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03/04/2017 ® BuscaLegis

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Revisão do dano moral.

Por que reparar só em dinheiro?
 
 
Ademir Buitoni*
 
 

Sumário: 1 – Introdução; 2 ­ A Função Social do Dinheiro; 3 – Conceito de Dano Moral; 4 – Moral e
Ética; 5 ­ Jurisprudência Sobre Danos Morais; 6 ­ Conclusão: Por que reparar o dano moral só em dinheiro?

1 – INTRODUÇÃO

A Moral é um valor de caráter não patrimonial e sobre isso existe unanimidade no Direito Brasileiro.
No entanto, a reparação do Dano Moral vem sendo feita, judicialmente, quase sempre, de forma patrimonial,
ou seja, de forma material com indenização em dinheiro. A contradição nesse assunto parece muito evidente.
Em pouquíssimos casos, os juízes procuram condenar o ofensor em outro tipo de reparação não pecuniária,
como por exemplo, obrigar a dar tratamento psicológico para pessoa que foi vítima do abalo moral.

Quando  se  condena  a  "Indústria  do  Dano  Moral",  pensamos  que  a  condenação  é  contra  a  conversão
indiscriminada e arbitrária do Dano Moral em indenização pecuniária. Não se trata de ser contra a reparação
do Dano Moral, mas sim contra a banalização do Dano Moral. É quase só isso o que está acontecendo nos
milhares  de  processos  em  que  se  pleiteia  Dano  Moral:  receber  dinheiro,  muitas  vezes  em  valores
absolutamente desproporcionais ao dano.

Outro problema diz respeito ao direito à reparação do dano moral, em dinheiro, que tem sido também
concedido a Pessoas Jurídicas.

È  muito  freqüente,  por  exemplo,  uma  empresa  ter  um  título  indevidamente  protestado  em  valor
irrisório  e  receber  a  título  de  dano  moral  uma  soma  correspondente  a  centenas  de  vezes  esse  valor,  sem
qualquer prova de dano efetivo. Não há a menor preocupação dos juízes em avaliar a capacidade econômica
das empresas, fazer perícia contábil e afins. O dano é presumido, artificialmente, como existente, verdadeira
ficção  jurídica.  O  montante  da  indenização  é  fixado,  geralmente,  por  estimativa  arbitrária,  por  mero
sentimento pessoal dos julgadores.

O  resultado disso tudo  é  desalentador:  de  um  lado,  uma  avalanche  de  processos judiciais sobre dano


moral  em  dinheiro,  gerando  grandes  expectativas  de  ganho  ou  perda;  de  outro  lado,  a  moral,  individual  e
social,  que  não  se  restabelece  com  o  pagamento  dessas  indenizações.  O  movimento  binário  do  jogo
processual perde/ganha, em assunto que é valorativo e não especulativo, representa uma grande contradição
atual, no sistema jurídico nacional.

De  fato,  o  dinheiro  não  restabelece  a  moral.  A  moral  pessoal  e  social  precisa  ser  preservada  e  não
substituída pelo dinheiro. Se as reparações de dano moral fossem feitas por meios morais, e não em dinheiro,
certamente, haveria um desestímulo muito grande nos processos e a moral poderia ser preservada, realmente.
Por isso, é necessário refletir se essa situação é coerente ou se estamos diante de uma confusão conceitual,
cujo objetivo maior seria auferir vantagens pecuniárias.

Esta é a finalidade desta breve reflexão: dar subsídios aos operadores do direito para que reformulem o
modo de reparar os danos morais, deixando de lado a indenização exclusivamente pecuniária e passando a
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adotar outros modos de reparação condizentes como verdadeiro restabelecimento da moral, já tão abalada e
desacreditada no nosso país. A moral parece estar virando mercadoria e os operadores do direito não podem
permanecer inertes. Algo tem de ser feito para colocar a moral no seu devido local, sem transformá­la em
dinheiro.

2 – A FUNÇÃO SOCIAL DO DINHEIRO

Inicialmente, é necessário uma breve reflexão sobre esse incrível e poderoso símbolo que é o dinheiro.
Sem  conceituar  o  dinheiro,  é  impossível  entender  o  que  estamos  propondo,  ou  seja,  que  o  dinheiro  não
repara, por si só, a moral danificada.

O dinheiro, como usado socialmente, entra no lugar do objeto, possibilitando a satisfação dos desejos, a
aquisição de bens úteis, necessários ou mesmo supérfluos. É um símbolo de múltiplas utilidades.

Possuir  o  dinheiro  é  ter  poder  para  a  conquista  de  bens,  sobretudo  no  regime  econômico  vigente,  de
caráter capitalista, onde a acumulação do dinheiro é fundamental para o funcionamento da sociedade.

O  dinheiro  tem  algumas  funções  básicas:  instrumento  de  troca,  unidade  de  conta,  reserva  de  valor  e
meio  de  pagamento.  Essas  funções  não  esgotam,  nem  explicam  o  fascínio  que  o  dinheiro  exerce  na
imaginação  coletiva  da  sociedade.  Realmente,  como  já  observou  um  psicanalista  "o  dinheiro  como
instituição  social,  ocupa  um  lugar  ímpar  na  história  do  homem,  como  poucas,  suscita  emoções  e  atitudes
apaixonadas" (Lima,  1996,11).  Na  sociedade  atual,  com  a  hegemonia  do  capital financeiro, e não mais do
capital  produtivo,  as  pessoas  parecem  que  vivem  e  morrem  pelo  dinheiro.  Foram  necessários  muitos
milênios de civilização até chegar ao nosso momento histórico.

A história da criação do dinheiro é longa, começa há milênios antes de Cristo, passa pelo Egito, pela
China, Grécia, Roma... vai do uso do gado, do sal, de conchas marítimas e afins até chegar a moeda. Só para
ter uma referência mais próxima, no mundo romano, a Lei das XII Tábuas, 450 a.C. ainda se refere montante
de  multas  em  cabeças  de  gado.  Só  em  269  a.C.,  entra  em  atividade  no  Capitólio  a  primeira  oficina  de
cunhagem.  O  cognome  de  Moneta  (a  anunciadora),  dado  à  deusa  para  comemorar  o  acontecimento,
repercute­se  sobre  a  oficina  e  sua  produção  e  assim  aparece  o  nome  da  prestigiada  "moeda"  (Rivoire,
985,12). Portanto, a moeda é uma criação cultural, a que se atribuiu desde o começo um simbolismo e um
poder que facilitou a troca dos bens.

Para o direito positivo a moeda é uma norma jurídica. Moeda é norma jurídica que fixa uma unidade
ideal, que quantifica relações de crédito e débito, como ensinam vários juristas, podendo ser citado em nome
de todos o ilustre Dr. Letácio Jansen, um dos maiores especialistas brasileiros nessa matéria: "... as moedas,
enquanto valores nominais são normas jurídicas cujos conteúdos são condutas humanas, e cujo fundamento
são a Constituição e as leis (também normas jurídicas) (Jansen, 1991, 152).

O dinheiro é um produto da criação humana, não existe na natureza, é tão pouco natural como a fala,
embora  usemos  o  dinheiro  como  se  ele  sempre  tivesse  existido.  De  um  modo  geral,  vivemos  atrás  do
dinheiro, lutamos por dinheiro, litigamos por dinheiro, fazemos muitas coisas pela motivação monetária.

Mas, no fundo, o dinheiro é apenas um símbolo, algo que não tem vida própria, que simboliza outra
coisa,  que  está  no  lugar  de  algo.  Essa  a  função  do  símbolo:  substituir  o  objeto  representado  (Buitoni,
1997,179 e seguintes).

Esse símbolo monetário emitido e controlado pelo Estado, vem do século XIX, quando o Estado passa
a  ter  o  monopólio  de  emissão  da  moeda,  poder  que  antes  se  reconhecia  a  banqueiros,  senhores  feudais,
ourives, monarcas e afins. O Estado é o poder soberano que regula a emissão da moeda. O dinheiro passou a
representar  uma  das  facetas  mais  importantes  do  poder  do  Estado  pois,  através  do  controle  do  fluxo
monetário,  toda  a  economia  do  país  pode  ser  regulada.  O  capitalismo  atual  é  de  natureza  monetária,
financeira, com a hegemonia do dinheiro na condução dos negócios.

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Dinheiro é símbolo e o símbolo só existe por convenção. O dinheiro é uma convenção, expressa através
de números, que também são convenções. Quem dá significado aos símbolos é a mente humana.

Os  símbolos  não  significam  pelo  que  são,  mas  pelo  significado  que  a  mente  humana  lhes  atribui.  O
dinheiro  nada  vale  se  não  houver  uma  lei  fixando  seu  valor  no  ordenamento  jurídico.  A  norma  jurídica
apenas corporifica a convenção, ajustada pelos poderes competentes, sobre o valor do dinheiro.

O dinheiro já foi apontado como o símbolo da instituição e do pensamento moderno (Simmel, 1987,
548). Sem o dinheiro a modernidade não existiria. O dinheiro ajudou a superar a subjetividade da sociedade
feudal,  nos  levou  ao  iluminismo,  mas  vem  exagerando  na  sua  função  de  monopolizar  as  relações  sociais.
Pela sua utilidade o dinheiro tornou­se a forma insubstituível de intermediação dos bens da sociedade. O que
seria da sociedade atual sem o dinheiro? O clássico Marx, já havia notado: "O dinheiro é a mercadoria geral,
quanto  mais  não  seja,  por  ser  a  forma  geral  que  cada  mercadoria  particular  assume  ideal  ou  realmente"
(Marx, 1983, 241)

O  dinheiro  pela  sua  força  e  utilidade  simbólica,  em  especial  como  meio  de  troca  e  instrumento  de
pagamento, passou a ser intensamente usado pelo sistema econômico como o mais universal mediador das
relações sociais. Tudo passa a ser possível de ser quantificado em dinheiro. O dinheiro vem assim substituir
até valores morais, a ética, com vem acontecendo na indenização do Dano Moral só em dinheiro. Afinal isso
é correto? Afinal o que é a moral?

3 ­ CONCEITO DE DANO MORAL

Existem certos conceitos que, pela sua amplitude, comportam interpretações extremamente subjetivas e
extensivas, de modo que podem gerar as mais variadas perspectivas. Moral é um desses conceitos genéricos.
O que é moral no plano jurídico? O que é moral no plano filosófico? E no plano psicológico? É evidente que
o  conceito  de  moral  supera  o  aspecto  jurídico.  Antes  de  estar  previsto  em  lei,  o  problema  moral  é  uma
preocupação  que  remonta  à  própria  origem  da  civilização  humana.  De  Platão  e  Aristóteles,  passando  pela
Bíblia, pelo renascimento, pelo iluminismo, pelo modernismo até chegar aos dias atuais, sempre se discutiu o
problema moral e, pela natureza do assunto, a discussão perdurará "ad infinitum".

Mas, para limitar a discussão à situação histórica brasileira, comecemos com algumas prescrições das
leis vigentes, em rápida síntese.

A Constituição de 1988 apenas assinala em seu artigo 5, incisos V e X que existe a possibilidade de se
reparar o dano moral. O novo Código Civil, no artigo 186, trata os danos morais como um ato ilícito.

O  Código  de  Defesa  do  Consumidor  (Lei  8078/90)  no  artigo  6,  incisos  VI  e  VII  também  trata  da
reparação do dano moral. A Lei de Imprensa (Lei 5250/67) há várias décadas prevê no art.49 a indenização
pecuniária do dano moral, estabelecendo, no entanto, um limite pecuniário de 20 salários mínimos. Inexiste,
porém, uma lei especial, no direito brasileiro, que dê parâmetros para se aferir quando ocorre o dano moral e
quais os meios adequados para repará­lo.

Diante dessa indefinição o dano moral vem sendo tratado como uma vala comum, onde entram os mais
variados tipos de interesses, abrangendo as mais diversas situações, dando margem às mais diferentes formas
de reparação, especialmente as do tipo pecuniário, não raro envolvendo elevadas somas de dinheiro.

Procurando fazer uma média das opiniões, podemos dizer que o dano moral está ligado á violação da
dignidade humana, causando dor e sofrimento anormais.

Para efeito de termos uma referência conceitual, é razoável o ponto de vista do desembargador Sérgio
Cavalieri Filho; "... só deve ser reputado como dano moral a dor, vexame, sofrimento ou humilhação que,
fugindo  à  normalidade,  interfira  intensamente  no  comportamento  psicológico  do  indivíduo,  causando­lhe
aflições,  angústia  e  desequilíbrio  em  seu  bem­estar.  Mero  dissabor,  aborrecimento,  mágoa,  irritação  ou
sensibilidade  exacerbada  estão  fora  da  órbita  do  dano  moral,  porquanto,  além  de  fazerem  parte  da

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normalidade  do  nosso  dia­a­dia,  no  trabalho,  no  trânsito,  entre  os  amigos  e  até  no  ambiente  familiar,  tais
situações não são intensas e duradouras, a ponto de romper o equilíbrio psicológico do indivíduo. Se assim
não se entender, acabaremos por banalizar o dano moral, ensejando ações judiciais em busca de indenizações
pelos mais triviais aborrecimentos." (Cavalieri, 2003, 99).

Portanto,  o  dano  moral  liga­se  a  um  estado  emocional  e  psicológico  da  vítima  que  sofre  de  maneira
patológica, anormal, as conseqüências morais das atitudes ilícitas de terceiros.

A preocupação com a moral é relativa a situações sociais específicas. Conforme o tipo de ideologia da
pessoa,  das  instituições,  dos  costumes,  da  religião,  do  povo,...  define­se  um  tipo  ou  outro  de  moral.  Não
existe uma moral absoluta e universal.

É  oportuno  lembrar  que  o  vocábulo  "moral"  vem  da  etimologia  latina  ­  "mos,  moris"  ­  que  significa
costume, uso. O que é moral numa religião, num Estado e num sistema jurídico, pode não ser moral noutro.

A  moral  é  relativa  aos  costumes  históricos  de  cada  sociedade  e,  portanto,  tem  uma  forte  carga  de
subjetividade circunstancial. Já o direito positivado, escrito, se caracteriza pela procura da objetividade.

Na impossibilidade de relatar a história do conceito de moralidade, dentro dos limites desta reflexão,
exemplifiquemos,  apenas,  com  o  pensamento  de  Kant,  cuja  filosofia  influenciou  muito  o  direito  ocidental
moderno.

Em Kant, a moral é fruto da razão e não da observação empírica, pois a experiência não seria capaz de
mostrar o que seria a moral, nem a liberdade. O direito, na sua essência, seria ligado aos atos exteriores e
nisso se diferenciaria da moral, que seria interior.

Diz Kant: "De fato, como o direito não tem absolutamente por objeto senão o que concerne aos atos
exteriores, o direito estrito, aquele em que não se mescla nada próprio da moral, é o que exige tão somente
princípios  exteriores  de  determinação  para  o  arbítrio;  porque  neste  caso  é  puro  e  sem  mescla  de  preceito
moral  algum.  Somente,  portanto,  o  direito  puramente  exterior  pode  ser  chamado  direito  estrito"  (Kant,
1988,48).

Assim Kant procura separar moral e direito, pela impossibilidade de demonstrar o que seria a moral.

Parece mesmo ser impossível definir o que é esse "bem moral" que o direito positivo quer proteger, de
vez que moral pertence ao campo da subjetividade, do sentimento, e a regra jurídica objetiva não tem como
delimitar esse campo, salvo se a lei estabelecesse, taxativamente, os casos que considera dano moral, e isso
seria uma restrição do conceito.

Tudo isto está sendo analisado para que se tenha consciência da complexidade do problema jurídico, ao
querer  trazer  para  o  direito  positivo  objetivo  o  que  pertence  ao  campo  da  ética,  do  sentimento  humano
subjetivo.  Passar  de  um  campo  a  outro,  sem  qualquer  cuidado,  parece  ser  temerário,  como  muitos  estão
tentando fazer no direito brasileiro.

Uma  outra  distinção  básica  nesse  assunto  é  que  o  dano  moral  é  extrapatrimonial,  ou  seja,  ele  não
produz efeito no patrimônio do ofendido, caso contrário seria reparação de dano material.

Nesse  sentido  a  doutrina  nacional  e  estrangeira  parecem  quase  unânimes.  René  Savatier,  na  França,
define dano moral como todo sofrimento humano que não resulta de perda pecuniária. Na Itália, Gabba se
posiciona no sentido de que o dano moral é o causado injustamente a outrem, que não atinja ou diminua o
seu patrimônio (Martins da Silva, 2002, 36,37). O Código Civil Alemão (BGB), por exemplo, prevê que um
dano moral pode ser ressarcido, na medida do possível, por meio da restituição in natura, como por exemplo,
no caso de retratação pública em opiniões publicamente manifestadas, que tenham causado lesão a outrem
ou prejudicado seu crédito.

No Brasil Orlando Gomes reserva a expressão dano moral ao agravo que não produz qualquer efeito
patrimonial e Silvio Rodrigues preleciona com a habitual clareza:
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"Trata­se assim de dano sem qualquer repercussão patrimonial: se a injúria, assacada contra a vítima
em artigo de jornal, provocou a queda de seu crédito e a diminuição de seu ganho comercial, o prejuízo é
patrimonial, e não meramente moral. Este ocorre quando se trata apenas de dor causada à vítima, sem reflexo
em seu patrimônio" (Rodrigues, 2002, 189).

Isso é o bastante para mostrar que de um lado temos o dano material e de outro o dano moral, este sem
reflexo patrimonial, ligado à dor que a vítima sente por ter sido atingida em sua moral.

O  problema  atual  no  direito  brasileiro  é  que  todo  "Dano  Moral"  está  sendo  sempre  convertido  em
indenização em dinheiro, por força de interpretação equivocada da nova Constituição. A dor e a moral não
podem ser reparadas pelo dinheiro, mas através de outros mecanismos.

Há  uma  evidente  confusão  conceitual  nesse  assunto,  como  se  o  dinheiro  e  a  dor  moral  pudessem  ter
uma  equivalência  possível.  No  entanto,  dinheiro  e  moral  são  duas  categorias  diferentes:  dinheiro  é  um
símbolo lógico e moral é um sentimento subjetivo pessoal, ético, valorativo, como veremos a seguir.

4– MORAL E ÉTICA

A  existência  e  o  desenvolvimento,  tanto  do  Direito  quanto  da  Filosofia,  dependem  de  classificações.
Sem classificar não há possibilidade de pensar.

Assim: a Moral pertence ao campo da Ética e o dinheiro pertence ao campo da Lógica.

Vamos  utilizar  o  pensamento  do  filósofo  Charles  Sanders  Pierce  (1839­1914),  fundador  da  moderna
semiótica, pela sua clareza ao sintetizar as categorias do conhecimento humano.

Pìerce, tal como fizera antes Kant, dividiu as ciências normativas em estética, ética e lógica. (Pierce,
1990,201)  A  estética  liga­se  ao  admirável,  ao  sentir;  a  ética  ao  agir,  às  coisas  cujos  fins  residem  nos  atos
voluntários; a lógica ao campo da representação das coisas. Na verdade, as três categorias estão interligadas,
e não separadas, são complementares e não antagônicas. O que as distingue é a predominância de uma ou
outra dessas características.

A lógica é a categoria mais elevada, onde se encontram os símbolos, onde estão as leis necessárias do
pensamento, as condições para se chegar à verdade, se isso for possível. O que não se pode, no entanto, é
passar de uma categoria a outra, sem mais nem menos, confundindo­se os planos dos conhecimentos.

No  que  tange  à  ética,  que  é  a  nossa  preocupação,  adotamos  que  "a  ética  é  o  estudo  sobre  quais  as
finalidades de uma ação que estamos deliberadamente preparados para adotar" (Pierce, 1990,202).

A  aprovação  dessas  ações  é  a  moral.  Nesse  campo  ético,  onde  está  a  moral,  os  conflitos  são
permanentes, pois é necessário avaliar as decisões, pesar prós e contras, decidir entre caminhos opostos. Não
há  uma  lógica  predominante  na  decisão  ética,  mas  uma  escolha  por  preferência.  Não  há  como  superar,
logicamente, os conflitos morais.

O dinheiro pertence ao campo da lógica como símbolo de valor numérico, uma unidade ideal. Se ele
entrar no campo da moral para solucionar alguma controvérsia estará apenas, artificialmente, solucionando o
que não poderia ser solucionado de modo lógico. Na moral, os conflitos não se resolvem completamente. É
próprio da moral estar sempre aberta a revisões, a evoluções históricas e sociais.

A moral não é estática. Por isso, quando se tenta quantificar, com dinheiro, um problema moral, apenas
se está desqualificando o campo moral e tornando a moral venal, o que ela jamais pode ser.

É  necessário  respeito  com  a  dor,  com  a  moral,  com  a  psicologia  profunda  do  indivíduo.  O  sistema
econômico  atual  tem  propiciado  muito  desrespeito  aos  direitos  fundamentais  da  pessoa  humana,  entre  os
quais está a dignidade moral.

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Melhor seria tornar mais severa a legislação penal nesse assunto do que tornar passível de indenização
pecuniária,  o  que  não  tem  preço  e  nunca  terá:  a  moral  humana.  Penalizar  o  autor  do  dano  pelo  lado
financeiro, em proveito da vítima, como a prática judiciária brasileira vem fazendo é, no mínimo, incentivar
a especulação econômica nos litígios jurídicos.

Confundir  a  lógica  do  dinheiro  com  a  ética  da  moral  é  passar  de  uma  categoria  de  pensamento  para
outra,  sem  qualquer  fundamento,  criando  uma  confusão  insolúvel  no  sistema  legal,  como  nossa
jurisprudência vem fazendo.  Estamos  precisando  esclarecer  o  pensamento  e  pôr ordem nas idéias, que é a
função da atividade intelectual do jurista.

5 – JURISPRUDÊNCIA SOBRE DANOS MORAIS

Diariamente o Poder Judiciário decide processos sobre Dano Moral, estimando­se que em São Paulo
pelo menos 30% dos processos novos possuem pedido de Dano Moral.

A  título  de  exemplo,  examinemos  dois  julgamentos  que  a  nosso  ver,  demonstram  a  inadequação  da
reparação pecuniária do dano moral.

O  primeiro  é  um  caso  julgado  pelo  Superior  Tribunal  Justiça,  em  Brasília  (RESP  685344­MA­3ª,
Turma­unânime,  Rel.  Min.  Castro  Filho,  16.8.05).  Tratava­se  de  um  Juiz  que  se  sentiu  ofendido  em  sua
honra,  pois  foi  incluído  indevidamente  com  o  integrante  de  uma  "quadrilha"  de  indenizações"  que  vendia
sentenças julgando sempre contra os Bancos, tendo a Febraban divulgado o nome dele indevidamente pela
imprensa.  A  Febraban  foi  condenada  no  STJ  a  pagar  21.600  salários  mínimos  ao  Juiz,  ou  seja,  o  valor  na
época correspondente a 6,48 milhões de reais. No V. Acórdão o STJ justificou o valor da indenização assim:
"Em  que  pese  o  grau  de  subjetivismo  que  envolve  o  tema  da  fixação  da  reparação,  vez  que  não  existem
critérios determinados e fixos para quantificação do dano moral, tem­se pronunciado esta Corte no sentido
de que a reparação do dano não pode vir a constituir­se em enriquecimento indevido, mas de outro lado, há
de ser fixada em montante que desestimule o ofensor a repetir o ato cometido".

Certamente  a  quantia  arbitrada,  de  mais  de  6  milhões,  um  Juiz  ou  qualquer  outro  profissional  do
Direito,  muito  dificilmente,  vai  ganhar  em  toda  sua  vida!  Será  mesmo  que  isso  não  é  enriquecimento
indevido? Não sabemos em que momento o STJ vai achar que existirão critérios determinados e fixos para
precificar  o  dano  moral.  O  que  é  subjetivo  é  subjetivo,  não  pode  ser  objetivo.  O  dano  subjetivo  deve  ser
reparado  pelos  meios  subjetivos.  Esse  Juiz  poderia  receber  um  tratamento  psicológico,  custeado  pelo
ofensor,  para  curar  as  dores  psíquicas  que  sofreu  com  a  falsa  acusação.  Então,  parece  arbitrária  essa
condenação pecuniária, não tem base em nada. Pode ser isso como pode até ser mais do que isso. De outro
lado, essa imensa penalidade pecuniária aplicada ao ofensor para desestimulá­lo, longe de ser eficiente, vai
apenas estimular que  outros  ofendidos pleiteiem  a  mesma  quantia.  Os  caso  de danos morais continuam se
repetindo. Não é a "pena de morte econômica" ou a agressão ao patrimônio do ofensor, que vai acabar com
os casos de dano moral,mas sim a educação social e moral de todos.Se for mantido o sistema de indenização
em  dinheiro,por  que  não  destinar  esse  dinheiro  das  indenizações  morais  a  um  Fundo  Social  de  Educação
Moral,que promoveria cursos e atividades voltadas a divulgação da ética e da moral no Brasil?Não seria esse
um modo melhor de moralizar nossa sociedade, de educar os cidadãos sobre o dever de preservar a moral?

Outro  caso  foi  julgado  pelo  Tribunal  de  Justiça  do  Rio  de  Janeiro.  (Ap  Civ.  2003.001.22359,  RJ,
15aCC, unan. 12.11.03). Tratava­se de microempresa que teve indevidamente protestado duplicata, no valor
irrisório de R$ 138,61. A empresa que protestou foi condenada em danos morais no valor de 200 salários­
mínimos, hoje equivalente a R$ 83.000,00 (!!!!!). Sendo microempresa, sabe­se que fatura até no máximo
R$ 240.000,00 por ano. Ou seja, essa indenização equivale a 1/3 do faturamento da empresa, por um protesto
de R$ 138,61!!!

Dificilmente  a  microempresa  ganharia  isso  de  lucro  durante  o  ano.  Qual  a  justificação  para  essa
reparação?  O  V.  Acórdão  assim  declarou:  "O  quanto  da  indenização  está  estabelecido  em  valor  razoável,
dada a gravidade de uma negativação para uma empresa, mas não merece elevação, pois não pode ser fonte
de ilícito enriquecimento". Não houve nenhum laudo de avaliação do faturamento da empresa, ou sobre sua
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capacidade  econômica  e  afins.  Não  houve  nenhum  dado  objetivo  para  saber  o  que  é  valor  razoável  em
dinheiro.  Tudo  foi  feito  ao  arbítrio  dos  julgadores,  sem  apoio  em  dados  patrimoniais  nenhum.  Justiça  não
pode ser arbitrária e assim no mínimo, nesses casos, teria de ser amplamente discutido o valor do razoável já
que o não patrimonial está sendo transformado em patrimonial. O Direito é avesso ao arbítrio. Já que se quer
indenizar a moral em dinheiro pelo menos que se o faça de forma balanceada. Mas não, na maioria dos casos
se  julga  exatamente  como  nos  exemplos  apontados  acima,  sem  base  nenhuma,  em  dados  econômicos
nenhum.

Casos  julgados  devem  ser  respeitados,  mas  nem  por  isso  deixa  de  causar  estranheza  o  modo  como
estão sendo julgados. É freqüente que os próprios julgadores mudem de entendimento e isso precisa ser feito
em matéria de Dano Moral.

Enquanto  isso  se  fala,  pública  e  notoriamente,  em  indústria  do  dano  moral,  pois  o  valor  das
indenizações tem chegado a patamares muito acima do que alguém pode ganhar em sua vida. No entanto, a
moral continua em franca baixa na nossa sociedade.

Infelizmente,  a  jurisprudência  pátria  continua  caminhando  no  sentido  de  só  dar  indenização  em
dinheiro para, pretensamente, curar a dor psíquica. Sirvam esses exemplos para que todos os operadores do
direito revisem os conceitos jurisprudenciais vigentes e lutem por outros modos de reparação do dano moral.

6 ­ CONCLUSÃO: POR QUE REPARAR O DANO MORAL SÓ EM DINHEIRO?

Concluindo, mais uma vez, de modo enfático: o dano moral pertence ao campo da ética e o dinheiro ao
campo  da  lógica.  Assim  sendo,  o  dano  moral  deve  ser  reparado  pelos  meios  morais,  e  não  pelos  meios
monetários, para não se confundir categorias distintas, como se o dinheiro tivesse o poder de restabelecer a
moral.

No Direito Brasileiro houve um esquecimento quase total de outras formas de reparação, que não sejam
monetárias.  Isso  talvez  a  demonstre  o  momento  cultural  e  social  e  político  em  que  vivemos,  onde  ganhar
dinheiro,  levar  vantagem  de  qualquer  forma,  inclusive  através  do  Judiciário  se  tornou  um  comportamento
rotineiro.

No entanto, o tão citado prof.Carlos Alberto Bittar, na sua clássica obra, já ensinava sobre a reparação
do  dano  moral  que  "admitem­se,  nesse  campo,  conforme  a  natureza  da  demanda  e  repercussão  dos  fatos,
várias formas de reparação, algumas expressamente contempladas em lei, outras implícitas no ordenamento
jurídico  positivos,  como;  a  realização  de  certo  ato,  como  a  de  retratação  que,  acolhida,  pode  satisfazer  o
interesse lesado (lei 5250/67, arts. 29 e 30); o desmentido, ou retificação de notícia injuriosa, nos mesmos
termos,  a  contrapropaganda,  em  casos  de  publicidade  enganosa  ou  abusiva  (lei  8.078/90,  art.60);  a
publicação gratuita de sentença condenatória (lei 8.078/90, art.68). (Bittar, 1992, 218).

No mesmo sentido o insigne jurista Ponte de Miranda: "O dano moral se repara pelo ato que o apague
(e.g. retratação do caluniador ou do injuriante, casamento da mulher deflorada) ou pela prestação do que foi
considerado como reparador" (Pontes de Miranda, 1992,218).

Por que nossos julgadores, por que nossos Tribunais se esqueceram disso? Por que estão convertendo
quase todo dano moral em dinheiro?

Parece que houve uma anestesia geral no pensamento jurídico, na doutrina, na jurisprudência, com a
aceitação  exclusiva  do  dano  moral  em  dinheiro.  Talvez  o  Brasil  seja  um  dos  únicos  sistemas  jurídicos  do
mundo que converteu só em dinheiro o dano moral. Nunca antes na história do nosso sistema jurídico isso
tinha ocorrido. Os meios de comunicação têm noticiado frequentemente esse assunto e, a título de exemplo,
houve até numa reportagem que publicou uma Tabela de Preços para indenizar o Dano Moral, por exemplo;
assédio moral R$ 600 a 90.000 reais, revista vexatória no emprego, 3 a 15 mil reais e assim por diante (vide
"Prejudicou Pagou", Veja 24.8.2005, pág.114/115).

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Nessa mesma reportagem, divulgou­se que o STJ em 1993 tinha só 28 processos por danos morais e
em 2005 já recebia quase 1.000 por mês, ou seja, 12.000 por ano!

O comércio do dano moral está crescendo a cada dia que passa e a vida moral da nação, a corrupção
em geral, ao que consta, continua igual ou pior.

Por  isso,  cada  caso  de  reparação  deve  ser  estudado  minuciosamente  pelos  juízes,  com  a  ajuda  de
psicólogos,  sociólogos  e  com  profissionais  de  outras  áreas,  de  modo  interdisciplinar,  visando  avaliar  de
modo amplo e prudente, como se pode reparar o dano moral sofrido.

Para  Pessoas  Jurídicas,  a  questão  não  deve  ser  tratada  como  dano  moral,  apesar  da  posição  em
contrário do STJ. Não se pode equiparar pessoa física com pessoa jurídica, pois a pessoa jurídica é criação
da ordem jurídica, não tem vida biológica, a equiparação é equivocada.

Para Pessoas Jurídicas, o tratamento adequado será basicamente o de indenizar o dano material, pois o
efeito da constituição de uma Pessoa Jurídica é a separação do patrimônio para o exercício de uma atividade.
Não  há  vida  psíquica  na  pessoa  jurídica,  independente  dos  sócios  e  participantes,  estes  sim  dotados  da
energia biológica vital.

Para os casos de injúria, calunia ou difamação, cometidos por violação da lei de imprensa, a reparação
deve  ser  por  desagravo,  publicação  de  retratação  e  pelos  meios  criminais,  como  sempre  foi  antes  de  ser
abandonada  a  parte  criminal  e  incentivada  as  ações  de  reparação  civil,  certamente  por  serem  mais
compensadoras, na medida em que podem se transformar em ganho monetário, inclusive para os advogados
das partes.

Outra  forma  adequada  de  resolver  conflitos  de  Dano  Moral  é  através  da  Mediação.  Na  Mediação  as
partes  se  comunicam,  vão  examinar,  com  a  ajuda  de  um  Mediador,  as  causas  dos  problemas,  os  aspectos
subjetivos e emocionais, de modo que possam se auto­compor e achar o modo mais propício de encontrar
uma terapia para o vínculo conflitivo.

Parece  evidente  nesses  casos,  de  um  modo  geral,  a  contradição  do  argumento  dos  que  defendem  a
indenização em dinheiro, ou seja, patrimonial, para punir o autor do dano, condenando­o a uma espécie de
segunda pena pecuniária. O dano moral não é para reparar a dor da vitima? Ou é para punir pecuniariamente
o autor? Para casos de punição existe o Código Penal. O direito brasileiro está penalizando o patrimônio das
pessoas físicas e também jurídicas, sem previsão legal, ao arbítrio do julgador.

O que não se pode é aceitar que a Moral seja sempre tratada com objeto do desejo pecuniário como
está acontecendo no Brasil, há muitos anos.

O  ilustre  professor  e  jurista  baiano  Calmon  de  Passos,  em  pioneiro,  memorável  e  lúcido  artigo  "O
imoral  nas  indenizações  por  dano  moral",  cuja  leitura  se  recomenda  aos  que  ainda  acreditam  na  ética,
criticou, visceralmente, a mercantilização dos danos morais.

Fazemos nossas as palavras do sábio mestre do direito:

"Quando a moralidade é posta debaixo do tapete, esse lixo pode ser trazido para fora no momento em
que bem nos convier. E justamente porque a moralidade se fez algo descartável e de menor importância no
mundo  de  hoje,  em  que  o  relativismo,  o  pluralismo,  o  cinismo,  o  ceticismo,  a  permissividade  e  o
imediatismo  têm  papel  decisivo,  o  ressarcimento  por  danos  morais  teria  que  também  se  objetivar  para
justificar­se numa sociedade tão eticamente frágil e indiferente. O ético deixa de ser algo intersubjetivamente
estruturado e institucionalizado, descaracterizando­se como reparação de natureza moral para se traduzir em
ressarcimento material, vale dizer o dano moral é significativo não para reparar a ofensa à honra e aos outros
valores  éticos,  sim  para  acrescer  alguns  trocados  ao  patrimônio  do  felizardo  que  foi  moralmente
enxovalhado." (Revista Jus Navigandi, 2002, www.jus.com.br).

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É preciso que se faça uma revisão da desastrosa maneira com que doutrinadores e jurisprudência vêm
tratando  a  matéria  do  dano  moral  que  se  tornou,  sem  dúvida,  uma  rendosa  indústria  de  indenizações
pecuniárias.  É  um  momento  sério  que  exige  a  reflexão  dos  psicólogos,  dos  juristas,  dos  mediadores,  dos
políticos, enfim, de todos. Estamos restabelecendo a moral? Ou apenas tolerando o dano moral em nome do
dinheiro?

Com esta reflexão estamos tentando contribuir para a revisão do pensamento jurídico nesse assunto e
conclamando  todos,  em  especial  os  operadores  do  Direito,  as  Associações  de  Classe,  a  OAB,  ONGs,
legisladores, juízes, mediadores, conciliadores, professores, promotores, governantes e demais interessados,
a sentirem o grave equívoco que existe na abordagem do Dano Moral. É preciso modificar o modo de reparar
o  do  Dano  Moral,  para  o  bem  da  sociedade,  para  recolocar  a  Moral  em  seu  devido  lugar,  sem  substituí­la
pelo dinheiro.

BIBLIOGRAFIA CITADA

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SIMMEL, Georg. Philosophie de l`argent. Paris: PUF, 1987.

 
 

* advogado e mediador em São Paulo, doutor em Direito Econômico pela USP

 
 
Disponível em:
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=11416
Acesso em: 09 jul. 2008.
 
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