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RESUMO
As relações de convivência entre centro histórico e área central de negócios, que caracterizam o tecido urbano
da área central carioca, vêm passando por mudanças significativas na última década. Estas transformações
urbanas, promovidas pelo aporte de investimentos urbanos realizados no Rio de Janeiro, foram aceleradas com
o início da implementação do projeto Porto Maravilha, a partir de 2010, e com a escolha da cidade do Rio de
Janeiro para sediar uma série de grandes eventos entre 2011 e 2016. Este processo tende a se intensificar à
medida em que se aproximam os dois megaeventos esportivos deste período , a Copa do Mundo (2014) e os
Jogos Olímpicos (2016). Nos projetos que participam desta transformação urbana a preservação dos inúmeros
bens culturais da área central carioca não é um consenso. Um conflito já vivenciado em outros momentos da
história urbana da área. A priorização auferida aos projetos urbanos e ao valor estético, em detrimento das
manifestações sócio-culturais, levantam polêmicas acirradas. A designação do que deve ser preservado implica,
dialeticamente, na definição de áreas onde se abrirá caminho para novos edifícios, novos espaços livres e novos
modos de vida. A história urbana recente das grandes cidades ocidentais contemporâneas nos ensina que nem
o preservacionismo radical, nem a tabula rasa, determinaram a vitalidade das suas áreas centrais. Diante desse
quadro, o objetivo deste trabalho é identificar os possíveis paradoxos e diálogos que os projetos urbanos e os
modelos de preservação – enquanto representações das políticas urbanas e de patrimônio – estabelecem entre
si a partir da análise desta relação ao longo da história urbana da área.
Palavras-chave: patrimônio cultural. área central. história urbana. política urbana. Rio de
Janeiro.
1 INTRODUÇÃO1
Parte-se do pressuposto de que o centro histórico do Rio não tende à museificação, uma
das tendências observadas no mundo globalizado (Choay, 2001). Pelo contrário, este centro
histórico está em pleno processo de transformação urbana. Uma das conseqüências dos
investimentos realizados na última década que reverteram um processo de esvaziamento
econômico e político da cidade iniciado com a transferência da capital para Brasília, nos
anos 1960, e acentuado com a transferência da negociação de ações da Bolsa de Valores
para São Paulo em 2000. O centro histórico carioca é, assim, uma forma urbana em
transformação, como resultado de processos e políticas. Em outras palavras, ele é um lugar
onde “as formas criadas se transformam em formas criadoras” (Milton Santos, 1992). Ou,
pelo menos, deveriam.
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Nem o preservacionismo radical, nem a tabula rasa, se traduziram na vitalidade das áreas
centrais, como ensina a história urbana recente das grandes cidades ocidentais
contemporâneas. As cidades e suas áreas centrais são, em última análise, um produto da
dialética entre permanência e transformação. Neste sentido, verificar como esta relação foi
abordada nos projetos urbanos propostos para a área e nos modelos de preservação
adotados adquire especial relevância. A articulação, ou desarticulação, entre projetos
urbanos e políticas do patrimônio é um dos fatores fundamentais – não olvidando fatores
sócio-econômicos, políticos, ambientais e culturais – para compreender a formação do
tecido urbano da área central carioca e, por conseguinte, sua transformação e reabilitação.
Este artigo foi estruturado em camadas correspondentes às leituras da área, sendo esta
compreendida como um todo qualitativo - antigo e moderno - entremeado6. Inicialmente,
apresenta-se a área central carioca, tendo como foco os embates entre o histórico e o
contemporâneo que nela se estabelecem. Em seguida, abordam-se as questões dos
modelos de preservação7 e seus diálogos com as políticas urbanas, bem como as
transformações da cidade analisadas sob o prisma da morfologia urbana. Por fim, são
analisados os possíveis diálogos proporcionados por uma melhor articulação entre políticas
urbanas e do patrimônio para a melhoria da vitalidade da cidade do Rio de Janeiro e de
suas áreas centrais nos próximos anos.
Desde o início do século XXI o tecido urbano da área central carioca passa por um notável
processo de transformação. Demandas de conservação do tecido preservado se confrontam
com as de expansão do centro financeiro e comercial. Um confronto arraigado no processo
de formação desta área - principal núcleo urbano, até meados do século XIX, concentrando
a maior parte das funções urbanas - na qual a Área Central de Negócios está inserida no
Centro Histórico8. As pressões por desenvolvimento e preservação desta área são
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reguladas por um emaranhado de legislações urbanísticas e patrimoniais que se sucederam
desde meados da década de 1920 (Sampaio, 2006). Tal conjuntura engendra paradoxos.
No âmbito da política federal de proteção ao patrimônio, verticalização e adensamento
tornam-se causa e conseqüência da criação de uma imagem contemporânea e histórica do
centro do Rio (Guimaraens, 2002). A paisagem construída ao longo deste processo mescla
sobrados remanescentes do século XIX, de até três pavimentos, com os setores
verticalizados nos quais a legislação de preservação não atuou, ou o fez recentemente.
A maior parte dos imóveis da área central está sob a tutela de normas patrimoniais,
conformando uma extensa área preservada. Nela estão incluídos imóveis tombados,
imóveis protegidos em suas áreas de entorno, e os imóveis preservados integrantes das
APACs. Esta área concentra o maior número de imóveis protegidos (tombados –
preservados – passíveis de renovação) da cidade.
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Mapa Legislação Urbanística e Áreas de Proteção ao Patrimônio. Demarcaram-se as Áreas
Preservadas (APACs) e os Bens Tombados. Fonte: Sampaio (2010)
A área central carioca apresenta, desde 2005, um aumento no número dos lançamentos
imobiliários16. As obras de infraestrutura realizadas pelo poder público têm contribuído para
acelerar os processos de transformação urbana e atrair investimentos para a área. Nesse
sentido, há uma expectativa de reversão do quadro de deterioração de muitos imóveis de
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interesse para o patrimônio cultural, assim como das edificações e espaços livres públicos
de sua área de entorno.
Cabe destacar ainda que a dinâmica urbana dessa área é profundamente comprometida
pelos problemas de mobilidade em nível metropolitano. Com um sistema de transportes
ineficiente e caro, os automóveis e vans invadem o centro, tornando o trânsito caótico e
ampliando a demanda por estacionamento, que se proliferam em edifícios garagens e
terrenos vazios nas franjas dessa área e ainda, de forma irregular, em sobrados demolidos
internamente para este fim. Desponta também uma demanda reprimida por habitação,
evidenciada pelas ocupações de prédios antigos em condições degradadas. Tais situações
apontam para as interfaces que as políticas urbanas estabelecem com a conservação do
patrimônio e demonstram a necessidade de políticas integradas.
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a relação entre cultura e cidade passará a remeter à espetacularização, na qual prevalece,
indiscutivelmente, o volátil valor econômico19.
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A partir da década de 1970, o patrimônio passa a integrar a agenda urbana, como dimensão
cultural da política urbana, em resposta às críticas formuladas ao desenvolvimentismo das
décadas anteriores e seu impacto negativo sobre as áreas históricas. É um paradigma que
emerge internacionalmente e que foi incorporado nas Cartas Patrimoniais, sobretudo, na
Recomendação de Nairobi (UNESCO, 1976), relativa à proteção dos conjuntos históricos
tradicionais e ao seu papel na vida contemporânea23. A indissociabilidade entre estrutura
física e seu conteúdo social e a inserção de políticas de preservação no planejamento
urbano regional, passa a ser preconizada como princípio da conservação integrada24.
Até os anos 1980, o núcleo central foi configurado como a área mais verticalizada da cidade.
A partir de então, a preservação dos remanescentes de tecido urbano tipicamente colonial,
ou correspondente aos primórdios do século XX, estancou o processo de renovação urbana
que vinha destruindo parcelas significativas desse tecido onde se localizavam exemplares
arquitetônicos que seriam, hoje, considerados incontestes bens culturais (Sampaio, 2011).
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fazendo com que proliferem no país intervenções que refletiram, em sua maioria, as
contradições entre discurso teórico e atividade prática (Sant’anna, 2004).
Nesta década, foram delimitadas novas áreas preservadas, ampliando a mancha protegida
na área central29, e realizadas intervenções no centro histórico. Dentre estas destacam-se o
tratamento paisagístico da rua do Lavradio e da Praça XV; e a reabilitação de edificações de
interesse patrimonial, entre elas os antigos cortiços e sobrados para fins de moradia social
empreendidas pelo Programa Novas Alternativas30. Nos últimos anos este Programa tem
atuado, ainda que timidamente, de forma articulada aos projetos urbanos, sendo a Rua do
Livramento, na área portuária, um exemplo atual desta atuação conjunta.
O século XXI traz novos horizontes para a política urbana no Brasil com a aprovação do
Estatuto das Cidades31, em 2001. Suas diretrizes e instrumentos reafirmam a reabilitação
das áreas urbanas centrais como parte das políticas urbanas consolidadas. O Programa de
Reabilitação das Áreas Urbanas Centrais, lançado em 2003, concebe a reabilitação como
um processo de gestão de ações integradas, públicas e privadas, de recuperação e
reutilização do acervo edificado, espaços e edificações ociosas, vazias, abandonadas,
subutilizadas e insalubres. A identificação dos imóveis públicos desponta como estratégia de
reabilitação de vazios urbanos associados aos entraves jurídicos e fundiários. O Plano de
Reabilitação e Ocupação dos Imóveis do Estado de Rio de Janeiro na Área Central da
Cidade do Rio de Janeiro, lançado em 201132, enquadra-se nesta linha.
Nesse contexto, o projeto Porto Maravilha se diferencia por buscar conjugar ações nos três
níveis de Governo, através da Operação Urbana Consorciada (OUC)33. Há grandes
expectativas em relação à renovação da região, tendo em vista os altos investimentos
realizados. Verifica-se situações de vulnerabilidade social, em função da possível saída/
remoção da população tradicional residente, bem como em relação à falta de proteção de
muitos armazéns com valor patrimonial. Por outro lado, a OUC Porto Maravilha prevê
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investimentos em obras e ações no patrimônio da área, tanto através de renúncia fiscal para
intervenções em imóveis subutilizados, quanto através de um fundo, cujos recursos, se bem
aplicados, podem reabilitar áreas preservadas e impulsionar novos investimentos.
4. A CIDADE EM TRANSFORMAÇÃO
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preocupação similar com a questão patrimonial face ao arrasamento da cidade colonial nas
primeiras décadas do século XX.
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arrefeceria, no final dos anos 1970, com os ecos que chegariam da ascensão do movimento
preservacionista capitaneado por Jane Jacobs42, em Nova Iorque, desde a década anterior.
No caso da área plana do tecido urbano do projeto SAGAS, a preservação chegou tarde. Na
década de 1980 o centro da cidade estava esquecido pelas forças do mercado imobiliário e
as adjacências do Morro da Conceição configuravam uma área estagnada, ocupada por um
casario mal conservado. Eram necessárias medidas de proteção que impedissem a
descaracterização e a perda do conjunto urbano. Porém, a falta de ações de conservação
urbana e a incipiente valorização do espaço público e das atividades econômicas
tradicionais da área contribuíram para um quadro de preservação somente no papel.
No século XXI novas potencialidades vêm surgindo na área central44 como o Projeto
Monumenta, na Praça Tiradentes, o Distrito Cultural da Lapa, as novas propostas de
recuperação de imóveis vazios para fins habitacionais. Alguns vazios históricos da Avenida
Presidente Vargas foram, recentemente, ocupados. A Cidade Nova, que por tanto tempo
permaneceu à espera de investimentos, está em franco desenvolvimento, pressionando a
área preservada ali existente, em péssimo estado de conservação.
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as instalações do Projeto Porto Olímpico, cuja arquitetura globalizada, objeto de Concurso
Público, contrasta com o tecido urbano tradicional da área portuária.
Na interface com a política urbana, defende-se que a conservação da estrutura física seja
indissociável da social, e assim aplicada, de forma articulada, aos projetos urbanos, aos
projetos de reabilitação e ocupação de vazios e à demanda habitacional na área central.
Embora a preservação dos imóveis do Corredor Cultural seja considerada sedimentada,
carece ainda de uma efetiva apropriação das áreas subutilizadas para fins habitacionais.
Conforme critica Lima (2008) até então foram realizados projetos de revitalização que
privilegiaram apenas o comércio e a indústria cultural.
Neste panorama, não resta dúvida que o patrimônio cultural, sobretudo, o das áreas
centrais, é um dos principais assets (ativos) das cidades, para utilizar a linguagem da
economia urbana, que tem dominado as transformações urbanas contemporâneas 45. Neste
sentido, o patrimônio não é nem obstáculo ao desenvolvimento, como advogam aqueles que
privilegiam o capital imobiliário em novas propostas de intervenção em detrimento do
patrimônio construído, nem tampouco algo intocável, como defendem aqueles que hasteiam
a bandeira de uma preservação irrestrita e historicista. Uma definição contemporânea de
patrimônio cultural se aproxima mais de uma concepção de legado para o futuro. Portanto,
nem fúria demolidora, nem Complexo de Noé, como denominou Choay (2001) o fenômeno
contemporâneo de preservação geral e irrestrita.
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reunidas as agendas social, patrimonial, econômica e ambiental, garantindo sua vitalidade e
conservação (Rojas, 1999). Trata-se, sobretudo, de considerar o patrimônio como matéria-
prima para a construção de um futuro. Isto é, o patrimônio como uma construção cultural na
qual selecionamos hoje os passados e os presentes, que serão legados do presente para as
futuras gerações. Nessa ótica, concebe-se a cidade como bem cultural, ao invés de cidade
“com” bens culturais (Meneses, 2006). Trata-se de uma proposta de desenvolvimento
integrado (Castriota, 2009) na qual a gestão conjugada das demandas dos setores
históricos e da cidade, equalizaria a sustentabilidade econômica e ambiental de ambos.
REFERÊNCIAS
ARGAN, Giulio C. História da Arte como História da Cidade. São Paulo: Martins Fontes,
1993
ABREU, Maurício de A. Evolução Urbana do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editores, 1988.
14
JACOBS, Jane. Morte e Vida das Grandes Cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
LIMA, Evelyn F. W. Corredor Cultural do Rio De Janeiro: uma visão teórica sobre as práticas
da preservação do Patrimônio Cultural. Fórum Patrimônio. Intervenções em Centros
Históricos. 2008, Vol. 2, Nº. 1. <http://www.forumpatrimonio.com.br/pdf.php?articleID=89>
MENESES, Ulpiano T. B. de. A cidade como bem cultural- Áreas envoltórias e outros
dilemas, equívocos e alcance na preservação do patrimônio ambiental urbano. In: MORI,
Victor H. et alli. (org.) Patrimônio: atualizando o debate. S.Paulo: IPHAN, 2006. pp. 33-76.
REIS, José de O. O Rio de Janeiro e seus prefeitos. Vol. 1. Rio de Janeiro: Prefeitura da
Cidade do Rio de Janeiro, 1977.
ROJAS, Eduardo (1999). Old Cities, New Assets: Preserving Latin American‘s Urban
Heritage. Washington: Inter-American Development Bank.
SANTOS, Carlos N. F. “Preservar não é tombar, renovar não é pôr tudo abaixo”. In
PROJETO no 86. São Paulo: Projeto Editores, 1986, pp 59-63.
15
VAZ, Lilian F. Planos e projetos de regeneração cultural: notas sobre uma tendência
recente. In: Anais do Seminário de História da Cidade e Urbanismo, 8, 2004. Niterói:
ANPUR/UFF, 2004. CD-Rom.
VILLAÇA, Flávio. Espaço Intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel, 2001.
[1] Esse artigo traz resultados da pesquisa que realizamos conjuntamente no PROURB/UFRJ “Vazios Urbanos
da Área Urbana Central do Rio de Janeiro: alteridades, permanências e descontinuidades”, com APQ1
FAPERJ, bem como das pesquisas desenvolvidas individualmente por A. Borde, em Pesquisa de PosDoc
CAPES PPGAU/UFBA "Vazios Urbanos da Área Urbana Central do Rio de Janeiro: Permanências e
Transformações" e por A. Sampaio na UFF “Normas Urbanísticas e Patrimônio Cultural: Cartografias da Área
Urbana Central do Rio de Janeiro”, com auxílio FAPERJ e PIBIC/UFF CNPq.
[2] Em outubro de 2007 o Brasil foi escolhido como país sede da XX Copa do Mundo de Futebol da FIFA
(Federação Internacional de Futebol) que ocorrerá em junho/julho de 2014. Em maio de 2009 foram escolhidas
as cidades sede: Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife,
Salvador e São Paulo e Rio de Janeiro.
[3] Em outubro de 2009, a cidade do Rio de Janeiro foi escolhida como sede dos XXXI Jogos Olímpicos e dos
XV Jogos Paralímpicos que ocorrerão, respectivamente, em agosto e setembro de 2016.
[4] Entre estes eventos destacam-se os Jogos Pan-Americanos (julho, 2007), os V Jogos Mundiais Militares
(julho, 2011), a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (junho, 2012), a IX Copa
das Confederações da FIFA (junho, 2013), Jornada Mundial da Juventude (julho, 2013) e o VIII Fórum Mundial
da Ciência (novembro, 2013).
[5] Ver http://www.portomaravilhario.com.br
[6] Leitura da cidade defendida por Argan (1993).
[7] A abordagem dos modelos de preservação no contexto brasileiro apoia-se em Castriota (2009).
[8] O reconhecimento do interesse histórico e arquitetônico do Centro emerge com a elaboração do Plano de
Preservação Paisagística e Ambiental para a área do Corredor Cultural (Lei nº506/ 1984), entre 1979 e 1984
[9] Decreto 322 de 1976. Este decreto regula o zoneamento de toda a cidade, com exceção das áreas onde
vigoram legislações locais – PEUs (Projeto de Estruturação Urbana), APACs (Área de Proteção do Ambiente
Construído) e AEIU (Área de Especial Interesse Urbanístico).
o o o
[10] Corredor Cultural (decreto n 4141/1983; Lei n 1139/1987; Lei n 506/1984); SAGAS – Área Portuária (Lei
o o o
n 971/1987; decreto n 7351/1988); Cidade Nova - Catumbi (decreto n 10040/1991); Cruz Vermelha (decreto
o o o
n 11883/1992); Teófilo Otoni (decreto n 16419/1997); Estácio (dec. n 19000/2000) e Arcos da Lapa (Lei nº
3188/ 2001). As APACs de São Cristovão, Santa Teresa e Paquetá, assim como o centro histórico, estão
inseridos na Área de Planejamento 1.
[11] Lei nº 2.236/1994 institui a Área de Especial Interesse Urbanístico do Centro com o objetivo de promover a
revitalização da área. Esta lei foi promulgada em caráter transitório aguardando a aprovação de um PEU, o que
ainda não ocorreu.
[12] O Condomínio Cores da Lapa, com 688 apartamentos, lançado em 2005, foi vendido em menos de duas
horas, evidenciando a demanda reprimida por habitação multifamiliar na área central.
[13] A mídia reporta cada vez mais matérias sobre imóveis vazios no Centro (Mendes, 2008) e desabamentos de
sobrados mal conservados (http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/05/parte-de-sobrado-cai-no-centro-
do-rio.html. Acessado em 15/05/2012).
[14] A mídia reporta cada vez mais matérias sobre imóveis vazios no Centro (Mendes, 2008) e desabamentos de
sobrados mal conservados (http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/05/parte-de-sobrado-cai-no-centro-
do-rio.html. Acessado em 15/05/2012).
[15] Choay (2010) retoma a crítica a indústria patrimonial, como denomina o estímulo ao culto ao patrimônio e à
museificação dos lugares na era mundializada (Choay, 2001), apontando meios de combate.
[16] Em 2011 houve um aumento significativo do número de unidades comerciais, em relação a 2010, após
décadas de estagnação (http://www.ademi.org.br).
[17] Conforme argumento desenvolvido por Gonçalves (1996) sobre o Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
[18] Tratam desse conceito Meneses (2006) e Castriota (2008).
[19] Vaz (2004) delineia uma trajetória histórica, identificando dois pontos de inflexão: anos 1960/70 e 1980/90.
o
[20] A chancela de Paisagem Cultural é regulada pela Portaria Federal n 127 de 30/04/2009.
o o
[21] A legislação federal foi instituída pelo Decreto n 3551/2000 e a municipal pelo Decreto n 23162/2003.
[22] Apenas a partir dos anos 1970 foi atribuído valor patrimonial aos exemplares ecléticos.
[23] Segundo Choay (2001, p.223), esta continua sendo a “exposição de motivos e a argumentação mais
complexa em favor de um tratamento não museal das malhas urbanas contemporâneas”.
[24] Ver recomendações da Declaração de Amsterdam (1975), ratificadas na Recomendação de Nairobi (1976).
[25] Assumem a vanguarda desse movimento, a legislação de proteção francesa, conhecida como Lei Malraux
(1962), e o Plano de Reabilitação para o centro urbano de Bolonha (1969). Ambos consideravam que os
problemas sociais refletiam na deterioração dos centros históricos.
16
o o
[26] Leis Municipais n 161/1980 e n 166/1980, que regulamentam, respectivamente, o Conselho Municipal de
Proteção ao Patrimônio Cultural e o processo de tombamento.
[27] A Lei nº506/1984, de Preservação Paisagística e Ambiental do Centro da Cidade do Rio de Janeiro - Lei do
Corredor Cultural - foi revisada e ampliada pela Lei nº1139/1987.
[28] O Projeto SAGAS abrange os bairros Saúde, Gamboa e Santo Cristo.
[29] Ver mapeamento desse processo em Sampaio (2010).
[30] Ver PCRJ. Programa Novas Alternativas. Rio de Janeiro: SMH:2003.
[31] Lei Federal no 10257/2001, que regulamenta o capítulo da Política urbana da Constituição brasileira.
[32] SECRETARIA DE HABITAÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Plano de Reabilitação e Ocupação dos
Imóveis do Estado de Rio de Janeiro na Área Central da Cidade do Rio de Janeiro”. Rio de Janeiro: 2011. Este
Plano foi desenvolvido no Atelier Universitário da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo/UFRJ e coordenado
pelo Prof. Mauro Santos.
o
[33] A operação foi aprovada pela Lei Complementar n 101/2009.
[34] Leis Federais de incentivo fiscal à produção cultural. A Lei nº7505/1986, conhecida como Lei Sarney, foi
substituída pela Lei nº8313/1991, conhecida como Lei Rouanet.
[35] Crítica do Prof. Paulo Ormindo de Azevedo, ao mencionar a inexistência de políticas para os centros
históricos. (In: Meneses, 2006, p.68)
[36] O impacto dos projetos de renovação sobre as áreas centrais mereceu estudos antológicos como o Jacobs
(2000) para Nova Iorque (NY,EUA) e o de Carlos Nelson Ferreira dos Santos, para o bairro do Catumbi (RJ,
BR), em Quando a rua vira casa (São Paulo: Projeto, 1985).
[37] A Reforma enquadra-se nos planos de embelezamento do início do século XX, que destruíram a forma
colonial para a abertura de novas vias como a Avenida Central (Villaça, 1999)
[38] Merecem destaque intervenções realizadas sob a influência da noção de patrimônio preconizada pelo CIAM
para a Cidade Moderna, na Carta de Atenas (1933): o tecido urbano denso e insalubre deveria ser erradicado e
somente os monumentos excepcionais poderiam permanecer como testemunhos do passado, desde que não
fossem obstáculos para o progresso.
[39] O Decreto-Lei 3866/1941 dispõe sobre o cancelamento do tombamento, pelo Presidente da República,
atendendo a motivos de interesse público.
[40] No total foram demolidas quatro igrejas: São Pedro dos Clérigos, São Domingos, Bom Jesus do Calvário e
N. Srª da Conceição; o prédio da Prefeitura; além de mais de 500 sobrados.
[41] As expressões futuro-presente e passado-presente foram utilizadas como concebidas por Huyssen (2000).
[42] Movimento organizado para enfrentar as grandes operações de renovação urbana promovidas, em Nova
Iorque, que priorizavam o automóvel em detrimento dos tecidos urbano e social existentes. Ver Jacobs (2000).
[43] Sociedade dos Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega, associação civil dos comerciantes nascida
em prol da revogação do projeto da Avenida Diagonal (Lapa- Avenida presidente Vargas).
[44] Conforme apontado por Pinheiro (2002) e Magalhães (2008).
[45] O papel dos centros históricos antigos como novas fontes de recursos urbanos foi assinalada por Eduardo
Rojas (1999), para quem o necessário envolvimento de todos os interessados passaria pelo equilíbrio entre os
interesses da preservação histórica e a rentabilidade dos investimentos.
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