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MITO E PSICANÁLISE

Teca Mendonça
E-mail: tecamendonca@uol.com.br
Em primeiro lugar o símbolo
 Uma capacidade do ser humano, de ir além
da realidade e criar ligações, elações,
metáforas, que conseguem dar profundidade
e riqueza a representações inicialmente
apenas literais. Este é o campo fértil da
imaginação, base da criatividade humana e
da possibilidade de encontrar novas
respostas e alternativas.
Função dos Símbolos
 Existem símbolos naturais e culturais:
 Símbolos Naturais  são derivados dos
conteúdos inconscientes da psique,
representando, portanto um número
imensos de variações das imagens
arquetípicas inconscientes.
 origens arcaicas  isto é, imagens e
idéias encontradas em registros
primitivos das sociedades civilizadas
Mitos antigos e o homem moderno

 Símbolos eternos  a história antiga do


homem é redescoberta através dos mitos 
é a imagem simbólica que sobrevive.
 Os mitos  não perdem a importância para
a humanidade.
 O Analista  analisa tanto uma sobrecarga
de símbolos que se tornaram inadequados,
como ajuda o paciente a descobrir o valor
permanente de algum velho símbolo que
esteja tentando renascer sob uma forma
nova e atual.
Erich Fromm nos traz uma boa definição

“A linguagem simbólica é uma língua em que as


experiências íntimas, os sentimentos e
pensamentos são expressos como se fossem
experiências sensoriais, fatos do mundo exterior.
É uma linguagem cuja lógica difere da linguagem
convencional que falamos de dia, uma lógica em
que as categorias dominantes não são o espaço
e o tempo, mas sim a intensidade e a
associação. É o único idioma universal jamais
criado pela raça humana, o mesmo para todas as
criaturas e para todo o curso da história.”
Continuando...

 “ É uma língua com gramática e sintaxe


próprias, por assim dizer, e cujo
conhecimento é imprescindível para se
poder entender o significado dos mitos, dos
contos de fadas e dos sonhos”.
 Eu acrescento é importante para pode atuar
na psicanálise, pois vamos trabalhar com o
inconsciente.
Fromm define símbolo
“ Costuma-se definir símbolo como ‘algo que
representa outra coisa’ [...] A linguagem
simbólica é aquela por meio da qual exprimimos
experiências interiores como se fossem
experiências sensoriais, como se fosse algo que
estivemos fazendo ou que fosse feito com relação
a nós no mundo dos objetos. A linguagem
simbólica é uma língua onde o mundo exterior é
um símbolo do mundo interior, um símbolo de
nossas almas e de nossas mentes” (1976, p.20)
Temos também o sonho
 Um dos mais enigmáticos fenômenos de nossa
vida.
 “O sonho despoja-nos da fantasia das
formalidades, armando-nos com uma tremenda
liberdade, de modo que todo desejo se precipita
para converter-se em ação. Um homem
experimentado lê seus sonhos para conhecer
melhor a si mesmo; se não os pormenores, pelo
menos a qualidade” – Emerson
Uma comparação interessante
Quando acordados, somos seres ativos, racionais,
ávidos por tentar obter o que desejamos e prontos
a defender-nos contra qualquer ataque. Agimos e
observamos; vemos o mundo exterior talvez não
como seja, mas no mínimo de maneira tal que
possamos usar e manipular. Todavia, também
somos bastante desprovidos de imaginação, e
raramente – exceto quando crianças ou se somos
poetas – logramos conceber mais do que meras
duplicações dos acontecimentos e tramas de
nossa experiência concreta.” Erich Fromm (1976)
Ainda segundo Fromm
 O campo dos sonhos não segue as leis da
lógica do pensamento racional, desprovido
das categorias de tempo e espaço  permite
relacionar pessoas e eventos de tempos
diferentes, “ressuscita” pessoas mortas e as
coloca em eventos posteriores, dentre outras
distorções da realidade.
 É estranho como nos sonhos pensamentos em
fatos e pessoas que pertencem ao passado,
fazemos relações que não nos ocorreriam
durante a vigília.
Diz o autor
“Contudo, a despeito de todas essas
caracteristicas estranhas, nossos sonhos são
reais para nós enquanto os sonhamos – tão reais
como qualquer experiência das que temos quando
despertos. No sonho não existe “como se”. O
sonho é uma experiência presente, tão real, de
fato, que dá lugar a duas perguntas: O que é
realidade? Como sabemos ser irreal o que
sonhamos e real o que experimentamos em nossa
vida ativa? (1976)
SONHOS E MITOS – UMA
SEMELHANÇA INTERESSANTE
NO CAMPO DA LINGUAGEM
SIMBÓLICA
Mito é
 Acima de tudo uma linguagem simbólica, que
consegue expressar em suas metáforas as
ânsias e buscas guardadas em nosso
inconsciente.
 A visão mitológica ajuda a compreender nosso
universo interior, seus símbolos e suas
motivações.
 Por muito tempo foram considerados como
expressão infantil do homem antes deste ser
esclarecido pela ciência, embora sejam
respeitados por fazerem parte de uma religião
ou de uma tradição venerável.
Citando Fromm mais uma vez
“No mito, igualmente, ocorrem acontecimentos
dramáticos de todo impossíveis em um mundo
governado pelas leis de tempo e espaço: o herói
abandona o lar e a pátria para salvar o mundo;
ou foge de sua missão e vive dentro do ventre
de um grande peixe; morre e ressuscita; o
pássaro mítico é queimado e renasce das cinzas
mais belo do que antes.” (idem)
LINGUAGEM SIMBÓLICA,
SONHOS E MITOS – PRODUTOS
FASCINANTES DO NOSSO
INCONSCIENTE
Mitologia e Psicanálise
 Existem vários cruzamentos entre interpretações
psicanalíticas e o simbolismo mitológico.
 Citando um exemplo do próprio Freud: (...) o mito
também pode ser visto como uma criação que
nos permite teorizar sobre temas que parecem
pertencer ao coletivo, à toda humanidade ao
longo de seu desenvolvimento. São tentativas de
se chegar ao inexplicado e ao inexplicável através
de alegorias (alegoria é um modo de expressão
ou interpretação que consiste em representar
pensamentos, idéias e qualidades sob forma
figurada e em que cada elemento funciona como
disfarce dos elementos da idéia representada).
Em comum, um mundo sem
fronteiras, nem tempo definidos

 É um mundo de representações, de imagens


primárias que guardam nossas buscas e
experiências mais essenciais, que só podem
ser atingidas depois de um longo percurso
através de barreiras inesperadas, “monstros”
ameaçadores, mas também onde podemos
encontrar “figuras que nos guiam ou nos
inspiram” a seguir em frente e desvendar o
mistério da própria vida, do homem e seus
símbolos.
Definições de Mitos

Por mitólogos, psicólogos e


psicanalistas
Definições de Mircea Eliade

“Os mitos revelam estruturas do real e os


múltiplos modos de existir no mundo. É por isso
que constituem o modelo exemplar dos
comportamentos humanos: revelam histórias
verdadeiras, referindo-se às realidades... “
“ Sendo real e sagrado, o mito torna-se
exemplar(...), passível de se repetir, porque
serve de modelo e de justificação a todos os
atos humanos.” Seja pela imitação dos atos
exemplares de um deus ou herói mítico, seja
ficando só na narrativa das aventuras, o homem
consegui ficar conectado ao Grande Tempo,
sagrado e eterno.
Definições de Joseph Campbell

“ Mitos são pistas para as potencialidades


espirituais da vida humana”  eles são um
caminho para o mundo interior e assim
podem captar a mensagem dos símbolos.
A sociedade ocidental moderna enfraqueceu
seus padrões sociais básicos ao banalizar
ou eliminar rituais que sinalizam a passagem
de uma etapa a outra da vida e que também
falam das condições essenciais para se
conviver em sociedade.
Como bem coloca Eudoro de Souza em
Mistério e Surgimento do Mundo..

“Misteriosíssimo mistério é o de existir


quem não se acomode à comodidade
desse Mundo (se a conquistou). Não
podemos decifrá-lo, porque mistérios
não se decifram; são, eles mesmos,
cifra indecifrável, porque não fomos
nós quem os cifrou. Só nos foi dado o
poder de alegorizá-los.”
Definição de Vernant

“O mito assumiu valor de paradigma.


Constitui o modelo de referência que
permite situar, compreender e julgar o
feito celebrado no canto. Ao se refratar
através das aventuras lendárias dos
heróis ou dos deuses é que os atos
humanos, pensados na categoria da
imitação, podem marcar seu sentido e
situar-se na escala dos valores.”
Maria Lamas (mitóloga)

Traduzem experiências humanas paralelas.


Nascem do temor e da crença em poderes
desconhecidos que o homem atribuía a seres
diferentes e superiores a si próprio.
São forças adversas ou propícias, mas sempre
provocando espanto, medo e respeito.
Procuravam manter boas relações com esses
poderes desconhecidos através de práticas e
rituais para atrair o favorável e afastar ou
neutralizar o desfavorável.
Tudo o que rodeia o homem tem o mesmo valor
 rochedos, Sol, Lua, árvores, animais, a chuva,
o vento, etc. e podem falar, fazer o bem ou o
mal, ter paixões ou se vingar.
A VISÃO DE PSICANALISTAS
Carl Jung

“A psicologia moderna tem a vantagem


de ter conhecido uma área de
fenômenos psíquicos que sem dúvida
representa a matriz de toda mitologia:
sonhos, visões, fantasmas e ilusões.
Aqui ela não só encontra freqüentes
analogias com temas míticos, mas
também tem a oportunidade ímpar de
observar ao vivo e analisar a origem e
o funcionamento de tais conteúdos.”
LACAN num capítulo intitulado “Para
que serve o mito”...

Fala sobre a função do mito e o momento


no qual ele emerge. Para ele, a
construção mítica é a resposta mais
adequada e natural que pode um sujeito
oferecer diante de um problema que se
lhe apresenta e diante do qual ele, sem
sucesso, já despendeu energia num
esforço de resolução. A solução mítica
vem então como um amparo, como uma
ilha de segurança no meio do caos e da
desordem do mundo.
Lacan refere-se aos mitos de 2 formas:

 O mito coletivo, registrado pela Antropologia e


Etnografia de então. Lacan comenta que os
mitos , tais como se apresentam na sua ficção,
geralmente visam não a origem individual, mas
sim a origem específica, a criação do homem, a
criação das suas relações fundamentais, às
grandes descobertas humanas como a do fogo,
da agricultura e da domesticação dos animais.
 No mito individual tem-se uma referência
através da recorrência dos motivos à história do
sujeito, à sua lenda familiar, às suas relações
de parentesco materna e paterna
principalmente e, através de sua estrutura, às
relações com a cultura.
Um exemplo na literatura..

Na pesquisa que Marilene Ferreira Cambeiro


realizou para sua tese de doutorado em Letras
Vernáculas ela usa a definição lacaniana quando
analisa a criação do personagem Macunaíma:
Mário "copia", faz "colagem", "recria " ou "recicla"
os mitos e lendas brasileiras e de origem
portuguesa, trazidos pela colonização;
privilegiando entre eles o mito americano/
brasileiro do herói Macunaíma para construir
também seu próprio mito individual, fazendo
dessa forma aquilo que Lacan aponta como a
passagem do mito coletivo para o mito individual.
RESERVANDO MAIS ESPAÇO
PARA FREUD
Como coloca Freud

... Estamos mais inclinados a julgar, com


Otto Rank, que eles [deuses] foram
projetados para os céus após haverem
surgido alhures, sob condições
puramente humanas. É neste conteúdo
humano que reside nosso interesse.
Ao referir-se ao mito de Prometeu
São os deuses, portanto, que são defraudados.
Sabemos que, nos mitos, aos deuses é garantida a
satisfação de todos os desejos a que as criaturas
humanas têm de renunciar, tal como constatamos no
caso do incesto. Falando em termos analíticos,
diríamos que a vida instintual — o id — é o deus que
é defraudado quando se renuncia à extinção do fogo:
na lenda, o desejo humano transforma-se em
privilégio divino. No entanto, na lenda, a divindade
não possui nada das características do superego,
ainda representa a vida soberana dos instintos.
Freud fala do herói mítico...

 No volume XXIII (Moisés, um egípcio)


Freud comenta que: “O herói é alguém
que teve a coragem de rebelar-se contra o
pai e, ao final, sobrepujou-o
vitoriosamente. Nosso mito faz essa luta
remontar até a pré-história do indivíduo, já
que o representa como nascendo contra a
vontade do pai e salvo apesar das más
intenções paternas”.
Vol.XX – A questão da analise leiga

Voltemos assim à nossa principal testemunha


em assuntos concernentes aos tempos primevos
— a mitologia. Ela nos informa que os mitos de
cada povo, e não somente dos gregos, estão
repletos de casos amorosos entre pais e filhas e
mesmo entre mães e filhos. A cosmologia, não
menos que a genealogia de raças reais, está
fundamentada no incesto. Para que finalidade o
senhor supõe que essas lendas foram criadas?
Para estigmatizar deuses e reis como
criminosos? para imputar-lhes a repulsa da raça
humana?
Vol.XX – A questão da analise leiga

De preferência, por certo, porque os desejos


incestuosos constituem um legado humano
primordial e jamais foram plenamente
superados, de modo que sua realização ainda
era concedida aos deuses e aos seus
descendentes quando a maioria dos seres
humanos comuns já era obrigada a renunciar a
tais desejos. Está em completa harmonia com
essas lições da história e da mitologia o fato de
encontrarmos desejos ainda presentes a
atuantes na infância do indivíduo.
Vol.XI - LEONARDO DA VINCI E UMA
LEMBRANÇA DE SUA INFÂNCIA

• A mitologia nos ensina que a constituição


andrógina, isto é, uma combinação das
características masculinas e femininas, era
atributo não só de Mut mas também de
outras divindades, tais como Ísis e Hathor
• Isto também está presente no caso do mito
platônico dos homens redondos, ou na
história de que Tirésias, o sábio cego, que
viveu os dois papéis – de homem e de
mulher.
Outros extratos
“A ideia de ser devorado pelo pai é típica do
material infantil consagrado pelo tempo. Ela
possui paralelos familiares na mitologia (por
exemplo, o mito de Cronos) e no reino animal.”
(Inibições, Sintomas e Ansiedades)
“A teoria dos instintos é, por assim dizer, nossa
mitologia. Os instintos são entidades míticas,
magníficos em sua imprecisão. Em nosso
trabalho, não podemos desprezá-los, nem por um
só momento, de vez que nunca estamos seguros
de os estarmos vendo claramente”.
É importante ver a diferença
entre relato mítico e relato
histórico....
O relato mítico vs o relato histórico

HISTÓRICO
MITO
 Para Eudoro de
Sousa “História é do
 Eudoro de Souza fala homem que se
que “o mítico aponta recusa a viver em
para uma mundo que não seja
transcendência”. seu”  nesse
 O tempo mítico se contexto, “o passado
situa para além do é presença de outro
tempo real, no tempo presente”.
em que o mundo foi  O tempo histórico é o
criado cronológico, preso ao
concreto.
Assim....

Numa comparação com o estudo científico,


Eudoro de Souza comenta:
“Ciência fala-nos do que está no mundo, pensa e
experimenta o que pode fechar no interior do
mundo que recusa a fechar-se. O mítico é que
fechou o mundo, no momento em que se
perguntou pelo que era antes do mundo chegar a
ser mundo. (....) A pergunta sobre as origens, é a
origem do perguntar (...) A ameaça do Nada é
que nos leva a perguntar de onde e do que vem o
Tudo.“
Viktor Salis – psicólogo e mitólogo

“ Os mitos não podem – e nunca quiseram


competir com a ciência e a razão. Eles nos abrem
as portas para outra realidade: o mistério de
viver,com seus dramas individuais e coletivos,
suas angústias, medos, alegrias e anseios. Eis o
ponto em que a ciência e a razão sempre
fracassaram redondamente!
.... (mitos) não prevêem, mas abrem portas e
possibilidades para nossa vida. Por isso são
fantásticos e ambíguos. Exigem nossa
participação e tomada de posição, cobram a
coragem de viver e não simplesmente vegetar.
Otto Rank, em seu livro “O Artista”.

 Vê o conflito psíquico como sendo inconsciente


no indivíduo “normal” expressa-se através dos
sonhos ou outros atos psíquicos.
 Mostra que o artista encontra outro escoadouro
suplementar ao utilizar suas fantasias criativas
para exprimir desejos insatisfeitos  oferece ao
público a oportunidade de obter prazer estético e
também operar seu próprio conflito psíquico.
 Emprega seus dons criativos para modificar ou
alterar aquilo que é inaceitável no inconsciente e
oferece o resultado final de sua elaboração como
uma obra de beleza e arte.
O artista

 Na tragédia, a mais elevada forma de poesia, o


espectador identifica-se com os atores, e
através destes, com o poeta  abreage seus
afetos, participando com seu próprio conflito
psíquico. Pode recorrer ao prazer estético e
deixa o sofrimento para a imagem fantasiosa
do herói sobre o palco.
 O artista não compreende mais a sua arte do
que o sonhador compreende seu sonho ou o
neurótico os seus sintomas.
O conflito psíquico

O neurótico, da mesma forma que o artista,


está à procura de uma oportunidade para
descarregar o conflito, só que o artista
consegue canalizar suas fantasias para a
criação artística.
 Encontra uma via de escape através da
neurose, da perversão ou ainda da sublimação
 esta é uma das fontes da criatividade
artística.
O mito da criação
No princípio era o Caos que contém a
essência de todas as coisas...
As partículas dispersas foram
se juntando e surgiu a primeira
forma: Gaia, a Grande Mãe-
Terra, o princípio de toda
Criação, abrigo sempre seguro
para todos os imortais que
habitam o cume nevado do
Olimpo.
E, nas profundezas da terra de
largos caminhos, o tenebroso
Tártaro.
Surge Eros, o mais belo dentre os
deuses imortais
É ele que afrouxa os
membros e, de todos os
deuses e de todos os
homens, subjuga no peito a
inteligência e a vontade
sensata.
 Esta é a força do Amor, que
domina a vida e da qual
voltaremos a falar.
 Especula-se inclusive se teria
surgido sem ter nem pai,
nem mãe
Do Caos surge ainda a Escuridão e a
Noite...

Do Caos surgiram ainda o


Érebo, a Morada das
Sombras, a parte escura e não
iluminada da Terra e A Noite,
que criou o Éter, a luz dos
Deuses, e também o Dia, a
Luz dos mortais (A luz é
fecundada pela noite e pela
escuridão)
Da escuridão, a luz

No princípio, aparentemente, não havia luz, e os


primeiros momentos da criação ocorreram no
escuro. Da linhagem de Érebo e de Nix vieram a
luz e diversas divindades abstratas, de grande
influência na vida dos mortais.
Érebos e Nix
As duas últimas divindades primordiais a emergir
do Caos, simbolizam, de diferentes formas, as
trevas primitivas. Érebo é, aparentemente, a
escuridão profunda que se formou no momento da
criação, e mais tarde ficou localizada no mundo
subterrâneo; Nix, a noite, representa a escuridão
situada logo acima de Gaia.
A noite, as profundezas e as
suas criaturas
NYX OU NOITE

Nyx ou Noite, uma poderosa deusa cuja luz negra cai


do alto das estrelas e que tinha poder não somente
sobre os homens, mas também sobre os deuses. Nem
mesmo Zeus ousava entristecer ou aborrecer Nyx. Ela
reside no Tártaro. Tanto o Dia quanto a Noite vivem no
mesmo lar no Tártaro, porém nunca se encontram lá
no mesmo momento, pois enquanto um deles
atravessa a terra, o outro espera em seu lar. Mas eles
se saúdam no limiar, enquanto cruzam o lugar onde
Atlas sustenta o mundo. Segundo uma lenda, a alada
Nyx depositou um "ovo" no infinito do Érebo e depois
de eras o ovo se partiu, dando origem a Eros. Outros
afirmam que ambos eram filhos de Caos.
NÊMESIS
 Personificação da justiça divina e a vingança dos
deuses, às vezes chamada a filha da Noite.
Representava a raiva justa dos deuses contra o
orgulho e a arrogância e contra os transgressores
da lei; distribuía a boa ou má sorte a todos os
mortais. Ninguém podia escapar de seu poder.
Entre os antigos gregos, Nêmesis foi a deusa da
equanimidade e, mais tarde, a personificação da
desaprovação dos deuses à arrogância. Seu
nome se inspira no grego némein, "repartir
segundo o costume ou a conveniência".
Na escuridão temos o que é
misterioso ou não revelado
As Moiras  filhas de Nix, o manto da noite, ou
de Zeus com Têmis (deusa das leis eternas) são
responsáveis pelo tempo de vida(o destino)dos
humanos e também dos deuses. Na origem
cada um tem a sua ‘mera’ (sua parte, seu
quinhão de vida, de felicidade, de desgraça,
etc.).
São 3 deusas: Átropo ou Fiandeira (a que tece),
Cloto ou Distributiz (a que enrola o fio e mede),
Láquesis ou Inflexível (a que corta o fio da vida)
Moram numa caverna acima dos deuses e são
impessoais e encarnam uma lei que não pode
ser transgredida nem pelos deuses.
CETO
 Filha de Géia e Ponto. É a irmã de Fórcis,
que também foi seu marido, de Thaumas
e Euríbia. É a personificação dos perigos
e horrores do mar. Seu nome com o
tempo veio a se tornar a designação de
um monstro do mar. É vista como a mãe
das Górgonas e de muitos outros
monstros.
 Éris, a discórdia, cujos filhos são a Pena,
o Esquecimento, a Fome, a Dor e o
Juramento
Da união de Nyx, o manto da noite com
Érebro, a escuridão profunda...

 Hipno, o sono, irmão gêmeo de Tânato, a


morte. Hipno é mais representado como um
ser alado que percorre rapidamente a terra e
o mar, pondo os seres em estado de
sonolência. Possui o poder de regenerar.
Pode ser associado à pulsão do Nirvana. Já
Tânato é certamente a pulsão da morte.
Segundo Junito Brandão, ele não é para ser
visto como “um agente da morte”, mas sim
como a cessação, uma descontinuidade, uma
inversão da vida. É tão somente uma angústia
ou, quando encarado do ponto de vista
simbólico, é o aspecto perecível e destruidor
da vida;
Tânatos
 Na mitologia grega, personificava a morte.
filho que Nix engendrou sozinha. O irmão
gêmeo do deus do sono, e era representado
como um jovem alado portando uma tocha
apagada. Apesar de ser bastante utilizado na
arte e poesia, ele tinha um papel
apenas secundário no culto oficial, com
exceção de Esparta onde era alvo do
culto popular. Existe uma lenda que narra
como o jovem Sísifo (fundador e primeiro rei
de Corinto) sobrepujou Tânatos,
impossibilitando as pessoas de morrerem,
até que Ares libertou a Morte.
Tanatos - significado essencial
 Seu significado essencial é dissipar-se, extinguir-
se, tornar-se sombra.
 O sentido de morte é uma inovação do grego,
considerada um pouco equivocada por Junito
Brandão. Morrer aqui significa tornar-se uma
sombra, um espectro, um eidolon, um corpo
insubstancial, uma projeção por vezes do corpo
inteiro do extinto. Tanatos nunca foi um agente
da morte. A morte sempre atuou por procuração.
 Tânatos é uma cessação, uma descontinuidade,
uma inversão da vida, não um inimigo físico. É
uma fonte de angústia em companhia de outras
abstrações, que não foram antropomorfizadas,
como Moira, o destino cego, Aisla, o destino fatal.
Potmos, lei do destino e as Queres, que
funcionavam como a força e a ação da morte.
Tânatos só surge personificado na Ilíada, quando
ajudada por seu irmão gêmeo Hipno, o Sono
retira do campo de batalha de Tróia o corpo
ensanguentado de Sárpedon.
 A mais comum representação é uma nuvem
escura, de uma bruma que se derrama sobre os
olhos e a cabeça do moribundo. É um véu negro
que se interpõe entre o homem e a luz.
 Morrer é cobrir-se de trevas. Fechavam os olhos
do moribundo, destendia-lhe os membros, como
se fora um ato de amor. Diga-se, de caminho,
que a Morte e o Amor são dois aspectos de um
mesmo poder. Por não ser um agente da morte,
Tânatos surgia nos poemas homéricos mais para
qualificar forças definidoras do fecho da vida,
como Moira e Quere. (p.399 Dicionário).
Hypnos

Thanatos
Morfeu

 Um dos filhos de Hipnos; percorre o


mundo e toca os mortais com uma
papoula para adormecê-los; em
seguida, assume formas humanas e
aparece para quem dorme; os sonhos
são essas aparições do deus.
Momo – o escárnio pode ter sido a figura que
inspirou Zeus a colocar Helena no centro da
intriga que levou à guerra de Tróia. Parece estar
mais ligada à pulsão do controle.
As Ceres são gênios que representam o destino
e que nas cenas de batalha e de violência, levam
cada herói no momento da morte. Têm um
caráter infernal e selvagem e são representadas
como seres alados negros, com grandes dentes
brancos, de unhas enormes e pontiagudas, que
despedaçam cadáveres e bebem seu sangue.
Certamente estão ligadas à pulsão de destruição
sádica.
Filotes (a ternura) e as Hespérides (filhas do
entardecer) parecem funcionar como contraponto
positivo. São as Hespérides que cuidam do
jardim encantado onde se encontra a macieira de
pomos de ouro, que fica no extremo oeste,
depois do país de Atlas, o gigante que carrega o
mundo nas costas.
Hêmera, a deusa do Dia. Hêmera emergia do
Tártaro enquanto a Noite deixava o mundo.
Hêmera então retornava para o Tártaro
quando a Noite estava deixando-o.
SOBRE O AMOR
Olhando mais para a questão
do amor

 Muitas facetas  Eros Primordial


como a força envolvente que gera a
vida, o amor representado pela deusa
Afrodite (Pandemos como sedução e
Urania como inspiração), o amor
travesso de Eros, a jornada do
amadurecimento amoroso de Eros e
Psique, o amor possessivo de auj
Eros também representa a
união dos opostos
 A pulsão fundamental do ser, a libido que impele
toda a existência a realizar-se na ação.
 É ele que atualiza as virtualidades do ser, mas
essa passagem ao ato só se concretiza mediante
o contato com o outro, através de uma série de
trocas materiais, espirituais, sensíveis, o que
fatalmente provoca choques e comoções.
 Eros procura superar esses antagonismos,
assimilando e integrando forças diferentes e
contrárias, numa só e mesma unidade
(simbolismo da cruz e do binômio animus-anima).
 Do ponto de vista cósmico, após a explosão do
ser em múltiplos seres, o Amor é a força, a
alavanca, que canaliza o retorno à unidade; é a
reintegração do universo, marcada pela
passagem da unidade inconsciente do Caos
primitivo à unidade consciente da força
definitiva. A libido então se ilumina na
consciência, onde poderá tornar-se uma força
espiritual de progresso moral e místico.
O ego segue uma evolução
análoga à do universo
 O amor é a busca de um centro unificador, que
permite a realização da síntese dinâmica de
suas potencialidades.
 Dois seres que se encontram um no outro,
desde que tenha havido uma elevação ao nível
de ser superior e o dom tenha sido total, sem as
costumeiras limitações ao nível de cada um,
normalmente apenas sexual.
 O amor é uma fonte de progresso, na medida
em que ele é efetivamente união e não
apropriação.
O ego segue uma evolução
análoga à do universo
 Pervertido, Eros, em vez de se tornar o centro
unificador, converte-se em principio de divisão e
morte. Essa perversão consiste, sobretudo em
destruir o valor do outro, na tentativa de servir-
se do mesmo egoisticamente, ao invés de
enriquecer-se a si próprio e ao parceiro com
uma entrega total, um dom recíproco e
generoso, que fará com que cada um seja mais;
ao mesmo tempo em que ambos se tornam eles
mesmos. O erro capital do amor se consuma
quando uma das partes se considera o todo.
Os Deuses Gregos

Seus domínios e
atributos....
Voltando a Gaia....
Gaia reinou plena e absoluta
durante muito tempo....
Mas sentiu-se só e criou Urano,
o céu estrelado, um
companheiro que a cobria
completamente todos os dias,
sob a influência de uma
poderosa força primitiva: Eros,
o amor universal .
Criou também as montanhas,
as ninfas e Ponto,o mar (sem
desejo amoroso), Oceano,
Hecatônquiros, Cíclopes, Titãs e
Titânides.
E da união do Céu e da Terra
nasceu a raça humana.
A princípio, Urano gerou divindades poderosas,
selvagens e incontroláveis, que obedeciam
apenas sua própria natureza:
os hecatônquiros e os ciclopes.
Os hecatônquiros eram três, gigantescos,
poderosos e dotados de cem braços e cinqüenta
cabeças: Coto, Briaréu e Gigues.
Os ciclopes eram três gigantes com um único
olho no meio da testa e grande habilidade
manual: Brontes, o trovão; Estérope, o
relâmpago; e Arges, o raio.
Mais tarde, gerou os titãs, ancestrais dos
deuses olímpicos e dos mortais. Os titãs,
menos selvagens mas igualmente
poderosos, eram Oceano, Ceos, Crios,
Hipérion, Jápeto e Crono; suas irmãs, as
titânides, eram Réia, Téia, Febe, Têmis,
Mnemósine e Tétis.
Cronos uniu-se à irmã Réia
E gerou os primeiros deuses
olímpicos  Héstia, Deméter, Hera,
Hades, Posídon e Zeus. Consta que
se uniu também à oceânide Filira e
gerou o bondoso centauro Quíron,
grande amigo dos
Temeroso do poder dos ciclopes e
dos hecatônquiros, encerrou-os de
novo no Tártaro; depois que Urano e
Gaia profetizaram que seria
destronado por um dos filhos, passou
a devorar os filhos imediatamente
depois do nascimento.
A primeira aliada de Zeus foi a oceânide Métis,
personificação da sabedoria (ou, talvez, da
astúcia...). Métis enganou Crono, fazendo-o beber
uma poção que o fez vomitar Héstia, Deméter,
Hera, Hades e Posídon, os filhos engolidos. Zeus
conseguiu ainda libertar os ciclopes, seus tios,
que se juntaram a ele e aos irmãos.
Armado com o relâmpago (presente dos ciclopes)
e recoberto com a égide (possivelmente a pele da
cabra Amaltéia, já morta), Zeus enfrentou Crono e
os outros titãs. Do lado de Zeus, além dos irmãos
e dos tios (os ciclopes), estavam as oceânides
Métis e Estige, os filhos de Estige (Zelo, Niké,
Cratos e Bias) e Prometeu, filho de Jápeto.
Do lado dos titãs, as operações foram
conduzidas por Atlas. Oceano e as titânides não
participaram da luta.
Após dez anos de luta, a conselho de Gaia,
Zeus libertou também os poderosíssimos
hecatônquiros. Com mais esses aliados, os titãs
foram finalmente derrotados e expulsos do céu.
O novo soberano prendeu os titãs vencidos no
Tártaro, eternamente vigiados pelos
hecatônquiros, e condenou o poderoso Atlas a
sustentar eternamente a abóbada celeste.
A dificuldade de passar o poder

URANOS, o céu  rejeita seus filhos,


empurrando-os de volta para
o ventre da mãe Gaia.
Cronos, o tempo, filho de Uranos  castra o pai,
a pedido da mãe e depois rejeita seus filhos,
engolindo-os um a um, só não conseguindo
engolir o último – Zeus, escondido pela mãe Réia,
a conselho de Gaia.
Zeus, o olímpico  não castra, nem engole,
mas castiga os filhos que ousem contestar ou
rebelar-se contra as suas leis.
AS DEUSAS GREGAS, ATRIBUTOS E
ÂMBITOS DE AÇÃO
DEMÉTER
HERA deusa da maternagem,
deusa do casamento da agricultura
mulheres poderosas e mulheres ligadas ao
ligadas a status e nutrir e o proteger
compromissos
PERSÉFONE - deusa do
AFRODITE mundo dos mortos
deusa do amor mulheres sensíveis,
mulheres sedutoras e discretas, + frágeis, que
ligadas à satisfação de
seus desejos atraem os homens pela
sua maleabilidade
AS DEUSAS GREGAS, ATRIBUTOS E
ÂMBITOS DE AÇÃO

PALAS ATENA -deusa HÉSTIA -deusa


da estratégia e justiça do fogo
mulheres racionais, sagrado, da
ativas, que privilegiam o harmonia da
mundo do trabalho casa e dos
templos.
ÁRTEMIS -deusa da Mulheres mais
natureza, da caça e da lua reservadas e
mulheres +guerreiras, centradas em
voltadas à luta pela seu mundo
preservação natural interior
OS DEUSES GREGOS, ATRIBUTOS E
ÂMBITOS DE AÇÃO
HADES - deus do mundo
ZEUS deus supremo, inferior,
homens poderosos que homens poderosos,
governam grupos, determinados e
ligados ao jogo do poder manipuladores, discretos,
e do status, agem por detrás da cena
+ infiéis

POSÍDON - deus dos mares e


dos terremotos
homens passionais, artistas
sensíveis e inseguros por
sentirem-se inadequados
OS DEUSES GREGOS, ATRIBUTOS E
ÂMBITOS DE AÇÃO

HERMES -
mensageiro, senhor das
estradas e das
comunicações
homens dinâmicos,
APOLO - deus do sol vivazes, comunicativos
e da revelação e negociadores, mas
homens brilhantes, nem sempre confíáveis
arrogantes e elitistas,
mas com dificuldades
de relacionamento
OS DEUSES GREGOS, ATRIBUTOS E
ÂMBITOS DE AÇÃO
ARES - deus da guerra HEFESTO - deus da
homens vigorosos, forja
agressivos impetuosos, homens habilidosos,
competitivos artistas, exploram o
mundo das formas e
das imagens, sentido
de rejeição
DIONÍSIO - deus do vinho
e do êxtase homens
sensíveis, mediúnicos,
emocionalmente intensos e
frágeis, sempre em busca
do êxtase, escapistas
ÉDIPO E NARCISO

O cruzamento da psicanálise
com a mitologia
OS MITOS MAIS IMPORTANTES
PARA A PSICANÁLISE
Édipo e sua origem trágica

 A casa real de Tebas tem sua origem com


Cadmo, que se casa com a deusa Harmonia,
com quem tem Sêmele a princesa tebana que
tem um filho divino com Zeus – é Dionísio.
 Vítima da vingança de Hera, Sêmele é morta no
incêndio do palácio e seu filho vai ser gestado e
cuidado por Zeus.
 Quando Dionísio, já moço volta a Tebas, chega
disfarçado de sacerdote. Quem reina é Penteu,
filho de sua tia Ágave, irmã de Sêmele.
 Penteu se irrita com o modo de vestir, com as
companhias de Dionísio (as bacantes) e com o
carisma de Dionísio, proibindo seu culto.
Dionísio é aprisionado
Mas o deus é mais forte e consegue libertar-se
por mágica. Sai da cidade e prepara a vingança.
Jean Pierre Vernant diz que é “a vitória da
suavidade contra a violência, das mulheres
contra os homens, do campo selvagem contra a
ordem cívica” representada pelo espírito tebano
de Penteu. São dois primos da mesma idade, um
o retrato e o duplo do outro.
Dionísio consegue atrair as mulheres da corte,
inclusive Ágave, que ficam enlouquecidas. Com
malícia atrai Penteu para o campo e ele acaba
sendo morto por elas, desmembrado como
ocorre nos rituais dionisíacos.
O trono acaba nas mãos de Lábdaco

 Filho de Polidoro, irmão de Penteu. O período é


instável e cheio de disputas pelo poder.
Quando Lábdaco morre, seu filho Laio tem
apenas um ano. A regência fica com Nicteu e
Lico, que descendem dos Semeados, irmãos
que são de Nicteida, a noite, a noturna. Eles
são eliminados por Anfíon e Zetos.
 Laio é obrigado a refugiar-se em Corinto, com o
rei Pélope. Apaixona-se pelo jovem filho do rei -
Crísipo e tenta obter pela violência o que a
sedução e o mérito não foram capazes de lhe
dar. Crísipo, indignado e escandalizado,
comete suicídio.
Lábdaco e sua descendência
são amaldiçoados
 Pélope pede que a raça dos Labdácidas
seja fadada ao desaparecimento. Os
deuses amaldiçoaram toda a família.
Lábdaco significa “manco” e Laio significa
que ele é um homem “desajeitado”.
Metaforicamente podemos dizer que Laio
deturpa suas relações, o que inclui o
afastamento, o desvio do trono; deturpa o
jogo amoroso com seu impulso erótico
unilateral e também não retribui a
hospitalidade com respeito.
Laio casa-se com Jocasta
 Que também está ligada à herança sombria
de Équion e aos Semeados, homens da
terra, do subterrâneo.
 O casamento é estéril e Laio consulta Delfos
para saber a razão e o oráculo alerta sobre o
risco trazido por um filho que “mataria o pai
para se deitar com a mãe”.
 Jocasta não se conforma e embebeda o
marido ==> engravida. Laio/o casal decidem
pela morte da criança. Entregam o bebê a
um pastor para levá-lo ao monte Citerão,
matá-lo e deixar na montanha para ser
devorado pelas feras.
A criança é preservada
 O pastor fica com o recém-nascido, perfura seu
calcanhar, passa uma correia e vai embora,
levando a criança nas costas como se fosse
uma caça pequena.
 o servidor teve dó da criança quando ela lhe
sorriu e resolve entregá-la a um outro pastor
que vem de Corinto (ou de Sicion). Ele, por sua
vez, entrega a criança para para os reis -Pólibo
e Peribéia, que não têm filhos. Eles criaram
Édipo como um filho e que é invejado pelos
outros jovens da elite coríntia pelo seu porte,
sua coragem e sua inteligência.
Diz Vernant...
Esse rebento, neto de Lábdaco, o manco, filho
de Laio, que também foi apartado do poder e
que se desviou da conduta correta nas relações
de hospitalidade e nas relações amorosas, esse
garotinho é, por sua vez, afastado de seus pais,
de sua terra natal, de sua dignidade de filho de
reis que perpetuaria a dinastia dos Labdácidas.
(...)Édipo guarda no seu pé a marca desse
afastamento que lhe impuseram, da distância em
que está em relação ao lugar onde deveria estar,
de sua verdadeira origem. Portanto também está
em desequilíbrio.
Édipo descobre que é adotado
 Em uma briga com outro menino. Mas
Pólibo o tranquiliza e nega.
 Preocupado, Édipo vai consultar o oráculo
de Delfos, que lhe dá uma resposta
indireta e assustadora: “matarás teu pai e
deitarás com tua mãe”. Resolve fugir para
não cometer tal crime e sai vagando pelo
mundo.
A tragédia anunciada...

Encontrou-se acidentalmente com Laio


em uma encruzilhada e, matou-o durante
a luta que se seguiu a uma discussão
entre pai e filho, ambos arrogantes e
orgulhosos. Um dos servos consegue
fugir.
Édipo simplesmente seguiu seu caminho,
acreditando que a luta fora em legítima
defesa.
O desafio da Esfinge...
 Tebas, algum tempo depois, foi assolada por
uma terrível maldição: a Esfinge, um monstro
alado com cabeça e seios de mulher, corpo e
patas de leoa, postou-se nas imediações da
cidade e devorava todos os seres humanos ao
seu alcance.
 Consta que ela antes apresentava às suas
vítimas um enigma e devorava somente
aqueles incapazes de decifrá-lo — mas
ninguém nunca atinava com a resposta correta.
 Édipo, ao saber do problema dos tebanos,
decidiu enfrentar a Esfinge.
O desafio da Esfinge...

 Ela perguntou-lhe qual era o animal que de


manhã andava com quatro pernas, ao meio-dia
com duas e à noite com três. Édipo disse que se
tratava do homem, pois ele engatinhava quando
criança, andava ereto na juventude e se apoiava
em uma bengala na velhice. Enraivecida e
frustrada com a perspectiva de uma longa dieta,
a Esfinge atirou-se de um precipício e morreu.
 Édipo foi nomeado rei ("tirano") de Tebas e ainda
recebeu, a mão de Jocasta como recompensa.
Ela era a viúva do rei anterior, que lhe deu os
seguintes filhos: Antígona, Ismene, Etéocles e
Polinices.
Cumpre-se a profecia....
 Mas Édipo reinou sossegado em Tebas
durante muitos anos. Um dia, porém, a cidade
foi assolada pela peste e, de acordo com mais
um oráculo, a única maneira de debelar a
doença era identificar e punir o assassino de
Laio.
 Édipo conduziu as investigações e acabou
descobrindo tudo. Primeiro aceita consultar o
adivinho Tirésias se recusa a revelar o que
sabe por sabedoria divina. Ele compreende o
que Édipo representa na desgraça de Tebas.
 Irritado Édipo expulsa Creonte, acusado de
conspiração junto com Tirésias.
A tragédia se amplia

 O relato da morte de Laio dá conta de um


ataque feito por um bando, o que alivia
Édipo já que a encruzilhada lhe parece
familiar.
 Chega um mensageiro que anuncia a morte
de Pólibo e Édipo fica sabendo que não é
filho legítimo deles. Jocasta houve o relato
de que Édipo foi levado ao rei de Corinto
quando era apenas um bebê.
 Jocasta tem um intuição sinistra, confirmada
pelo antigo criado que levara o bebê até o
monte Citerão e que estava presente.
Édipo é filho de Jocasta
 Jocasta, ao saber da terrível verdade, enforcou-
se; Édipo furou os próprios olhos com os
grampos do vestido de sua mãe-esposa e
abandonou Tebas, acompanhado apenas de
sua filha Antígona.
 Antes de deixar a cidade, amaldiçoou seus
filhos, Etéocles e Polinices, pois eles o
destrataram. DIz que eles nunca vão se
entender e vão acabar se matando.
 Etéocles assume o poder e Polínices lança o
ataque de 7 contra Tebas. Os dois acabam
mortos, pondo fim aos Labdácidos.
Cumpre-se a profecia....

 Em alguma versões, Édipo foi expulso da


cidade por Creonte.Já um ancião, Édipo
chegou à Ática, em Colono, e foi bem acolhido
por Teseu, então rei de Atenas. Agradecido,
pediu para ser enterrado ali mesmo e revelou
que a terra que recebesse seu corpo seria
abençoada pelos deuses. Ciente disso,
Creonte tentou forçá-lo a voltar para Tebas,
mas Teseu defendeu o hóspede e Édipo foi
enterrado em um local de Colono que apenas
Teseu conhecia.
Édipo para Freud

O complexo de Édipo tem um significado


meramente “simbólico”: a mãe, nele,
representa o inacessível, a que se tem
de renunciar no interesse da
civilização; o pai que é assassinado no
mito de Édipo é o pai “interior”, de
quem nos devemos libertar a fim de
nos tornarmos independentes.” – vol.
XIV - Fluctuat nec mergitur
Em CAPÍTULO IX - O MUNDO INTERNO
ESBOÇO DE PSICANÁLISE vol. XXIII

Isso nos lembra que o herói do mito de Édipo


também sentia-se culpado pelas suas ações e
submeteu-se à autopunição, embora a força
coercitiva do oráculo devesse tê-lo isentado de
culpa em nosso julgamento e no seu. O superego
é, na verdade, herdeiro do complexo de Édipo e
só se estabelece após a pessoa haver-se libertado
desse complexo. Por essa razão, a sua excessiva
severidade não segue um modelo real, mas
corresponde à força da defesa utilizada contra a
tentação do complexo de Édipo.
Com a palavra, Otto Rank
 Em 1913 publica um artigo ‘A nudez na saga e
na poesia’ na revista Imago, baseado em uma
comunicação que fizera no 3ro Congresso de
Psicanálise em 1911  no artigo recapitula a
idéia de “olhar”, e a cegueira como castigo da
contemplação erótica da nudez em escritos
que vão da mitologia à literatura moderna, com
as respectivas conexões psicanalíticas.
 Analisa a cegueira de Édipo após ter
contemplado a nudez da mãe  a mãe é o
primeiro objeto de desejo de espiar da criança.
Livro O mito do nascimento do Herói

 Rank expôs os mitos como produto dos desejos


e fantasias do homem.
 Fez remontar o mito aos complexos pré-genitais
da infância e interpretou seus significados
miraculosos e sobrenaturais atribuindo-lhes
motivos humanos.
 Para ele, na mitologia o herói inicia sua
trajetória em conflito com a geração mais velha
 torna-se um rebelde, um renovador e um
revolucionário, que originalmente é um filho
desobediente de um pai autoritário.
A atitude do filho herói

 Castra o pai como forma de expressão de


revolta contra ele.
 Rank sugere que os mitos são criados pelos
adultos através de fantasias retrógradas
infantis  o criador do mito atribui ao herói a
sua própria história infantil.
 O processo heróico é o mesmo encontrado no
inconsciente das pessoas que passaram por
sua própria revolta infantil contra o pai.
 No mito do nascimento, a rebelião infantil
contra o pai é provocada pelo seu
comportamento hostil frente ao filho.
O mecanismo de projeção do mito

 Caracteriza-o como uma estrutura paranóica


 isto explica a razão do herói quase sempre
começar a vida perseguido pelo pai, que o
abandona numa montanha, ou numa cesta
flutuando sobre as águas.
 O mito do herói é a maior contribuição de Rank
para a psicanálise aplicada.
O complexo de Édipo
Complexo de Édipo
 É a representação inconsciente pela qual se
exprimem os desejos amorosos (sexuais) e
hostis que a criança sente em relação aos pais.
 Nesta fase a figura do pai ganha importância e
adquire sua plena significação. Até então, a
relação da criança com o meio familiar se dá, em
grande parte, a partir da relação com a mãe.
Neste contexto, o pai aparece como um terceiro
fator, incômodo para a criança, alguém que se
intromete em sua relação com a mãe,
comprometendo o seu caráter de exclusividade.
A relação com a mãe

A vida libidinal da criança está comprometida


exclusivamente com a mãe, mas a mãe não
está inteiramente comprometida com a
criança  a mãe tem o pai pênis”.
O complexo de Édipo aparece por volta dos
2 ou 3 anos e está ligado à fase fálica da
sexualidade infantil (primazia do prazer com
os órgãos genitais, aliada à fantasia de que
tanto para meninos quanto meninas têm de
somente existir um único órgão genital o
pênis.
Há sempre 1 estrutura triangular
 criança – mãe – pai. O pai desempenha o
papel fundamental de “quebrar o vínculo
excessivo entre a mãe e o bebê.
O menino abandona a mãe como objeto sexual
devido ao medo de ser castrado pelo pai,
enquanto a menina volta-se para o pai, na
fantasia de obtêr o pênis e os filhos deste, por
achar que ela própria possuía um pênis antes
de ser castrada.
Dominado por essas sensações prazerosas,
obtidas no contato com a mãe, o menino deseja
possuí-la nos dois sentidos.
Visão Geral
Reativação do Édipo
Na puberdade: Na idade adulta: No tratamento
Pudor excessivo, Neurose comum analítico:
Intransigência, revolta e mórbida Neurose de transferência

S
E
N
S Fantasias de Renúncia aos pais Supereu
A Desejos Falo Prazer Angústia Enqto objetos sexuais
Ç Incestuosos (menino) Incorporação dos pais
Õ Sofrimento Como objetos de
(menina) identificação
E Identidade
S sexual

Sexualização dos pais Dessexualização dos pais


Frutos
do Édipo
Lógica do Édipo do menino
•Recalcamento dos desejos, das fantasias e da angústia
Resolução •Renúncia aos pais como objetos de desejo

Dessexualização
Crise Édipo •Incorporação dos pais como objetos de identificação

dos pais
Fantasias Fantasia de angústia: Fantasia de angústia: Fantasia de angústia:
Medo de ser castrado Medo de ser castrado Medo de ser castrado
angústia pelo pai repressor pelo pai sedutor pelo pai rival

Fantasias VISÃO DO CORPO NU FEMININO DESPROVIDO DE PÊNIS


de prazer
que se
manifestam Fantasias de Fantasias de prazer: Fantasias de
por prazer: Atitude sexual prazer:
comportamentos Atitude sexual passiva Atitude sexual

Sexualização
ativa ativa

dos pais
Desejo de possuir Desejo de ser possuído Desejo de suprimir
Desejos o corpo do Outro Pelo corpo do Outro o corpo do Outro
incestuosos (a mãe) (sobretudo pelo pai) (o pai)
míticos

Falo
Fantasma de onipotência - FALO
Sensações
erógenas Sensações penianas
Lógica do Édipo do menino
Renúnica ao pai
Identificação fantasiado e identificação
com o pai com a pessoa do pai real

Sexualização
SEGUNDA RECUSA DO PAI:

do pai
RECUSA DE POSSUIR Desejo de ser possuída
Desejo SEXUALMENTE A FILHA por ele
incestuoso
mítico PRIMEIRA RECUSA DO PAI:
RECUSA DE DAR SEU FALO
Inveja ciumenta
do pênis
Inveja de ter o Falo do A menina
Fantasias menino, depois do pai Fantasia de dor de: se vê
de dor de ser privada do Falo sozinha
privação que ela julgava ter

VISÃO DO CORPO NU
MASCULINO DOTADO DE PÊNIS

Sexualização
Desejo Fantasias de prazer: atitude
incestuoso

da mãe
mítico sexual ativa em relação à
Desejo de possuir mãe
o corpo do Outro
Falo (mãe)
Fantasia de onipotência - FALO
Sensações
erógenas Sensações clitorianas
Desenvolvimento Edipiano do Menino

O grande obstáculo à realização do desejo é o Pai.


O Pai dorme com a mãe, não com ele; o pai
tem prioridade no contato com a mãe, além de
receber beijos e carícias. O menino passa a
encarar o pai como rival no amor da mãe.
O ódio pelo pai aumenta; o menino deseja
matar o pai e tomar seu lugar junto à mãe. É
comum o menino manifestar o desejo de casar
com a mãe quando crescer; coloca-se entre o
pai e a mãe para que não se toquem, quer
dormir na cama com os pais.
Desenvolvimento Edipiano na Menina

A menina não tem que temer a castração do


pênis, já que não o tem.
O primeiro objeto libidinal da menina,como no
menino,é a Mãe. A menina se ressente da
ausência do pênis, que vê como inferioridade e
com inveja, Pode criar a fantasia de que um
órgão idêntico ao do menino vai crescer, pois
tem a convicção de que ele já existe (clitoris).
Quando se conscientiza da falta, o
ressentimento se dirige contra a mãe, pois ela
não lhe deu e nem poderá dar aquilo que falta
nela própria.
Desenvolvimento Edipiano na Menina

A mãe não poderá lhe dar o pênis, e nem filhos.


Começa a aparecer uma possível compensação
 o filho que somente ela poderá trazer ao
mundo e no qual procura uma revalorização.
A inveja do pênis vai diminuir para ceder lugar
ao desejo de ter uma criança  a menina volta-
se para o pai na esperança de que ele lhe dará
filhos. É nesse momento em que se estabelece
a situação edipiana. O pai passa a ser o objeto
libidinal e a mãe a rival.
Para a menina, a situação edipiana
é a decepção e o ressentimento
relativos à ausência do pênis, incitando-a a
desviar-se da mãe e a procurar o pai como
substituto, como uma compensação.
A resolução edipiana na menina é mais lenta.
Ela não tem a urgência que a angústia de
castração dá no menino. A resolução se opera
ao longo do tempo.
Narciso
 A primeira história sobre a criação do
narciso só é contada em um primitivo
Hino Homérico do século VIII ou do
século VII e está ligada ao Rapto de
Perséfone.
 Tudo o que existia no Céu e na Terra
estava misteriosamente ligado aos
poderes divinos, mas isso se aplicava
sobretudo às coisas belas.
Narciso e a paixão
por si próprio
Uma flor criada pelos deuses

Que assim procedera tendo em vista seus


próprios interesses. O narciso não era igual à flor
que hoje conhecemos, mas uma encantadora
florescência em tons cintilantes de prata e
púrpura. Zeus o criou para ajudar seu irmão, o
senhor das trevas subterrâneas, quando este quis
raptar a jovem por quem se apaixonara -
Perséfone, filha de Deméter. Junto com suas
companheiras, ela estava colhendo flores no vale
do Ena, em uma campina de relva macia com
grande abundância de rosas, açafrão, violetas
maravilhosas, íris e jacintos.
De repente...

Perséfone viu algo que até então lhe era


totalmente desconhecido: uma flor cuja beleza
extraordinária superava em muito todas as
demais, uma estranha e gloriosa forma de flor,
uma maravilha tanto para os mortais quanto
para os deuses imortais. Uma centena de
botões desabrochava desde suas raízes, e o
perfume que exalavam era de infinita doçura.
Ao vê-las, um grande prazer tomou conta
também do vasto Céu, da Terra inteira e das
ondas do mar.
O plano de ação

De todas as jovens que ali estavam,


Perséfone foi a única a se dar conta da flor.
Suas companheiras estavam na outra
extremidade da campina. Aproximou-se
cautelosamente dos narcisos, temerosa por se
encontrar sozinha ali, mas incapaz de resistir
ao desejo de encher o cesto com eles. Sem
que o soubesse, agia exatamente de acordo
com as intenções de Zeus.
A armadilha

Maravilhada, estendeu as mãos para colher toda


aquela beleza, mas, antes que tocasse uma
única das flores, abriu-se uma fenda na terra e
de seu interior surgiram cavalos de um negro
retinto, puxando uma carruagem conduzida por
um ser de soturno esplendor, majestoso, belo e
terrível. Perséfone foi agarrada por ele, e já no
momento seguinte deixava para trás o esplendor
da primavera terrena e mergulhava no reino dos
morto, conduzida pelo senhor desse mesmo
reino.
A 2a versão vem de Ovídio…
 Narciso era filho do Rio Céfiso (aquele que
banha) e da Ninfa Liríope (macia como um
lírio), portanto, filho de dois seres ligados à
água. Sua mãe foi vítima da insaciável
energia sexual de Céfiso. Teve uma gravidez
penosa e indesejável. O filho nasceu tão belo
que ficou sua mãe ficou assustada e resolveu
consultar o cego Tirésias, famoso pela sua
capacidade de ver o futuro. O adivinho
alertou-a que Narciso só conseguiria ficar
vivo enquanto não se visse. Assim a mãe
evitou que ele se olhasse
 Quando chega à juventude, começam as
paixões pelo filho de Céfiso, por quem todas
as mulheres ficavam irremediavelmente
enlouquecidas de tão belo que ele era.
 De tão belo que era, todas as jovens que o
viam queriam-no para si, mas ele não queria
nenhuma delas, por mais que elas
tentassem fazer-se notar.
Narciso, o belo indiferente
As jovens inconsoláveis nada significavam para
ele, que não se deixou comover nem sequer pelo
triste caso de Eco, a mais bela das ninfas.
Ela era uma das favoritas de Ártemis, a Deusas
da Floresta e das Criaturas Selvagens, mas caiu
no desagrado de uma deusa ainda Mais
poderosa - Hera, como sempre envolvida na
tentativa de saber o que se passava com Zeus.
Desconfiou que ele tivesse apaixonado por uma
das ninfas, e resolveu observá-las para ver se
descobria qual havia sido, dessa vez, a escolhida.
Um erro de avaliação

A alegre conversa de Eco, porém, distraiu-a


imediatamente de suas investigações. Enquanto
ouvia, entretida, as outras ninfas afastaram-se
silenciosamente, e Hera não conseguiu chegar a
conclusão alguma sobre o novo objeto das
afeições errantes de Zeus. Com o
comportamento injusto de sempre, voltou-se
contra Eco, e a ninfa passou a ser mais uma das
jovens infelizes a sofrer os castigos impostos por
Hera. A deusa condenou-a a nunca mais usar a
língua, a não ser para repetir o que lhe fosse
dito. “Será sempre tua a última palavra”, disse
“mas não será jamais a primeira a falar”.
Era um castigo muito pesado

Que tornou-se ainda pior quando Eco, a exemplo


do que acontecia com todas as outras jovens,
apaixonou-se por Narciso. Eco era capaz de
segui-lo por toda parte, mas não conseguia dirigir-
lhe a palavra. Como seria possível, então, fazer
com que um jovem que nunca olhava para mulher
alguma lhe prestasse atenção? Um dia, porém,
achou que sua oportunidade tinha surgido. Ele
estava chamando pelos companheiros, e
perguntava: “Há alguém aqui?”. Quando ela então,
arrebatada, respondeu-lhe: “Aqui....Aqui”.
Surge uma aparente oportunidade...

 Ainda oculta pelas árvores,ouviu quando


Narciso chamou: “Vem!”, que era
exatamente o que ela desejaria dizer-lhe.
Eco repetiu “Vem”, mas, ao sair do bosque
com os braços estendidos na direção do
amado, viu que ele, muito aborrecido, virou-
lhe as costas, dizendo: “Prefiro a morte a
submeter-se ao teu domínio”, ao que ela
pode apenas responder-lhe, humildemente e
em tom de súplica:” Submeter-se ao teu
domínio”.
Que se transforma em profunda dor...

 Narciso já desaparecera e Eco foi esconder o


rubor e a vergonha em uma caverna solitária, para
sempre inconformada. Vive ainda em lugares
assim, e conta-se que, de tão arrasada pela
saudade, a única coisa que lhe restou foi a voz.
 Narciso continuou zombando do amor. Por fim,
uma das jovens por ele repudiada fez uma prece
que foi atendida pelos deuses: “Que aquele que
não ama ninguém venha a apaixonar-se por si
próprio.” A grande deusa Nêmesis, cujo nome
significa “ira justa”, encarregou-se de fazer com
que esse pedido se concretizasse.
A tragédia confirmada...
 Um dia, enquanto caçava com os amigos,
Narciso afasta-se deles à procura uma fonte
para beber. Chega à fonte de Tépsias e
debruça-se sobre o espelho de águas
cristalinas.
 Foi então que Narciso viu sua imagem pela 1a
vez. Paralisado, não conseguiu se afastar, pois
apaixonara-se pela própria figura.
 Agora sei”, exclamou, “quanto os outros têm
sofrido por mim, pois o amor pela minha própria
pessoa me incendeia o coração - e, no entanto,
de que modo poderei alcançar todo esse
encanto que vejo refletido na água? Não tenho
forças para abandoná-lo e só a morte me
poderá libertar”
Dizem que as ninfas de quem zombara
em vida foram generosas na morte.

 Ao morrer, finalmente, Narciso olhou-se pela


última vez e exclamou: “Adeus! Adeus!”, o
que foi repetido por Eco em sua despedida.
 Conta-se que quando a alma de Narciso
atravessou o rio que circunda o mundo dos
mortos, debruçou-se do barco em busca de
um último relance de sua imagem refletida
nas águas.
 E tentara, em vão encontrar seu corpo para
enterrá-lo. No local onde ele jazera,
desabrochava uma nova e encantadora flor
amarela, com o centro cercado de pétalas
brancas. Era o Narciso.
O comentário de Mario Quilici, psicanalista,
e pesquisador do desenvolvimento infantil
 A palavra grega "Narkissos" que vem do grego
"narkes", significa "entorpecimento, torpor." Essa
é a base etimológica da nossa palavra narcótico.
 Semelhante à flor, Narciso é estéril, inútil e
venenoso.
Estéril porque toma a si próprio como objeto e
acaba morrendo de inanição afetiva e intelectual.
Inútil porque se nada acrescenta e nada recebe,
é um fantasma sobre a terra.
Venenoso porque sendo estéril e inútil, só
permanece a vergonha e a impotência que geram
a inveja que é visível e destrutiva nas pessoas
narcísicas.
Mário Quilci chama atenção para...
 O mito contado por Ovídio, que mostra um
símbolo central de permanência em si
mesmo.
 Eco, por sua vez traduz a problemática do
oposto a vivência do outro.
 Assim, o mito de Narciso está ligado aos
indivíduos que não conseguem ver nada e
ninguém além deles próprios.
 O indivíduo tão fechado em si mesmo não
consegue imaginar que os demais à sua
volta, possam ser diferentes, pensar
diferente. Dessa forma, ele vê tudo através
de sua ótica.
É como se o mundo fosse
um espelho de sua alma.

 Está impossibilitado de ver qualquer outra coisa


que não seja a si mesmo e a seus valores numa
completa ausência de contato com a realidade.
 Uma outra característica curiosa é o
comportamento de Liríope. Ela sabia que
qualquer ninfa que ousasse passear pela
margens do rio Céfiso, seria por ele estuprada.
Mas, ainda assim ela vai.
 Narciso é o filho do estupro, de uma gravidez
indesejada. Pai e mãe pertencem ao reino das
águas, das transparências e pode-se pensar
que não se diferenciam por serem
complementares. São iguais..
É pertinente a sua associação ao
Transtorno Narcísico da Personalidade...
O mito de Narciso foi empregado por
Freud/Jung , para refletir as pessoas com
Transtorno Narcísico da Personalidade já que
essas pessoas vivem como se olhassem num
espelho: não conseguem ver o mundo e assim,
o interpretam um função de seus próprios
valores desconhecendo assim, as diferenças.
 Assim como Narciso, elas preferem viver só,
pois não encontram ninguém que julguem
merecedor do seu amor  esta é a sua
perdição e o seu aprisionamento no próprio ego.
No vol. XXII - CONFERÊNCIA XXXII
ANSIEDADE E VIDA INSTINTUAL

Freud fala da origem do termo narcisismo,


tomado do mito grego. No entanto, isso é
apenas um exagero extremo de uma
situação normal. Chegamos a compreender
que o ego é sempre o principal reservatório
de libido, do qual emanam catexias libidinais
de objeto e ao qual elas retornam, enquanto
a maior parte dessa libido mantém-se
permanentemente no ego.
Freud justifica a definição
psicanalítica de Narcisismo
“Em casos raros, pode-se observar que o
ego se tomou a si mesmo como objeto e se
comporta como se estivesse apaixonado por
si próprio. Daí o termo narcisismo, tomado
do mito grego. No entanto, isso é apenas um
exagero extremo de uma situação normal. “

Narcisismo – vol. II,XIV, XVI
Termo Narcisismo  descrito clinicamente
por Paul Näcke (1899), para denotar a
atitude de um sujeito que trata o seu corpo
da mesma forma pela qual o corpo de um
objeto sexual é comumente tratado
 que o contempla, afaga, acaricia até
obter satisfação completa através dessas
atividades. Dependendo do grau, passa a
significar Perversão.
Freud descreveu Narcisismo
Primário e Secundário...

ID  origem do Narcisismo
Narcisismo Primário  designa um estado
precoce em que a criança investe toda a
libido em si mesma.
A própria criança se torna o objeto de
Amor, antes de escolher objetos
externos. Este estado corresponderia à
crença da criança na onipotência de
seus pensamentos.
Narcisismo Primário
 Investimos no outro uma cota de nossa
libido e passamos a amar o outro a partir
de nós mesmos dentro dele.
“Eu gosto porque existo dentro do outro”;
existe uma cota de minha sexualidade,
existem determinadas coisas que são do
agrado de minha libido.
Narcisismo Primário

Isto não implica que este primeiro narcisismo


seja o primeiro estado do ser humano, nem
que, do ponto de vista econômico, a
predominância do amor de si mesmo exclua
qualquer investimento objetal.
Os seres humanos têm originalmente dois
objetos sexuais  ele próprio e a mulher que
cuida dele. Todos têm um narcisismo primário;
em alguns casos pode-se manifestar de forma
dominante na sua escolha objetal.
Organização Narcísica
 A criança reconhece a presença e a necessidade
do “outro”, de modo a constituir o seu mundo a
partir desse outro.
 Transtornos Narcísicos  ocorre quando a
criança apresenta uma demanda excessiva em
obter o reconhecimento dos outros e pode negar
e fugir dessa necessidade, refugiando-se em sua
própria subjetividade, muitas vezes em um
estado de isolamento, solidão, encastelado uma
autarquia narcísica e em constante e em
constante declaração de guerra aos demais.
Transtorno narcísico
 Demanda excessiva de reconhecimento
do outro;
 Acredita ser auto-suficiente;
 Refugia-se na subjetividade
 Isola-se
 Encastela-se numa autarquia narcísica;
 Declara guerra aos demais
 Nega necessidade.
Fixação da libido...

Investida no corpo e na personalidade do


próprio sujeito, leva-o novamente ao
narcisismo original, ou seja, aquele
narcisismo em que a criança sente prazer
em si mesma.
Pessoas que têm comportamento narcisista
muito pronunciado são exibicionistas,
gostam muito de si mesmas, têm muito
prazer com elas próprias.
Pseudogenitalidade
 Configuração narcísica camuflada por uma
aparência edípica, manifesta-se por um
don juanismo ou através de ninfomanias.
Esses sujeitos “amam” aqueles que os
fazem se sentir amados; é uma
necessidade primitiva de serem
reconhecidos como capazes de serem
amados e desejados.
 A criança ou adulto ancorado na posição
narcísica quer ser reconhecido como
“especial”, “superior” pode gerar
incompreensão do outro ; pelo outro.
Paciente Narcísico
 Deslocam a necessidade de reconhecimento
para a construção de fetiches (magicamente
criam a ilusão de que o “parecer” fica sendo
como “de fato é”. exaltação da beleza,
riqueza, poder e demais recursos do falso
self) – pessoas que usam a maior parte do
seu tempo para criticar os outros ou
vangloriar-se.
 Tem necessidade de ser entendido pelos
outros, que acaba não entendendo e nem
sendo entendido pelos ooutros.
 Busca de transgressão dos costumes
habituais da família e sociedade, inclusive os
sexuais.

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