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05/11/2012 - 10h52

Uma nova ciência social


O mundo está cada vez mais complexo. Os velhos modelos de abstração não conseguem
dar conta da crescente sofisticação e interligação dos sistemas digitais. De uma rede de
comunicação global, a internet evoluiu para uma espécie de memória coletiva, a que boa
parte dos processos é delegada. Smartphones, computação em nuvem e internet das
coisas, cada vez mais familiares, mensuram cada transação e, por meio da compilação
de dados, definem quem é você, o que faz e onde passa a cada instante.

Big Data, quem diria, pode transformar as ciências humanas. Ao simular a


complexidade social a partir de regras simples, como é feito em meteorologia e
macroeconomia, computadores descobriram que o comportamento humano pode ser
previsível, já que é derivado de opções limitadas pelos ambientes coletivos. Por mais
que o livre arbítrio tente provar o contrário, o estado de um indivíduo conectado
depende cada vez mais dos estados de seus vizinhos e das regras que determinam como
ele deve responder a eles.

A norma, válida para organismos, ecossistemas e redes de tráfego, se mostra cada vez
mais aplicável a fenômenos sociais. Mesmo que, em grandes grupos, as relações
humanas deem a impressão de uma enorme complexidade, modelos matemáticos
conseguem decifrar resultados que se sustentam independentes dos detalhes de seu
ambiente.

A base teórica de sistemas que partem de regras simples para chegar a resultados
complexos é conhecida há algum tempo, mas a interação entre os elementos era tanta
que não havia como computá-la. Hoje esse cenário está mudando. Cientistas como
Stephen Wolfram e laboratórios como o MIT Connection Science propõem uma
integração da teoria de redes, computação e ciências comportamentais para propor
novos modelos de fluxo de informação e influência em redes sociais, sejam elas digitais
ou não.

Isso dá aos paranoicos bastante combustível, prevendo um futuro que materialize


"1984" e "Minority Report", por mais que essa hipótese já tenha se mostrado
improvável. As descobertas geradas pelas bases de dados apontam na direção contrária,
em que por mais que as interações possam ser calculadas, elas dependem de variáveis
extremamente complexas e interativas. Isso ajuda a compreender por que a visão
excessivamente racional que se tinha do futuro --o admirável mundo novo-- seria difícil
de concretizar em ambientes dinâmicos, incompletos, orgânicos, repletos de interações.
Os ideais iluministas de racionalismo, empirismo e universalismo eram reduções,
incapazes de captar a psique humana e seus extremos.

Por melhor intencionados que estivessem Spinoza, Locke, Voltaire e Diderot, a ideia de
organizar o espaço social não poderia ser tão simples. Já naquela época, Goethe e o
grupo Sturm und Drang queixavam-se que as restrições e a constância do racionalismo
não seriam suficientes para administrar a subjetividade individual e a emoção. Ao opor
indivíduo criativo e escravo do racional, ela antecipava em 250 anos um conflito de
interesses muito similar ao que se vê hoje.
Estamos a caminho de um novo iluminismo, uma ciência ao mesmo tempo abstrata e
sistemática. Ela deverá nos ajudar a entender enigmas que até há pouco eram restritos à
filosofia, sociologia, epistemologia e linguística e, por meio de simulações, formular
hipóteses sem precedentes na história das ciências.

Luli Radfahrer é professor-doutor de Comunicação Digital da ECA (Escola de


Comunicações e Artes) da USP há 19 anos. Trabalha com internet desde 1994 e já foi
diretor de algumas das maiores agências de publicidade do país. Hoje é consultor em
inovação digital, com clientes no Brasil, EUA, Europa e Oriente Médio. Autor do livro
"Enciclopédia da Nuvem", em que analisa 550 ferramentas e serviços digitais para
empresas. Mantém o blog www.luli.com.br, em que discute e analisa as principais
tendências da tecnologia. Escreve a cada duas semanas na versão impressa de "Tec" e
no site da Folha.

• luli@luli.com.br

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