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Leia o poema.
AS ILHAS AFORTUNADAS
1. Para que a voz se manifeste, é necessário que quem ouve se encontre semiacordado, ou
num estado de semiconsciência, sem procurar escutar essa voz – «Mas que, se
escutamos, cala, / Por ter havido escutar» (vv. 4-5); «E só se, meio dormindo, / Sem saber
de ouvir ouvimos,» (vv. 6-7); «Mas, se vamos despertando, / Cala a voz, e há só o mar.»
(vv. 14-15).
2. De acordo com o sentido dos dois últimos versos do poema, quando se desperta do
estado de semiconsciência: – a voz do mar / a voz trazida pelo «som das ondas» (v. 1),
associada a uma ideia de esperança, desaparece; – o mar passa a ser apenas uma
realidade objetiva.
1. Com base no excerto apresentado, Maria pode ser caracterizada como uma jovem: –
culta, na medida em que conhece figuras relevantes da política e da cultura; – curiosa,
pois insiste em conhecer a identidade de uma das figuras retratadas; – idealista, na
medida em que perspetiva a pátria a partir das figuras de D. Sebastião e de Camões; –
mística, pois acredita no regresso de D. Sebastião; – crente, na medida em que evoca
Deus.
Leia o texto.
MARIA
[…] Mas então, vamos, tu não me dizes do retrato? Olha (designando o de el-rei D. Sebastião)
aquele do meio, bem sabes se o conhecerei; é o do meu querido e amado rei D. Sebastião.
Que majestade! que testa aquela tão austera, mesmo dum rei moço e sincero ainda, leal,
verdadeiro, que tomou a sério o cargo de reinar, e jurou que há de engrandecer e cobrir de
glória o seu reino! Ele ali está… E pensar que havia de morrer às mãos de mouros, no meio de
um deserto, que numa hora se havia de apagar toda a ousadia refletida que está naqueles
olhos rasgados, no apertar daquela boca!... Não pode ser, não pode ser. Deus não podia
consentir em tal.
TELMO
MARIA
Pois não há profecias que o dizem? Há, e eu creio nelas. E também creio naqueloutro que ali
está (Indica o retrato de Camões.); aquele teu amigo com quem tu andaste lá pela Índia, nessa
terra de prodígios e bizarrias, por onde ele ia… como é? ah, sim...
Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa, Lisboa, Comunicação, 1982, pp. 140-141
1. Explicite três dos traços que caracterizam a personagem feminina, justificando a resposta
com elementos do texto.
Com os Voadores tenho também uma palavra, e não é pequena a queixa. Dizei-me, Voadores,
não vos fez Deus para peixes? Pois porque vos meteis a ser aves? O mar fê-lo Deus para vós, e
o ar para elas. Contentai-vos com o mar e com nadar, e não queirais voar, pois sois peixes. Se
acaso vos não conheceis, olhai para as vossas espinhas e para as vossas escamas, e
conhecereis que não sois ave, senão peixe, e ainda entre os peixes não dos melhores. Dir-me-
eis, Voador, que vos deu Deus maiores barbatanas que aos outros do vosso tamanho. Pois
porque tivestes maiores barbatanas, por isso haveis de fazer das barbatanas asas? Mas ainda
mal, porque tantas vezes vos desengana o vosso castigo. Quisestes ser melhor que os outros
peixes, e por isso sois mais mofino que todos. Aos outros peixes do alto, mata-os o anzol ou a
fisga, a vós sem fisga nem anzol, mata-vos a vossa presunção e o vosso capricho. Vai o navio
navegando e o Marinheiro dormindo, e o Voador toca na vela ou na corda, e cai palpitando.
Aos outros peixes mata-os a fome e engana-os a isca, ao Voador mata-o a vaidade de voar, e a
sua isca é o vento. Quanto melhor lhe fora mergulhar por baixo da quilha e viver, que voar por
cima das entenas e cair morto.
Padre António Vieira, Sermão de Santo António (aos peixes) e Sermão da Sexagésima,
edição de Margarida Vieira Mendes, Lisboa, Seara Nova, 1978, pp. 102-103
Glossário
entenas (linha 14) – antena, verga fixa a um mastro na qual se prende uma vela triangular ou
vela latina.
mofino (linha 9) – infeliz, desgraçado. Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas
aos itens que se seguem.
1. Caracterize o tipo humano que o peixe voador simboliza, tendo por base o excerto
transcrito.
1. O peixe voador simboliza o homem ambicioso, que não tem consciência dos limites
impostos pela sua natureza e pelas suas capacidades. Para evidenciar esta
característica, o pregador faz referência ao comportamento dos peixes voadores que,
por possuírem grandes barbatanas, agem como se fossem aves e pudessem voar.
Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.
1. Caracterize o estado de espírito do sujeito poético e relacione-o com os efeitos que a cidade
nele provoca.