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EXECUTIVO

IN MOMENTUM BREVIS
Executivo in momentum brevis accipitur

ACCIPITUR

大象
城堡
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大象城堡
Executivo in momentum brevis accipitur

Guia de
Acompanhamento
do Manual ou
Sebentas1

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Agradecemos à Ana Rita Rodrigues, cujos apontamentos nos guiamos para fazer esta compilação e esquematização, ao
nosso Professor assistente Miguel Camara Machado, pela clarificação esquemática e didática com que lecionou as aulas
e nos disponibilizou alguns dos esquemas aqui presentes, e à Professora Ana Leal a quem devemos os esquemas e todo
o material de apoio que também nos foi útil. E, sabem, se não for as amizades a vos darem alento, de nada vale: Cláudia,
Zu, Senhora, Miguel, Nabila, Ana, Patrícia, à bella Isabella (todos!) – obrigado!
Talvez pode o quarto ano ser o Danúbio desaguando, sem linha definida, na foz (em delta seu esbatido em imensidão)
que, lutando com o seu irmão subterraneamente no seu caminho (dando força ao urso que se ergueu imponente após a
perda desta sua batalha, no seu oposto sentido) ou da constante retenção dos seus sedimentos que Viena lhe coloca nas
sucessivas obstruções, ainda assim, não desiste de correr nem de os levar ao seu destino (na graça da beleza, na força
demolidora das portas de Hércules ou na calma romântica da palaciana mercê da ostentação). O quer que seja, vejam se
despacham tudo isto porque ninguém merece ficar cá mais tempo (já basto eu). E se há coisa pior que nunca termos
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férias ou viver as injustiças da desgraça de se pisarem todos uns aos outros ou de, nas avaliações, a injustiça prevalecer é,
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mesmo, termos de passar mais tempo quando se já está farto (pior, SATURADO): é que já não são grades de masmorra,
serão grades de sarjeta.

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Ação executiva: do artigo 10.º, n.º4 CPC constatamos que esta tem por finalidade a
reparação efetiva de um direito violado.

As providências
adequadas à realização
coativa de uma
prestação ao executado
1. Mas esta definição não está completa somente com o artigo 10.º CPC, é
necessário fazer uma delimitação pois, olhando para esta norma, perguntamo-
nos: é a ação de execução específica uma verdadeira ação executiva?
a. Verdadeiramente, não é uma verdadeira ação executiva pois na ação
executiva tem de se verificar a prática de atos materiais;
b. Tal não acontece na ação de execução específica, de acordo com o artigo
830.º CC, na medida em que é uma ação constitutiva, não obstante ser
uma ação específica de o autor pedir a emissão daquela declaração
negocial em falta e não outra.
i. Contudo, o juiz, ao substituir-se ao promitente faltoso, não está a
praticar qualquer ato material.
2. Assim, uma ação executiva é aquele em que o autor requer como efeito jurídico
as providências adequadas à realização de um direito/poder a uma prestação
num título legalmente suficiente (através de atos materiais – v.g., penhora).
3. A ação executiva decorrerá, assim, de um motivo legítimo para tal execução de
atos materiais para a produção dos efeitos jurídicos devidos, que se diferencia
de ações declarativas, quaisquer que sejam.
a. As ações de condenação consubstanciam o exercício de um direito
subjetivo a uma prestação
i. Tanto se está na presença de um autónomo direito relativo, como
se pode tratar do exercício de pretensões reais ou pessoais
fundadas em direitos subjetivos absolutos, reais ou pessoais,
consubstanciando poderes sem autonomia;
ii. Daí que se possa entender que o réu de um procedimento
condenatório será sempre um devedor lato sensu de uma prestação.
b. Este direito ou poder subjetivo encerra um direito de interpelar, judicial
ou extrajudicialmente, a parte devedora para cumprir, e encerra o
exercício de um poder de execução forçada:
i. Ou seja, um poder de impor ao devedor o cumprimento contra a
sua vontade.
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Artigos 817.º e seguintes CC Artigos 827.º e seguintes CC


Realização coativa da prestação Casos em que ocorre execução específica

4. Assim, o direito de execução resulta da incorporação da pretensão num título


executivo, sendo este o título constitutivo daquele direito de execução.
a. Um título é executivo porque atribui exequibilidade a uma pretensão,
pois antes dele pode simplesmente haver direito a essa pretensão, mas
não a exequibilidade da mesma.
Assim, temos:
Execução
Em sentido restrito
Em sentido amplo
(artigo 10.º, n.º4 CPC)
Toda a ação que é possível de execução Realização coativa de uma prestação
quando não foi voluntariamente cumprida,
devendo sê-lo
Por exemplo: registo do divórcio Por exemplo: o pagamento de uma
indemnização que consta de uma sentença
Singular Universal
1 devedor contra um credor Insolvência – todos os credores
concorrem para um património

Assim, a instância executiva onde o Tribunal, pelo seu ius imperii, executará coativamente uma
prestação (artigos 817.º e 818.º CC) traduz-se no seguinte esquema:
Tribunal = Agente de execução

Poder de execução do
Este tem direito à execução
tribunal (sob o ius imperii)

Exequente Executado

Direito de execução do
património do devedor ou de
terceiro
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O direito de execução é o Daqui decorre a exequibilidade O direito de crédito, base


objeto imediato da intrínseca e extrínseca do título desse direito de execução, é
executivo
execução o objeto mediato desta
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Sujeitos: as personagens da ação executiva são:


1. Exequente: é o titular de um crédito ou obrigação exequenda incorporados num
título executivo (o exequente é titular de um título executivo que, por sua vez,
incorpora a obrigação exequenda).

2. Executado: aquele a quem a obrigação exequenda é devida e contra quem se moverá


a execução.
a. Ao lado deste, podem ainda surgir:
i. Terceiros garantes;
ii. Terceiros possuidores;
iii. Devedores subsidiários.
b. São devedores, serão executados mas têm uma posição processual igual à
do executado que é a de devedor mas no plano substantivo a causa de pedir
é diferente. Teremos, também,
i. O cônjuge do executado: também é chamado para a ação executiva mas não
é executado porque a sê-lo, perderia o estatuto de cônjuge do
executado.

3. Juiz: a sua intervenção é limitada e dependerá da forma do processo, intervindo,


desde logo, para proferir despacho liminar.
a. Secretaria: antes deste despacho esta pratica atos próprios que serão
analisados infra.
4. Agente de execução: posicionado ao lado do exequente, tem a natureza mista de
mandatário deste e funcionário judicial

Uma vez que no nosso modelo de execução podem intervir o credor (exequente) e apenas
os outros credores do executado desde que tenham garantias reais sobre os bens
penhorados, cabe referir, ainda, as seguintes figuras:

5. Credores reclamantes: são titulares de direitos reais de garantia que oneram os bens
penhorados;

6. Terceiros: são pessoas que consideram que a penhora foi realizada ilegalmente por
que ofende um direito deles, estamos a falar, sobretudo, da figura dos embargos de
terceiro. Terceiro é, assim, alguém que não foi chamado para a ação executiva mas
detém um direito incompatível com a penhora ou com a venda executiva.
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Tramitação da Ação executiva: de acordo com o artigo 10.º CPC temos ação executiva
para:
Pagamento de quantia Entrega de coisa certa Prestação de facto
certa positivo ou negativo
Artigos 551.º, n.º2 e 724.º a Artigos 859.º a 867.º CPC Artigos 868.º a 877.º CPC
858.º CPC
Estamos, aqui, a falar de Neste regime não existe Neste regime não existe
um regime geral: penhora. A penhora é apreensão nem entrega,
subsidiário e aplica-se a instrumental da venda pretende-se que o
tudo o que os outros executiva pelo que só existe executado realize a
regimes não regulem. penhora daquilo que se vai prestação.
vender. Na ação executiva
para entrega de coisa certa,
sendo que esta coisa certa é
sempre diferente de
dinheiro, temos a
apreensão material e a
seguir a esta temos a
entrega.

Este regime é relevante porque as outras figuras de execução


podem convolar-se em ação para pagamento de quantia certa
(que é o que geralmente acontece) – artigos 867.º e 869.º CPC

Quando falamos de convolação, estamos a falar de passar de


um plano de obrigação primária, de um dever de prestar ou
de um dever de indemnizar. Assim, a convolação provoca a
alteração da obrigação exequenda, muda a causa de pedir.
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Tramitação: (ver esquema 2 do livro da associação)


a) α N
χ
1 7
2 3 4 5 6
b) β

1. Requerimento executivo (artigo 724.º CPC): equivale à petição inicial para o início
da ação de execução para:
 Pagar;
 Entregar;
 Fazer.
E pressupõe sempre um título executivo que tem de ser:
 Certo;
 Exigível;
 Líquido.
2. Este, recebe-se na secretaria ou pelo agente de execução (artigo 725.º CPC)
3. Podendo dar lugar a:
a. Despacho liminar:
α sob citação prévia (artigo 726.º, n.º8 CPC)
b. Penhora
β Com citação no ato da penhora (artigo 856.º, n.º1 e 2 CPC)
χ Podendo surgir Oposição à Execução (artigo 729.º CPC):
tem como finalidade extinguir a execução (numa ação declarativa autónoma)
Mas onde não há ónus de contestação à oposição pelo exequente para a
concordância dos factos alegados pelo executado; mas há ónus para o
executado.
4. Penhora: podendo surgir:
N – Oposição à Penhora (artigo 856.º CPC).
5. Concurso de credores e citação do cônjuge do executado
6. Venda executiva (artigos 786.º e seguintes CPC);
7. Pagamento (de quantia certa) – artigos 795.º e seguintes CPC.

Assim, por extenso:


1. A execução inicia-se com o requerimento executivo (artigo 724.º CPC), que é
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apresentado pelo exequente. Este requerimento executivo é um requerimento ao


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qual se anexa o Título Executivo que vai definir os fins e os limites da ação
executiva; assim, através do título sabemos que espécie de ação executiva é que
vamos propor. É entregue e, desde logo, há que escolher o tipo de processo. Para
o definir deve-se recorrer ao artigo 550.º CPC.
a. Forma de processo sumário: ocorre nos casos previstos no artigo 550.º, n.º2 CPC
desde que não excecionados pelo n.º3 do mesmo artigo e, ainda, no caso
previsto no artigo 626.º, n.º2 CPC;
b. Forma de processo ordinário: é seguida em todos os casos em que não se siga a
forma de processo sumário e naqueles casos em que mesmo que seguisse a
forma de processo sumário está preenchido o artigo 550.º, n.º3 CPC.
2. Sendo o processo ordinário, é entregue à secretaria que, por sua vez, aprecia o
requerimento de execução, podendo recebe-lo ou rejeitá-lo ou, ainda, convidar ao
seu aperfeiçoamento. Se o foi recebido, dar-se-á lugar ao despacho liminar (artigo
726.º CPC) que contém fundamentos para um eventual indeferimento liminar na
deteção de problemas ou, então, proceder-se à citação do executado. Assim,
teremos:
a. Diferimento liminar: determina posteriormente a extinção da ação executiva;
b. Despacho liminar: despacho de citação.
c. Despacho de remessa do processo para o tribunal competente: se estivermos perante
uma incompetência relativa.
3. A citação no processo ordinário é uma citação prévia à penhora. O executado,
antes de começarem a ser penhorados os seus bens, sabe que corre uma execução
contra ele e, posteriormente, da citação pode ocorrer uma oposição à execução:
será um incidente onde se aufere a existência de obstáculos à penhora – difere da
oposição à execução porque não obsta à execução, apenas à penhora. Porém, opor-
se-á a ambas, se for forma de processo sumária. Nesta forma sumária, o agente de
execução, em relação à apreciação do requerimento executivo, recebe, rejeita ou
convida ao aperfeiçoamento. Quando o agente de execução não é designado cabe
ao tribunal fazê-lo. No caso deste processo, não existe despacho liminar, o agente
de execução profere despacho liminar. No entanto, se este tiver dúvidas, e para
evitar ser responsabilizado (artigo 855.º, n.º2, alínea b) PC), não existe despacho
liminar mas pode suscitar a intervenção do juiz. Isto não significa que se trata de
um despacho liminar e nem a execução se convola num processo ordinário. A
decisão do juiz vincula o agente de execução e não é passível de recurso (artigo
723.º, alínea c) CPC). Tudo o que não corre bem na ação executiva pode ser
resolvido na ação declarativa. No processo sumário não existe citação prévia, existe
logo penhora e a citação é feita no ato da penhora se o executado estiver presente,
se não estiver presente não se cita logo. Depois disto, o executado cumula a
oposição à execução com a oposição à penhora. A citação poderá ser:
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a. Pessoal;

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b. Edital.
4. Sendo, assim, da competência do agente de execução (artigo 719.º CPC).
5. Após estas fases, em ambos os processos, temos a fase da reclamação de créditos:
chamam-se os credores reclamantes que são aqueles que são titulares de direitos
reais de garantia que oneram os bens penhorados. Estes intervém na ação executiva
porque tem preferência face ao exequente. Posteriormente, chamam-se os credores
reclamantes: verificam-se os créditos dos credores reclamantes e graduam-se os
créditos dos credores reclamantes para saber quem é que é pago em primeiro lugar.
De seguida, com a venda executiva e, posteriormente, o pagamento, a execução
termina. O pagamento faz-se aos credores da execução, agente de execução
(honorários), aos credores reclamantes e só depois ao exequente. Pode acontecer
os credores reclamantes receberem tudo e o exequente nada receber. Podem, ainda,
surgir as intervenções de terceiros.
Quando na ação executiva é necessária ou se exige a intervenção da contraparte, do
executado, se não houver intervenção da parte dele o efeito cominatório é pleno, ao
contrário do efeito cominatório semipleno que vigora na ação declarativa. Na ação
executiva, sempre que é necessária a intervenção do executado, e se ele nada fizer, então
aplica um efeito cominatório pleno.

Exequibilidade: estamos a falar de condições da ação executiva e pressupostos da


mesma. A primeira pergunta mais frequente é saber se existe título executivo. Se existe
título executivo e, necessariamente, desta pergunta vai implícita a pergunta qual é que é a
obrigação exequenda? Não existe título executivo se não existir uma obrigação exequenda
constituída (não tem de ser exigível, tem de ser constituída). Quando perguntamos pela
exequibilidade intrínseca, já não perguntamos se há título executivo por que é uma
questão que só faz sentido vermos se há exequibilidade intrínseca se existir exequibilidade
extrínseca. Quando se pergunta sobre a exequibilidade intrínseca, o que se pretende saber
é se a obrigação exequenda que é incorporada pelo título executivo é uma obrigação certa,
exigível e líquida. Estamos a falar, assim, de três pressupostos da exequibilidade intrínseca.
1. Exequibilidade extrínseca: segundo o artigo 10.º, n.º5 CPC, toda a ação executiva
tem por base um título.
a. Se este não existir no requerimento executivo, a secretaria (artigo 725.º, n.º1,
alínea d) CPC) ou o agente de execução (artigo 855.º, n.º2, alínea a) CPC)
recusam receber o requerimento quando não seja apresentado.
i. Artigo 726.º, n.º2, alínea a) CPC: deve haver despacho liminar de
indeferimento quando seja manifesta a falta ou insuficiência do título:
ii. Artigo 734.º, n.º1 CPC: isto pode levar a uma extinção superveniente
da execução;
iii. Artigo 729.º, alínea a) CPC: a falta, insuficiência ou inexequibilidade do
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título são fundamento de oposição à execução.

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b. O título tem de demonstrar uma obrigação certa, liquida e exigível (artigo


713.º CPC).
2. Quando falamos em título executivo, partimos necessariamente do artigo 10.º, n.º5
CPC que menciona que o título executivo determina os fins e os limites da ação
executiva. Os fins, neste caso, estamos a falar da espécie da ação executiva por que
através do título executivo nós sabemos se a ação é para pagamento de quantia
certa, para entrega de coisa certa ou para prestação de facto. Quanto à obrigação
exequenda também delimita o objeto da prestação, o montante da prestação e sem
título não conseguimos propor a ação executiva.
a. O título é uma condição da ação, não um pressuposto.
i. Anselmo de Castro: a exigência de título e de uma obrigação certa,
liquida e exigível são pressupostos processuais específicos.
ii. Castro Mendes e Lebre de Freitas: o título executivo é um
pressuposto formal e a obrigação ser certa, líquida e exigível é
pressuposto material da Ação Executiva.
iii. Miguel Teixeira de Sousa: tem a mesma orientação, entendendo
que o título constitui a exequibilidade extrínseca e a obrigação ser
certa, liquida e exigível constitui a exequibilidade intrínseca.
b. O título condiciona a exequibilidade extrínseca da prestação ao permitir, de
modo autónomo relativamente ao direito a que se refere, a execução da
prestação sem a verificação da ocorrência do facto constitutivo do direito.
3. O título executivo, assim, é o documento pelo qual o requerente da realização
coativa da prestação demonstra a aquisição de um direito a uma prestação. O título
integra e revela a obrigação exequenda. Para sabermos se existe título executivo
partimos do artigo 10.º CPC para o artigo 703.º CPC. Existe título executivo
sempre que ele se encontrar no artigo 703.º CPC, porque, entre nós, vigora o
princípio da tipicidade dos títulos executivos. Por outro lado, no sentido inverso,
ainda que as partes queiram retirar a exequibilidade a um documento não o podem
fazer, é nula qualquer convenção nos termos da qual se diga que um documento
não constitui título executivo. O título é, assim, condição necessária da Ação
Executiva porque não há execução sem ele, o qual tem obrigatoriamente de
acompanhar o requerimento inicial.
a. Funções do título:
i. Certificação: certifica a aquisição do direito à prestação pelo
exequente. Contudo, não tem uma função probatória em sentido
próprio pois na Ação Executiva nada há a apreciar no plano dos
factos por parte do tribunal ou do agente de execução.
1. Miguel Teixeira de Sousa: com a apresentação do documento
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que consubstancia o título executivo, a obrigação exequenda


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considera-se provada. O valor do título enquanto meio de

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prova determina que seja o executado a ter de provar a


falsidade ou a veracidade da respetiva letra ou assinatura. O
título demonstra a causa de pedir pois uma vez demonstrada
pode ser deduzido o pedido de realização coativa da prestação
autorizado pelo artigo 817.º CC.
ii. Delimitação: dada a instrumentalidade da execução perante o direito
subjetivo, a execução fica determinada tanto na sua causa de pedir
como no seu pedido pelo conteúdo do título. Determina no plano
objetivo o objeto da prestação e determina o quantum da mesma e a
medida da penhora ou da apreensão. No plano subjetivo determina a
legitimidade, dizendo quem pode ou não ser parte na execução e
quem são os terceiros (artigo 53.º e 54.º, n.º1 CPC).
iii. Constituição: (Miguel Teixeira de Sousa) o título cumpre uma função
constitutiva pois atribui a exequibilidade a uma pretensão,
possibilitando que a correspondente prestação seja realizada através
de medidas coativas impostas ao executado pelo tribunal. Ao
demonstrar a aquisição de um direito a uma prestação constitui o
direito à execução.
b. Assim, no artigo 703.º, n.º1, alíneas b), c) e d) CPC estão documentos
escritos, pelo que são um objeto representativo duma declaração e, como
tal, constitui meio de prova legal plena nos termos dos artigos 362.º, 371.º,
n.º1 e 376.º, n.º2 CC, não obstante não suscitarem problemas probatórios.
Os títulos extrajudiciais são documentos que constituem prova legal para
fins executivos, e a declaração nele representada tem por objeto o fato
constitutivo do direito de crédito.

O título executivo incorpora uma obrigação exequenda e esta


incorporação é muito semelhante à que existe nos títulos de crédito. Os
títulos de crédito fisicamente são apenas um papel mas que incorporam
uma obrigação exequenda. Assim, títulos são os que se encontram no
artigo 703.º CPC que contém uma obrigação exequenda. Em relação ao
conceito de obrigação exequenda, e quando se diz que o título tem uma
função certificativa, o título certifica a existência desta obrigação. Só se
pode propor uma ação se existir uma violação da obrigação exequenda,
não há nenhum título que certifique a violação de uma obrigação
exequenda. Isto porque quem tem o ónus de provar o cumprimento é o
devedor. Neste caso, o título executivo não certifica um incumprimento,
o título executivo certifica a existência de uma obrigação, se ela está ou
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não cumprida isso é um problema diferente porque quem tem de provar


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o cumprimento é o executado na oposição à execução, processo

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declarativo incidental. Ainda quando à função certificativa é importante


falarmos da autonomia. Existe em alguma doutrina a referência à
autonomia entre obrigação exequenda e o título executivo, isto significaria
que a obrigação exequenda até pode ser inválida mas estando incorporada
no título as vicissitudes da obrigação exequenda não interessam, o que
releva é se o título é necessário e suficiente para a propositura da ação.
Mas isto não é verdade. Não é necessariamente verdade!
Refiramos, então, as vicissitudes da obrigação exequenda:
1. Invalidade formal: a questão está hoje mitigada porque dificilmente
teremos um documento formalmente inválido que possa ser título
executivo. Já não temos documentos particulares como títulos
executivos, por isso, essa problemática apresenta-se hoje como um
reduto.
2. Invalidade substantiva: o problema que se coloca é saber até que ponto
é que um juiz pode apreciar a nulidade, invalidade substantiva, da
obrigação exequenda. O que se questiona, assim é se o juiz pode
aprecia-lo para efeitos de retirar a exequibilidade ao título
executivo. A regra é uma resposta negativa porque o juiz só pode
apreciar a nulidade, uma vez que esta é de conhecimento oficioso,
mas é preciso que os factos em que assenta a nulidade sejam eles
próprios notórios ou de conhecimento oficioso. Em regra, o juiz
não pode apreciar a nulidade a não ser que ela esteja visível no título
executivo e aí sim é de conhecimento oficioso. Se for necessário
produzir prova, ai já é o executado em sede de oposição à execução
que prova que o contrato é nulo. A nulidade é causa impeditiva da
obrigação exequenda (artigo 729.º, alínea g) CPC). Saber se as
invalidades substantivas podem ser ou não apreciadas pelo juiz e a
regra é poder apreciar na altura em que o processo segue para
despacho liminar, pode apreciar desde que o despacho de
sustentabilidade sejam os factos notórios ou de conhecimento
oficioso. Ou seja, isto significa que não existe autonomia, as
vicissitudes da obrigação exequenda inquinam a exequibilidade do
próprio título executivo.

4. Artigo 703.º, n.º1 CPC:


a. Alínea a) – Sentenças condenatórias: diz-se condenatórias (ao invés de
sentença de condenação) para que não se dê o equívoco de considerar que
são apenas títulos executivos as sentenças proferidas numa ação declarativa
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de condenação, podemos ter outras ações declarativas em que existam


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condenações. Assim, as sentenças de simples apreciação, as constitutivas e

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modificativas, por não conterem um comando de cumprimento de uma


prestação, não são título executivo. Uma sentença constitutiva que contenha
uma decisão de mérito favorável não é suscetível de ser executada pois o
efeito constitutivo da sentença produz-se automaticamente, nada restando
da sentença para ser executado. O que pode ser executado é uma decisão
condenatória, expressa ou implícita, que com esta se pode cumular. As
sentenças de simples apreciação também não constituem título pois elas
apenas se limitam a declarar a existência de um direito ou facto jurídico, não
sendo o réu condenado a nada com esta decisão. Das sentenças judiciais,
apenas as sentenças de condenação são passíveis de execução. São
equiparadas às sentenças condenatórias as decisões arbitrais (artigo 705.º
CPC e incluem-se as sentenças homologatórias). Mas o que nos leva à
questão das condenações implícitas:
i. É um problema que se coloca face a sentenças de simples apreciação
e a sentenças constitutivas. Cabe saber e discutir se estas sentenças
com condenações implícitas valem ou não como título executivo:
1. Alguma doutrina: a sentença não condena, então o devedor
não está à espera da execução, não se podendo defender da
mesma convenientemente. O credor que tem na sua posse uma
sentença com uma condenação implícita tem de interpor uma
ação declarativa para reconhecer o seu direito à prestação em
causa.
2. Miguel Teixeira de Sousa: entende que é possível quando do
texto da sentença se pode retirar uma condenação implícita em
termos não surpreendentemente para o devedor.
3. Rui Pinto: entende que é errado falar-se em condenações
implícitas. Neste tipo de sentenças o tribunal não exprimiu
qualquer vontade sobre a questão em apreciação pelo que o
problema apenas se coloca face às obrigações decorrentes
diretamente da lei. Se a condenação implícita obriga o devedor
a uma conduta que é obrigatória por efeito da lei, então a
execução pode ser admitida pois o devedor pode contar com
a mesma. Se a condenação implícita pretende obter um efeito
que não decorre diretamente da lei, então haverá uma restrição
desnecessária do direito de defesa do executado, não devendo
a execução ser admitida. Nestes casos, o credor terá de recorrer
a uma ação declarativa.
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ii. Tal não fere:


1. O princípio do dispositivo: há uma condenação implícita, ou
seja, ainda que implícito há um pedido. Consegue-se retirar um
pedido de ação.
2. O princípio do contraditório: a defesa do executado na ação
executiva não seria substancialmente diferente da sua defesa na
ação declarativa.
3. A segurança jurídica: pois o executado acaba por estar à espera
da condenação visto que se pode extrair a condenação da
interpretação da sentença.
Condenações implícitas
Saber se são exigíveis condenações implícitas, aferir da sua
exequibilidade, é responder ao problema: o exequente (autor),
enquanto autor na ação declarativa, não cumulou pedidos, não fez
todos os pedidos e quer aproveitar uma sentença obtida na ação
declarativa para obter um efeito útil que não pediu na ação
declarativa. Temos os seguintes argumentos:
 Contra:
1. O princípio do dispositivo (o tribunal não pode condenar em
mais do que aquilo que o autor pediu – artigo 609.º, n.º1
CPC);
2. O princípio do contraditório: porque na verdade se está a
condenar implicitamente uma pessoa com base numa decisão
judicial e na qual ele não exerceu o seu contraditório, como
não foi feito expressamente o pedido ele também não se
defendeu expressamente desse pedido;
3. Argumento da oposição à execução pode ser frágil porque na
oposição à execução permite-se ao executado defender-se da
execução, mas quando se fala de títulos judiciais a oposição à
execução tem de respeitar o caso julgado da ação declarativa
e isto significa que temos uma limitação que manifesta este
respeito do caso julgado na ação declarativa (artigo 729.º,
n.º1, alínea g) CPC) – quando se fala destes factos, o
executado não pode invocar quaisquer factos, ele tem de
respeitar o caso julgado da ação declarativa, o que significa
que só serão invocáveis os factos objetivamente
supervenientes.
4. O legislador não quis que alguém que não se defendeu na
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ação declarativa viesse agora defender-se na ação executiva


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com base em factos que já poderia ter invocado na ação

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declarativa (não se pode mexer no efeito do caso julgado,


quanto ao efeito preclusivo, neste caso);
5. Princípio da segurança jurídica (réu/executado não contava
com aquele título – porém é um argumento fraco);
 A favor:
1. o problema aqui não é o princípio do dispositivo ou do
pedido, existem condenações implícitas na medida em que
existam pedidos implícitos, não havendo nenhum problema
quando a este princípio uma vez que, na verdade, o tribunal
condena implicitamente quando também existe um pedido
implícito;
2. O princípio do contraditório não é argumento procedente,
pois a defesa numa ação constitutiva não é substancialmente
diferente daquela que resultaria da obrigação da entrega da
casa: a defesa seria substancialmente idêntica. Isto não é um
argumento absoluto porque poderia, por exemplo, ter sido
acordado que a posse ficava no vendedor durante algum
tempo. Ora, na ação executiva também se pode exercer o
contraditório na oposição à execução. Sendo importante a
economia processual,
3. Para os que dizem que o caso julgado não é um problema
porque se aplicava o artigo 731.º CPC que remetia para o
regime do artigo 729.º CPC sem as limitações temporais e
sem o efeito de caso julgado, permite aplicar diretamente o
regime da superveniência objetiva e admitir qualquer facto
independentemente da sua verificação;
4. Não há problemas de segurança jurídica se da interpretação
da sentença resultar implicitamente uma condenação do réu
na entrega da coisa.
 Miguel Teixeira de Sousa e Lebre de Freitas: o que é
necessário fazer sempre? Interpretar a sentença para saber se dali
resulta uma condenação implícita e mais do que isso para saber
se dali resulta um pedido implícito tem de se interpretar as peças
processuais entregues pelo autor, para saber se foi feito um
pedido implícito.
 Miguel Teixeira de Sousa refere que é preciso saber se estes
dois pedidos vão ser feitos na ação declarativa
corresponderiam ou não a uma cumulação aparente (quando
15

efeitos do pedido são substancialmente idênticos).


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Executivo in momentum brevis accipitur

 Rui Pinto: diz que o que se quer saber é se a obrigação


exequenda, apesar de implícita, resulta de fonte legal (a
sentença não é um negócio jurídico mas sim um ato jurídico).
Assim, sem excluir o critério de Teixeira de Sousa, diz que é
preciso saber se a obrigação exequenda é uma obrigação
constitutiva ou tem fonte legal e se a constituição dessa
obrigação exequenda deriva automaticamente do conteúdo do
título executivo, significa que é preciso ver se a obrigação
deriva automaticamente do efeito legal do que foi nele
previsto. Obrigações ex lege não precisam de qualquer outra
manifestação de vontade do executado. Saber de que forma as
obrigações implícitas são obrigações de fonte legal que se
constituem automaticamente independentemente de qualquer
outro ato de vontade do credor ou do devedor. Mas não vale
para tudo. Assim, a execução de condenação implícita faz
sentido quando haja obrigação implícita (quando ela tenha
fonte legal e não dependa para a sua constituição de qualquer
outro ato posterior de vontade, seja do executado seja do
exequente e quando ela se constitua por mero efeito da
sentença).
Condenações genéricas
A sentença de condenação genérica (artigo 609.º, n.º2 CPC)
apresenta o problema de termos uma sentença a meio. Nesta
situação, e só nesta situação, a liquidez é um pressuposto de
exequibilidade extrínseca e não intrínseca, ou seja, forma o título
executivo e não o complementa apenas. Não sendo líquida, não
existe título executivo (artigo 704.º, n.º6 CPC). O que é que o
agente de execução deve fazer nesse caso? Deve recusar o
requerimento executivo por insuficiência ou por inexistência do
título. Se este, inadvertidamente aceitar o requerimento executivo,
o que pode o executado fazer? Pode deduzir oposição à execução,
em que nos termos do artigo 729.º, n.º1, alínea a) CPC dirá que
exista a falta ou insuficiência do título. (atenção que isto é diferente
da oposição à execução baseada na exigibilidade e liquidez ou
incerteza da obrigação exequenda, pois só nestes casos é
pressuposto de exequibilidade extrínseca). Voltando ao artigo
704.º, n.º6 CPC importa atender quando é que a liquidação depende
de simples cálculo aritmético. O que se deve fazer perante um caso
16

destes?
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Executivo in momentum brevis accipitur

1. Olhar para o título:


 Artigo 10.º CPC
 Artigo 703.º, n.º1 CPC, alínea a) CPC;
 Referir que, na verdade, esta sentença apresentada não
será título executivo porque ainda não e líquido, e neste
caso é um pressuposto de exequibilidade extrínseca.
2. E, portanto, temos de saber se a liquidação depende de
simples cálculo aritmético ou se não depende de cálculo
aritmético. Ao aplicar-se o artigo 704.º, n.º6 CPC sabe-se já
que a liquidação depende de simples cálculo aritmético, mas
antes disso temos de saber qual o critério distintivo entre
ambas.
 É dependente de cálculo aritmético quando
resultar de factos notórios ou de conhecimento
oficioso. Portanto, quando não é necessário
produzir prova em relação aos factos sobre que
assenta este cálculo; por exemplo, juros. Como se
calculam os juros moratórios? Se continuam a
vencer no decurso da ação executiva, o agente de
execução terá de calcular os juros moratórios só
quando se extingue a ação é que vamos fazer o
cálculo de tudo e, então, aplicar o artigo 716.º, n.º2
CPC. Chega-se ao fim da execução e faz-se
simples cálculo aritmético (atenção que a liquidez
é, neste caso, um pressuposto da exequibilidade
intrínseca);
 Quando não dependa de cálculo aritmético: é
necessário produzir prova em relação aos
montantes pedidos. Quando temos uma sentença
de condenação genérica, o juiz tem a certeza que
existe a obrigação de indemnizar mas ainda não
sabe o quantum indemnizatório. Ora, não havendo
liquidez, e não estando dependente de simples
cálculo aritmético, o que deveria fazer? Incidente
de liquidação, havendo uma abertura da instância
declarativa (artigo 358.º, n.º2 CPC).
No caso de um título extrajudicial em que a liquidação também não
17

depende de simples cálculo aritmético: esta liquidação é feita, já não


nos termos de uma ação declarativa, pois ela não existe, mas sim
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nos termos do artigo 714.º, n.º6 CPC, em que também haverá uma

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contestação, que, a não se realizar, determina o efeito cominatório


pleno e já não o semi-pleno (como seria o caso da não contestação
de oposição ao incidente de liquidação por parte dos réus-
executados no anterior incidente declarativo onde o juiz poderia
sempre apreciar a prova, podendo acontecer que ela não
corresponda ao que o juiz viria a condenar).

ii. Exequibilidade provisória (artigo 703.º, n.º1, alínea a) e 704.º CPC): será
título a sentença de condenação que tenha transitado em julgado
(artigos 615.º e 616.º CPC). Contudo, há a possibilidade de execução
provisória da sentença. São situações em que, apesar de a decisão não
estar transitada em julgado poder fundamentar uma execução. Regra
geral: para uma sentença ser exequível tem de ter transitado em
julgado, não podendo ser suscetível de recurso ordinário ou de
reclamação (artigo 628.º CPC). Fora destes casos, há possibilidade de
exequibilidade provisória da sentença no caso de ter sido interposto
recurso com efeito meramente devolutivo (artigo 704.º, n.º1 CPC,
sendo possível executar a sentença na pendencia do recurso). Se o
recurso tiver efeito suspensivo não é título executivo e não pode haver
lugar a exequibilidade provisória. Para que haja o recurso tem de ter
efeito devolutivo. A sua ratio prende-se com a ideia de que ao
permitirmos que o recurso não impeça a execução estamos a proteger
os interesses do credor, visando evitar-se que o devedor peça recurso
com a mera finalidade de adiar a execução. Assim, temos os seguintes
tipos de recurso com efeito devolutivo:
1. Recurso de apelação (artigo 647.º, n.º1 CPC);
2. Recurso de revista (artigo 676.º, n.º1 CPC).
iii. Sendo que, é ainda possível pedir-se a suspensão da execução (artigo
704.º, n.º4 e 5 CPC).
iv. Quando a causa vier a ser definitivamente julgada, a decisão de recurso
terá dois efeitos possíveis sobre a execução em curso (artigo 704.º, n.º2
CPC):
1. Extinguir a execução se for totalmente revogatória da decisão
exequenda, absolvendo o réu, ou seja, se o tribunal superior
revogar completamente a primeira decisão;
2. Modificar a execução se apenas em parte a decisão de recurso
revogar a decisão exequenda. Mantém-se uma condenação
parcial do réu (artigo 704.º, n.º2, 1.ª parte CPC) ou seja, a
18

primeira decisão é parcialmente revogada.


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v. Se a decisão do tribunal de recurso for sujeita a novo recurso para


tribunal superior, a execução também há lugar a execução provisória
se o recurso não tiver efeito suspensivo. Neste caso, após a decisão
final a execução:
1. Suspender-se-á: se a decisão da Relação for totalmente revogatória
da primeira decisão se o recurso interposto para o Supremo
Tribunal de Justiça tiver efeito devolutivo;
2. Modificar-se-á: se a decisão da Relação for parcialmente
revogatória da primeira decisão e se o recurso interposto para
o Supremo Tribunal de Justiça tiver efeito devolutivo;
3. Prossegue tal como foi instaurada: se o novo recurso para o Supremo
Tribunal de Justiça tiver efeito suspensivo, só podendo a
execução ser extinta ou modificada com a decisão definitiva do
Supremo Tribunal de Justiça.
vi. A ação proposta na pendência do recurso também pode ser suspensa
a pedido do executado (artigo 704.º, n.º5 CPC) desde que preste
caução.
1. Esta, serve para garantir o dano que, no caso de confirmação
da decisão recorrida, o exequente sofra em consequência da
demora da execução. Sendo prestada nos termos gerais do
artigo 623.º CC.
vii. De acordo com o artigo 704.º, n.º3 CPC, não havendo suspensão da
execução e prosseguindo, não se admite o pagamento enquanto a
sentença estiver pendente de recurso sem que haja lugar ao pagamento
de uma caução por parte do exequente. Estabelecendo uma exceção
ao favor creditoris, sendo assim uma proteção do executado. Sendo esta
a mesma lógica presente no artigo 704.º, n.º4 CPC.
viii. Se, quando a decisão definitiva ocorrer antes da transmissão dos bens
penhorados, temos o levantamento da penhora. Se a decisão ocorrer
já depois da transmissão dos bens penhorados, ou seja, os bens já
estão na esfera do terceiro adquirente e se já houve pagamento dos
credores que tiveram de prestar caução (artigo 704.º, n.º3 CPC):
1. Ineficácia da venda (artigo 839.º, n.º1, alínea a) CPC) e
devolução dos bens ao executado (artigo 839.º, n.º3 CPC); ou
2. O executado fica com a caução prestada pelos credores.
A exequibilidade da sentença é provisória porque depende do efeito
devolutivo. Em relação a recursos, aquilo que devemos saber é a diferença
entre recursos de revista e recurso de apelação. Quando se diz que o
19

recurso tem um efeito devolutivo significa que suspende a execução da


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decisão de primeira instância. Se se diz que tem efeito devolutivo, não

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suspende. A regra é que o recurso de apelação tem efeito devolutivo e,


portanto, quando existe aposição de um recurso devolutivo ainda existe
uma decisão definitiva, e a sentença é título executivo. Neste caso, como é
que chegamos ao efeito devolutivo? Artigo 647.º, n.º1 CPC – é o artigo
que temos de analisar quando estamos perante um caso de exequibilidade
provisória. Existe uma remissão dos n.º1 e 2 do artigo 604.º CPC para o
artigo 647.º CPC. No artigo 647.º CPC temos, então, de ver que efeito o
recurso tem. Se o recurso tem efeito suspensivo não é titulo executivo.
Se o recurso tem efeito devolutivo é título executivo. Em regra, o
recurso tem efeito devolutivo, os casos que temos de conhecer
especialmente são os recursos com efeito suspensivo porque são esses que,
de alguma forma, podem criar alguma dificuldade nas nossas respostas.
Uma alínea que tem bastante relevância é o n.º3 do artigo 647.º CPC.
Comparando este artigo 647.º CPC com o artigo 704.º, n.º5 CPC, são
coisas totalmente diferentes. Quando falamos da suspensão do artigo 647.º
CPC estamos a falar da suspensão da decisão, da execução, não se pode
propor uma ação executiva. A eficácia da decisão na ação declarativa está
suspensa. Podemos propor uma ação executiva se houver recurso do efeito
suspensivo? Não, não existe título executivo porque não tem efeito
devolutivo, tem efeito suspensivo. A questão que se encontra no n.º5 do
artigo 704.º CPC é diferente. O artigo 704.º, n.º5 CPC aplica-se aos casos
em que não há efeito suspensivo do recurso, há efeito devolutivo: o título
executivo existe. No entanto, se a execução provisória for penhorada a
minha habitação, por exemplo, esta penhora não pode passar para a fase
da venda a não ser que o exequente ou que o próprio adquirente desta
preste caução (artigo 704.º, n.º5 CPC). No artigo 647.º CPC o que tem
efeito suspensivo é o recurso que vai determinar a existência do título
executivo, no artigo 704.º, n.º5 CPC existe título executivo porque o
recurso tem efeito devolutivo mas suspende-se a execução. São coisas
diferentes, num caso existe título no outro não. Quanto à caução, tanto
para efeito suspensivo no recurso pode ser prestada caução como também
pode ser prestada caução para que ao abrigo do artigo 604.º, n.º5 CPC, o
exequente não queira a suspensão da venda do bem. Em suma, no artigo
704.º, n.º5 CPC existe título mas o bem penhorado, por exemplo, é a casa,
logo a suspensão é da execução. No artigo 647.º, n.º3, alínea b) CPC não
existe título executivo porque o efeito tem recurso suspensivo. No artigo
704.º, n.º5 CPC é o executado que presta a caução para a suspensão da
execução, não a caução para a suspensão da eficácia da decisão da ação
20

declarativa. No artigo 647.º,n.º4 CPC, quando se fala em prejuízo


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considerável, dir-se-á quanto a este aspeto o facto de estarmos perante uma

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obrigação de valor muito elevado e em que exista a probabilidade daquela


decisão ser revogada pelos tribunais superiores. No artigo 647.º, n.º3 CPC
quem presta caução é aparte a quem o efeito devolutivo prejudica, ao réu,
pelo que pratica o réu este efeito devolutivo porque ele não vê já no seu
património a execução daqueles bens. A própria execução em si é um
resultado natural da eficácia da sentença. A questão é a de saber que termos
é que a execução poderá criar ou não um prejuízo considerável ao réu. Esse
prejuízo será tão maior quanto menor for o património dele.
Assim:
No artigo 647.º, n.º3 CPC não há título executivo porque o recurso
tem efeito suspensivo.
No artigo 704.º, n.º5 CPC existe título executivo mas suspendemos
a execução, sempre havendo uma caução.
Devemos ter noção de que na ação executiva a execução é provisória
porque é isso mesmo, provisória, o destino da execução vai depender da
decisão definitiva. Ora, pode acontecer que a execução fique sem efeito,
que se anule todo o processado e que depois se extinga a execução e isso
pode levar, por exemplo, à anulação da venda que tenha sido feita. Da
perspetiva do réu, os bens podem estar a ser penhorados para que no
futuro se venha a considerar que na verdade aquela execução nunca deveria
ter acontecido.

b. Alínea b) – documento exarado ou autenticado por notário: estes são títulos


extrajudiciais porque não se produzem em juízo. Emergem de um negócio
jurídico. Ou seja, é título executivo um documento com termo de
autenticação e escrituras públicas. Por serem exarados por notário são
documentos autênticos, incluindo-se aqui o testamento e a escritura pública.

Exequibilidade de documentos particulares elaborados antes da revisão de 2013


O Acórdão TC n.º408/2015 veio declarar, com força obrigatória geral, a
inconstitucionalidade da norma que aplica o artigo 703.º CPC, aprovado
em anexo à Lei n.º41/2013, 26 junho, a documentos particulares emitidos
em data anterior à sua entrada em vigor, então exequíveis por força do
artigo 46.º, n.º1, alínea c) CPC 1961. Da redação do artigo 6.º, n.º3 dessa
mesma Lei, é claro que o novo CPC eliminou do elenco dos títulos
executivos os documentos particulares, assinados pelo devedor, que
importem a constituição ou reconhecimento de obrigações pecuniárias,
cujo montante seja determinado ou determinável por simples cálculo
21

aritmético. A estes era conferida exequibilidade pelo artigo 46.º, n.º1, alínea
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c) CPC anterior. O problema relativamente à revogação desta norma

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colocou-se face à supressão do vale de título de documentos particulares


que já possuíam esse valor à data da entrada em vigor do novo CPC. Daí
que a questão da constitucionalidade tenha surgido do problema da
sucessão de leis no tempo. Veio, então, o Tribunal Constitucional, com
base no princípio da violação da proteção da confiança, declarar a
inconstitucionalidade com força obrigatória geral do artigo 6.º, n.º3 da dita
Lei, que manda aplicar o artigo 703.º CPC, aos documentos particulares
anteriores à entrada em vigor do novo CPC. Sendo assim, documentos
particulares elaborados antes da entrada em vigor do CPC de 2013, que se
encaixem no artigo 46.º, n.º1, alínea c) CPC têm força executiva.

i. Testamento: será título quando nele o testador assume uma dívida ou


constitui uma dívida. Para ser título tem de se verificar a aceitação da
herança pelo sucessor, sendo que a aceitação constitui condição de
transmissão da dívida e, portanto, fundamento da legitimidade passiva
do sucessor para a execução. Esta aceitação tem de ser alegada e
provada pelo exequente (artigo 54.º, n.º1 e 715.º, n.º1 CPC).
1. Quanto ao que é título, ou seja, se o título é a aceitação ou se o
título é o testamento, discute-se:
a. Lebre de Freitas: o título executivo é o testamento e
nunca poderá ser a aceitação;
b. Rui Pinto: entende que o título é a aceitação porque é ela
que permite a constituição válida do título. É a aceitação
que confere legitimidade ao sucessor.
2. Isto imposta por uma questão de legitimidade. No entanto, para
que possa ser título executivo o testamento tem de ser válido
formal e materialmente. Se não for não é título executivo.
Contudo, o reconhecimento de dívida nele imposto será
sempre válido porque para um reconhecimento apenas basta a
forma escrita. Nestes casos, há que ver se não há nenhum título
escondido como seja uma garantia real. Contudo, esta garantia
tem de estar registada pois aqui o registo tem efeito constitutivo.
Isto porque, por exemplo, uma hipoteca será sempre feita por
escritura pública que constitui documento exarado por notário
e logo entra no artigo 703.º, n.º1, alínea b) CPC.
a. Para fins de legitimidade, e no caso de o testamento ser
válido, pelo artigo 54.º, n.º1 CPC, os legatários só
respondem nos termos do seu legado.
22

b. O artigo 744.º CPC concretiza o artigo 2098.º CC (se um


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bem pertencer ao património de um herdeiro, mas esse

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bem não advier da herança em causa, à partida, este bem


não vai responder pelas dívidas da herança. Nestes casos,
o herdeiro tem de se opor à penhora (artigo 744.º, alínea
c) CPC).

Documentos autênticos também constituem título


executivo quando dele conste o reconhecimento, pelo
devedor, de uma obrigação pré-existente.
O reconhecimento pode ser a confissão do ato que
constitui a dita obrigação (artigos 352.º, 358.º, n.º2 e
364.º CC) ou , através do reconhecimento de dívida
(artigo 458.º CC).

ii. Exequibilidade de documentos autênticos ou autenticados em que se convencionam


prestações futuras (artigo 707.º CPC): o artigo em causa respeita à
exequibilidade extrínseca das obrigações, pelo que se não for junto o
documento suplementar não existirá título executivo.
1. 1.ª parte do artigo: referente a obrigações futuras:
a. A relação negocial de onde emergem já se encontra constituída;
2. 2.ª parte do artigo: referente às obrigações virtuais:
a. Aqui a relação negocial de onde emergem ainda não se encontra
constituída.
iii. Tendo, geralmente, aplicação nos contratos de abertura de crédito.
Estes contratos, correspondem a uma promessa de mútuo decorrendo
daqui as seguintes obrigações:
1. Banco (mutuário): obrigação de disponibilizar o crédito;
2. Mutuante:
a. Pagar as comissões devidas pela imobilização do
montante disponibilizado pelo banco. São indexadas à
totalidade do valor disponibilizado;
b. Reembolsar o capital efetivamente mutuado. Esta é uma
obrigação que se constitui no momento da solicitação do
crédito, contudo a obrigação só se vence no final do
prazo acordado.
c. Pagar os juros remuneratórios, que vão incidir sobre o
capital efetivamente mutuado.
iv. Este contrato, (caso conste de documento particular autenticado) é
um título complexo, sendo a sua exequibilidade apurada nos termos
23

deste artigo 707.º CPC.


Página

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Vejamos, do título (contrato de abertura de crédito) apenas decorre


a obrigação de pagamento das comissões, uma vez que esta é a
única obrigação que se constitui no momento da celebração do
contrato. No que concerne às obrigações de reembolso e de
pagamento de juros remuneratórios, há que juntar um outro
documento que prove que efetivamente o montante foi requerido.
O banco terá de provar que entregou a quantia pedida pelo
mutuário. É este documento que vai conferir exequibilidade
extrínseca às obrigações de reembolso e de pagamento dos juros
remuneratórios. Se este documento não for junto, o banco apenas
poderá pedir o pagamento das comissões pelo capital imobilizado.

v. Podem, também, estar em causa contratos-promessa, contratos reais


quoad constituionem ou contratos-quadro. Assim, temos, no artigo 707.º
CPC, três momentos:
O documento aqui elaborado tem
de ser um documento
extrajudicial, e, ainda não há
título, pois ainda não está
constituída a obrigação
exequenda.
Aqui apenas é elaborado o
documento que, em conjunto
com o documento elaborado no
momento seguinte, revestirá força
Elaboração do título executiva. Deste documento deve
constar:
1. Convenção de prestações
futuras (obrigações futuras)
ou previsão de constituição
de obrigações futuras
(obrigações virtuais);
2. Identificação dos
documentos elaborados no
momento seguinte que
podem complementá-lo
É o momento da constituição da
Ocorrência de factos
obrigação exequenda que deve
relevantes para a obrigação
24

poder provar-se mediante o


exequenda
Página

documento elaborado neste

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Executivo in momentum brevis accipitur

momento. Deste documento


deve resultar:
1. Alguma prestação que
tenha sido realizada para a
conclusão do negócio, ou
seja, deve resultar que o
exequente realizou a
prestação respetiva; ou
2. Alguma obrigação foi
constituída na sequência da
previsão das partes.
Este documento pode ser judicial
ou extrajudicial.
O título será composto pelo
documento elaborado no
primeiro momento, juntamente
Propositura da ação com o título elaborado no
executiva / prova dos segundo momento.
factos relevantes Salvas as hipóteses em que o
documento elaborado no
segundo momento reveste força
executiva.
Em resumo:
Artigo 707.º CPC: situações em que um documento só por si não é título
executivo, temos de o juntar a outros documentos e termos aquilo a que se
chama título integrado, composto ou compósito. Estamos a falar de
contratos que dão inicio a uma relação jurídica duradoura e desse contrato
não resulta ainda a obrigação exequenda, não está ainda incorporada a
obrigação exequenda. No contrato de abertura de crédito há quem lhe
chame contrato de promessa de mútuo. O banco quando celebra o contrato
de abertura de crédito compromete-se a disponibilizar o dinheiro (prestação
de imobilização, sendo esta que é paga). Banco compromete-se a entregar
esse dinheiro sempre que necessitar, mas tem de ter uma provisão para
entregar ao outro mutuário. Como é remunerada essa imobilização? Com
comissões (de imobilização). É apenas isto que resulta do contrato de
abertura de crédito: o branco obriga-se durante determinado período de
tempo a disponibilizar um determinado montante. O mutuário apenas tem
de solicitar. Quando se falam das obrigações deste: obriga-se a pagar a
25

comissão de imobilização a partir do momento em que se celebra o contrato


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de abertura de crédito e obriga-se também, havendo alguma solicitação, a

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Executivo in momentum brevis accipitur

correspondente entrega pelo banco, neste caso, a quantia mutuada: o


mutuário tem de restituir o capital e pagar juros remuneratórios. Temos,
assim, três obrigações exequendas diferentes:
1. Pagar a comissão de imobilização: em relação a esta o contrato de
abertura de crédito é título executivo que incorpora esta obrigação.
Esta constitui-se a partir do momento em que se celebrou o contrato.
2. Reembolsar o capital: constitui-se no momento em que é
incorporada no contrato de abertura de crédito;
3. Pagar juros: constituiu-se no momento em que é igualmente
incorporada no contrato de abertura de crédito.
Temos um contrato-quadro, que regula as obrigações no futuro, nas
obrigações futuras em sentido estrito. No caso de contrato de abertura de
crédito, só é título executivo consoante a relação a estabelecer com o que
está nele incorporado. Não se pode confundir constituição de obrigação
com vencimento de obrigação (uma coisa é dizer que ele está obrigado a
pagar, outra coisa é dizer que ele vai estar obrigado a pagar no diz x). Artigo
707.º e 715.º CPC levam para uma estrutura temporal tripartida:
1. Abertura de crédito: título executivo em relação à comissão de
imobilização;
2. Factos relevantes: momento em que se constitua a obrigação
exequenda;
3. Momento em que se propõe a ação executiva.
Artigo 707.º CPC: se, no momento 3, alguém quer propor uma ação
executiva, e quer executar a obrigação que se constitui no momento 2, não
pode apresentar apenas o documento 1, tem de juntar a esse um documento
2 que prove que naquela data (antes da ação executiva e depois da abertura
de crédito) se constituiu a obrigação exequenda. Isto em conjunto é que é
título executivo. Concluindo, este documento 2 tem de provar a
constituição da obrigação exequenda. Esta constituiu-se através da
transferência/entrega desse dinheiro pelo banco ao mutuário, prestação
essa que tem de se provar por prova documental pelo exequente, não pelo
executado. Este documento 2 pode revestir duas características:
 Ou ele próprio é título executivo; ou
 É passado em conformidade com as cláusulas do documento 1
(documento 1, no seu clausulado, tem de fazer referência a como se
complementaria com o documento 2).
A força executiva já existe, é o documento 1 que já tem força suficiente para
se considerar exequível. Num contrato quadro todas as obrigações que se
26

constituem são obrigações que nascem desse contrato.


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Declaração antecipada de não cumprimento: em face do título, a obrigação


vencia-se em determinada data, mas, na verdade, a obrigação tornou-se
exigível antes da propositura da ação executiva porque houve uma
declaração antecipada de não cumprimento. Isto não tem nada a ver com o
artigo 713.º CPC pois esse artigo reporta-se às situações em que a obrigação
exequenda não é certa, exigível ou líquida quando se propõe a ação
executiva, sendo necessário torna-la, depois do momento 3, certa, exigível
e liquida. O artigo 714.º CPC tal como o artigo 713.º CPC reportam-se a
situações posteriores ao momento 3. No caso, estamos a falar do artigo
715.º CPC: aplica-se a situações em que a obrigação se torna certa, exigível
ou liquida na fase 2. Aqui estamos a aplicar o artigo 715.º CPC
analogicamente, reporta-se apenas a situações em que se verificaram
condições antes da propositura da ação executiva e às situações em que o
exequente cumpriu a sua prestação para efeitos de depois não ser invocada
a exceção de não cumprimento. Logo estamos a aplicar analogicamente o
artigo 715.º CPC a todos os casos em que no momento 2 a obrigação se
torna certa, exigível ou líquida naquela fase. Problema: temos de provar que
a obrigação se tornou certa, exigível ou líquida no momento 2. O exequente
teria de provar a exigibilidade (qualquer meio de prova, não tem de ser
prova documental, pois não estamos a formar o título, estamos apenas a
complementá-lo). Como a prova terá de ser testemunhal pelo declaratário
da declaração de não cumprimento teremos de chamar o juiz, pois haverá
efeito cominatório pleno. O artigo 707.º CPC temos documento 1
(documento mãe), que tem de revestir os requisitos de exequibilidade do
artigo 703.º, n.º1, alínea b) CPC e depois poderia ser complementado com
um documento nesta fase, logo naquela data ele ainda não é título executivo,
apenas se torna título executivo quando justamos o documento 2 (este para
complementar o 1 tem de revestir 1 de duas características:
 Ou ele próprio é título executivo; ou
 Então é um documento ao qual o documento 1 faz referência, em
conformidade com as cláusulas dele constantes.)
No caso, temos obrigações virtuais pois num contrato de abertura de
crédito a própria solicitação é eventual, não estaria obrigado a exigir aqueles
montantes. O artigo 707.º CPC aplica-se tanto no caso em que temos
obrigações virtuais tanto nos casos em que temos obrigações futuras em
sentido estrito: exemplo, quando penhoramos salários, penhoramos
créditos, nesse caso estamos a penhorar um crédito que é futuro porque
ainda não é exigível, mas é um crédito futuro em sentido estrito porque a
27

relação negocial da qual resulta aquele crédito já existe. Aqui temos um


Página

crédito futuro em sentido estrito, o crédito é futuro, ainda não se constituiu,

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Executivo in momentum brevis accipitur

mas a relação negocial da qual emerge já existe. Ao falar-se em qualquer


crédito a ter no futuro, estamos a dizer que ele é virtual ou futuro em sentido
amplo, porque ele ainda não se constituiu nem sequer se constituiu a relação
negocial da qual ele emerge, vai constituir-se no futuro, eventualmente). Isto
é importante porque o artigo 707.º CPC abrange estas duas situações, tanto
os créditos futuros em sentido estrito, como os créditos futuros em sentido
amplo ou virtual.

c. Alínea c) – Títulos de crédito: são


Quando se fala em títulos de crédito há que ter presente que
Cheque neles coexistem duas relações distintas:
 Relação cartular;
 Relação subjacente.
Elas coexistem, não se anulando. Quando a relação cartular
Letra está ativa a subjacente permanece inativa e, quando a cartular
se extingue a relação subjacente fica ativa. Nos títulos de
crédito, não há novação pois enquanto a relação cartular está
ativa, a relação subjacente está adormecida. Após a relação
cartular prescrever o título de crédito continua a poder valer
como título executivo na sua forma de quirógrafo.
 Ao se apresentar o título como quirógrafo, o que se está a
executar é a relação subjacente;
 Se for apresentado como título de crédito o que se está a
executar é a relação cartular.
A relação subjacente prescreve ao fim de:
 3 anos: caso seja uma relação extracontratual;
 20 anos: caso seja uma relação contratual.
Livrança A prescrição tem de ser invocada na oposição à execução.
Quirógrafo: documento particular de reconhecimento
de dívida. Neste está sempre um causa a relação
subjacente.
Quando dos títulos prescritos não conste a causa da
obrigação há que distinguir consoante a obrigação a que se
reporta emerja ou não de um negócio jurídico formal:
 Emerge de um negócio jurídico formal: sendo a causa do negócio
um elemento essencial do mesmo, o documento não
constitui título executivo (artigos 221.º, n.º1 e 223.º, n.º1
28

CC);
Página

大象城堡
Executivo in momentum brevis accipitur

 Não emerge de um negócio jurídico formal: a autonomia do título


em face da obrigação exequenda e a consideração o
regime de reconhecimento de dívida leva a admiti-lo como
título executivo, sem prejuízo de a causa da obrigação ser
invocada no requerimento executivo e poder ser
impugnada pelo executado.
Se o exequente não a invocar, ainda que a título subsidiário
no requerimento executivo, não pode fazê-lo posteriormente
na pendência do processo, após a verificação da prescrição
da obrigação cartular e sem a concordância do executado
(artigo 264.º CC). Tal implicaria a alteração da causa de pedir.
Assim, temos:
 Relações imediatas: entre o credor e devedor originário;
 Relações mediatas: quando temos endosso.
 O endosso, enquanto transmissão originária
do título de crédito, vai criar uma relação
imediata (originária) entre quem endossa e o
endossado e uma relação mediata entre o
endossado e o credor originário.

 Vejamos, em especial, o cheque: temos três sujeitos e consiste na seguinte


estrutura:
o Banco: sacado;
o Cliente: sacador;
o Terceiro: beneficiário do cheque.

Banco saque
(sacado)
Beneficiário Sacador
(exequente) Relação subjacente (executado)

O saque é a ordem de pagamento dada pelo cliente ao Banco para que


este pague ao terceiro. Constitui a relação cartular e acontece quando o
sacador assina o cheque. (não há aceite porque esse é dado aquando da
emissão do cheque). O beneficiário do cheque pode, posteriormente,
endossar o cheque a outro:
29 Página

A B C D E F G

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Executivo in momentum brevis accipitur

[Endosso]

Há que ter em atenção o prazo de 8 dias (artigo 29.º, n.º1 Lei Uniforme
sobre o Cheque) para apresentar o cheque a pagamento. Ver ainda o
prazo do artigo 52.º, n.º1 LUC. Se estes dois passarem o cheque está
definitivamente prescrito como título de crédito. Quando o cheque é
apresentado a pagamento após estes oito dias, temos de verificar se foi
ou não revogado:
- Se foi revogado: cessa a relação cambiária e passa a valer como
quirógrafo;
- Se não foi revogado e foi apresentado fora do prazo aplica-se o
regime do artigo 32.º LUC.
Para Paulo Olavo Cunha continua a poder ser usado como
título executivo, contudo já não se pode deitar mão da relação cambiária.
Assim:
Υ ø
χ

A B

8 dias + x 6 meses + 8 desde x

Data do momento em que o


χ
(sacador/emissário) passa o cheque
Imbatibilidade do cheque
Artigo 29.º LUC A
8 dias
Ação cambiária
Artigo 52.º LUC B
6 meses desde esses 8 dias
Ou seja
Υ Α + B = 6 meses e 8 dias desde χ
Tendo em atenção ao artigo 703.º, n.º1, alínea c) CPC isto traduzir-se-á
em que na:
o 1.ª parte da norma: é título de crédito até aos 8 dias (A), sem
qualquer sombra de dúvidas e, depois dos 8 dias e até aos 6 meses
(B), será necessário intentar ação cambiária (artigo 52.º LUC).
o 2.ª parte da norma: os cheques deixam de ser títulos de crédito,
mas continuam a ser quirógrafos (documentos particulares)
30

 E depois dos 6 meses (ø)? A doutrina divide-se:


Página

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Executivo in momentum brevis accipitur

o Eurico Lopes Cardoso: o cheque prescreveu, este serve apenas


como prova se o negócio não estiver sujeito a forma;
o Lebre de Freitas: tem de ser alegado pelo autor e tem de ser
provada a relação subjacente;
o Paulo Olavo Cunha e Rui Pinto: não é título de crédito.
 Portanto,

Só pode valer como quirógrafo se reunir determinadas condições:


1. Assinatura do devedor (requisito formal);
2. Estarmos do domínio das relações imediatas (requisito material
subjetivo);
3. O exequente ter alegado a relação material subjacente (causa
do cheque) que deve ser minimamente demonstrada para se
evitar um indeferimento liminar por falta de aparência mínima
do facto constitutivo do direito (requisito material objetiva
n.º1).
4. A relação subjacente não exigir requisitos de forma mais
solenes que o cheque, sob pena de deste servir para provar algo
que apenas poderia ser provado por documento com força
probatória mais elevada.

Em resumo, no que atende ao cheque:


Quando existe pagamento através de um cheque constitui-se uma nova obrigação,
temos uma obrigação emergente da relação subjacente que, quando se emite ou faz o
saque de um cheque, constitui-se uma nova obrigação (obrigação cartular ou cambiária).
Quando se emite um cheque não existe novação2. Ao emitir-se um cheque está-se,
agora, a ficar vinculado a duas obrigações: a obrigação da relação cartular e a obrigação
da relação subjacente (são obrigações distintas). Isto significa que há um acordo entre
o sacador e beneficiário do cheque onde o portador/beneficiário do cheque se vai fazer
pagar por um cheque e, portanto, este vai exigir ao sacador que lhe pague a obrigação
cartular e a obrigação subjacente (ao pagar a obrigação cartular extingue-se a obrigação
subjacente por cumprimento). É relevante a ideia de que não existe novação porque
poderemos ter determinadas vicissitudes com a relação cartular e pode levar à sua
extinção e depois vamos fazer renascer a relação subjacente. Quando se emite um
cheque a relação subjacente fica adormecida e esta vai-se acordar quando existe alguma
vicissitude de uma obrigação cambiária – é isto que temos no artigo 703.º, n.º1, alínea
c) CPC. Poderemos ter um cheque que para efeitos de exequibilidade pode ser um título
executivo enquanto título de crédito ou enquanto mero quirógrafo – quando é título
31
Página

2
Existe novação quando substituímos uma obrigação por outra, como acontece, por exemplo, na renegociação de dívidas, na
consolidação de créditos, onde se constitui uma nova obrigação e se extingue a obrigação anterior).

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Executivo in momentum brevis accipitur

executivo enquanto título de crédito a obrigação exequenda é a obrigação cartular


(existe aqui aquilo que se designa de ação cambiária – regulada na LUC); quando já não
existe obrigação cambiária, mas a extinção da mesma não se tenha devido ao
cumprimento, por comprovação vamos fazer renascer a obrigação subjacente. Quando
temos um cheque como quirógrafo a obrigação exequenda é a obrigação da relação
subjacente. É importante falar aqui da incorporação da obrigação exequenda porque
num determinado momento temos um papelinho que incorpora a obrigação cartular e
a partir de determinado momento temos de ter um papel que vai incorporar outra
obrigação. Se for proporá uma ação executiva em que se apresenta um cheque como
título de crédito (porque não se indica a relação subjacente), e se o executado dizendo
que o cheque está prescrito, o exequente, não pode alegar “que se use, então, como
quirógrafo” porque estaria a fazer uma alteração da causa de pedir (e esta, durante o
processo, só pode ser feita por acordo da contraparte). Aqui era necessário que
houvesse a distinção desta ação executiva (procedência da oposição à execução) e
iniciava-se uma nova ação executiva em que o cheque valia como quirógrafo. Temos
sempre a relação subjacente e temos a obrigação emergente da relação
subjacente e a obrigação da obrigação cartular. Quando o sacador emite um queque
ele não extingue a obrigação subjacente, e essa pode ser útil para o futuro porque pode
existir alguma vicissitude com a obrigação cartular (exemplo, revogação do cheque e
prescrição da obrigação cartular). É o facto de não existir novação que permite que o
cheque possa valer como quirógrafo.
Artigo 703.º, n.º1, alínea c) CPC isso plasma: o cheque como título de crédito é sempre
exequível, é um documento particular exequível. São exequíveis, permitem o recurso a
uma ação cambiária, por essa razão, tendo em conta a supressão dos documentos
particulares e da exequibilidade dos documentos particulares, cada vez mais se vai
assistir a um renascimento da utilização dos títulos de crédito, porque é o único
documento particular que não é necessário a intervenção do notário ou de alguém com
competência para tal de modo a que se atribua exequibilidade ao documento.
É frequente que as pessoas passem um cheque pré-datado: o cheque, ao contrário dos
outros títulos de crédito, é um crédito pagável à vista. O que significa que se o
beneficiário apresentar o cheque a pagamento no dia seguinte ou posterior a esse, o
cheque tem de ser pago, independentemente da existência da existência de fundos que
se encontrem no banco (não existindo fundos, passou-se um cheque sem provisão).
Mas houve, aqui, um acordo em que aquela pessoa só apresentava o cheque a
pagamento depois daquela data. Isso é um problema de relação subjacente e não de
relação cartular. Logo, independentemente disso, aquele cheque pode dar início a uma
ação executiva, apesar da data ainda não ter decorrido. Ao contrário dos outros títulos
de crédito com o cheque temos uma relação triangular: na letra e na livrança não é,
32

porém, necessária esta estrutura triangular. Quando se fala do cheque temos o sacado,
Página

ao contrário do que acontece na letra, o sacado é sempre um banco e, ao contrário do

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Executivo in momentum brevis accipitur

que exista na letra, também, não existe aceite porque este está incorporado no próprio
cheque que o banco entrega ao cliente. No caso temos o sacador como cliente e o
beneficiário (entre o sacador e o banco existe a convenção de cheque, nos termos da
qual o banco se obriga a pagar a um terceiro, beneficiário, se o sacador lhe der uma
ordem para isso através do saque do cheque. Da relação entre o sacador e o Banco
(sacado) resulta que este, em regra, só paga se houver fundos: este não está obrigado a
pagar se não existir fundos na conta bancária do sacador. Um cheque incorpora uma
ordem de pagamento, como uma letra, e, ao contrário de uma livrança, que já não
incorpora uma ordem de pagamento mas, sim, uma promessa de pagamento. O acordo
entre o beneficiário e o sacador incorpora uma ordem de pagamento onde o sacador
diz que vai pagar através de cheque. Há uma ordem, então, de pagamento do sacador
ao sacado (o banco). Resumindo, é cheque como título de crédito quando
incorpora uma obrigação cambiária, e só é título executivo desta forma quando
a obrigação cambiária ainda exista e seja exigível.

O cheque enquanto quirógrafo: a obrigação exequenda é a ligação da relação


subjacente, por essa razão é que existem algumas restrições à admissibilidade do cheque
como quirógrafo. Existem três requisitos para que o cheque possa valer como
quirógrafo, ou seja, para que possa incorporar a obrigação subjacente (artigo 703.º
CPC):
1. Indicar a causa de pedir: é discutido se quando o cheque é título de crédito existe
causa de pedir porque há autonomia em relação à relação subjacente. Existe causa
de pedir mas essa causa de pedir é o saque.
a. Miguel Teixeira de Sousa: não existe causa de pedir;
b. Rui Pinto: existe causa de pedir, simplesmente é o saque do cheque
(negócio cartular que dá início a uma obrigação cambiária).
Quando o cheque é utilizado como quirógrafo existe causa de pedir, isso está
expresso no artigo 703.º, n.º1, alínea c) CPC, indicar a causa de pedir significa
que pode-se indicar no cheque ou no requerimento executivo (qual a diferença?)
 Os cheques, à partida, não têm indicação da causa de pedir, acontece
que as partes, sobretudo quando existe endosso, indicam a causa de
pedir, para deixarem de ter problemas de exequibilidade enquanto
quirógrafo, isto porque no regime anterior não se fazia esta referência
e existia uma grande divergência doutrinária.
 Vantagem de indicar a causa de pedir no cheque é sempre que o faça
no requerimento executivo, é o exequente que indica, se o fizer no
cheque e o devedor também assinar, está a reconhecer que aquela é a
relação subjacente, porque já existe assinatura em relação a essa
33

obrigação subjacente. Se o título for um quirógrafo já ficou


Página

reconhecido no próprio título que aquela era a relação subjacente. Isto

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é especialmente relevante quando falamos de relações subjacentes que


não estão tituladas por documentos particulares.
2. O negócio não pode ser formal3: documento escrito é negócio formal, não é
preciso que seja formal solene. Nunca pode ser sujeito aquela forma porque
senão estaríamos a usar um documento particular para titular uma obrigação
subjacente que para ser formalmente válida se exige escritura pública ou
documento autenticado. Significa que sempre que tenhamos numa relação
subjacente um bem, ou um contrato que exija uma forma mais solene que a de
documento particular, nesse caso um cheque nunca pode valer como quirógrafo.
3. Estar no domínio das relações imediatas: segundo Pedro Pais de Vasconcelos,
cada endosso é um novo saque, porque ao contrário da cessão de créditos, não
se transmitem créditos cartulares: esses constituem-se com o endosso, há sempre
um novo saque e como tal há sempre uma nova relação subjacente. O problema
é, assim, de legitimidade. Note-se que relações imediatas não têm de ser relações
de saque original. Existem entre cada um deles, porque cada um deles tem um
titulo subjacente.
Se o cheque não se encontrar prescrito estamos no âmbito de uma relação cartular. Se
o cheque se encontrar prescrito já só vale como quirógrafo. O último responsável é
sempre o sacador.
Artigo 46.º CPC anterior Artigo 703.º CPC
Neste regime os documentos particulares Neste novo regime, os documentos
eram títulos executivos, dizia-se que o particulares não são títulos executivos e,
cheque prescrito também deve ser um paradoxalmente, vamos agora prever que
título executivo, um cheque prescrito os cheques quirógrafos são títulos
também é um documento particular. Mas executivos e isto é incoerente, porque à
havia, aqui, uma divisão em dois grupos luz do regime anterior até se poderia dizer
doutrinários de interpretação do que se os documentos particulares são
problema títulos executivos, é natural que também
o cheque o seja, mas atualmente não são
títulos executivos, ao mesmo tempo que
o cheque, enquanto quirógrafo, o é.
Lopes Cardoso e Maioria da Rui Pinto é muito crítico desta solução
Rui Pinto doutrina porque considera ser incoerente retirar a
O cheque nunca O cheque pode exequibilidade de todos os documentos
pode valer como valer como particulares mas reconhecer
quirógrafo. quirógrafo, exequibilidade a um cheque prescrito e
portanto, como retirar e uma ordem de pagamento a um
título executivo. É
34
Página

3
O mais correto é dizer “o negócio subjacente não pode ser um negócio sujeito a requisitos de forma que exijam escritura
pública ou documento autenticado).

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Executivo in momentum brevis accipitur

documento terceiro uma declaração de


particular porque o reconhecimento de dívida.
cheque é um Sendo o endosso um negócio cartular, se
reconhecimento de estamos a tirar qualquer relevância à
dívida e não faria relação cartular, porque o endosso é um
sentido termos um negócio da relação cartular e não da
reconhecimento de relação subjacente, mais enviesada fica a
dívida e um cheque afirmação de que um cheque é um
prescrito não ser reconhecimento de dívida.
um título Portanto, como é que de um negócio
executivo. Estes cartular, que é um saque, retiramos o
autores diziam que reconhecimento de dívida numa relação
de uma ordem de subjacente?
pagamento de um
Por essa razão, banco para pagar a
aliás, este autor um terceiro retira-
defendia que os se um
cheques como reconhecimento de
quirógrafos não dívida a esse
deviam ser títulos terceiro.
executivos – Rui Pinto já na
sendo que este altura dizia que
argumento já não isto não é bem
procederia com assim: pode-se
as livranças dar uma ordem
porque estas são de pagamento e
promessas de não ter dívida
pagamento. nenhuma em
relação a essa
outra pessoa
Concluindo, no cheque como título de crédito, o que se executa é a obrigação cartular,
valendo como quirógrafo o que se executa é a obrigação subjacente.
Mas é importante reter: estando dentro dos prazos: não é quirógrafo! Assim, na
inobservância do prazo de apresentação a pagamento, temos de perguntas: o cheque
foi revogado? Se sim, cabe logo perguntar: vale como quirógrafo? No caso, teríamos de
explicar porque razão não há pagamento. Obrigação cartular extinguiu-se com a
revogação, logo só e pode analisar o cheque enquanto quirógrafo. No caso de não haver
35

fundos (mas não se ter dado a revogação), questionamos, ainda, título e crédito ou
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Executivo in momentum brevis accipitur

quirógrafo? Este cheque pode ser executado como quirógrafo ou ainda como
executando a obrigação cartular, como titulo de crédito? A doutrina, divide-se:
 Rui Pinto e Paulo Olavo Cunha: quando decorre o prazo de
apresentação a pagamento não temos uma extinção da relação cartular,
tanto assim não é que o banco pode pagá-la e ainda pode ser revogada
posteriormente, não é que exista uma obrigação extinta. Da mesma
forma, na prescrição também não há extinção da obrigação,
simplesmente paralisa-se a exigibilidade judicial daquela obrigação.
Obrigação cartular não se extingue, simplesmente tem que existir
consequência por não apresentar o cheque a pagamento dentro do
prazo, sendo a revogação e poderá o banco, se quiser, pagar sendo que
não tem o dever de o fazer. E em relação às situações em que o banco
até quer pagar mas não existe fundos a doutrina volta a dividir-se,
quanto á existência de diferença de regimes:
 Paulo Olavo Cunha: ainda vamos executar a relação cartular,
mas já não vamos executá-la no âmbito de uma ação cambiária
(prevista nos artigos 40.º e seguintes LUC, que contém regras
que em termos substantivos são relevantes, designadamente a
responsabilidade de todos os obrigados cambiários, onde se
pode demandar todos os obrigados cambiários em cadeia
transmissiva). Diz-nos este professor que apresentar dentro do
prazo a pagamento é um ónus, logo sendo um ónus tem um
dever e uma desvantagem, sendo esta última deixar de poder
usar das prerrogativas de uma ação cambiária. Concluindo: pode
ainda executar a obrigação cartular, já não pode é chamar à ação
executiva uma ação cambiária.
 Posição maioritária: decorrendo o prazo só pode valer como
quirógrafo.
o Ana Leal: não concorda com esta decisão uma vez que
temos dois prazos, e assim o prazo de prescrição acaba
por ser inutilizado pelo prazo de apresentação a
pagamento.

3. Exequibilidade Intrínseca: a pretensão é intrinsecamente exequível quando em si


reveste as características de que depende a sua suscetibilidade de constituir o
elemento substantivo do objeto da ação executiva, para o que basta ter como objeto
uma pretensão que seja certa, líquida e exigível. Assim, o título executivo deve
demonstrar uma obrigação certa, líquida e exigível (artigos 713.º, 725.º, n.º1, alínea
36

c) e 729.º, alínea e) CPC). Não são pressupostos processuais pois não respeitam à
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Executivo in momentum brevis accipitur

relação processual, mas sim à obrigação. Têm natureza de condição material da


realização coativa da prestação.
a. Miguel Teixeira de Sousa: é uma condição relativa à justificação da execução.
A certeza e a liquidez são respeitantes à possibilidade da execução. Sem
exigibilidade não se justifica e sem as outras duas não é possível.
Exequibilidade intrínseca
Rui Pinto: à partida, exigibilidade de uma obrigação seria
sinónimo de incumprimento da mesma pelo artigo 817.º CC.
Seria justificada com o incumprimento porque a execução do
património do devedor, enquanto realização judicial da função
de garantia do artigo 601.º CC, tem como condição aparente o
incumprimento da obrigação. Ora, Rui Pinto não entende as
coisas deste modo pois defende que o facto negativo do
incumprimento não chega a incorporar a causa de pedir pois o
exequente não tem de provar que a obrigação não foi pontual e
integralmente cumprida.
A exequibilidade constitui a qualidade substantiva da obrigação
que deve ser cumprida de modo imediato e incondicional após
a interpelação do devedor. É substantiva pois é a verificação do
facto do qual depende o cumprimento, com o decurso do prazo.
Obrigação exigível = obrigação atual
(aquela que está em tempo de cumprimento)
Exigibilidade Pode ser:
 Simples: dispensa o credor da prova, competindo ao
executado demonstrar uma condição resolutiva ou uma
exceção de não cumprimento;
 Complexa: se um facto constitutivo complementar.
Uma obrigação é exigível quando, à data da propositura da
execução, esteja vencida ou se vença mediante a interpelação
(ainda que judicial) do devedor. Não pode esta obrigação estar
dependente de contraprestação nem pode o devedor estar em
mora. Daí que não seja admissível uma execução in futurum (antes
do vencimento de uma obrigação com prazo). A exigibilidade
pode resultar de modo imediato, ou seja, do próprio título
executivo quando a obrigação esteja sujeita a prazo dele
constante já vencido. Não resultará de modo imediato se
estivermos perante uma obrigação sujeita a condição suspensiva,
contraprestação do próprio credor ou facto atinente aos termos
37

do cumprimento. Nestes casos, caberá ao credor, quando


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Executivo in momentum brevis accipitur

instaura a ação, demonstrar a ocorrência do facto (artigo 715.º


CPC).
Artigo 715.º, nº6 CPC: se apenas uma das partes da obrigação
for exigível, esta pode logo executar-se. Requer-se a execução
imediata da parte exigível, enquanto o acertamento da outra
parte pode ser feita na pendência da mesma execução (artigo
716.º, n.º8 CPC e, sendo caso disso, nos termos do artigo 716.º,
n.º7 CPC.
Importa notar que a exigibilidade não coincide necessariamente
com o vencimento da obrigação, pois pode haver obrigação
ainda não vencida, mas já ser exigível – caso das obrigações
puras. Pode ainda ocorrer o caso de uma obrigação estar vencida
mas ainda não ser exigível – caso das obrigações em que o credor
está em mora, ou dependentes de contraprestação do credor.
Assim, cabe distinguir:
O prazo presume-se a favor do
devedor (artigo 779.º CC). São
exigíveis com o termo do prazo
(artigo 805.º, n.º2, alínea a) CC, no
entanto, podem ser exigidas antes
se ocorrer a perda do benefício do
prazo pelo devedor (artigo 780.º
CC). De acordo com o artigo
805.º, n.º1, alínea a) CC a
obrigação não está vencida
enquanto o prazo não tiver
decorrido. Este prazo pode ser
Obrigações com prazo estipulado negocialmente (artigo
777.º, n.º3 CC) como pelo tribunal
(artigo 777.º, n.º2 CC) . O credor
tem de apresentar-se no domicílio
do devedor a pedir o cumprimento
da obrigação no termo do prazo,
sob pena de incorrer em mora
(artigos 772.º, n.º1 e 813.º, in fine
CC). Se do título se inferir que a
obrigação ainda não está vencida,
ou seja, se estivermos perante uma
38

condenação in futurum, não temos


Página

nenhum regime específico.

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Executivo in momentum brevis accipitur

Conduto, aplica-se
analogicamente o artigo 715.º, n.º2
CPC, tendo de se provar que a
suposta obrigação vincenda já se
encontra vencida.
O artigo 715.º CPC aplica-se, no
seu regime, quando a prestação da
obrigação está dependente de
condição suspensiva ou de uma
contraprestação simultânea.
Nestes casos, o exequente tem de
proceder segundo este regime. O
exequente tem de demonstrar o
facto externo da exigibilidade da
obrigação, tendo de fazer a
exposição dos factos no
requerimento executivo (artigo
724.º, n.º1, alínea h) CPC). Estes
casos incluem-se no regime do
artigo 550.º, n.º3, alínea a) CPC
que exceciona o artigo 550.º, n.º2
CPC. Nestas situações, será
Obrigações condicionais
sempre seguido o processo
ordinário, havendo, por isso, lugar
a um despacho liminar onde será
feita a apreciação da pretensão da
prova. Cabe ao juiz apreciar os
factos expostos, conhecer
sumariamente da prova e decidir
da ocorrência do facto alegado
pelo exequente. Geralmente, estas
diligências têm lugar antes da
citação do devedor, se a sua
audição; no entanto, o juiz pode
decidir ouvir o executado, sendo
que, neste caso, será citado para
contestar a verificação da condição
ou prestação, cumulativamente
39

com a oposição à execução.


Página

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Executivo in momentum brevis accipitur

Artigo 610.º, n.º2, alínea b) CPC:


nestas obrigações, até à data da
citação, não existe mora do
devedor, pelo que o direito aos
juros moratórios apenas se conta
desde a data da citação. A citação
do executado vale como
interpelação para o cumprimento
(artigo 805.º, n.º1 CC). Caso ainda
não esteja vencida, vencer-se-á
Obrigações puras também com a citação do
executado. Aqui, o exequente tem
a vantagem de poder provar a
citação prévia à execução no caso
de querer alegar que a mora já se
iniciou e, deste modo, ter direito
aos juros moratórios desde esse
momento. Nestes casos, a
demonstração da prévia
interpelação segue o regime do
artigo 715.º CPC.

Regime do artigo 715.º CPC: referente à exequibilidade


intrínseca, prevê três momentos:
1. Elaboração do título: o título executivo pode ser judicial
ou extrajudicial. Aqui já há título executivo pois já está
constituída a obrigação exequenda. Apenas não há
exequibilidade intrínseca. Aplicável aos casos em que
neste momento de elaboração do título a obrigação ainda
não é certa nem exigível.
2. Ocorrência de factos relevantes para a obrigação
exequenda: este é o momento em que a obrigação se torna
certa e exigível, sendo que estes factos que a tornam certa
e exigível não têm de se provar documentalmente, sendo
admissível a prova testemunhal (artigo 715.º, n.º2 CPC).
v.g. Verificação da condição suspensiva, realização da prestação devida pelo
exequente num contrato sinalagmático, escolha extrajudicial da obrigação,
concertação e obrigações genéricas, cobrança frustrada no domicílio do
40

devedor.
3. Propositura da ação executiva/prova dos factos
Página

relevantes: quando sejam provados documentalmente

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estes factos constitutivos da exequibilidade intrínseca, o


exequente deve, neste momento, apresentar tais
documentos ao agente de execução, mediante junção no
requerimento executivo. Quando não possam ser
provados por documento cabe ao juiz verificar se existe
exequibilidade intrínseca, havendo lugar a despacho
liminar. Esta produção de prova extradocumental pode
ser contestada em sede de oposição à execução. Não é
necessário apresentar prova complementar de factos
ocorridos no momento 2 se estes forem factos notórios
ou de conhecimento oficioso. É facto notório o
vencimento de uma obrigação pois o decurso do prazo é
uma condição obrigatória e o prazo é de conhecimento
oficioso.
Este refere-se a obrigações condicionais e a obrigações inseridas
numa estrutura sinalagmática. Aplica-se analogicamente a todos
os casos em que se verifiquem factos relevantes para a certeza e
exigibilidade da obrigação exequenda no período que
intermedeia a formação do título e a propositura da ação
(momento 2). Aqui, os factos relevantes ocorrem antes da
propositura da ação. O título é constituído por um único
documento, bem como são admitidos todos os meios de prova
(artigo 715.º, n.º2 e 3 CPC):
 Prova documental: examinada pelo agente de execução (artigo
715.º, n.º2 CPC);
 Restantes meios de prova: examinados pelo juiz (artigo 715.º, n.º3
CPC).
Levantando problemas de certeza, temos em especial as
obrigações genéricas de escolha (artigos 539.º e seguintes CC) e
as obrigações alternativas (artigos 543.º e seguintes CC). Nestas,
verifica-se uma indeterminação qualitativa, sendo, por isso,
necessário um ato de especificação da qualidade da prestação.
Neste caso, vale o artigo 714.º CPC.
Certeza Aqui a indeterminação
respeita ao exemplar
concreto. Falta concentrar a
Obrigações genéricas de
obrigação num objeto
quantidade
concreto, de molde a permitir
41

a inerente transmissão do
Página

direito de propriedade (artigo

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Executivo in momentum brevis accipitur

408.º, n.º2 CC). Na execução


esta operação de
individualização é levada a
cabo pelo agente de execução
(artigo 861.º, n.º2 CPC).
O credor deve promover a
execução do direito à
Obrigações com faculdade obrigação primária, cabendo
alternativa pelo devedor ao executado, no prazo da
oposição à execução, exercer
a faculdade alternativa.
Se a escolha couber ao credor, ele deverá escolher a prestação
quando instaura a ação executiva pois instaura-a de acordo com
a sua escolha (artigo 724.º, n.º1, alínea h), 2.ª parte CPC).
Artigo 714.º, n.º1 CPC: se a escolha couber ao devedor e não
houver prazo convencionado para a escolha ou, existindo, ainda
não tenha transcorrido, será o devedor citado para a execução
pelo agente de execução para se opor à execução e, ao mesmo
tempo, é notificado para, no mesmo prazo da oposição, declarar
por qual das prestações opta. Na falta de escolha (artigos 714.º,
n.º3, in fine CPC e 548.º CC).
Artigo 714.º, n.º2 CPC: caso a escolha pertença a um terceiro,
este deve ser citado para escolher.
Se a escolha da prestação não ocorreu antes da propositura da
ação e, por isso, temos de recorrer ao artigo 714º CPC, então, o
processo seguirá sempre a forma ordinária pela exceção ao nº.2
do artigo 550.º do n.º3, alínea a) do mesmo artigo.
No artigo 714.º CPC os factos ocorrem depois da propositura
da ação.
O acertamento da obrigação cujo objeto não esteja quantificado
em face do título é um dos pressupostos da execução (artigo
735.º, n.º3 CPC). Trata-se de uma obrigação cuja quantidade
ainda não está determinada. A operação de liquidação deve
ocorrer antes da execução por força do artigo 10.º, n.º1 CPC,
Liquidez
dentro dos limites fixados pelo título, não podendo ser um
modo de extensão do âmbito do título. Se o pedido de liquidação
não estiver contido dentro dos limites do título, o excesso
apenas pode ser sancionado com a improcedência do pedido,
42

havendo absolvição total ou parcial do pedido. Posto isto, está


Página

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Executivo in momentum brevis accipitur

claro que o exequente não pode formular um pedido ilíquido


sem proceder à sua respetiva liquidação.

Qualquer obrigação tem de ser liquidada, exceto nestes três


casos:
1. Juros vincendos: neste caso, a liquidação é feita a final (artigo
716.º, n.º2 CPC) pelo agente de execução, em face do
título e dos documentos complementares ou taxas legais
de juros nos casos do artigo 703.º, n.º2 CPC. Só poderia
ser assim porque no decorrer da execução e até que o
exequente seja pago a obrigação continua a vencer juros.
Os juros de mora vencem-se conforme o artigo 806.º, n.º1
CC, ou seja, a partir do momento em que o devedor entra
em mora – ter em atenção, neste caso, se é uma obrigação
com prazo ou uma obrigação pura (artigo 804.º, n.º2
CPC). A mora ocorre segundo o artigo 805.º CC. No
artigo 806.º, n.º2 CC, a taxa de juro aplicável é de 4% para
juros civis (Portaria n.º291/2003) e 6% para letras e
livranças (artigo 48.º, n.º2 e 49.º LULL) e para o cheque
rege o artigo 45.º, n.º2 LUC.
2. Sanção pecuniária compulsória: só será liquidada mensalmente
e no momento da cessação da sua aplicação, pelo agente
de execução, notificando o executado da liquidação
(artigo 716.º, n.º3 CPC);
3. Artigo 716.º, n.º7 CPC: caso a liquidez resulte de esta ter
por objeto uma universalidade e o autor não a puder
concretizar, a liquidação só ocorre após a apreensão dos
bens.
Temos, então, três hipóteses de liquidação:
 Liquidação antecipada: feita antes de ser instaurada a ação
executiva. Caso mais importante: artigo 704.º, n.º6 CPC
(sentença de condenação genérica). Nestes casos só há título
após a liquidação – constitui a regra geral – e prende-se com a
exequibilidade extrínseca deste título judicial (como acima
tratamos).
 Liquidação liminar: possível no caso do artigo 704.º, n.º6 CPC,
quando a liquidação depende de simples cálculo aritmético,
não sendo, por isso necessária a liquidação antecipada. (artigos
43

729.º, alínea e) e 716.º, n.º4 CPC: o executado é chamado para


Página

contestar a liquidação – trata-se de um incidente de liquidação

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nos termos do artigo 360.º CPC – sendo o regime aplicável o


do artigo 716.º, n.º5 CPC.
 Liquidação diferida: presente no artigo 716.º, n.º5 CPC, são
feitas pelo agente de execução no final da execução nos casos
supra mencionados.
Assim, cabe-nos tratar em detalhe:
Assenta em factos abrangidos pela
segurança do título ou em factos que
podem ser oficiosamente conhecidos pelo
tribunal e agente de execução. São os
factos notórios ou de conhecimento
oficioso (artigo 5.º, n.º2 e 412.º CPC).
Qualquer título pode ser alvo deste tipo de
liquidação.
Liquidação por
Deve ser feita pelo exequente no
simples cálculo
requerimento executivo (artigo 724.º, n.º1,
aritmético
alínea h) CPC). Constituída por uma
especificação dos valores que o exequente
considera compreendidos na prestação
devida. Deve concluir o requerimento com
o pedido liquido (artigo 716.º, n.º1 CPC).
Sendo este alor passível de ser impugnado
em sede de oposição à execução (artigo
729.º CPC).
Assenta em factos que, por não estarem
abrangidos pela segurança do título
executivo, não são notórios nem de
conhecimento oficioso. Daí que careçam
de um acertamento judicial que terá lugar
num incidente de liquidação
Liquidação não (procedimento declarativo). O credor tem
dependente de o ónus de indicar o valor que lhe parece
simples cálculo adequado e o devedor tem o ónus de
aritmético contestar quer os factos quer o valor
concluído. Por não estarem em causa
factos notórios e de conhecimento
oficioso há que haver possibilidade de
contraditório. O artigo 556.º, n.º1 CPC
44

permite a dedução de pedidos genéricos,


Página

tendo o exequente de deduzir o incidente

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de liquidação do pedido antes de começar


a discussão da causa (artigo 358.º, n.º1
CPC). São admitidos todos os meios de
prova pois estamos em processo
declarativo. Apenas não se podem alterar
os factos provados na sentença genérica.

Liquidação de uma sentença genérica: neste caso o incidente de


liquidação deve ser deduzido pelo autor em requerimento
(artigo 359.º, n.º1 CPC) depois de proferida a sentença,
renovando-se a instância declarativa, entretanto extinta (artigo
358.º, n.º2 CPC). Este pedido não pode ultrapassar os limites
do caso julgado na sentença a liquidar. O objeto da prova está
limitado à preclusão pois é vedado ao exequente fazer aqui
prova sobre factos cuja veracidade não conseguiu provar na
ação declarativa ou matéria que não alegou nesta última. O réu
é ciado para contestar (artigo 293.º, n.º2 CPC). Se o réu não
contestar a liquidação, vale o regime do artigo 293.º, n.º3 CPC,
ou seja, como se trata de ação declarativa comum cai-se no
regime da revelia (artigo 557.º, n.º1 CPC). Se contestar ou
houver revelia operante procede o regime do artigo 360.º, n.º3
CPC. Se estivermos perante a liquidação de uma indemnização
em dinheiro, o valor desta indemnização rege-se pelo artigo
566.º, n.º2 CC. A data mais recente a ser atendida é a data do
encerramento da discussão em causa (artigo 611.º, n.º1 CPC).
Se a liquidação já ocorrer na execução da sentença, então o
momento é o do encerramento da discussão no próprio
incidente de liquidação na ação executiva. Liquidada a
sentença, o réu devedor fica em mora desde a data da
liquidação (artigo 805.º, n.º3, 1.ª parte CC). Contudo, se se
tratar de responsabilidade por facto ilícito, dita a 2.ª parte que
o devedor se constitui em mora desde a citação para a ação
declarativa, mesmo antes da liquidação. O Supremo Tribunal
de Justiça veio interpretar restritivamente este preceito (Ac.
STJ n.º4/2002, 9 maio) e entendeu que sempre que se trate de
indemnização pecuniária por facto ilícito que tenha sido
objeto de cálculo atualizado nos termos do artigo 566.º, n.º2
CC, ou seja, tenha sido objeto de liquidação, vence juros de
45

mora por efeito do disposto no artigo 805.º, n.º3 e 806.º, n1.º


Página

CC, a partir da decisão incidental e não da citação.

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Executando-se a sentença condenatória genérica, esta integra


no âmbito objetivo do caso julgado a ulterior concretização
operara pela discussão do incidente de liquidação de sentença.
A decisão do incidente tem valor de caso julgado e, precludido
ou uma vez que seja exercido o momento de defesa, a decisão
não poderá ser impugnada, salvo nos termos restritos do
artigo 729.º CPC.

Liquidação em título diverso de sentença: rege o artigo 716.º, n.º2 CPC


que dita que a liquidação deve ser deduzida no requerimento nos
mesmos termos que é deduzida a liquidação por simples cálculo.
Depois o executado é citado pelo agente de execução para
contestar a liquidação do exequente em oposição à execução
(artigos 716.º, n.º4 e 728.º, n.º1 CPC). O executado tem o ónus
de cumular a contestação da liquidação com a oposição à
execução. Se o executado não contestar a liquidação, vale um
efeito cominatório pleno pelo que a obrigação se considera
fixada segundo os termos da liquidação feita pelo exequente no
requerimento, salvo nos casos de revelia inoperante (artigo 568.º
CPC). A verificação desta fixação é do juiz em sede de despacho
liminar. Se contestar a liquidação ou, sendo a revelia inoperante,
o artigo 716.º, n.º4 CPC manda aplicar o artigo 360.º, n.º3 e 4
CPC. Neste, a decisão do incidente concretiza o objeto do titulo
não judicial. Contudo, esta não é uma decisão final pois vale
suportada no e para o título. Negado que seja o título ou, sendo
apresentado outro título, caducará o respetivo valor, não sendo
oponível o que se decidiu. A decisão apenas vale como caso
julgado relativo à eficácia daquele título em específico que se
liquidou.
1. Lebre de Freitas: este caso julgado obsta a que em
nova execução fundada nesse mesmo título se volta a
discutir a liquidação da mesma obrigação; no entanto,
o valor liquidado pode voltar a ser discutido se a
execução dessa obrigação for fundada noutro título.

Consequências da iliquidez: a dedução de pedido ilíquido é de


conhecimento oficioso e é sanável. O tribunal que conheça a
liquidez de um pedido deve proferir despacho liminar de
46

aperfeiçoamento do requerimento (artigo 726.º, n.º4 CPC) ou


Página

despacho superveniente no caso do artigo 734.º CPC. Na falta

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de correção, o requerimento deve ser indeferido. A iliquidez


pode constituir fundamento de oposição à execução (artigo
729.º, alínea e) CPC. Com este fundamento, pode implicar a
suspensão da execução (artigo 733.º, n.º1, alínea c) CPC). De
acordo com o artigo 704.º, n.º6 CPC a sentença só constitui
título executivo se for liquidada no processo declarativo. Ou
seja, uma sentença de condenação genérica não constitui título
executivo. Falha a exequibilidade intrínseca do título.
Em síntese
1. Título judicial:
 Depende de simples cálculo aritmético: a liquidez é pressuposto
de exequibilidade intrínseca pois bem completar o título
executivo (artigos 716.º, n.º1, 2 e 3 CPC) De acordo com o artigo
703.º, n.º2 CPC terão de ser factos notórios, de conhecimento
oficioso. Dá-se a liquidação na ação executiva pois já existe
título, ou seja, já há exequibilidade extrínseca.
 Não depende de simples cálculo aritmético: a liquidez é
pressuposto de exequibilidade extrínseca, pois ainda não há
título (sentença de condenação genérica). Sentenças: artigos
704.º, n.º, 609.º, n.º2 CPC e 565.º e 569.º CC. Artigo 716.º, n.º5
CPC. Tem de se abrir um incidente de liquidação na ação
declarativa (artigos 358.º, a 360.º CPC).
A liquidação deve ser feita antes da propositura do processo executivo,
ainda no processo declarativo. O autor apresenta um requerimento onde
indica os valores que julga compreendidos no seu crédito (artigo 359.º
CPC) Dá-se a renovação da instância (artigo 358.º, n.º2 CPC), sendo que
o prazo de oposição é de 10 dias (artigo 293.º, n.º2 CPC), tendo a falta de
contestação/revelia operante o efeito cominatório pleno (artigos 293.º,
n.º1 e 567.º, n.º1 CPC. No caso de contestação ou revelia inoperante, as
consequências serão a do artigo 360.º, n.º3 CPC.
2. Títulos extrajudiciais:
 Depende de simples cálculo aritmético: a liquidez é pressuposto
de exequibilidade intrínseca pois completa o título executivo
(artigo 716.º, n.º1, 2 e 3 CPC). De acordo com o artigo 703.º,
n.º2 CPC terão de ser factos notórios e de conhecimento
oficioso. Aqui a liquidação é feita na ação executiva pois já existe
título. Apenas falta exequibilidade intrínseca.
 Não depende de simples cálculo aritmético: continua a ser
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pressuposto de exequibilidade intrínseca pois complementa o


Página

título. Base legal: artigo 716.º, n.º4 CPC – a liquidação ocorre na

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ação executiva pois já existe título executivo. Pode tornar-se num


incidente de liquidação na ação executiva, correndo junto do juiz
de execução. Contestação do executado/revelia inoperante
(artigo 360.º, n.º3 e 4 CPC).
O exequente apresente requerimento, indicando os valores que julga
compreendidos no seu crédito (artigo 716.º, n.º1 CPC). Prazo para
contestar de 20 dias em oposição à execução (artigos 716.º, n.º4, 728.º, n.º1
e 856.º, n.º1 CPC) Falta de contestação e revelia operante terá o efeito de
cominatório semipleno (artigo 716.º, n.º4 CPC) e a contestação e revelia
inoperantes remeterão para o processo comum declarativo (artigos 716.º,
n.º5 e 360.º, n.º3 e 4 CPC).
Assim:
Certeza: estamos a falar de certeza no objeto, neste caso, dinheiro: é uma obrigação
pecuniária.
Exigibilidade e liquidação (artigo 805.º CC): é muito importante saber quando é
que o executado entrou em mora, pois vamos pedir juros moratórios com base nesse
momento. Vamos, então, falar de obrigações puras e obrigações a prazo. Quanto às
primeiras, a obrigação exequenda pode ser exigível mas não existir vencimento e
nem sequer existir mora. Este é um exemplo típico. Atentando ao artigo 805.º, n.º1
CPC, nas obrigações puras tem de existir uma interpelação. A obrigação é exigível?
Sim. Quando é que se vence? Com a interpelação. Esta pode ser judicial ou
extrajudicial. O problema é que neste exemplo a interpelação é feita através da
citação para a ação executiva. Isto é possível. A única consequência que existe para
o credor exequente é o pagamento das custas do processo (artigo 535.º, n.º2, alínea
b) CPC). A interpelação é, neste caso, feita judicialmente, através da citação para a
ação executiva. Quando é que em regra de faz isto? quando já se sabe que aquele
devedor não vai cumprir, quando já tem incumprimentos anteriores de outras
relações obrigacionais, por exemplo. Quando o artigo 805.º CC fala em interpelação
judicial estamos também a falar daquelas situações em que é difícil contactar o
devedor, em que ele se esquiva ao contacto, muda de morada, dá moradas erradas,
etc., o que fazer? Sobretudo para provar conteúdo da interpelação: uma notificação
judicial avulsa, é a melhor forma de provar que houve uma comunicação e que teve
aquele conteúdo. Neste caso, aplicam-se as regras quanto à citação do citando, se
não aparecer, faz-se uma citação edital (tem essa vantagem). No que respeita a
obrigações a prazo, pode propor a ação executiva a partir do momento em que esta
se torna exigível, ou seja, com o decurso do prazo, com o próprio vencimento (artigo
805.º, n.º2, alínea a) CC). A situação que temos no caso prático é mais complicada
pois é proveniente de facto ilícito, podemos ter a aplicação do artigo 805.º, n.º2,
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alínea b) e 805.º, n.º3 CC. A primeira parte diz que enquanto a obrigação é ilíquida,
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não existe mora (não dependendo de simples cálculo aritmético). Iliquidez significa

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que não há mora a não ser que seja o devedor a causar, só seria exigível a partir da
notificação da sentença de liquidação aos réus. A segunda parte diz uma coisa
diferente: sempre que a obrigação resulte de facto ilícito ou da responsabilidade pelo
risco, independentemente da iliquidez, contam-se os juros de mora, desde a citação
para a ação. Ação declarativa ou executiva? Estamos a falar da exigibilidade da
obrigação exequenda, temos de saber ver quanto aos juros de more. No artigo 805.º,
n.º1 CC temos obrigações puras (artigo 805.º, n.º2, alínea b) CC quanto às
obrigações a prazo e falamos agora das obrigações emergentes de prática de atos
ilícitos. Aqui dissemos que se aplicava o artigo 805.º, n.º2, alínea b) CC aos casos em
que a obrigação não pode ser líquida mas a liquidação depende de simples cálculo
aritmético. O que é que se sobrepõe ou exceciona ao artigo 805.º, n.º2, alínea b) CC?
Será o artigo 805.º, n.º3 CC: diz-nos que sempre que a obrigação foi ilíquida, estamos
a falar de uma liquidação não dependente de simples cálculo aritmético, salvo
quando o próprio devedor impedir essa liquidação. Portanto, pela primeira parte do
artigo 805.º, .º3 CC os juros de mora começam a contar-se desde o momento em
que o juiz notificasse os réus do montante da indemnização que tinha sido proferida
no incidente de liquidação. Quanto à segunda parte do artigo 805.º, n.º3 CC, ela diz
que a primeira parte do artigo não se aplica quando a obrigação em causa resulte da
prática de ato ilícito ou de atividade pelo risco. Assim sendo, remos de saber a partir
de que momento é que se contam os juros de mora. O artigo 805.º, n.º3, 2.ª parte
CC diz que desde a citação é que se começam a contar os juros de mora, citação
para que ação, declarativa ou executiva? Isso gera discussão. Para a ação executiva
parece não fazer sentido apesar da posição dos Professores Pires de Lima e Antunes
Varela. NA ação executiva não parece fazer sentido porque não podemos propor
uma ação executiva sem que a obrigação esteja liquida. De acordo com a primeira
parte até podemos contar juros de mora anteriormente à propositura da ação
executiva, porque é desde a notificação da sentença de liquidação. Parece, então, que
o que nos resta aqui é a citação para a ação declarativa, é desde o momento para a
citação da ação declarativa. O problema disto é que há autores e acórdãos que dizem
que não concordam porque dizem que se for desde a citação da ação declarativa
estamos perante um enriquecimento injustificado do lesado. O problema aqui é a
contagem dos juros. Em obrigações falamos em:
1. Juros remuneratórios: resultam de uma contraprestação, remuneram o mútuo
oneroso (contrato de empréstimo bancário).
2. Juros moratórios: são uma cláusula penal relativamente aos danos pelo
incumprimento de obrigações pecuniárias. São uma cláusula penal porque
ninguém quer saber se aquela pessoa teve mais ou menos danos com o
incumprimento daquela obrigação, são cláusula penal porque estão fixados,
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quer seja pelas partes, quer seja pela lei. Quando as partes não convencionam
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os juros moratórios temos, então, que os juros moratórios são uma taxa legal.

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3. Juros compensatórios: tem a ver com a dilação temporal (artigo 566.º, n.º2 CC).
Eles são absorvidos pela própria decisão judicial quanto ao cálculo da
indemnização, teoria da diferença. O juiz tem de proferir uma decisão
atualizadora, tem de considerar o preço do dinheiro hoje, já que hoje profere a
decisão.
O problema que tínhamos no artigo 805.º, n.º3 CC é que tínhamos citação para ação
declarativa, a notificação da sentença no incidente de liquidação e a propositura da
ação executiva. De acordo com o artigo 805.º, n.º3 CC diz-se que os juros de mora
ocorrem desde a citação para a ação declarativa: aquilo que o Acórdão do Supremo
Tribunal de Justiça defende é que não podem decorrer desde a citação para ação
declarativa, têm de decorrer desde este momento e a solução é, exatamente, a mesma
do artigo 805.º, n.º3, 1.ª parte CC porque, aqui, o juiz já faz uma decisão atualizadora,
pelo que não vamos estar a cobrar juros de mora em cima de juros compensatórios
com base no artigo 566.º, n.º2 CC. Aquilo que se diria é que o juiz quando proferiu
a decisão de liquidação já tinha em consideração a situação atual do lesado. Isto é,
criticando, houve vários comentários de vários professores a este Acórdão e, em
regra, a maioria no sentido concordante e alguns no sentido contra o aresto. Uma
coisa é a compensação pela atualização monetária, outra coisa são os juros de mora
pelo incumprimento. São coisas diferentes e, por essa razão, também parecem
criticáveis esta decisão. Isto é relevante porque quando propomos uma ação temos
de saber a partir de quando é que contamos os juros de mora. À partida, pedimos
desde a citação e a outra parte pode vir dizer que no quantum indemnizatório já se
considerou o dano do exequente quanto ao incumprimento. Para respondermos a
uma pergunta destas teríamos de dizer, juros de mora decorrem desde a propositura
da ação declarativa, a citação do artigo 805.º, n.º3, 2.ª parte CC mas atenção que
existe divergência (doutrinárias e jurisprudenciais).
Artigos 704.º, n.º6 e artigo 716.º, n.º5 CPC: quando temos um título executivo
judicial, estamos a falar dos problemas de liquidação, quando temos um título
judicial já sabemos se a liquidação depende de simples cálculo aritmético ou se não
depende de simples cálculo aritmético. Se não depender de simples cálculo
aritmético, temos de fazer uma distinção que é a de títulos de sentenças que se
executam nos autos e as sentenças que não se executam nos autos.
 Sentenças que não se executam nos autos: são aquelas que constam
do artigo 550.º. n.º2, alínea a) CPC;
 Sentenças que se executam nos autos: são as que constam do artigo
628.º CPC.
Ambos dão origem ao processo sumário, mas devemos ter em atenção que existe
uma diferença entre sentenças que não se executem nos autos e sentenças que se
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executam nos autos. Esta distinção é relevante porque as primeiras, se a liquidação


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não depender de simples cálculo aritmético, a liquidação é feita na ação declarativa

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(artigo 704.º, n.º6 CPC): ação declarativa em incidente de declaração. As outras, se


a liquidação não depender de simples cálculo aritmético, são liquidadas na ação
executiva, a obrigação exequenda é liquidada na ação executiva (artigo 716.º, n.º5
CPC. Temos de saber que existem dois tipos de liquidação de sentenças cuja a
liquidação não depende de simples cálculo aritmético. Isto é relevante uma vez que
umas se liquidam na ação declarativa e outras se liquidam na ação executiva.

Pressupostos processuais: os pressupostos processuais condicionam a admissibilidade


da realização coativa da prestação. Artigo 716.º, n.º2 CPC refere a possibilidade de
indeferimento liminar com base nos pressupostos em falta. Artigo 734.º CPC: até ao
despacho que ordene a venda dos bens penhorados, é possível conhecer-se da falta de
qualquer pressuposto processual.
1. Do Tribunal:
a. Competência em razão da jurisdição: (artigos 64.º CPC, 40.º, n.º1 LOSJ e 211.º e
212.º CRP) esta competência determina-se por um duplo critério:
i. Atribuição positiva: cabem na competência dos tribunais judiciais todas
as ações executivas baseadas na não realização de uma prestação
devida segundo as normas do Direito privado;
ii. Competência residual: os tribunais judiciais são competentes para as
ações executivas que não caibam no âmbito da competência de
atribuição dos tribunais de outra ordem jurisdicional.
b. Competência em razão da hierárquia: apenas os tribunais de 1.ª instância têm
competência para a ação executiva (artigos 85.º, n.º1, 86.º CPC, 33.º e 42.º
LOSJ). Aqui, cabe consoante o título em causa:
i. Títulos judiciais:
ii. Título extrajudicial:
Em caso de cumulação de pedidos e coligação: artigos 709.º, n.º3 e 4, 710.º
e 89.º, n.º5 CPC.
c. Competência em razão da matéria: cabe ver se:
i. A ação executiva deve correr perante um tribunal de competência especializada?
artigo 129.º, n.º2 LOSJ – são os casos dos artigos 111.º, n.º2, 112.º,
n.º1 e 2, 113.º, n.º2, 126.º, n.º1, alínea m) e 128.º, n.º3 LOSJ; ou
ii. Trata-se de uma execução por multas, custas ou indemnizações previstas na lei
processual? artigos 131.º LOSJ e 87.º CPC.
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Executivo in momentum brevis accipitur

Sim Não
A competência Ver se existem juízos de execução na comarca em causa
será do tribunal (artigos 129.º, n.º1 e 3 e 81.º, n.º3 LOSJ) – atualizem a
de competência LOSJ com o Decreto-Lei n.º86/2016
especializada Assim, existem?
(artigo 129.º,
Sim Não
n.º2 LOSJ) ou o
tribunal que É este o juízo de execução Vamos ver qual é o valor
proferiu a que tem competência para da causa
decisão de a ação executiva. Vemos Superior a Inferior a
condenação em se existe pelos artigos 66.º 50.000€ 50.000€
multas, custas a 102.º ROFTJ Competente Competente
ou o juízo o juízo local
indemnizações central cível cível
(artigo 131.º (artigo (artigos 81.º,
LOSJ) 117.º, n.º1, n.º1 e 3,
alínea b) alíneas a) e
LOSJ) b) e
130.º, n.º1,
alínea c)
LOSJ)

d. Incompetência do tribunal:
i. Incompetência absoluta (artigo 96.º CPC): pode ser arguida pelas partes,
mas apesar disso deve ser conhecida oficiosamente pelo tribunal
(artigo 97.º CPC). Só pode ser arguida e conhecida até ao despacho
saneador ou, quando este não ocorra até ao início da audiência final
(artigo 97.º, n.º2 CPC). Gera absolvição do executado da instância
(artigo 99.º, n.º1 CPC). É insanável (artigo 726.º CPC).
ii. Incompetência relativa (artigo 102.º CPC): deve ser arguida nos termos
do artigo 103.º CPC ou pode ser conhecida oficiosamente nos termos
do artigo 104.º CPC. Gera remessa para o tribunal competente nos
termos do artigo 105.º, n.º3 CPC.
Quando entrem em conflito numa mesma situação os dois tipos de
incompetências, o vício mais gravoso aglutina o menos gravoso; ou seja, a
incompetência absoluta aglutina a relativa e o vício final será a
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incompetência absoluta.
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Executivo in momentum brevis accipitur

Temos de analisar três coisas para saber qual o tribunal competente:


1. Juízo;
2. Instância: dividindo-se em central e local;
3. Comarca.
Será que as instâncias locais nunca serão importantes para a ação executiva? São, quando
não existe juízo de execução. Só existem quatro comarcas em que não existe juízo de
execução: Bragança, Guarda, Portalegre e Beja. Nestas, o tribunal competente poderá
não ser um juízo de execução. Se tivermos um título executivo judicial, uma sentença,
e queremos executá-la o mandatário judicial vai ao processo declarativo que está no
CITIUS e faz a opção de entregar requerimento executivo, e sendo processo já existente
basta escolher o processo, não tendo de fazer mais nada nem de escolher nenhum
tribunal. Se se trata de título judicial que já existe no CITIUS, ou não existindo apenas
precisa de aderir àquele processo, o tribunal foi automaticamente escolhido, isto porque
tem de dirigir o requerimento executivo ao tribunal do processo declarativo, e este por
sua vez, havendo secção de execução, remete oficiosamente à secção de execução que
existe naquela comarca. Por vezes, existe uma vastidão de títulos executivos que temos
de escolher, esse será o maior problema. E, sendo um título extrajudicial? Temos de
saber o tribunal territorialmente competente (saber qual a Comarca). As regras de
determinação da competência territorial são fundamentais. Havendo juízo de execução
naquela Comarca ela é imediatamente escolhida pelo CITIUS (que tem o formulário do
Mapa III incorporado). Não existindo juízo de execução na Comarca em causa, atende-
se ao valor do processo: sendo superior a 50.000€ está no âmbito da secção cível da
instância central, sendo igual ou inferior a 50.000€ é escolhida a secção com
competência genérica da instância local. [ver o esquema 14 do livro da associação]. Há uma
parte deste esquema que é sempre igual para resolver a competência interna:
competência em razão da matéria e em razão da hierarquia; começa a mudar na
competência em razão do território e em razão da matéria.
1. Competência em razão da matéria: matéria de jurisdição dos tribunais comuns (artigo
64.º CPC);
2. Competência em razão da hierarquia: sempre os tribunais de 1.ª instância que têm
competência para a ação executiva. Imagine-se que estamos na 1.ª instância e
existe recurso para o Tribunal da Relação, ou recurso de decisão para o Supremo
Tribunal de Justiça, é o Tribunal de 1.ª instância que tem competência para
executar uma decisão da qual se recorreu. Os tribunais superiores, apesar de
decidirem recurso, não têm competência para a ação executiva, não podemos
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confundir recurso com competência para ação executiva, nem se pode confundir
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isto com a competência do tribunal superior para proferir recurso da decisão da

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Executivo in momentum brevis accipitur

ação executiva. Não há nenhuma regra expressa que diga que são os tribunais de
1.ª instância que têm competência para a execução. Retiramo-lo dos artigos 85.º
e 86.º CPC porque são normas de determinação da competência territorial.
Quando se fala do critério do domicílio do executado, falamos de tribunal de
Comarca, e é daí que se retira que são os tribunais de comarca os tribunais
competentes para ação executiva.
3. Competência em razão do território: temos de distinguir se é título judicial ou
extrajudicial. Sendo judicial, as regras de determinação da competência territorial
estão nos artigos 85.º a 88.º CPC: nestes incluímos as sentenças cumulativas mas
não os requerimentos de injunção. Sendo extrajudicial, está no artigo 89.º CPC
(obriga a saber o lugar do tribunal territorialmente competente), neste incluímos
qualquer título extrajudicial, incluindo as injunções. Porque é que para as
injunções não aplicamos o critério do artigo 85.º CPC? Injunções são créditos
não contestados, proposição de fórmula executória e temos um título executivo.
Quem é que faz isto? Secretaria do balcão nacional de injunções que se situa no
Porto, logo mal seria se o critério fosse o do artigo 85.º CPC, este estaria
entupido. Apesar disto, já se consegue encontrar doutrina que aplica o critério
geral.
a. Artigo 85.º CPC (princípio da coincidência): quando temos um título judicial,
o tribunal competente é o tribunal que julgou a causa. Não nos podemos
esquecer que estamos perante regras de determinação da competência
territorial, logo no CITIUS dirige-se o requerimento executivo ao tribunal
que proferiu a decisão, mas esse tribunal oficiosamente remete para o juízo
de execução. Problema: e se não existir juízo de execução? À partida, se o
processo está na secção cível da instância central, é porque o valor dele
determinou, já na ação declarativa, a escolha do tribunal e que se mantém
naquele tribunal. Concluindo: apresentamos no tribunal que proferiu a
decisão e esse tribunal, oficiosamente, remete o processo para a secção de
execução.
b. Artigo 89.º CPC: aplicação aos títulos executivos extrajudiciais. Qual é o
critério? Domicílio do executado ou lugar onde a obrigação deva ser
cumprida (como sabemos qual o lugar onde a obrigação deve ser cumprida?
Por convenção das partes ou através das regras supletivas do Código Civil).
No artigo 774.º CC, a regra supletiva para o cumprimento das obrigações
pecuniárias é no domicílio do credor, havendo alteração do critério analisado:
só se pode optar por este critério quando o executado seja pessoa coletiva ou
quando ambos têm domicílio na mesma área.
i. O critério do artigo 89.º, n.º1 CPC é critério residual mas não é por
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aí que temos de começar.


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Executivo in momentum brevis accipitur

ii. Temos de começar pelo artigo 89.º, n.º2 CPC, pois só se este não
estiver preenchido é que vamos ao n.º1, porque no n.º2, temos uma
determinação da competência com base na conexão real (diz-nos
este n.º2 que o tribunal territorialmente competente é o do lugar
dos bens quando seja necessário praticar diligências sobre esses
bens, logo quando for execução para a entrega de coisa certa ou
quando se trate de uma garantia real, mas temos de ter em atenção
que não basta exigir uma garantia real, esta garantia real tem de ser
executável na ação em curso). Temos este critério de garantia real
porque permite que o tribunal que esteja perto do lugar dos bens,
permite uma maior facilidade e rapidez na prática dos atos de
apreensão e penhora dos próprios bens. É importante assegurar
que o Tribunal chega rapidamente aos bens, sobretudo aos bens
imóveis.
A competência dos juízos de execução cede perante a competência dos tribunais de
competência especializada. Em razão da matéria e em razão do valor: em primeiro lugar,
vamos determinar a competência em razão da matéria e depois se não existir tribunal
de competência especializada será relevante a competência em razão do valor. Quando
se passa a esta parte o que é necessário analisar? Já está determinada a Comarca
competente, agora basta analisar o artigo 129.º, n.º2 LSOJ (havendo um tribunal de
competência especializada para executar alguma matéria, esse tribunal tem
competência). Como sabemos que estas secções e competência especializada têm ou
não competência para executar as suas decisões? Um erro frequente é achar que os
tribunais de comércio, por exemplo, têm competência para dirimir litígios relacionados
com dívidas ou obrigações comerciais e não é verdade, no elenco das competências do
tribunal de comércio temos aí competências que se reportam ao exercício de direitos
sociais, logo as dívidas comerciais vão parar às secções civis. Não havendo tribunal de
competência especializada, o que fazer? Verificar se naquela comarca existe juízo de
execução, independentemente do título executivo: havendo juízo de execução, é esse o
tribunal competente; não havendo juízo de execução, teremos de ver o valor e, acima
de 50.000€ será a secção cível da instância central, sendo igual ou inferior a 50.000€
temos a secção de competência genérica da instância local. A incompetência absoluta
leva á absolvição do executado da instância ou, então, ao indeferimento liminar e sendo
ou não processo ordinário, o juiz pode sempre, até ao primeiro ato de transmissão
(artigo 734.º CPC), proferir despacho sucessivo. Pode apreciar estas questões ainda que
esteja em processo sumário; quanto à incompetência relativa, esta determina a remessa
do processo para o tribunal competente, mas há casos em que esta é de conhecimento
oficioso e outros em que não é de conhecimento oficioso, se não for de conhecimento
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oficioso, o juiz não tem de a conhecer no despacho liminar.


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Executivo in momentum brevis accipitur

2. Das partes:
a. Personalidade e capacidade judiciárias:
i. Personalidade: artigos 11.º e seguintes;
ii. Capacidade: artigos 15.º e seguintes CPC.
Consoante a forma do processo:
iii. Forma ordinária: caso haja falta de capacidade ou personalidade, haverá
lugar a despacho liminar onde o juiz deverá avaliar a questão (artigo
726.º CPC);
iv. Forma sumária: aqui caberá ao agente de execução, caso suspeite de
alguma coisa, suscitar a intervenção do juiz (artigo 855.º, n.º2 CPC).
Havendo despacho liminar, o juiz deve indeferir liminarmente o
requerimento se a falta de personalidade não for suprível ao abrigo do artigo
726.º, n.º4 CPC. Nos restantes casos, deve ser proferido despacho de
convite à sanação (artigo 14.º, 27.º, 28.º ou 29.º CPC). Se o vício não for
sanado, o juiz deverá proferir despacho de indeferimento liminar. Artigo
734.º CPC: possibilidade de o juiz, depois do momento inicial e, desde que
ainda não tenha pronunciado em termos concretos sobre determinado vicio,
possa conhecer oficiosamente destas questões de falta de personalidade e
capacidade. A falta de personalidade e capacidade configura exceções
dilatórias que podem servir de fundamento à oposição à execução (artigo
729.º, alínea c) CPC).
b. Interesse processual: problema de propor uma ação declarativa quando poderia
ter um título executivo. Temos duas hipóteses:
v. Apresenta-se o título executivo com uma condenação implícita;
vi. Apresenta-se o título executivo onde era, por exemplo, proferido na
sentença de execução específica e um pedido expresso de entrega da
casa.
Estamos a falar de situações diferentes para efeitos de aplicação do artigo
535.º, n.º2, alínea c) CPC. Porque este artigo sanciona de alguma forma o
autor com o pagamento das custas da ação declarativa quando tendo um
título executivo com força executiva manifesta, propõe uma ação declarativa.
Se estivermos a falar de sentença de condenação implícita, não temos título
executivo com força executiva manifesta, portanto, propondo a ação
declarativa, essa ação manifesta-se e não tinha de pagar as custas. Sendo um
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título executivo em que era uma sentença de execução específica mais um


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pedido expresso de entrega da casa, havia força executiva manifesta, nestes

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termos, deveria pagar-se as custas da ação declarativa nos termos do artigo


535.º, n.º2, alínea c) CPC. Isto acontece porque não existe nem a absolvição
da instância, nem sequer uma sanação que se dê por via do pagamento de
custas, e desta forma há muitos autores que quando negam a qualidade de
pressuposto processual do interesse processual, utilizam o artigo 535.º CPC.
vii. Miguel Teixeira de Sousa: isto não é fundamento suficiente para
negar a natureza de pressuposto processual do interesse processual,
porque isto acontece apenas nestes casos e não nos outros, pois
nesses tal determinaria a absolvição do réu da instância.
viii. Relevante para dizer que o interesse processual não é pressuposto
processual é, em regra, de que os pressupostos processuais são:
1- Sanáveis: existem determinados períodos (que variam, em
função do tipo de pressuposto) para a sanação, mas nunca esta
sanação passa pelo pagamento de custas;
2- Insanáveis: determinam a absolvição do réu da instância.
E nos casos em que a citação prévia é para efeitos de prescrição (esta,
interrompe-se com a citação), havendo muitas pessoas que não têm
interesse em propor ação executiva em que a citação vai ser feita no
ato ou depois da penhora, e é melhor propor já uma ação declarativa
porque a citação é feita logo no momento, porque se há pressa para
que não exista prescrição, há pressa em obter a citação o mais
depressa possível.
ix. Lebre de Freitas: assim, para responder à pergunta se pode recorrer-
se á ação declarativa para impedir os efeitos da prescrição, responde
que o tempo enquanto facto relevante para prescrição toda a gente
conhece, logo, tivesse proposta a ação mais cedo. Estamos afalar de
situações em que há uma utilização disfuncional da ação declarativa
para obter um efeito que ele poderia ter obtido se tivesse sido
diligente. Assim, não se aplica o artigo 535.º CPC a estes casos.
c. Legitimidade:
x. Singular:
1- Credor e devedor originários (artigo 53.º CPC): apela à
literalidade do título executivo. Terá legitimidade quem figure
no título como devedor e como credor. Esta literalidade
autoriza algumas situações excecionais de indeterminação do
credor em face do título.
a. Miguel Teixeira de Sousa: legitimidade aberta. É o
que acontece quando estamos perante um título ao
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portador, em que a ação deverá ser promovida pelo


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portador do título (artigo 53.º, n.º2 CPC). Também

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ocorre no contrato a favor de terceiro (artigo 443.º, n.º1


CC) e no contrato para pessoa a nomear (artigo
352.º, .º1 CC). Nestes casos, o credor não consta
diretamente do título, mas será determinado
posteriormente nos termos contratados; sendo que esta
determinação deve ser alegada e demonstrada no
requerimento executivo. No caso do contrato a favor de
terceiro, se a cláusula a favor de terceiro for acordada
verbalmente, esse terceiro não tem legitimidade pelo
artigo 53.º, n.º1 CPC. Podemos antes aplicar
analogicamente o artigo 54.º, n.º1 CPC e provar que
houve sucessão no direito de receber a coisa.
2- Devedores subsidiários:
a. Fiança: aqui o devedor garante, com o seu património, o
pagamento da dívida alheia (artigo 627.º, n.º1 CC).
Sendo sua obrigação de pagamento perante o credor
uma obrigação acessória, mantendo-se enquanto não se
extinguir a obrigação do devedor principal, ainda que
esta já não possa ser objeto de execução singular. Na
fiança civil é permitido ao fiador recorrer ao benefício
da excussão prévia (artigo 634.º CC). Contudo, o fiador
pode posicionar-se como devedor principal e solidário
(artigos 638.º e 640.º, alínea a) CC) da integralidade da
dívida (artigo 634.º CC). Forma da fiança – artigo 628.º,
n.º1 CC. Título executivo, no caso de se querer
demandar o fiador, terá de ser o contrato de fiança
(artigo 703.º, alínea b) CPC).
b. Aval: pelo artigo 32.º, n.º1 LULL o dador do aval é
responsável da mesma maneira que o afiançado, sendo
que a obrigação se constitui formalmente pelo ato de
assinatura do dador do aval. A assinatura é
materialmente autónoma, mantendo-se ainda que seja
nula a obrigação garantida, desse que não seja um vício
de forma, não gozando o avalista de benefício da
excussão prévia (artigo 47.º, n.º1 e 2 LULL). Aqui o
título executivo será o título de crédito (artigo 703.º, n.º1,
alínea c) CPC).
3- Sucessores singulares e universais (artigo 54.º CPC): esta
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sucessão na obrigação pode ser mortis causa ou pode ocorrer


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por ato inter vivos nos termos do artigo 577.º e 595.º CC (n.º1
do artigo 54.º CPC). Implica três momentos:
a. Momento da formação do título;
b. Fase da sucessão, ou seja, é o momento em que ocorre
o facto que origina a sucessão;
c. Momento da propositura da ação.
O artigo 54.º, n.º1 CPC reporta-se ao momento em que a
pessoa morre ou em que ocorre o ato inter vivos. Se ninguém
aceitar a herança não há legitimidade nem ativa nem passiva. A
ilegitimidade singular por falta desta sucessão pode ser alegada
em oposição à execução (artigo 729.º, alínea c) CPC). Regra
geral, o facto sucessório será posterior à formação do título,
mas anterior à proposição do requerimento executivo. Se o
facto ocorrer na pendência da ação executiva, o exequente
deverá promover o incidente de habilitação de herdeiro
(artigos 351.º e seguintes CPC) ou de adquirente ou cessionário
(artigo 356.º CPC). A transmissão pode ocorrer já depois dos
bens estarem penhorados.
Artigos 53.º e 54.º CPC:
Como se determina a legitimidade da ação executiva? É mais simples do
que na ação declarativa: tem legitimidade quem consta no título (critério
formal). Quem consta no título como credor é exequente, quem consta
no título como devedor é executado. De acordo com o artigo 53.º, n.º2
CPC, é um desvio a esta regra: reporta-se a situação em que não há o
credor do título porque é um título ao portador onde, nesse caso, o
exequente é quem apresenta o título à execução (títulos ao portador). Os
principais desvios surgem no artigo 54.º CPC: tem de se distinguir os n.º1,
2, 3 e 4 CPC (tem de ser feita uma análise autónoma). Começando por
falar do n.º1 do artigo 54.º CPC, temos a situação em que existe uma
sucessão (que pode ser do lado ativo ou do lado passivo) no direito ou na
obrigação, a qual pode ser inter vivos ou mortis causa (exemplo da inter vivos
do lado ativo é a cessão de créditos, e ainda a cessão da posição contratual;
exemplos do lado passivo é a assunção de dívida). Numa sucessão mortis
causa, o herdeiro, para ser demandado, era necessário juntar o testamento
cerrado, que fosse título executivo (isto para efeitos de exequibilidade),
juntamente com a certidão de óbito e escritura da aceitação e partilha (para
efeitos de legitimidade passiva, pois isto é a prova da legitimidade). O
artigo 54.º, n.º1 CPC faz distinção de três momentos:
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3. Momento em que se forma o título executivo (o momento em que


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o de cuiús era vivo e elaborou o testamento);

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Executivo in momentum brevis accipitur

4. Momento posterior à constituição do título em que correm os


factos relevantes para a transmissão do direito ou da obrigação
(momento intermédio em que vão ocorrer os factos que
desencadeiam depois a transmissão do direito ou da obrigação);
5. Momento em que se propõe a ação executiva (tem de se juntar o
título executivo e provar os factos que aconteceram no segundo
momento, sendo o momento em que estamos quando lemos o
artigo 54.º, n.º1 CPC).

4- Terceiros abrangidos pela sentença (artigo 55.º CPC): regra de


legitimação passiva por extensão subjetiva imperativa do caso
julgado. Apenas abrange a situação do artigo 263.º, n.º3 CPC.
Se a sentença vincula um terceiro chamado á causa para parte
principal, nos termos do artigo 316.º CPC, este nunca será um
terceiro porque foi citado para parte principal, estando
abrangido pela legitimidade do artigo 53.º, n.º1 CPC. Os
intervenientes como partes acessórias, por estarem sujeitos ao
caso julgado da parte principal (artigos 323.º, n.º4 e 332.º CPC)
têm legitimidade pelo artigo 53.º, n.º1 CPC.
a. Lebre de Freitas: se estiver em causa a sua legitimidade
passiva para efeitos do artigo 72.º CPC esta está excluída
pois eles são meros auxiliares da parte principal.
Embora sejam sujeitos ao caso julgado, eles não foram
condenados.
Do lado passivo, nos termos do artigo 552.º e 635.º, n.º CC,
tanto o co-devedor solidário como o fiador não presentes em
causa em que foi condenado o co-devedor ou o devedor
principal, não estão sujeitos á exequibilidade do comando
condenatórios pois nestes casos só beneficiam da sentença se
assim quiserem. O mesmo vale para o devedor principal não
presente na causa que condenou o fiador (artigo 635.º, n.º2
CPC).
Do lado ativo, pelos artigos 531.º e 538.º, n.º1 CC, os co-
credores solidários de obrigação indivisível podem beneficiar
da sentença, contudo não terão legitimidade ativa pelo artigo
55.º CPC por este só se referir ao lado passivo do direito à
prestação. Não se aplica por analogia dada a excecionalidade
do artigo 55.º CPC, pois a condenação não acarreta o
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reconhecimento do direito aos outros contitulares, mas apenas


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a indiscutibilidade do dever de prestar do réu.

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Executivo in momentum brevis accipitur

b. Miguel Teixeira de Sousa: é contra esta posição pois


entende que o artigo 55.º CPC não é uma norma
excecional, sendo antes uma expressão de um princípio
geral. Assim sendo, a extensão do caso julgado aos
credores solidários não demandantes ou aos credores
demandantes de uma prestação indivisível implica o
reconhecimento da legitimidade executiva a estes
credores.
c. Rui Pinto: entende que o princípio da extensão do caso
julgado eventual é-o também quanto à força executória.
Quando o artigo 531.º CC vem autorizar que possa ser
oposto ao devedor ou o artigo 538.º, n.º2 CC refere que
o caso julgado favorável a um dos credores aproveita
aos outros, o que é oponível é a indiscutibilidade do
dever de prestar do réu, também perante os demais
credores. Contudo, o contraditório dita que esta
extensão seja restrita, na medida do que for comum ao
terceiro credor. O devedor permanece com o direito,
não precludido, de invocar fundamentos de oposição
pessoais ao credor terceiro que não fora parte do
processo. Os credores solidários ou de prestação
indivisível não demandantes têm legitimidade executiva
por força de um princípio que implica a interpretação
extensiva do artigo 55.º CPC. Mas, ao mesmo tempo, o
devedor terá, em sede do artigo 729.º, alínea g) CPC, a
possibilidade de invocar perante o credor, caso este
houvesse sido parte.
5- Terceiro à divida – bens de terceiro vinculados a garantia do
crédito: o crédito do exequente pode estar garantido por
hipoteca ou outra garantia real sobre bens de terceiro à dívida;
contudo, o garante não será devedor principal mas unicamente
garante do cumprimento da obrigação. Admite-se pelos artigos
686.º, n.º1 e 818.º, n.º1 CC articulados com o artigo 735.º, n.º2
CPC. O terceiro garante pode ser quem prestou a garantia
inicialmente ou quem tenha adquirido posteriormente a coisa
onerada. A execução por dívida provida de garantia real sobre
bens de terceiro conhece as regras do artigo 54.º, n.º2 e 3 CPC.
Estes, só se aplicam aos casos de garantias reais. O título é
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uma sentença (o terceiro garante deverá também nela ter sido


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condenado pois por força do artigo 635.º, n.º1, 1.ª parte CC –

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consignação de rendimentos ex vi artigo 657.º, n.º2 CC,


penhora ex vi artigo 667.º, n.º2 CC e hipoteca ex vi artigo 717.º,
n.º2 CC). Se não tiver sido condenado, o caso julgado entre
credor e devedor não é oponível ao terceiro garante, salvo se
os bens lhe forem transmitidos pelo devedor já onerados.
Assim, as vias possíveis de atuação do credor condicionadas
pela natureza disponíveis das garantias reais e pelo artigo 697.º
CC, a contrario, são:
a. Se o exequente não pretender fazer valer a garantia colocará a
ação contra o devedor: legitimado pelos artigos 53.º, 54.º,
n.º1 ou 55 CPC. O não usar a garantia pode ocorrer:
i. Tacitamente: nem o credor nem o agente de
execução indicam o bem onerado à penhora;
ii. Expressamente: mediante declaração expressa por
parte do credor de não exercício da garantia que
é feita em declaração para os autos ou, mesmo,
antes da execução.
A não invocação da garantia real não se confunde com
a renúncia ou extinção unilateral e voluntária da garantia,
pois esta só pode ter lugar segundo os modos previstos
na lei civil para a renúncia a direito real. Uma válida
renúncia ou é feita extrajudicialmente (antes da
execução), ou será feita no ato processual do próprio
requerimento executivo apenas quando a forma legal o
consinta. Havendo renúncia, apenas o devedor
conserva legitimidade passiva (artigo 53.º sem prejuízo
dos artigos 54.º, n.º1 e 44.º, todos CPC).
b. O exequente faz valer a garantia: indicando o bem sem
declarações de restrições quanto à garantia, seja
aceitando que o agente individualize o bem de moro
irrestrito). Como o devedor não tem direito a que a
penhora incida sobre os bens alheios (artigo 697.º CC, a
contrario), cabe ao credor a escolha de acionar somente o
terceiro, ou de acionar o terceiro e o devedor em
coligação inicial ou superveniente. A legitimidade do
terceiro justifica-se pelo artigo 735.º, n.º2 CPC quando
permite a penhora de bens de terceiro.
O exequente também pode demandar unicamente o terceiro
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sem sequer demandar o devedor (artigo 54.º, n.º2, 1.ª parte CC).
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Isto permite que a dívida se extinga sem que o devedor chegue

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a ir ao processo. Deve entender-se que o devedor que queira


pagar voluntariamente deverá poder fazê-lo (artigo 846.º, n.º1
CC). O artigo 54.º, n.º2 CPC é uma norma de legitimação
passiva do terceiro e não uma previsão de litisconsórcio
necessário desse terceiro com o devedor. Caso se reconheça a
insuficiência dos bens onerados com a garantia real, o que só
pode ocorrer após a distribuição do produto da venda, pode o
exequente requerer, no mesmo processo, o prosseguimento da
ação executiva contra o devedor, que será demandado para a
completa satisfação do crédito exequendo (artigo 54.º, n.º3
CPC). Trata-se de uma intervenção principal compondo um
litisconsórcio superveniente. Embora haja uma diferente
posição dos executados perante a dívida (um é devedor – deve
cumprir – e o outro é garante real – deve responder pelo
incumprimento), a obrigação exequenda é a mesma. Não pode
permanecer extinta em face de um e não extinta em face do
outro. Querendo, o exequente poderá acionar em
litisconsórcio voluntário o terceiro garante e o devedor desde
início (artigo 54.º, n.º2, 2.ª parte CPC). Aquilo que não é
possível é demandar apenas o devedor e, ao mesmo tempo,
executar a garantia. Tal geraria ilegalidade subjetiva da penhora
que seria impugnável em embargos de terceiro e em ação de
reivindicação. O artigo 54.º, n.º2 CPC dá legitimidade ao
terceiro, mas não a retira ao devedor.
6- Terceiros à divida – bens de devedor onerados por direito de
gozo de terceiro: estamos no quadro da execução por dívida
provida de garantia real sobre bens do devedor pelo que
importa separar entre os bens onerados com direito de terceiro
e os bens que não têm esse encargo. No caso do bem com
garantia real em que não incide direito de terceiro, apenas tem
legitimidade o devedor. Se o bem estiver na posse de terceiro,
aplica-se o artigo 54.º, n.º4 CPC. O devedor executado tem
direito a que a penhora se inicie pelos bens sobre que incida a
garantia e só depois pode cair nos outros quando se reconheça
a insuficiência deles para conseguir o fim da execução (artigos
697.º CC e 752.º, n.º1 CPC). Se sobre o bem com garantia real
incidir um direito de terceiro, deve considerar-se o artigo 54.º,
n.º4 CPC. Trata-se de um critério de legitimidade passiva plural.
63

Aqui, o direito a penhorar é da titularidade do devedor, mas


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está onerado por direito menor de terceiro que confere a posse

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a esse terceiro. Deste modo, um usufrutuário tanto pode ser


citado pelo artigo 56.º, n.º2 CPC quando o objeto da garantia
seja o usufruto, como pode ser citado pelo artigo 54.º, n.º2
CPC quando o objeto da garantia seja um direito maior e haja
usufruto a onerá-lo. Qual pode ser esse direito menor na
titularidade do terceiro que confira a posse?
a. A lei não distingue: abrange todos os direitos que
consintam a posse, logo será um direito nos termos de
um direito real de gozo.
b. Miguel Teixeira de Sousa: os possuidores (os que
obteriam vencimento em embargos de terceiro)
obteriam agora ganho na oposição à penhora, se fosse
caso disso. Os possuidores com direitos não oponíveis
não obteriam vencimento na oposição à penhora.
c. Rui Pinto: a chave é o conceito de direito incompatível
(para efeitos de artigo 351.º, n.º1 CPC – embargos de
terceiro). Se o terceiro possuidor tiver uma posse
incompatível (substantivamente oponível) com a
eminente ou já consumada penhora, para efeitos do
artigo 351.º, n.º1 CPC, mas que deva caducar com a
venda executiva (artigo 824.º, n.º2 CC), por ser
posterior à garantia do exequente, aquela caducidade
tem como condição processual o terceiro ter sido citado
para a execução nesta sede do artigo 54.º, n.º4 CPC.
Se o credor quiser realizar a sua garantia real na íntegra, ou seja,
abrangendo a propriedade de raiz e incorporando o usufruto
ou qualquer outro direito real onerador posterior à garantia,
deverá executar ab initio o terceiro ao abrigo da legitimação
dada pelo artigo 54.º, n.º4CPC.Se o terceiro não for citado ao
abrigo do artigo 54.º, n.º4 CPC, a penhora e a venda para serem
subjetivamente válidas, apenas poderão abranger a
propriedade de raiz. O artigo 54.º, n.º4 CPC assegura a
legalidade da extensão objetiva da penhora. O artigo 54.º, n.º4
CPC é um caso de litisconsórcio voluntário conveniente uma
vez que o fundamento material para a presença do devedor e
para a presença do terceiro não é o mesmo. Uma vez citado
como executado, o terceiro possuidor terá ao seu dispor a
oposição à penhora e a oposição à execução. Ficará como
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depositário se for a sua casa de habitação efetiva (artigo 756.º,


Página

n.º1, alínea a) CPC).

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Executivo in momentum brevis accipitur

Em síntese:
O exequente pode propor a ação executiva contra
São demandados ao mesmo
tempo, ou seja, estamos
perante um litisconsórcio
voluntário inicial. Para que
seja possível o devedor e o
O devedor e o terceiro terceiro devem constar do
garante (artigos 54.º, n.º2, in título executivo apresentado.
fine e 54.º, n.º4 CPC) Não é necessário título
contra o terceiro possuidor
dos bens onerados. Aqui a
penhora não tem de começar
pelo bem onerado com a
garantia real.
Litisconsórcio voluntário
sucessivo, sendo que ambos
devem constar do título
Devedor (a título
apresentado. O facto de se
principal) e terceiro
demandar primeiro o
garante (a título
devedor não constitui
subsidiário) – decorrente
renúncia à garantia real. Os
das regras gerais de
artigos 752.º, n.º1 e 697.º CC
legitimidade na ação
não têm aplicação. Por ser
executiva
uma garantia real, o terceiro
não pode invocar o benefício
da excussão prévia.
Temos um litisconsórcio
voluntário sucessivo, sendo
que ambos devem constar do
título apresentado. Por ser
Terceiro garante e
uma garantia real, o terceiro
devedor (artigo 54.º, n.º3
não pode invocar o benefício
CPC)
da excussão prévia. Neste
caso, o chamamento do
devedor pressupõe a
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insuficiência do bem
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Executivo in momentum brevis accipitur

onerado com a garantia para


pagar a dívida.

Ilegitimidade processual: é de conhecimento oficioso e não é


sanável.
1- Forma ordinária: se suspeitar de exceções dilatórias, o agente
de execução não tem de fazer nada pois haverá sempre
intervenção do juiz (artigo 726.º CPC);
2- Forma sumária: cabe-lhe suscitar a intervenção do juiz nos
termos do artigo 855.º, n.º2, alínea b) CPC.
Havendo despacho liminar, o juiz deve indeferir liminarmente o
requerimento se a falta de personalidade não for suprível ao abrigo
do artigo 726.º, n.º4 CPC. Nos restantes casos, deve ser proferido
despacho de convite à sanação (artigos 14.º, 27.º e 28.º ou 29º. CPC).
Se o vício não for sanado, o juiz deverá proferir despacho de
indeferimento liminar. O tribunal que conheça da ilegitimidade deve
proferir um despacho de indeferimento liminar (artigo 726.º, n.º2,
alínea b) CPC). Se for conhecida mais tarde, ao abrigo do artigo 734.º
CPC, deverá absolver o executado da instância e extinguir a execução.
A ilegitimidade constitui uma exceção dilatória que pode ser
fundamento de oposição à execução pelo executado (artigo 729.º,
alíneas c) e seguintes).
xi. Legitimidade Plural:
1- Litisconsórcio necessário (artigo 33.º, n.º1 CPC): o
litisconsórcio é necessário na ação executiva quando a
realização coativa de um direito a uma prestação apenas por
todos os credores ou contra todos os devedores pode ter lugar,
seja por lei, vontade das partes ou indivisibilidade material da
própria prestação.
a. Litisconsórcio necessário convencional: existe quando
as partes convertem uma obrigação parciária ou uma
obrigação solidária numa obrigação unitária.
b. Litisconsórcio necessário natural: exige uma
indivisibilidade da própria prestação. A prestação
apenas pode ser materialmente realizada em face de
todos os credores ou por todos os devedores o que,
atentos os limites subjetivos das medidas judiciais,
implica que todos tenham de estar na ação. Este é
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dificilmente configurável na ação de execução para


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Executivo in momentum brevis accipitur

pagamento de quantia certa porque o objeto da


prestação é divisível.
2- Litisconsórcio necessário legal: há várias normas substantivas
que impõem a presença de credores e devedores na ação
executiva, sob pena de ilegitimidade.
a. No plano obrigacional: são exemplos os que estão nos
artigos 496.º, n.º2 e 500.º, n.º1, 535.º, n.º1 e 608.º CC.
b. Nos litígios reais: os artigos 1404.º e 1405.º, n.º1 CC que
impõe um litisconsórcio passivo.
c. No plano sucessório: o artigo 2091.º, n.º1 CC.
d. Em matéria conjugal: temos o artigo 34.º CPC:
i. O artigo 34.º, n.º1 e 3, 3.ª parte CPC aplicam-se
apenas à execução para entrega de coisa certa.
Regulam a disponibilidade comum sobre bens,
próprios ou comuns, tendo por objeto os casos
dos artigos 1682.º CC para os bens móveis e o
artigo 1682.º-A CC para os bens imóveis. Na
execução para prestação de facto não se põe o
problema de perda de direitos ou de bens, dado
o objeto processual não ser dispositivo, nem
onerados de bens da respetiva prestação. Na
execução de prestação pecuniária, o risco de
perda ou oneração de bens indisponíveis é maior.
Aqui ambos são citados enquanto devedores, ou
quando somente um é executado, vale o regime
dos artigos 740.º e 786.º, n.º1, alínea a) , 2.ª parte
CPC que é protetor dos bens comuns,
eventualmente indisponíveis. Também pode
valer o regime do artigo 786.º, n.º1, alínea a), 1.ª
parte CPC que é destinado às indisponibilidades
sobre bens próprios.
ii. Litisconsórcio passivo entre cônjuges: ambos
constam do título executivo. São situações de
dívidas contraídas por ambos, dívidas
comunicáveis, ou dívida sobre um bem que só
pelos dois pode ser disposto;
iii. Litisconsórcio ativo entre cônjuges: a ação tem
de ser instaurada pelos dois? Se aplicarmos
67

estritamente o artigo 34.º, n.º1 CPC sim, contudo,


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trata-se de integrar um bem no património

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conjugal pelo que não parece ser necessário que


tenha de ser instaurada por ambos.
O que acontece se, na ação declarativa na qual se deveria ter
verificado o litisconsórcio necessário, este não tiver sido
respeitado? (isto, no caso de o título ser uma sentença). Neste
caso, se não estiverem todos os interessados, não há uma
forma de se alargar o título a quem não esteve na ação
declarativa, em sede de ação executiva. Funciona aqui uma
situação de preclusão pois o título preclude a possibilidade de
qualquer outro particular no título.
Preterição de litisconsórcio necessário: a preterição de
litisconsórcio necessário é causa de ilegitimidade (artigo 33.º,
n.º1 CPC). É de conhecimento oficioso e é sanável,
constituindo uma exceção dilatória que pode ser fundamento
à oposição à execução pelo executado ao abrigo do artigo 729.º,
alínea c) CPC. O tribunal que a conheça deve proferir um
despacho liminar ou superveniente de aperfeiçoamento (artigo
734.º CPC). A sanação dá-se pela intervenção principal
provocada pelo interessado faltoso (artigo 316.º, n.º1 CPC). A
não sanação conduz ao indeferimento liminar ou ao
indeferimento sucessivo, consoante os casos (artigo 726.º, n.º5
CPC). No regime do artigo 261.º CPC, o exequente pode sanar
o vício, ainda, em 30 dias sobre o trânsito em julgado formal
do despacho de indeferimento. Deste modo, o exequente
consegue reabrir a instância, mantendo todos os benefícios
temporais da sua prévia propositura.
1. Litisconsórcio voluntário: não havendo litisconsórcio
necessário importa distinguir consoante estejamos perante
uma obrigação exequenda plural ou de situação real em
contitularidade. A natureza solidária (artigo 512.º CC) ou
parciária (artigo 512.º, a contrario, e 513.º CC) de uma obrigação
plural não obriga a que todos os credores e/ou devedores
estejam como partes na execução. Todos têm legitimidade em
face do artigo 53.º CPC. Contudo, decorre do regime comum
do artigo 32.º CPC que, sendo a obrigação parciária, cabe ao
exequente optar entre exigir a prestação acompanhado e/ou
contra todos os devedores ou não. Se o credor se apresentar
sozinho ou deduzir pretensão contra um dos devedores apenas
68

pode executar a respetiva quota-parte, sob pena de excesso de


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pedido sobre o título e indeferimento parcial do requerimento

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Executivo in momentum brevis accipitur

(artigo 726.º, n.º3 CPC). A demanda plural de execução de


obrigações parciárias configura-se como sendo um
litisconsórcio voluntário conveniente. No caso das obrigações
solidárias (artigo 512.º, n.º1 CC), também vale o artigo 32.º,
n.º2 CPC, bastando que um dos credores e/ou devedores
intervenha para assegurar a legitimidade. Basta a intervenção
de um deles para se poder executar a totalidade da prestação.
O mesmo regime vale para a execução de obrigações
indivisíveis com pluralidade de credores (artigo 538.º, n.º1 CC).
Se houver um devedor principal e um devedor subsidiário,
ambos estão legitimados pelo artigo 53.º, n.º1 CPC. Neste caso,
o credor pode optar por demandar entre um deles ou ambos,
já que a eventual alegação do benefício da excussão prévia não
respeita á legitimidade (artigo 745.º CPC).
2. Litisconsórcio superveniente: segundo Miguel Teixeira de
Sousa, depois de restringir a intervenção acessória aos apensos
declarativos, assume uma posição aberta de admissibilidade de
intervenção principal na execução. Admite a intervenção
principal provocada para sanar a preterição de litisconsórcio
necessário (artigo 261.º, n.º1 CPC) e para fazer intervir um
litisconsorte voluntário, no prazo da oposição à execução. Já o
fiador, constante do título executivo juntamente com o
devedor, não pode requerer a intervenção principal deste por
falta de interesse processual. O fiador deve é invocar o
benefício da excussão prévia como o permite o artigo 747.º
CPC. Inversamente, também o devedor principal não pode
provocar a intervenção do fiador, enquanto não se esgotarem
os seus bens. O Professor admite a intervenção principal
espontânea, tanto em composição de litisconsórcio necessário,
como por parte de litisconsórcio voluntário.
d. Patrocínio judiciário: tem a particularidade de, mesmo quando obrigatório, em
algumas situações pode ser feito por advogado estagiário ou solicitador. Para
tal há que atender ao valor da execução.
i. Falta de patrocínio (artigo 41.º CPC): se o exequente não constituir
advogado, o tribunal, oficiosamente (artigo 726.º, n.º4 e 734.º CPC)
ou a requerimento da parte contrária, fá-la-á notificar para constituir
dentro do prazo, sob pena do executado ser absolvido da instância.
Se foi o executado quem não constitui advogado, o regime é igual
69

salvo que os atos do executado ficam sem efeito, se não houver


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suprimento.

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ii. Irregularidade do patrocínio: aplica-se o regime do artigo 48.º CPC.

6. Do objeto:
a. Cumulação de pedidos: na ação executiva, o credor tem a faculdade de cumular
execuções contra o mesmo devedor ou contra vários devedores
litisconsortes (artigo 709.º, n.º1 CPC). O exequente pode deduzir no mesmo
processo uma pluralidade de pedidos executivos contra o devedor ou vários
devedores, pretendendo que todos sejam contemporaneamente procedentes.
Regime especial de cumulação simples de execuções. Por ausência de
referência legal à cumulação alternativa e à cumulação alternativas (artigo
714.º CPC), contudo, uma mera alternativa processual, em que coubesse a
escolha ao tribunal já seria ilegal. A admissão no artigo 711.º CPC de
cumulação sucessiva torna desnecessário qualquer regime de cumulação
subsidiária, ao permitir, enquanto uma execução não for julgada extinta, que
nesse mesmo processo se promova execução de outro título. Coligação
inicial (artigos 709.º e 710.º CPC) ou coligação superveniente (artigo 711.º
CPC).
i. Execução de títulos diferentes: os pressupostos estão enunciados nos
artigos 709.º, n.º1 CC e 186.º, n.º2, alínea c) e 555.º, n.º1 CPC. Regem
qualquer que seja o tipo de titulo cumulado. Na cumulação de
execuções fundadas em títulos diferentes (judiciais, quase judiciais ou
extrajudiciais) constituem pressupostos à cumulação na ação
executiva.
1- Compatibilidade processual: tanto quanto à competência absoluta,
como quanto à forma do processo. A compatibilidade quanto
à competência absoluta é exigida no artigo 709.º, n.º1, alínea a)
CPC. O tribunal competente exige a compatibilidade
processual quanto à forma do processo. São ressalvadas as
situações do artigo 37.º, n.º2 e 3 CPC. O artigo 709.º, n.º1,
alínea b) CPC exige uma identidade funcional entre as
execuções, pelo que elas não podem ter fins diferentes. Deve
existir uma identidade abstrata entre os objetos das prestações
realizadas coativamente.
2- Compatibilidade substantiva: quanto aos seus efeitos, decorre das
regras gerais dos artigos 186.º, n.º2, alínea c) e 555.º, n.º1 CPC.
Não é admitida a cumulação de execuções com fins diversos
pelo que nunca poderia um pedido executivo esvaziar o efeito
útil de outro pedido com ele cumulado. Para além de que um
70

pedido de execução para pagamento de quantia certa é sempre


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compatível com outro da mesma finalidade. A insuficiência do

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património para pagar mais do que uma dívida não é, em si,


uma incompatibilidade substantiva.
a. Situações de incompatibilidade substantiva entre execuções:
i. Executar dois créditos de entrega de uma mesma coisa ou
de coisas diversas mas interdependentes;
ii. Executar um crédito de entrega incompatível com uma
prestação de facto;
iii. Executar duas prestações de facto incompatíveis entre si.
É irrelevante se o título executivo é um só ou se se trata
da execução de vários títulos.
3- Identidade funcional entre as execuções: este é um pressuposto
relativo à cumulação da execução de decisão judicial. Não pode
ser cumulada a execução da decisão judicial que corra nos
próprios autos. Compreende-se a restrição pois se a sentença
é executada nos próprios autos da ação declarativa tal
levantaria dificuldades perante a execução dos demais títulos
que têm a sua autonomia procedimental.
ii. Execução de sentença (artigo 710.º CPC): pretende-se, ao cumprir o
princípio da economia processual, permitir a execução cumulada de
pedidos que, apesar de provirem da mesma sentença, não a
admitiriam em sede do artigo 709.º CPC. Admite-se a cumulação de
execuções com fins diversos e ainda que incompatíveis
processualmente. O legislador assume a compatibilidade processual
entre as decisões contidas na mesma sentença. Se isto não acontecer
em concreto, o juiz terá de usar do princípio da adequação formal
(artigo 547.º CPC). Tal já se garantia por meio da remissão para o
artigo 37.º, n.º2 e 3 CPC. Este princípio tanto pode permitir ao juiz
um procedimento ad hoc, como recusa a cumulação quando tal viole
o princípio equitativo (afirmado expressamente no artigo 547.º, in fine
CPC). Em qualquer circunstância, não pode ser desconsiderada,
mesmo nesta sede do artigo 710.º CPC a necessidade de
compatibilidade substantiva entre os efeitos das execuções. Trata-se
de um pressuposto genérico de qualquer objeto processual (artigos
186.º, n.º2, alínea c) e 555.º, n.º1 CPC); sendo que nas cumulações
segue-se a forma ordinária (artigo 710.º, n.º5 CPC).
iii. Cumulação superveniente (artigo 711.º CPC): permite a cumulação
de pedidos supervenientes. Requisito específico é que o título seja
diverso do inicial. Deve ser uma dívida que conste de um título ainda
71

não dado à execução uma vez que não pode o credor executar uma
Página

dívida que já se encontrava originariamente constituída ou

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Executivo in momentum brevis accipitur

reconhecida pelo título judicial. Daí que o artigo 711.º CPC não se
possa aplicar à cumulação de pedidos julgados procedentes em
sentenças do artigo 710.º CPC. Não podem existir nenhuma das
circunstâncias que impedem a cumulação, mas dispensa-se a
exigência de conexão funcional quando a execução iniciada com vista
à entrega de coisa certa ou de prestação de facto haja sido convertida
em execução para pagamento de quantia certa (artigos 867.º e 869.º
CPC).
b. Coligação: existe quando à pluralidade de partes corresponde uma pluralidade
de pedidos executivos subjetivamente diferenciados. Quando ocorre
cumulação de pedidos com cumulação de partes, correspondendo a cada
parte um pedido. Tal decorre da presença de uma pluralidade de situações
jurídicas autónomas, mas conexas entre si. A coligação exige os requisitos
da cumulação objetiva simples de pedidos (artigo 709.º CPC) e os requisitos
da conexão entre causas diversas. Esta coligação pode ser ativa ou passiva
(artigo 56.º CPC), sendo que todas exigem o que aqui foi estabelecido. O
artigo 56.º, n.º1 CPC remete para o artigo 709.º CPC: impõe-se a
compatibilidade processual, quanto à forma de processo e quanto à
competência absoluta, a identidade funcional e, residualmente, a
compatibilidade substantiva. O artigo 56.º, n1.º e 2 CPC acrescenta um
pressuposto específico da conexão entre os vários objetos processuais que
justifique a junção numa causa de litígios diferentes:
i. Coligação ativa é sempre admissível, sejam credores comuns, sejam privilegiados
com garantias reais (alíneas a) e b));
ii. Coligação passiva, em geral, é admissível se os devedores estiverem obrigados no
mesmo título (alínea b), 2.ª parte) e, ainda, que não estejam, se forem
titulares de quinhões no mesmo património autónomo ou de direitos
relativos ao mesmo bem indiviso (alínea c)). Tem de haver coligação
subjetiva pois todos os executados têm de constar do mesmo título
ou estar na situação da alínea c). Só é admissível para pagamento de
quantia certa se a obrigação for líquida ou liquidável por simples
cálculo.
A exigência da unicidade do título é bastante importante. O artigo 56.º, n.º3
CPC remete para o artigo 709.º, n.º5 CPC no que respeita à extensão da
competência territorial.
c. Regime da pluralidade ilegal de execuções: a falta de compatibilidade processual
quanto à competência absoluta (artigo 709.º, n.º1. alínea a) CPC) gera
incompetência absoluta para o pedido respetivo e indeferimento parcial do
72

requerimento executivo. A falta de compatibilidade quanto à forma de


Página

processo também leva ao indeferimento liminar parcial, por erro na forma

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de processo quanto ao pedido. A incompatibilidade substantiva é motivo de


ineptidão da Petição Inicial, nos termos do artigo 186.º, n.º2, alínea c) CPC,
insanável. Contudo, será de defender, por mais adequado ao princípio da
prevalência funcional do litígio sobre o processo, que se essa
incompatibilidade substantiva for em sede de cumulação sucessiva (artigo
711.º CPC), então, apenas se deverá indeferir o novo pedido executivo. A
falta de identidade funcional por força do artigo 709.º, n.º1, alínea b) CPC,
assim, como a ausência de algum dos requisitos do artigo 56.º, n.º1 CPC
(conexão adicional) deve levar o tribunal a notificar o exequente para, ao
abrigo do artigo 38.º CPC, escolher a execução que pretende manter, sob
pena de indeferimento de todas. O conhecimento dos vícios e as eventuais
diligências de sanação devem ter lugar no momento liminar em despacho,
conforme o artigo 726.º, n.º4 CPC, ou, em momento superveniente, nos
termos do artigo 734.º CPC. Constituem exceções dilatórias que podem ser
fundamento à oposição à execução pelo executado ao abrigo dos artigos
729.º, alíneas c) e seguintes CPC.
Citação do executado: após o despacho liminar do juiz, onde se analisa toda esta questão
inicial de pressupostos processuais e condições e pressupostos da ação executiva
(entenda-se, exequibilidades extrínseca e intrínseca), há a citação do executado. Consoante
a forma do processo em causa, esta será prévia ou ocorrerá no momento da penhora.
1. Forma ordinária: citação prévia à penhora do executado para que este:
a. Pague, voluntariamente, as custas da oposição e a dívida nos termos dos artigos 846
a 849.º CPC;
b. Deduzir oposição à execução no prazo de 20 dias (artigo 728.º, n.º1 CPC).
2. Forma sumária: a citação do executado tem lugar no ato da penhora, sendo o
executado citado para, cumulativamente, se opor à execução e à penhora no prazo
de 20 dias (artigo 856.º, n.º1 CPC).
Caso se oponha, haverá lugar ao recebimento (artigo 732.º., n.º2 CPC) ou haverá lugar a
indeferimento (artigo 732.º, n.º1 CPC). O facto de uma pessoa ser citada para poder
deduzir oposição e optar por não o fazer não faz com que o exequente entre em revelia
pois não existe nenhum ónus de oposição à execução.
Oposição à execução: meio processual pelo qual o executado exerce o seu direito de
defesa ou de contradição perante o pedido do exequente (são os embargos de executado).
É uma verdadeira ação declarativa, com todas as garantias daí advenientes. Na ação
executiva, o direito de defesa corporiza-se numa Petição Inicial do executado de extinção
da execução, tendo por fundamento a impugnação de factos ou a afirmação de factos,
seja sobre a instância, seja sobre a dívida. Estruturalmente, a defesa do executado não
integra o procedimento de execução, sendo autónomo no seu objeto e procedimento,
73

correndo como ação declarativa incidental (fisicamente corre por apenso) à execução. No
Página

final da sentença, ditará a procedência ou improcedência do pedido do autor-executado.

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Executivo in momentum brevis accipitur

A oposição à execução apresenta-se como uma ação declarativa funcionalmente acessória


da ação executiva porquanto justificada pela oposição de uma defesa á dedução de uma
pretensão executiva. Sem execução, nunca poderá haver oposição. O próprio Supremo
Tribunal de Justiça fala de uma função instrumental da oposição à execução.

Nasce em paralelo à ação executiva e tem esta como objeto

//
AD
*

Oposição à
Requerimento execução
executivo
Incidente declarativo à ação executiva
* - se o título for judicial.
Sendo extrajudicial não precede a Ação Declarativa
É um ónus do executado: pode não existir

Fundamenta-se no elenco taxativo e típico do


artigo 729.º CPC

De um modo geral, podemos dizer que os fundamentos são de três tipos:


 Inexequibilidade do título, ou seja, problemas de exequibilidade
extrínseca;
 Exequibilidade intrínseca;
 Falta de pressupostos da ação executiva.
A qualidade do título que se executa tem relevância para se saber quais são os
fundamentos para a oposição à execução.
1. Consequências da acessoriedade: no plano do objeto, o autor apenas pode invocar
as causas de pedir específicas admitidas pela lei nos artigos 729.º, e 731.º CPC e no
artigo 857.º CPC quanto à injunção. Em contrapartida, a função de defesa permite
que na execução de título diverso de sentença, além dos fundamentos de oposição
do artigo 729.º CPC na parte em que sejam aplicáveis, possam ser alegados
quaisquer outros que seria lícito deduzir como defesa no processo de declaração
(artigo 731.º CPC). A acessoriedade funcional justifica que o executado possa
cumular com o pedido de extinção da execução um pedido de substituição da
74

penhora por uma caução idónea que garanta os fins da execução (artigo 751.º, n.º7
Página

CPC).

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2. Pedido: a oposição à execução visa a extinção da execução. Não se trata de uma


sentença de condenação, pelo que conduz, se os embargos forem julgados
procedentes, à extinção da ação declarativa. O autor da oposição pretende o efeito
extintivo da execução. Para que consiga que este pedido proceda tem como
fundamentos decisórios o reconhecimento da inexistência atual do direito
exequendo, ou da falta de um pressuposto da ação executiva. Daí que a
jurisprudência tenda a defender que a oposição se trata de uma ação de simples
apreciação negativa da obrigação exequenda.
a. Lebre de Freitas: é uma ação de acertamento negativo da obrigação
exequenda na oposição de mérito. Será este tipo de ação porque obsta ao
prosseguimento da ação executiva mediante a eliminação, por via indireta,
da eficácia do título executivo, ilidindo a presunção nele estabelecida.
A extinção pode ser uma extinção por procedência de fundamento processual ou
por procedência de fundamento substantivo. Daí que a extinção da execução pode
equivaler à absolvição da instância executiva se o fundamento for processual ou à
absolvição do pedido se o fundamento for material. Neste apenso, o autor-
executado deduz o mesmo pedido que deduziria numa contestação, ou seja, deduz
a sua própria absolvição na instância ou no pedido executivo.
3. Causa de pedir: a causa de pedir é heterogénea, mas será sempre um facto jurídico
legalmente previsto pois a lei que determina o tipo de facto admissível e cuja
demonstração conduz à extinção da execução. Os factos admissíveis dependem do
título em que se funda a execução. Podem ser invocados como causa de pedir os
factos do artigo 729.º CPC na parte em que sejam aplicáveis e quaisquer outros que
possam ser invocados como defesa no processo de declaração (artigo 731.º CPC).
Contudo, esta invocação só é possível se estivermos perante um título diferente de
sentença pois se for uma sentença, apenas são invocáveis os fundamentos previstos
no artigo 729.º CPC. Um sistema restritivo de fundamentos taxativos rege a
execução de títulos públicos judiciais e judiciais impróprios:
a. Sentença: apenas são invocáveis os do artigo 729.º, alíneas a) a g) CPC;
b. Sentença homologatória: apenas são invocáveis os do artigo 729.º, alíneas a) a h)
CPC;
c. Requerimento de injunção ao qual tenha sido aposta fórmula executória.
A ratio desta restrição de fundamentos é a tendencial imutabilidade do caso julgado
ou o princípio da preclusão no caso da injunção, que conduzem a não poder a
oposição servir para se discutir o que se tenha decidido no âmbito da ação judicial
ou procedimento anterior.
4. Fundamentos comuns:
a. Exceções dilatórias: relativamente à relação processual, o oponente pode
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deduzir exceções dilatórias ao abrigo do artigo 729.º, alínea c) e, por


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remissão, dos artigos 730.º, 731.º e 857.º, n.º1 CPC. São:

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i.Incompetência absoluta e relativa do tribunal;


ii.A nulidade de todo o processo;
iii.Falta e personalidade ou capacidade judiciária;
iv.Falta de autorização ou deliberação que o autor devesse obter;
v.Ilegitimidade de alguma das partes;
vi.A coligação indevida quando não exista a conexão exigida no artigo 56.º, n.º1
CPC;
vii. Falta de constituição de advogado quando imposto pelo artigo 58.º CPC ou a
falta, insuficiência ou irregularidade de mandato judicial, por parte do mandatário
que propôs a ação;
viii. Litispendência ou o caso julgado (artigos 564.º, n.º1, alínea c), 577.º, alínea i),
580.º, 581.º e 582.º, n.º1 e 2 CPC).
Alguns destes vícios são sanáveis, pelo que, ex vi artigo 6.º, n.º2 CPC, deve
o juiz da oposição promover oficiosamente a sua correção por si próprio ou
convidando o exequente ao suprimento, consoante o regime do vício.
b. Inexistência, inexequibilidade ou invalidade formal do título:
i. Relativamente ao título, tanto pode ser arguida a sua inexistência (a não
apresentação de título ou inexistência de aparência mínima de título)
como a sua inexequibilidade (a não verificação dos pressupostos dos
artigos 703.º a 708.º CPC ou de normas avulsas) e, ainda, a sua
nulidade formal. A alegação da inexistência ou de inexequibilidade do
título, ao abrigo do artigo 729.º, alínea a) e, por remissão, dos artigos
730.º, 731.º e 857.º, n.º1 CPC, configura materialmente uma defesa
por impugnação, já que o executado nega o facto do documento ou
o seu valor jurídico.
ii. Relativamente à sentença que não contenha uma ordem de prestação
ou condenação, não esteja assinada pelo juiz, esteja pendente de
recurso com efeito suspensivo (nos termos dos artigos 704.º, n.º e
647.º, n.º2 a 4 CPC), tenha sido revogada em recurso (ordinário ou
extraordinário), sendo sentença estrangeira, não tenha sido revista e
confirmada pela Relação, nos termos dos artigos 978.º, n.º1 e 979.º
CPC.
1. Podem, ainda, arguir-se indiretamente vícios formais e
materiais (quanto à questão de mérito) da sentença exequenda
e, vícios originários que dizem respeito à instância declarativa
ou injuntória:
a. Exceções dilatórias referentes ao caso julgado anterior à sentença
que se executa: artigo 729.º, alínea f) CPC;
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b. Nulidades originais: a falta ou nulidade da citação para a


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ação declarativa quando o réu não tenha intervindo no

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processo, nos termos do artigo 729.º, alínea d) CPC, a


falsidade do processo ou sentença declarativos (artigo
729.º, alínea b), 1.ª parte CPC).
c. Nulidade ou anulabilidade de confissão ou transação na sentença
homologatória do artigo 729.º, alínea h) CPC.
Estes são fundamentos taxativos pelo que não se pode invocar outros
vícios da sentença.
iii. Relativamente às letras e livranças tem sido afirmado o seguinte:
1. Nas relações imediatas: ou seja, nas relações entre subscritor,
beneficiário e quem assina no verso, no fundo, não tendo
entrado em circulação, não valem os princípios cambiários da
literalidade e abstração. Aqui, a letra é independente da causa
subjacente e, por isso:
a. O executado pode:
i. Opor exceções fundadas sobre relações pessoais
como, eventuais vícios ou inconsistência da
relação causal;
ii. Demonstração de que nada deve ao exequente,
incluindo por extinção por compensação;
iii. Exceção de não cumprimento do contrato;
iv. Alteração das circunstâncias quanto ao contrato
subjacente.
b. O avalista pode: invocar contra o beneficiário de livrança
em branco o preenchimento abusivo do título de
crédito ou a nulidade do aceite;
c. O avalizado pode: invocar a prova da intenção de prestar
aval;
d. Pode ser invocado que a livrança foi subscrita e avalizada como
caução e garantia do bom pagamento duma fiança prestada pelo
exequente aos oponentes e que a fiança foi extinta e, por isso, o
exequente nunca chegou a desembolsar o quer que fosse.
2. Nas relações mediatas: ou seja, fora da relação subjacente, ou
perante o portador decorre do artigo 17.º LULL que o
executado não pode opor as exceções fundadas sobre as
relações pessoais dela com terceiros, com o subscritor
avalizado ou com os anteriores portadores que não o próprio
pagamento da dívida, a menos que o portador, ao adquirir a
letra, tenha procedido conscientemente em detrimento do
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devedor.
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O pagamento parcial de uma letra de câmbio não lhe retira validade


como título executivo; mesmo no caso de na letra não ter sido feita
menção do pagamento parcial. No caso de desconto de letras que não
foram pagas nos seus vencimentos, tendo ocorrido a sua devolução
pura e simples pelo banco ao sacador endossante, com a
concomitante restituição, por parte deste ao banco, das importâncias
recebidas, se o sacador pretende dar à execução, de duas uma:
 Riscos os endossos a favor da entidade bancária
readquirindo a sua plena legitimidade como portador dos
títulos nos termos do artigo 16.º LULL;
 Terá de alegar no requerimento executivo os factos
justificativos da detenção das letras, ou seja, como sucedeu
ao banco endossado na qualidade de legítima.
No caso da cláusula sem despesas não é condição da execução dos
direitos do portador da livrança contra o avalista, tanto o protesto
prévio por falta de pagamento, como a apresentação a pagamento.
Na pluralidade de avales, vale a presunção do artigo 516.º CC de que
os condevedores solidários comparticipam em partes iguais na dívida.
Esta é ilidível na oposição à execução. Constando do teor da letra o
lugar onde deva ser paga, não pode o título ser dado a execução sem
que o mesmo tenha sido aí apresentado. A assinatura do lugar do
aceitante em letra sacada contra uma sociedade presume-se do
respetivo gerente em representação dela. Se não for ilidida esta
presunção a assinatura será considerada da sacada, mesmo que se não
faça referência expressa à representação. Prescrita a obrigação
cambiária do aval, apenas permanece a obrigação do subscritor da
livrança.
iv. Relativamente aos cheques tem-se afirmado o seguinte:
1. Tratando-se de cheque de garantia competirá ao executado
alegar e provar que a relação fundamental que se pretendeu
garantir não tem causa ao fundamento ou, se extinguiu ou se
modificou.
2. Cabe ao embargante subscritor do cheque exequendo, emitido
com data em branco e posteriormente completado pelo
tomador ou a seu mando, o ónus da prova da existência de
acordo de preenchimento e da sua inobservância;
3. No cheque de conta coletiva, cada titular será o único e
exclusivo sacador nos cheques que emitiu, obrigando-se
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cambiariamente com a oposição da sua assinatura, enquanto


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os restantes titulares não passaram de ter a qualidade de


sacadores, nem se obrigaram cambiariamente.
c. Incerteza, inexigibilidade ou iliquidez da obrigação: correlativamente ao artigo 713.º
CPC, a incerteza, inexigibilidade ou iliquidez da obrigação exequenda são
fundamento de oposição nos termos do artigo 729.º, alínea e) CPC, por
remissão dos artigos 730.º, 731.º e 857.º CPC, caso não tenham sido supridas
na fase inicial da execução. A alegação da inexigibilidade da obrigação
configura materialmente uma defesa por exceção perentória impeditiva
relativa à exigibilidade do crédito. A alegação da incerteza ou da iliquidez é
uma defesa por impugnação quanto ao quid ou ao quantum do crédito.
d. Factos impeditivos, modificativos ou extintivos e impugnação do crédito exequendo: estes
são exceções perentórias, conforme o artigo 576.º, n.º3 CPC. Sede específica:
artigo 729.º, alínea g) CPC para onde remetem os artigos 730.º, 731.º e 857.º
CPC. Alguma jurisprudência entende que esses factos devem ter existência
atual no momento em que são invocados, não podendo estar dependentes
de um evento futuro e incerto, máxime, uma sentença transitada em julgado.
i. Os factos impeditivos: consubstanciam a inexistência originária da
obrigação, seja por falta ou nulidade formal do seu título material,
eventualmente coincidente com o título executivo; nulidade não
formal; falta de causa do aceite da livrança ou livrança.
ii. Os factos modificativos: podem ser a modificação do contrato por
alteração das circunstâncias, tanto na oposição à execução de
sentença, como em sede de artigo 731.º CPC pois poderia ser
deduzido na contestação; factos que consubstancia a inexigibilidade
da obrigação, como a condição suspensiva e a exceção de não
cumprimento; a substituição do objeto da prestação ou do direito real;
a alteração das garantias.
iii. Os factos extintivos: consubstanciam o que na jurisprudência se entende
por inexistência da obrigação, incluída no artigo 729.º, alínea e) CPC.
Podem ser comuns, como é, por exemplo, a anulabilidade por
incapacidade do devedor em sede do artigo 731.º CPC; como podem
ser específicos.
e. Execução de sentença: são fundamentos:
i. Vícios da ação declarativa:
ii. Falsidade do processo declarativo, por exemplo, situação em que alguém
forjou a decisão que constitui título executivo:
iii. Vício da ação declarativa anterior, por exemplo, situação em que há caso
julgado anterior à própria decisão que se executa. Uma segunda
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decisão contraditória da anterior não pode ser executada e constitui


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fundamento de oposição à execução.

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Sendo uma sentença existem várias restrições à oposição de factos


impeditivos, modificativos e extintivos constantes do artigo 729.º, alínea g)
CPC.
i. Como primeira restrição: apenas se admite facto extintivo ou
modificativo que seja posterior ao encerramento da discussão na
ação declarativa. Apenas se estão a admitir factos objetivamente
supervenientes. Têm de ser posteriores ao encerramento da
discussão no processo de declaração onde a sentença foi proferida.
Factos que em si mesmos sejam posteriores a esse ato processual.
Por isso, não podem ser factos que, quanto à existência e conteúdo
da obrigação exequenda já tivessem sido definidos na sentença
condenatória que serve de título executivo ou, pudesse ter sido
alegados e, como tal, foram precludidos pelo caso julgado, ou seja,
factos velhos. Há uma exceção a este regime da superveniência: o
devedor executado por credores solidários que não foram parte na
ação declarativa de condenação em prestação indivisível,
legitimados ao abrigo do artigo 55.º CPC, conserva o direito
processual de invocar exceções perentórias contra aqueles já que
não o pudera fazer no processo declarativo.
a. E se o executado não alegou esses factos, seja porque não
tinha conhecimento, sem culpa, ou não dispunha do
documento necessário para os provar? Se forem factos
anteriores mas subjetivamente supervenientes?
a. No plano literal: o Supremo Tribunal de Justiça já
enunciou que factos anteriores, mesmo quando o
executado deles não tinha conhecimento ou não
dispunha do documento necessário para os provar, não
podem servir de fundamentos de oposição à execução.
b. No plano funcional: pode invocar-se ser incompreensível
que na ação declarativa se admita a superveniência
subjetiva até ao encerramento da discussão e não se
admita o mesmo nesta nova instância.
c. Miguel Teixeira de Sousa: admite estes factos desde
que importem a situações que permitam recurso de
revisão de sentença (artigo 696.º, alínea c) CPC) e
laborando com a própria admissão de oposição à
execução superveniente (artigo 728.º, n.º2 CPC). Afinal,
se a superveniência subjetiva de um facto que pode ser
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provado documentalmente é relevante como


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fundamento de recurso de revisão, não faz sentido que

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não o seja como fundamento de embargos de executado,


dado que a procedência daquele recurso implica a
inexequibilidade do título executivo. Sendo um
fundamento possível de oposição à execução, conforme
o artigo 729.º, alínea a) CPC. Foi opção do legislador
não valorar o conhecimento superveniente salvo em
sede de recurso extraordinário de revisão. Pretendeu-se
que a oposição operasse como uma revisão mais restrita
(artigo 839.º, n.º1, alínea a) CPC).
Os factos objetivamente supervenientes incluem os factos de
formação complexa como a compensação ou a usucapião, mas
dependentes de declaração de vontade para a produção de efeitos
jurídicos. Nestes casos, somente são supervenientes os factos que
tenham concluído o seu iter formativo depois do encerramento da
discussão na 1.ª instância, pois só, então, pode a vontade negocial
ser exigida.
ii. Como segunda restrição: o facto que deve ser objetivamente
superveniente deve ter a qualidade de facto extintivo ou
modificativo da obrigação. A exclusão dos factos impeditivos
decorre da sua natureza necessariamente não superveniente.
iii. Como terceira restrição: temos o artigo 729.º, alínea g) CPC que dita
que as exceções perentórias supervenientes apenas poderão ser
provadas por documento, ou seja, exige-se a prova documental.
Esta exigência suscita algumas dúvidas: o que justifica a restrição? Vale
para todas as situações?
a. Miguel Teixeira de Sousa: tem uma posição isolada ao
entender que temos que fazer uma aplicação bastante
restritiva desta exigência. Temos que ter presente que a lei
dispensa esta exigência de prova documental face à
prescrição. Também no artigo 860.º CPC quando às
benfeitorias como fundamento da oposição também não faz
sentido que tenham de ser provadas por meio documental.
Conclui, assim, que esta exigência só faz sentido quando a lei
a exige.
Esse tal facto superveniente tem de ser provado documentalmente.
b. Miguel Teixeira de Sousa: considera que esta limitação de
defesa não se justifica, pois, a oposição à execução é uma
verdadeira ação declarativa. Ao exigir-se a prova documental
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do facto superveniente será inconstitucional. Defende ainda


Página

a possibilidade de se admitir uma superveniência subjetiva.

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c. Rui Pinto: é a favor da prova documental e considera que o


artigo 729.º, alínea d) CPC se equipara a um pedido de
revisão da sentença do artigo 696.º, alínea c) CPC. Neste
artigo as limitações também existem e, portanto, esta
limitação numa interpretação sistemática é ainda adequada.
No recurso de revisão também se exige prova documental de
factos supervenientes.
f. Contra-crédito sobre o exequente (artigo 729.º, alínea h) CPC): quando se queira
compensar o crédito. Constitui um facto modificativo porque vem alterar a
instância. Rui Pinto e Lebre de Freitas: poderia levar factos sempre que
ocorram após o encerramento da fase de discussão no processo declarativo.
i. Rui Pinto: considera que se deve lidar com esta alínea da mesma
forma que se lida com a alínea g), ou seja, exige-se que o crédito seja
superveniente e exige-se prova documental. Para efeitos de
superveniência, o que importa é o facto constitutivo do crédito. Se o
contracrédito se formou antes do encerramento da discussão na ação
declarativa, o executado já poderia ter emitido a declaração de
compensação. Se não o fez, pelo princípio da preclusão também já
não o pode fazer na oposição à execução. Se se formou após o
encerramento da discussão, o exequente nunca poderia ter emitido a
declaração de compensação na ação declarativa, logo pode fazê-lo em
sede de oposição à execução. No caso de a compensabilidade apenas
se verificar após o decurso do prazo para oposição à execução,
permite-se um novo prazo (artigo 728.º, n.º2 CPC).
ii. Miguel Teixeira de Sousa: a alínea é especial em relação à g), que
desvia o regime que não exige, assim, a prova e a limitação temporal
(até porque este autor acha que não há ónus de reconvir, pode
apresenta-lo aqui).
iii. Eurico Lopes Cardoso: só o pode fazer quando o contra-crédito
encaixa no artigo 703.º CPC, podendo alega-lo (exigindo prova
qualificada – o que não se justifica, porém, com a celeridade
processual).
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Assim:
Superveniência ao
Prova encerramento da discussão
Miguel Teixeira de Sousa
Lebre de Freitas
Rui Pinto
Eurico Lopes Cardoso

“documento” é qualquer documento


“documento” é entendido no termo legal
Só quando o contracrédito é admitido no artigo 703.º CPC
Não existe ónus de reconvir, porque a alínea é especial
Existe o ónus de reconvir, portanto, é exigido que o faça

5. Ónus da prova: o ónus cabe ao embargante. Contudo, temos duas restrições:


a. Relativa à prova da verificação da condição suspensiva: aqui e com base no regime
do Código Civil, o artigo 715.º, n.º1 CPC estabelece que tem de ser o
exequente a provar essa condição suspensiva;
b. No caso de ser embargada a assinatura do título executivo, cabe ao apresentante do
título a prova da veracidade desse mesmo documento.
6. Pressupostos processuais: os embargos de executado são processo declarativo,
logo, são exigíveis todos os pressupostos processuais exigidos em qualquer ação
declarativa. Sendo que, de acordo com o artigo 732.º CPC, correm por apenso à
execução. Sendo uma nova relação processual exige-se que o executado assegure a
presença dos pressupostos processuais positivos e comuns a qualquer causa. É
competente o tribunal da execução para o apenso da oposição à execução por força
do artigo 91.º, n.º1 CPC.
a. Quanto às partes, elas devem apresentar personalidade, capacidade e
legitimidade, sendo o executado (artigo 728.º, n.º1 CPC) e o exequente
(artigo 732.º, n.º2 CPC): autor e réu da causa. Também o cônjuge goza de
legitimidade ativa nos termos do artigo 787.º, n.º1 CPC, apesar de não ser
executado.
b. Quanto ao valor da causa: se a execução estiver a correr no juízo central e se o
valor dos embargos não coincidir com o valor de 50.000€, não haverá
alteração da competência do juízo central cível. Já na situação de a execução
83

ter valor inferior a 50.000€ e os embargos, por qualquer motivo, terem valor
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superior, por força do artigo 117.º, n.º3 LOSJ, o juízo local cível não é
competente e os embargos devem ser enviados para o juízo central cível.
Temos, assim e também, regras próprias de procedimento, nos artigos 728.º, 732.º
e 733.º CPC. No mais, por se tratar de um incidente, aplica-se os artigos 293.º e
294.º ex vi 292.º CPC. No caso de haver pluralidade de executados e/ou exequentes,
Miguel Teixeira de Sousa entende que na pluralidade de executados, ainda que
em litisconsórcio necessário, qualquer um dele tem legitimidade singular para opor-
se à execução, tal como sucederia com a legitimidade para interpor recurso do
artigo 634.º, n.º1 CPC. O litisconsórcio necessário passivo não corresponde a um
litisconsórcio necessário ativo em sede de oposição à execução. Deduz isto do
artigo 728.º, n.º3 CPC que remete para o artigo 569.º CPC. Contudo, não é aplicável
a faculdade que se concede relativo ao prazo do artigo 569.º, n.º2 CPC. Cada prazo
quanto a cada um dos executados corre autonomamente, logo, não tem de haver
nenhum litisconsórcio necessário. Existindo pluralidade de exequentes, há
litisconsórcio necessário passivo se o fundamento de oposição lhes for comum,
independentemente de aquela ser voluntária ou necessária. Na oposição à execução,
não pode haver intervenção de terceiro pois esta intervenção supõe uma extensão
decisória da oposição que ultrapassa a respetiva função acessória de estrita extinção
da execução. Tem de existir essencialmente quando tem de haver a participação do
cônjuge para entrega de coisa certa.
c. Quanto ao interesse processual: temos de ter presente que a oposição à execução
vale nos fundamentos previstos na lei.
d. Quanto ao patrocínio judiciário: artigo 58.º, n.º1 CPC.
e. Prazo para dedução de embargos: a petição inicial da oposição deve ser
apresentada num prazo de 20 dias a contar da citação do executado (artigo
728.º, n.º1 CPC). Por força da aplicação analógica do artigo 569.º, n.º1, 2.ª
parte CPC, o prazo para a dedução da oposição, na sequência da revogação
do despacho que indeferiu liminarmente o requerimento executivo, conta-
se da notificação ao executado do despacho que ordenou o prosseguimento
da execução e não da prévia citação. A petição inicial da oposição constitui
o momento oportuno para deduzir toda a defesa, regendo-se pelo princípio
da concentração da defesa nos termos do artigo 573.º CPC. Daí que o
oponente não pode deduzir facto posterior em outros embargos nos termos
do artigo 728.º, n.º2 CPC que não seja superveniente. A petição inicial da
oposição deve ser entregue na secretaria de execução ou na secretaria do
tribunal competente para a execução. Há lugar a despacho liminar, que pode
ser de indeferimento quando:
i. Artigo 732.º, n.º1, alínea a) CPC;
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ii. Artigos 729.º a 731.º e 857.º CPC;


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iii. Artigo 732.º, n.º1, alínea c) CPC;

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iv. Artigo 590.º, n.º1 CPC.


Do artigo 733.º, n.º1 CPC decorre que o recebimento dos embargos não
suspende a marcha do procedimento executivo. As exceções ao efeito não
suspensivo são as do artigo 733.º, n.º1 CPC e se foi impugnada, no âmbito
da oposição deduzida, a exigibilidade ou a liquidação da obrigação
exequenda nos termos do artigo 729.º, alínea e) CPC. Se a oposição não
chegar sequer a ser recebida, sendo liminarmente rejeitada, não pode haver
suspensão da execução quando seria admissível. Para se poder decretar a
suspensão da execução é condição indispensável o prévio recebimento dos
embargos. Se não forem recebidos a instância fica extinta, não havendo nada
a suspender. Suspensa a marcha do processo, mantêm a sua eficácia os atos
processuais já consumados, máxime, a penhora, mas não se promove ou
aceita mais algum ato processual executivo, nomeadamente, a venda e
pagamento. Daí que, mesmo que o executado que tenha prestado caução
nos termos do artigo 733.º, n.º1, alínea a) CPC, não há lugar ao levantamento
da penhora. A caução para suspensão e penhora cumprem funções diversas
que até podem ser contemporâneas. A da suspensão é exigida para garantir
o pagamento da obrigação exequenda e cobrir a mora do processo suspenso.
A penhora prepara a venda executiva. No artigo 733.º, n.º2 CPC determina-
se uma restrição à suspensão, em bom cumprimento do princípio da
economia processual. No artigo 733.º, n.º5.º CPC permite-se a suspensão
quando o bem penhorado seja casa de habitação efetiva. Se a execução não
for suspensa, nenhum credor pode ser pago sem prestar caução, enquanto
estiver pendente a oposição à execução.
7. Prestação de caução: tem natureza incidental nos termos dos artigos 906.º e
seguintes CPC, sendo processada por apenso à causa pendente. Apenas o
executado-embargante, na petição inicial ou após o despacho de recebimento a
pode requerer, para efeito de suspensão da execução e não está sujeita a qualquer
prazo, podendo ter lugar a todo o tempo. É uma simples faculdade do executado
e a execução só deverá ser suspensa depois e se prestada a caução. Não havendo
ainda penhora, a caução deve cobrir o pagamento da dívida, mais os juros se estes
tiverem sido pedidos. Havendo penhora ou garantia real, a caução cobrirá apenas
o eventual diferencial estimado entre o valor garantido pela penhora e o estimado.
Podendo ser prestada por terceiro.
8. Notificação pessoal: o exequente será notificado para contestar em 20 dias (artigo
732.º, n.º2 CPC). A notificação deve ser feita pessoalmente nos termos dos artigos
225.º, n.º2 ex vi artigo 250.º CPC.
9. Oposição Superveniente: o artigo 728.º, n.º2 CPC aceita que possa haver oposição
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deduzida depois deste momento quando ela se baseie em factos que ocorreram ou
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foram conhecidos depois daquele prazo inicial. Estes novos factos terão de ser

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sempre os permitidos pelos artigos 729.º a 731.º e 857.º CPC. Na contestação à


oposição, o exequente pode impugnar as exceções perentórias, as exceções
dilatórias negativas e as nulidades formais do título executivo; pode alegar os factos
contrários aos que consubstanciam as exceções dilatórias positivas, inexistência ou
de inexequibilidade do título executivo ou a incerteza ou iliquidez do crédito. Após
a contestação, não há mais articulados como impõe o artigo 732.º, n.º2 CPC. Pelo
artigo 732.º, n.º3 CPC, à falta de contestação é aplicável o disposto no artigo 567.º,
n.º1 e 485.º CPC. Consideram-se confessados os factos articulados pelo oponente,
sem prejuízo dos casos de revelia inoperante. Contido, não se têm por confessados
os factos que estiverem em oposição com os expressamente alegados pelo
exequente no requerimento.
10. Sentença: a sentença de oposição deve ser proferida no prazo máximo de 3 meses
contados da petição inicial (artigo 723.º, n.º1, alínea b) CPC). Sendo vários
oponentes, o prazo de 3 meses é contado singularmente e não a partir da última
citação do executado (artigos 728.º, n.º3 e 569.º, n.º2 CPC). Esta sentença é
impugnável nos termos gerais. Havendo absolvição da instância na oposição, pode
o executado servir-se da faculdade do artigo 279.º, n.º2 CPC, ou seja, intentar nova
oposição à execução no prazo de 30 dias?
a. Rui Pinto: entende que sendo este prazo um prazo processual, ele deve ser
interpretado e aplicado potenciando a tutela e não reduzindo-a. Ora, deve o
juiz, in casu, lançar mão do princípio da adequação formal, plasmado no
artigo 547.º CPC.
A sentença pode determinar a absolvição do exequente da instância incidental
quando o tribunal anule todo o processo de oposição à execução ou se verifique
uma exceção relativamente à própria instância de oposição. Aqui a instância
mantém-se. Fará caso julgado formal, nos termos do artigo 620.º, n.º1 CPC, pois
recai unicamente sobre a relação processual. Tem força obrigatória apenas dentro
do processo. A procedência da oposição dita vários efeitos processuais primários
e secundários.
a. Efeito processual primário (artigo 732.º, n.º4 CPC): sendo procedente o pedido de
oposição, extingue-se a execução no todo ou em parte, consoante seja total
ou parcialmente procedente. Devendo esta procedência ser definitiva.
b. Efeito processual secundário: a venda fica sem efeito, salvo se, quando sendo
parcial a procedência, a subsistência da venda seja compatível com a decisão
tomada (artigo 839.º, n.º1, alínea a) CPC). O exequente terá de pagar as
custas da execução e do próprio incidente de oposição à execução. As
penhoras pendentes serão levantadas embora por efeito da extinção da
execução.
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Havendo pluralidade de executados, ainda que em litisconsórcio necessário,


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qualquer deles tem legitimidade ativa para opor-se à execução, tal como sucederia

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com a legitimidade para interpor recurso (artigo 634.º, n.º1 CPC). Daí que o caso
julgado formal ou material só vincule os concretos executados e exequente(s) que
foram partes na execução. Quanto aos que não foram parte:
a. Miguel Teixeira de Sousa: entende que se há litisconsórcio voluntário na
ação executiva, a decisão pode aproveitar, por ser uma decisão favorável aos
demais, nos termos do artigo 634.º, n.º3 CPC, por analogia. Isto caso o
fundamento seja comum e se o executado não oponente for titular de
interesse essencialmente dependente do interesse do executado oponente
ou se o executado não oponente for um devedor solidário, salvo se o
fundamento for pessoal. Havendo um litisconsórcio necessário na execução,
a decisão favorável vai aproveitar aos outros, apesar de não serem oponentes.
b. Lebre de Freitas: critica a posição de Teixeira de Sousa pois entende que
nem ocorre caso omisso nem analogia se verifica. Não há caso omisso,
porquanto se o litisconsórcio necessário for legal, temos a extensão do caso
julgado ao ausente que decorre da natureza do litisconsórcio. O mesmo
sucede no caso de litisconsórcio necessário natural pois não revestiria
utilidade o prosseguimento da execução apenas contra o executado que não
se opôs à execução. Se for um litisconsórcio convencional, é defensável que
a não dedução de oposição impede o executado de se prevalecer da situação
integradora do litisconsórcio, nem mesmo por um mecanismo de adesão.
Depende do credor a execução da obrigação apenas contra o executado que
não se opôs à execução.
11. Consequências da procedência da oposição: a natureza da sentença que julga
procedente uma oposição à execução e a possibilidade de se formar caso julgado
material com essa sentença são controvertidas na doutrina.
a. Castro Mendes: o fundamento da procedência é relativo a um facto
extintivo da causa de pedir da execução, logo, levaria à absolvição do pedido
executivo. Dado isto resultaria num caso julgado material.
b. Lebre de Freitas: devido às restrições probatórias do artigo 732.º CPC, tem
de ser feita uma ponderação casuística. Se o direito à prova tiver sido
efetivamente limitado, a parte poderá provar em ação autónoma que foi
impedida de usar testemunhas que poderiam ter influenciado a decisão final
e com isso pedir a restituição do indevido.
c. Rui Pinto: há que distinguir entre os fundamentos com e sem aptidão para
alcançar o valor de caso julgado material. Considera que quando o
fundamento diga respeito à existência ou exigibilidade da dívida, a oposição
surge como uma ação e revogação de um título e que a inexistência não é
apenas o fundamento da decisão, mas também o objeto da mesma e, por
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isso, quando esta sentença transita em julgado, ela adquire força de caso
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julgado material. Este entendimento é consentâneo com o artigo 732.º, n.º5

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CPC que afirma que a decisão de mérito proferida nos embargos à execução
constitui caso julgado quanto à existência, validade e exigibilidade da
obrigação exequenda, impedido assim que o exequente proponha nova ação
executiva sucessiva.
12. Síntese:
a. O recebimento dos embargos, regra geral, com a oposição não faz suspender
a execução. Contudo, pode acontecer que haja lugar à suspensão desta
(artigo 733.º n.º1 e 5 CPC). No caso de haver suspensão, a eficácia dos atos
já praticados mantém-se, não se levantando a penhora já realizada. Contudo,
não se aceita mais nenhum ato processual executivo de venda ou pagamento.
A única restrição à suspensão prende-se com a possibilidade de realizar o
apenso de verificação e graduação de créditos quando, antes da suspensão,
tenha já havido citação dos credores (artigo 733.º, n.º2 CPC). Ainda que não
determine a suspensão da execução, impede que os credores sejam pagos na
sua pendência sem que prestem caução (artigo 733.º, n.º4 CPC) ou o caso
de a penhora incidir sobre a habitação efetiva do embargante (artigo 733.º,
n.º5 CPC).
b. Após o recebimento, há lugar à notificação do exequente (artigo 732.º, n.º2
CPC) que terá 20 dias para contestar, seguindo-se, sem mais articulados, os
termos do processo comum. A notificação é feita pessoalmente (artigo 225.º,
n.º1 ex vi artigo 250.º CPC). A falta de contestação do exequente gera um
efeito cominatório semipleno e não se consideram como confessados os
factos que estiverem em oposição com os expressamente alegados pelo
exequente (artigos 567.º, n.º1, 568.º e 732.º, n.º3 CPC), exceto nos casos de
revelia inoperante.
c. Após isto haverá lugar ao proferimento da sentença, no prazo de 3 meses a
contar da data da petição de oposição (artigo 723.º, n.º1, alínea b) CPC) que
pode declarar a oposição:
i. Absolvição do exequente embargado da instância incidental: improcedência da
oposição por verificação de uma exceção dilatória relativamente a esta.
A ação executiva mantém-se e forma-se caso julgado formal.
ii. Absolvição do executado embargante da ação executiva: procedência do
pedido de oposição pelo que a ação executiva se extingue total ou
parcialmente (artigo 732.º, n.º4 CPC);
iii. Absolvição do exequente embargado do pedido de embargos: improcedência do
pedido de oposição pelo que a ação executiva prossegue.
Sanções ao exequente podem ser cominadas no caso de procedência da oposição
(artigo 858.º CPC). De acordo com o artigo 732.º, n.º5 CPC, faz caso julgado
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quanto à existência, validade e exigibilidade da obrigação exequenda. A


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reconvenção não é admissível em sede de oposição à execução pois trata-se de uma

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ação acessória da ação executiva, que tem como pedido a extinção da execução. A
compensação é sempre invocável como exceção perentória extintiva pelo
executado, mesmo que o valor do contra crédito seja superior ao da obrigação
exequenda. Pode haver compensação-exceção, mas não compensação-renovação.
A sentença da oposição à execução que seja procedente no reconhecimento da
existência de um crédito para compensar não serve de título executivo contra o
exequente embargado. A condenação do embargado no pagamento da diferença
entre os créditos terá de ser obtida em sede de ação declarativa autónoma.
Assim:
Numa pergunta sobre esta matéria temos de ver:
1. A natureza: natureza declarativa, o que nos leva a explicar se é uma ação
constitutiva ou de simples apreciação negativa:
a. Ação de simples apreciação negativa: a doutrina maioritária diz que estamos
perante ação declarativa de simples apreciação negativa porque o que se
declara é a inexistência da obrigação exequenda ou dos pressupostos
processuais dos quais dependam a regularidade da instância. Estamos a
falar de situações em que se a oposição for de mérito, trata-se da
inexistência da obrigação exequenda, se a oposição for formal, é a
inexistência de pressupostos processuais.
b. Ação constitutiva: estamos perante uma transposição da doutrina alemã e
baseia-se na ideia de que a procedência da oposição à execução produz
uma alteração na esfera jurídica do exequente e do executado, que é a de
extinguir a ação executiva.
2. Os fundamentos: em relação a isto, temos de saber qual o título em causa, pois os
fundamentos dependem disso e depois distinguir a admissibilidade dos
fundamentos com a sua procedência. Assim,
a. Títulos judiciais (artigo 729.º CPC): taxatividade de fundamentos, devido ao
respeito pelo efeito preclusivo do caso julgado e princípio da concentração
da defesa. Não pode invocar-se fundamentos que deveriam ter sido
invocados na ação declarativa, isso resultaria claramente a alínea g). A
alínea h) não existia no regime anterior. Tem uma limitação temporal
resultante do respetivo caso julgado. Não se permite que o executado,
agora em oposição à execução, invoque factos que poderia ter invocado
em ação declarativa. Incluindo-se, também, as sentenças homologatórias,
tendo fundamento próprio na alínea i).
b. Títulos extrajudiciais (artigo 731.º CPC): não temos limitações como nos
títulos judiciais porque não houve uma ação declarativa prévia. Este artigo
está desenhado de forma a permitir ao executado apresentar qualquer
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defesa nos termos em que poderia apresentar num processo declarativo.


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c. Injunções (artigo 857.º CPC): norma que comparava a injunção à sentença


foi declarada inconstitucional. As notificações para a injunção oferecem
menos garantias que a citação, porque são feitas apenas mediante o registo
do depósito na caixa de correio, não tem de existir uma entrega. Trata-se
de uma injunção porque não existe intervenção do juiz, por isso, o
executado encontra-se mais desprotegido e, por essa razão, o que se
permite é que não sejam executadas obrigações em que existam factos
impeditivos, modificativos ou extintivos que sejam de conhecimento
oficioso, por essa razão, pode o executado invoca-las em oposição à
execução independentemente do facto já existir na pendência da injunção,
e o próprio juiz com um despacho sucessivo pode conhecer oficiosamente
desta nulidade (artigo 734.º, n.º1 CPC).
3. Os efeitos: temos de distinguir entre:
a. Na pendência da oposição: aqui, a ação executiva, em princípio, não se
suspende (artigo 732.º CPC);
b. Na procedência da oposição: a ação executiva extingue-se. Esta extinção pode
ser total ou parcial (redução da obrigação exequenda), dependendo do
pedido do opoente/executado.
Tendo, ainda, atenção:
1. Prazos: estes prazos não são contínuos. Quando se diz 20 dias, temos de ter em
conta que de calendário não podem ser 20 dias, pois estes prazos não se contam
nos termos do artigo 278.º CC mas sim nos termos da lei processual. Artigo 728.º,
n.º2 CPC: exceção ao prazo de 20 dias. Este artigo não pode ser confundido com
o artigo 729.º, alínea g) CPC, pois o primeiro reporta-se a factos objetivamente e
subjetivamente supervenientes e o artigo 729.º, alínea g) CPC também , mas são
questões diferentes porque no n.º2 do artigo 728.º CPC (factos depois da citação
mas dentro dos 20 dias) diz-se que o prazo é de 20 dias a contar da citação, mas se
existirem factos objetivamente supervenientes que sejam relevantes para a defesa
do executado, esse prazo de 20 dias começa a contar-se a partir do momento em
que se verifica o facto ou em que há conhecimento desse facto (estamos sempre a
falar de facto que ocorrem depois da citação). O artigo 729.º, alínea g) CPC não
tem nada a ver com isto, nestes casos, estamos a falar em situações em que há uma
ação declarativa e depois há uma ação executiva e aqui, na ação executiva, temos a
citação e temos o prazo de 20 dias, o que se discute nesta alínea é se na ação
executiva podemos invocar factos que não são supervenientes e o que se diz é: não,
pois se isso já aconteceu, já se deveria ter defendido na contestação ou até ao
encerramento do processo. Factos supervenientes são aqueles em que existe um
desconhecimento não culposo dos factos, aqueles em que o facto se verifica depois
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da citação. A principal diferença entre os dois artigos é de que os factos que não
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estão no artigo 729.º, alínea g) CPC são os que se verificam até ao encerramento do

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processo de declaração, os que estão no artigo 728.º, n.º2 CPC não são os que
determinam uma dilação do prazo, porque se verificam depois da citação. Isto
acontece porque a pessoa se devia ter defendido na ação declarativa e não o fez,
não podendo agora aproveitar-se da ação executiva para o fazer.
2. Tramitação da oposição à execução: é um processo de natureza declarativa em
que o executado/opoente apresenta uma petição inicial à qual o exequente contesta,
produzindo-se, posteriormente, uma sentença (ver esquema 17 do livro da associação)
3. Responsabilidade do exequente: permite-se ao executado pedir uma
indemnização ao exequente pela propositura de uma execução injusta, sem
fundamento, pois disto resultam muitos danos (na imagem e patrimonialmente).
Só nos casos em que não há citação do artigo 858.º CPC.
Temos, entretanto, três notas:
a. Podemos ter situações em que ainda não transitou em julgado, mas já foi
proposta uma ação executiva. Tendo sido proposta ação executiva será que
o executado pode propor recurso de revisão e ao mesmo tempo opor-se à
execução? À partida, deve fazê-lo, temos é de saber quais os fundamentos
que possam ser comuns ou iguais no recurso de revisão e na oposição à
execução, ou seja, saber se pode cumular os mesmos fundamentos.
b. O cônjuge do executado não é executado, apenas está casado com uma
pessoa executada. Permite-se, assim, a este cônjuge do executado, opor-se à
execução, apesar de ele próprio não ser executado.
Vendo, finalmente, alguns regimes especiais:
1. Perdão de dívida: vamos considerar que se trata de um facto extintivo parcial. É
fundamento de oposição à execução? Não, mas seria admissível como fundamento
à luz de alguma alínea se fosse fundamento? À luz da alínea g), mas esta alínea, em
concreto, não se encontra preenchida porque apenas se aplica a factos
supervenientes e termos aqui exigência de prova documental. Se o facto fosse um
facto subjetivamente superveniente, e fosse admissível, então admite-se a
superveniência na alínea g) do artigo 729.º CPC? Existem divergências em torno
desta questão:
a. O professor Rui Pinto: defende que não, se houver facto subjetivamente
superveniente nesta fase, quer seja conhecido depois do encerramento da
discussão do processo de declaração (da audiência final), a ser esse o caso, então
ele terá um meio de defesa ao seu alcance que é o recurso de revisão (artigo
696.º, n.º1, alínea d) CPC;
b. O professor Miguel Teixeira de Sousa: defende que sim, que se deve admitir
a superveniência subjetiva por razões de economia processual, porque o artigo
728.º, n.º2 CPC também o faz e porque deve ser feita uma equiparação entre a
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oposição à execução e o recurso de revisão. O professor acrescenta ainda que


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se assim não for, o executado encontra-se bastante desprotegido porque

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estamos a permitir-lhe recorrer de sentenças com recursos de revisão e,


portanto, a perturbar o caso julgado, mas o recurso de revisão não tem efeito
suspensivo, assim, na verdade, estamos a permitir que corra uma ação executiva
contra ele, em termos de exequibilidade provisória, porque com o recurso de
revisão não tem efeito suspensivo e pode ser executada a decisão. Isto leva a
que o Teixeira de Sousa venha a concluir que, nestes casos, o executado deva
ter direito tanto a interpor o recurso de revisão como, se assim o entender, de
se opor à execução, com base na alínea g), apresentando os factos
subjetivamente supervenientes, têm de ser factos subjetivamente
supervenientes.
Em suma, o Professor Rui Pinto não estabelece esta equiparação e o Professor
Miguel Teixeira de Sousa fá-lo.
Questão diferente é o conceito de superveniência subjetiva que está no artigo 696.º,
alínea c) CPC. Neste artigo não se fala apenas em desconhecimento, está também
em causa o facto de não ter tido acesso ao documento: além do desconhecimento
está, também, em causa o não ter conseguido aceder ao documento que é necessário
para fazer prova, tanto na alínea c) como por via da equiparação na alínea g) do
artigo 729.º CPC, aplicamos, assim, o conceito de superveniência subjetiva do
artigo 696.º, alínea c) CPC ao artigo 729.º CPC. O professor Rui Pinto colocava
uma questão em que a pessoa sabia da existência daquele facto mas o documento
estava fechado numa gaveta cuja chave tinha sido perdida. Ele questionava o que é
que se podia fazer em oposição à execução com um facto que já se conhecia mas
que não havia prova documental até à data. De acordo com Rui Pinto, deveria ser
por recurso de revisão, de acordo com o Teixeira de Sousa, seria por oposição à
execução.
Outro problema: prova documental. Quanto a isto devemos analisar se não será
uma restrição excessiva aos direitos do executado e, sobretudo, porque isto não
está em conformidade com as regras de Direito substantivo probatório.
a. Nestes termos, Miguel Teixeira de Sousa critica esta exigência que é feita à
prova documental, dizendo que há factos impeditivos em que não se podem
exigir prova documental por decurso do tempo (como a prescrição e a
usucapião), não é admissível esta restrição até porque tem de existir aqui uma
equiparação entre aquilo que é a produção de prova numa ação declarativa e
aquilo que é a produção de prova numa ação declarativa enxertada na ação
executiva. Assim, não faz sentido esta restrição aos meios de prova. Esta posição
aplica-se duplamente: tanto critica a exigência de prova documental para o
recurso de revisão do artigo 696.º, alínea c) CPC como para o artigo 729.º CPC.
b. Rui Pinto e Lebre de Freitas apoiam a exigência de prova documental.
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Mas não podemos deixar de salientar, a propósito da alínea g) do artigo 729.º CPC,
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que esta prova documental afasta a prova que e estatisticamente mais importante

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que é a prova testemunhal. Diz Teixeira de Sousa que não podemos deixar de
reparar que muitos destes factos já não poderiam ser provados por testemunhas
(artigo 395.º CC – restrição da prova testemunhal para factos extintivos de
obrigações). Mas, diz, assim, que devemos aplicar o regime do Direito probatório,
se, depois, este regime afastar alguns meios de prova, tudo bem, remete-se para aí,
agora, não podemos é estar a restringir isto à prova documental. Lebre de Freitas
diz precisamente o contrário: faz muito sentido a exigência de prova documental,
não só por razões de celeridade processual, para não estarmos a ouvir testemunhas,
como, por outro lado, faz sentido porque temos aqui uma manifestação extrema
entre o título documento e a sua autonomia face à obrigação exequenda que ele
incorpora. Esta posição de Lebre de Freitas é frágil porque a ser levada à última
consequência, na sua coerência máxima, significaria que o outro documento, ele
próprio teria de revestir força executiva. O documento da alínea g) não é título
executivo, é documento, não tem de ter força executiva.
Quanto à superveniência: qual é o momento temporalmente relevante para a
oposição à execução? Ocorrido depois do processo de declaração. Mesmo dentro
do processo declarativo há momentos em que já temos factos supervenientes
porque toda a defesa deve ser produzida na contestação. Assim:

Que tipo de superveniência estamos a falar na alínea g) do artigo 729.º


CPC?
Esquecendo que estamos na alínea g), o que é um facto superveniente?
Os factos objetivamente supervenientes são aqueles que se verificam depois da
fase dos articulados, os subjetivamente supervenientes são aqueles que se
verificam antes mas dos quais o executado tem conhecimento depois (relevando
o desconhecimento sem culpa, ou seja, não conhece nem devia conhecer).
Mas questão diferente é quando analisamos o artigo 729.º, alínea g) CPC: saber
se aqui se inclui os casos de superveniência subjetiva ou apenas os de
superveniência objetiva, existindo divergência doutrinária:
1. Pela letra da lei, não se inclui a superveniência subjetiva;
2. Lebre de Freitas e Rui Pinto: dizem que não se incluem.
a. Rui Pinto: se é factos subjetivamente superveniente que interponha
recurso de revisão, não precisa de se opor à execução (contudo, isto tem
uma consequência: o recurso de revisão não tem efeito suspensivo, logo
a execução prossegue e, no limite, poderemos estar aqui a penhorar bens
que depois em sede de recurso de revisão, sendo ele procedente,
determinará a modificação ou extinção da própria ação executiva, logo,
o problema não fica resolvido: ele acha que deve ser utilizado este
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mecanismo por ser o mecanismo próprio para estas situações).


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3. Ana Leal: a melhor solução é interpor recurso de revisão (pois este não tem
o mesmo efeito da oposição à execução, visto que não permite paralisar a
própria ação executiva) e opor-se à execução.
4. Miguel Teixeira de Sousa: diz que se incluem os factos subjetivamente
supervenientes, invocando o argumento da economia processual, mas, mais
que isso, faz uma equiparação dos fundamentos da oposição à execução e
do recurso de revisão, porquê esta equiparação? Estamos a falar de situações
em que estamos a perturbar o caso julgado (já há caso julgado e depois
temos o recurso de revisão que vai alterar este caso julgado porque existem
factos subjetivamente supervenientes). O autor diz que na alínea g) não
existe expressamente a possibilidade de invocar fundamentos
subjetivamente supervenientes mas deve admitir-se pois, caso contrário,
estaríamos na presença de uma grande restrição aos mecanismos de defesa
do executado, porque, na verdade, o que o legislador está a fazer ao não
integrar aqui os factos subjetivamente supervenientes é haver um regime
dispare entre o recurso de revisão e a oposição à execução. Não esquecer
que é possível, nos casos de exequibilidade provisória, ter uma sentença e
essa ser executada, ainda que não tenha transitado em julgado e não tendo
transitado em julgado, imagine que o executado quer agora invocar factos
subjetivamente supervenientes, temos uma situação dispare, pois ele pode
interpor recurso de revisão (artigo 696.º, n.º1, alínea c) CPC), mas já não
pode invocar esses factos na oposição à execução e Teixeira de Sousa diz
que como se está a tentar proteger o caso julgado na alínea g) isto não faz
sentido nenhum, porque na verdade não estamos a proteger em sede de
recurso de revisão, e por isso, faz uma equiparação nestes termos entre o
recurso de revisão e a oposição à execução. Se se vir, o artigo 696.º, n.º1,
alínea c) CPC, o que se diz é que pode ser apresentado documento que
prove factos que ele não conhecia, mas conheceu esses factos só agora ou,
então, que não conseguiu ter acesso àquele documento antes, ou seja, sabia
mas não conseguia apresentar aquele documento antes. Sendo um caso de
superveniência objetiva ou subjetiva, temos ainda de falar do alargamento
do prazo do artigo 728.º, n.º2 CPC. Factos impeditivos são admitidos nesta
alínea, mas a questão é que muitos factos impeditivos apreciados na ação
declarativa que são de conhecimento oficioso fica logo muito pouco para a
oposição à execução, tirando os factos impeditivos que decorram do
decurso do próprio tempo. Quando se fala de factos subjetivamente
supervenientes numa ação declarativa temos o momento até ao qual devem
ser alegados todos os factos, que é até terminar os articulados, depois disso,
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será possível invocar alguns factos? Sim, os factos objetivamente


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supervenientes e subjetivamente supervenientes até ao encerramento do


processo de declaração.
Outro problema é a exigência da prova documental:
1. Miguel Teixeira de Sousa: pode ser apresentado qualquer meio de prova
devido ao artigo 20.º CRP, pois se assim não for isso restringe o direito à
prova do executado. Os factos extintivos, modificativos e impeditivos
podem ser provados por outro meio de prova além da prova documental?
Sim. O problema é que estamos a exigir um meio de prova que, de acordo
com as regras de Direito probatório, não é exigível (temos de ter cuidado,
há casos em que pode ser por testemunha, mas também há casos em que
não se pode provar por testemunha, temos como exemplo o artigo 395.º
CPC). Diz, assim, que não faz aqui sentido existir uma restrição dos meios
de prova, pois temos uma limitação aos meios de defesa do executado e
que, no limite, poderemos ter uma norma inconstitucional (por violação
do artigo 20.º CRP). Esta posição também se aplica ao recurso de revisão
pois, ao fazer uma equiparação com o recurso de revisão tem de criticar
também o que está na alínea c) do artigo 696.º CPC, pois, de acordo com
este, também se diz que o facto subjetivamente superveniente terá de ser
provado por documento, logo, aplicamos as mesmas críticas.
2. Lebre de Freitas: faz sentido aqui “documento” ser mesmo um
documento, não havendo algum problema de restrição à prova
documental, não é que estejamos perante um caso do âmbito processual
ou de não produzir prova testemunhal. O que este autor entende é que
temos aqui uma manifestação extrema da autonomia entre o título
documento e a obrigação exequenda incorporada no título, e, por isso, é
quase como se fosse necessário arranjar uma contraprova que seja o
mesmo meio probatório. Esta posição era mais relevante à luz do código
anterior porque, levado ao seu extremo, significaria que o documento
apresentado aqui na alínea g) teria de ser ele próprio título executivo e não
é nem tem de ser porque estamos no âmbito de uma ação declarativa. Este
autor dizia, ainda, que apesar de concordar com a exigência de prova
documental, que a consequência de alguém que tem testemunhas e não
poder provar em ação executiva era propor ação declarativa e pedir a
restituição do indevido.
3. Rui Pinto: exige prova documental devido à segurança jurídica.
Ora, ninguém admite reconvenção na ação executiva. Uma coisa é a declaração
de compensação por facto extintivo, outra, são os requisitos de
compensabilidade. Imagine-se que há constituição de crédito e de contra-crédito
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e já existe exigibilidade judicial. Imagine que se torna compensável mas nunca


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invocou a compensação.

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Para Lebre de Freitas, pode invocar até ao final da fase dos articulados, a partir
daí, já temos um problema de saber se poderemos ou não invocar a compensação
por exceção.
Rui Pinto diz que poderá ser feita:
Lebre de Freitas diz que quanto à compensação a reconvenção já não.
A questão é saber se poderemos ter uma compensação exceção (limite do contra-
crédito pedido) invocada até à audiência final. Em geral, entende-se que essa
compensação exceção (não é a reconvenção), pode ser feita como articulado
superveniente.
Analisando, assim, também o Ac. acima referido: chegamos à ação executiva e
temos o caso em que se tornou compensável uma obrigação mas nunca foi
declarada a compensação. No Acórdão chegamos à oposição à execução e a
executada invoca compensação e o exequente vem dizer que não pode invocar a
compensação porque até à data que estava pendente a ação declarativa poderia
ter apresentado compensação exceção. O que ela vem dizer é que a alínea h) do
artigo 729.º CPC, no antigo regime, o que dizia era “factos extintivos”, e o facto
extintivo da compensação não é a verificação de uma situação de
compensabilidade, é a declaração de compensação. Não é por os créditos serem
compensáveis que a compensação opera, pois esta não é automática, é necessário
um ato voluntário, ou seja, uma declaração de compensação. O que ela alega é
que o facto extintivo da obrigação exequenda é a declaração de compensação e
não a situação de compensabilidade, por essa razão, como nunca invocou a
declaração de compensação, invoca agora na oposição à execução. O que se
decidiu em vários Acórdãos é a de que aquilo que releva para efeitos da antiga
alínea h) do artigo 729.º CPC (no regime correspondente) não é o momento em
que se profere a declaração de compensação, é o momento em que os créditos
se tornam compensáveis, significa que é o momento em que existe crédito e
contra-crédito. Na alínea h) também se aplica o limite temporal da alínea g), se o
contra-crédito já se constituiu antes já são compensáveis. (sendo compensável
uma dívida ilíquida). Mas temos um problema: se já é compensável, já deveria ter
sido invocado antes. Mas só a compensabilidade releva para efeitos de
superveniênica. Não existe compensação em oposição à execução pois não pode
aproveitar um incidente declarativo para agora, por exemplo, pedir-se mais do
que o próprio exequente pede. Nesta alínea h) , tende-se que não existe exigência
de prova documental, mas, de acordo com a nova posição de Rui Pinto – aula
teórica em2014/2015 – já o exige. Lebre de Freitas diz que a autonomização da
alínea h) se deveu a isso.
A falta de citação para a ação executiva é fundamento de oposição à execução?
96

Temos um executado que se pretende opor à execução e não foi citado, e quer
Página

invocar a nulidade da citação, será que ele deve fazê-lo em oposição à execução?

大象城堡
Executivo in momentum brevis accipitur

Não, porque apenas é preciso citação para a ação declarativa. A citação a que se
refere na alínea d) do artigo 729.º CPC é a citação da ação declarativa, não da
ação executiva. Deve fazê-lo, assim, em oposição à execução (na mesma peça
processual) mas não como um fundamento de oposição à execução, porque se
ele opuser à execução e não invocar a nulidade ou falta de citação qual é a
consequência? Sanação da falta de nulidade dessa citação (artigo 189.º CPC).
Pode ser sanada quando intervém no processo e nada diz, logo se ele se opuser à
execução, mas não invocar nulidade da citação, sanou-se. Por isso é que
temporalmente falando, geralmente, a oposição à execução vem acompanhada
da invocação da nulidade da citação (pode ser a mesma peça processual, ou seja,
o mesmo documento, mas só no fim é que alega a nulidade da citação). E se ele
não se quer opor à execução e só quer invocar a nulidade da citação da ação
executiva? Pode a todo o tempo, de acordo com o artigo 851.º CPC, invocar a
nulidade. Não pode é praticar qualquer outro ato processual antes sob pena de
sanação desta citação. Como pode fazer isto sem ser com a oposição à execução?
Mediante requerimento dirigido ao juiz. A nulidade da citação para a ação
executiva pode ser arguida a todo o tempo pelo executado, determina a anulação
de tudo o que se tenha processado depois da citação ou de quando ela deveria ter
ocorrido, o que significa que salvamos o requerimento executivo, ou seja, anula-
se tudo menos o requerimento executivo. Concluindo: ou invoca a nulidade com
a oposição à execução ou tem de invocar antes para não haver sanação da
nulidade.

2. Compensação: quando é que os créditos se tornam compensáveis? Antes do


encerramento da discussão em processo declarativo. Aqui devemos ter em atenção
que a alínea h) é nova, ou seja, antes a compensação estava inserida na alínea g). É
nova e tem um problema: nada diz sobre a limitação temporal e nada diz sobre a
prova documental. Quanto a este aspeto, a doutrina é unânime em aplicar aquilo
que se reporta a sentenças, títulos judiciais: o respeito pelo caso julgado. Ou seja,
tem que se respeitar também aqui, relevando apenas factos objetivamente
supervenientes. Quanto à prova documental, o Professor Lebre de Freitas diz que
se houve uma autonomização da alínea h) face à alínea g): é precisamente para
demonstrar que na alínea h), o contra-crédito não tem de ser provado por
documento. Esta autonomização tem uma vantagem que é a descordar a exigência
de prova documental aqui da compensação. O Professor Rui Pinto parece estender
a incoerência da alínea h)à alínea g): tanto os requisitos temporais são aplicados
como o requisito da prova documental. O problema principal, sobretudo quanto
ao tempo da superveniência, prende-se com quais é que são os factos relevantes
97

para a compensação. Factos relevantes para a compensabilidade e factos relevantes


Página

para a compensação são coisas diferentes. Compensabilidade é diferente de

大象城堡
Executivo in momentum brevis accipitur

declaração de compensação: é precisamente isso que trata o Acórdão STJ 2.12.2008.


Há casos de compensação automática, como é o caso das contas bancárias, saldos
de conta bancária, a compensação é automática. Em regra, a compensação não é
automática, é uma compensação convencional, depende de uma declaração de
compensação. O caso que temos no referido Acórdão é interessantes porque temos
uma situação em que antes ou na pendência da ação declarativa, os créditos
tornaram-se compensáveis. Isto significa que (requisitos de compensabilidade que
se encontram no Código Civil) os dois contra créditos estão constituídos e os dois
contra créditos são judicialmente exigíveis. Se, na data em que estava pendente a
ação declarativa já existia compensabilidade, e se a ré ali executada, não emitiu uma
declaração de compensação, o que se veio a discutir no aresto foi: ele opõe-se à
execução e diz que vai invocar a compensação, quero compensar o crédito
exequendo com o meu crédito. O exequente opõe-se por contestação, dizendo que
não pode agora compensar porque os factos relevantes, os factos constitutivos do
contra-crédito, e os factos relevantes para a compensabilidade, já se tinham
verificado na ação declarativa. O que se veio a decidir em várias decisões é que
aquilo que releva não é o momento em que se profere verdadeiramente o facto
extintivo, que é a declaração de compensação, aquilo que releva é o momento em
que os créditos são compensáveis, ou seja, o momento em que já estão reunidos
todos os requisitos para compensar. Isto significa que há um ónus de compensar
na ação declarativa, na ação executiva já não pode compensar.
3. Citação para a ação executiva: a nulidade da citação não é fundamento para a
oposição (artigo 851.º CPC). De acordo com o artigo 189.º CPC, se o executado
pretendesse apresentar a nulidade de citação que não é fundamento de oposição à
execução, na maior parte das vezes, aparece na mesma peça processual mas como
requerimento autónomo sob pena de haver uma sanação. O ideal seria ele impugnar
primeiro o requerimento autónomo daquela citação, mas se quiser fazer ao mesmo
tempo, deveria na mesma peça, primeiro, impugnar a citação e depois opor-se à
execução (artigos 851.º CPC e 189.º CPC).
Quanto ao aproveitamento da oposição à execução de um executado por outro
executado, Rui Pinto diz que a oposição à execução proposta por um aproveita o
executado que não se opôs se o fundamento for comum. Quando o fundamento já não
é comum, esta já não aproveita.
98
Página

大象城堡
Executivo in momentum brevis accipitur

Dívidas dos cônjuges: aqui estamos sempre a falar em obrigações pecuniárias pois
quanto à prestação de facto, não há especialidades a nível de responsabilidade e quanto à
entrega de coisa certa vigora o litisconsórcio necessário legal do artigo 34.º, n.º1 CPC.

1. Responsabilidade subjetiva: quem responde pelas dívidas?


A responsabilidade pode ser
Importa ter em conta os artigos 1691.º, 1692.º, alínea
b), 2.ª parte, 1693.º, n.º2 e 1694.º, n.º1 CC.
Dividas comuns Dívidas comunicáveis
Têm por fonte um facto Têm por fonte um facto
praticado por ambos os praticado por um dos
cônjuges, ainda que antes cônjuges sem o
do casamento. A consentimento do outro,
execução será fundada mas que implica uma
em sentença que condene comunicação da
os dois ou em título responsabilidade,
extrajudicial de onde os voluntária ou legal. A
dois constem. comunicação voluntária
 Artigo 1694.º CC: resulta do consentimento
sempre que a dívida dado para o ato pelo
onere um bem cônjuge que não contraiu
comum com uma a dívida. São dívidas
garantia real. Esta é próprias até que se prove
De ambos os cônjuges
uma situação que não a comunicabilidade da
se coloca se não dívida. Nestes casos, não
existirem bens se pode logo propor ação
comuns; contra os dois pois só um
 Artigo 1691.º CC: consta do título. Há que
sempre que a dívida suscitar o incidente de
seja constituída por comunicabilidade da
ambos ou por um dívida. A comunicação
com o consentimento legal consta dos artigos
do outro. 1691.º, n.º1, alínea b), 2.ª
Neste caso, como ambos parte, 1692.º, alínea b), 2.ª
constam do título, haverá parte, 1693.º, n.º2 e
litisconsórcio necessário 1694.º, n.º1 CC. A
(artigo 34.º, n.º3, 1.ª parte comunicabilidade da
CPC – para Rui Pinto e dívida tem de ser
99

Miguel Teixeira de provada, sob pena de a


Página

Sousa). A preterição dívida continuar a ser

大象城堡
Executivo in momentum brevis accipitur

deste litisconsórcio considerada própria.


redunda na absolvição da Quando o título seja uma
instância. A ilegitimidade sentença, a intervenção
pode ser suscitada na do cônjuge terá de ser
oposição à execução. Por provocada pelo credor na
ambos constarem do ação declarativa
título não há lugar a um condenatória ou pelo
incidente de cônjuge réu. Assim,
comunicabilidade. No quando chegamos à ação
caso de ambos constarem executiva, o título é
do título, a contra os dois, logo
comunicabilidade resulta haverá litisconsórcio
deste. Para Lebre de necessário porque o
Freitas só há regime da
litisconsórcio voluntário responsabilidade por
porque o preceito do dívidas dos cônjuges é
artigo 34.º CPC apenas se um regime substantivo
aplica à ação declarativa imperativo que não pode
e, por força do favor ser afastado. Quando o
creditoris, o credor poderá título seja diverso da
escolher quem quer sentença, os artigos 741.º
demandar. e 741.º CPC permitem a
intervenção provocada
do cônjuge, a pedido do
exequente ou do
executado para provocar
a comunicação da dívida.
Nestes casos, abre-se o
incidente de
comunicabilidade, o
cônjuge pode defender-
se e, no fim, o juiz
decidirá se a dívida deve
ser comunicada ou não:
 Se for, ocorre uma
extensão executiva
subjetiva do título
100

executivo, adquirindo
o cônjuge o estatuto
Página

de executado;

大象城堡
Executivo in momentum brevis accipitur

 Se o cônjuge não se
pronunciar, há efeito
semipleno,
considerando-se
confessado que a
dívida é comum.
Após passar a executado,
tem 20 dias para se
pronunciar.

[pode haver dívidas


comuns nos casamentos
em que o regime que
vigora é o da separação
de bens]
Artigos 1692.º, 1693.º, n.º2
Regime regra
e 1694.º, n.º2 CC
Dívidas próprias. Pois, se Será uma execução com
não houver subsunção base num título judicial
num dos tipos de ou extrajudicial que
comunhão de dívidas, é apenas obrigue um deles,
Daquele que se obrigou esta a classificação que se sem que o credor ou
atribui à divida (caráter devedor hajam alegado e
residual – artigo 1692.º, feito a demonstração de
alínea a) CC). que a dívida, embora
contraída
individualmente, é
comum.

2. Responsabilidade objetiva: que bens respondem pelas dívidas?


Aqui importa ter em conta o regime de bens do casal, aferido pelo Direito
substantivo
Não há bens comuns a responder
pelo que respondem os bens
próprios dos cônjuges (artigo
1695.º, n.º1 CC). Cada cônjuge
Dívidas comuns Separação de bens
responde por 50% das dívidas,
101

parciariamente e não de modo


solidário (artigo 1695.º, n.º2, in fine
Página

CC), podendo ser penhorados os

大象城堡
Executivo in momentum brevis accipitur

bens próprios de cada um deles até


metade do valor da dívida.
Respondem primeiro os bens
comuns, e, na falta ou insuficiência
deles, podem ser penhorados os
bens próprios de cada um dos
cônjuges até ao valor total da
dívida, solidariamente. A penhora
baseada num título comum contra
o casal e regime de comunhão há-
de ser fita sempre na presunção de
Comunhão de bens
que o bem penhorado é um bem
comum. Daí que o credor não
tenha de demonstrar que o bem é
comum, cabendo tal prova ao
devedor. O incumprimento desta
ordem pode ser fundamento de
oposição à penhora. Respondem,
assim, os bens comum (artigo
1695.º CC).
Cada um dos cônjuges responde
por 50% da dívida, podendo ser
Separação de bens penhorados os bens próprios de
cada um deles até metade do valor
da dívida
Dividas comunicáveis Podem penhorar-se os bens
comuns, e na falta ou insuficiência
deles, podem ser penhorados os
Comunhão de bens
bens próprios de cada um dos
cônjuges até ao valor total da
dívida, solidariamente.
Não existem bens comuns, pelo
que só podem ser penhorados os
bens próprios do cônjuge devedor
(artigo 1696.º, n.º1, 1.ª parte CC).
Dividas próprias Separação de bens Se for penhorado um bem imóvel
ou um estabelecimento comercial,
102

ainda que seja um bem próprio


numa execução por dívida própria,
Página

o artigo 786.º, n.º1, alínea a) CPC

大象城堡
Executivo in momentum brevis accipitur

obriga à citação do cônjuge. A falta


de bens determina a
inaplicabilidade do artigo 82.º CPC
pois o seu fim e a tutela de bens
comuns.
Respondem em primeiro lugar os
bens próprios do cônjuge devedor
e, na insuficiência destes, responde
a sua meação sobre os bens
comuns. Se forem penhorados
Comunhão de bens
bens comuns aplica-se o artigo
740.º, n.º1 CPC: o cônjuge é citado
para requerer a separação dos
bens, suspendendo-se a venda dos
bens comuns penhorados.
Juntando os dois esquemas:
1. Há título contra os dois cônjuges (dívida comum):
a. Quem responde: ambos (artigo 1691.º, nº1, alínea a) CC).
b. Que bens respondem:
i. Comunhão de bens: os bens comuns do casal e, solidariamente, os
bens próprios de cada um (artigo 1695.º, n.º1 CC).
1. Rui Pinto e Miguel Teixeira de Sousa defendem existir
litisconsórcio necessário pelo que a ação tem de ser proposta
contra ambos (artigos 34.º, n.º3, 2.ª parte CPC e 1695.º, n.º1
CC).
2. Lebre de Freitas defende ser litisconsórcio voluntário pois o
exequente pode escolher quem demandar uma vez que o artigo
34.º CPC apenas se aplica à ação declarativa.
ii. Separação de bens: respondem os bens próprios dos executados
parciariamente pois esta não é uma responsabilidade solidária (artigo
1695.º, n.º2 CC).
1. Rui Pinto e Miguel Teixeira de Sousa: há litisconsórcio
necessário;
2. Lebre de Freitas: voluntário.
2. Só há título contra um dos cônjuges, mas a dívida é comunicável:
a. Quem responde: ambos os cônjuges (artigos 1691.º, 1693.º, n.º2 e 1694.º, n.º1
CC).
103

b. Que bens respondem: em primeira linha, os bens comuns e, subsidiariamente,


os bens próprios de forma solidária (artigo 1695.º, n.º1 CC). Mas cabe
Página

distinguir:

大象城堡
Executivo in momentum brevis accipitur

i. Título judicial: a comunicabilidade tem de constar da sentença, não


havendo comunicabilidade da dívida na ação executiva (artigo 741.º,
n.º1 CPC a contrario).
ii. Título extrajudicial: tanto o exequente como o executado podem
alegar a comunicabilidade da dívida na ação executiva (artigos 741.º e
742.º CPC). O cônjuge tem 20 dias para reagir. Abrem-se várias
hipóteses:
1. Aceita: a dívida é considerada comum e o cônjuge do executado
passa também a executado. (artigo 1695.º, n.º1 CC): em
primeira linha, os bens comuns e, subsidiariamente, os bens
próprios de forma solidária.
2. Não se pronuncia: a dívida é considerada comum e age-se como
se tivesse aceitado a comunicabilidade.
3. Não aceita a comunicabilidade da dívida e requer a separação de bens: a
dívida é considerada própria do executado e o seu cônjuge
mantém o estatuto de cônjuge do executado. Respondem os
bens próprios do cônjuge do executado e a sua meação nos
bens comuns, podendo a execução prosseguir sobre os bens
comuns já penhorados e que, em virtude da separação, devem
integrar a meação do cônjuge do executado.
4. Não aceita a comunicabilidade da dívida e não requer a separação de bens:
a dívida é considerada própria e mantém o estatuto de cônjuge
do executado. Aqui respondem os bens próprios do executado
e todos os bens comuns porque não foram separados
judicialmente.
iii. Separação de bens: o exequente apenas pode propor a ação contra o
cônjuge obrigado no título executivo e respondem os bens do
executado: isto no caso de título judicial. Se for um título extrajudicial,
discute-se a aplicação analógica das normas constantes do artigo 741.º,
n.º2 a 6 CPC quanto à utilização do mecanismo de comunicabilidade
da dívida.
3. Título executivo contra um dos cônjuges e a dívida é própria:
a. Quem responde: apenas responde o cônjuge que contraiu a dívida (artigo 1692.º
CC).
b. Que bens respondem:
i. Comunhão de bens: os bens que compõem o património próprio do
cônjuge devedor e, subsidiariamente, os bens que compõem a meação
104

do cônjuge devedor no património comum. O exequente pode


propor a ação contra o cônjuge devedor. O cônjuge do executado é
Página

大象城堡
Executivo in momentum brevis accipitur

citado para requerer a separação de bens, de forma a proteger da


penhora a sua meação nos bens comuns (artigo 740.º, n.º1 CPC).
ii. Separação de bens: respondem os bens próprios do executado,
devendo a ação ser proposta apenas contra este, nos termos gerais.
Não se justifica a aplicação do artigo 740.º, n.º1 CPC, atendendo à
inexistência de bens comuns.
Daqui retira-se que o cônjuge pode assumir quatro posições distintas:
 É totalmente alheio à execução;
 É citado porque foram penhorados, numa execução por dívida própria, bens
imóveis ou estabelecimentos comerciais do outro cônjuge pelo artigo 786.º, n.º1,
alínea a) CPC. Fica com o estatuto de cônjuge do executado (artigo 787.º CPC).
 É citado porque foram penhorados bens comuns, numa execução por dívida própria
pelo artigo 740.º, n.º1 CPC (neste caso só pode requerer a separação);
 O cônjuge é executado:
o Ab initio por dívida comum;
o Supervenientemente por dívida declarada comunicável.
Nota: as dívidas não se extinguem com a extinção do casamento – a dívida manterá a sua
classificação de comum ou própria. Contudo, o regime de bens dura enquanto durar o
casamento. A responsabilidade subjetiva e objetiva afere-se na data da constituição da
dívida e não no momento da execução (artigo 1690.º, n.º2 CC). Importa sempre ter
presente que bens comuns não se confundem com dívidas comunicáveis! Se o cônjuge
compra um bem e há comunhão de bens (geral ou adquiridos) o bem é comum, mas a
dívida pode ser própria se não estiverem verificadas as situações de comunicabilidade da
dívida. O incidente de comunicabilidade pode ser pedido pelo exequente e pelo executado.
No regime da separação de bens não se lhe aplica o artigo 1695.º, n.º1 CC pois não há
comunhão de bens. Quanto muito há bens em compropriedade. Apenas se encontram
bens próprios no património de cada cônjuge pelo que não há relações de subsidiariedade
por dívidas dos cônjuges. Pelas dívidas de responsabilidade de ambos os cônjuges, que
respondem como devedores parciários e não como solidários pois a sua responsabilidade
não é solidária (artigo 1695.º, n.º2 CC). O credor apenas pode pedir a cada cônjuge a
respetiva quota-parte na prestação. Nos regimes inominados fixados em convenção
antenupcial (artigo 1698.º CC) tudo se rege pelas normas ali fixadas. Se os esposados
tiverem convencionado a comunicabilidade de certos bens (dentro dos limites do artigo
1699.º, n.º1, alínea d) e n.º2 CC) valerá quanto a eles o regime da separação de patrimónios
e de responsabilidade subsidiária de que trata o artigo 1695.º CC. Quanto aos demais bens,
vale o regime da separação. O executado terá ao seu dispor o incidente de oposição à
penhora para alegar que os bens penhorados eram comuns nos termos do artigo 784.º,
105

n.º1, alínea b) CPC. Contudo, deve indicar no requerimento de dedução o disposto no


artigo 784.º, n.º2 CPC. O exequente pode reclamar do ato de penhora praticado pelo
Página

agente de execução (artigo 723.º, n.º1, alínea c) CPC). O cônjuge do executado pode

大象城堡
Executivo in momentum brevis accipitur

utilizar os embargos de terceiro para defender o seu direito sobre os bens comuns (artigo
352.º CPC). Tem a posição de terceiro? Será terceiro sempre que a penhora dos bens
comuns não tenha sido acompanhada da sua citação imposta pelos artigos 740.º, n.º1 e
735.º, n.º2 CPC, sem prejuízo do artigo 786.º, n.º6 CPC. Aqui a procedência dos embargos
dita o levantamento da penhora, mas o exequente poderá requerer a penhora dos mesmos
bens, agora citando o cônjuge. Não será terceiro para efeitos do artigo 343.º CPC, sendo
os embargos de indeferir quando a penhora dos bens comuns tiver sido acompanhada da
sua citação, para promover a separação do s bens. A promoção da separação dos bens é
um poder processual específico do cônjuge do executado (artigo 787.º CPC).

Quanto a esta matéria, devemos saber que há execuções que se baseiam em dívidas
comuns, dívidas comunicáveis ou dívidas próprias. Esta distinção é fundamental e é o
nosso ponto de partida. É importante relembrar os casos de comunicabilidade de
dívidas estudado em Direito da Família (artigo 1691.º CC). Outra coisa fundamental é
saber distinguir a natureza do bem da natureza da dívida. Um bem pode ser comum e
a dívida pode ser própria (isto é muito importante), como é o caso em que alguém
compra um bem e não existe nenhuma causa de comunicabilidade dessa dívida ao outro
cônjuge. Releva, ainda, falar em separação de bens, quando os executados não estão já
divorciados, o cônjuge do executado, se ele próprio não for executado, requer a
separação de bens. A meação dos bens comuns não tem de ser metade, a meação
significa que é a parte atribuída àquele, não significa que seja metade-metade.
Processualmente, devemos começar por distinguir o executado do cônjuge do
executado. Cônjuge do executado é mais do que uma situação de facto, é alguém que
está casado com o executado e que tem um estatuto processual próprio. Quando se fala
em estatuto processual próprio, fala-se em alguém que é chamado à execução, é citado,
e existem três situações nas quais o cônjuge é citado, sendo que é citado para várias
coisas. Cônjuge do executado é alguém casado com o executado, não é executado!
Podemos ter situações em que o cônjuge do executado é chamado para a execução
como tal e no decurso da mesma torna-se executado, perde o estatuto inicial de cônjuge
do executado e passa a ter este novo estatuto de executado, acontecendo quando um
incidente de comunicabilidade de dívida procede. Temos, também, outras situações em
que alguém é chamado como executado para a execução mas no decurso da mesma
perde esta qualidade e passa a ser cônjuge do executado. Vamos, então, começar pela
natureza das dívidas.
1. Dívida comum: quando temos uma dívida comum significa que no título
executivo estão ambos os cônjuges (esposa e esposa; marido e marido, marido e
esposa). Temos título executivo contra os dois. Isto significa que, à luz das regras
106

da legitimidade (artigo 53.º, n.º1 CPC), quem tem legitimidade passiva para esta
ação executiva são os dois. Estamos a falar de um título executivo contra os dois
Página

大象城堡
Executivo in momentum brevis accipitur

que obriga os dois. Depois disto, temos de fazer uma análise ao Código Civil
(Direito substantivo) e uma análise ao Código Processual Civil (Direito adjetivo).
a. Quanto ao Direito Substantivo: quando se analisa o Direito substantivo
devemos sempre fazer duas perguntas:
i. Quem é que responde pela dívida: neste caso, respondem os dois (artigo
1691.º, n.º1, alínea a) CC);
ii. Que bens é que respondem pela dívida: se a dívida obriga os dois (artigo
1695.º n.º1 CC), respondem os bens comuns e subsidiariamente,
os bens próprios entre eles, solidariamente.
Sabemos, então, pelo Código Civil, que esta dívida obriga os dois e quais
os bens que respondem. Sabemos, também, que têm os dois legitimidade
passiva para esta ação executiva. Isto significa que se for proposta uma
ação executiva contra os dois temos dois executados, neste caso, não há
cônjuge do executado. Não existe porque têm os dois legitimidade para
serem executados.
b. Quanto ao Direito Adjetivo: se forem os dois demandados, então, temos
dois com legitimidade passiva. OS problemas que se colocam aqui são: há
título executivo contra os dois mas a execução é proposta apenas contra
um. Temos um título, de acordo com o qual são os dois partes passiva,
temos depois o Código Civil que tem um regime que responsabiliza os
dois mas, depois, propõe-se a ação executiva e demanda-se apenas um.
Por norma, ninguém tem interesse nisto porque a maior parte das pessoas
se é casada o património principal é o património comum. Acontece,
então, que se tem um título executivo comum a ambos mas quer-se
executar como se fosse uma dívida própria, porque alguém tem bens
próprios mais valiosos que os bem comuns. Assim, podemos ter
exequentes que fazem precisamente isto, têm título executivo contra os
dois mas querem executar aquela dívida como se fosse dívida própria e
não uma dívida comum. Por esta razão, aquilo que se discute é se havendo
título executivo contra os dois, é necessário ou não propor a ação
executiva contra os dois. Quando se fala em necessário, estamos a fazer
referência à existência de um litisconsórcio necessário, se existe um
litisconsórcio necessário ou não, na propositura da ação executiva contra
os dois. A este propósito:
i. Miguel Teixeira de Sousa e Rui Pinto: sim;
ii. Para Lebre de Freitas: não.
107
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Executivo in momentum brevis accipitur

2. Dívidas comunicáveis: são dívidas em que só um é que consta do título executivo


mas a dívida responsabiliza os dois.
a. Quanto ao Direito Substantivo: significa que existe uma causa de
comunicabilidade da dívida. Se esta for comunicável, significa que só um
é que contraiu a dívida mas o outro também responde.
i. Quem é que responde pela dívida: quanto à dívida comunicável, só
consta um do título mas de acordo com o artigo 1691.º, alínea b)
CC, respondem os dois pela dívida.
ii. Que bens é que respondem pela dívida: artigo 1695.º, n.º1 CC.
b. Quanto ao Direito Adjetivo: temos um executado e um cônjuge do
executado. O que acontece muitas vezes nos casos práticos é que temos
situações em que um deles consta no título executivo e o outro não, e o
exequente demanda os dois. Neste caso, temos alguém que devia ser
cônjuge do executado mas foi citada como executado. O que é que o
cônjuge pode fazer? Deve alegar a ilegitimidade em oposição à execução.
Sendo a execução procedente, começa como executada e acaba como
cônjuge do executado, situação em que se altera o estatuto processual no
decurso da própria ação. Começa como executado, opõe-se alegando a
sua ilegitimidade e acaba com cônjuge do executado. Ela poderá dizer que
é parte ilegítima mas se a dívida for comunicável, o exequente pode
deduzir um incidente de comunicabilidade. Se este incidente de
comunicabilidade for procedente, ele passa a ser, de novo, executado. Em
bom rigor, o que o exequente deveria ter feito desde o início era, em vez
de propor ação executiva contra ela, deveria ter, desde logo, deduzido um
incidente de comunicabilidade. Até ao incidente de comunicabilidade estar
decidido, e ser procedente, ele é sempre cônjuge do executado, nunca é
executado. Se o incidente de comunicabilidade for improcedente, então,
ele continua a ser cônjuge do executado. Quanto às dívidas comunicáveis,
temos uma situação em que o Código Civil diz que respondem os dois
pela dívida do artigo 1691.º CC porque existe uma causa de
comunicabilidade e que respondem os bens comuns e subsidiariamente
os bens próprios. Mas se não existir um incidente de comunicabilidade na
ação executiva, poderemos ter uma desconformidade entre o Direito
substantivo e o Direito adjetivo. Se não existir incidente de
comunicabilidade, então, devemos executar aquela dívida como se fosse
uma dívida própria. À partida, os executados não têm interesse em
estender a dívida, o que pretendem é salvaguardar o máximo de
108

património. Assim, podemos ter uma desconformidade entre aquilo que


é o Direito substantivo e aquilo que é o regime adjetivo. Os exequentes,
Página

por seu lado, têm interesse em estender a dívida para terem mais uma

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Executivo in momentum brevis accipitur

pessoa obrigada porque se estenderem a dívida ao cônjuge do executado,


sempre podem ir buscar bens próprios mesmo desse cônjuge do
executado. Aqui temos de falar do incidente de comunicabilidade. Este
incidente (artigos 741.º e 742.º CPC) pode ser requerido pelo exequente e
o executado, e é, ainda, importante salientar a natureza do título. É
relevante porque não existe incidente de comunicabilidade quando o título
seja judicial: precludiu a possibilidade de o chamar. Se ele queria chamar
o outro cônjuge para efeitos de alegar a comunicabilidade deveria tê-lo
feito já na ação declarativa e não na ação executiva. Estamos aqui a falar
de uma situação em que só há incidente de comunicabilidade para título
extrajudiciais e não para títulos judiciais. É importante salientar que o
exequente tem de alegar os factos constitutivos, não tem de provar mas
tem de alegar os factos constitutivos dessa comunicabilidade. O cônjuge
do executado é citado para se pronunciar sobre o incidente de
comunicabilidade. E ele poderá:
i. Aceitar a comunicabilidade: o cônjuge quando aceita perde o estatuto
processual de cônjuge do executado e passa a ser ele próprio
executado4.
ii. Nada dizer: se o cônjuge nada diz, temos efeito cominatório pleno
(porque o incidente é de natureza declarativa), ou seja, se nada diz
é como se aceitasse. Perde o estatuto de cônjuge do executado para
passar a ser executado. Se passa a ser executado, os bens que se
executam (artigo 1695.º, n.º1 CC), são bens comuns e
subsidiariamente bens próprios entre eles, solidariamente.
iii. Impugnar a comunicabilidade: quando o cônjuge impugna temos um
incidente de natureza declarativa em que existirá, não a intervenção
do agente de execução mas a intervenção do juiz. O juiz vai
pronunciar-se sobre a comunicabilidade da dívida. Poderá então
acontecer que o cônjuge do executado diga que não aceita e o juiz
conclui que existem razões para aquela dívida ser considerada uma
dívida comunicável e, por essa razão, respondem os bens comuns
e subsidiariamente os bens próprios. Discute-se bastante qual a
eficácia desta decisão do juiz, se tem eficácia extraprocessual para
qualquer outra situação fora do processo ou não. Rui Pinto mostra-
se contrário a esta eficácia extraprocessual da decisão judicial. Se o
juiz não considerar a dívida comunicável, o cônjuge tem (enquanto
ónus senão tem uma desvantagem), se a dívida não é comunicável
109

é tratada como própria, se é dívida próprias respondem (artigo


Página

4
Há quem diga que se forma uma extensão da eficácia subjetiva do título extrajudicial ou, como Rui Pinto, que se trata de
um título judicial impróprio da ação executiva.

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1696.º CC) os bens próprios e subsidiariamente os bens comuns


(não todos mas a meação do executado dos bens comuns. Por esta
razão, o cônjuge deverá, desde logo, requerer a separação de bens.
É fundamental requerer a separação de bens para salvaguardar a
meação daquele cônjuge nos bens comuns. Em relação ao divórcio
e à separação de bens, quando se diz que não vale a pena as pessoas
divorciarem-se antes porque o que releva é o momento em que se
constitui a dívida (artigo 1690.º CC), e não o momento em que se
executa a dívida. Se eles eram casados no momento em que a dívida
se constituiu não interessa se agora são divorciados. Contudo, é
importante perceber que se o exequente decidir indicar a penhora
de todos os bens comuns, ainda que saiba que a dívida é próprio,
se só depois é que existe a separação de bens, o exequente vai ter
que dar o seu acordo a uma partilha extrajudicial dos bens. Isto faz
sentido porque se assim não fosse, se o exequente não tivesse que
dar o seu acordo, tínhamos a situação em que eles poderiam
arranjar formas de que a meação do cônjuge do executado tivesse
muitos mais bens do que a meação do executado. Quando os bens
já estão penhorados, o exequente deve dar o seu acordo, estamos
perante um dos efeitos mais importantes da penhora que é o da
eficácia relativa. Isto significa que a partir do momento em que está
um bem penhorado ele não poderá ser alienado (significa aqui
passar para a meação do outro cônjuge) ou onerado sem que exista
acordo do exequente sob pena de não produzir qualquer efeito essa
alienação. Por essa razão, quando estamos a falar de separação de
bens, neste caso, em que já existem bens comuns penhorados, o
exequente ou tem uma palavra a dizer e dá o acordo àquela partilha
e estará a controlar para não ser defraudado naquela partilha, se não
estão a tirar bens da meação de bens comuns do executado. Se ele
não aceitar, se não houver acordo do exequente, então aí a
separação de bens terá de ser feita judicialmente, situação em que
os credores se podem imiscuir nas partilhas para garantir que, sendo
credores dos bens partilhados que não existe uma dissipação desses
bens. Outra nota, apesar da letra do artigo 740.º CPC, a separação
de bens, atualmente, já não ocorre num tribunal, mesmo a judicial,
ocorre num cartório.
3. Dívidas próprias: temos título executivo contra um e só um deles e que é
110

responsável. Não existe nenhuma causa de comunicabilidade da dívida.


a. Quanto ao Direito Substantivo:
Página

i. Quem é que responde pela dívida: o que consta do título executivo.

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ii. Que bens é que respondem pela dívida: respondem os bens próprios e
subsidiariamente a meação dos bens comuns (artigo 1696.º CC).
b. Quanto ao Direito Adjetivo: nestes casos, o cônjuge do executado tem o
ónus de requerer a separação de bens, não tem obrigação, se não o fizer
incorre numa desvantagem que é o facto de que todos os bens comuns
podem ser penhorados. A separação de bens deve ser requerida no
momento em que é citado. Quanto às dívidas próprias, aquilo que se
discute é que temos uma dívida própria mas propõe-se uma ação executiva
contra os dois. Se se propõe contra os dois, o cônjuge do executado deverá
opor-se à execução alegando a sua ilegitimidade, se for procedente,
passando a ser cônjuge do executado e depois requerer a separação de
bens.
Nota sobre estas três dívidas: só há incidente de comunicabilidade nas dívidas
comunicáveis, não há incidente de comunicabilidade nas comuns nem nas dívidas
próprias. Quanto à separação de bens, o Professor Rui Pinto, fala no incidente de
comunicabilidade também nos casos de separação de bens.
Casos de citação do cônjuge do executado: cônjuge do executado, como já vimos,
é alguém que está casado com o executado e que foi chamado para a execução. O
cônjuge deve ser citado como tal, ou seja, como cônjuge do executado, em três
situações. São penhorados bens próprios do executado e não do cônjuge do executado.
Estas situações são aquelas em que o próprio cônjuge executado não poderia alienar os
bens sem o consentimento do outro.
Por exemplo, bem de solteiro, uma casa que passou a ser depois casa de morada de família onde vive,
se essa pessoa quiser vender a casa não o poderá fazer sem o consentimento do outro cônjuge.
É um bem próprio mas tendo em conta a natureza e importância de determinados bens
próprios na própria economia familiar existe aqui a necessidade do consentimento do
outro cônjuge (artigos 1682.º e 1682.º-A CC) que só se aplicam aos casos de comunhão
de bens. Se este casal, mencionado no exemplo anterior, estiver casado num regime de
separação de bens não tem, não se exige o consentimento do outro. Ora, na ação
executiva temos uma equiparação destes artigos 1682.º e 1682.º-A CC, naturalmente
que já não poderá ser por via do consentimento do cônjuge. O equivalente a este
consentimento dos artigos 1682.º e 1682.º-A CC é o dar conhecimento, equivale ao
consentimento o dar conhecimento. Dar conhecimento ao cônjuge através da citação.
Temos aqui então situações em que o cônjuge do executado é chamado à ação executiva
para lhe dar conhecimento de que determinados bens foram, bens próprios do
executado, executados. O cônjuge não terá de dar nenhum consentimento mas deverá
ser citada. Estes bens são todos aqueles que constam dos artigos 1682.º e 1682.º-A CC
111

menos os bens móveis, ou seja, bens imóveis e estabelecimento comercial, resulta do


artigo 786.º, n.º1, alínea a) CPC. Se forem penhorados bens do cônjuge do executado,
Página

este deverá embargar de terceiro (ver esquema 28 do livro da associação), devemos fazer esta comparação

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porque como já vai sair a citação do cônjuge do executado, temos de saber quais é que
são os casos em que ele deve ser citado como cônjuge do executado e os casos em que
ele pode embargar de terceiro porque não foi citado como cônjuge do executado. O
terceiro é alguém face à execução e não face à relação jurídica material.

Penhora: após a fase de oposição à execução, iniciam-se os atos preparatórios do


pagamento ao exequente, nomeadamente: a penhora e a venda dos bens penhorados. A
penhora é o ato processual do Estado em que este retira ao executado os poderes de
aproveitamento e de disposição de um direito patrimonial na sua titularidade. Traduz-se
na apreensão judicial de bens do executado. É necessária para permitir a venda. É
legitimada pelo artigo 817.º CC: sendo o património do devedor a garantia geral dos
credores (artigo 601.º CC) tudo o que integra o património é suscetível de ser penhorado.
De acordo com o artigo 735.º CPC só em casos excecionais, estabelecidos na lei, é que o
património de terceiro pode responder pela dívida, desde que sejam executados.
Efetivamente, a penhora pode ser feita quando os bens do devedor estejam na posse de
terceiro (artigo 54.º, n.º4 e 747.º, n.º1 CPC), cabendo depois a esses terceiros embargar
de terceiro, se entenderem que têm um direito legitimamente oponível ao exequente. No
fundo, será um ato de apreensão judicial de bens para ulterior venda executiva. O ato de
penhora não cumpre uma função sancionatória mas, antes, uma função instrumental: visa
acautelar o exercício do direito de execução sobre o património do devedor. Desempenha
uma função de garantia do cumprimento de obrigações. O ato de penhora tem por objeto
toda e qualquer situação jurídica ativa disponível de natureza patrimonial, integrante da
esfera jurídica do executado, cuja titularidade possa ser transmitida forçosamente nos
termos da lei substantiva.
1. Objeto imediato: são sempre direitos patrimoniais, os que são suscetíveis de serem
penhorados.
2. Objeto mediato: aquele que determina o procedimento da penhora:
a. Bens móveis;
b. Bens imóveis;
c. Direitos.
Em termos simples, numa execução, são penhoráveis os bens do devedor que,
respondendo substantivamente pela dívida, não estejam abrangidos por cláusulas
especiais de exclusão que, num plano global, componham uma penhora
proporcional na extensão e adequada na qualidade.
3. Princípios da penhora:
a. Princípio da economia (artigo 715.º, n.º1 CPC):há aqui uma ideia de economia de
meios. É este princípio que justifica que haja preferência pela penhora de
112

salário. Diz-nos para irmos ao património do executado e ver o que é que lá


existe que seja de mais fácil penhora.
Página

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b. Princípio da proporcionalidade (artigo 735.º, n.º3 CPC): há um limite máximo e um


limite mínimo para a penhora. Não devem ser penhorados mais do que os
bens necessários para satisfazer a dívida, contudo, há uma exceção a isto no
artigo 751.º, n.º3 CPC. Há, também, ainda uma ideia de limite mínimo que
nos diz que não podem ser penhorados bens que não sejam suficientes para
se pagar o crédito do exequente.
c. Princípio da fungibilidade (artigo 753.º, n.º3 CPC): a penhora pode ser substituída
por um valor equivalente, um valor caucionado pelo próprio executado pois
é indiferente se está a ser penhorado um bem ou uma caução do valor desse
bem.
4. Competência funcional: é do agente de execução (artigo 719.º, n.º1) que convolará
a penhora (artigo 823.º, n.º1 CPC).
5. Âmbito subjetivo; bens em poder de terceiro: no plano subjetivo, a regra, tanto
do artigo 53.º CPC, como a do artigo 817.º CC, é a de que apenas os bens do
devedor estão sujeitos à execução. Condição: a execução tenha sido movida contra
o terceiro. Aqui é terceiro em relação à dívida, não podendo ser terceiro ao
processo. Por isso, há-de ter legitimidade:
a. Artigo 54.º, n.º2 CPC: um sujeito que tenha dado em garantia real de uma
dívida alheia é um bem seu;
b. Artigos 818.º e 616.º, n.º1 CC: um terceiro contra quem tenha sido obtida
com sucesso sentença de impugnação pauliana.
Trata-se de uma extensão subjetiva do âmbito primário da penhora a quem não é
devedor, sendo, antes, terceiro à dívida. Assim, o devedor subsidiário não está
abrangido pelo que o fiador e o sócio de sociedade de responsabilidade ilimitada
estão sujeitos à penhora nos termos do artigo 735.º, n.º1 CPC. De acordo com o
artigo 747.º, n.º1 CPC, os bens do executado são apreendidos ainda que, por
qualquer título, se encontrem em poder de terceiro, sem prejuízo dos direitos a que
este seja lícito opor ao exequente. O agente de execução deve indagar se esse título
é o penhor ou o direito de retenção. Se assim suceder, fará constar do auto de
penhora o domicílio do credor, para posterior citação para a reclamação de créditos
nos termos do artigo 786.º, n.º1, alínea b) e n.º4 CPC. Esta averiguação justifica-se,
em sede de reclamação de créditos, pode se ter restringido a citação dos credores
com garantia real, que não careça de ser registada (artigo 786.º, n.º1, alínea b) CPC).
Aqui, o objeto da penhora não é o direito de terceiro, contudo, ela irá restringir ou
mesmo suprimir direitos de terceiro que não sejam ilicitamente oponíveis ao
exequente. Devemos ainda ter presente que o que se penhora não é o bem mas,
sim, o direito que o executado tem sobre esse bem. Daí que o usufruto seja
113

penhorável, o direito de aquisição, o direito de superfície. Também podem ser


penhorados direitos de crédito, nomeadamente, os direitos de crédito do devedor.
Página

As perspetivas de aquisição também são penhoráveis, os depósitos bancários, os

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direitos e quotas de sociedades, estabelecimento comercial, salários, rendas e


pensões. No fundo, é penhorável o que tenha caráter patrimonial e que pertença
ao devedor.
O objeto máximo potencial da penhora é a garantia das obrigações. Assim, o objeto
concreto tem quatro limites:
1. Limites substantivos: a lei estabelece limites quanto à responsabilidade pelas
dívidas e quanto à sua transmissibilidade.
2. Impenhorabilidades;
3. Princípio da proporcionalidade: mesmo que um certo bem responda para a
dívida, seja transmissível e possa ser penhorado, é preciso ter em atenção
o quantum pois a penhora só pode ter a extensão correspondente à
dívida exequenda e às dívidas acessórias. O artigo 735.º, n.º3 CPC lida
com uma dupla estimativa: valor dos bens e o valor das despesas de
justiça. Este artigo vem impor ao agente de execução o dever legal de
promover a penhora apenas dos bens na medida necessária e suficiente
para atingir os limites estabelecidos naquela norma. A violação do artigo
735.º, n.º3 CPC é fundamento de oposição à penhora pelo executado
(artigo 784, n.º1, alínea a) ou de reclamação para o juiz pelo exequente
(artigo 723.º, n.º1, alínea c) CPC).
4. Princípio da adequação: dentro dos bens que caibam no valor determinado
pelo princípio da proporcionalidade, devem ser penhorados os bens que
melhor se adequem ao interesse do credor, sendo mais facilmente
transmissíveis e resultando num melhor produto da venda.
 Responsabilidade (limites substantivos): a lei substantiva dita o alcance
máximo do objeto da penhora. Tanto para as pessoas singulares, como para as
pessoas coletivas, a regra é a da responsabilidade universal e imediata do artigo
601.º CC. À partida, responde todo o património do devedor de forma imediata e
incondicional enquanto garantia geral do credor. O princípio da responsabilidade
universal conhece várias exceções. Podem existir limitações legais e convencionais
de responsabilidade que afastam a universalidade e a imediação da responsabilidade.
O artigo 601.º CC, na parte final, ressalva a separação de patrimónios. A segregação
patrimonial pode ser plena – opera-se uma restrição à universalidade da
responsabilidade. O património só responde por certa categoria de dívidas.
Também pode ser condicional pois opera-se uma restrição à imediação da
responsabilidade. O património responde primariamente por certas dívidas e
condicionalmente por todas as restantes.
o Limites legais de responsabilidade:
114

 Artigos 197.º, n.º3 e 271.º CSC;


 Artigo 831.º e 833.º, 2.ª parte CC;
Página

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 Artigo 1181.º, n.º1 CC desde que sujeito a registo pelo artigo 1184.º
CC;
 Artigo 2292.º CC;
 Artigo 127.º, n.º2 CC.
o Limites convencionais de responsabilidade: os artigos 602.º e 603.º CC
contêm regimes de limitação negocial de responsabilidade. O artigo 602.º
CC tem uma limitação positiva (limitar a responsabilidade do devedor a
alguns dos seus bens) e uma limitação negativa (determinados bens sejam
excluídos da execução). Nada impede que essa limitação esteja sujeita a
condições ou só opere para certas dívidas que o devedor tenha perante o
credor. O artigo 603.º CC regula um caso especial de limitação de
responsabilidade no caso de doação ou em testamento. Fica claro que as
partes podem restringir o objeto da penhora, mas não podem esvaziar o
direito à execução pois este é um direito irrenunciável.
o Limitações decorrentes da separação de patrimónios: a separação pode ser:
 Absoluta: o executado tem no seu património uma certa massa de bem
que está destinada à dívida. Havendo plena autonomia patrimonial,
certos bens só respondem por certas dívidas e mais nenhumas.
 Relativa: há uma massa que responde preferencialmente pela dívida e
outra que responde subsidiariamente. Não havendo autonomia
patrimonial, temos um fenómeno de responsabilidade subsidiária
(artigo 745.º CPC).
 Existem dois tipos de responsabilidade subsidiária:
o Objetiva: a subsidiariedade tem lugar no interior do património do executado,
em resultado da existência de separação de patrimónios. Há uma parte
constituída por bens que está delimitada, autonomizada do restante
património, na medida em que não responde de imediato por qualquer
dívida, mas apenas pelo pagamento de determinadas dívidas. Aqui a
condição de penhora dos bens do executado que respondem em segunda
linha é uma prognose fundamentada de falta ou insuficiência dos bens do
executado que poderiam ser primariamente executados. (artigos 745.º, n.º5
complementado pelos 740.ºa 742.º e 786.º, n.º1, alínea a) e 752.º, n.º1 CPC).
Situações de bens que beneficiam de um regime de responsabilidade
subsidiária objetiva:
 Bens comuns, sendo a dívida própria (artigo 1695.º CC) ou bens
próprios sendo a dívida comum (artigo 1696.º CC);
 Bens onerados com garantia real a favor do credor (artigo 697.º CC
115

e 752.º CPC).
Artigo 697.º CC: o devedor que for dono da coisa hipotecada tem o direito
Página

de se opor não só a que outros bens sejam penhorados na execução

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Executivo in momentum brevis accipitur

enquanto não se reconhecer a insuficiência da garantia; e que, relativamente


aos bens onerados a execução se estenda além do necessário à satisfação do
direito do credor. O agente de execução está vinculado a esta norma, pelo
que não pode deixar de promover primariamente a penhora dos bens sobre
os quais incida a garantia do exequente, salvo se o exequente tiver
renunciado ou expressamente não pretender exercer a garantia. Só na sua
falta irá penhorar outros bens do devedor, embora no caso do artigo 54.º,
n.º3 CPC somente depois de ele estar na ação como executado. Têm de se
esgotar primeiro os bens do devedor sobre os quais incide a garantia real
devido ao benefício da excussão real do artigo 697.º CC. Se o executado
entender que esta subsidiariedade não foi respeitada poderá, invocando a
violação do artigo 752.º, n.º1 CPC e do artigo 697.º CC deduzir oposição à
penhora ao abrigo do artigo 751.º, n.º4, alínea b) CPC. Se os bens onerados
forem insuficientes, o agente pode autonomamente fazer a penhora de
outros bens ao abrigo do artigo 751.º, n.º4, alínea b) CPC. Se a garantia
incidir sobre os bens do devedor subsidiário, o benefício da excussão prévia
prevalece sobre a garantia real pelo que têm de primeiro ir aos bens do
devedor principal. Se estes se mostrarem insuficientes ou não existirem, deve
começar-se por penhorar o bem onerado com a garantia real por força do
benefício da excussão real. Caso a garantia incida sobre bens de terceiro, o
benefício da excussão prévia prevalece e o fiador pode recusar-se a pagar
enquanto não for executado o bem de terceiro sobre o qual incide a garantia
real. Esta garantia tem de ser anterior à fiança. Tecnicamente, nos termos do
artigo 639.º CC, o que acontece é que o fiador adquire o benefício da
excussão real.
o Subjetiva: a subsidiariedade é entre as dívidas de dois sujeitos (um devedor
principal e um devedor secundário) e, consequentemente, entre os
respetivos patrimónios. Temos dois devedores, só que um deles só responde
pela dívida na falta ou insuficiência de bens do outro devido ao benefício da
excussão prévia. A condição de penhora dos bens do devedor subsidiário é
a verificação do esgotamento ou falta dos bens do património do devedor
principal. Este esgotamento só ocorre com um pagamento insuficiente
resultante da venda.
Regime: artigo 745.º, n.º 5 e 7 CPC. São os casos de fiança, do sócio da
Sociedade Civil, do sócio de Sociedade em Nome Coletivo e do sócio
comanditado da Sociedade em Comandita.
 Fiador: na execução da obrigação afiançada é-lhe lícito recusar o
116

cumprimento enquanto o credor não tiver excutido todos os bens do


devedor sem obter a satisfação do seu crédito (artigo 638.º, n.º1 C). Só
Página

não será assim na fiança mercantil do artigo 101.º CCom ou quando o

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Executivo in momentum brevis accipitur

fiador tenha renunciado ao benefício da excussão prévia dos artigos 640.º


e 641.º, n.º2 CC. Se, para a mesma dívida, houver garantia real constituída
por terceiro, contemporânea da fiança ou anterior a ela, tem o fiador o
direito de exigir a execução prévia das coisas sobre que recair a garantia
real, mesmo que os bens do devedor principal se hajam esgotado (artigo
639.º, n.º1 CC). Isto tem aplicação independentemente de ter ou não
renunciado ao benefício da excussão prévia. Se essa garantia real incidir
sobre os bens do devedor principal será irrelevante enquanto tal para o
fiador pois este reclamará a excussão prévia dos bens do devedor
principal, onerados ou não. É apenas da estrita legitimidade do devedor
principal a invocação, em sede de oposição à penhora, o benefício da
excussão real do artigo 697.º CC. O devedor subsidiário que seja
singularmente demandado tem a seu favor a garantia de forma ordinária
por força do artigo 550.º, n.º3, alínea d) CPC, desde que não seja
renunciado ao benefício da excussão prévia. No entanto, não deixa de
estar sujeito à dispensa de citação prévia por fundado receio de perda da
garantia patrimonial nos termos do artigo 727.º CPC. Em todas as
demais situações, ou seja, situações de execução de devedor subsidiário
que seja singularmente demandado, mas com renúncia ao benefício da
excussão prévia e execução conjunta de devedor subsidiário, a execução
seguirá a forma ordinária ou sumária, conforme o que decorra da
aplicação do artigo 550.º, n.º1 a 3 CPC.
 Ainda dentro da responsabilidade subsidiária subjetiva: o artigo 754.º CPC vem
estabelecer um regime mais simples através do qual possa o devedor
subsidiário fazer valer os seus direitos específicos. Este regime vale seja
qual for a forma do processo:
o Movida ação apenas contra o devedor subsidiário (maxime, um fiador – artigo
745.º, n.º1 CPC): esta é uma opção que faz sentido se o credor
souber que já não há mais nada para excutir no património do
devedor principal. Será processo ordinário (artigo 550.º, n.º3,
alínea d) CPC). Pode haver eventual litisconsórcio sucessivo com
o devedor principal. Para que a penhora não se inicie pelos seus
bens este pode:
 Alegar o benefício da excussão prévia (20 dias desde a
citação) – artigo 745.º, nº1 CPC – desde que não tenha
renunciado expressamente a ele ou se apresentou título
executivo judicial apenas contra o devedor subsidiário e
117

este, na ação declarativa, não tenha provado a intervenção


do devedor principal nessa ação – renúncia tácita ao
Página

benefício da excussão prévia (artigo 641.º, n.º2 CC).

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Executivo in momentum brevis accipitur

 Suspender a execução contra os seus bens se indicar bens


do devedor principal que hajam sido adquiridos
posteriormente à excussão dos bens deste ou que não
fossem conhecidos (artigo 745.º, n.º4 CPC).
Perante a alegação do benefício da excussão prévia o exequente
pode requerer, no próprio processo, a execução do devedor
principal em litisconsórcio sucessivo (artigo 745.º, n.º2 CPC). A
penhora imediata dos bens do devedor subsidiário só se verifica
quando o exequente junte, com o requerimento executivo, prova
de que o devedor principal não tem bens ou que o devedor
subsidiário renunciou ao benefício da excussão prévia (artigo
745.º, n.º5 CPC). Se a ação foi movida contra o devedor
subsidiário fundada em título contra o devedor principal, o
devedor subsidiário é parte ilegítima, podendo opor-se à execução
(artigo 729.º, n.º1, alínea c) CPC). Já não o poderá fazer se o título
também for contra si.
o Movida contra o devedor subsidiário, singularmente ou com o devedor principal:
não podem penhorar-se os seus bens, enquanto não estiverem
excutidos todos os bens do devedor principal. O devedor
subsidiário tem o ónus de invocar o benefício da excussão prévia
em requerimento como objeção preventiva à penhora (artigo
745.º, n.º1 e 728.º, n.º1 CPC). Pode suspender a execução contra
os seus bens se indicar bens do devedor principal que hajam sido
adquiridos posteriormente à excussão dos bens deste ou que não
fossem conhecidos (artigo 745.º, nº4 CPC). Sendo deferido o
requerimento, suspende-se a execução quanto ao devedor
subsidiário (artigo 745.º, n.º2 CPC) e se era execução do devedor
subsidiário singularmente pode o exequente requerer a execução
contra o devedor, para o que será citado para pagamento integral;
se era execução contra o devedor subsidiário e o devedor principal,
prossegue apenas contra esta. Importa notar que o devedor
subsidiário pode renunciar ao benefício da excussão prévia:
 Por cláusula de renúncia expressa no contrato;
 Por renúncia tácita, quando seja proposta ação
condenatória contra o fiador e este não tenha invocado o
benefício da excussão na contestação.
o Movida apenas contra o devedor principal (artigo 745.º, n.º3 CPC):
118

executam-se os seus bens, mas se eles se revelarem insuficientes,


pode o exequente requerer, no mesmo processo, execução contra
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o devedor subsidiário, que será citado para pagamento do

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remanescente. À partida, não serão penhorados bens do devedor


subsidiário, por este ser estranho à execução. Sempre que o
exequente tenha título contra o devedor subsidiário, é possível a
sua citação ulterior para a execução, em litisconsórcio sucessivo
(artigo 745.º, nº.6 CPC).
Impenhorabilidades: não obstante a regra geral do artigo 735.º, n.º1 CPC que sujeita
todos os bens do devedor à penhora para responderem pela dívida exequenda, existem
certos bens que estão sujeitos a impenhorabilidades legais: conjuga-se o artigo 735.º, n.º1
CPC com o artigo 601.º CC. Assim, temos impenhorabilidades:
1. Absolutas (artigo 736.º CPC):
 São absolutamente impenhoráveis pois estão aqui em causa garantias
constitucionais, devendo entender-se que a dimensão patrimonial da
esfera jurídica das pessoas é um meio para o desenvolvimento da sua
dimensão pessoal;
 A alínea a) conjuga com o artigo 280.º CC que dita a nulidade do negócio
jurídico. Não faria sentido preparar um objeto para a venda executiva
que viria a ser nula, tendo em conta a natureza do bem;
 Está aqui subjacente uma ideia de custo-benefício pois a penhora é
sempre oneradora da esfera do devedor e, portanto, só deve ser feita
quando o benefício que o credor retira dela seja muito superior;
 Daí que a alínea c) vede a penhorabilidade dos bens de valor diminuto
pois não aproveitariam ao exequente;
 Na alínea d) não se exige que o local de culto esteja aberto todo o ano
mas somente que a frequência com que abre seja necessária para a
formação do culto;
 Na alínea e) faz-se referência aos túmulos.
o Há que ter em conta que as situações em que estamos perante um
jazigo vazio. Nestes casos, há quem entenda que se pode penhorar
pois não passa de um bem que serve para depositar restos mortais.
A diferença está em não os ter pois túmulo pressupõe que existem
restos mortais lá dentro. No entanto, há jurisprudência que
defende a impenhorabilidade ainda que vazios, pois devido à
natureza do bem continua a ser atentatório dos falecidos à
penhora.
 Relativamente à nova alínea h) há que notar que independentemente do
valor que tenha o animal de companhia, é sempre impenhorável.
Contudo, os prémios que tenha ganho já o são.
119

 Rui Pinto: estas impenhorabilidades são irrenunciáveis, não podendo o


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devedor indicar estes bens à penhora.

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2. Relativas(artigo 737.º CPC): a isenção de penhora só ocorre dentro de


determinadas circunstâncias:
 O conceito de economia doméstica só se refere aos bens que estão na
casa de morada efetiva do executado e cuja penhora contunda com a
dignidade da pessoa humana. Atende-se às necessidades mínimas de
alimentação, descanso e higiene. É um critério que tem de ser
interpretado à luz do princípio da proporcionalidade, podendo sofrer
alguns desvios subjetivos a favor das circunstâncias concretas do
executado.
 Dentro destes bens há que incluir as televisões pois a jurisprudência tem
entendido que a televisão é imprescindível por uma questão de
companhia e de acesso à cultura, sendo hoje em dia um padrão normal
das famílias.
3. Parciais (artigo 738.º CPC): a isenção de penhora é apenas parcial.
 Os direitos de crédito só podem ser penhorados até um certo limite
porque geralmente são destinados à garantia da subsistência do
executado:
o 1/3 (33%) é o limite de penhorabilidade estabelecido legalmente.
o O executado tem sempre de ficar com o valor do salário mínimo
pelo que se for esse o seu vencimento, não há lugar à penhora;
o O limite máximo da penhora são 3 vezes o salário mínimo, não
podendo ser penhorado mais do que isso.
 Artigo 739.º CPC: a proteção mencionada vale mesmo que estes créditos
sejam pagos através de conta bancária. Neste caso, o executado fica
obrigado a provar que aquele depósito ou valor é proveniente de um
crédito parcialmente penhorável;
 Artigo 738.º, n.º4 CPC: caso seja um crédito de alimentos estes limites
desaparecem pois entende-se que o direito à subsistência do exequente
prevalece sobre o do executado.
No que toca a salários, o esquema seguinte sintetiza a aplicação do regime:
1. São penhoráveis pelo artigo 773.º, n.º1 CPC, devendo notificar-se o
empregador (artigo 779.º, nº1 CPC): assim, o trabalho tem de ser
remunerado.
2. Como limites, temos:
 Limite máximo: 3 salários mínimos nacionais (+/- 1500€)
 Limite mínimo: salário mínimo ou pensões sociais (+/- 500€ no caso
do salário mínimo, ou menos, no caso de pensões sociais)
120

 2/3 do valor total do salário.


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 O juiz pode aumentar o limite do valor a penhorar pelo n.º6 do artigo


738.º CPC (tendo, assim, alguma margem de discricionariedade).
Assim, devemos:
Aferir o salário a receber x;
Dividir por 1/3 para saber os 2/3 impenhoráveis;
Observar se esse 2/3 que impenhoráveis são inferiores ao salário mínimo:
1. Se for, deve-se restringir o valor atribuído ao penhorável, até que ele fique
preenchido;
2. Caso não seja, o valor aferido nos 1/3 do valor total do salário será
penhorado.
Exemplifiquemos:
x=600€
x/3=200€ || os restantes 2/3 são 400 €
Donde:
1. Executado: ficaria com 400€
2. Exequente: ficaria com 200€
Sendo 400€ inferior ao salário mínimo e devendo os 2/3 impenhoráveis ter, no
mínimo, esse valor, teremos que reduzir o auferido pelo exequente no 1/3 e
aumentar o preservado nos 2/3 pelo executado, ou seja:
1. Executado: fica com 500€;
2. Exequente: fica com 100€.
Mas, imagine-se agora que o executado aufere 6000€:
x=6000€
x/3=2000€ || os restantes 2/ são 4000€.
Assim:
1. Executado: ficaria com 4000€
2. Exequente: ficaria com 2000€
Vimos que o limite máximo da impenhorabilidade são 1500€, portanto, quer
dizer que o valor deixado ao executado nos 2/3 que lhe são protegidos deverão
ser reduzidos até esse valor, aumentando o valor devido ao exequente. Ou seja:
1. Executado: fica com 1500€
2. Exequente: fica com 4500€
Tudo isto, porém, poderá ser limitado:
a. consoante o valor do crédito a executar ;
b. consoante a aplicação do n.º6 do artigo 738.º CPC pelo juiz,
mediante invocação do executado, para que temporariamente, o
valor penhorável possa ser reduzido.
121

4. Artigo 1184.º CC: caso de possível impenhorabilidade por indisponibilidade


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substantiva objetiva:

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 Os bens adquiridos pelo mandatário ainda não transmitidos ao mandante,


e que sejam adquiridos ao abrigo de um contrato de mandato sem
representação, não respondem pelas dívidas do mandatário, desde que o
mandato conste de documento anterior à penhora.
No que toca às impenhorabilidades subsidiárias, temos uma situação em que as partes
que são demandadas são efetivamente devedores mas podem responder
subsidiariamente. O elemento essencial é existir um ónus do benefício da excussão
prévia (não significa penhorar tudo, significa penhorar e vender e apurar o produto da
venda se não for suficiente, então, vamos passar a outro património), ou seja, quando
se fala em subsidiariedade real ou pessoal, só podemos atingir a outra esfera patrimonial,
seja da própria pessoa, seja de terceiro, se os bens do devedor principal não forem
suficientes.
Após isto, temos de distinguir entre subsidiariedade real e subsidiariedade pessoal:
Subsidiariedade real Subsidiariedade pessoal
Falamos de uma pessoa com diferentes Dizemos que temos A e B, respondendo
níveis patrimoniais ou diferentes esferas primeiro o património de A e só depois o
de afetação patrimonial. V.g.: de B.
A tem o seu património todo, quando Aqui dizemos ter duas pessoas, dois
falamos de subsidiariedade real significa patrimónios mas, na verdade, o que
que há bens que respondem primeiro e devemos dizer é que temos uma pessoa e
bens que respondem depois. duas esferas de afetação patrimonial (é a
Concluindo: uma pessoa, um património. estes casos que se aplica o artigo 745.º
Assim, quando se fala em garantias reais CPC, mas nem em todos os casos deste
que são prestadas pelo próprio devedor a artigo revela a subsidiariedade real, só o
consequência é que a penhora terá de n.º5 se aplica aos casos de subsidiariedade
começar pelo bem hipotecado (artigo real e pessoa, os outros aplicam-se só aos
657.º CC). caso de subsidiariedade pessoal.
Nestes casos, há sempre benefício da excussão prévia, mas não significa que ele seja
invocado.. O artigo 745.º CPC sofreu algumas alterações com o novo Código em
relação ao anterior artigo 828.º, essencialmente, com a existência ou não de benefício
da excussão prévia automático, ou seja, independentemente de invocação por parte do
devedor subsidiário. Isto significa que temos casos de subsidiariedade mas há uma
pessoa que tem de invocar o benefício da excussão prévia (v.g. fiança civil – artigo 637.º
CC).
O artigo 745.º, n.º5 CPC permite atalhar a ideia do benefício da excussão prévia quando
seja manifesto que nem os bens do devedor principal chegam, temos de afetar já os
bens do devedor subsidiário. Estamos nas hipóteses em que o exequente se provar que
122

é manifesto que os bens do devedor principal não chegam, poderá afetar logo os bens
do devedor principal e os bens do devedor subsidiário, o mesmo acontece com os
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cônjuges, se for evidente que os bens comuns não chegam pode já indicar à penhora os
bens próprios.
O artigo 745.º CPC foi bastante simplificado (vide esquema 20 do livro AAFDL).
Temos de ver três hipóteses diferentes:
1. Ação executiva é proposta apenas contra o devedor subsidiário: neste caso remos de tomar
em atenção pois apenas pode ser feita em processo ordinário (artigo 5503.º, n.º3,
alínea d) CPC), não pode ser nunca por forma de processo sumário, isto porque
há algum risco desta execução ter aqui uma irregularidade, por se estar a
demandar alguém que tem o benefício da excussão prévia, e por essa razão o juiz
tem de apreciar o requerimento executivo.
2. Ação executiva é proposta contra o devedor principal;
3. Ação executiva é proposta contra o devedor principal e contra o devedor subsidiário.
Quanto às impenhorabilidades totais/absolutas, relativas e parciais, há que as distinguir.
Parte-se da ideia de que a impenhorabilidade é excecional Devemos começar sempre as
respostas pelo artigo 601.º CC, ou seja, o património (em geral) é garantia geral das
obrigações e pelas dívidas do devedores, respondendo todo o seu património, salvo
aquilo que é impenhorável, ou salvo o que tenha sido convencionado a não ser
penhorado (artigo 602.º CC). Depois de se falar do artigo 601.º CC, temos de ver os
casos em que existem bens impenhoráveis.
Esquema 21 do Livro AAFDL:
1. Impenhorabilidades em sentido próprio e em sentido impróprio: quanto às
segundas, temos de conhecer as impenhorabilidades da mesma pessoa (caso de
subsidariedade real) e as impenhorabilidades com responsabilidade subsidiária
pessoal. Nota: os direitos de terceiros sobre bens penhorados (última coluna
destes esquemas nao sai para o teste), os quais devem embargar de terceiro.
2. Quanto às impenhorabilidades absolutas temos de distinguir o que é a
impenhorabilidade em função da natureza do objeto e em função da relação
desse objeto com a pessoa. Há objetos que não são impenhoráveis mas porque
a pessoa usa aquele objeto numa determinada forma são objetos impenhoráveis.
Nota: há partida, não podem ser penhorados bens públicos porque eles estão
afetos a uma determinada função pública.
Quando se fala que é excecional interessa saber se existe analogia nos casos de
impenhorabilidades atípicas. Stuações em que a penhora não está aqui no elenco de
bens impenhoráveis do artigo 736.º e 737º. CPC mas ela própria é uma ofensa
inadmissível ou uma restrição inadmissível de direitos fundamentais.
Nos artigos 602.º e 603.º CC temos os casos de impenhorabilidade convencional: no
caso do artigo 603.º CC temos exceções ao artigo 601.º CC, ou seja, por convenção das
123

partes, seja exequente/executado, seja por terceiro, há bens que não respondem pelas
dívidas. Se os bens forem não sujeitos a registo, a cláusula só é oponível aos credores
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cujo direito seja anterior à liberalidade, estamos a falar de situações em que os bens não

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são sujeitos a registo, pois se dor um bem sujeito a registo e a dívida posterior à doação,
de acordo com o artigo 603.º, n.º1 CC, respondem pelas obrigações posteriores à
liberalidade, logo se a obrigação fosse anterior à liberalidade aquele bem doado não
responde porque o credor não contava com aquele bem no património do devedor, foi
doado posteriormente. Ora, neste artigo 603.º CC, protegem-se credores posteriores,
porque esses conhecem o executado, já com esse bem no seu património, os anteriores
estão a ser desprotegidos porque nunca contaram com aquele bem no património do
devedor. Aquele bem está imune à penhora das dívidas presentes e futuras.
O professor Lebre de Freitas classifica as impenhorabilidades em sentido próprio
como:
1. Absoluta (artigo 736.º CPC);
2. Relativa (artigo 737.º CPC);
3. Parcial (artigo 738.º CPC);
4. Derivada (Artigo 739.º CPC);
5. Atípica (artigo 18.º, n.º2 CRP).
No caso do o artigo 1184.º CC temos bens em trânsito, bens que têm de ser
transmitidos a outra pessoa mas que têm de ser penhorados na esfera do mandatário,
tendo de ser entregues ao mandante e não ao mandatário.
Assim, bens inalienáveis, não se podendo vender, não vale a pena penhorar bens que
não podem ser vendidos, porque a penhora é instrumental à venda executiva, sendo
uma impenhorabilidade absoluta de acordo com o artigo 736.º, alínea a) CPC. Embora
possa ter valor de mercado, não pode ser penhorado porque não pode ser vendido.
Nem tudo o que é impenhorável é inalienável: há bens que não e penhoram mas podem
ser vendidos, não podem ser vendidos é em venda executiva, porque não podem ser
penhorados.
Quanto ao conceito de economia doméstica, existe uma divergência na densificação do
conceito indeterminado: Rui Pinto parece definir economia doméstica como um
colchão e pouco mais. Muitas pessoas, o que têm é a casa e o recheio da casa. O que se
tem discutido é em relação os bens essenciais. A bitola terá de ser a família média e a
utilidade aferida pela pessoa: tem de se considerar um padrão abstrato e ainda que eles
sejam muito caros se só existirem aqueles bens são impenhoráveis.
Tendo que se atentar: a impenhorabilidade é uma qualificação prévia, é anterior a
penhora.

Efeitos da penhora: podem ser arrumados em dois grupos:


1. Subfunção de garantia (artigo 822.º CC): a penhora permite ao exequente ser pago
antes de todos os outros que não tenham garantia real anterior à penhora ou ao
124

arresto dos bens penhorados, quando tenha havido arresto.


a. O exequente quando consegue penhorar um bem adquire um direito de
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garantia, ficando numa posição de prevalência sobre os outros credores.

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i. Rui Pinto: considera que não se trata de uma garantia real porque
não há sequela, pois os bens já não saem da esfera do executado; além
disso, há garantias que são meramente obrigacionais, como seria aqui
o caso;
ii. Lebre de Freitas: considera que se trata de uma garantia real
processual, porque se pode opor a outras execuções.
b. Se houver vários credores a concorrer aos mesmos bens, todos eles
aparecerão na reclamação de créditos e os seus direitos serão graduados, não
tendo o exequente que ficar em primeiro lugar: a execução singular
transforma-se em execução coletiva, e é por isso que dá jeito a subfunção de
garantia da penhora.
c. Artigo 822.º, n.º2 CC: manda prestar atenção ao arresto porque se este existir
antes da penhora, ele converte-se em penhora e esta fica com essa data
anterior, porque o arreto tem os mesmos efeitos da penhora
2. Subfunção de conservação dos bens:
 Indisponibilidade material absoluta: existe para evitar que os bens desapareçam ou
pereçam.
a. Corresponde à apreensão/desapossamento na penhora de coisas móveis;
quanto à penhora de direitos, como estes não estão associados a uma posse,
corresponde a uma inibição de exercício dos poderes de gozo e
aproveitamento sobre o bem, poderes esses que ficam à ordem do tribunal;
b. São duas as manifestações deste direito:
i. Quando o direito penhorado seja um direito de crédito sobre terceiro,
nos termos do artigo 777.º CPC, há uma alteração do regime de
cumprimento, que é uma decorrência deste efeito: o terceiro cumprirá
perante o agente de execução e já não perante o executado;
ii. A penhora de estabelecimento comercial faz-se por um auto,
enumerando-se todos os direitos existentes, continuando depois o
estabelecimento a funcionar normalmente, sob gestão do executado
com fiscalização nomeada pelo juiz, ou quando o exequente se opuser,
sob gestão de administrador nomeado pelo juiz (artigo 782.º CPC).
 Indisponibilidade jurídica relativa: existe para evitar que o executado aliene os bens.
É o efeito mais importante, por ser aquele que tem mais consequências práticas.
Atualmente, a penhora implica que o bem penhorado não pode ser vendido,
porque a lei determina que todos os atos de oneração e disposição dos bens
penhorados são ineficazes.
a. Oneração inclui o arrendamento.
125

b. A sanção não é a invalidade/nulidade, mas a ineficácia relativa, cujos


limites são:
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i. Temporal: só dura enquanto houver penhora. Se a penhora for


levantada e o bem não for vendido executivamente, o efeito do
ato onerador ou de disposição produz-se retroativamente;
ii. Subjetivo: não se trata de uma ineficácia erga omnes mas, sim,
direcional, na medida em que o ato em causa apenas não é
oponível à execução (exequente, credores reclamantes e
terceiros adquirentes na venda executiva);
iii. Objetivo: mesmo que sejam posteriores à penhora, são eficazes
os atos de oneração que sejam impostos por terceiro (princípio
da proporcionalidade):
1) Penhora posterior à primeira penhora;
2) Hipoteca judicial;
3) Contrato-promessa depois da penhora tem sido
mais discutível em aceitar. Miguel Teixeira de Sousa
considera que não porque o contrato-promessa fixa
um preço e isso restringe a venda executiva;
4) Pacto de preferência depois da penhora já que,
como entende Miguel Teixeira de Sousa, não se
estabelece um preço, não se restringindo a venda
executiva, sendo apenas necessário mais um ato de
notificação do preferente.
c. Os regimes da ineficácia são diferentes consoante os bens
penhorados:
a. Se for penhora de direitos reais (artigo 819.º CC): não se produz o
efeito translativo, o efeito real;
b. Se for penhora de direitos de crédito (artigo 820.º C): não se produz
o efeito extintivo, mas os efeitos modificativos podem operar,
exceto se prejudicarem a execução:
i. Esta ineficácia também opera se o terceiro extinguir a
dívida, para evitar extinções fraudulentas;
ii. Os contratos de longa duração levantam problemas,
porque o devedor do executado não pode extinguir o
contrato devido à ineficácia da extinção do crédito.
Miguel Teixeira de Sousa considera que quanto haja
causa não dependente da vontade do executado, a
ineficácia não opera.
Assim, segundo Miguel Teixeira de Sousa, a realidade decorrente da apreensão dos
126

bens assegura, portanto, a viabilidade da venda executiva dos direitos sujeitos à penhora
cumprindo uma função conservatória que, como o autor nos diz, é:
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 Material, ou seja, o bem não se descaminha ou deteriora transferindo para o


agente de execução dos poderes de exercício material do direito, maxime, o uso, a
fruição e administração (Anselmo Castro: a indisponibilidade material do bem.´
Mas, assim, que consequência daqui tiramos: posse, detenção?
1. Miguel Teixeira de Sousa: a penhora impõe ao executado um
desdobramento da posse sobre os seus bens:
a. permanece possuidor em nome próprio nos termos do seu direito de
que ainda fica como titular;
b. vê constituir-se sobre eles uma posse que é exercida pelo depositário
e que tem o conteúdo que resulta dos poderes que lhe são concedidos
(artigos 760.º e 772.º CPC).
Assim, e seguinte Rui Pinto, nesta posição:
a. A posse do agente de execução como depositário é a posse do Estado
no seu título (artigo 1253.º, alínea c) CC):
 O depositário é detentor;
 O Estado possuidor.
b. A posse civil é do executado e, assim, também a sua propriedade, até
à venda executiva (idem Anselmo de Castro).
2. Lebre de Freitas: o executado vê, com a penhora, a sua posse esbulhada e
inicia-se uma nova posse pelo tribunal: o depositário passa a ter a posse do
bem.
Um problema se levanta, porém, na posição de Lebre de Freitas, ao que se deve,
talvez, seguir o entendimento de Miguel Teixeira de Sousa e Anselmo de
Castro: a posse seria transferida para o executado no caso em que este o possa
ser e deixaria em maior insegurança o efeito conservatório da penhora.
 Jurídico: pretende que a faculdade de disposição do direito penhorado que incide
sobre o bem apreendido, e que o executado mantém na sua esfera jurídica, não
possa ser exercida de modo a privar a venda do seu objeto.
Assim,
Detentor Agente de execução
Possuidor Estado (maxime, Tribunal)
Proprietário/Titular do direito Executado

A transferência da posse e detenção para o Estado e Agente de execução têm, assim,


efeitos conservatórios que, nos termos da indisponibilidade jurídica do bem, o
executado está impossibilitado de o transmitir.
Em que medida, então, estão viciados os negócios de disposição e oneração real do bem/direito
127

executado?
De acordo com o artigo 819.º CC, estes são atingidos de ineficácia relativa destes atos:
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como diziam Anselmo de Castro e Alberto dos Reis: os atos são válidos, o executado

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não ficou privado dos poderes de disposição, estes só não produzem efeitos enquanto
estiver o bem penhorado. Assim, e segundo Miguel Teixeira de Sousa, e à luz do
princípio da proporcionalidade, a indisponibilidade e ineficácia não se estende a outros
efeitos que não contendem com a satisfação deste interesse.
Convém, por fim, referir que a inoponibilidade objetiva resultante da penhora dita que
apenas o efeito dispositivo e onerador são tocados pela ineficácia. Porém, a
proporcionalidade que a esta tem de se ater, ao imitar somente a estes, também limita
temporalmente estes seus efeitos: a inoponibilidade apenas se abate sobre os
incompatíveis com as pretensões do exequente e credores reclamantes. Mas tal não
impede que a impugnação pauliana possa proceder.
Em síntese
São três os efeitos da penhora de coisas:
1. Concessão de preferência (artigo 822.º CC): estamos a dizer que alguém que
constitua a penhora em primeiro lugar vai receber primeiro pelo produto da
venda. Tem preferência quem constitui o direito real em primeiro lugar. O que
acontece quando temos penhoras de diferentes graus? O direito do primeiro
tem preferência sobre o do segundo. O segundo já não receberá nada se o valor
se esgotar com o primeiro. Mas, o segundo entra na ação do primeiro na fase
de reclamação de créditos: mas quem rem garantia real constituída antes ou
depois da penhora não entra na execução por embargos de terceiro. Reclamam
créditos titulares de garantias reais e embargam de terceiro outras pessoas que
não titulares de garantias reais.
2. Desapossamento do executado: quando existe a penhora de um bem dá-se o
desapossamento, ou seja, o titular executado perde a posse do bem, mas não
significa que deixa de ter poder sobre o bem. Nota: a penhora não tem efeito
translativo, a ação executiva sim. A penhora não provoca a transmissão do
direito de propriedade. A penhora leva à transmissão da posse mas não a
transmissão do direito. Esta ideia de desapossamento está pensada para as
coisas, não para créditos. No caso destes créditos, há a perda da legitimidade
para cobrar crédito (artigo 820.º CC).
3. Indisponibilidade jurídica (artigo 819.º CC): sempre que estejamos numa
situação em que o bem foi penhorado e a seguir ocorre o ato transmissivo,
onerador ou de arrendamento do bem, temos uma situação em que o ato é
ineficaz (não é inválido/nulo). O que acontece é que a transmissão não sendo
eficaz, não é oponível perante os credores da execução (eficácia relativa –
ineficácia perante credores exequentes e credores reclamantes). Só deixa de ser
ineficaz se os credores derem o seu acordo à transmissão do bem. Tanto o ato
128

translativo como o ato onerador se constituem como ineficazes perante a


execução. (não esquecer, porém: só podem embargar de terceiro quem
Página

constituí direitos anteriormente à penhora).

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Oposição à penhora: seja qual for o meio utilizado, o pedido é sempre o mesmo:
levantamento da penhora – extinção da penhora mediante a sua revogação.
Quanto aos meios, temos, consoante o impugnante for:
a. O executado: tem como formas de impugnação a:

Oposição à penhora (artigos 784.º, 785.º e 856.º CPC)


É mais um incidente declarativo na ação executiva, para o qual só o executado tem
legitimidade ativa e cuja causa de pedir assenta na ilegalidade objetiva da penhora (regras
da responsabilidade subjetiva e subsidiária, regras das impenhorabilidades, princípio da
proporcionalidade).

Assim, há que distinguir se estamos:


4. Na forma ordinária: o prazo é de 10 dias a contar do ato de penhora (artigo 785.º,
n.º1 CPC). Não tem efeito suspensivo, a menos que o executado preste caução
(artigo 785.º, n.º3 CPC), embora nenhum credor possa ser pago, durante a
pendência do incidente, sem prestar caução (artigo 785.º, nº.6 CPC). Protege-se a
casa de morada de família (artigos 733.º, n.º5 ex vi 785.º, n.º4 CPC).
5. Na forma sumária: o incidente corre em termos cumulados com a oposição à
execução, sendo o executado citado e notificado do ato de penhora no mesmo
momento, sendo o prazo de 20 dias a contar do ato de penhora (artigo 856.º, n.º1
CPC). A oposição à penhora não tem autonomia procedimental, a menos que o
executado apenas deduza oposição à penhora. Se forem deduzidas ambas as
oposições de forma cumulada, o efeito suspensivo da oposição à execução
estende-se à oposição à execução.

Oposição por simples requerimento (artigo 744.º CPC)


Quando se execute uma dívida de herança, só podem ser penhorados bens recebidos
na herança, pelo que se foram penhorados outros bens, o executado indicando outros
bens da herança, pode requerer o levantamento daquela.
Oposição por simples requerimento dos atos do agente de execução
(artigo 723.º, n.º1, alínea d) CPC)
Qualquer outro vício, que não caiba nos outros dois meios de impugnação, requer a
utilização deste meio para sua defesa. Na opinião de Rui Pinto, é o meio indicado para
arguir a nulidade da penhora, mas há doutrina que considera que esta arguição deve ser
feita à parte, nos termos gerais.

b. O exequente: opõe-se, através da reclamação por simples requerimento dos atos


129

de execução.
Página

c. Um terceiro (não parte na execução): tem como formas de impugnação:

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Executivo in momentum brevis accipitur

Embargos de terceiro
É um incidente declarativo da execução, não podendo por isso existir depois de extinta
a execução, sendo regulado como um incidente de intervenção de terceiros (artigo 342.º
CPC).
Há um prazo essencial, previsto no artigo 344.º, n.º2 CPC: 30 dias a contar do ato da
penhora ou do conhecimento desse ato, mas nunca depois dos bens terem sido
vendidos pois, aí, terá que seguir para ação de reivindicação. Mas, há que ter em atenção,
este prazo é um prazo material de caducidade e, portanto, é contado nos termos do
Código Civil e não nos termos do Código de Processo Civil, sendo, por isso, um prazo
não contínuo e de conhecimento oficioso, cabendo à parte passiva o ónus de provar
que a caducidade já se verificou.
Tem, assim, duas fases:
1. Introdutória: decorre entre o terceiro e o tribunal e tem natureza de tipo cautelar.
Serve para o terceiro procurar demonstrar a aparência do bom direito (o fumus
boni iuris) do artigo 345.º CPC. Começa com a petição inicial, há despacho
liminar, há prova e há um segundo despacho do juiz de rejeição ou recebimento
dos embargos.
a. Efeitos da rejeição (artigo 346.º CPC): não obsta a que se proponha outra
ação de reivindicação ou de simples apreciação positiva, porque o
despacho não faz caso julgado material;
b. Efeitos da receção (artigo 347.º CPC): suspende o processo contra os bens
em causa e restitui-se provisoriamente a posse ao terceiro, embora a
penhora se mantenha, se o embargante a pedir, sendo que o terceiro fica
como depositário, notificando-se as partes primitivas para contestar
(artigo 348.º CPC).
2. Contraditória: decorre entre o terceiro, o tribunal e as partes primitivas da ação
executiva. Tem uma natureza tipo declarativo e segue-se os termos do processo
comum: despacho saneador > audiência prévia > audiência de julgamento > sentença.
E tem uma causa de pedir complexa: é necessário que tenha ocorrido um ato
concretamente ofensivo de um direito ou da posse do terceiro. Este ato pode ser a
penhora, um arresto, uma restituição provisória da posse ou qualquer outro ato, pois
esta figura é um meio de oposição não só aplicável à ação executiva. Há uma ofensa
concreta quando:
1. O direito é incompatível com o âmbito da penhora: a penhora é mais vasta do
que devia ser e prejudica o terceiro pelo seu registo;
2. O direito é incompatível com o ato da penhora: a penhora é mais vasta do que
130

devia ser e prejudica o terceiro pelo desapossamento.


 Direitos ou posse incompatíveis são aqueles que sejam materialmente oponíveis
Página

à execução:

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Executivo in momentum brevis accipitur

 São, prima facie, os direitos reais de gozo na titularidade do terceiro e a pose


no seu âmbito, porque estes são oponíveis erga omnes (mais a locação –
artigo 1057.º CC).
 Os direitos reais de garantia também são oponíveis à execução, bem como
os direitos reais de aquisição, bem como os direitos reais de aquisição, mas
não em sede de embargos de terceiro, porque o Código de Processo Civil
define que estes credores devem utilizar a reclamação de créditos ou
esperar que sejam citados, sob pena de nulidade (artigo 786.º, n.º6 CPC).
Isto só não é verdade se o terceiro com garantia real ou promitente-
comprador forem terceiros perante o próprio executado, porque nesse
caso, eles nunca vão ser citados: quando os direitos dos credores oneram
os bens do terceiro e não os bens do executado, esta é a única via para
eles se defenderem.
 O possuidor em nome alheio (detentor) não pode embargar de terceiro
.
Ação de reivindicação (artigo 1311.º CC)
Pode ser colocada a todo o tempo, desde que não tenha havido usucapião, mesmo
depois da extinção da ação executiva e da venda executiva. Se a ação for procedente, a
venda executiva é anulada. Isto porque a ação de reivindicação é dirigida contra a
execução (Estado, exequente e executado, em litisconsórcio passivo).

Mas, atenção, o protesto por reivindicação é relevante ter-se em conta (artigo 840.º
CPC): se o objeto da execução e da ação de reivindicação forem coisas móveis, estas
não podem ser entregues ao comprador em venda executiva e o produto da venda não
é levantado sem que se preste caução

Oposição por simples requerimento (artigo 723.º, n.º1, alínea d) CPC)


Na opinião de Miguel Teixeira de Sousa, protesto no ato de penhora.
Na penhora de bens móveis não sujeitos a registo, o agente de execução não tem como
se certificar de que os bens pertencem ao executado, razão pela qual existe a presunção
do artigo 764.º CPC: presume-se que são do executado os bens encontrados na sua
posse.
Na opinião de Rui Pinto, o agente de execução deve fazer sempre a penhora não sendo
admissível o protesto imediato, nem por impenhorabilidades objetivas, nem por
impenhorabilidades subjetivas.
Foi uma alteração de 2003: a presunção do artigo 764.º, n.º3 CPC só pode, assim, ser
ilidida perante o juiz, por prova documental inequívoca, sendo que quanto ao prazo
131

podemos ter:
1. 30 dias a contar do ato ou do conhecimento do ato, se o impugnante for terceiro
Página

à execução (aplicação analógica do prazo de embargos de terceiro);

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Executivo in momentum brevis accipitur

2. 10 dias a contar do ato se o impugnante for parte na execução (aplicação


analógica do prazo supletivo na lei para os atos processuais).
Há doutrina que considera, todavia, que a presunção só serve para resolver casos
duvidosos e, por isso, quando seja manifesto que o bem é de terceiro, o agente de
execução, oficiosamente, já não fará a penhora.
Para este incidente têm legitimidade:
1. O terceiro proprietário do direito penhorado;
2. O executado, por si próprio ou terceiro.
Uma vez feito o protesto, o juiz tem que notificar as partes primitivas para que estas
deduzam o seu contraditório, ainda que não estejamos aqui perante um verdadeiro
incidente declarativo, porque a sua decisão não faz caso julgado. Consequentemente,
1. Se não houver oposição: a prova documental é inequívoca;
2. Se houver oposição do exequente ou do executado, porque a data do documento
não é clara e, por isso, não se sabe se o direito do terceiro é anterior ou posterior
à penhora ou porque o documento é falso, cabe ao juiz decidir se foi ou não
posta seriamente em causa a veracidade do documento.
Se o terceiro perder neste incidente, não há caso julgado, pelo que o terceiro pode
recorrer aos outros meios de oposição à penhora.

Citação do Cônjuge: consumada a penhora, determina o artigo 786.º, n.º1, 2 e 5 CPC


que o agente de execução, conforme a sua competência (artigo 719.º, n.º1 CPC) procede
oficiosamente à citação das pessoas mencionadas no artigo 786.º, n.º1 CPC, entre elas o
cônjuge do executado e os credores que sejam titulares de uma garantia real sobre os bens
penhorados para reclamarem o pagamento dos seus créditos.
A citação será promovida pelo agente de execução por via postal (artigo 228.º CPC) e, no
caso de esta se frustrar, será efetuada mediante contacto pessoal do agente de execução
com o executado (artigos 231.º e 232.º CPC.
De acordo com o artigo 786.º, n.º7 CPC, o cônjuge do executado tem de ser citado
pessoalmente. E, assim, deve ser informado do seguinte:
1. Artigo 227.º, n.º1, 2.ª parte CPC;
2. Artigo 227.º, n.º1 CPC.
3. Artigo 227.º, nº2 (prazo para deduzir oposição à penhora.
O desrespeito pelas normas de procedimento e conteúdo da citação são causa de nulidade
da citação nos termos gerais (artigo 191.º, n.º1 CPC). Pode ser invocada pelo cônjuge no
prazo da oposição. A pura e simples falta de citação do cônjuge do executado imposta
pelo artigo 786.º, n.º2 CPC tem o mesmo efeito que a falta de citação do réu, o que implica
que segue o regime geral da nulidade primária da falta de citação: esta falta de citação fica
132

sanada se ele intervier na execução sem logo arguir esta falta de citação (artigo 189.º, n.º1
CPC).
Página

Mas, aqui, há que distinguir:

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Executivo in momentum brevis accipitur

O credor tem título executivo contra ambos os cônjuges


Ambos são executados: não há estatuto de cônjuge do executado, nem lugar à citação
do cônjuge.
O credor tem título contra um relativamente a dívida comunicável
Se o título for judicial, não pode haver comunicabilidade porque já houve ação
declarativa anterior e a comunicabilidade deveria ter sido feita nesta ação.
A comunicabilidade é um incidente que permite alargar o título executivo contra um
dos cônjuges ao outro.
Até que seja procedente a comunicabilidade da dívida, o cônjuge terá o estatuto de
cônjuge do executado. A partir do momento da procedência da comunicabilidade passa
a ser executado.
A citação ocorre pelos artigos 786.º, n.º5, 741.º e 742.º CPC e transforma o cônjuge do
executado, passando o seu património também a responder pela dívida. À partida, o
cônjuge do executado aceitará a comunicabilidade e defender-se-á dela para não adquirir
estatuto e proteger os seus bens.
O credor tem título contra um relativamente a uma dívida própria
O outro cônjuge tem o estatuto de cônjuge do executado.
Se o exequente colocar a ação contra os dois será procedente a oposição à execução na
qua se alegue a ilegitimidade da parte.
A citação ocorre quando:
1. Artigos 786.º, n.º1, alínea a), 2.ª parte e 740.º, n.º1 CPC : estão em causa bens
comuns do casal. é citado para requerer a separação de bens, podendo deduzir
oposição à execução e/ou à penhora, porque estão a ser executados bens seus
por uma dívida pela qual não tem responsabilidade.
2. Artigo 786.º, n.º1, alínea a), 1.ª parte CPC: estão em causa bens que, embora
sejam próprios, o executado não pode alienar sem o consentimento do outro. Só
cabem aqui os bens imóveis e o estabelecimento comercial que não possam ser
alienados sem o consentimento do outro cônjuge. Relativamente aos restantes
bens dos artigos 1682.º e 1682.º-A CC, o cônjuge não tem de dar o
consentimento. Isto sob pena de não se conseguir penhorar nada, dando-se
apenas a conhecer a situação destes bens ao cônjuge, mediante a citação.
O estatuto de cônjuge do executado traz os direitos do artigo 787.º CPC: nomeadamente
pode opor-se à penhora e requerer a separação dos bens. É o agente de execução que,
quando penhorar os bens comuns que haja escolhido, deverá citar o cônjuge do executado
(artigo 740.º, n.º1 CPC) para este poder requerer a separação dos bens.
A citação é promovida oficiosamente pelo agente de execução (artigo 786.º, n.º1, alínea a)
CPC), independentemente de o executado ter sido citado previamente à penhora ou só
133

depois desta. Cabe a esse agente a realização das citações que devam ter lugar por causa
da penhora e aquando da penhora (artigo 786.º, n.º1 e 2 CPC).
Página

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Executivo in momentum brevis accipitur

A omissão da citação do cônjuge do executado tem o mesmo efeito que a falta de citação
do réu, podendo importar o disposto no artigo 786.º, n.º6 CPC. Pelo mesmo artigo é
conferido ao cônjuge uma indemnização segundo a medida do enriquecimento sem causa
do exequente ou de outro credor pago na vez dele e segundo a medida do dano provocado
pela pessoa a quem seja imputável a falta de citação. Contudo, a nulidade pode ser suprida
por repetição do ato de citação do cônjuge (artigo 202.º CC).
Citados nos termos dos artigos 740.º, n.º1 e 786.º, n.º1, 2.ª parte CPC, o cônjuge do
executado pode, no prazo para a oposição (20 dias – artigo 740.º, n.º1 CPC) – requerer a
separação dos bens (artigo 825.º, n.º5 CPC) ou juntar certidão de ação de separação
pendente já requerida. Fica suspensa a execução mas não o fica a penhora.

Citação dos credores reclamantes: após a penhora ocorre, a par da citação do cônjuge, ,
ocorre a citação dos credores reclamantes (artigo 785.º, n.º1, 2 e 5 CPC).
São citados pelo agente de execução que tem competência para tal (artigo 719.º, n.º1 CPC).
Procede, assim, o agente de execução é citação oficiosa destes credores titulares de
garantias reais (artigo 786.º, n.º1, alínea a) CPC).
Quanto aos direitos reais de garantia que não estejam registados, eles são conhecidos no
processo por alguma das vias especialmente criadas para o efeito:
 O exequente pode indicar credores que conheça no requerimento executivo;
 O executado tem o dever de indicação de direitos, ónus e encargos e sob pena de
condenação como litigante de má fé (artigo 753.º, n.º3 CPC);
 Oficiosamente, pelo agente de execução, no ato de apreensão do bem (artigo 747.º,
n.º2 CPC);
 O juiz pode conhecer oficiosamente da existência de uma garantia real.
O credor que seja conhecido por alguma destas vias deve ser citado. O credor
desconhecido do processo pode reclamar espontaneamente o seu crédito (artigo 788.º,
n.º3 CPC). A sua citação é feita nos termos gerais (artigos 227.º e seguintes CPC). A
citação destes credores apenas pode ser pessoal.

Procedimento de penhora: antes de tudo, tem sempre de haver a indicação dos bens:
 pelo exequente (artigo 742.º, n.º2 CPC);
 Pelo exequente e pelo executado no caso de não terem sido encontrados
bens (artigo 750.º, n.º1 CPC);
 Dispensa de indicação de bens (artigo 752.º CPC).
E a penhora desenvolve-se, tendo várias fases:
A penhora começa desde logo a delinear-se no
requerimento executivo porque o artigo 724.º CPC
134

Atos preparatorios permite que o exequente indique logo bens do executado


suscetíveis de penhora. Igualmente, pelo artigo 750.º CPC
Página

o executado também se encontra obrigado a indicar bens

大象城堡
Executivo in momentum brevis accipitur

à penhora. No entanto, verdadeiramente, a penhora


começa:
 Forma ordinária: os atos preparatórios só podem
começar após a notificação da secretaria ao agente de
execução (artigo 748.º, n.º1 CPC);
 Forma sumária (artigo 855.º, n.º2 CPC). inicia-se assim
que o requerimento executivo é aceite pelo agente de
execução. Inicia-se antes da citação do executado, não
havendo intervenção da secretaria do tribunal.
Assim, os atos preparatórios:
 Se o exequente indicou bens do executado, o agente
tem de respeitar a indicação, ficando dispensado de
procurar bens, salvo se as indicações ofenderem norma
legal imperativa, o princípio da proporcionalidade ou o
artigo 751.º, n.º1 CPC. Não podem ser penhorados
imediatamente determinados bens, beneficiando de
uma moratória temporal (artigo 751.º, n.º3 CPC). Este
preceito requer um juízo de prognose.
 Eventual pesquisa de bens na falta ou insuficiência de
bens indicados pelo executado (artigo 749.º CPC);
 Artigos 748.º e 717.º CPC – consultar o registo
informático de execuções;
 Artigo 754.º, n.º1 CPC – o agente de execução informa
o exequente de todas as diligências;
 Se o devedor chegar a acordo (artigo 806.º CPC) ou
pagar a dívida (artigo 846.º CPC), a penhora levanta-se
e a execução extingue-se. Se o exequente não prescindir
da penhora, os bens penhorados transformam-se em
garantias reais (artigo 807.º CPC) e quando o executado
não pague, a instância pode ser reaberta, sendo
vendidos os bens sobre que recaia a primeira penhora.

Quanto aos atos a penhora está dividia em:


Ato de penhora
stricto sensu
135

Penhora de bens imóveis Segundo o artigo 755.º


(artigos 755.º e seguintes CPC, feita a comunicação
Página

CPC) eletrónica ao registo (artigo

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Executivo in momentum brevis accipitur

757.º CPC), há que proceder


à entrega do imóvel a um
depositário que deve tomar
posse efetiva do mesmo.
O artigo 756.º CPC referem
pode ser esse depositário.
Nos n.º3, 5 e 7 do artigo
757.º CPC descreve-se
como e quando pode ser
feita a entrada no domicílio
do executado: é necessária
autorização judicial (não se
confunde com autorizar a
penhora, apenas é uma
autorização de entrada no
domicílio) e essa entrada só
pode ser feita entre as 7h e
as 21h.
De acordo com o artigo
758.º CPC a extensão da
penhora quando o seu
objeto seja um imóvel
abrange as partes
integrantes e não as
acessórias, bem como
abrange os frutos que ainda
não se tenham destacado.
O artigo 772.º CPC aplica
subsidiariamente a penhora
de bens imóveis. Assim,
aqui cabe distinguir:
1. Bens móveis sujeitos a registo
Penhora de bens móveis (artigo 768.º CPC): aplica-
(artigos 764.º e seguintes se o artigo 755.º CPC
CPC) porque tem de se seguir
as regras do registo,
sendo que o n.º2 do
136

artigo 768.º CPC se refere


à possibilidade de
Página

imobilização e o n.º3 do

大象城堡
Executivo in momentum brevis accipitur

mesmo artigo refere que


após a penhora e
imobilização há que
apreender os
documentos do bem e
proceder à sua remoção.
2. Bens móveis não sujeitos a
registo (artigo 764.º CPC):
faz-se a
apreensão/apossamento
da coisa, seguida da sua
imediata remoção para
depósito. O depositário é
o agente de execução.
Pode não haver remoção
no caso do artigo 764.º,
n.º2 CPC. A presunção
do artigo 764.º , n.º3 CPC
pode ser ilidida pelo
executado ou terceiro
mediante prova
documental do direito de
terceiro sobre o bem.

esta presunção, porém,


tem divergência
doutrinária quanto à sua
caracterização:
1. Paula Costa e
Silva: é uma ficção
legal para todo o
sujeito jurídico
(artigo 1268.º, n.º1
CC);
2. Rui Pinto: só para
o agente de
execução;
137

3. Lebre de Freitas:
só se tiver prova
Página

inequívoca (mais

大象城堡
Executivo in momentum brevis accipitur

forte que os dos


documentos
autênticos ou
autenticados, já
que é onde se
funda a construção
da ficção legal)
Penhora de direitos Regime comum
(artigos 773.º e seguintes Se se indicar o nome de um
CPC) devedor do executado, o
agente fará a notificação do
São direitos de crédito ou de terceiro que passa a ter o
gozo que não estejam em direito de vir confirmar ou
titularidade e posse negar que é devedor no
exclusiva. Na penhora de prazo de 10 dias (artigo
créditos o executado é 773.º CPC). É um ónus do
credor de terceiro que será, terceiro devedor. Se negar a
por sua vez, devedor do existência do crédito, não se
executado. Neste caso, abre nenhum incidente
temos a penhora do crédito declarativo, sendo o crédito
do executado sobre o penhorado e vendido como
terceiro devedor. O facto de crédito litigioso (artigo 775.º
o crédito ainda não estar CPC é o regime seguido). Se
vencido não é motivo para reconhecer o crédito,
que este crédito do terceiro quando este se vencer tem
não possa ser penhorado, de o pagar a execução. No
podendo ainda considerar- entanto, o terceiro pode
se créditos futuros do fazer uma confissão
executado sobre o terceiro. complexa, por exemplo,
Também o facto de dizer que o crédito existe,
existirem outros credores mas que só tem de o
desse crédito sobre o cumprir mediante
terceiro não é motivo de contraprestação (artigo
impedimento, contudo, há 776.º, n.º1 CPC é o artigo
que ter em conta o regime invocado).
da solidariedade. No caso de Regimes especiais
o crédito ser um bem Artigo 774.º CPC, para
138

comum de ambos os títulos de crédito, exige a


cônjuges, aplica-se o artigo apreensão.
Página

740.º, n.º1 CPC e aplica-se o

大象城堡
Executivo in momentum brevis accipitur

regime do artigo 741.º CPC O artigo 778.º CPC, para


e chama-se o outro cônjuge direitos ou expectativas de
mediante citação. Se o aquisição, o executado não é
terceiro devedor for o o dono da coisa, mas ainda
exequente, também é há uma expectativa de
possível a penhora do aquisição da propriedade
crédito pois será uma (reserva de propriedade ou
estratégia processual. leasing), e por isso pode
haver penhora da
expectativa e apreensão do
bem.
O artigo 780.º CPC, relativo
a depósitos bancários,
concebe duas fases para a
sua penhora: a fase de
bloqueio de conta e a fase de
penhora. O n.º1 deste artigo
procede ao esclarecimento
de como é feito o bloqueio:
o agente de execução deve
comunicar o saldo existente
na conta ou qual a quota-
parte do executado e essa
parte fica logo bloqueada
desde a data da
comunicação.
Segundo o artigo 739.º
CPC, se um crédito for
impenhorável, o montante
correspondente a esse
crédito não conta também
será impenhorável.
Segundo o artigo 738.º, n.º5
CPC, não pode ser
bloqueado montante
correspondente ao salário
mínimo e o n.º7 do artigo
139

780.º estabelece uma ordem


de venda. Neste caso, põe-
Página

se o problema da natureza

大象城堡
Executivo in momentum brevis accipitur

do bloqueio pois até ele


acontecer não há penhora.
Entende que não é uma pré-
penhora, não obstante pelo
artigo 781.º, n.º4 CPC o
executado perder qualquer
forma de movimentar as
quantias e, por ser uma
indisponibilidade
semelhante às do artigo
720.º CC quanto às
penhoras de crédito. Parece
a Miguel Teixeira de
Sousa que a circunstância
da penhora, quando se
efetivar, retroage ao
momento do bloqueio,
contudo não será uma pré-
penhora. Concretamente, a
fase da penhora resulta do
artigo 780.º, n.º9 CPC.
O artigo 781.º CPC refere-
se aos direitos de
compropriedade ou
indivisos e o artigo 782.º
CPC quanto a
estabelecimentos
comerciais.
Segundo o artigo 858.º CPC, os atos de penhora devem ser
dados a conhecer ao executado através da notificação da
penhora. Se o executado estiver presente no ato da
penhora, ele será notificado por contacto pessoal nesse
momento. Se o executado estiver ausente no ato de
penhora, ele será notificado nos 5 dias posteriores a este.
Notificação
Para tal, é preciso que, previamente, o agente de execução
lavre o auto de penhora, declarando e comprovando a
penhora que foi feita: é este auto que vai servir de certidão
140

de penhora, e que vai ser enviada ao executado. O


exequente também tem, obviamente, de ser notificado,
Página

pois ele também pode opor-se à penhora, impugnar a

大象城堡
Executivo in momentum brevis accipitur

penhora ou pedir o seu reforço. As notificações devem


incluir a menção ao direito de defesa. Não esquecer que,
na forma sumária, com esta notificação também ocorre a
citação para a execução, podendo o executado deduzir
cumulativamente oposição à execução e à penhora (artigo
856.º CPC).
 Oposição à penhora por parte do executado;
Formas de defesa da
penhora  Embargos de terceiro;
 Oposição à penhora por simples requerimento.

Natureza da penhora: a penhora é a apreensão judicial de bens do executado que


constituem o objeto dos direitos do exequente a serem satisfeitos pelo processo de
execução. Ora, a realizar-se a penhora, esta tem de se limitar aos bens necessários ao
pagamento da dívida exequenda e das despesas previsíveis da execução (artigo 735.º, n.º3,
1.ª parte CPC), estando sujeitos a esta satisfação através da penhora, todos os bens do
devedor suscetíveis de o ser: ou seja, não sujeitos a impenhorabilidades (artigos 735., n.º1
e 736.º a 739.º CPC, quanto a estas).
A questão da sua natureza jurídica não é pacífica na doutrina.
1. Antes de 1967 (anterior CC): Alberto dos Reis, Palma Carlos, Dias Marques
defendiam a natureza real.
2. No Código Veiga Beirão (atual CC):
a. Menezes Cordeiro e Lebre de Freitas: defendem a natureza real da
penhora, onde esta seria um direito real de garantia do exequente graças à
constituição no direito de sequela, que lhe autoriza a realização da
perseguição do bem perante aqueles a quem foi transferido;
b. Miguel Teixeira de Sousa: nega a natureza real. Não encontra nem sequela
nem inerência. A penhora resolve o problema da execução fazendo a
afetação do bem aos fins desta execução. Em vez de acompanhar o bem
transmitido e de sujeitar o seu adquirente à execução, a penhora ignora a
transmissão do bem e rejeita qualquer substituição do executado. Donde, se
a penhora é fonte de uma preferência sobre o produto da venda dos bens,
ela não é, todavia, um direito real de garantia uma vez que a sua função é
conservatória – sendo esta a função que justifica a inoponibilidade dos atos
de disposição e oneração: a penhora é uma situação em que são colocados
certos bens.
c. Rui Pinto: ao se falar de natureza real da penhora, fala-se de:
i. Ineficácia relativa dos atos de disposição e oneração (artigos 819.º e 820.º CC);
141

ii. Preferência em relação a credor sem melhor preferência (artigo 822.º CC).
ou ambas as vertentes?
Página

大象城堡
Executivo in momentum brevis accipitur

O autor responde dizendo que a penhora parece assumir-se um ato


processual produtor de um complexo de efeitos e não como uma figura
unitária e tem, então, de se distinguir o:
iii. Efeito conservatório: que não é real como procede dos argumentos
de Miguel Teixeira de Sousa e que, adicionando, não tem um efeito
tão extenso de limitação na indisponibilidade do artigo 81.º CIRE, o
que torna impossível de sustentar na sua vertente real.
iv. Efeito de garantia: também é um direito de garantia não real que
onera o direito que seja objeto de penhora: o exequente adquire a
penhora e o direito de ser pago com preferência a qualquer outro
credor que não tenha garantia real anterior. Isto porque a penhora
tem uma função conservatória da situação jurídica e não de seguir a
coisa objeto desta situação (o mesmo sucedendo, v.g. com o
privilégio creditório geral).
Concorda, assim, com este último autor, na esteira de Miguel Teixeira de
Sousa: a penhora não é uma garantia real mas um direito legal de garantia
não real.

Impugnação pauliana: quando se fala nesta figura é preciso ver:


1. Que é uma ação declarativa (constitutiva: efeitos jurídicos que produz por efeito
da sentença é a destruição dos efeitos de um ato de alineação, ou seja, ineficácia do
ato de alineação). Essa ineficácia do ato de alineação determina que o bem nunca
tenha saído do património do executado, é como se nunca tivesse havido
transmissão do direito para um terceiro. Assim, quando se intenta uma ação
executiva, o bem objeto do direito pertence ao executado. Problema: pertence ao
executado mas está no poder de terceiro.
2. Artigo 616.º CC: sempre que seja procedente uma sentença de impugnação
pauliana, além de ineficácia, o credor passa a ter o direito de atacar o património
do terceiro adquirente (passa a ter o direito de atacar o património desse terceiro
mas não de propor ação executiva sobre esse terceiro para entrega de coisa certa,
porque esse terceiro não está obrigado a entregar nenhum bem, nem sequer ao
executado devedor). Este artigo apenas atribui direito a afetar o património do
terceiro, não existe um dever de restituição, existe é um direito a atacar (é por esta
razão que há muitas sentenças de impugnação pauliana que são sentenças
constitutivas cumuladas com uma ação de condenação ou com sentenças de
condenação, porque o exequente quer a impugnação pauliana e quer um efeito
mais forte, pedido a entrega da coisa no património do executado, pede a
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condenação de terceiro adquirente na entrega da coisa no património do


executado). Ou seja, com uma sentença de condenação daqui procedente, pode
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propor-se uma ação executiva contra o terceiro, não para pagar o crédito que esteja

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Executivo in momentum brevis accipitur

em causa, mas para restituir o bem à execução. No caso em que apenas tenha
pedido a ação de impugnação pauliana, tem direito a atacar (problema das
condenações implícitas, pois se ele tem o direito à atacar ela tem o dever de restituir
à execução).
3. A ação de impugnação pauliana só releva até à fase da penhora. É, assim, muito
importante depois da citação para a ação executiva e até à penhora do bem, por
isso é que, às vezes, se pede a dispensa de citação prévia quando o processo seja
ordinário.
4. Depois da penhora, temos uma coisa muito melhor: artigos 819.º e 820.º CC.
determinam que qualquer bem penhorado, se for alienado, não de precisa dessa
impugnação pauliana, é logo ineficaz.
5. Mas existem divergências quanto à legitimidade:
a. Rui Pinto: tem o livro desatualizado já que Lebre de Freitas mudou de
opinião com a nova edição da obriga. Rui Pinto fala-nos de uma divergência
entre o Sr. Dr. Juiz Conselheiro Amâncio Ferreira e Lebre de Freitas,
mas tal divergência já não existe já que Lebre de Freitas entendia que a
legitimidade do terceiro adquirente do bem em impugnação pauliana aferia-
se pelo artigo 53.º, n.º1 CPC, porque dizia que existia título executivo contra
ele que era a própria sentença, já Amâncio Ferreira dizia que ele não é
devedor, não deve nada, mas temos uma sentença contra ele, mas a sentença
só é relevante não para exequibilidade mas para a legitimidade dele, para que
possa ser demandado. E porque é que temos de o demandar? Não se pode
bater à porta de uma pessoa e pedir o bem sem que essa pessoa seja
notificada, aquela pessoa não é executada, mas é um terceiro que tem um
bem que tem de ser entregue à execução e é por isso que se faz uma aplicação
analógica do artigo 54.º, n.º2 e 3 CPC, nos caso de impugnação pauliana.
6. Não é por existir uma sentença de procedência de impugnação pauliana que temos
imediatamente um título executivo contra o devedor, é um título integrado, não
basta a impugnação pauliana: esta apenas releva para a legitimidade (não sendo
relevante para a exequibilidade).
7. E quando não se tem nenhum (nem título executivo nem integrado): coligação de
impugnação pauliana e condenação do devedor no pagamento daquilo que deve e,
assim, com a mesma sentença pode-se demandar os dois.
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