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RESUMO
Atualmente os recursos hídricos estão ameaçados pela poluição ambiental, alterações
climáticas e pelo consumo exagerado, contribuindo para escassez deste recurso. O uso de
fontes alternativas de reaproveitamento das águas é uma forma de reduzir o problema de
escassez da água, além de preservar este recurso essencial para a vida humana. Uma destas
alternativas é o aproveitamento da água da chuva, por se tratar de uma das soluções mais
simples e baratas para preservar a água potável, proporciona ainda a redução do escoamento
superficial, com isso, minimizando os problemas com enchentes. Este trabalho teve como
objetivo estudar o sistema de captação e aproveitamento de água pluvial da empresa Marcão
Granitos, no município de Sete Lagoas, para a verificação se o dimensionamento do sistema
está de acordo com o que é recomendado. Além disso, indicar sugestões para o
aperfeiçoamento do sistema implantado, como alternativa para reduzir custos com água
tratada e contribuir com o meio ambiente. Após os estudos realizados, identificou-se que das
partes integrantes deste sistema apenas o reservatório foi mal dimensionado. Este não
armazena o volume de água de chuva que é possível captar na área de contribuição.
ABSTRACT
Currently water resources are threatened by pollution, climate change and over-consumption,
contributing to scarcity of this resource. The use of water reuse of alternative sources is a way
to reduce the problem of water scarcity, and preserve this essential resource for human life.
One of these alternatives is the use of rain water, because it is one of the simplest and
cheapest solutions to preserve drinking water, yet provides the reduction of runoff, thereby
minimizing the problems with flooding. This work aimed to study the collection system and
rain water capture, the company Marcao Granite in the city of Sete Lagoas, to check if the
system design is in line with what is recommended. Also, indicate suggestions for the
improvement of the implanted system, as an alternative to reduce treated water costs and help
the environment. After the studies, we found that the integral parts of this system only the
shell was badly scaled. This does not store the volume of rainwater that can be shot in the
catchment area.
(1) Artigo de defesa - MBA em Gestão Estratégica da Qualidade – Universidade FUMEC, abril/ 2015
(2) Especialista em Gestão estratégica da qualidade pela universidade Fumec
(3) Dr. Universidade Fumec
(4) Especialista Superintendente do Prêmio Mineiro de Gestão Ambiental
2
1 INTRODUÇÃO
Segundo Telles e Costa (2007), a água é essencial para o consumo humano e para o
desenvolvimento de atividades industriais e agropecuárias. Por isso possui uma elevada
relevância global, e no Brasil tem influência forte na geração de energia elétrica, sendo
responsável por aspectos e impactos ambientais, financeiros, econômicos, sociais mais
intensos. Ao se problematizar o tema, tem-se que, a poluição hídrica, o consumo exagerado e
o contínuo desperdício deste recurso são fatores que causam a sua redução. A escassez da
água está relacionada principalmente com a má distribuição deste recurso natural, a sua
degradação, o grande crescimento populacional e o desperdício contínuo. O equilíbrio entre a
oferta e o consumo/demanda de água deve ser estabelecido para garantir a sustentabilidade do
desenvolvimento econômico, social e ambiental.
Como objetivo geral, o presente trabalho pretende: avaliar o sistema de captação de água
fluvial para aproveitamento na empresa Marcão Granitos. Já como objetivos específicos,
apresenta os seguintes: analisar o atual sistema de captação e aproveitamento de agua pluvial
existente; pesquisar alternativas para reduzir custos com agua tratada; identificar alternativas
para o sistema de aproveitamento de água pluvial na empresa estudada;
Para tanto, a metodologia escolhida para este estudo foi o levantamento bibliográfico,
alinhados aos tipos de pesquisa: qualitativa e descritiva. Tendo como técnica de coleta de
dados a análise bibliográfica e como técnica de tratamento dos dados a análise de conteúdo.
Fazem parte da estrutura desse artigo o capítulo um referente à introdução, o capítulo dois
que apresenta o referencial teórico, o capítulo três como metodologia de pesquisa, seguidos
do capítulo quatro onde constam as análises e resultado, e, por último, as considerações finais.
Especificamente o referencial teórico foi dividido em quatro subcapítulos para melhor
compreensão desse estudo.
Por fim, este estudo buscou-se a responder o seguinte questionamento: Em que medida o atual
sistema de captação de água fluvial para aproveitamento na empresa Marcão Granitos pode
ser aprimorado?
4
2 REFERENCIAL TEÓRICO
O Brasil apresenta 11,6% da água doce superficial do mundo, 70% desta água, que é
disponível para uso, estão localizados na região da Amazônia, e o restante de 30% está
distribuído de forma irregular pelo país para atender a 93% da população. Portanto o Brasil
sofre com a escassez da água devido a má distribuição da densidade populacional, que a cada
dia cresce desordenadamente concentrando-se principalmente em áreas de pouca
disponibilidade hídrica (UNIÁGUA, 2015).
Segundo Villiers1 apud May (2004), o ciclo hidrológico é um sistema físico quase estável e
auto-regulável, que transfere a água de um “reservatório” para outro em ciclos complexos.
O conceito de ciclo hidrológico está ligado ao movimento e à troca de água nos seus
diferentes estados físicos, que ocorre na Hidrosfera, entre os oceanos, as calotas de
gelo, as águas superficiais, as águas subterrâneas e a atmosfera. Este movimento
permanente deve-se ao Sol, que fornece a energia para elevar a água da superfície
terrestre para a atmosfera (evaporação), e à gravidade, que faz com que a água
condensada se caia (precipitação. (CARVALHO e SILVA, 2006, p. 11).
1
VILLIERS, M. Água: como o uso deste precioso recurso natural poderá acarretar a mais séria crise do século
XXI. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.
5
Setti et al.2 apud Cardoso (2009), no ano 2025, cerca de 5,5 bilhões de pessoas em todo o
mundo estarão vivendo em áreas com moderada ou séria falta de água. Entretanto, existe água
suficiente para atendimento de toda a população, o que acontece é que a distribuição dos
recursos hídricos no planeta não é uniforme, o que causa cenários adversos em determinadas
regiões.
Do total da água consumida nas residências, pode-se dizer que mais da metade dela destina-se
aos usos menos nobres, como a descarga do vaso sanitário. Nessa descarga, utilizamos uma
água potável que tem qualidade muito superior à necessária para este uso. O que mostra a
insustentabilidade do manejo da água, sob o ponto de vista ambiental e econômico (HELLER,
2008).
O consumo de água, com base na atividade, pode ser classificado em três áreas, a agricultura,
considerada a mais dispendiosa, seguida pela indústria e finalizando com as atividades
urbano-domésticas (TELLES e COSTA, 2007).
A água da chuva de captação direta pode ser considerada um recurso hídrico com
qualidade e quantidade que podem atender a diversas demandas, principalmente não
potáveis. Em algumas situações ela pode ser a fonte mais viável a ser utilizada ou
mesmo a única fonte de água disponível (ou de melhor qualidade entre as
acessíveis). (LAMBERTS, 2010, p. 37)
Em locais onde a incidência de chuva é elevada pode-se ter muitos transtornos como
enchentes, trânsito lento, entre outros. O aproveitamento da água de chuva pode ser uma
maneira de diminuir esses incômodos além de contribuir para a sustentabilidade (UNIÁGUA,
2015).
“O aproveitamento da água pluvial tem importante destaque para usos não potáveis nas áreas
urbanas, tais como rega de jardins públicos, lavagem de passeios, descarga de vasos
sanitários, além das aplicações industriais” (TELLES e COSTA, 2007, p. 135).
2
SETTI, A. A. et al. Introdução ao gerenciamento de recursos hídricos. 2. ed. Brasília: Agência Nacional de
Energia Elétrica, Superintendência de Estudos e Informações Hidrológicas, 2001.
6
Segundo Tomaz3 apud Cardoso (2009), em países desenvolvidos como Canadá, Japão e
Alemanha, são oferecidos financiamentos ou doações em dinheiro para as pessoas que se
interessam em aproveitar a água de chuva.
Segundo Telles e Costa (2007), a coleta pode ser feita através dos telhados, coberturas e
marquises, e a água coletada será armazenada em reservatórios. É necessário drenar o excesso
da água da chuva provocado por chuvas intensas e eliminação da água da chuva inicial que
lava os telhados.
De acordo com May (2004), a área utilizada para coleta da água de chuva são superfícies
impermeabilizadas, geralmente são os telhados ou lajes da edificação. O telhado para coleta
da água pode ser feito de: cerâmica, fibrocimento, de zinco, ferro galvanizado, concreto
armado, plástico, vidro, acrílico e outros.
Pode ser observado na figura 1, um exemplo de telhado e pátio dentre áreas de coleta:
telhados, lajes e pátios.
3
TOMAZ, P. Conservação da água. São Paulo: Parma, 1998.
7
Para coletar as águas pluviais, basta direcionar o condutor vertical das calhas para o
reservatório de armazenamento. Os telhados de abrigos e garagens podem ser utilizados,
assim como das marquises, sacadas, e toldos, aumentando a área de coleta. Quanto maior a
área de coleta, maiores os benefícios que ela poderá proporcionar (FENDRICH e OLIYNIK5,
apud FELTEN, 2008).
Para reter folhas, sujeira e areia que ficam nas calhas, são utilizados grades e telas para manter
a água mais limpa e não obstruir a passagem de água nos condutores. Os produtos de
filtragem devem ser de materiais que não enferrujam. É possível a instalação de grelha ou tela
4
WATERFALL, P. H..Harvesting Rainwater for Landscape Use. University of Arizona Cooperative. 2002.
5
FENDRICH, R., OLIYNIK, R. Manual de utilização de águas pluviais: 100 maneiras práticas. Curitiba:
Livraria do Chain Editora, 2002.
8
De acordo com a ABNT NBR 15527 (2007) para a remoção ou desvio da primeira água de
chuva é utilizado um dispositivo de descarte que pode ser manual ou automático. O mais
indicado é que o dispositivo seja automático, e recomenda-se o descarte de 2 x 10-3 m da
precipitação inicial. Portanto, é necessário que a chuva inicial seja descartada, principalmente
após longo período de estiagem, para garantir a melhor qualidade da água de chuva coletada.
É importante que a água da chuva, no momento da sua captação, esteja mais limpa possível,
de modo que seja seguro para seu uso posterior e livre de odores (TELLES e COSTA, 2007).
Texas Water Development Board7 apud Hagemann (2009) apresenta dois exemplos de
dispositivos de descarte de água da primeira chuva.
O primeiro deles consiste de um tubo de PVC, que coleta a primeira parte do volume
precipitado. Quando o tubo está cheio, a água é desviada para o conduto principal
que a leva ao reservatório de armazenamento. O tubo pode ser drenado
continuamente por um orifício ou uma válvula próxima à base. O outro dispositivo,
mais sofisticado, consiste de um tubo com uma válvula esférica flutuante em seu
interior. Quando o volume correspondente ao descarte enche o tubo, a elevação do
nível da água faz com que a esfera obstrua a entrada do tubo e o fluxo é conduzido
para o reservatório de armazenamento. Estes dispositivos geralmente têm uma
abertura para limpeza e devem ser esvaziados e limpos após cada evento de chuva
(HAGEMANN, 2009, p. 32).
2.4.6 Reservatórios
Os reservatórios de água de chuva para fins não potáveis na área urbana devem atender a
situação econômica, a estética e o uso racional de espaço (ALT, 2009). Os reservatórios de
águas pluviais podem ser classificados quanto à localização no terreno, quanto à forma e o
material de construção.
6
FENDRICH, R., OLIYNIK, R. Manual de utilização de águas pluviais: 100 maneiras práticas. Curitiba:
Livraria do Chain Editora, 2002.
7
TEXAS WATER DEVELOPMENT BOARD. The Texas Manual on Rainwater Harvesting. 3ed. Austin, 2005.
9
De acordo com Heller e Pádua (2010), os reservatórios podem ser apoiados ou enterrados.
- Reservatórios enterrados: são constituídos abaixo da cota do terreno e podem ser
construídos com diversos materiais como concreto, plástico ou aço. Possuem bom equilíbrio
da temperatura da água, mas a dinâmica das condições, reservatórios cheios e vazios, geram
diferentes esforços em suas paredes, necessitando de cálculos específicos (HELLER;
PÁDUA, 2010; ALT, 2009). Na utilização de reservatórios enterrados é necessária a
utilização de bombas para utilizar a água captada, assim como é preciso de bombas para se
efetuar a limpeza desses reservatórios. Geralmente é utilizado em conjunto com reservatórios
apoiados possibilitando o uso da água por gravidade.
- Reservatórios apoiados: possuem menos de um terço da altura abaixo do nível do solo.
Este tipo de reservatório necessita de estrutura de apoio. Esses reservatórios aumentam a área
de ocupação do terreno; quando expostos requerem boa aparência e ainda é necessário que a
altura máxima da parte superior do conjunto reservatório, esteja abaixo da menor cota de
captação (HELLER; PÁDUA, 2010; ALT, 2009).
Os reservatórios feitos de concreto possuem a vantagem de neutralizar a acidez da água. E os
reservatórios enterrados são considerados mais eficientes que os reservatórios apoiados, pois
sem luz e calor, retarda-se a ação das bactérias (GONÇALVEZ, 2001).
Como o uso da água captada será apenas externo, para tratamento dessa água, de acordo com
Heller (2008), o uso de cloração é suficiente para fazer a desinfecção da água coletada.
A qualidade da água é definida pela quantidade de diversas impurezas que a água devido às
suas propriedades de solvente e à sua capacidade de transportar partículas, incorpora a si
(SPERLING, 2005). “A composição da água de chuva pode variar de acordo com vários
fatores: a localização geográfica, condições meteorológicas, intensidade e duração da
precipitação, regime dos ventos, estação do ano, proximidade de vegetação e cargas
poluentes” (ALT, 2009, p. 16).
A água de chuva, dependendo do tipo de uso, pode necessitar de tratamento de acordo com a
Tabela 1.
10
De acordo com May (2004), o tratamento da água da chuva depende da sua qualidade e do
seu destino final. Para usos simples pode ser feito sedimentação natural, filtração simples e
cloração. Também podem ser feitos tratamentos mais complexos como desinfecção por
ultravioleta ou osmose reversa.
A cloração é feita através pela adição de cloro a água através de um dosador que libera o cloro
a uma velocidade homogênea (HELLER; PÁDUA, 2010).
8
FENDRICH, R., OLIYNIK, R. Manual de utilização de águas pluviais: 100 maneiras práticas. Curitiba:
Livraria do Chain Editora, 2002.
11
3 METODOLOGIA
O trabalho foi desenvolvido na empresa pois ela utiliza o ano todo o sistema de captação de
água pluvial para limpeza do pátio da empresa e no corte das pedras.
Com a finalidade de ampliar as informações sobre o assunto abordado, foi realizada uma
revisão bibliográfica em artigos de revistas, revistas eletrônicas, livros, sites específicos,
trabalhos de conclusão de cursos entre outros materiais do gênero.
Os dados foram coletados por meio de visitas técnicas ao local. Para obtenção destes foram
feitas entrevistas com os proprietários da empresa, os quais disponibilizaram todas as
informações necessárias para o desenvolvimento do presente trabalho, além de medidas
realizadas nos sistema já instalado. A empresa tem um consumo mensal, do volume
armazenado da água da chuva no reservatório já existente, em entorno de 5 m3 (5.000 L). Em
média o consumo de água mensal fornecida pela rede pública de abastecimento (sem o uso da
água da chuva) na Marcão Granitos para o uso nos banheiros, na cozinha e na limpeza de
algumas áreas da empresa (escritório e outros) é de aproximadamente 40 m3 (40.000 L). Este
valor aumenta nas épocas de pouca chuva, quando a água do reservatório de armazenamento
acaba e há necessidade de utilizar a água fornecida pela rede pública. Os índices
pluviométricos utilizados são os resultados de pesquisas que foram realizadas na Estação
Climatológica Principal de Sete Lagoas apresentando a precipitação média na região.
4 DESENVOLVIMENTO
O sistema de captação está assim estruturado: possui uma área de 270 m² localizada em parte
do telhado da área com 540 m2 para captação da água; a altura do solo até o telhado onde
ocorre a captação (pé direito) é de 6,19 m; a água captada é utilizada por 2 máquinas elétricas
para corte de pedras; a extensão linear (comprimento) da calha utilizada para captação da
12
água de chuva é de 18 m; o diâmetro dos tubos que direcionam a água para o reservatório é de
0,1 m cada (num total de três tubos); o volume total do reservatório de água é de 17,5 m3
(17.500 litros); a quantidade média de peças cortadas por mês é de cerca de 600 m². Com a
utilização do sistema de captação de água pluvial, a empresa tem economizado muito o
volume de água tratada (SAAE) utilizada pela empresa. Além de utilizar a água das chuvas
para o corte das pedras, existe um segundo sistema que faz com que a água circule novamente
nas máquinas, otimizando ainda mais o sistema de captação.
O atual sistema foi implantado sem um dimensionamento adequado dentro das normas
vigentes e da supervisão de um Engenheiro responsável. As partes integrantes do sistema de
captação da Marcão Granitos podem ser visualizadas de maneira sucinta na FIG. 2.
As calhas são de aço galvanizado retangular e possui uma seção de 0,20 m de largura, 0,12 m
de altura, e 18 m de comprimento (extensão linear), não possuindo projeto de
dimensionamento embasado em normas da ABNT. Os condutores verticais da água
proveniente das calhas são constituídos por três tubos de PVC com diâmetros de 0,1 m cada
um, instalados paralelamente a parede. Os condutores horizontais também são três tubos de
PVC com diâmetros de 0,1 m cada um, interligados com os condutores verticais, direcionando
a água captada até o reservatório de armazenamento.
0,075m x 0,075 m. Não são feitas limpezas neste reservatório e nem manutenções
preventivas.
NBR 10844 (1989). No cálculo do reservatório foi empregado o método Azevedo Neto
exposto na norma ABNT NBR 15527 (2007).
4.2.1 Calha
Segundo Azevedo Netto (1998), para estimar a vazão de projeto das calhas e condutores deve-
se utilizar a equação racional, considerando o coeficiente de escoamento superficial C=1.
Veja Equação (1):
Q = i · S / 60 (1)
onde:
Q = vazão em L min-1
i = intensidade pluviométrica em mm h-1
S = área de contribuição em m2.
A área de contribuição foi calculada considerando o efeito da ação do vento, adotando uma
inclinação da chuva igual a 1:2 em relação à vertical mostrada na figura 3. Utilizou-se a
Equação (2) nos cálculos.
S = (a + h/2) · b (2)
De acordo com Azevedo Netto (1998), “a intensidade deve ser determinada em função da
duração e da recorrência da precipitação. A recorrência T = 5 anos para coberturas, telhados e
terraços. A duração pode ser fixada em 5 minutos”. Ainda de acordo com Azevedo Netto
(1998), a intensidade pluviométrica deve ser em mm h-1 em um período de retorno de 5 anos.
Para Sete Lagoas a intensidade pluviométrica é de 182 mm h-1.
MATERIAL n
O volume do reservatório foi calculado a partir da norma ABNT NBR 15527:2007, usando o
método Azevedo Netto. Este método foi escolhido por ser de fácil aplicação e por requerer os
dados que estavam disponíveis neste trabalho. O volume da chuva foi calculado utilizando a
Equação (4):
V = 0,042 · P ·A · T (4)
onde:
P = é o valor numérico da precipitação media anual, (mm);
T = é o valor numérico de meses de pouca chuva ou seca;
A = é o valor numérico da área de coleta em projeção, (m2);
V = é o valor numérico do volume de água aproveitável e o volume de água do reservatório,
(L).
16
Os dados foram analisados com base nas informações obtidas no local de estudo, e embasado
na bibliografia para verificação do dimensionamento do sistema de captação. Detectou-se os
pontos positivos e negativos do sistema de captação de água existente na empresa e realizou-
se uma avaliação para verificar se o sistema de captação de água pluvial atende as
necessidades da empresa e se foi corretamente dimensionado, segundo as normas vigentes.
Pressão Min
Precip Max
Vento-Máx
Tmax Abs
UR-Média
Tmin Abs
Pressão
Tmedia
UR-Min
Precip
Vento
Tmax
Tmin
Evap
Insol
Mês
janeiro 29 18.2 22.8 37.5 12.4 77.7 18 266.6 152.9 6.4 2.3 1.5 19.4 927.4 932.7 919.2
fevereiro 29.6 18.1 22.9 35.5 12.9 76.7 26 173.6 143.4 7.1 2.5 1.5 10 928.1 933.2 921.5
março 29.3 17.7 22.5 34.6 10 77 27 148.8 127.2 7.1 2.4 1.5 8 928.3 933.6 921.9
abril 28.2 15.9 21.1 35.8 6.8 75.8 28 57 78 8 2.4 1.4 8.4 929.4 935.6 923.4
maio 26.8 13.3 18.9 36.7 3.9 74 18 21.7 77 8.3 2.5 1.4 21 930.8 937.8 924.8
junho 26.1 11.4 17.5 31.2 0.6 71.6 15 9 40.6 8.7 2.7 1.4 14.2 932.4 938.7 924.1
julho 25.9 11 17.3 37.2 2 67.9 16 9.3 43.9 8.8 3.1 1.7 10 933.1 942.1 925.7
agosto 27.7 12.3 18.9 34.8 3.3 61.6 15 9.3 36.1 9.1 4.1 1.9 16.6 932.1 942.2 924.4
setembro 28.8 14.8 20.9 37.4 4.1 62.1 14 36 75.3 7.4 4.4 2.1 19.4 930.4 938.6 923.1
outubro 29 16.7 22.1 38.6 8.4 67.7 15 99.2 88.2 6.6 3.8 2 11 928.6 936.6 921.5
novembro 28.4 17.6 22.2 38.8 8.9 74.8 20 210 130.3 5.9 2.8 1.8 32 927.3 934.4 920.9
dezembro 28.1 18.1 22.3 37.2 11.3 79 23 297.6 156.8 5.4 2.2 1.7 11.1 927.1 933.6 920.1
Fonte: AVELLAR, 2006
17
O valor numérico de meses de pouca chuva ou seca (T) foi obtido com base nos resultados do
balanço hídrico de Sete Lagoas estabelecido pelo método de Thornthwaite, de uma série
histórica de 30 anos, expostos na TAB. 3 (AVELLAR, 2006).
TABELA 3 - Balanço hídrico segundo Thornthwaite para a região de Sete Lagoas, MG
Data Precipitação Exc Def
mm mm mm
Jan 267 188,2 0
Fev 174 90,7 0
Mar 149 50 0
18
Abr 57 0 5,8
Mai 22 0 33,6
Jun 9 0 54,6
Jul 9 0 62,8
Ago 9 0 73,4
Set 36 0 51,4
Out 49 0 38,4
Nov 210 12,7 0
Dez 298 225,6 0
Fonte: Adaptado de AVELLAR, 2006.
Legenda: Precipitação: Precipitação média mensal, expressa em milímetros;
ETP: Evapotranspiração potencial, expressa em milímetros; Arm:
Armazenamento no solo, expresso em milímetros; Exc: Excedente hídrico,
expresso em milímetros; Def.: Déficit hídrico, expresso em milímetros.
Na TAB. 3, a região de Sete Lagoas apresenta um grande déficit hídrico, ou seja, somente no
período de novembro a março ocorre excesso de água. O período de pouca chuva ocorre nos
meses de junho a agosto.
O atual reservatório da empresa possui capacidade de armazenamento para 17,5 m3 (17.500
L), e de acordo com o cálculo realizado utilizando a Equação (4) (47,79 m3) não é suficiente
para armazenar a quantidade de água que pode ser coletada com a referida área de
contribuição. Para armazenar esse volume de água no período de maior precipitação e poder
aproveitar essa água atendendo o consumo da empresa, o ideal é implantar outros
reservatórios para armazenar a quantidade de água que a área de contribuição capta. O
reservatório indicado é o do tipo apoiado de fibra de vidro com capacidade de 25 m3 e outro
de 10 m3. Para a instalação dos reservatórios deve-se colocar os condutores verticais e
horizontais para o direcionamento da água de armazenamento e realizar as adequações que
forem precisas.
Uma outra opção, que é possível nesta empresa, seria captar água da chuva da outra metade
deste telhado, com uma área de telhado de 270 m2, e do outro telhado da parte em que a
empresa ampliou recentemente, que é de 300 m2. Utilizando as Equações 1, 2, 3 e 4.
Fazendo os cálculos pra essa nova área do telhado encontrou-se os seguintes resultados:
• Para o telhado com área de 270 m2 dimensões essa que são iguais as do
telhado que possui o atual sistema. Por isso, os resultados dos cálculos são os mesmos. A área
de contribuição é de 278,73 m2, a vazão do projeto (Q) é de 845,48 L min-1, a vazão suportada
pela calha é de 1870,24 L min-1 e o volume do reservatório é de 47,79 m3.
19
• Para o telhado com área de 300 m2, do galpão ao lado que foi ampliado
recentemente (novo telhado) O material desse telhado também é de telha metálica, possui
altura de 7,16 m e pé direito de 6,19 m. A área total do telhado é de 300 m2 (10 m x 30 m). A
calha é de aço galvanizado retangular e possui uma seção de 0,2 m de largura, 0,12 m de
altura, e 10 m de comprimento (extensão linear). A área de contribuição é de 304,85 m2, a
vazão do projeto (Q) é de 924,71 L min-1, a vazão suportada pela calha é de 1870,24 L min-1 e
o volume do reservatório é de 52,27 m3.
6 CONCLUSÃO
O atual sistema de captação de água pluvial da empresa foi implantado no ano de 2004 sem
utilizar, como referência, as normas de dimensionamento para o desenvolvimento do seu
projeto. No ano de 2011, a empresa expandiu seu espaço – que antes era de apenas uma área
com 540 m² – com a construção de mais uma área com 300 m² (novo telhado). Após
verificação do atual sistema, foi constatado que apenas o reservatório foi mal dimensionado.
Este não armazena o volume de água da chuva que é possível captar na área de contribuição
(telhado).
Conclui-se que para um melhor aproveitamento da água pluvial é necessário a instalação de
novos sistemas de captação nos outros telhados disponíveis na empresa.
O uso da água de chuva nos cortes das pedras e para a limpeza do pátio é bastante viável.
Além disso, o volume de água necessário para ser utilizado nos cortes das pedras (nas
máquinas) é elevado e com o uso da água de chuva é possível ter uma economia financeira,
pois reduz o consumo de água tratada. Com isso, será possível reduzir os custos financeiros,
valorizar ainda mais a imagem da empresa com os clientes adotando ações sustentáveis e
contribuir para a preservação dos recursos hídricos.
REFERÊNCIAS