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3) Regras de direito positivo que incidem sobre grupos sociais diversos: Direito
Canônico, Common Law, Direito romanista, etc. (ratione personae ou ratione medii
socialis).
4) Ordens jurídicas ratione temporis: Direito Romano, Direito feudal, Direito luso-
brasileiro das Ordenações, fascista, nazista, czarista, Direito imperial, etc.
5) Ordens jurídicas ratione fontis: direito escrito ou legislado, direito consuetudinário,
jurisprudencial e doutrinário.
A TGD realiza aquela unidade na medida em que realiza sua missão de encontrar os
temas, as categorias conceituais, os princípios comuns a todas essas espécies de ordens
jurídicas. Assim, a Ciência do Direito perderá o seu caráter dogmático-nacional ou puramente
histórico, e o estudo do Direito habilitará o jurista à análise e à crítica de qualquer Direito,
não importando o lugar ou época de sua vigência e seja qual for o seu conteúdo (p. 159s).
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“liberdade”, “delito”, “sanção”; Ex. distinções necessárias: direito escrito e não escrito,
público e privado, direitos subjetivos absolutos e relativos).
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diferente da existência do ato de vontade de que ela é o sentido objetivo. A norma pode
valer (ser vigente) quando o ato de vontade de que ela constitui o sentido já não existe.
Eficácia = o fato de a norma ser efetivamente aplicada e observada. É a
circunstância, verificada na ordem dos fatos (do ser), de uma conduta humana ser
conforme à norma. Por eficácia deve-se entender: 1) a aplicação desta norma jurídica
pelos órgãos jurídicos (tribunais), a sanção ser ordenada e aplicada num caso concreto;
2) a observância desta norma pelos indivíduos subordinados à ordem jurídica, a adoção
da conduta pela qual se evita a sanção (p. 30).
Uma norma que nunca é aplicada e respeitada, que não é eficaz em certa medida, não
será considerada como norma válida (vigente). Um mínimo de eficácia é condição de sua
vigência, visto que, ao estabelecimento de uma norma se ter de seguir a sua eficácia para que
ela não perca sua vigência.
Hipótese ideal da vigência de uma norma = quando a representação da sanção a
executar em caso de delito torna-se MOTIVO da observância da norma (=eficácia causal).
Nesta hipótese, a eficácia reduz-se à observância (pois a aplicação não se torna necessária).
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Relativamente ao domínio da validade temporal de uma norma positiva, devem
distinguir-se o período de tempo posterior e o período de tempo anterior ao
estabelecimento da norma. Em geral, as normas referem-se apenas a condutas futuras.
No entanto, podem referir-se também a condutas passadas. Diz-se então que a norma
tem força retroativa.
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fixada pelas normas.”; deste modo, a vigência material se refere a matéria regulada pela
norma. Este domínio de validade pode ser limitado ou ilimitado.
Por exemplo, uma vigência material de domínio limitado, é uma agência reguladora
específica, que tem entre suas atribuições a emissão de normas; tal agência é capaz de
positivar as condutas, das pessoas sob sua jurisdição, em relação à matéria que a
compete regular; o “domínio material de validade de uma ordem jurídica global, porém,
é sempre ilimitado, na medida em que uma tal ordem jurídica, por sua própria essência,
pode regular sob qualquer aspecto a conduta dos indivíduos que lhe estão
subordinados.”.
5 – Em que condições uma conduta real é considerada para o A. como boa ou como
má?
R.: O juízo segundo o qual uma conduta real é tal como deve ser, de acordo com uma
norma objetivamente válida, é um juízo de valor, e, neste caso, um juízo de valor
positivo. Significa que a conduta real é “boa”. O juízo, segundo o qual uma conduta real
não é tal como, de acordo com uma norma válida, deveria ser, porque é o contrário de
uma conduta que corresponde à norma, é um juízo de valor negativo. Significa que a
conduta real é “má”.
A conduta que corresponde à norma tem um valor positivo, a conduta que contraria a
norma tem um valor negativo. A norma considerada como objetivamente válida funciona
como medida de valor relativamente à conduta real (p. 37s).
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que é aplicado ao destinatário mesmo contra sua vontade, se necessário empregando até
a força física - coativamente, portanto. Dizer-se que, com o ato coativo que funciona
como sanção, se aplica um mal ao destinatário, significa que este ato é normalmente
recebido pelo destinatário como um mal.
Ordens jurídicas são ordens coativas da conduta humana, pois exigem uma
determinada conduta humana na medida em que ligam à conduta oposta um ato de coerção
dirigido à pessoa que assim se conduz (ou aos seus familiares).
Assim, dizer que o Direito é uma ordem coativa significa que as suas normas estatuem
atos de coação atribuíveis à comunidade jurídica. Isto não significa, porém, que em
todos os casos da sua efetivação se tenha de empregar a coação física. Tal apenas terá de
suceder quando essa efetivação encontre resistência, o que não é normalmente o caso (p.
60s).
7 – Esclareça: para uma teoria positivista do direito não há “mala in se, mas apenas
mala prohibita”.
R.: A jurisprudência tradicional é a teoria segundo a qual um elemento de valor moral
vai ínsito aos conceitos do ilícito e de sua consequência, e o ilícito tem necessariamente
de significar algo de imoral e a pena algo de infame. Por outro lado, para a teoria do
direito natural não há qualquer fato que, em si, isto é, sem ter consideração a respectiva
consequência estatuída pela ordem jurídica seja um ilícito ou delito. Isso significa que
apenas a consequência do princípio geral reconhecido no direito penal é tão somente a
consequência do positivismo jurídico (p. 167-168).
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1 – Defina a norma formalmente, como proposição, diferenciando-a do juízo e do
enunciado.
R.: Formalmente, a norma jurídica é considerada em sua estrutura, independentemente
de seu conteúdo. Assim como a proposição, a norma apresenta uma estrutura lógico-
linguística que pode ser preenchida com os mais diversos conteúdos. O ponto de vista
formal adotado pelo autor, é meramente o modo de se estudar o fenômeno jurídico na
sua complexidade, ou seja, a partir da união de vários elementos, conceitos, para que se
possa obter um conhecimento integral da experiência jurídica. A partir desse ponto de
vista – formal – adotado, tem-se que uma norma é uma proposição, em outras palavras,
as normas jurídicas pertencentes à categoria geral das proposições prescritivas, são um
conjunto de palavras que possuem um significado em sua unidade, como por exemplo,
um Código ou uma Constituição. A forma mais comum de proposição é o Juízo: uma
proposição composta de um sujeito e de um predicado unidos por uma cópula, do tipo
“S é P”. Mas nem toda proposição é um juízo. Já enunciado é uma forma gramatical e
linguística pelo qual um determinado significado é expresso. Logo, uma norma é uma
proposição prescritiva não necessariamente redutível a um juízo, podendo ser expressa
por diversos enunciados. Assim, uma proposição pode ser verdadeira ou falsa, e uma
norma jurídica válida ou inválida, justa ou injusta. O autor distingue as proposições a
partir de dois critérios: a forma gramatical – modo pelo qual a proposição é expressa – e
a função – diz respeito ao fim a que se propõe alcançar aquele que a pronuncia. No que
se refere à forma gramatical, as proposições podem ser declarativas, interrogativas,
imperativas e exclamativas. Em relação à função, as proposições podem ser asserções,
perguntas, comandos e exclamações. Merece destaque a função de comando, pois tem a
pretensão de influir no comportamento de outrem com o intuito de modifica-lo. Por isso,
a forma imperativa é a forma preferencial dos comandos jurídicos, muito embora uma
mesma forma gramatical pode exprimir múltiplas funções.
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2 – Distinga as proposições, de que as normas jurídicas são um tipo, pela forma
gramatical e finalidade pretendida. (Distinga e combine logicamente as proposições
com base na forma gramatical e na função ou finalidade pretendida por quem a
formula.)
R.: Podemos distinguir os vários tipos de proposições com base em dois critérios: a
forma gramatical e a função. Com base na forma gramatical, as proposições se
distinguem em declarativas, interrogativas, imperativas e exclamativas. No que diz
respeito à função, distinguem-se em asserções, perguntas, comandos, exclamações.
Interessam-nos aqui os comandos, ou seja, as proposições cuja função é influir no
comportamento alheio para modificá-lo.
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para o destinatário do comando. Ora, “desagradável” não é um termo descritivo, mas de
valor, ou seja, viso influenciar o comportamento alheio num certo sentido. A função
prescritiva é mascarada, mas não eliminada.
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aceita os três (p. 87-88). Os primeiros articuladores da teoria imperativista foram juristas
romanos, entre os quais se destacam Cícero e Modestino. Cícero dizia que “a lei é algo
de eterno, que rege todas as nações, com sabedoria para ordenar a proibir… capaz de
prescrever e dissuadir”. No mesmo sentido, Modestino afirma que “a essência da lei é
esta: ordenar, vetar, permitir, punir”. Em relação à moderna Teoria Geral do Direito, a
formulação clássica da doutrina imperativista é atribuída ao jurista alemão Augusto
Thon. Para ele, “todo o direito de uma sociedade não passa de um complexo de
imperativos, os quais estão uns aos outros tão estreitamente ligados, que a desobediência
de um constitui frequentemente o pressuposto do que é por outro comandado”. Apesar
de ser co um entender, além da imperatividade, a estatualidade e a coatividade como
essenciais à norma jurídica, Thon entende que a teoria imperativista não deve ser
necessariamente acompanhada pelas teorias estatualistas e coacionistas.
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A teoria da imperatividade do direito ou teoria imperativista constitui a “comunis
opinio”, porque é a doutrina mais comum entre os juristas. De acordo com ela, as
normas jurídicas são comandos ou imperativos, de modo que as proposições que
compõem um ordenamento jurídico têm linguagem prescritiva, ou seja, elas objetivam a
modificação do comportamento alheio. Além da imperatividade, costuma-se atribuir à
norma jurídica outros dois requisitos básicos: a estatualidade e a coatividade. Para a
teoria estatualista, as normas somente são jurídicas se emanarem do Estado, e, para a
teoria coacionista, as normas jurídicas são caracterizadas pela coação. Na moderna
Teoria Geral do Direito, porém, a teoria imperativista não está vinculada a essas duas
outras teorias. Segundo o jurista alemão Augusto Thon, a quem se atribui a formulação
clássica da doutrina da imperatividade do direito, podem existir ordenamentos jurídicos
diferentes dos estatais e a coação não é um elemento necessário para diferenciar a norma
jurídica de outras normas.
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dirigida a uma vontade alheia; por outro lado, não se poderia falar em “comando” em
relação às normas jurídicas porque sendo estas heterônomas (Estado comanda e súditos
obedecem) têm necessidade de uma garantia de que a vontade dos súditos se adeque à
do Estado, garantia que só pode ser alcançada através da sanção já que o “comando” (em
sua estrita definição) não pode dar.
A definição que Kelsen dá de sanção desloca o conteúdo da vontade estatal do
comportamento lícito dos súditos para o comportamento ilícito dos súditos como a
condição da atividade sancionadora do Estado. Assim, a crítica às teorias imperativistas
que viam nas leis um comando dirigido aos súditos e a interdependência estabelecida
entre direito e sanção levam Kelsen a atribuir à norma o caráter não mais de comando,
mas de juízo hipotético que estabelece um nexo entre uma condição (o ilícito) e uma
consequência (a sanção) segundo a fórmula: “Se é A, deve ser B”. Com isso Kelsen
pretende afirmar a diferença entre direito e moral (as normas morais são comandos, as
jurídicas, juízos) e assegurar a autonomia do direito diante da lei moral ao exprimir,
enquanto juízo hipotético, a relação específica de um fato condicionante com uma
consequência condicionada.
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As sanções sociais, por sua vez, são externas, ou seja, suscitam uma resposta por parte
dos outros com quem convivemos, que pode variar desde uma simples reprovação até a
expulsão do grupo. Aqui, o problema não é a falta de eficácia, mas a falta de proporção
entre a violação e a resposta. A sanção jurídica busca evitar os inconvenientes da sanção
interna e da sanção social. Por meio da institucionalização da sanção externa, são
regulados o comportamento dos cidadãos, assim como a reação aos comportamentos
contrários, o que confere maior eficácia e proporcionalidade a esse tipo de sanção.
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R.: A sanção não é um elemento constitutivo de um ordenamento jurídico, posto que em
todos ordenamento jurídico existem normas sem sanção. O elemento constitutivo do
direito seria a sanção organizada, isto é, o ordenamento normativo no seu conjunto,
implicando apenas que a maioria desse sistema seja sancionada.
As normas desprovidas de sanção geralmente se encaixam nas seguintes conjunturas:
> Normas cuja eficácia se deve à correspondência com a consciência popular, gerando
adesão espontânea.
> Normas estabelecidas por autoridade tão alta na hierarquia das normas que se torna
impossível aplicação da sanção. Como é o caso das normas constitucionais, em sua
maioria não sancionadas. Isto se deve ao fato de que a aplicação da sanção pressupõe um
aparato coercitivo, que pressupõe poder que, por sua vez, é pressuposto pela
constituição. Logo, à medida que se aproxima das fontes do poder, diminui a carga de
autoridade entre quem faz a norma e quem deve seguí-la, razão pela qual elas não vêm
acompanhadas de sanção.
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ordenamento estatal, ela não reside na ausência de uma sanção regulada, porém, quando
muito, somente no modo como é regulada.”. Dessa forma, ele conclui que, no caso
supracitado, a principal diferença entre o ordenamento internacional e outros
ordenamentos não seria a existência ou não de sanção, e sim a organização da sanção
através da autotutela ou da heterotutela, sendo o ordenamento estatal heterotutelado e o
internacional, autotutelado.
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precedentes, é justamente por indicar com mais clareza esta contradição. Por mais que
um ordenamento tenda a reforçar a eficácia das próprias normas organizando a coação,
não está excluído que ele confie também na adesão espontânea. Assim, a eficácia direta,
isto é, a que deriva da adesão espontânea, não apenas não está excluída, mas é de fato
indispensável. As normas, cuja aplicação é certamente confiada à adesão espontânea, são
justamente as normas superiores do sistema. Ora, um sistema em que todas as normas
superiores devessem ser garantidas pela sanção não só é juridicamente impossível (e
realmente é sempre válida a pergunta: "Quis custo diet custodes?'' ["Quem governará os
que governam?"]), mas é também impossível de fato, porque significaria que aquele
ordenamento estaria fundado somente na força.
1 – Por que uma definição satisfatória do direito só seria possível do ponto de vista
do ordenamento jurídico?
R.: Por que necessário se faz considerar o modo pelo qual uma determinada norma se
torna eficaz a partir de uma complexa organização que determina a natureza e a entidade
das sanções, as pessoas que devem exercê-las e sua execução. Essa organização
complexa é o produto do ordenamento jurídico.
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R.: Impele haja vista que, se a sanção jurídica é só a institucionalizada, isso significa
que, para que haja Direito, é necessário que haja, grande ou pequena, uma organização,
isto é, um completo sistema normativo. Definir o Direito através da noção de sanção
organizada significa procurar o caráter distintivo do Direito não em um elemento da
norma, mas em um complexo orgânico de normas. Em outros termos, poder-se- á dizer
que é uma prova do caminho obrigatório que o teórico geral do Direito percorre da parte
ao todo, isto é, do fato de que, mesmo partindo-se da norma, chega-se, quando se quer
entender o fenômeno do Direito, ao ordenamento.
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4 – Idem, o problema da distinção entre as normas jurídicas de trato social e as
simplesmente sociais?
R.: Sobre as normas jurídicas de trato social e as simplesmente sociais, deve-se
considerar que uma norma consuetudinária se torna jurídica quando vem a fazer parte de
um ordenamento jurídico. Dessa maneira, o problema não é mais o da tradicional teoria
do costume: “Qual é o caráter distintivo de uma norma jurídica consuetudinária, com
relação a uma regra do costume? “, mas esse outro: “Quais são os procedimentos através
dos quais uma norma consuetudinária vem a fazer parte de um ordenamento jurídico?”.
Unidade
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limitação proveniente do exterior, mas de uma autolimitação do poder soberano, o qual
subtrai a si próprio uma parte do poder normativo para dá-los a outros órgãos ou
entidades, de alguma forma dele dependentes. Pode-se falar, nesse caso, de limite
interno do poder normativo.
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5 – Explique a “estrutura hierárquica” do ordenamento jurídico; A “estrutura
hierárquica” do ordenamento jurídico;
R.: Como explanado anteriormente, Bobbio adere a teoria de Hans Kelsen sobre o
escalonamento do ordenamento jurídico. Assim, para os autores, há normas superiores e
inferiores e que elas estão em uma cadeia hierárquica. Por exemplo, quando um cidadão
executa uma obrigação contratual com outro, este contrato foi cumprido em observância
às normas legislativas que disciplinam os contratos, enquanto as normas legislativas
observaram todos os trâmites constitucionais sobre a edição de leis. Portanto, é possível
constatar uma hierarquia entre as normas, e é por isso que se diz que o ordenamento
jurídico possui uma estrutura hierárquica.
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7 – Por que seria logicamente necessária a pressuposição de uma norma
fundamental qualquer? (A norma fundamental e a necessidade lógica de sua
pressuposição;)
R.: Partindo da consideração feita de que toda norma pressupõe um poder normativo,
conclui-se que norma significa imposição de obrigações; onde há obrigação, como visto,
há poder. Portanto, se há normas constitucionais, deve haver o poder normativo do qual
elas são derivadas: reside aí o poder constituinte. O poder constituinte é o poder último
num ordenamento jurídico. Porém, como visto, todo poder normativo pressupõe uma
norma que o autorize a produzir normas jurídicas. Dado o poder constituinte como poder
último, deve-se, então, pressupor uma norma que atribua ao poder constituinte a
faculdade de produzir normas jurídicas: essa norma é a norma fundamental. A norma
fundamental, enquanto, por um lado, atribui aos órgãos constitucionais o poder de editar
normas válidas, impõe, de outro, a todos aqueles aos quais as normas constitucionais se
dirigem, o dever de obedecer-lhes. É uma norma ao mesmo tempo atributiva e
imperativa. Pode ser formulada deste modo: “O poder constituinte está autorizado a
editar normas obrigatórias para toda a coletividade”, ou então: “A coletividade está
obrigada a obedecer às normas editadas pelo poder constituinte.” Bobbio ressalta que a
norma fundamental não é expressa e, portanto, deve ser pressuposta, a fim de fundar o
sistema normativo. Que essa norma não seja expressa não significa que ela não exista: a
ela nos referimos como fundamento subentendido de legitimidade de todo o sistema.
Coerência
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R.: Sistema estático é aquele no qual as normas relacionam-se entre si através de um
sistema de sugestões lógicas. Ou seja, quando, através do método de deduções coerentes,
uma norma deriva da outra e todas elas se integram ao sistema normativo. As normas
que derivam de outras normas herdarão destas os seus atributos e características. O
vínculo entre elas é o seu conteúdo. As normas do sistema estático são as normas de
conduta e os temas são, entre outros, sanções, licitude, deveres, responsabilidades.
Kelsen, em seu livro Teoria Pura do Direito declara que o sistema estático é o Direito
como um sistema de normas em vigor, o Direito capturado em seu momento estático.
Para Kelsen, exemplos típicos de sistemas estáticos são as normas morais. Kelsen cita o
exemplo da norma moral “ser honesto”, e dela pode derivar a sequência “ser fiel ao
cônjuge”, “não mentir”, “não roubar”, entre outros.
As normas que compõem o sistema dinâmico derivam umas das outras através da
delegação de poder. É uma interação normativa de autorizações consecutivas, uma
cadeia sucessiva de competência. Uma norma é preparada, criada, porque outra norma
superior delegou a alguém poder de criação. Assim, uma norma só pode ser válida se o
sujeito que a criou possuir competência legitimada para isso e se for atendido todos os
procedimentos regulares. O ordenamento jurídico para Kelsen é dinâmico em sua
composição e dentro de uma cadeia de autorizações. Todo sistema jurídico para Kelsen é
dinâmico. Já o sistema estático, peculiar de conjuntos morais são constituídos de
operações mentais de deduções. O campo moral é formado apenas por normas de
conduta, no qual deriva as deduções lógicas e o ambiente normativo-jurídico precisa de
normas de competência, que faça com que outras normas possam ser criadas.
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fonte. Ou seja, em um sistema dinâmico, duas normas que se encontram em conflito são
perfeitamente legítimas. Para julgar e/ou tentar sanar o conflito entre essas normas, é
necessário referir-se ao seu conteúdo, e não meramente restringir-se à autoridade que as
editou.
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2. Critério Hierárquico: consiste na preferência dada, em caso de antinomia, a uma
norma portadora de status hierarquicamente superior ao seu par antinômico. Diversos
exemplos são passíveis de citação dentro do ordenamento brasileiro, como conflitos
entre dispositivos constitucionais (hierarquicamente superiores) e leis ordinárias
(hierarquicamente inferiores) ou entre leis ordinárias (hierarquicamente superiores) e
decretos (hierarquicamente inferiores). Nomeia-se este princípio no latim "lex superior
derogat legi inferiori", ou lei superior derroga leis inferiores.
3. Critério Específico: baseia-se na supremacia relativa a uma antinomia da normas mais
específica ao caso em questão. Desta forma, no caso da existência de duas normas
incoerentes uma com a outra, verifica-se se ao dispor sobre o objeto conflituoso, uma
delas possui caráter mais específico, em oposição a um caráter mais genérico. Diferente
dos outros critérios, este possui certo grau de subjetividade, pois se em muitos casos é
possível detectar facilmente o par “genérico/específico”, em número significativo esta
diferença se encontra difusa e difícil de localizar.
Denomina-se também "lex specialis derogat legi generali", ou lei especial derroga leis
genéricas. Contudo, nem sempre tais critérios conseguem solucionar as antinomias a
contento, pois pode existir conflito entre os mesmos. Nesta situação, existindo conflito
entre o critério hierárquico e o cronológico, o primeiro prevalece; divergência entre o
critério hierárquico e o da especialidade, no entender de Bobbio, não há resposta segura,
devendo prevalecer ora um ora outro, com o que não se concorda, pois deve prevalecer o
hierárquico; conflito entre o da especialidade com o cronológico, sobressai o da
especialidade, pois norma geral não revoga norma especial.
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geralmente é confiada à liberdade do intérprete, que tem três possibilidades: eliminar
uma norma, eliminar as duas normas ou conservar as duas. Quando uma antinomia
ocorre em função de incompatibilidade entre os critérios válidos para a solução das
incompatibilidades das normas, ela é dita de segundo grau e seus critérios para a
resolução são:
1. Conflito entre critério hierárquico e o cronológico: quando uma norma anterior
superior é antinômica em relação a uma norma posterior inferior. Se aplicar o critério
hierárquico, prevalece a primeira; se aplicado o critério cronológico, prevalece a
segunda. O critério hierárquico prevalece sobre o cronológico, caso contrário o critério
hierárquico seria tornado vão, pois não haveria o poder das normas superiores de não
serem ab-rogadas pelas inferiores.
2. Conflito entre o critério específico e o cronológico: quando uma norma anterior-
especial é incompatível com uma norma posterior-geral. Aplicando o critério da
especialidade, dá-se preferência à primeira; aplicando-se o critério cronológico,
privilegia-se a segunda. A lei geral sucessiva não tira do caminho a lei especial
precedente e o critério da especialidade se sobrepõe.
3. Conflito entre o critério hierárquico e o específico: quando entram em oposição, os
dois critérios fortes entre si, uma norma superior-geral com uma norma inferior-
especial. Não há uma resposta segura e a solução dependerá do intérprete, que deve
considerar que, se fizer prevalecer o critério hierárquico sempre, pode impedir a
adaptação da Constituição às novas realidades.
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O autor ressalta que uma regra que diz respeito às normas de um ordenamento jurídico
só pode ser destinada àqueles que se dedicam à produção e à aplicação das normas,
sobretudo ao legislador, que é o produtor por excelência e ao juiz, que é seu aplicador
por excelência. Quando destinadas aos produtores de normas, a proibição soa da
seguinte maneira: “Não criem normas que sejam incompatíveis com outras normas do
sistema”. Quando destinadas aos aplicadores, a proibição assume outra forma: “Caso se
deparem com antinomias, devem eliminá-las”. A coerência não é condição de validade,
mas continua a ser condição para a justiça do ordenamento. Quando duas normas são
válidas e podem ser aplicadas indistintamente segundo o livre juízo daqueles que são
chamados a aplicá-las, são violadas duas exigências fundamentais, em que se inspiram
os ordenamentos jurídicos: a exigência da certeza e a exigência da justiça. Quando
existem duas normas antinômicas, ambas válidas, e, portanto, ambas aplicáveis, o
ordenamento jurídico não consegue garantir nem a certeza, entendida como
possibilidade, por parte do cidadão, de prever com exatidão as consequências jurídicas
da própria conduta, nem a justiça, entendida como igual tratamento das pessoas que
pertencem à mesma categoria.
Completude - Incompletude
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fáticas de interesse do homem. Assim, o Direito, na acepção citada, é pleno, não
apresentando, assim, lacunas ou vazios, que deixariam aquelas situações sem amparo.
Em resumo, o Direito resolve tudo, desde que seja relevante, pois apenas os fatos de
relevância exigem proteção estatal por esse meio.
A afirmação de que o ordenamento jurídico constitui-se de um sistema uno implica dizer
que nele não restam lacunas. Desse modo, entende-se que todos os fenômenos sociais
podem ser regulados pelo direito positivo. A existência de lacunas condenaria a ideia de
unidade e, portanto, é problema de extrema relevância. Entende-se por lacunas a falta de
normas para aplicar aos casos concretos, o que caracteriza a incompletude do
ordenamento jurídico. Para Kelsen, as lacunas seriam problemas relacionados à política
jurídica. Bobbio, por sua vez, postula que quando uma lei não é capaz de regulamentar
um determinado caso, tudo então estaria permitido. Para ele, contudo, o sistema é capaz
de providenciar soluções, o que o torna completo. Pode-se dizer, então, que as lacunas,
para Bobbio, não existem. Para ele sempre há normas aplicáveis aos casos, ainda que
estejam implícitas. Mas elas poderão sempre ser encaixadas, o que torna o ordenamento
completo. Sempre há soluções providenciáveis, sendo o ordenamento completível. Isso
porque o sistema tem recursos para providenciar soluções e, portanto, é completo,
embora se fale aqui em uma completude dinâmica.
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3 – Relacione o dogma da completude com o positivismo jurídico. (O dogma da
completude como traço relevante do positivismo jurídico.)
R.: Conceitua-se completude como a falta de lacunas no ordenamento jurídico, de sorte
que todos os fenômenos sociais possam ser regulados pelo Direito positivado,
entendendo-se essa positivação no sentido de vigência e não no aspecto da dicotomia
geralmente feita entre Direito Positivo e Direito Natural. Ou seja, o dogma da
completude torna o positivismo jurídico todo-válido para qualquer situação na esfera do
Direito.
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que tendia a quebrar continuamente os limites da ordem estatal, e a contínua formação
espontânea de novos conjuntos sociais, como os sindicatos, os partidos, e de novos
relacionamentos entre os homens, derivados da transformação dos meios de produção,
punham em evidência uma vida subordinada ou em oposição ao Estado, a qual o jurista
não podia ignorar.
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caso regulamentado foram atribuídas aquelas e não outras conseqüências" (BOBBIO). A
analogia pode ser explicada sob a seguinte forma:
i. A assemelha-se a B; será, por isso, muitíssimo verossímil que o fato m, verificado em
A, seja também verdadeiro relativamente a B.
ii. O argumento não procede, se é demonstrável que os fatos, ou propriedades comuns a
B e A, não têm a menor ligação com m.
São as normas jurídicas mais gerais, mais fundamentais, que orientam todo o sistema
jurídico, inclusive o internacional público. Princípios gerais de direito são os que
decorrem do próprio fundamento da legislação positiva, que, embora não se mostrando
expressos, constituem os pressupostos lógicos necessários das normas legislativas.
Muito embora não estejam expressos, tais princípios existem, consistindo na
manifestação do próprio espírito de uma legislação. Podem vir expressos ou não. Os
princípios não expressos são “aqueles que se podem tirar por abstração de normas
específicas ou pelo menos não muito gerais: são princípios, ou normas generalíssimas,
formuladas pelo intérprete, que busca colher, comparando normas aparentemente
diversas entre si, aquilo a que comumente se chama o espírito do sistema” (BOBBIO).
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a) O costume, cuja utilização pode ser ampla ou restrita, quando, respectivamente, a lei
lhe dá grande margem de atuação enquanto nascedouro do Direito ou limita essa mesma
atuação. Nesse último caso, é exemplificativo o direito brasileiro, pois o Art. 4º da Lei
de Introdução ao Código Civil Brasileiro consigna: "Quando a lei for omissa, o juiz
decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito".
Aplicam-se os costumes, e não somente eles, nos casos em que ocorrer omissão da lei, e
apenas nesses casos;
b) As sentenças judiciais, configurando o Direito judiciário, bem como a opinião
abalizada dos juristas, que é o Direito científico.
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problema das relações entre ordenamentos estatais, mas também o das relações entre
ordenamentos estatais e ordenamentos estatais diferentes dos estatais.
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parcial e inclusão parcial significa que dois ordenamentos têm uma parte em comum e
uma parte não comum. Essa situação se verifica quando o ordenamento estatal absorve
ou assimila um ordenamento diferente, como, por exemplo, o ordenamento da Igreja ou
o ordenamento de uma associação particular, mas não o absorve totalmente: uma parte
do ordenamento absorvido fica então fora do ordenamento estatal e continua a regular o
comportamento dos seus membros numa zona que é, em relação ao Estado, de merda
licitude; por outro lado, o Estado se estende sobre muitas zonas do comportamento
humano que são estranhas àquelas às quais se dirige o ordenamento parcial absorvido.
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procedimento pelo qual um ordenamento incorpora no próprio sistema a disciplina
normativa de uma dada matéria assim como foi estabelecida num outro ordenamento.
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2 – Em que sentido as ciências e a Política Jurídica precedem a elaboração e aplicação
do direito?
3 – Esclareça o “donné” e o “construit” de F. Gény no contexto da exposição do A. sobre
a Técnica Jurídica.
4 – Quais são e em que se distinguem os procedimentos materiais dos intelectuais do
Direito-técnica?
5 – Conceitue os diversos procedimentos materiais da Técnica Jurídica.
6 – Conceitue os diversos procedimentos intelectuais da Técnica Jurídica.
7 – Conceitue as modalidades de agrupamentos das normas jurídicas indicadas pelo A.
8 – Esclareça o bem e o mal das formas e dos formalismos do Direito-Técnica.
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