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JÜRGEN HABERMAS
Na introdução de um volume sobre "Dinâmica Global e Universos de Vida Local", pode-se ler
que "a questão primordial hoje é saber se, para além dos Estados nacionais, num plano
supranacional e global, o poder destrutivo ecológico -bem como social e cultural- do
capitalismo planetário pode ser novamente posto sob controle" (1). A função de pioneirismo e
liderança dos mercados é incontroversa. Mas os mercados reagem somente a informações
codificadas na linguagem de preços. Eles são surdos a efeitos externos que eles produzem em
outros campos. Isso dá motivo para que Richard Münch, um sociólogo liberal, tema o
esgotamento de recursos naturais não-renováveis, uma alienação cultural em massa e
erupções sociais, caso não se logre conter com muralhas políticas aqueles mercados que
batem em retirada, por assim dizer, dos Estados nacionais enfraquecidos e espoliados.
É certo que, durante o pós-guerra, os Estados das sociedades capitalistas desenvolvidas mais
aguçaram do que abrandaram os distúrbios ecológicos; além disso, eles construíram sistemas
de seguridade social com ajuda de burocracias que, centradas na assistência pública do Estado,
não serviram propriamente como resguardo para seus clientes. Ao longo do terceiro quartel
de nosso século, porém, o Estado social na Europa e em outros países da OCDE (Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) compensou em grande parte as
consequências indesejadas de um sistema econômico altamente produtivo.
Pela primeira vez o capitalismo não impediu, antes possibilitou, que se cumprisse a promessa
republicana da inclusão igualitária de todos os cidadãos. De fato, o Estado constitucional
democrático garante a igualdade também no sentido de que todos devem ter a mesma
oportunidade de fazer uso de seus direitos. John Rawls, hoje o teórico mais influente do
liberalismo político, fala nesse sentido do "fair value" de direitos repartidos com paridade. Em
vista dos desabrigados, que se multiplicam em silêncio sob nossos olhos, vem à memória a
frase de Anatole France: não é suficiente que todos tenham o mesmo direito de "dormir sob as
pontes".
Hoje temos consciência de que essa idéia só foi implementada, até agora, dentro dos moldes
do Estado social. Mas, quando o Estado nacional, no contexto modificado da economia e da
sociedade mundiais, chega aos limites de sua eficiência, põem-se em xeque, com essa forma
organizacional, tanto a domesticação política de um capitalismo global desenfreado quanto o
exemplo único de uma ampla democracia que funciona sofrivelmente. Será que essa forma de
atuação democrática das sociedades modernas sobre si mesmas deixa-se ampliar para além
das fronteiras nacionais?
Gostaria de investigar essa questão em três passos. Primeiro temos de conceber como se
relacionam Estado nacional e democracia e de que modo essa peculiar simbiose encontra-se
hoje sob pressão. À luz desse diagnóstico, descreverei então brevemente quatro respostas
políticas às exigências da constelação pós-nacional, respostas estas que definem também as
coordenadas nas quais hoje se desenrola a discussão sobre uma "terceira via". Esse debate,
finalmente, abre caminho para uma postura ofensiva no tocante ao futuro da União Européia.
Se os cidadãos de modo geral privilegiados de nossa região quiserem ao mesmo tempo
considerar a perspectiva de outros países e continentes, eles têm que pleitear o
aprofundamento federativo da União Européia, no propósito cosmopolita de criar as
condições necessárias para uma política interna mundial.
1. Estado e democracia
As tendências evolutivas que hoje atraem a atenção sob a rubrica "globalização" modificam
uma constelação histórica que se distinguiu pelo fato de o Estado, a sociedade e a economia
estenderem-se, de certa maneira, de forma coextensiva dentro das mesmas fronteiras
nacionais. O sistema econômico internacional, no qual os Estados traçam as fronteiras entre a
economia interna e as relações de comércio exterior, transforma-se, na esteira da globalização
dos mercados, numa economia transnacional.
O ímpeto de romper fronteiras não caracteriza, sem dúvida, apenas a economia. O estudo
recém-publicado de David Held e colaboradores sobre as "Transformações Globais" contém,
ao lado de capítulos sobre comércio mundial, mercados financeiros e corporações
multinacionais (com cadeias produtivas de alcance global), capítulos sobre política interna
mundial, acordos de paz e violência organizada, sobre as crescentes correntes migratórias,
sobre novas mídias e novas redes de comunicação, sobre formas híbridas de culturas etc.
Abstraio dos prejuízos de fato da soberania dos Estados, a qual subsiste formalmente (4), e
limito-me a três aspectos da privação de poder do Estado nacional: a) à perda da capacidade
de controle estatal; b) a crescentes déficits de legitimação no processo decisório; e c) à
progressiva incapacidade de dar provas, com efeito legitimador, de ações de comando e de
organização.
a) A perda de autonomia significa, entre outras coisas, que o Estado isolado não é mais
suficientemente capaz, com suas próprias forças, de defender seus cidadãos contra efeitos
externos de decisões de outros atores ou contra os efeitos em cadeia de tais processos, que
têm origem fora de suas fronteiras. Trata-se, por um lado, de "transposições espontâneas de
fronteira", como ônus ambientais, crime organizado, riscos de segurança da alta tecnologia,
tráfico de armas, epidemias etc., e, por outro, de consequências calculadas (mas a serem
suportadas) por políticas de outros Estados, de cujo advento os envolvidos não tomaram parte
-pense-se, por exemplo, nos riscos dos reatores atômicos, construídos para além das fronteiras
e que não correspondem aos padrões de segurança do próprio governo.
Em vários países europeus, a repressão da política por parte do mercado exprime-se no círculo
vicioso de desemprego crescente, sistemas previdenciários de benefícios excessivos e
contribuições minguantes. O Estado depara-se com o seguinte dilema: o aumento da
tributação sobre a propriedade móvel e medidas de estímulo ao crescimento são tanto mais
urgentes para as contas públicas quanto menos viáveis se mostram no interior das fronteiras
nacionais.
2. As respostas políticas
A esse desafio existem duas respostas genéricas e duas respostas diferenciadas. A polarização
entre os dois campos que intervêm genericamente a favor (a) ou contra (b) a globalização e a
desterritorialização que motiva a busca por uma "terceira via", numa variante mais defensiva
(c) ou mais ofensiva (d).
a) A tomada de partido pela globalização ampara-se numa ortodoxia neoliberal que, nas
últimas décadas, conduziu a mudança para políticas econômicas orientadas pela oferta. Ela
recomenda a subordinação incondicional do Estado ao imperativo de uma integração social
planetária por meio dos mercados e aconselha um "entrepreneurial state", que se afasta do
projeto de acomodação da força de trabalho e, sobretudo, da proteção estatal de recursos da
esfera mundana.
Mesmo sob essas premissas, seria necessário levar em conta, num período de transição, tanto
em escala nacional quanto mundial, não apenas um aumento drástico da desigualdade social e
da fragmentação da sociedade, mas também a corrupção dos critérios morais e da infra-
estrutura cultural. Em perspectiva temporal, impõe-se portanto a questão de saber quanto
tempo levará para atravessar o "vale de lágrimas" e quantas vítimas serão exigidas: quantos
destinos marginalizados ficarão até lá pelo caminho, quantas conquistas civilizadoras
irreparáveis cairão presa, até lá, da "destruição criadora"?
b) Como reação ao solapamento do Estado nacional e da democracia, forma-se por outro lado
a coalizão daqueles que se defendem contra a decadência social dos perdedores efetivos ou
potenciais da mudança estrutural e contra uma privação de poder do Estado democrático e de
seus cidadãos. Mas o desejo enérgico de fechar as comportas faz com que, no final das contas,
esse "partido da territorialidade" (Charles Maier) declare guerra aos fundamentos igualitários
e universalistas da própria democracia.
Mesmo quando tomamos em consideração o núcleo racional dessas reações de defesa, é fácil
enxergar por que o Estado nacional é incapaz de recuperar sua antiga força mediante uma
política de enclausuramento. A liberalização da economia mundial, que teve início após o
término da Segunda Guerra e, com base num sistema de taxas de câmbio rígidas, assumiu
momentaneamente a forma de um "embedded liberalism", acelerou-se desde o fim do
sistema de Bretton Woods (acordo firmado em 1944 com o objetivo de reestruturar o sistema
financeiro internacional).
Esse não foi, porém, um desenvolvimento obrigatório. As injunções sistêmicas, cujo ponto de
partida passou a ser o imperativo de um regime de liberdade firmemente lastreado na OMC
(Organização Mundial do Comércio), são resultado do voluntarismo político. Embora os
Estados Unidos tenham forçado as rodadas do Gatt, não se trata de decisões impostas
unilateralmente, mas de decisões negociadas e de força cumulativa, avalizadas pela ação
omissiva de vários governos isolados. E, como os mercados globalizados, no caminho de uma
tal integração negativa, deram origem a inúmeros atores independentes, não há perspectiva
para o propósito restaurador de anular, de forma unilateral, o resultado sistemicamente
obtido de uma decisão concentrada, sem ter de esperar por sanções.
O que irrita os "velhos" socialistas nessa perspectiva de "Novo Centro" ou do "New Labour"
não é somente a petulância normativa, mas também o questionável pressuposto empírico de
que o trabalho remunerado, ainda que não na forma de relação normal de trabalho, continue
a ser visto como "grandeza-chave da integração social" (11).
Do prisma normativo, os protagonistas dessa "terceira via" infletem para um liberalismo que
considera a igualdade social exclusivamente sob o aspecto do "input" e a reduz a uma
igualdade de oportunidades. À parte esse empréstimo moral, contudo, esfuma-se na
percepção pública a diferença entre Margaret Thatcher e Tony Blair, sobretudo porque a
novíssima esquerda ajusta-se ao ideário ético do neoliberalismo (12). Refiro-me à
predisposição de entregar-se ao "ethos" de uma "forma de vida orientada pelo mercado" (13),
"ethos" este que espera reconhecer em todo cidadão um "empresário de seu próprio capital
humano" (14).
d) Quem não quiser fugir a tais preceitos tomará em consideração uma outra variante,
ofensiva, da terceira via. Essa perspectiva deixa-se guiar pelo primado da política em relação à
lógica do mercado: "Até que ponto se deve "dar rédea" à lógica sistêmica do mercado, onde e
em quais conjunturas o mercado deve "prevalecer" -tudo isso, numa sociedade moderna, é
uma questão em última análise de política deliberativa" (15). Isso cheira a voluntarismo,
sobretudo por constar de um postulado normativo que, segundo nossas reflexões até agora,
não pode ser solucionado dentro dos moldes nacionais.
Na busca de uma saída para o dilema entre o desarmamento da democracia do Estado social e
o armamento do Estado nacional, é impossível, porém, não desviar a vista para unidades
políticas maiores e regimes transnacionais que, sem terem necessariamente de romper a
cadeia de legitimação democrática, possam compensar a perda de funções do Estado nacional.
A União Européia, é claro, oferece-se como primeiro exemplo de uma democracia para além
do Estado nacional. Contudo a criação de unidades políticas maiores em nada modifica o modo
de concorrência, ou seja, a primazia da integração pelo mercado como tal. A política só será
capaz de "ter precedência" sobre os mercados globalizados quando lograr produzir na política
interna, a longo prazo, uma sólida infra-estrutura que não seja desvinculada dos processos
democráticos de legitimação (16).
Falar da "precedência" de uma política que "se sobrepõe" aos mercados não deve sugerir, sem
dúvida, a imagem de uma disputa pelo poder entre atores políticos e econômicos. As
consequências problemáticas de uma política que assimila o conjunto da sociedade a
estruturas do mercado explicam-se pelo fato de o poder político não se prestar à substituição
pelo dinheiro, seja qual for a quantia.
O emprego de poder legítimo mede-se por critérios de êxito discrepantes dos econômicos; ao
contrário dos ordenamentos políticos, os mercados não podem, por exemplo, ser
democratizados. Mais adequada é a imagem de uma disputa entre meios diversos. A política
que produz mercados é uma política auto-referente, na medida em que cada passo rumo à
desregulamentação dos mercados significa ao mesmo tempo uma despotencialização ou uma
autolimitação do poder político como o meio para implementar decisões coletivas vinculantes.
Uma política dotada de precedência inverte esse processo; ela é política reflexiva com sinais
trocados.
A Europa e o mundo
Enquanto uns temem ser privados de suas vantagens de custo, outros receiam um
nivelamento por baixo. A Europa é posta diante da alternativa de dar cabo desse problema
recorrendo ao mercado como disputa entre posições e regimes sóciopolíticos ou trabalhá-los
politicamente, na tentativa de obter uma "harmonização" e um ajuste gradual em questões
relevantes da política social, tributária e do mercado de trabalho. No fundo, trata-se de saber
se o status quo institucional de um compromisso interestatal de interesses nacionais é
justificado, mesmo ao preço de um "run to the bottom", ou se a União Européia deve evoluir
rumo a uma genuína federação, para além da condição atual de uma liga de Estados. Só então
a Europa ganharia a força política para adotar medidas de correção do mercado e prescrever
regras de efeito redistributivo.
Nas coordenadas do atual debate sobre a globalização, a escolha entre essas alternativas não
custa nem aos neoliberais nem aos nacionalistas. Se os desesperados eurocéticos insistem na
proteção e na exclusão em vista da união monetária agora em vigor, os europeus de mercado
dão-se por satisfeitos com a fusão das moedas, a título de aperfeiçoamento do mercado
interno. Em contraste com as duas posições, no entanto, os eurofederalistas aspiram a
converter os tratados internacionais numa Constituição política, a fim de proporcionar às
decisões da Comissão, do Conselho de Ministros e da Corte de Justiça européia uma base
própria de legitimação. Disso divergem, por sua vez, os representantes de uma posição
cosmopolita. Eles consideram um Estado federado chamado "Europa" como ponto de partida
para o desenvolvimento de uma rede transnacional de regimes que, mesmo sem governo
mundial, possam de algum modo efetivar a política interna global.
Os europeus de mercado querem preservar o status quo porque ele sela a subordinação dos
atores dispersos do Estado nacional à integração do mercado. É por isso que o porta-voz do
Deutsche Bank pôde considerar a discussão sobre a federação de Estados ou o Estado
federado como meramente "acadêmica": "No quadro da integração de espaços econômicos,
desaparece toda diferença entre ação civil e econômica. Esse, aliás, é o objetivo central que se
busca com os processos de integração" (18).
Dessa perspectiva, a disputa européia deve erguer o "tabu" que pesa sobre o patrimônio
nacional, as empresas públicas de crédito e o sistema de previdência do Estado. A posição dos
europeus de mercado repousa, sem dúvida, numa premissa partilhada também pelos
partidários social-democratas do Estado nacional, que agora querem enveredar pela terceira
via: "Remediar a limitação do poder estatal na era da globalização é impossível; (...) a
globalização exige sobretudo o revigoramento das forças libertárias da sociedade civil", ou
seja, "a iniciativa privada e a responsabilidade dos cidadãos" (19). A premissa comum explica
uma inversão das alianças. Hoje, antigos eurocéticos respaldam os europeus de mercado na
defesa do status quo europeu, se bem que por outros motivos e com outros objetivos. Eles
não querem demolir a política social do Estado, mas desviá-la para investimentos em capital
humano; de resto, os "amortecedores" sociais não devem concentrar-se exclusivamente em
mãos privadas.
Assim é que a discussão entre neoliberais e eurofederalistas mescla-se com um debate entre
as variantes defensiva e ofensiva da "terceira via", que ganha vulto no interior do campo
social-democrata. Esse conflito não toca apenas a questão de saber se a União Européia, por
meio de uma harmonização das diversas políticas nacionais tributárias, sociais e econômicas,
pode recuperar o espaço de ação perdido pelos Estados nacionais. Ao menos o espaço
econômico europeu, graças à densa malha regional de relações comerciais e investimentos
diretos, desfruta ainda hoje de uma independência relativamente grande em relação à
concorrência global.
Ora, é inegável que uma formação democrática da vontade européia, cuja característica será
dar suporte e legitimar políticas ativamente coordenadas e de efeitos redistributivos, não pode
existir sem um amplo fundamento solidário. A solidariedade cívica, até hoje restrita ao Estado
nacional, teria de estender-se aos cidadãos da União da maneira, por exemplo, como suecos e
portugueses dispõem-se a amparar uns aos outros. Só então lhes poderiam ser atribuídos
salários mínimos de maior paridade possível, que propiciassem condições para projetos de
vida individuais, embora impregnados, como antes, de caráter nacional.
Os céticos põem isso em dúvida com o argumento de que não há algo como um "povo"
europeu, capaz de constituir um Estado europeu (21). Por outro lado, os povos surgem apenas
com suas Constituições estatais. A democracia é ela própria uma forma juridicamente mediada
de integração política. É claro que esta última depende, por sua vez, de uma cultura política
pactuada por todos os cidadãos. Mas, quando se pensa que, nos Estados europeus do século
19, a consciência nacional e a solidariedade cívica só foram produzidas com ajuda da
historiografia nacional, da comunicação de massas e do serviço militar, não há razão para
derrotismo. Se essa forma artificial de uma "solidariedade entre estranhos" deve-se a um surto
de abstração -repleto de consequências históricas- que deslocou a consciência local e dinástica
para a consciência nacional e democrática, por que esse processo de aprendizado não teria
seguimento para além das fronteiras nacionais?
Os obstáculos são grandes, não há dúvida. Uma Constituição não será suficiente. Ela não pode
mais do que pôr em curso os processos democráticos nos quais terá, então, de deitar raízes.
Como o elemento de consenso entre os Estados-membros não desaparece nem mesmo numa
união politicamente constituída, um Estado federado europeu terá de adotar um estilo diverso
dos Estados nacionais, e não simplesmente copiar as suas vias de legitimação (22).
Diante disso, o neoliberalismo poderia até mesmo reivindicar a "moral do mercado", o juízo
imparcial de um mercado mundial que já concedeu a oportunidade aos países emergentes de
tirar proveito de suas comparativas vantagens de custo e recuperar, por suas próprias forças, o
atraso que os programas bem-intencionados da política de desenvolvimento não haviam sido
capazes de superar. Não preciso entrar em detalhes sobre os custos sociais dessa dinâmica de
desenvolvimento (23). É difícil refutar, porém, que alianças supranacionais, criadoras de
unidades políticas influentes, só são um projeto normativamente inofensivo quando o passo a
ser dado não é maior do que a perna.
Com isso impõe-se a questão de saber se o pequeno grupo de atores influentes no cenário
político mundial pode construir, no quadro de uma organização mundial reformada, uma rede
por ora tênue de regimes transnacionais -e se quer utilizá-la de modo a ser possível uma
mudança de curso rumo a uma política interna planetária sem governo mundial (24). Uma tal
política teria de ser implementada sob o signo da harmonização, e não da homogeneização. O
objetivo remoto seria superar, passo a passo, a cisão e a estratificação sociais da sociedade
mundial sem danificar as peculiaridades culturais.
Notas
1. R. Münch, "Globale Dynamik, Lokale Lebenswelten", Frankfurt/M., 1998.
2. R. Cox, "Economic Globalization and the Limits to Liberal Democracy", in: A. McGrew (ed.),
"The Transformation of Democracy?". Polity Press, 1997, págs. 49-72.
4. D. Held, "Democracy and the Global Order". Polity Press, 1995, págs. 99 ss.
10. A. Giddens, "The Third Way". Polity Press, 1998, pág. 100 (no Brasil, "A Terceira Via", Ed.
Record); cf. ainda J. Cohen e J. Rogers, "Can Egalitarianism Survive Internationalization?", in:
Streek (1998), págs. 175-94.
12. Sobre essa terminologia, cf. Habermas, "Vom Pragmatischen, Ethischen und Moralischen
Gebrauch der Vernunft", in: J. Habermas, "Erklärungen zur Diskursethik". Frankfurt/M., págs.
100 ss.
13. Th. Maak, Y. Lunau (ed.), "Weltwirtschaftsethik". Berna, 1998, pág. 24.
17. W. Streek, "Vom Binnenmarkt zum Bundesstaat?", in: S. Leibfried, P. Pierson (ed.), Standort
Europa. 1998, págs. 369-421.
19. Ibidem.
20. C. Offe, "Demokratie und Wohlfahrtsstaat: Eine Europaeische Regimeform Unter dem
Stress der Europaeischen Integration", in: Streek (1998), págs. 99-136.
21. D. Grimm, "Braucht Europa Eine Verfassung?", Munique, 1995; cf. ainda J. Habermas, "Die
Einbeziehung des Anderen". Frankfurt/M., 1996, págs. 185-191.
22. K. Eder, K. Hellman, H. Trenz, "Regieren in Europa Jenseits Oeffentlicher Legitimation?", in:
Kohler-Koch (1998), págs. 321-44.
23. Cf. a introdução e as contribuições para a Parte 4 in: Maak, Lunau (1998).