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Cynthia Demicheli e Frédéric Frézard

Apresentaremos neste artigo as doenças parasitárias que se beneficiam da quimioterapia antimonial,


alguns aspectos da farmacologia dos medicamentos à base de antimônio, as principais limitações do trata-
mento atual e novas alternativas terapêuticas.


antimônio, lipossomas, leishmaniose, esquistossomose

Introdução Quimioterapia antimonial No continente americano, podemos


24 diferenciar duas formas de leishma-
Quimioterapia das leishmanioses

C
ompostos de antimônio já eram niose: Leishmaniose Tegumentar
usados na antiguidade como As leishmanioses são doenças Americana (cutânea e cutâneo-mu-
cosméticos e fármacos. Atual- parasitárias que atingem cerca de cosa) e a Leishmaniose Visceral
mente os medicamentos antimo- 12 milhões de pessoas no mundo. Americana (ou calazar). O cão apa-
niais continuam sendo emprega- São zoonoses típicas de áreas rece como hospedeiro e tem papel
dos, essencialmente na terapêu- rurais de regiões tropicais e subtro- importante como reservatório e fonte
tica das doenças parasitárias picais. No entanto, uma crescente de infecção da doença em áreas
leishmaniose e esquistossomose, urbanização da doença tem sido endêmicas.
mas apresentam sérios efeitos observada. Provocada por para- A moléstia foi descrita pela primei-
colaterais. Os sitas protozoários ra vez em 1903 pelo inglês William
grandes laborató- As leishmanioses são do gênero Leishma- Leishman. No entanto, em 1571 Pedro
rios farmacêuticos doenças parasitárias nia, a enfermidade é Pizarro já havia relatado que povos
investem pouco no (zoonoses) típicas de áreas transmitida ao ho- situados nos vales quentes do Peru
desenvolvimento rurais de regiões tropicais e mem (ou outros eram dizimados por uma doença que
de alternativas te- subtropicais que atingem hospedeiros verte- desfigurava o nariz e que foi poste-
rapêuticas para cerca de 12 milhões de brados) pela picada riormente caracterizada como leish-
essas doenças, pessoas em todo o mundo de um mosquito maniose.
principalmente hematófago infec- No início do século passado,
porque são classi- tado, denominado Gaspar Vianna foi o primeiro a relatar
ficadas como doenças negligen- flebótomo. Esses parasitas são fa- a eficácia do tártaro emético, antimo-
ciadas, que dão pouco lucro. gocitados pelos macrófagos2, onde nial trivalente (Esquema 1), no trata-
Neste artigo apresentaremos bre- se multiplicam livremente e esca- mento da leishmaniose cutâneo-mu-
vemente as doenças que se pam aos sistemas de defesa do cosa (Vianna, 1912). A partir dos tra-
beneficiam do tratamento com hospedeiro. No Brasil ocorrem cer- balhos desse importante médico
compostos de antimônio e alguns ca de 30 mil novos casos anuais da brasileiro, os doentes de calazar (for-
aspectos da farmacologia dos doença, sendo a população de ma visceral e fatal da doença) passa-
antimoniais. Mostraremos também baixa renda a mais atingida. ram a ter esperança de sobrevi-
as estratégias propostas para A Leishmania corresponde a um vência.
melhorar o tratamento com esses complexo de várias espécies que Entretanto, em razão de seus gra-
medicamentos por meio de suas causam diferentes tipos de manifes- ves efeitos colaterais, os complexos
apresentações em novas “embala- tações clínicas, incluindo as formas de antimônio trivalente (SbIII) foram
gens” 1. cutânea, cutâneo-mucosa e visceral. rapidamente substituídos por comple-

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postos à base de SbV. Essen-
cialmente, dois derivados de
antimônio pentavalente encon-
tram-se em uso clínico desde
1945: o antimoniato de meglu-
mina (Glucantime®, Rhodia,
Foto 1) e o estibogluconato de
sódio (Pentostam®, Welcome)
Esquema 1 (Esquema 4) (Marsden et al.,
1985). No Brasil o medica-
xos de antimônio pentavalente (SbV). mento utilizado é antimoniato
Foi proposto que o SbV se comporta- de meglumina. O composto é
ria como uma pró-droga, sendo redu- obtido sinteticamente a partir
zido por tióis a SbIII no organismo de SbV e N-metil-D-glucamina,
hospedeiro. Segundo essa hipótese, mas não possui fórmula estru-
SbIII seria a forma ativa e tóxica do tural definida. Porém, tem sido
antimônio. A biomolécula glutationa sugerido que o antimônio se
(GSH, esquema 2), que contém o liga ao N-metil-D-glucamina
grupo sulfidrila e é o tiol predominante através do oxigênio do carbo-
no meio intracelular, seria um forte no-3 (Esquema 4).
candidato a redutor de SbV a SbIII (Fré- Esses compostos injetáveis
zard et al, 2001; Ferreira et al., 2003). são administrados por um pe- Esquema 3: Complexo de Sb(V) com o ribonucleo-
A equação (1) mostra a redução de ríodo de 20-40 dias, o que difi- sídeo adenosina.
Sb V a Sb III com formação de um culta a adesão dos pacientes.
complexo onde três moléculas de Outro fator limitante na terapêutica Em caso de insucesso com essas
GSH se ligam ao SbIII. dessa doença no Brasil é sua grande substâncias, seja pelo aparecimento
25
SbO3– + 5GSH + H+ ↔ ocorrência em zonas rurais, com pouca de resistência ao tratamento ou por
Sb(GS)3 + GSSG + 3H2O (1) assistência médica. Assim, as desis- reação de hipersensibilidade ao anti-
tências do tratamento tornam-se fre- mônio, podem-se utilizar outros fár-
Tem sido sugerido que nos meios qüentes, o que tende a aumentar os macos como pentamidina, anfoteri-
biológicos SbIII interagiria com os gru- reservatórios e o aparecimento de for- cina B e paramomicina (Esquema 5)
pos sulfidrilas de certas proteínas, re- mas resistentes do parasita. A toxidez (Berman et al., 1997).
sultando na perda de sua função. Por é um outro problema encontrado no Diante dessas limitações, a Orga-
outro lado, foi também demonstrado uso dos antimoniais pentavalentes nização Mundial da Saúde (OMS)
que SbV forma complexos com ribo- (Marsden et al., 1985; Berman et al., recomenda a pesquisa de novos fár-
nucleosídeos, e que essa interação 1997). Os efeitos aparecem principal- macos e formulações, bem como de
poderia ter implicações no mecanis- mente ao final do tratamento e alguns vias de administração mais simples
mo de ação dos antimoniais (Esque- pacientes desenvolvem problemas no e seguras, como as vias oral e tópica
ma 3) (Demicheli et al., 2002). Na coração, nos rins e no fígado. (Ridley, 2003).
Figura 1, mostramos um esquema
dos dois modelos propostos para o
mecanismo de ação dos antimoniais
pentavalentes.
Os medicamentos utilizados co-
mo primeira escolha para o tratamen-
to de todas as formas de leishmanio-
se no homem continuam sendo com-

Figura 1: Dois modelos propostos para o mecanismo de ação dos antimoniais pentava-
lentes. O modelo (1) envolve a redução de SbV a SbIII pelos tióis; o modelo (2) envolve a
Esquema 2 formação de complexo SbV-ribonucleosídeo.

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desenvolvem quadro clínico grave,
com danos irreversíveis ao fígado e
baço. As precárias condições sanitá-
rias no Brasil e a ausência de uma
correta exploração de recursos hídri-
cos contribuem para a prevalência da
doença (Neves et al., 1995).
O primeiro medicamento empre-
gado com êxito no tratamento da es-
quistossomose foi o tártaro emético
(Esquema 1). Esse medicamento era
administrado por via endovenosa em
doses múltiplas, em um período de
aproximadamente um mês. Vários
efeitos colaterais, incluindo náuseas,
vômitos, diarréia e alterações no ritmo
do coração eram normalmente obser-
vados no decorrer do tratamento. Em
numerosos casos o tratamento tinha
que ser interrompido pela falta de
adesão dos pacientes (Cioli et al.,
Esquema 4 1995).
Buscando melhorar a quimiotera-
Quimioterapia da esquistossomose é causada pelas cercárias3, liberadas pia antimonial na esquistossomose,
A esquistossomose é uma doença pelo hospedeiro intermediário (molus- centenas de compostos orgânicos de
parasitária crônica, transmitida por co) em águas limpas, que penetram SbIII foram sintetizados e testados,
26 através da pele do homem quando
um caramujo cujos parasitas são sendo que alguns chegaram a ser
espécies do gênero Schistosoma. As este entra em contato com a água utilizados na clínica. Foi observado
três principais espécies que afetam contaminada. Estima-se que, no Bra- que os compostos que se ligam ao
o homem são S. haematobium, S. sil, 8 a 10 milhões de indivíduos este- metal por meio de átomos de enxofre
mansoni e S. japonicum. A infecção jam infectados, dos quais 1 milhão são menos tóxicos, mas, por outro
lado, menos eficientes do que aque-
les que se ligam ao metal através de
átomos de oxigênio.
Depois de 50 anos de uso clínico,
os antimoniais trivalentes foram final-
mente substituídos por medicamen-
tos menos tóxicos e ativos por via oral.
Hoje em dia, os dois fármacos em uso
clínico são a oxamniquina e o prazi-
quantel (Esquema 6) Entretanto, os
primeiros relatos que mostram o apa-
recimento de formas resistentes do
parasita apontam para a necessidade
de desenvolver novos medicamentos
(Sturrock, 2001).
A síntese do antimoniato de
meglumina (Glucantime®)
O Glucantime® (foto 1) é comer-
cializado no Brasil pela Aventis. De
acordo com a patente francesa, sur-
gida na década de 40, o produto
pode ser preparado a partir de pen-
tacloreto de antimônio (SbCl5) e de N-
metil-D-glucamina, em uma mistura
de clorofórmio:água e base orgânica
Esquema 5 a frio. Observa-se que a rota sintética

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boradores publicaram um
trabalho de investigação
sobre a difusão de íons
através de um sistema de
vesículas fosfolipídicas
artificiais, ao qual seria
dado o nome de liposso-
mas (Bangham et al.,
1965). Em 1971, Gregory
Gregoriadis propôs, pela
primeira vez, a utilização
dos lipossomas como sis-
tema transportador de fár-
macos (Gregoriadis e Ry-
man, 1971).
Estrutura e composição
Esquema 6 dos lipossomas
é bastante complicada. Os lipossomas são Foto 1: Glucantime® é o medicamento comercializado
Recentemente, pesquisadores da vesículas esféricas, cons- pela Aventis, na forma de solução injetável, que contém
UFMG obtiveram o antimoniato de tituídas de uma ou várias o fármaco antimoniato de meglumina.
meglumina através de dois processos bicamadas concêntricas
diferentes: a partir de SbCl5 ou a partir de lipídeos, que isolam um ou mais radas, seja no compartimento aquoso
do KSb(OH)6 (Demicheli et al.,1999; compartimentos aquosos internos do interno (substâncias hidrossolúveis),
2003). O primeiro método, que usa meio externo. Classicamente liposso- seja nas membranas dos lipossomas
SbCl5, segue as etapas: (i) hidrólise mas são preparados a partir do glice- (substâncias lipofílicas ou anfifílicas)
27
de SbCl5 em água e separação do rofosfolipídeo fosfatidilcolina (Figura (Frézard et al., 1999).
pentóxido de antimônio hidratado 2). De uma forma mais geral, lipos- Métodos de preparo de liposso-
formado na reação de hidrólise; (ii) somas podem ser obtidos a partir de mas e de encapsulação de fármacos
adição de uma solução aquosa de N- qualquer substância anfifílica forma- foram relatados em inúmeros artigos
metil-D-glucamina ao pentóxido de dora de fase lamelar4. incluindo algumas revisões em língua
antimônio na razão 1:1 e reação em Tipicamente, o diâmetro médio dos portuguesa (Santos et al., 2002).
pH neutro a 60 °C até obtenção de lipossomas varia de 20 nm a 5000 nm.
uma solução límpida; (iii) precipitação Por terem dimensões na escala “nano”,
Destino dos lipossomas
do antimoniato de meglumina com lipossomas são considerados “nano- convencionais
acetona. O segundo método, que usa sistemas”. Lipídeos apresentando Os lipossomas convencionais (for-
KSb(OH)6 como fonte do SbV, consiste carga efetiva negativa ou positiva po- mados de fosfatidilcolina ou de surfac-
das seguintes etapas: (i) mistura e dem também ser incluídos na compo- tantes não-iônicos e de colesterol),
reação de KSb(OH)6 com N-metil-D- sição da membrana, o que pode quando administrados por via endove-
glucamina em água, em pH neutro a influenciar a taxa de incorporação de nosa, são naturalmente capturados
60 °C; (ii) precipitação do antimoniato substâncias, assim como o destino pelos macrófagos do sistema mono-
de meglumina com acetona. dos lipossomas. Substâncias farmaco- nuclear fagocitário, principalmente do
logicamente ativas podem ser incorpo- fígado, do baço e da medula óssea
Lipossomas e aplicações na
quimioterapia antimonial
A utilização da maioria dos com-
postos terapêuticos tem sido limitada
pela impossibilidade de aumento da
sua dosagem em razão da retenção
ou degradação do fármaco, de sua
baixa solubilidade e dos efeitos
colaterais indesejáveis inerentes à sua
utilização. Esse problema despertou
o interesse no desenvolvimento de
sistemas capazes de transportar um
composto terapêutico até um alvo
especifico.
Em 1965, Alec Bangham e cola- Figura 2: Estrutura e composição de lipossomas unilamelares.

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(Frézard et al., 1999). Como ilustrado vado que a incorporação, na mem- zes mais eficazes do que a forma livre
na Figura 3, a administração de fárma- brana dos lipossomas, de lipídeos em modelos experimentais de leish-
cos na forma encapsulada em liposso- acoplados a polímeros de etilenogli- maniose visceral (hamsters, camun-
mas resulta no aumento de sua con- col, altera sua interação com o am- dongos ou cães infectados por Leish-
centração nesses órgãos, assim como biente, sendo o efeito mais importante mania donovani). O aumento espe-
na redução da concentração em ór- o impedimento da tacular da eficácia
gãos apresentando capilares contínu- captura pelos ma- Lipossomas pequenos são dessas drogas foi
os (rins, cérebro, coração, músculos). crófagos e a prolon- capturados com menor atribuído ao destino
Depois da fagocitose, os lipossomas gação de sua pre- eficiência que lipossomas natural dos liposso-
são degradados pelas fosfolipases sença no organismo grandes, permanecem mais mas por via endove-
lisossomais e a substância é liberada (Woodle e Lasic, tempo na circulação nosa, pois eles são
nos fagolisossomas, podendo se 1992). Em conse- sanguínea e apresentam captados pelos mes-
qüência, esses tipos
difundir para o citossol ou ser excretada uma liberação mais mos órgãos (o fíga-
para o meio extracelular. A velocidade de lipossomas, cha- prolongada do, o baço e a medu-
de liberação do princípio ativo pode sermados de “liposso- la óssea) e pelas
controlada pela manipulação tanto da mas furtivos”, promovem uma pre- mesmas células (os macrófagos teci-
composição da membrana (influen- sença prolongada da substância na duais) nas quais se localiza o parasita
ciando a velocidade de degradação circulação sanguínea e uma distribui- (Frézard et al., 2000, Schettini et al.,
dos lipossomas), quanto do tamanho ção para outros órgãos além daque- 2003).
dos lipossomas (influenciando a efi- les do sistema mononuclear fagoci- A anfotericina B também pode ser
ciência de captura pelos macrófagos). tário (Figura 3). incorporada em lipossomas, e estu-
Assim, lipossomas pequenos serão dos mostraram que a formulação da
capturados com menor eficiência que
Potencial dos lipossomas no anfotericina em lipossomas é consi-
lipossomas grandes, permanecerão tratamento da leishmaniose visceral deravelmente menos tóxica que a
mais tempo na circulação sanguínea Em 1977-78, grupos ingleses e anfotericina livre (Davidson et al.,
e apresentarão uma liberação mais americanos de pesquisa propuseram 1996). Assim, os lipossomas conven-
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prolongada. o uso de lipossomas convencionais cionais apresentam-se como siste-
contendo drogas leishmanicidas mas ideais para direcionar drogas
Destino dos lipossomas furtivos como uma nova abordagem para o leishmanicidas para o local da infec-
A descoberta recente de que o tratamento da leishmaniose visceral ção.
destino in vivo dos lipossomas pode- (Black et al., 1977; Alving et al., 1978;
ria ser controlado por meio da mani- New et al., 1978). Essa proposta foi Potencial dos lipossomas no
pulação de suas características de baseada na observação de que anti- tratamento da esquistossomose
superfície constitui um dos principais moniais pentavalentes encapsulados Os primeiros estudos realizados
avanços da década de 90. Foi obser- em lipossomas eram de 200 a 700 ve- com lipossomas convencionais admi-
nistrados por via subcutânea eviden-
ciaram a capacidade dos lipossomas
de potenciar e prolongar o efeito
profilático das drogas esquistos-
somicidas oxamniquina, praziquantel,
e tártaro emético (Esquemas 1 e 6).
O efeito benéfico dos lipossomas foi
atribuído às suas propriedades de
liberação prolongada, resultando no
aumento da biodisponibilidade do
princípio ativo.
Recentemente, um estudo com
camundongos, feito por pesquisa-
dores da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG), mostrou que
é possível diminuir a toxicidez do
tártaro emético e aumentar sua
atividade contra S. mansoni (De
Melo et al., 2003). Ao invés de
aplicar o antimonial diretamente no
sangue dos camundongos, foi feito
Figura 3: Destino dos lipossomas convencionais (1) e furtivos (2), na circulação o encapsulamento do tártaro
sanguínea. emético nos lipossomas antes da

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injeção nos animais. Os pesquisa- muitas vezes a realização de
Referências bibliográficas
dores constataram um aumento de ensaios pré-clínicos e a primeira
eficácia do antimonial somente fase dos ensaios clínicos. ALVING, C.R.; STECK, E.A.;
quando usavam os lipossomas A quimioterapia convencional CHAPMAN, W.L.; WAITS, V.B.;
HENDRICKS, L.D.; SWARTZ, G.M. e
furtivos, que permanecem mais das leishmanioses e da esquistos-
MANSON, W.L. Therapy of leishmania-
tempo na circulação. Desse modo, somose apresenta várias limitações sis: superior efficacies of liposome-en-
aumenta-se a chance de a droga e precisa ser melhorada para capsulated drugs. Proc. Natl. Acad. Sci.
ser consumida pelo proporcionar uma USA, v. 75, p. 2959, 1978.
S. Mansoni, que se A estratégia de maior taxa de cura e BANGHAM, A.D.; STANDISH, M.M.
alimenta de nutrien- rejuvenescimento de mais conforto aos e WATKINS, J.C. Diffusion of univalent
tes do sangue. A medicamentos já pacientes. Mos- ions across the lamellae of swollen
maior eficácia dos caracterizados do ponto tramos, neste arti- phospholipids. J. Mol. Biol., v. 13, p.
lipossomas furtivos, de vista farmacológico go, que estratégias 238, 1965.
torna-se vantajosa porque BERMAN, J.D. Human leishmania-
quando compa- terapêuticas, ba-
dispensa muitas vezes a sis: clinical, diagnostic, and chemo-
rados aos conven- seadas no uso de therapeutic developments in the last 10
cionais, foi atribuída realização de ensaios pré- lipossomas como years. Clin. Infect. Dis., v. 24, p. 684,
à biodisponibili- clínicos e a primeira fase veículos de fárma- 1997.
dade mais elevada dos ensaios clínicos cos, podem ser BLACK, C.D.V.; WATSON, G.J. e
do princípio ativo. usadas no desen- WARD, R.J. The use of pentostam li-
Quando submetidos a uma alta volvimento de novos medicamentos posomes in the chemotherapy of ex-
dose de antimônio (27 mg Sb/kg), à base de antimônio para o trata- perimental leishmaniasis. Trans. Roy.
todos os camundongos (12/12) que mento da leishmaniose e esquistos- Soc. Trop. Med. Hyg., v. 71, p. 550,
1977.
receberam o tártaro emético na somose. Por outro lado, na escolha
CIOLI, D.; PICA-MATTOCCIA, L. e
forma livre morreram, enquanto do nano-sistema, é fundamental ARCHER, S. Antischistosomal drugs:
aqueles que receberam a forma en- levar em consideração tanto sua past, present… and future? Pharmac.
capsulada em lipossomas sobre- biodistribuição quanto as caracte- Ther., v. 68, p. 35, 1995. 29
viveram. Conclui-se assim que os rísticas da doença, principalmente DAVIDSON, R.N.; DI MARTINO, L.;
lipossomas furtivos reduzem a to- com respeito à localização do para- GRADONI, L.; GIACCHINO, R.; GAE-
xicidez aguda do tártaro emético e sita. TA, G.B.; PEMPINELLO, R.; SCOTTI,
direcionam com eficácia a droga ao S.; CASCIO, A.; CASTAGNOLA, E.;
S. mansoni durante o curso da in- Notas MAISTO, A.; GRAMICCIA, M.; DI CA-
PRIO, D.; WILKINSON, R.J. e BRY-
fecção. Esse estudo mostrou, pela 1. Termo usado em sentido figu-
CESON, A.D. Short-course treatment of
primeira vez, o efeito benéfico dos rado para substituir a expressão visceral leishmaniasis with liposomal
vetores furtivos no tratamento da sistema transportador de fárma- amphotericin B (AmBisome). Clin. In-
esquistossomose mansoni. cos. fect. Dis., v. 22, p. 938, 1996.
2. Célula mesodérmica formada DE MELO, A.L.; SILVA-BARCELLOS,
Conclusões pela adaptação funcional da célula N.M.; DEMICHELI, C. e FRÉZARD, F.
O planejamento, a síntese e o conjuntivo-vascular ou do glóbulo Enhanced schistosomicidal efficacy of
desenvolvimento de novos medica- mononuclear linfático ou sanguí- tartar emetic encapsulated in pegylated
mentos são, na maioria das vezes, neo. Destina-se a englobar e digerir liposomes. Int. J. Pharm., v. 255, p. 227,
2003.
processos demorados e muito dis- os corpos estranhos.
DEMICHELI, C.; DE FIGUEIREDO,
pendiosos. Para que um princípio 3. Estágio larval de certos nema- T.L.; CARVALHO, S.; SINISTERRA,
ativo se transforme em um medica- tóides, caracterizado por um corpo R.D.; LOPES, J.C.D. e FREZARD, F.
mento, ele deve passar por avalia- alongado terminado em ponto, com Physico-chemical characterization of
ções pré-clinicas (em animais) e, cauda, e ornado de cílios para seu meglumine antimoniate. BioMetals, v.
em seguida, por ensaios clínicos deslocamento à procura de hospe- 12, p. 63, 1999.
(em humanos), que são realizados deiro intermediário. DEMICHELI, C.; FRÉZARD, F.; LE-
em quatro fases sucessivas, sendo 4. Tipo de organização estrutural COUVEY, M. e GARNIER-SUILLEROT,
que a liberação do medicamento dos lipídeos na forma de bicamada. A. Antimony(V) complex formation with
adenine nucleoside in aqueous solu-
deve estar de acordo com as
Frédéric Frézard (frezard@icb.ufmg.br), doutor em tion. Biochim. Biophys. Acta, v. 1570,
normas das autoridades sanitárias. p. 192, 2002.
Ciências Biofísicas pela Université Paris VI, França,
Nesse contexto, a estratégia de é professor adjunto do Departamento de Fisiologia DEMICHELI, C.; OCHOA, R.; LULA,
rejuvenescimento de medica- e Biofísica do Instituto de Ciências Biológicas da Uni- I.S.; GOZZO, F.C.; EBERLIN, M.N. e
mentos já caracterizados do ponto versidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Cynthia FREZARD, F. Pentavalent organoanti-
de vista farmacológico, a qual Peres Demicheli (demichel@ dedalus.lcc.ufmg.br), monial derivatives: two simple and ef-
bacharel e mestre em Química pelo Instituto de Ciên- ficient synthetic methods for meglu-
consiste no desenvolvimento de cias Exatas da UFMG e doutora em Ciências-Quí-
novas formulações farmacêuticas, mine antimonate. Appl. Organometal.
micas pela Université Paris XIII, França, é professora
torna-se vantajosa porque dispensa adjunta do Departamento de Química da UFMG. Chem., v. 17, p. 226, 2003.

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FERREIRA, C.S.; MARTINS, P.S.; proaches to tropical disease: drug discov- cally stabilized liposomes. Biochim.
DEMICHELI, C.; BROCHU, C.; OUELLE- ery and development for improved con- Biophys. Acta, v. 1113, p. 171, 1992.

Abstract: In this article we describe parasitic diseases which can be treated by antimony chemotherapy, along with some pharmacological aspects of antimony-based drugs. The main restrictions
of the presently used treatment and novel therapeutic alternatives are also discussed.
Keywords: antimony, liposomes, leishmaniasis, schistosomiasis

30 Nota
2005 é o Ano Mundial da Física
A Assembléia Geral das Nações Unidas adotou, pela resolução A/58/L.62, que 2005 seria declarado o Ano Mundial
da Física. A idéia de se escolher este ano não veio ao acaso; ela está ligada a um fato de grande importância histórica
para a Física Moderna: em 2005 estará sendo comemorado o centenário da publicação dos trabalhos de Einstein sobre
o fóton, a relatividade especial, a relação massa-energia e o movimento
browniano. Um dos principais objetivos do WYP2005 é
chamar a atenção do público em geral, mas especial-
mente dos jovens, para a importância da Física no
mundo contemporâneo.
A Sociedade Brasileira de Física lancou duas publi-
cações dentre suas atividades para comemorar esta
data: um número especial da Revista Brasileira de Ensino
de Física onde estão traduzidos artigos originais de
Einstein até o momento inéditos em português. Artigos de
revisão sobre os temas estudados por Einstein também
acompanham essa edição histórica da RBEF. Além disso,
um número especial da revista A Física na Escola está sendo
preparado. Contando com cerca de vinte artigos a respeito
de Einstein, seus trabalhos e o estado da arte da Física neste
início de século, a revista, voltada para professores do Ensino
Médio e estudantes de Licenciatura de cursos de Física e
Ciências, tem seu lançamento previsto para julho.
Saiba mais sobre o Ano Mundial da Física visitando o sítio
da SBF no endereço
www.sbfisica.org.br/

CADERNOS TEMÁTICOS DE QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Antimônio no tratamento de zoonoses N° 6 – JULHO 2005

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