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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO

SEXTA CÂMARA CÍVEL

Apelação Cível nº 0044054-29.2012.8.19.0001


Apelante: Marilena Ramos Almeida
Advogado: Doutor Rafael Paranhos de Lira
Apelado: Cielo S.A.
Advogado: Doutor Alfredo Zucca Neto
Relator: Desembargador Nagib Slaibi

DECISÃO

Direito Empresarial. Cartão de crédito. Contrato de credenciamento


celebrado entre fornecedor de bens e serviços com a empresa credenciadora
(Cielo). Não incidência do Código de Defesa do Consumidor.
Pretensão indenizatória fundada em cobranças indevidas de aluguel
de maquineta e ausência de repasse de créditos decorrentes de operações
realizadas com o cartão. Sentença condenando a empresa credenciadora a
devolver, em dobro, os valores indevidamente descontados e não repassados
ao fornecedor, com juros e correção monetária desde a citação e ao
pagamento de verba indenizatória por danos morais fixada em R$ 1.000,00
(mil reais). Recurso do fornecedor. Parcial acolhimento.
Repetição em dobro do indébito que se mostra indevida, uma vez que
a relação jurídica discutida não é de natureza consumerista, não se
justificando a incidência do art. 42 da Lei nº 8.078/90.
“[...] Na hipótese de aquisição de bens ou de utilização de serviços,
por pessoa natural ou jurídica, com o escopo de implementar ou incrementar
atividade negocial, inexiste relação de consumo, razão pela qual descabe a
aplicação do CDC. Súmula n. 83 do STJ.” (AgRg no REsp 1049012/MG, Rel.
Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em
25/05/2010, DJe 08/06/2010)

AC 0044054-29.2012.8.19.0001 Rn

Assinado em 01/09/2014 15:57:25


NAGIB SLAIBI FILHO:000006268 Local: GAB. DES NAGIB SLAIBI FILHO
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Contudo, à míngua de recurso da ré, mantém-se tal condenação em


respeito ao princípio da “non reformatio in pejus”.
A atualização monetária do valor da reparação pelo dano material
incide da data do desembolso, nos termos da Súmula nº 43, do STJ. Alteração
do termo inicial fixado na sentença.
Dano moral configurado. A cobrança e retenção indevida de valores
acarretam desequilíbrio financeiro que afetam a paz interior e o psicológico do
lesado, o que é passível de compensação, sobretudo quando este ainda
precisa demandar judicialmente para se ver ressarcido do que lhe era devido.
No mesmo sentido: Resp nº 903258, Min. Maria Isabel Galloti, julg.
21.06.2011, Quarta Turma.
Parcial provimento de plano do recurso para majorar a indenização
pelo dano moral para R$ 5.000,00 (cinco mil reais) e alterar o termo inicial da
correção monetária relativa à indenização pelo dano material para a data do
desembolso.

Pretensão indenizatória por danos matérias e morais tendo como


causa de pedir cobranças indevidas a título de aluguel de máquina de cartão
de crédito e ausência de repasse de valores referentes a operações realizadas
com cartão de crédito pela empresa credenciadora.

A sentença julgou procedente o pedido para condenar o réu a pagar


ao autor R$ 647,00 (seiscentos e quarenta e sete reais), referentes à
devolução, em dobro, dos valores cobrados pelo aluguel da maquineta, a ser
corrigido monetariamente e acrescido de juros legais desde a citação.

Apela a autora pugnando pela majoração do quantum indenizatório


fixado a título de danos morais para o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais),
com juros e correção monetária a partir da citação; pela incidência dos juros e
correção monetária relativa aos danos materiais da data do desembolso e pela
elevação da verba honorária para 15% sobre o valor da condenação.

AC 0044054-29.2012.8.19.0001 Rn
149

Contrarrazões pelo desprovimento do recurso.

É o relatório.

Conquanto a sentença tenha determinado a devolução em dobro, com


amparo no art. 42, do Código de Defesa do Consumidor, a relação jurídica
discutida não é de natureza consumerista, uma vez que o contrato de
credenciamento ao sistema Visanet (Cielo) foi celebrado pela autora com o
objetivo de incrementar sua atividade negocial, razão pela qual ela não se
amolda ao conceito de consumidor disposto no art. 2º da Lei 8.078/90.

No mesmo sentido, a seguinte jurisprudência do Superior Tribunal de


Justiça:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CONTRATO


BANCÁRIO. AÇÃO REVISIONAL. RECURSO QUE NÃO LOGRA INFIRMAR OS
FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL.
CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. APLICAÇÃO DO CDC À PESSOA
JURÍDICA. INCREMENTO DA ATIVIDADE NEGOCIAL. IMPOSSIBILIDADE.

[...]

3. Na hipótese de aquisição de bens ou de utilização de serviços,


por pessoa natural ou jurídica, com o escopo de implementar ou
incrementar atividade negocial, inexiste relação de consumo, razão pela
qual descabe a aplicação do CDC. Súmula n. 83 do STJ.

4. Agravo regimental desprovido.

(AgRg no REsp 1049012/MG, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE


NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em 25/05/2010, DJe 08/06/2010)

Contudo, à míngua de recurso interposto pela ré, mantém-se este


capítulo da condenação em atenção ao princípio da non reformatio in pejus.

O fato de a autora não se enquadrar no conceito de consumidor não


isenta a empresa credenciadora (Cielo) de comprovar que a autora fora
devidamente informada de que teria que pagar aluguel pelo uso da maquineta

AC 0044054-29.2012.8.19.0001 Rn
150

e que teria repassado à autora o crédito no valor de R$ 206,00 (duzentos e


seis reais) relativo à operação realizada com o cartão de crédito, ônus do qual
não se desincumbiu.

Assim, reputam-se indevidas as cobranças e injustificada a retenção.

No que tange ao termo inicial da correção monetária assiste parcial


razão à apelante, uma vez que o entendimento consolidado na jurisprudência é
no sentido de que no caso de repetição de indébito decorrente de descontos ou
pagamentos indevidos, a correção monetária incide da data do desembolso.

Assim, merece reforma a sentença neste aspecto para alterar o marco


inicial da correção monetária para a data em que foram efetuados os
respectivos pagamentos e descontos indevidos, nos termos da Súmula nº 43,
do Superior Tribunal de Justiça.

Súmula 43. Incide correção monetária sobre a dívida por ato ilícito
a partir da data do efetivo prejuízo.

Os juros moratórios, contudo, são devidos a partir da citação, nos


termos do art. 405, do Código Civil.

Sobre o tema, o seguinte precedente do Superior Tribunal de Justiça:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO ESPECIAL. SEGURO-


SAÚDE. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. CORREÇÃO MONETÁRIA.
TERMO INICIAL. DATA DO EVENTO DANOSO. JUROS MORATÓRIOS. TAXA
LEGAL. TERMO INICIAL. CITAÇÃO.

1. Nos termos do enunciado 43 da Súmula do STJ, a correção


monetária, em caso de danos materiais, corre desde a data do evento
danoso.

2. Os juros moratórios incidem à taxa de 0,5%, ao mês, até o dia


10.1.2003 (Código Civil de 1916, art. 1.062) e, a partir de então, à taxa de
1%, ao mês (Código Civil de 2002, art. 406). Precedentes.

AC 0044054-29.2012.8.19.0001 Rn
151

3. Na hipótese de responsabilidade contratual, os juros moratórios


possuem como termo inicial a data da citação.

4. Embargos de declaração acolhidos para sanar omissão


apontada.

(EDcl no REsp 538279/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI,


QUARTA TURMA, julgado em 21/08/2012, DJe 29/08/2012)

A cobrança e retenção indevida de valores acarreta desequilíbrio de


ordem financeira que afetam a paz interior e abalam psicologicamente o lesado
dando ensejo ao dano moral passível de compensação, sobretudo quando este
ainda precisa propor ação judicial para se ver restituído daquilo que lhe era
devido.

No caso concreto, considerando-se as peculiaridades do caso, em


especial o tempo de duração da lesão experimentada pela vítima e a
capacidade financeira do ofensor, verifica-se que o valor fixado na sentença
afigura-se ínfimo para atender a finalidade pedagógica e compensatória da
indenização.

Portanto, com amparo no princípio da razoabilidade e nos parâmetros


fixados por esta Corte de Justiça, majora-se a verba compensatória para a
quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

Na mesma esteira, o seguinte precedente desta Corte de Justiça:

Processo : 0014584-56.2010.8.19.0054 - APELACAO DES. MAURICIO


CALDAS LOPES - Julgamento: 11/07/2014 - DECIMA OITAVA CAMARA
CIVEL

Ação indenizatória. Contrato de afiliação de estabelecimento comercial para


venda de produtos através de cartão de crédito. Rés que, de janeiro a julho
de 2010, deixaram de repassar os valores advindos das vendas realizadas
durante o período. Autora que, além de haver celebrado acordo com o
banco corréu no curso do processo, recebera os valores reclamados a título

AC 0044054-29.2012.8.19.0001 Rn
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de danos materiais referentes a serviços prestados na condição de artesã.


Sentença de procedência apenas em relação aos danos morais. Apelação.
Ilegitimidade passiva repelida. Ré, administradora das operações de crédito
dos cartões oferecidos aos clientes da autora, que é responsável pelo
repasse dos valores advindos do trabalho desempenhado pela apelada.
Mérito. Autora que não se enquadra no conceito de destinatária final dos
serviços prestados como prevê o art. 2º da lei 8078/90. Informativo 228 do
STJ. Tal situação não importa, contudo, em livrar a ré da responsabilidade
pelos danos extrapatrimoniais experimentados pela autora em decorrência
de inadimplência contratual por seis meses, circunstância que enseja, só
por si, lesão in re ipsa a direito da personalidade, independentemente de
qualquer demonstração probatória, de modo a ultrapassar o mero
aborrecimento do quotidiano da vida de relação, desprovida que ficara a
autora dos respectivos recursos, e por consequência, privada de honrar
seus compromissos financeiros. Quantum. Valor em que estimado que se
exibe desarrazoado e desproporcional, devendo ser reduzido para o valor de
R$ 5.000,00 (cinco mil reais), considerando que do episódio não
decorreram maiores consequências. Recurso provido em parte.

Em se tratando de indenização por danos morais, os juros e a


correção monetária fluem da data do primeiro arbitramento da indenização,
que no caso, foi a sentença, em observância ao princípio in iliquidis non fit in
mora.

Assim já decidiu o Superior Tribunal de Justiça no Resp nº 903258, no


qual a Ministra Maria Isabel Galloti foi a Relatora, julgado em 21 de junho
deste ano pela Quarta Turma.
[...] Os juros moratórios devem, pois, fluir, no caso de
indenização por dano moral, assim como a correção monetária, a partir da
data do julgamento em que foi arbitrada a indenização, tendo presente o
magistrado, no momento da mensuração do valor, também o período,
maior ou menor, decorrido desde o fato causador do sofrimento infligido ao
autor e as consequências, em seu estado emocional, desta demora.

AC 0044054-29.2012.8.19.0001 Rn
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9. Recurso especial do réu conhecido, em parte, e nela não


provido.
Recurso especial do autor conhecido e parcialmente provido.
(REsp 903258/RS, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI,
QUARTA TURMA, julgado em 21/06/2011, DJe 17/11/2011)

Os honorários foram fixados com razoabilidade, estando em


consonância com os critérios definidos pelo art. 20, § 3º, do Código de
Processo Civil, devendo ser mantido.

Ante tais considerações, na forma do art. 557, § 1º -A, do Código de


Processo Civil, dá-se parcial provimento ao recurso para majorar a indenização
pelo dano moral para R$ 5.000,00 (cinco mil reais), com juros moratórios e
correção monetária a partir da sentença e alterar o termo inicial da correção
monetária relativa à indenização pelo dano material para a data do
desembolso, mantendo-se, no mais, os termos da sentença.

Rio de Janeiro, 27 de agosto de 2014.

Nagib Slaibi, relator

AC 0044054-29.2012.8.19.0001 Rn

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