram para outras atividades culturais ou profissionais, apeando-se do
bonde da história. Porém, a esse núcleo inicial, à novidade que se instalava, agregaram-se, ao longo
do tempo, outros jovens interessados em arte: além do próprio Jorge Tufic, tivemos Alencar e Silva,
Antísthenes Pinto, L. Ruas, Elson Farias, Arthur Engrácio, Francisco Vasconcelos, Carlos Gomes,
Ernesto Penafort, Alcides Werk, Max Carphentier, Astrid Cabral (a segunda voz feminina de nossa
literatura) e tantos outros.
1954 foi realmente um ano especial em nossa história. Em outubro, o trabalhista Plínio
Ramos Coelho ganhara as eleições para o governo do Estado, derrotando velhas oligarquias
incrustadas no poder. Um mês depois, os ventos da renovação se transferiram da política para a
literatura. Começava o vendaval que destruiria o passado.

A POESIA MADRUGADA

Publicado no jornal O Estado do Amazonas,


Caderno História do Amazonas, em 07/11/2004
Autor: Marcos Frederico Krüger

Fundado em 22 de novembro de 1954, o Clube da Madrugada começou a divulgar a


produção de seus membros dois anos depois. Em 1956 foram publicados dois livros que
sinalizavam uma nova era poética para o Amazonas: foi o tempo de “Poesia freqüentemente”, de
Sebastião Norões, e “Varanda de Pássaros”, de Jorge Tufic.
Considerando em sua totalidade o lirismo dos grandes poetas “madrugadores”, observa-se
que ele seguiu três diretrizes fundamentais.
A primeira, nas pegadas deixadas pela Geração de 45 brasileira, afirmou-se em textos
intimistas, de perplexidade diante do eu muitas vezes dilacerado. Podem exemplificar essa postura
os seguintes versos de Farias de Carvalho, constantes do poema “Ofício”:

Ruir-me e sem contudo haver ainda


sequer simples começo construído,
saber-me morto e nunca ter vivido
além do gesto que não foi.

Em consonância com a nova estética difundida pelo País, os textos apresentavam-se em


forma fixa e a linguagem quase sempre era subjetiva. Os signos lingüísticos do cotidiano alteravam-
se pela percepção do artista e passavam a ter outros significados. Dessa forma é que Jorge Tufic
construiu o poema “Homem”:

Trajetória de sombra dispersada


Das mãos lhe escorre o tempo que sonhou.
Quantas almas possui na alma pisada?
Qual dentre todas a que mais amou?

Essa corrente poética, majoritária na primeira fase da Geração Madrugada, freqüentemente


enveredava pelo espiritualismo, que passou a se constituir numa extensão do intimismo, mais do
que numa nova tendência. Era inevitável que essa busca de caráter existencial e, por vezes,
religioso, acontecesse. Afinal, o eu dilacerado tenta se recompor no transcendente, considerando as
vicissitudes do plano material como algo transitório.
A segunda diretriz lírica fundamentava seu discurso no plano social, na luta política pela
redenção do homem excluído. Vivia-se o tempo da chamada “guerra fria” entre União Soviética e
Estados Unidos e, no Brasil, reformas de base eram reclamadas. Os poemas dessa vertente tinham
como norte filosófico o Marxismo. Era a mesma tendência que, na música popular brasileira,
produziu as “canções de protesto”, como “Caminhando”, de Geraldo Vandré.
Se antes do Golpe Militar de 1964 os poemas sociais do Madrugada reivindicavam as
mudanças que se faziam necessárias para o País, após o funesto acontecimento eles se alinharam na
trincheira do protesto. Vem ainda de Farias de Carvalho, então um dos ícones da esquerda, uma
significativa demonstração de rebeldia contra o regime imposto pelos quartéis. Em “O Engraxate”,
o eu lírico protesta contra a submissão do povo brasileiro. Por isso, não são gratuitas as referências
ao menino posto de joelhos diante de um homem de farda:

Pelas ruas da cidade


de caixa verde na mão,
inaugura a mocidade
ajoelhado no chão;
engraxa sapatos finos
lustra botas militares.

A terceira tendência de relevância é a telúrica, formada de textos de ambientação amazônica.


Ao contrário, porém, do que se observava no passado, a natureza não é a finalidade do poema nem
mera decoração paisagística. Acima dela, sobrepõem-se os problemas sociais da humanidade
ribeirinha. Elson Farias foi um caminhante tenaz dessa trilha lírica, mas muitos outros poetas do
Clube da Madrugada por ela fizeram incursões. Tal é o caso de Alcides Werk, que possui uma obra-
prima intitulada “Soneto aberto sobre a morte”, em que fundiu o telúrico, o social e o existencial em
catorze versos de grande densidade. É poema conhecido, já que foi musicado e gravado por Roberto
Dibo. Nele, protesta-se contra as condições subumanas de vida e o pouco resultado do trabalho:

Brasileiro, do norte, agricultor.


Semeou, semeou a vida inteira,
fez o campo florir por tantas vezes,

alimentou mil pássaros vadios,


foi sempre bom, mas nunca teve sorte,
e se vestiu de trapos para a morte.

A apoteose poética para o Clube aconteceu em 1959, quando Luiz Bacellar ganhou o Prêmio
Olavo Bilac, instituído pela Prefeitura do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, com o livro
“Frauta de barro”. Entretanto, há uma grande produção de obras de extrema qualidade, como, por
exemplo, “Lunamarga”, de Alencar e Silva, que será objeto de atenção em nosso próximo artigo.

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