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TÍTULO DO PROJETO:
Endereço Profissional: Avenida Santos Dumont, 5753 – 13º andar – sala 1303–
Papicu – Fortaleza, CE
Telefone: (85) 32651832
E-mail para contato: fernando.carneiro@fiocruz.br
FORTALEZA, 2016
1
RESUMO
A saúde humana está relacionada aos aspectos ambientais, trabalho, lazer, renda,
educação, moradia, comunicação, transporte, cultura, e também aos serviços de saúde. O
Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil deve atuar compreendendo a saúde das
populações de forma ampla e complexa, que envolve o modelo de desenvolvimento
econômico, a produção agrícola, o processo de trabalho, as condições ambientais, os
riscos, as doenças, os modos de vida, saberes e cultura.
As populações do campo no Brasil são predominantemente usuárias do SUS, e tem
o modo de vida atrelado à convivência com o ambiente e o trabalho na agricultura,
estando expostas a diversos riscos à saúde e doenças. Destaca-se que ainda permanecem
desconhecidos diversos agravos a saúde destas populações por ausência ou insuficiência
de acesso a serviços de saúde, como também de pesquisas, principalmente as que
relacionam o trabalho e o ambiente como categorias centrais para a saúde humana.
Neste cenário do Brasil rural é hegemônico a produção agrícola dependente dos
agrotóxicos. Em relação a este tema a maioria das pesquisas analisa de forma isolada a
exposição a um único ingrediente ativo e, geralmente, sob uma única via de exposição,
situação que não condiz com o contexto de exposições a múltiplos produtos que é
vivenciado no cotidiano do trabalho pelos agricultores.
Ao analisar a toxicidade decorrente da exposição a produtos químicos deve-se
considerar as condições em que acontece a exposição humana aos agrotóxicos, em que
estão presentes múltiplas exposições e uma grande diversidade de outros condicionantes
bio-sócio-ambientais que podem interferir no fenômeno de toxicidade.
Esse modelo químico-dependente reveste-se de um processo de insustentabilidade
ambiental, sendo produtor de situações de vulnerabilidades e nocividades, gerando danos
à saúde das populações, em especial à dos trabalhadores, expostos com maiores
frequência e intensidade a esses produtos, além de danos ambientais e elevados custos
econômicos e sociais.
Por outro lado, a transição agroecológica e a agroecologia vem sendo praticada por
diversas comunidades camponesas, representando um novo paradigma na agricultura
brasileira, baseada na sustentabilidade ambiental, econômica e social, onde as relações de
gênero, etnia e cultura passam a ser elementos valorizados e cultivados. A agroecologia,
além de ser uma ciência ou técnica, representa um novo modo de vida defendido pelas
comunidades e que vem ganhando espaços nas políticas públicas no Brasil.
Este projeto visa analisar o impacto do modelo de produção agrícola convencional,
baseado no uso intensivo de agrotóxicos, e da agricultura agroecológica no ambiente e na
saúde da população no Maciço do Baturité – Ceará, identificando suas implicações para as
políticas públicas e para os modos de vida na região estudada. O Maciço do Baturité, onde
convivem o modelo de agricultura agroecológica e o convencional, é composto por 13
municípios, sendo reconhecido como um importante produtor de hortaliças, frutos e flores
no estado do Ceará. As práticas utilizadas na agricultura (convencional e agroecológica)
promovem impactos diferentes na saúde da população, principalmente dos trabalhadores
envolvidos no processo produtivo. Neste território, os riscos e a magnitude das
intoxicações causadas pela exposição a agrotóxicos nas comunidades afetadas e nos
grupos de trabalhadores envolvidos nestas atividades são pouco conhecidos, com poucos
estudos que abordem aspectos epidemiológicos e toxicológicos destas exposições.
Analisar a situação de saúde dos trabalhadores e as comunidades expostas a
múltiplos ingredientes ativos de agrotóxicos neste território, buscando identificar a
exposição, os perigos, os riscos, a magnitude das intoxicações e as doenças relacionadas
2
ao trabalho pode contribuir com a estruturação de ações e serviços de atenção, promoção,
prevenção e vigilância em saúde, dando suporte ao SUS na sua atuação como política
pública. Mapear as experiências agroecológicas e o processo de trabalho, bem como as
implicações destas práticas na saúde das famílias pode subsidiar e indicar inovações no
cuidado a saúde e ao ambiente para as populações camponesas.
Este estudo irá contribuir com o fortalecimento da Política Nacional de Saúde
Integral das Populações do Campo, da Floresta e Águas (PNSIPCFA), da Política
Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO); da Política Nacional de
Atenção Básica (PNAB), da Política Nacional da Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora
(PNASTT), no desenvolvimento de metodologias participativas e de instrumentos de
abordagem das relações produção, ambiente e saúde no território; no fortalecimento da
parceria técnico-científica entre a Fiocruz-CE, a Universidade da Integração Internacional
da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e a Secretaria Estadual de Saúde, os Centros
Regionais de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST), a Escola de Saúde Pública
do Ceará, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, a Secretaria Estadual de Ciência e
Tecnologia e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com
os movimentos sociais do campo da região como o Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra (MST).
3
ABSTRACT
5
1. IDENTIFICAÇÃO DA PROPOSTA
Nos últimos anos o Brasil vem se estabelecendo como um dos maiores produtores
de commodities provenientes do agronegócio como soja, milho, café e açúcar. A produção
de bens primários, de baixo valor agregado e baixo teor tecnológico tem aumentado
sistematicamente sua participação na geração de renda e atração de investimentos no país,
em detrimento dos produtos manufaturados. Esta especialização da pauta de exportações
brasileira tem se concentrado, em termos de valor, em commodities agrícolas e minerais
(CARVALHO; CARVALHO, 2011; SILVA, 2013; TEIXEIRA, 2013).
Esta inserção da economia brasileira surge como uma resposta à estagnação
econômica de décadas precedentes, e a estratégia estruturada para a saída dessa crise é
articulada pelo Brasil como uma nova forma de inserção na divisão internacional do
trabalho (DELGADO, 2012). O país desponta como provedor de bens primários no
comércio mundial, reestruturando a aliança das cadeias agroindustriais, da grande
propriedade fundiária e do Estado, promovendo um estilo de expansão agrícola, porém
sem reforma social.
Tal dependência política e econômica tornou o país o maior consumidor de
agrotóxicos do mundo. O crescente consumo de agrotóxicos e fertilizantes químicos pela
agricultura brasileira é proporcional ao aumento das monoculturas, cada vez mais
dependentes dos insumos químicos e do cultivo de transgênicos. Desde 2005, ano em que
o Brasil aprovou sua Lei de Biossegurança, a área plantada com sementes geneticamente
modificadas mais do que triplicou, de 9,4 milhões para 32 milhões de hectares
(CARNEIRO et al., 2012; FREITAS, 2012).
O consumo de agrotóxicos está diretamente relacionado ao aumento de agravos
agudos, subcrônicos e crônicos relacionados à exposição química. Nos EUA são
registrados de 10 a 15 mil novos casos de câncer por ano associados ao uso de
agrotóxicos. Os custos decorrentes da contaminação por agrotóxicos ultrapassam o valor
de um bilhão de dólares/ano, distribuídos em hospitalização, tratamento, mortes e perdas
de capacidade laboral (PIMENTEL; BURGESS, 2014).
Vários estudos têm evidenciado a contaminação ambiental e de populações rurais
em todo Brasil, expondo em detalhes os mecanismos e as consequências desse processo
de contaminação ampliada e suas interações, limites e desafios para as políticas de
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promoção da saúde no campo (CARNEIRO et al., 2012; RIGOTTO; VASCONCELOS;
ROCHA, 2014).
De acordo com os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(SINAN), entre 2007 e 2011 houve um crescimento de 67,4% de novos casos de acidentes
de trabalho não fatais devido a agrotóxicos no Brasil, e a incidência de intoxicações
aumentou em 126,8% (RIGOTTO; VASCONCELOS; ROCHA, 2014).
Apesar das estimativas apontarem uma situação grave, diversos estudos evidenciam
subnotificação dos casos de intoxicação no Brasil (ALBUQUERQUE et al., 2015;
SILVA, 2015; MALASPINA; LISE; BUENO, 2011; JORGE; LAURENTI; GOTLIEB,
2010; BOCHNER, 2007; FARIA; FASSA; FACCHINI, 2007; PERES; OLIVEIRA-
SILVA; DELLA-ROSA; LUCCA, 2005). Entre os casos notificados existem diferentes
problemas nos Sistemas de Informação em Saúde (SIS) como não identificação de casos
crônicos, dados incompletos, inadequados e informações que não possuem capacidade de
subsidiar ações (ALBUQUERQUE et al., 2015; SILVA, 2015; JORGE; LAURENTI;
GOTLIEB, 2010; FARIA; FASSA; FACCHINI, 2007; MORAES; SANTOS, 2001;
BRANCO, 1996).
No estado do Ceará, estudos revelam a contaminação da água para consumo
humano em Limoeiro do Norte, mostrando a presença de até dez ingredientes ativos de
agrotóxicos diferentes em cada amostra analisada, evidenciando a exposição múltipla aos
agrotóxicos (MARINHO, 2010). A análise do consumo de agrotóxicos em hortaliças
mostrou que a concentração de agrotóxicos por hectare poderia chegar de 8 a 16 vezes
mais que na cultura da soja (ALMEIDA, CARNEIRO, VILELA, 2009).
Mesmo diante da existência de evidências inequívocas quanto aos riscos, perigos e
danos provocados à saúde pelas exposições agudas e crônicas aos agrotóxicos, estudos
analisam de forma isolada a exposição a um único ingrediente ativo, geralmente, sob uma
única via de exposição, não refletindo o cenário de exposições a múltiplos produtos,
vivenciado na prática pela população (CARNEIRO et al., 2012; FRIEDRICH, 2013).
Pesquisas se baseiam na falsa premissa que o corpo humano pode ingerir, inalar ou
absorver certa quantidade de resíduos de agrotóxicos sem acarretar consequências à
saúde, considerando existir doses seguras de exposição ou então do risco aceitável
(AUGUSTO, 2011). A contaminação e a mistura de agrotóxicos são frequentes no
trabalho agrícola, embora não se considere a interação que os diversos compostos
químicos podem estabelecer entre si e sistemas biológicos orgânicos, o que pode
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modificar o comportamento tóxico do produto e acarretar efeitos diversos sobre a saúde
dos trabalhadores expostos (SILVA et al., 2005).
Em contraponto ao modelo de produção baseado no uso de agrotóxicos, podem ser
observadas no Brasil diversas experiências produtivas em transição agroecológica, sendo
crescente o consumo destes produtos pela população. A produção de base agroecológica
não tem como foco central o mercado consumidor externo e envolve, em sua maioria,
pequenos agricultores, ou agricultores familiares que produzem alimentos para consumo
local e regional, sejam eles organizados em associações ou não. Este modelo produtivo é
particularmente expressivo na região Nordeste e no estado do Ceará.
Um exemplo é o Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica do
Maciço de Baturité (NEA), implantado na Universidade da Integração Internacional da
Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) na Fazenda Piroás, localizada, no distrito de Barra
Nova, zona rural de Redenção, um dos municípios desse estudo. Com uma área total de
33,5 hectares e distando 16 km da sede do município de Redenção, sua implantação faz
parte de Projeto financiado pelo CNPq.
Os movimentos sociais do campo, da floresta e das águas tem lutado para fortalecer
este modelo de produção, e nos últimos anos observa-se a consolidação da Política
Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO), lançada em 2012. Essa política
visa integrar, articular e adequar políticas, programas e ações indutoras da transição
agroecológica e da produção orgânica e de base agroecológica, contribuindo para o
desenvolvimento e a qualidade de vida da população por meio do uso sustentável dos
recursos naturais e da oferta e consumo de alimentos saudáveis (BRASIL, 2012).
A agroecologia tem suas raízes nos métodos e práticas tradicionais de manejo
produtivo dos ecossistemas que se baseiam na valorização dos recursos naturais
disponíveis em cada localidade. Assim, contrapõe-se aos processos tecnológicos impostos
que desprezam os saberes que se apoiam nos conhecimentos acumulados ao longo de
várias gerações especialmente junto aos agricultores familiares e populações tradicionais
(SANTOS; CURADO, 2012).
Apesar do conhecimento de que práticas agroecológicas guardam características
promotoras de saúde, estudos relacionando agroecologia e saúde são pouco frequentes.
Esse modelo, quase sempre de base familiar e comunitária, pode contribuir para fortalecer
laços culturais, ampliando o acesso a alimentos saudáveis e nutritivos. O
produtor/agricultor gerencia seu modo de trabalho considerando o tempo, a carga de
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trabalho e a matéria-prima do seu trabalho, não trazendo riscos imediatos à saúde. Nesse
sentido, estudos que aprofundem as análises das situações de saúde destas populações
camponesas que tem o modo de vida alicerçado nesta estreita relação do ambiente-
trabalho, com vistas a indicar os riscos e agravos como também aspectos promotores da
saúde relacionados a agroecologia se fazem necessários.
A convivência dos modelos produtivos convencional e de base agroecológica se
materializa no estado do Ceará na região do Maciço de Baturité, que possui população de
230.523 mil habitantes (IBGE, 2010) e contempla treze municípios: Aratuba,
Guaramiranga, Pacoti, Palmácia, Mulungu (sub-região Serrana), Baturité, Capistrano,
Itapiúna, Aracoiaba, Redenção e Acarape (sub-região dos Vales/Sertão), Barreira e Ocara
(sub-região de Transição).
Os municípios que compõem este território são importantes produtores de
hortaliças, frutos e flores, destacando-se algumas culturas tradicionais como café, banana,
caju, cana-de-açúcar (para a produção de cachaça), e culturas em expansão como flores,
frutas tropicais irrigadas, sorgo, mel e hortaliças. Nessa região o baixo nível tecnológico e
o uso de agrotóxicos reduzem a competitividade da região e aumentam a pressão
ambiental (CEARÁ, 2004). No território, fontes locais relacionaram o aumento dos casos
de câncer que se verifica nos últimos anos na região do Maciço de Baturité, à
contaminação dos alimentos e água por agrotóxicos (BRASIL, 2010).
Ainda em relação ao câncer, um estudo ecológico realizado em alguns municípios
do estado do Ceará no período de 2000 a 2010 mostrou tendência de aumento
estatisticamente significante (p = 0,026) nas taxas de internações por neoplasias, que foi
1,76 vezes maior nos municípios com expansão do agronegócio e uso intensivo de
agrotóxicos em relação aos municípios de agricultura familiar tradicional (p < 0,001)
(RIGOTTO et al., 2013).
No Ceará, os riscos e a magnitude dos danos causados pela exposição a agrotóxicos
nos grupos de trabalhadores da horticultura e floricultura são pouco conhecidos, inexistem
estudos que abordem aspectos epidemiológicos e toxicológicos na região do maciço de
Baturité, bem como o impacto que essas intoxicações trazem ao SUS.
Diante do exposto, a presente pesquisa tem como pergunta condutora “Como os
modelos de produção agrícola convencional e agroecológico impactam na saúde da
população e no ambiente na região do Maciço do Baturité – CE?
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2. QUALIFICAÇÃO DO PRINCIPAL PROBLEMA A SER ABORDADO
a. Objetivo geral
b. Objetivos específicos
Indicador (n; %)
Metas
Objetivos específicos Ano
Descrição (pt) Descrição (Eng) 1 2 3
Delinear o perfil eco-sócio-sanitário, histórico Design the profile of the resident
Delineamento do perfil da população
e a morbimortalidade da população na região population and workers of 13
residente e dos trabalhadores dos 13 40% 60% *
estudada com destaque para o câncer e os municipalities of the Maciço do
municípios do Maciço do Baturité
transtornos mentais Baturité
Caracterização de 02 modelos de Characterization of 02 production
Caracterizar os modos de vida e os sistemas produção: agrícola convencional models: conventional agriculture
de produção de base agroecológica e (pequeno e grande produtor) e de base (small and large producer) and 30% 30% 40%
convencional agroecológica e modos de vida sustainable agriculture and its
associados livelihoods
12
Identificar os ingredientes ativos, Identificação de 100% dos
Identification of 100% of pesticide
classificação toxicológica e indicação do uso ingredientes ativos de agrotóxicos
active ingredients formally 50% 50% *
dos agrotóxicos utilizados nas culturas comercializados formalmente no
commercialized
estudadas Maciço do Baturité
Identificar os agrotóxicos presentes nas 144 amostras analisadas (solo, água, 144 samples analyzed (soil, water,
* 72 72
matrizes ambientais e em alimentos alimentos) food)
Avaliar o risco aditivo para a saúde humana 100% dos ingredientes ativos
100% of identified pesticides
decorrente da exposição simultânea a identificados e cadastrados no sistema * 50% 50%
analyzed
múltiplos ingredientes ativos de agrotóxicos analisados
Mapear de forma participativa ações e
estratégias no âmbito das políticas territoriais
01 mapeamento regional realizado 01 regional mapping conducted 30% 30% 40%
que promovam o direito a saúde e a
alimentação saudável
Elaborar planos de ação considerando os
elementos promotores e ameaçadores da 02 Planos de Ação elaborados 02 Action Plans elaborated * 30% 70%
saúde, ambiente e vida
Estudar e propor alternativas para o uso dos Realização de 10 treinamentos 10 formative processes performed * 05 05
agrotóxicos na região de estudo
13
5. METODOLOGIA A SER EMPREGADA
Objetivos específicos a, b, c, d, e, h, j
Para a pesquisa bibliográfica, revisão da literatura e análise documental serão
utilizados periódicos indexados (MEDLINE, LILACS, SCIELO, EMBASE,
COCHRANE), livros, dissertações e teses. Também serão consideradas produções
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técnico-científicas de organismos nacionais e internacionais como a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA), Agência de Proteção Ambiental (EPA/USA) e Agência
Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC).
Adicionalmente, a análise considerará as fontes disponibilizadas pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE),
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Sindicato Nacional da
Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (SINDIVEG), Instituto de Pesquisa e
Estratégia Econômica do Ceará (IPECE); Anuário Estatístico do Ceará; Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA); Portal do
Governo do Estado do Ceará – Agência de Desenvolvimento do Ceará (ADECE); e da
Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (SESA), dentre outros de livre acesso.
Em relação à caracterização da região e do território, investigar-se-ão: história e
identidade da região/território; potencialidades e vulnerabilidades, tradições, cultura,
valores e hábitos; características demográficas da população, sua distribuição no sócio
espaço e condições socioeconômicas; organização social e política (processos de
mobilização e liderança, associações e grupos, temas e objetos de ação), qualidade e
condições de vida; atividades produtivas e econômicas (formais e informais); obras de
infraestrutura; projetos de desenvolvimento em implantação ou previstos para o território;
projetos comunitários; políticas públicas sociais e de saúde existentes; equipamentos
públicos; saneamento ambiental (abastecimento de água, esgoto doméstico, resíduos
sólidos domésticos); saneamento básico (águas superficiais e profundas, drenagem); áreas
preservadas; mobilidade segurança e qualidade dos alimentos; perfil de morbimortalidade;
problemas e desafios; conflitos – de poder, de uso e ocupação do território, culturais,
étnicos, ambientais e outros (SANTOS; RIGOTTO, 2011).
Os dados secundários serão utilizados para caracterizar o perfil social, econômico e
demográfico dos trabalhadores e comunidades rurais expostas à agrotóxicos; para
identificar os ingredientes ativos, classificação toxicológica e indicação do uso dos
agrotóxicos utilizados nas culturas estudadas; e para identificar os contextos de
vulnerabilidade no território estudado e seus conflitos socioambientais, permitindo a
elaboração do quadro das vulnerabilidades sociais, institucionais e ambientais
relacionadas com a exposição química a agrotóxicos.
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Será analisado o perfil das intoxicações por agrotóxicos, especificamente em
trabalhadores e na população como um todo notificadas nos Sistemas de Informação em
Saúde (DATASUS), com destaque para: Sistema de Informação de Agravos de
Notificação (SINAN), Sistema de Informações Hospitalares (SIH), Sistema de
Informações de Mortalidade (SIM), Sistema Nacional de Informações Tóxico-
Farmacológicas (SINITOX), Sistema Nacional de Notificações para a Vigilância Sanitária
(NOTIVISA). Buscar-se-ão dados relacionados às doenças e agravos relacionados aos
agrotóxicos em geral, com destaque para câncer e transtornos mentais.
Inicialmente serão realizadas visitas exploratórias para conhecimento do território e
identificação de informantes-chaves representantes do SUS, dos movimentos sociais e
sindicatos de trabalhadores e trabalhadoras rurais com vistas a uma aproximação com o
território. Seguir-se-á um mapeamento participativo (PESSOA et al., 2013), com o uso da
cartografia social para problematizar o território em suas dimensões socioeconômicas,
geográficas, históricas e culturais, na perspectiva dos atores envolvidos. Além de
reafirmar a relação de pertencimento a um território, a cartografia social desperta nas
comunidades o interesse pela solução de seus problemas (CARVAJAL, 2005).
Nesse sentido, será constituído um grupo de pesquisa-ação (THIOLLENT, 2008)
formado de camponeses/agricultores que trabalhem na agricultura convencional e no
modelo agroecológico, representantes de associações comunitárias, membros do conselho
de saúde local, representantes de entidades da sociedade civil organizada, movimentos
sociais ambientalistas, setores e seus respectivos órgãos e instituições relacionados à
saúde (atenção básica, vigilância em saúde do trabalhador e saúde ambiental) ambiente,
trabalho, educação, cultura, agricultura, dentre outros.
Com o processo participativo de mapeamento espera-se que sejam levantadas as
potencialidades, problemas e vulnerabilidades do território, que subsidiarão a elaboração
de um plano de ação que destaque: a) O acesso a saúde e as necessidades sociais e de
saúde dos trabalhadores e das comunidades do território estudado; b) Atores envolvidos
na sua construção; c) Responsáveis pela implementação das ações – trabalhadores,
comunidades, profissionais de saúde e outros, instituições e órgãos; d) Prazos para
execução das ações; e) Critérios e indicadores de avaliação e monitoramento da
implementação das ações (PESSOA, 2010; TEIXEIRA; RIGOTTO, 2013).
O contexto de exposição dos trabalhadores aos agrotóxicos e o processo de
trabalho dos trabalhadores vinculados a agroecologia no Maciço do Baturité serão
16
investigados mediante observação direta com a aplicação de roteiro adaptado de Santos e
Rigotto (2011), para estudo do processo de trabalho em sua relação com o ambiente
interno e externo à atividade produtiva, abordando os seguintes aspectos: a) Identificação
da empresa (razão social, localização, ramo de atividade); b) Aspectos históricos da
organização da empresa; c) Trabalhadores e relações de trabalho; d) Instalações da
empresa; e) Processo de produção; f) Organização do trabalho; g) Condições ambientais
de trabalho e atenção à saúde; h) Relação com o meio ambiente; i) Relações institucionais
com o município, o Estado, órgãos fiscalizadores do trabalho e do ambiente, o sindicato
dos trabalhadores.
Para complementação do estudo do processo de trabalho in loco, será formado um
grupo de pesquisa-ação de trabalhadores do território em pauta, a fim de que seja
elaborado um fluxograma do processo de trabalho e um mapa do processo de produção e
trabalho nas empresas (técnica da cartografia social) de modo que sejam problematizados
os riscos ocupacionais, as medidas de prevenção coletiva e individual adotadas, a
organização e as condições de trabalho, assistência à saúde dos trabalhadores ofertada
pelas empresas com foco no modelo de produção convencional e a adotada pelo modelo
de produção de base agroecológica do Maciço de Baturité, bem como a visão dos
trabalhadores dos dois modelos produtivos sobre o processo de trabalho que desenvolvem
e a influência que este exerce sobre sua saúde, vida social e familiar. Ao final desta fase,
será elaborado um plano de ação que aborde as questões citadas seguindo a estrutura do
plano de ação elaborado como produto do mapeamento do território.
Será realizado um estudo epidemiológico do tipo descritivo, por meio da aplicação
de um questionário semiestruturado visando à caracterização demográfica e
socioeconômica da população de trabalhadores exposta às múltiplas classes de
agrotóxicos e os trabalhadores vinculados a agroecologia no território estudado, segundo
as variáveis “tempo”, “espaço” e “pessoa”, bem como as dimensões relacionadas à
exposição aos agrotóxicos e possíveis danos e agravos (efeitos agudos e cônicos) à saúde
dos trabalhadores.
Serão realizadas rodas de conversa com os trabalhadores do SUS, das demais
políticas públicas relacionadas ao tema, entidades e movimentos sociais para mapear de
forma participativa as estratégias e mecanismos de atenção, promoção e proteção da
saúde.
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Haverá o estudo das intoxicações entre os trabalhadores expostos por meio da
anamnese ocupacional, realizada em parceria com a SESA/CE.
Objetivo específico f
A análise de agrotóxicos em água e solo será realizada por cromatografia a gás
e/ou a líquido, usando como metodologia de preparo da amostra microextração em fase
sólida por contato direto e/ou extração em fase sólida com cartuchos de C18 e Florisil. A
análise de resíduos de agrotóxicos em alimentos será realizada por cromatografia a gás
e/ou a líquido usando como metodologia de preparo da amostra o método Quechers
(extração rápida com acetonitrila) (ANASTASSIADES, 2007; PRESTES et al., 2009).
Objetivo específico g
Será realizada a caracterização do risco aditivo para a saúde humana decorrente da
exposição simultânea a múltiplos ingredientes ativos presentes em matrizes ambientais e
alimentos contaminados com resíduos de agrotóxicos mediante a determinação do risco
total de desenvolvimento de câncer e da toxicidade sistêmica (sobre diferentes órgãos e
sistemas) para os efeitos não carcinogênicos. No estudo da exposição crônica serão
utilizados os resultados das análises dos resíduos de agrotóxicos detectados nas amostras
analisadas no Maciço do Baturité no período considerado pelo estudo.
A determinação do risco aditivo para os efeitos carcinogênicos e da toxicidade
sistêmica para os efeitos não carcinogênicos será feita mediante o uso de um sistema
baseado na web, disponibilizado gratuitamente pelo Departamento de Energia dos EUA –
Sistema de Informação de Avaliação de Risco (RAIS). Trata-se de uma aplicação
localizada em um servidor que pode ser acessada por meio de um browser que utiliza
equações aditivas para estimar o risco total.
Para os efeitos não carcinogênicos, essa abordagem individual baseia-se no
estabelecimento do quociente de perigo (HQ – hazard quotient), baseado na Dose de
Referência (RfD-reference dose). A Dose de Referência é a estimativa da exposição diária
(mg/Kg dia) em que uma população humana não está sujeita a efeitos adversos
observáveis durante uma vida de exposição, associada à dose de ingestão diária média
pelo receptor, expressa pelo produto entre o NOAEL (Non Observed Adverse Effect
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Level) e um fator de incerteza. Já o incremento na probabilidade de desenvolver câncer é
estimado a partir da potência ou fator de carcinogenicidade (SP – Slope Factor),
calculado para carcinógenos ou substâncias potencialmente carcinógenas.
Objetivo específico j
Aspectos éticos
O estudo será realizado segundo a Resolução do Conselho Nacional de
Saúde/CNS nº 466/2012, que estabelece Diretrizes e Normas Reguladoras de Pesquisas
envolvendo Seres Humanos.
Para todos os sujeitos envolvidos na pesquisa proposta, será obtido o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), esclarecendo-se na oportunidade a
justificativa, os objetivos, os procedimentos que serão utilizados, os possíveis
desconfortos e riscos decorrentes da participação na pesquisa, além dos benefícios
esperados.
Às instituições envolvidas nos territórios pesquisados serão solicitadas anuências
formais.
A pesquisa será realizada após aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa (CEP).
Riscos e benefícios
Os riscos relacionados à participação dos sujeitos na pesquisa podem ter
constrangimentos perante pessoas e instituições, caso dados sobre sua identidade venham
a público. No entanto, será garantido que isso não ocorrerá sob hipótese alguma.
As informações obtidas poderão ser utilizadas em eventos científicos, como
congressos, seminários e outras atividades científicas, no entanto, estando resguardada a
identidade de cada sujeito envolvido.
Os benefícios relacionados com a participação dos membros da comunidade são
no sentido de contribuir para o conhecimento e percepção dos aspectos relacionados à
saúde e ambiente, na divulgação dos problemas enfrentados pelas comunidades, e na
articulação com o SUS e outros setores para construção de ações e políticas mitigadoras
dos danos.
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6. ETAPAS DO PROJETO
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Mapeamento participativo com o uso da
01/ano 2 12/ano 3 24 meses
cartografia social
Realização de estudo do processo de trabalho
01/ano 2 12/ano 3 24 meses
e anamnese ocupacional
Mapeamento participativo com o uso da
01/ano 2 12/ano 3 24 meses
cartografia social
Caracterizar os processos de trabalho e
as formas de exposição dos Realização de estudo do processo de trabalho 01/ano 2 06/ano 3 18 meses
trabalhadores aos múltiplos e anamnese ocupacional (roteiros)
ingredientes ativos de agrotóxicos Elaboração de fluxograma do processo de
trabalho e mapa do processo de produção e 01/ano 2 06/ano 3 18 meses
trabalho
Identificar os ingredientes ativos,
Realização de pesquisa bibliográfica: análise
classificação toxicológica e indicação
documental, revisão da literatura, coleta em 06/ano 1 06/ano 2 12 meses
do uso dos agrotóxicos utilizados nas
fontes de dados secundárias
culturas estudadas
Identificar os agrotóxicos presentes nas Análise de agrotóxicos em água, solo e
01/ano 2 12/ano 3 24 meses
matrizes ambientais e em alimentos alimentos
Avaliar o risco aditivo para a saúde Determinação do risco total de
humana decorrente da exposição desenvolvimento de câncer e da toxicidade
01/ano 2 12/ano 3 24 meses
simultânea a múltiplos ingredientes sistêmica para efeitos crônicos não
ativos de agrotóxicos carcinogênicos
Mapear de forma participativa ações eRealização de pesquisa bibliográfica: análise
estratégias no âmbito das políticas documental, revisão da literatura, coleta em 07/ano 1 12/ano 3 18 meses
territoriais que promovam o direito afontes de dados secundárias
saúde e a alimentação saudável Realização de rodas de conversa 07/ano 1 06/ano 3 12 meses
Elaborar planos de ação considerando Realização de oficinas 07/ano 2 12/ano 3 18 meses
23
os elementos promotores e Mapeamento participativo com o uso da
ameaçadores da saúde, ambiente e vida cartografia social 01/ano 2 12/ano 3 24 meses
24
7. RELEVÂNCIA DA PROPOSTA
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Outro aspecto inovador do presente estudo é a caracterização do risco aditivo para a
saúde humana decorrente da exposição simultânea a múltiplos ingredientes ativos
presentes em matrizes ambientais e alimentos contaminados com resíduos de agrotóxicos.
Neste tipo de avaliação, considera-se não somente a exposição isolada aos agrotóxicos,
havendo a determinação do risco total de desenvolvimento de efeitos crônicos
carcinogênicos e não carcinogênicos.
Espera-se que esta pesquisa contribua para elucidar os problemas advindos da
exposição aos agrotóxicos e os benefícios relacionados à produção de base agroecológica
para a saúde, segurança alimentar e nutricional das comunidades e trabalhadores, bem
como seus modos de vida promotores de saúde, como vistas a contribuir para o
fortalecimento da Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, da
Floresta e Águas (PNSIPCFA), da Política Nacional de Agroecologia e Produção
Orgânica (PNAPO); da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), da Política
Nacional da Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNASTT); e para subsidiar o
debate em torno dos projetos de lei que dispõem sobre o disciplinamento do uso de
agrotóxicos e sobre o fortalecimento da produção de base agroecológica, atualmente em
formulação no Ceará.
Tendo como princípio a produção compartilhada de conhecimentos mediante a
adoção de metodologias participativas e de instrumentos de abordagem das relações
produção, ambiente e saúde no território, este projeto contribuirá para fortalecer a
autonomia das comunidades e trabalhadores na luta pela soberania e segurança alimentar
e nutricional; o acesso universal aos serviços de saúde resolutivos e o ambiente saudável.
26
b) Identificação dos contextos de vulnerabilidade e dos promotores de saúde
associados à cadeia produtiva da agricultura do modelo convencional e de base
agroecológica, respectivamente;
c) Mapeamento das experiências agroecológicas e a identificação de formas
inovadoras adotas pelas comunidades e agricultores na construção da
sustentabilidade ambiental e da justiça social, que geram impactos na saúde, e
consequentemente nas políticas públicas;
d) Produção de livros e artigos científicos com os resultados da pesquisa para
divulgação do conhecimento produzido;
e) Produção de material educativo (vídeos, cartilhas e/ou outros) com base na
sistematização do conhecimento produzido pela pesquisa a fim de que possa ser
utilizado em processos de ensino-aprendizagem;
f) Apresentação de subsídios para o desenvolvimento de ações de vigilância à saúde
de grupos populacionais vulnerabilizados no âmbito do SUS
g) Desenvolvimento de estratégias de produção compartilhada de saberes com os
grupos mais vulneráveis às intoxicações por agrotóxicos e com grupos vinculados
à produção agrícola de base agroecológica na região estudada;
h) Elaboração de plano de ação como produto do processo de mapeamento do
território, identificando questões prioritárias para a comunidade, SUS, Ambiente e
Agricultura;
i) Apoio ao estado nas áreas de saúde e ambiente e trabalho na perspectiva da
vigilância e da promoção da saúde;
j) Identificação de tecnologias promotoras de saúde.
9. ORÇAMENTO
27
Quadro 1. Detalhamento das despesas de custeio do projeto.
Valor
ITENS Unidade Qtde Unitário Total (R$)
(R$)
CUSTEIO
Material de Consumo
Cartolina colorida 240g/m³ unidade 100 3,00 300,00
Fita adesiva unidade 5 10,00 50,00
Pincel atômico caixa 6 42,00 252,00
Etiqueta adesiva pacote 6 5,00 30,00
Lápis de cor caixa 5 15,00 75,00
Serviços de terceiros pessoa física
Serviços de transcrição hora 60 80,00 4.800,00
Sistematização da pesquisa com
unidade 1 10.000,00 10.000,00
produção de material educativo
Serviços de terceiros pessoa jurídica
Serviços de impressão gráfica unidade 1.000 5,50 5.500,00
Produção de cópias unidade 5000 0,10 500,00
Produção de livro unidade 500 20,00 10.000,00
Análise de resíduos de agrotóxicos
unidade 72 250,00 18.000,00
(GCMS)
Análise de resíduos de agrotóxicos
unidade 72 250,00 18.000,00
(LCMSMS)
Passagens e diárias
Passagens 18 500,00 9.000,00
Diárias diária 120 320,00 38.400,00
CAPITAL
Equipamentos e material permanente
Notebook unidade 1 2.200,00 2.200,00
Câmera fotográfica unidade 1 1.000,00 1.000,00
Gravador unidade 2 400,00 800,00
Material bibliográfico
Livros unidade 10 100,00 1.000,00
Total 119.907,00
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10. CRONOGRAMA
Meses
1º Ano 2º Ano 3º Ano
Atividades
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Realização de pesquisa
bibliográfica
Análise das doenças e agravos
notificados no território
Mapeamento participativo com
o uso da cartografia social
Realização de visitas
exploratórias
Realização de estudo do
processo de trabalho e
anamnese ocupacional
Elaboração de fluxograma e
mapa do processo de produção
e trabalho
Determinação do risco aditivo
Realização de rodas de
conversa
Elaboração de planos de ação
Realização de oficinas
formativas
Estudo das alternativas ao
controle químico
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Treinamento de trabalhadores
no manejo integrado de pragas
Oficina de sistematização dos
dados
Conclusão da pesquisa e
Relatório final
Divulgação em eventos
científicos
Produção de livro, artigos,
material educativo
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11. IDENTIFICAÇÃO DOS PARTICIPANTES DO PROJETO
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Cleidiane Gomes Lima Tecnóloga de Alimentos, técnica em processos químicos da Fundação
Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará (NUTEC)
Franderlan Campos Pereira Sociólogo, especialista em Agroecologia, Desenvolvimento
Sustentável e Educação do Campo (UFC), Técnico da Cooperativa
Central das áreas de Reforma Agrária do Estado do Ceará (CCA/CE),
militante do MST Setor de Produção
Francisca Clarice Rodrigues de Administradora, especialista em Desenvolvimento Sustentável do
Sousa Semiárido e Educação do Campo (UFC), mestranda do Mestrado
Profissional em Saúde, Trabalho e Ambiente (ENSP/Fiocruz),
Militante do MST Setor de Saúde
Josiano Macedo de Lima Médico, especialista em Medicina de Família e Comunidade
(UVA/Escola em Saúde da Família Visconde de Saboia de Sobral).
Médico de Saúde da Família em Aracatiaçu/Sobral/CE, membro do
Setor Saúde do MST e da Rede Nacional de Médicas e Médicos
Populares
Maria da Paz Feitosa de Sousa Médica, pós-graduação em Medicina de Família e Comunidade
(Sistema Municipal de Saúde Escola de Fortaleza), trabalhadora do
SUS em equipe de Equipe de Saúde da Família, membro do Setor
Saúde do MST e da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares
Ana Paula Dias de Sa Médica, pós-graduação em Saúde Coletiva. Atuação atual em clínica
médica e supervisão no Programa Mais Médicos, membro do Setor
Saúde do MST e da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares
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12. INDICAÇÃO DE COLABORAÇÕES OU PARCERIAS JÁ
ESTABELECIDAS COM OUTROS CENTROS DE PESQUISA NA ÁREA
Esta pesquisa proposta pela Fundação Oswaldo Cruz Ceará (Fiocruz Ceará) foi
concebida em parceria com a) Instituições de pesquisa e ensino – Universidade da
Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), Instituto Federal de
Ciência e Tecnologia (IFCE) campus Baturité, Universidade Estadual do Ceará (UECE –
Campus Experimental de Educação Ambiental e Ecologia em Pacoti), Fundação Núcleo
de Tecnologia Industrial do Ceará (NUTEC), Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães
(CPqAM/Fiocruz-PE), Centro de Estudos em Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana/
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca/Fundação Oswaldo Cruz
(CESTEH/ENSP/Fiocruz); b) com instâncias dos setores do governo do estado do Ceará,
destacando a Secretaria da Saúde do Estado do Ceará por meio do Núcleo de Vigilância
Ambiental (NUVAN), Núcleo de Atenção à Saúde do Trabalhador (NUAST), Centro
Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) e Escola de Saúde Pública
do Ceará; c) com o Instituto Nacional de Câncer (INCA/MS); d) a Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA); e) os movimentos sociais do campo como o
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra; f) e entidades que atuam no campo da
educação popular em saúde, a exemplo da Articulação Nacional de Movimentos e
Práticas de Educação Popular e Saúde (ANEPS/CE).
Também está integrado ao projeto o Observatório da Política Nacional de Saúde
das Populações do Campo, Floresta e das Águas – Teia de Saberes e Práticas (OBTEIA),
sediado no Núcleo de Estudos de Saúde Pública da Universidade de Brasília. O OBTEIA
constitui-se um grupo de pesquisa certificado pelo CNPq, cujo líder é o proponente desse
projeto e atual diretor da Fiocruz Ceará. A presente proposta poderá ser potencializada ao
se inserir em uma teia de pesquisa nacional e internacional, que envolve mais de dez
territórios em todas as regiões do Brasil, articulada no âmbito do OBTEIA (ver
www.saudecampofloresta.unb.br).
33
13. DISPONIBILIDADE EFETIVA DE INFRAESTRUTURA E DE APOIO
TÉCNICO PARA O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
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é usada como um campo de estudos e pesquisas da universidade, especialmente das
atividades desenvolvidas pelo Instituto de Desenvolvimento Rural. O laboratório de
informática e o agroecossistema agroecológico e orgânico será disponibilizado para
oficinas e treinamentos. Entre as linhas de pesquisa desenvolvidas, destacam-se as que
estão no escopo desta proposta: pesquisa sobre agrotóxicos utilizados, pesquisa sobre
manejo solo x água x planta; identificação de sistemas agrícolas convencionais,
agroecológicos e orgânicos; sensibilização e capacitação para agroecologia e produção
orgânica; técnicas alternativas para tratar a planta e não a doença.
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Universidade Estadual do Ceará (UECE)
A UECE dispõe de um Campus Experimental de Educação Ambiental e Ecologia
em Pacoti, Maciço de Baturité, vinculado à Pró-Reitoria de Extensão que objetiva
contribuir para o desenvolvimento científico no Maciço de Baturité e nesse sentido
disponibilizará sua estrutura para realização de encontros e seminários para divulgação
dos resultados da pesquisa ao longo do desenvolvimento do projeto, bem como para
realização de oficinas de capacitação e troca de experiência entre os trabalhadores e
comunidades vinculadas ao sistema produtivo da agricultura convencional e de base
agroecológica da região do Maciço de Baturité.
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avaliação do risco aditivo para a saúde humana decorrente da exposição simultânea a
múltiplos ingredientes ativos de agrotóxicos.
A Fiocruz possui um Grupo de Trabalho sobre agrotóxicos, e vários de seus
integrantes estão vinculados ao presente projeto de pesquisa.
Perfil exigido
O bolsista deverá ter o terceiro grau completo para exercer atividades técnicas de
nível superior, envolvendo técnicas e métodos específicos. O profissional deverá ter
experiência na área de Saúde Coletiva e em projetos de pesquisa, além de disponibilidade
de tempo de 20 horas semanais.
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Plano de atividades segundo etapas do processo de trabalho
Etapas Atividades
Realização de pesquisa 1.1 Levantamento dos documentos nas fontes de dados;
bibliográfica: análise documental, 1.2 Organização de banco de dados secundários;
revisão da literatura, coleta em 1.3 Leitura dos documentos oficiais e documentos públicos;
fontes de dados secundárias 1.4 Organização das informações para a identificação das
categorias de análise;
1.5 Apoio às atividades de análise dos dados eco-sócio-
sanitários e de morbimortalidade dos trabalhadores e das
comunidades;
1.6 Inclusão dos resultados no relatório parcial e final.
Análise das doenças e agravos 1.1 Participação nas atividades de análise dos dados dos
notificados no território Sistemas de Informação em Saúde;
1.2 Inclusão dos resultados no relatório parcial e final.
Perfil exigido
O bolsista deverá estar regularmente matriculado em curso de nível superior, não
podendo ter reprovação em qualquer disciplina, tendo disponibilidade de trabalho para 20
horas semanais.
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Plano de atividades segundo etapas do processo de trabalho
Etapas Atividades
Realização de pesquisa 1.1 Levantamento dos documentos nas fontes de dados;
bibliográfica: análise documental, 1.2 Organização de banco de dados secundários;
revisão da literatura, coleta em 1.3 Leitura dos documentos oficiais e documentos públicos;
fontes de dados secundárias 1.4 Organização das informações para a identificação das
categorias de análise;
1.5 Apoio às atividades de análise dos dados para
caracterização dos sistemas de produção de base
agroecológica e convencional;
1.6 Inclusão dos resultados no relatório parcial e final.
REFERÊNCIAS
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ANASTASSIADES, M. prEN 15662: Determination of pesticide residues using GC-
MS and/or LC-MS (/MS) following acetonitrile extraction/partitioning and cleanup
by dispersive SPE - QuEChERS method. 2007.
44
TEIXEIRA, A. C. A.; RIGOTTO, R. M. Territorialização em Saúde: estudo das
relações produção, ambiente, saúde e cultura na atenção primária à saúde. Relatório
Técnico Científico. PRODOC/CAPES, 2013, 202p.
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