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Orientador:
Prof. Dr. Joel de Lima Pereira Castro Junior
Niterói, RJ
2016
ELAINE DA SILVA NEVES
Orientador:
Prof. Dr. Joel de Lima Pereira Castro Junior
Niterói, RJ
2016
N513 Neves, Elaine da Silva
A inserção do aprendizado organizacional nas etapas do
planejamento estratégico. / Elaine da Silva Neves – 2017.
99 f.
Dissertação (Mestrado Acadêmico em Administração) -
Universidade Federal Fluminense, Faculdade de Administração
e Ciências Contábeis, Programa de Pós-Graduação em
Administração, Niterói, 2016.
Orientador: Joel de Lima Pereira Castro Junior, DSc.
1. Aprendizagem organizacional. 2. Planejamento
estratégico. 3. Estaleiro. 4. Estudo de caso. 5. Niterói (RJ).
I. Castro Junior, Joel de Lima Pereira, orient. II. Universidade
Federal Fluminense, Faculdade de Administração e Ciências
Contábeis. III. Título.
CDD. 658.406
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Comparação entre estratégia no meio empresarial e no meio militar. .... 25
Tabela 2 - Fatores do modelo 4I(s) de aprendizagem organizacional ........................ 50
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA .................................................................................................................... 3
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................ 4
RESUMO ............................................................................................................................ 5
ABSTRACT ......................................................................................................................... 6
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ 7
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................ 7
Sumário ........................................................................................................................... 7
Capítulo 1 - Introdução Geral......................................................................................... 9
1.1 Formulação do Problema ...............................................................................................................9
1.2 Objetivos ..........................................................................................................................................12
1.2.1 Objetivo Geral .........................................................................................................................12
1.2.2 Objetivos Específicos .............................................................................................................12
1.3 Delimitação ...................................................................................................................... 13
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3.2 Etapas da pesquisa .......................................................................................................................62
3.3 Respondentes da Pesquisa ..........................................................................................................63
3.3.1 Roteiro das Entrevistas: .......................................................................................................63
Capítulo 4 - Resultados Obtidos e Análise ................................................................... 66
4.1 Introdução .......................................................................................................................................66
4.2 Breve História da Indústria Naval no Brasil (Esta seção não tem nenhuma referência
bibliográfica em algumas seções? Favor arrumar e não se esquecer de colocar na lista de
referências bibliográficas!!!) ...............................................................................................................66
4.2.1 O Início .....................................................................................................................................66
4.2.2 Formação do parque industrial ...........................................................................................66
4.2.3 Planos de construção naval ..................................................................................................67
4.2.4 A crise dos anos 1980 ............................................................................................................68
4.2.5 A desregulamentação do transporte marítimo ................................................................68
4.2.6 Estaleiros privados ................................................................................................................69
4.3 A empresa pesquisada ..................................................................................................................72
4.3.1 Dificuldades para implementar o planejamento no estaleiro: .....................................75
4.3.2 Processo de aprendizagem organizacional durante a implementação do PE no
Estaleiro .............................................................................................................................................76
4.4 Considerações Finais sobre o Capítulo .....................................................................................81
Capítulo 5 - Conclusões................................................................................................. 86
5.1 RECOMENDAÇÕES PARA FUTURAS PESQUISAS ............. Erro! Indicador não definido.
Capítulo 6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 92
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Capítulo 1 - INTRODUÇÃO GERAL
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(2005), como análise da situação dos ambientes interno e externo; formulação das
estratégias; implementação da estratégia e controle para desenvolver vantagem
competitiva.
Porém, implantar o PE tem sido tarefa difícil nas organizações e, na maioria
das vezes, como citado anteriormente, os resultados alcançados não estão de acordo
com os esperados pelos executivos, isso ocorre pela distância entre quem planeja e
quem realiza o planejamento proposto, esta distância interfere na comunicação, no
entendimento e no aprendizado de quem realmente põe em prática as ações
propostas pelo PE. (KAPLAN; NORTON, 2009).
No final do século XX ocorreu uma grande mudança nas organizações. O
conhecimento torna-se o fator importante para a administração organizacional.
Assim, foi notável a redução de funcionários que exerciam atividades tradicionais,
porém, em contra partida, iniciou-se uma corrida em busca de indivíduos capazes de
desenvolver funções analíticas. As organizações definitivamente entraram na era do
conhecimento, os indivíduos envolvidos na produção e na prestação de serviços
começaram a ser valorizados por suas sugestões, agora, devem agregar valor pelo
que sabem e pelas informações que podem fornecer. (KAPLAN; NORTON, 1997)
A frequente busca pela vantagem competitiva tem levado as organizações a
investirem na melhoria e no desenvolvimento da estratégia organizacional. Muitas
delas concluíram que a melhor forma de obterem estratégias inovadoras é
envolvendo as pessoas no processo de desenvolvimento organizacional. Segundo
Kaplan e Norton (2009), existe um desalinhamento entre estratégia e execução do
negócio quando não há conhecimento e compreensão do P.E por parte dos
funcionários. Segundo Senge (1990), as organizações aprendem por meio de
indivíduos que aprendem. O processo de gerir eficientemente o conhecimento está
diretamente relacionado com a aprendizagem organizacional, uma vez que envolve
aprender e ter domínio sobre algum tipo de conhecimento.
O ambiente complexo e variável gerou a necessidade de um constante
processo de adaptação no qual as empresas devem ser inseridas a fim de garantir
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competitividade. As empresas alcançam o sucesso por meio de pessoas, por isso o
aprendizado organizacional deve ser levado em consideração na formulação do PE
para que por meio dele haja propostas inovadoras no processo de gestão. Colocar os
funcionários em interação com as etapas do PE cria um ambiente de aprendizado
capaz de determinar: onde há necessidade de mudanças, estratégias inovadoras e
soluções para possíveis problemas.
A aprendizagem organizacional surgiu do reconhecimento de que para uma
organização se manter competitiva no mercado deve estar comprometida com o
aprendizado. Entende-se que aprendizado organizacional é a capacidade de uma
organização identificar e armazenar conhecimento resultante de experiências
individuais e organizacionais e de modificar seu comportamento de acordo com os
estímulos percebidos no ambiente, é o que salienta Moresi (2001). A aprendizagem é
um processo complexo, permeado e influenciado por diversas variáveis e exige
investimentos em pessoas para que suas mentes e capacidades criativas sejam
mobilizadas no sentido dos objetivos organizacionais. A aprendizagem ocorre por
meio de todas as atividades das empresas, em diferentes processos e níveis.
Para Senge (1990), são conhecidas como “organizações que aprendem”
empresas que desenvolvem estratégias para gerir o conhecimento e caracterizam-se
pelo estímulo ao aprendizado individual das pessoas, pela disseminação da cultura
de aprendizagem entre clientes e fornecedores, pelo desenvolvimento de uma
estratégia centrada no desenvolvimento de recursos humanos e pela busca da
transformação contínua. As organizações que aprendem estão disponibilizando
esforços de suas diversas áreas com o intuito de combinarem as habilidades e
conhecimento para enfim criarem estratégias que efetivamente gerem resultados. O
pensamento estratégico é vital para as empresas que pretendem não somente se
manterem vivas, mas também, irem além, se tornando líderes em seus segmentos.
O PE é uma ferramenta dinâmica que deve ser sempre revisto para se
enquadrar às diversas mudanças do ambiente e manter a organização na direção do
objetivo. Segundo Almeida (2003), o PE é uma atividade que, por meio do ambiente
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da organização, cria a consciência de suas oportunidades e ameaças para o
cumprimento de sua missão e estabelece o propósito de direção que a organização
deverá seguir para aproveitar as oportunidades e eliminar os riscos. Muitos
executivos, ao elaborarem o PE, fazem uma boa análise do ambiente interno, porém
ao colocarem o plano em ação identificam situações que não foram previstas. As
pessoas são forças importantes na organização, se alguns pontos não forem
esclarecidos e existirem falhas na comunicação esta força pode se tornar uma
fraqueza, colocando em risco o sucesso organizacional.
Porém, poucos estudos se dedicam especificamente a implementação do
planejamento estratégico e dentro das organizações este processo é apenas incluído
dentro de outras etapas e quando o planejamento não ocorre como esperado não
existe um olhar para este processo e na maioria das vezes é dele que vem os maiores
problemas. Normalmente o insucesso é atribuído ao início do plano, no processo de
elaboração, o que também não deixa de ser uma verdade. Como proposto nesta
dissertação os problemas encontrados na implementação são devido a falta de
conhecimento do dia a dia da empresa por parte daqueles que elaboram o
planejamento e isso resulta em fracasso em sua implementação.
1.2 OBJETIVOS
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somente ocorre quando elas tornam-se coletivas. Para dar suporte ao objetivo
principal foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos:
Descrever e analisar os conceitos de estratégia, planejamento estratégico e
aprendizado organizacional;
Discutir e estabelecer a inter-relação entre planejamento estratégico e
aprendizado organizacional;
Identificar os benefícios do aprendizado organizacional na implementação do
planejamento estratégico participativo para sua implementação;
Verificar como os funcionários se comportam quando são introduzidos na
elaboração da estratégia;
Verificar o comportamento da alta administração quando funcionários são
introduzidos na elaboração da estratégias.
1.3 DELIMITAÇÃO
1.4 SUPOSIÇÕES
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de funcionários, o comprometimento e a flexibilidade para mudança têm sido fatores
decisivos para a estratégia organizacional. Supõe-se que a inserção do aprendizado
organizacional no planejamento estratégico possa contribuir para o sucesso do
mesmo, pois permite ter nas etapas do PE indivíduos que fazem parte do dia a dia
organizacional.
1.5 RELEVÂNCIA
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Capítulo 2 - REFERENCIAL TEÓRICO
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processo direta ou indiretamente. Quando isso não ocorre, a possibilidade de
fracasso é grande. Não basta a vontade dos dirigentes é necessário que todos
compreendam com clareza o porquê das ações planejadas.
Assim sendo, este capítulo realiza uma revisão teórica constituída dos conceitos
técnicos que fundamentaram o desenvolvimento do trabalho, criando uma estrutura
para o desenvolvimento da pesquisa, estando dividido em três áreas de
conhecimento. 1) Estratégia - sua conceituação histórica. 2) Planejamento
estratégico - conceito, sua evolução e etapas. 3) Aprendizagem - focada nos aspectos
organizacionais e os processos de intuição, interpretação, integração e
institucionalização.
2.1 ESTRATÉGIA
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mercados competitivos dos negócios. Sun Tzu apresentou cinco princípios práticos e
elementares, que considerou fundamental para triunfar na guerra:
1. Caminho: grau de dedicação e confiança do povo no seu governante;
2. Céu: as condições climáticas;
3. Terra: as condições de terreno e de distâncias;
4. Líder: virtudes da sabedoria, sinceridade, coragem, benevolência e retidão;
5. Método: disposição correta do exército, os suprimentos e controle de gastos.
Apesar de um ambiente de guerra e de negócios não serem os mesmos, a
realidade mostra que negócios e guerra podem ter muitos elementos em comum e as
verdades de Sun Tzu podem, da mesma forma, mostrar o caminho da vitória em
todas as espécies de conflitos comerciais comuns. As interações entre os ambientes
(interno e externo) e a organização ocorrem de forma que as atividades
organizacionais refletem as configurações do ambiente. A estratégia avalia estes
ambientes e apresenta condições para que as organizações interajam e atuem de
forma eficaz. Tendo em vista a aplicabilidade dos princípios utilizados por Sun Tzu
na atualidade, os estudiosos do assunto ressaltam quatro princípios que embasam a
utilização do dos pensamentos general chinês nos tempos atuais:
Princípio da escolha do local de batalha: seleção dos mercados onde a empresa
vai competir seja em terra ou mar, considerando o ar como mar.
Princípio da concentração das forças: organização dos recursos da empresa e
do esforço de reaparelhamento e logística.
Princípio do ataque: implementação das ações competitivas da empresa e
reformulação desse ataque.
Princípio das forças diretas e indiretas: gestão das contingências e táticas
operacionais como Econometria, que seria a Economia - matemática, medida.
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instruir governantes sobre os usos e abusos do poder na gestão dos reinos, mas
terminou por se tornar num “guia clássico” para as estratégias de fusões e
aquisições, enfatizando a visão renascentista do indivíduo controlando de forma
impiedosa a organização. Ainda sobre incorporação a obra de Maquiavel apresenta a
realidade aplicada por muitos e na maioria das vezes negada por todos, ele
recomendava que o antigo grupo fosse demitido quando a cultura das empresas
envolvidas no processo fosse semelhante.
Alexandre “O Grande” foi o que melhor entendeu as incorporações, pois em
334 AC ele iniciou sua expedição contra a rica Pérsia e como bom planejador que
era, Alexandre deixou a Macedônia não apenas com um grande exército, mas
também com topógrafos, engenheiros, arquitetos, cientistas e oficiais da corte e
historiadores.
Conquistou a Ásia Menor, assaltou Tiro, foi recepcionado no Egito como o
libertador e ali fundou Alexandria. Tomou a Babilônia e foi considerado o “Senhor da
Ásia”. Em menos de 10 anos, Alexandre tornou-se soberano da metade do mundo
conhecido, conseguindo conservar unido o império, menos pelo uso da força do que
por meio de uma astuta política de assimilação.
Os territórios persas recém adquiridos não foram obrigados a se “alinhar”; ao
contrário, viram-se encorajados a conservar sua estrutura administrativa e cultural.
Aristóteles ensinou a Alexandre que somente os gregos eram homens livres e os
demais poderiam ser escravizados. Mas, Alexandre discordou porque ele admirava a
habilidade organizacional dos persas. E em vez de exercer seu poder sobre eles
preferiu governar com eles, insistindo para que seus líderes adotassem os costumes
locais. E deu maior exemplo ao vestir-se com as roupas típicas nativas, pois, isso era
apenas parte de sua tática.
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social e político, as decisões estratégicas devem ser tomadas com base na
movimentação desses sistemas e não apenas na concorrência o que faz com que as
estratégias sejam entendidas com mais facilidade.
A atividade estratégica do início do século XX resumia-se ao trabalho prático
de responsabilidade dos homens de negócio. Historicamente, é importante ressaltar
o contexto econômico, o racionalismo e a 1ª Guerra Mundial, como fatores decisivos
na formação dos estrategistas. Nesse período, o pensamento estratégico “confundia-
se” com as funções do administrador, descritas pela Escola da Administração
Clássica. Inaugurado por Descartes no século XVII, o Racionalismo atingiu seu
apogeu no século XVIII, e foi aplicado às ciências naturais e às ciências sociais
posteriormente. O campo do trabalho, que devido ao advento das máquinas havia se
tornado mais eficiente, ainda não tinha sua organização e execução afetadas pelas
ideias racionalistas. Isto só veio a acontecer no início do século XX, com os chamados
fundadores da Administração Científica – Taylor e Fayol (MOTTA, 1998).
Nessa época, o gerenciamento dos negócios passa a adquirir um caráter
técnico-científico que com seus métodos procuravam obter um máximo de
rendimento produtivo por operário (RESENDE, 2007, p. 148). No campo da
economia, o início do século XX ainda refletia as grandes mudanças ocorridas na
metade do século XIX, como a construção das estradas de ferro americanas e a 2ª
Revolução Industrial, que transformaram as relações comerciais. O acesso ao capital
e ao crédito permitiu os investimentos em larga escala em suprimentos e na
produção, para atender os mercados de massa (GHEMAWAT, 2002).
Uma grande onda de inovações tecnológicas possibilitou a transmissão de
eletricidade para a iluminação das cidades e para suprir a demanda de energia das
indústrias, o que incentivou o crescimento, transformando a economia de rural e
agrária para industrial e urbana. Essas grandes corporações, com sua variedade de
atividades e trabalhando em larga escala, exigiam administradores qualificados, que
pudessem resolver diversos tipos de problemas de controle e organização (SEARS,
1956). A 1ª Guerra Mundial também influenciou na atividade estratégica do
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período. A guerra era, até então, o maior empreendimento conhecido pelo homem, e
deveria ser organizada e administrada. A guerra em massa exigia a produção em
massa, que também deveria ser organizada e administrada (HOBSBAWN, 2008).
A chamada “economia de guerra” significava mobilizar todos os fatores de
produção nacionais para maximizar sua produtividade (RESENDE, 2007), pois tal
nível de mobilização não poderia ser mantido sem uma economia industrial e de alta
produtividade, que produziu uma revolução na mão-de-obra (HOBSBAWN, 2008). A
Guerra serviu também para acelerar o progresso tecnológico dos países beligerantes
(e.g. aeronáutica e computadores), bem como avanços técnicos de ferramentas de
administração. A demanda logística da Guerra intensificou o uso de estatísticas para
previsão de gastos e de demanda. As empresas de larga escala perceberam a
necessidade de coordenação entre departamentos, o que pressionou o uso de
estatísticas na observação do desempenho passado e na previsão da demanda futura.
Nos anos posteriores à 1ª guerra, a ideia de orçamento também já tinha se espalhado
para ajudar na previsão econômica e no planejamento financeiro.
A academia também demonstrou interesse em temas como orçamento,
técnicas de inventário, produção e controle do mercado, assuntos publicados em
periódicos da época. A Harvard Business School iniciou um curso em 1912, que
visava integrar os conhecimentos adquiridos em áreas funcionais como
contabilidade, operações e finanças, para dar ao aluno uma visão mais ampla sobre
os problemas estratégicos encontrados pelos executivos (CHANDLER E REDLICH,
1961). A Guerra incentivou os países industriais a realizar fusões, as quais eram
apoiadas pelos governos, que pretendiam otimizar a utilização da matéria-prima, do
capital e força de trabalho (GRAS, 1936) 1. Entre 1925 e 1929, uma série de fusões
em várias indústrias deu início à competição de oligopólios. O mercado foi logo
controlado por empresas integradas verticalmente, construídas por meio de
operações financeiras (FOSTER, 1985).
O contexto histórico descrito acima ajuda na compreensão do tipo de
“estrategista” existente na época. De acordo com Tedlow et al. (2003), os executivos
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dessa época eram generalistas, entendendo um pouco de cada área, pois estavam
assumindo grandes empresas e instituindo estruturas burocráticas. Além disso, um
bom administrador seria alguém que planejasse cuidadosamente seus passos, que
organizasse e coordenasse racionalmente as atividades de seus subordinados e
soubesse comandar e controlar as atividades (MOTTA, 1998). Para Barnard (1938),
as atividades dos executivos relacionam-se à manutenção das operações das
organizações, e à continuidade das mesmas, o que poderia ser conseguido por meio
da coordenação formal. Tanto que a forma organizacional dominante do período era
a funcional, uma estrutura centralizada, vertical e integrada, que servia para
gerenciar funcionários com tarefas altamente especializadas (Miles et al., 1997).
Assim, observa-se que as ideias racionalistas, as ferramentas de guerra
desenvolvidas e a situação econômica do período ajudaram na formação dos
estrategistas dessa época. A expansão econômica posterior à 1ª Guerra Mundial foi
ainda mais intensa nos EUA, que passaram de maior devedor mundial para maior
credor e, em 1929, eram responsáveis por 42% da produção industrial mundial.
Entretanto, os salários não acompanharam o aumento da produção, e esta não
conseguiu ser consumida internamente, gerando uma grande estocagem. Ao mesmo
tempo, a intensa atividade econômica deu impulso à especulação financeira. Como o
número de pessoas era muito grande face ao consumo, deu-se início a uma crise que
explodiu em 24 de outubro, com uma grande venda de ações sem compradores, o que
fez os preços despencarem, abalando toda a sociedade norte-americana2. Após a
crise de 1930, o governo norte-americano sentiu a necessidade de intervir no
planejamento econômico do país, de modo a alterar a situação devastadora da época.
O New Deal estimulou a economia e, em dez anos (1930-1940), os EUA voltavam aos
patamares de 1929 (VICENTINO, 1997).
Alguns anos depois, em 1939, começaria a 2ª Guerra Mundial, a qual foi um
grande desafio para o pensamento estratégico, pois a necessidade de se acumular
recursos escassos exigiu uma evolução nas técnicas de gerenciamento, como a
programação linear, a análise quantitativa etc. (GHEMAWAT, 2002). O impacto que
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a 2ª Guerra Mundial provocou na estratégia é refletido no alinhamento da Harvard
Business School aos objetivos do governo norte-americano.
Para os EUA terem sucesso na Guerra, era necessário também, formar um
grupo de elite de líderes e experts militares (e de negócios) que pudessem servir
como parceiros estratégicos das forças armadas. A escola ofereceu disciplinas
chamadas de “A Mobilização da Indústria e; Os Problemas Econômicos da Defesa
Nacional”, em um curso de guerra específico, que tinha como seu propósito ajudar a
suprir a necessidade de homens treinados em gerenciamento e administração de
empresas, e acelerar a sua contribuição aos esforços da defesa nacional.
Os responsáveis pelo programa de Treinamento de Guerra de Harvard
reconheceram a necessidade de simular o impacto da guerra na sociedade e a
ameaça que esta impunha à nação, e lançaram um programa destinado a treinar
experientes executivos de negócios sobre como adaptar as atividades empresariais
em tempos de guerra. O curso proporcionava uma visão holística da função de gestão
alinhada com uma abordagem pragmática e orientada para resultados, e tinha como
objetivo capacitar os gestores, para que fossem eficazes e eficientes na
implementação de qualquer estratégia sob quaisquer condições, por meio do domínio
completo dos processos de produção, do conhecimento financeiro e das estruturas
organizacionais (STEVENS, 2001).
A 2ª Guerra deixou um saldo devastador: um custo material superior a um
bilhão de dólares, e um mundo arrasado e dividido entre capitalistas e socialistas.
Os EUA despontaram como um Estado superior a qualquer outro em recursos
materiais, financeiros e tecnológicos, acabando a guerra com quase dois terços da
produção industrial do mundo (VICENTINO, 1997; HOBSBAWN, 2008). Essa
destruição causada pela 2ª Guerra levou a uma demanda excessiva, pois recuperar-
se da guerra era a prioridade esmagadora dos países europeus (HOBSBAWN, 2008).
Isso forçou as empresas dos EUA a se expandirem e pensarem no mercado
internacional (GHEMAWAT, 2002). Mais ainda, a 2ª Guerra incentivou o
crescimento vertiginoso da indústria americana, não só pela demanda de mercado,
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mas também pela necessidade da criação de novas tecnologias, que mudaram o
processo de produção dos bens – e.g. indústria da aviação, do refinamento de
petróleo e avanços do rádio (CHANDLER, 1994).
De acordo com Chandler e Redlich (1961), as novas estruturas e a
administração moderna de empresas começaram nos EUA, com a dispersão
geográfica das firmas, que foram obrigadas a fazer a divisão entre matriz e filiais
para atender à nova demanda mundial. Esse novo tipo de empresa foi denominado
por Chandler de multi-function e multi-product (vários produtos e várias funções).
“Como novas linhas foram criadas em empresas individuais, não era mais possível
lidar com o processo de compras, produção e marketing com o mesmo tipo de forma
organizacional centralizada e departamentalizada” (CHANDLER; REDLICH, 1961,
p. 12) 3. As empresas possuíam conhecimento maior do que o utilizado para seu
negócio principal, sendo obrigadas a utilizá-lo em outros produtos e mercados. Essas
forças resultaram nessa nova forma organizacional, a divisional, que possibilitou às
empresas atenderem a mercados relacionados com produtos e serviços diferenciados
(Miles et al., 1997).
Após a 2ª Guerra, houve uma reestruturação e reforma do capitalismo além de
um avanço na globalização e internacionalização da economia, o que multiplicou a
capacidade produtiva mundial, tornando possível uma divisão de trabalho
internacional mais elaborada e sofisticada. O comércio entre os países também foi
maior, tanto nas exportações quanto nas importações de bens (HOBSBAWN, 2008).
As organizações produtivas também expandiram suas atividades. O termo “empresa
multinacional”, definido por J. Maisonrouge (da IBM), referia-se à empresa (ou
grupo de empresas) cujas atividades são concebidas, organizadas e conduzidas em
escala mundial, e foi bastante utilizado para descrever os conglomerados
monopolistas na década de 1950 (RESENDE, 2007).
Em 1950, as filiais das empresas multinacionais americanas eram de
aproximadamente 7,5 mil; em 1966, esse número aumentou para mais de 23 mil. No
início da década de 1980, três quartos das exportações e mais da metade das
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importações dos EUA eram de empresas transnacionais americanas. Empresas de
outros países também foram expandidas: a alemã Hoechst estabeleceu-se em países,
com 117 fábricas depois de 1950 (HOBSBAWN, 2008).
Como as empresas cresceram em proporções exorbitantes, ficou praticamente
impossível para os donos do capital acompanhar de perto a condução das atividades
de suas filiais. A diversificação e as mudanças tecnológicas aumentaram a
complexidade das situações estratégicas (GHEMAWAT, 2002). De um lado, mais e
mais pessoas estavam sendo envolvidas no processo de tomada de decisão; de outro,
aqueles que detinham a autoridade final e que realmente decidiam estavam se
afastando das operações do dia a dia das organizações.
Consequentemente, uma das mudanças que ocorreu na administração foi a
introdução de um nível de gerência intermediário, que representava, perante os
outros funcionários, a equipe dos altos executivos, agora somente responsável pela
decisão das grandes metas (CHANDLER E REDLICH, 1961). Os gerentes
começaram a se profissionalizar e tornaram-se trabalhadores em período integral,
tomando todas as decisões estratégicas (CHANDLER, 1994). A 2ª Guerra também
incentivou a formalização do planejamento estratégico para direcionar as decisões
gerenciais. Segundo Drucker (1998), a gestão não significava um comportamento
passivo e adaptativo, e sim, uma ação intencional que buscava os resultados
desejados. O autor notou que a teoria econômica entendia que os mercados não
poderiam ser controlados pelos empreendedores ou pelas organizações. Porém, na
era das multi-divisons, administrar implicava na responsabilidade de tentar moldar
o ambiente econômico, para planejar, implementar e consolidar mudanças no
próprio ambiente e assim garantir a liberdade de agir das empresas. Essa ideia
tornou-se o foco da estratégia de negócios da época, onde as empresas, por meio do
planejamento estratégico formal, poderiam exercer algum tipo de controle sobre o
ambiente.
Com o passar dos anos, muitos autores foram acrescentando aspectos
importantes ao termo estratégia dando seus sentidos ao termo. Esses autores têm
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contribuído para o melhor entendimento da estratégia nas organizações. Com o
objetivo de tornar nítida a diferença entre a visão estratégia nos termos militar e
organizacional estão apresentados na Tabela 1.
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corporativa deve gerenciar o conjunto de unidades de negócios. Wright et al. (2000)
complementam que a estratégia corporativa é aquela que a alta administração
formula para toda a empresa e que, segundo Hamel e Prahalad (2002), é o requisito
indispensável para a sobrevivência das empresas.
Para Mitzberg (2000), hoje os gerentes a usam livre e afetuosamente, sendo
considerado o ponto alto das atividades dos executivos, tratando se de um ponto
obrigatório de ligação entre o mundo interior das organizações e o mundo exterior
dos ambientes nos quais tudo o mais opera (CLEGG; CARTER; KORNEMBERGER,
2004, p.22). Ademais, Mintzberg (2000) “considerava a formulação da estratégia um
espaço complexo, sendo simultaneamente, um desígnio arbitrário, uma visão
intuitiva e um aprendizado intuitivo; ela envolve transformação e também
perpetuação”; deve ainda, envolver cognição individual e interação social, cooperação
e conflito; ela tem de incluir análise antes e programação depois, bem como
negociação durante; e tudo isso precisa ser em resposta àquele que pode ser um
ambiente exigente. Esta formulação é definida como um “percurso intencional
desenvolvido a partir de dilemas organizacionais ocorrendo a todo tempo nas
organizações, sendo formadas por escolhas que são feitas por indivíduos e seus
grupos” (SARAIVA; CARRIERI, 2007, p.4).
Hoskisson et al. (1999) avaliando a evolução histórica dos conceitos de
estratégia, argumentam que a evolução alterna entre o foco interno e externo a
organização. Outros aspectos podem ser verificados nas definições de estratégia. Por
exemplo, as definições em geral têm em comum a relação das decisões com o futuro e
com o longo prazo. Também concordam que a organização é afetada pelo ambiente
em que está inserida. Entretanto, divergem nos aspectos expostos por Hoskinsson et
al. (1999), oscilando do foco interno e foco externo. Nota-se também ao longo dos
anos uma desvinculação crescente da influência das definições de estratégia de
origem político militar.
O conceito originado nas manobras militares, e aprimorado para atender as
necessidades administrativas, somente foi aplicado aos negócios no fim da década de
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1950 e fortemente vinculado a ideia de que as estratégias necessitariam ser
planejadas (BARCELLOS, 2001). Até então, o planejamento de longo prazo era
tratado como a mera projeção do passado no futuro, em um horizonte de
planejamento que variava de acordo com o setor industrial onde a empresa em
questão estivesse inserida. Com isso foi observado que as empresas enfrentavam
uma crescente competitividade e necessitavam de uma análise detalhada e de
constante planejamento para aplicarem as estratégias mais adequadas para cada
situação. Segundo Porter (1998) a competição intensificou se muito nas últimas
décadas em todo mundo. Por outro lado, Hamel e Prahalad (2002) acreditam que as
empresas têm em suas mãos a oportunidade de moldar e construir seu próprio
futuro.
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3. Alguns historiadores têm considerado os avanços tecnológicos do século XX e XXI
como a terceira etapa da Revolução Industrial. O computador, o fax, a
engenharia genética, o celular seriam algumas das inovações dessa época.
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Aparece então o planejamento estratégico, para oferecer respostas visando o
atendimento de algumas dessas necessidades. Muitos executivos concluíram que era
necessário uma formulação mais elaborada do ambiente externo, como base para
estabelecimento de uma direção para os negócios que fosse capaz de levar a definição
de prioridades e a alocação de recursos compatíveis com os desafios ambientais esta
era e é um dos desafios centrais do planejamento estratégico.
Porém, nos anos 80, o planejamento estratégico sofreu um declínio, sendo
deixado para segundo plano (MINTZBERG; AHLSTRAND, 2000, p.44). Esse declínio
ocorreu pela ascensão de novos modelos de gestão como Programas de Qualidade
Total, Administração por Objetivos, Reengenharia, Seis Sigma, Produção Enxuta,
Teoria dos Jogos, Empowerment, Organizações Virtuais, E-bussiness, entre outros.
As empresas, nessa época, buscam vantagens competitivas apenas em ferramentas
de gestão da moda, deixando de lado análises mais profundas, reflexões e a
criatividade necessária para o sucesso de longo prazo.
Entretanto, muitos especialistas como Peter Druker, Michael Porter, Henry
Mintzberg, Nitin Nohria, Clayton Christensen, entre outros, vêm chamando atenção
para o risco das empresas em adotarem soluções genéricas sem um alinhamento com
enfoque estratégico, criando, assim, uma desvinculação das realidades da empresa e
culturas organizacionais forçadas. Porter (2002) disse que: nos anos 90, estabeleceu-
se um caos conceitual referente ao Planejamento Estratégico. O autor argumenta
que muitas empresas perderam seus posicionamentos encantadas com novos
modelos gerenciais, os quais acabaram falhando um após outro.
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suas oportunidades e ameaças dos seus pontos fortes e fracos para o cumprimento da
sua missão. A partir dessa consciência, se estabelece o propósito de direção que a
organização deverá seguir para aproveitar as oportunidades e evitar os riscos.
Oliveira (1999) reconhece que a sua finalidade é “estabelecer quais serão os
caminhos, os cursos, os programas de ação que devem ser seguidos para alcançar os
objetivos ou resultados pela empresa” (OLIVEIRA, 1999, p.24). Da mesma forma,
Wright, Kroll e Parnell preconizam que ela “refere-se aos planos da alta
administração para alcançar resultados consistentes com a missão e os objetivos
gerais da organização” (WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2000, p. 24) Por fim, para
Certo e Peter (1993, p.17), ela é definida como um curso de ação com vistas a
garantir que a organização alcance seus objetivos. Portanto, planejamento
estratégico é a capacidade da empresa em projetar e selecionar estratégias para a
realização dos objetivos organizacionais, mostrando como a organização escolhe
evoluir da situação presente até uma situação desejada no futuro.
Existe, porém, uma diferença entre planejamento e estratégia: segundo Ansoff
e Mc. Donnell (1993), enquanto planejamento é a união da programação no tempo
caracterizada por articular e elaborar visões já existentes, a estratégia é a
combinação da intuição e criatividade em perspectivas integradas de direção. O
planejamento é uma programação projetada ao futuro com a qual os objetivos são
definidos, estratégias estabelecidas e recursos alocados visando a sua
implementação. Segundo os autores, a parte analítica dessa abordagem recebeu o
nome de estratégias, e o processo pelo qual os administradores conjuntamente
formulam estratégias tem sido chamado de planejamento estratégico. Já para
Mintzeberg (2004, pág. 105), o planejamento é uma análise, diferentemente da
estratégia, que é a síntese. O ponto essencial dessa abordagem é que as melhores
estratégias são visões e não planos, e o planejamento é a articulação de estratégias
ou de visões já existentes. Estabelecer estratégias é absorver as aprendizagens dos
dirigentes, suas experiências pessoais, as experiências de outros dados obtidos por
pesquisas ou por outros meios, sintetizando-os na visão da direção a ser seguida.
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Com base nos conceitos citados anteriormente planejamento estratégico pode
ser definido de várias maneiras: É definir os objetivos ou resultados a serem
alcançados; Definir meios para possibilitar a realização de resultados; É interferir
na realidade, para passar de uma situação conhecida a outra situação desejada,
dentro de um intervalo definido de tempo; É tomar no presente decisões que afetem
o futuro, para reduzir sua incerteza. O planejamento estratégico visa garantir a
sobrevivência da empresa é o processo de decidir a partir dos objetivos com base na
análise do ambiente e nos sistemas internos da organização.
Planejamento estratégico é, portanto, resultado das exigências de um novo
tempo, um tempo de mudanças aceleradas. O avanço teórico da
administração, beneficiado pelo enfoque estruturalista, por uma atitude
contingencialista, situacional, e pela compreensão sistêmica do mundo, ajuda
a encontrar o modo adaptativo de planejar. (GURGEL; RODRIGUEZ, 2014,
p. 60)
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Para definir as etapas do PE deve ser considerada a natureza, cultura, tamanho,
contexto em que a empresa atua entre outros, pois existem diferentes processo de
planejamento estratégico. Segundo Fischmann (1987), Terence (2002) e Bethlem
(2008), há pequenas diferenças conceituais nos métodos apresentados pelos diversos
autores que estudam na área, e observa-se que a forma e a ordem de apresentação
do processo estratégico são diferentes, porém os principais conceitos relacionados as
etapas é um consenso entre eles. Destaca se a seguir algumas metodologias
utilizadas nas etapas do PE, segundo alguns principais autores do assunto.
Abordagem de Fischmann (1987)
Figura 1: Abordagem do processo de PE - Fischmann
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para o sucesso do processo, pois somente com a mudança de mentalidade é
possível adquirir uma cultura que valorize o PE. Segundo o autor a ausência
de sucesso do planejamento estratégico ocorre porque essa etapa tem sido
negligenciada pela literatura e consequentemente pelos formuladores de
estratégia. Esta etapa foca a missão da empresa (a razão de existir) e a
estratégia vigente (o caminho seguido pela organização);
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Etapa 6 - Implementação da estratégia: é a transição do planejado para a
ação, ou seja, operacionalização das estratégias. Nesta etapa são realizados os
ajustes necessários para o sucesso das estratégias.
Etapa 7 - Execução do plano estratégico: cumprir o que foi planejado ao longo
do trabalho e previsto na implementação da estratégia;
Etapa 8 - Avaliação e controle: embora seja a última etapa do processo
avaliação e o controle da deve ser periódico e permanente, tem seu início na
implementação, são medidas de acompanhamento e correção, visando o
reforço de ações positivas e a eliminação ou correção dos efeitos negativos que
podem ocorrer a partir da implementação da estratégia.
Missão
Interno Objetivos
externo
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Na prática, Certo e Peter (1993) destacam que a aplicação das etapas pode ser
adaptada conforme as necessidades das organizações e que inclusive pode ser
realizada em sequências diferentes das sugeridas pelos autores. Portanto, os
administradores devem ser criativos e flexíveis para adaptar o uso da administração
estratégica de acordo com a situação da organização que enfrentam. As etapas
básicas propostas são:
1. Análise do ambiente: identificar os fatores internos e externos que
influenciam o progresso e concretização dos objetivos (pontos fortes e fracos,
oportunidades e ameaças);
2. Estabelecimento da diretriz organizacional: determinar a meta da
organização, em especial sua missão e a natureza de seus objetivos;
3. Formulação da estratégia: formular estratégias é projetar e selecionar as
ações que levarão a organização rumo à consecução dos objetivos. As
estratégias devem ser definidas com base na análise das questões críticas,
análise das oportunidades, riscos, pontos fortes e fracos, além da matriz de
crescimento e participação do Boston Consulting Group e a matriz
multifatorial de carteira da General Electric;
4. Implementação da estratégia: colocar as estratégias em ação, ou seja,
implementá-las para obter os benefícios;
5. Controle estratégico: é a avaliação, monitoramento e controle da
implementação eficaz das estratégias.
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essência da formulação das estratégias, mas propõe que os executivos considerem
alguns aspectos a seguir:
2. Compreender e aplicar os processos de desenvolvimento da estratégia;
3. Escolher a ocasião mais adequada e propícia, e não ilimitada no tempo;
4. Formular estratégias é um processo contínuo, que devem ser ajustadas de
acordo com a organização e a cada situação;
5. Desenvolver as estratégias de acordo com o tamanho da empresa.
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Fonte: Oliveira (1991), adaptado pela autora.
A seguir, o autor define as etapas do delineamento estratégico, considerando
as atividades de diagnóstico estratégico, estabelecimento da missão, análise dos
cenários e identificação dos objetivos que fornecem a sustentação para o processo.
Após, estabelecem as cinco fases do processo global de estabelecimento e
implementação de estratégias empresariais que são:
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fracos, missão e objetivos. Os executivos precisam conhecer a concorrência, estuda la
ao ponto de saber quais são as forças que elas possuem no mercado.
No livro Administração: Elementos essenciais para a gestão das organizações
Gurgel e Rodriguez oferecem uma clara explicação sobre mercado e negócio, onde é
possível entender a diferença entre os mesmos. Traz ainda o conceito de negócio
restrito e abrangente, possibilitando a visibilidade das necessidades e das
possibilidades.
O negócio é o espaço mercadológico em que a organização atua. A
organização pode atuar em vários espaços geográficos, com um único negócio,
e pode trabalhar em um único espaço geográfico, vários negócios. O negócio
define-se pelo mercado, não pelo espaço físico, ainda que o espaço físico seja
importante para o negócio. Os negócios se dividem em restrito: aquele que é
a peça chave da organização, sua atuação principal. E negócio abrangente:
aquele a que a organização pode alcançar, lançando mão da capacidade
tecnológica de que dispõe. (GURGEL; RODRIGUEZ, 2014, p. 61)
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definidos, análise dos desvios, a tomada de ação corretiva e a adição de
informações ao processo de planejamento para desenvolver os ciclos futuros
da atividade administrativa.
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transformação e o aprofundamento progressivo na prática. São possíveis dois fatores
relevantes como: a flexibilidade nas formas de fazer e um cronograma de
acompanhamento detalhado (COSTA, 2003; DELGADO FILHO, 2004).
Nesta fase, é feito o alinhamento estratégico, que envolve a comunicação para
todos os níveis da organização, assim as pessoas trabalham no mesmo sentido. A
missão, visão, objetivos e metas são colocados para todos e não somente para a alta
direção. Geralmente as empresas desconsideram seus funcionários de nível
operacional quando do estabelecimento de sua estratégia, o que inevitavelmente
resulta em um conjunto de dificuldades e discrepâncias na sua implementação. É
praticamente impossível planejar, ignorando a presença e o papel das pessoas. Como
veremos a seguir, a maioria dos problemas encontrados na implementação do
planejamento estão relacionados a pessoas e a não participação delas na elaboração
da estratégia.
Para Estrada (2000), implementar o PE pode revelar-se como a etapa mais
difícil entre as demais. Isso não quer dizer que as outras etapas não sejam
relevantes para o processo. Uma das maiores dificuldades encontradas nesta fase é a
distância que pode haver entre o que foi planejado e o que foi executado. Isto ocorre
porque nem sempre quem planeja executa. Diversos estudos apontam para as
dificuldades associadas a esta fase.
No estudo realizado em agências federais, Baile (1998) identificou cinco
principais dificuldades associadas à implementação do planejamento estratégico:
ambiguidade e conflitos de objetivos; restrições financeiras, legais, contratuais e de
práticas organizacionais; alinhamento organizacional; falta de medidas
significativas de resultados; e cultura organizacional avessa a mudanças e riscos.
Para Cunha (1995), as principais dificuldades são: falta de estrutura de poder bem
definida; interferência de questões políticas; falta de know-how na implementação;
ausência de uma metodologia (modelo) adequada. Abaixo apresentaremos
resumidamente algumas dificuldades encontradas durante o processo de
implementação do PE.
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I. Diagnostico inadequado;
II. As pessoas não entendem o que deve ser feito;
III. As pessoas não conhecem a missão, visão, objetivos e metas
organizacionais;
IV. Mudanças inesperadas no andamento do processo;
V. Ausência de uma metodologia adequada;
VI. Resistência à mudança;
VII. Metas não realistas;
VIII. Falta de comprometimento gerencial;
IX. Falta de capacitação gerencial;
X. Falta de cooperação entre as equipes.
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despertar o interesse e padronizar o entendimento relacionados a missão, visão e
valores organizacionais.
2.4 APRENDIZAGEM
O ser humano possui a capacidade natural de aprender e este fato tem levado a
evolução de diversas ciências inclusive a social. Esta característica (aprender) é um
fator importante na formação de grupos e sociedades, pois os indivíduos estão, a todo
o momento, agindo e observando suas experiências e com elas aprendendo e
compartilhando. Desde a mais tenra idade o ser humano tem a necessidade de
aprender e mostrar o que aprende, para que esse aprendizado ocorra os mesmos
precisam ser estimulados.
Aprendizagem é um processo pelo qual as competências, habilidades,
conhecimentos, comportamentos e valores são adquiridos como resultado de estudo,
experiências, formação, raciocínio e observação. Porém, não se tem uma definição
precisa sobre este processo e como ele acontece, simplesmente porque a
aprendizagem é um conceito natural e não um conceito artificialmente criado. Tendo
como preferência não definir aprendizagem em apenas um conceito, Pozo (2002)
ressalta 3 características que levariam a uma boa aprendizagem:
1. A aprendizagem produz mudanças duradouras;
2. A aprendizagem deve ser transferível para outras situações;
3. A aprendizagem é consequência direta da prática realizada.
Os estudos do comportamento (behaviorismo) apresentam a aprendizagem como
uma aquisição de comportamentos por meio da relação entre o ambiente e
comportamento. Isso ocorre porque existe a probabilidade dos diversos eventos que
ocorrem no ambiente influenciarem o comportamento, estabelecendo uma relação
funcional entre eles. A visão behaviorista é caracterizada a seguir:
o O indivíduo é visto como ativo em todo o processo;
o A aprendizagem é sinônimo de comportamento adquirido;
o O reforço é um dos principais motores da aprendizagem;
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o A aprendizagem é vista como uma modelagem do comportamento.
O estudo cognitivo não considera o homem como um ser passivo e apresenta a
importância dos processos mentais na aprendizagem, sendo assim o homem percebe,
seleciona, organiza e atribui significados aos objetos e acontecimentos. Sendo
assim, aprendizado é a aquisição de novos conhecimentos sejam pelo ambiente,
estímulos (internos ou externos), maturação física, processo mental, técnicas de
ensino ou observação. O indivíduo nasce potencialmente pré-disposto a aprender.
Com o passar dos anos as organizações tem passado por grande transformação de
paradigmas, a percepção do valor dos funcionários que agora são denominados
colaboradores é uma delas, essa nova visão as organizações valorizam a capacidade
dos funcionários, que além de pensar também podem gerar conhecimento.
Segundo Fleury & Fleury (1997), aprendizagem individual é um processo de
mudança, resultante de prática ou experiência anterior, que pode vir, ou não, a
manifestar-se em uma mudança perceptível de comportamento. Para Kim (1993), a
aprendizagem organizacional é mais complexa e dinâmica do que a aprendizagem
individual, uma vez que a complexidade é ampliada quando passamos de uma
perspectiva individual para uma perspectiva grupal. É relevante observar que a
aprendizagem organizacional é resultado não só da aprendizagem individual, mas
também das dinâmicas estabelecidas entre os indivíduos nas organizações.
O conhecimento movimenta-se nas organizações, sendo trocado, comprado,
descoberto, criado e aplicado ao trabalho. Argyris e Schön (1996) apresentam que os
indivíduos aprendem quando envolvidos em atividades diárias que exigem interação
com os outros e com o meio exterior. Enquanto grupos aprendem quando seus
membros cooperam para atingir objetivos comuns, sendo que a organização, em sua
globalidade, aprende ao obter feedback do ambiente e antecipa mudanças
posteriores. Neste sentido, chamam atenção para a relevância da aprendizagem ser
compartilhada em nível coletivo, destacando a importância do grupo nesse processo.
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2.5.1 Aprendizagem Organizacional
O fim da era feudal foi importante para transformações econômicas, sociais e
políticas, com ela veio o processo de modernização e o início da era industrial, estes
acontecimentos foram fundamentais para solidificação da administração como
ciência. Segundo Rioux (1975), no decorrer do século XVIII, a Europa Ocidental
passou por uma grande transformação no setor da produção, em decorrência dos
avanços das técnicas de cultivo e da mecanização das fábricas, a qual se deu o nome
de Revolução Industrial.
Com o cerceamento dos campos, houve grande liberação de mão de obra do
campo para as cidades. Ao mesmo tempo em que muitos camponeses migravam para
as cidades em busca de trabalho, artesãos que não conseguiram competir com as
manufaturas engrossavam as filas de desempregados. Segundo Toffler (1980), o
esfacelamento do antigo sistema de cultivo feudal provocou a liberação de uma
massa de trabalhadores do campo para as cidades em busca de encontrar meios de
sobrevivência, constituindo-se, assim, na primeira mão-de-obra a ser treinada para a
indústria eles precisavam ser educados, informados e moldados. Essa classe
precisava compreender o novo papel e ambiente no qual seriam inseridos, as
primeiras ideias de aprendizagem voltado para organização surgiram neste período
e seriam uma modalidade de treinamento, que seria muito simples, uma vez que o
trabalho estaria amplamente padronizado, bastando ao operário aprender algumas
operações (MOTTA; VASCONCELOS, 2006
A aprendizagem organizacional tem crescido de forma relevante desde os anos
90 e seu conceito pode ser melhor compreendido observando o exposto por Senge
(1990) quando analisou as organizações que aprendem (learning organization)
segundo ele são aquelas que têm dentro de si o embrião da aprendizagem e da
inovação. Estas organizações são mais flexíveis, adaptáveis e mais competitivas, na
medida em que aprendem mais rápido que os seus concorrentes. Organizações que
aprendem significa aumentar sua capacidade através da experiência ganha por
seguir uma trilha ou disciplina.
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Através da aprendizagem contínua, a organização exercita a sua
competência e inteligência coletiva para responder ao seu ambiente
interno (objetivos, metas, resultados) e externo (estratégia). Nestas
organizações as pessoas expandem continuamente sua capacidade de
criar resultados e onde novas e expansivas maneiras de pensar são
encorajadas, onde a aspiração coletiva é livre, e onde as pessoas estão
constantemente aprendendo a aprender coletivamente. (Senge 1999
p. 25 )
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que envolvem a aprendizagem individual e coletiva do grupo dentro das
organizações. Organização que aprende está focada na ação, usando uma
metodologia de avaliação específica para ajudar a identificar, promover e avaliar a
qualidade do processo de aprendizagem dentro das organizações.
Para Garvin (1993) as organizações de aprendizagem são aquelas que
possuem habilidades para criar, adquirir, transferir conhecimentos e
modificar comportamentos, refletindo o novo conhecimento e as novas percepções.
Segundo o autor, essas organizações possuem habilidades em cinco principais
atividades:
1. Resolução sistemática de problemas: apoiada na solução de problemas,
esta atividade engloba técnicas como diagnóstico feito com métodos
científicos, uso de dados para a tomada de decisões e uso de ferramental
estatístico para organizar as informações e proceder a interferências;
2. Experimentação: envolve a procura sistemática e o teste de novos
conhecimentos, através do método científico. É movida por oportunidades
de expandir horizontes, não por dificuldades correntes;
3. Experiências passadas: revisão de sucessos e fracassos, avaliando
sistematicamente e gravando lições de forma acessível a todos os
membros;
4. Circulação de conhecimento: o conhecimento precisa circular rápida e
eficientemente por toda a organização, proporcionando condições para que
novas ideias tenham um impacto maior quando forem compartilhadas
coletivamente ao invés de serem dirigidas a uns poucos;
5. Experiências realizadas por outros: observar e analisar experiências
vividas por outras organizações pode constituir um importante meio de
aprendizado, como a utilização do benchmarking, por exemplo.
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Simplificando, a organização que aprende tem uma perspectiva descritiva e a
aprendizagem organizacional uma perspectiva processual (BITENCOURT, 2000).
De forma similar, Tsang apud Bastos et al (2004), acredita que a vertente da
aprendizagem organizacional tem como principal objetivo à descrição de como a
organização aprende, ou seja, focaliza as habilidades e os processos de construção e
utilização do conhecimento.
Já a vertente das organizações que aprendem, tem foco na ação e no ajuste de
ferramentas metodológicas específicas para o diagnóstico e avaliação que permitem
identificar e avaliar a qualidade dos processos de aprendizagem. Estes processos
devem ser transcritos através de normas que definam o que a organização deve fazer
para aprender (BASTOS et al, 2004).
Segundo DiBella et al. (1999), o aprendizado organizacional descreve certos
tipos de atividades que podem acontecer em qualquer fase do processo de mudança
organizacional. Sendo um processo social pelo qual as ideias criadas por um
indivíduo ou grupo ficam acessíveis a todas as pessoas da organização que
trabalham juntase, assim, aprendem com base na experiência coletiva. Consideram
que aprender significa ganhar experiência, ganhar competência e evitar a repetição
de enganos, problemas e erros que desperdiçam os recursos da empresa.
A aprendizagem ocorre quando a organização é capaz de alterar seus padrões
de desempenho a fim de antecipar e/ou reagir a mudanças, descartando padrões que
não são mais necessários. A partir do momento que as organizações adotarem a
aprendizagem como um processo que incorpora erros e acertos, formar-se-á um ciclo
de aprendizagem (SOUZA; BERTOLIN, 2008). Neste sentido autores como Argyris e
Schön (1978) entendem que a aprendizagem organizacional e aprendizagem
individual ocorrem em níveis diferentes denominados:
Aprendizagem de circuito simples: refere se à eficiência ou à melhor forma de
atingir os objetivos existentes e de como manter da melhor forma o desempenho da
organização, considerando as normas e valores existentes. Neste ciclo o foco é de
“como” fazer as coisas da melhor maneira e não “porque” fazê-las. Normalmente
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ocorre quando a organização encontra erros e busca corrigi-los, envolve o aumento
da capacidade da organização em atingir seus objetivos predeterminados. Não
havendo a necessidade de mudanças significativas dos pressupostos básicos, ou seja,
de alterar suas normas e políticas.
Aprendizagem de circuito duplo: foco na razão pela qual as coisas acontecem
buscando esclarecer as dúvidas das pessoas. Nesse circuito o questionamento
construtivo é fundamentado nas perguntas e dúvidas sobre algo que já existe,
possibilitando uma releitura crítica dos fatos ocorridos e registrados, que são
alterados gerando novas perspectivas. Envolve a mudança de cultura, crenças e
valores das organizações. Morgan (1996) afirma que deve existir um diálogo
permanente entre as áreas da organização, de modo a garantir consistência às ações
planejadas e comprometimento na execução do plano estratégico. Dessa forma esses
assuntos podem ser completamente explorados e talvez redefinidos de tal maneira
que possam ser focalizados e resolvidos de formas novas. Aprendizagem de ciclo
duplo ocorre essencialmente por meio da revisão dos modelos mentais já existentes,
o que permite a geração de comportamentos e ações inovadoras.
Assim, a aprendizagem organizacional é um processo dinâmico, que ocorre ao
longo do tempo e em diferentes níveis, em dois sentidos contrários – do indivíduo
para a organização e da organização para o indivíduo (CROSSAN; LANE; WHITE,
1999). Porém, esse processo é simultâneo, uma vez que, ao mesmo tempo em que as
pessoas assimilam novas idéias e novas ações e as transmitem para os grupos e para
a organização, o que já foi aprendido pela organização flui em direção aos grupos e
aos indivíduos, influenciando o aprendizado destes (Rodrigues, 2006).
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somente no indivíduo e a institucionalização por meio da organização (CROSSON,
LANE E WHITE,1999).
Para Crossan, Lane e White (1999), Aprendizagem Organizacional é o
principal meio de alcançar a renovação estratégica. A aprendizagem organizacional
ocorre quando: é realizada para alcançar propósitos organizacionais; ela é
compartilhada ou distribuída entre os membros da organização, seus resultados são
mudanças nas propriedades da organização: sistemas, estrutura, procedimentos,
cultura, organizacionais. Crossan, Lane e White (1999), ao abordarem o processo de
aprendizagem organizacional, propõem um modelo denominado “4I” (figura) –
Intuição, Interpretação, Integração e Institucionalização – abrangendo três níveis:
indivíduo, grupo e organização.
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processo que acontece em quatro etapas distintas e inter-relacionadas, apresentadas
a seguir:
1. Intuir - a intuição é o reconhecimento pré-consciente de padrões e/ou
possibilidades inerentes a uma pessoa e sua experiência;
2. Interpretar - a interpretação é o que se entende, por meio de palavras e/ou
ações, de uma visão ou uma ideia para si mesmo e para os outros, está
focada na consciência, é o processo de aprendizagem individual;
3. Integrar - o foco da integração é a mudança da compreensão e ação
individual para a compreensão coletiva. A linguagem desenvolvida por
meio da conversa e do diálogo permite a evolução do significado
compartilhado para o grupo;
4. Institucionalizar - a institucionalização está focada na transição do
aprendizado que deixa de estar em nível individual para se tornar
institucional. A incorporação do aprendizado compreende: sistemas,
estruturas, estratégias, rotinas.
Processo Insumos/Resultados
Intuição Experiências, imagens, metáforas.
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a organização, o que já foi aprendido pela organização (institucionalizado) flui em
direção aos grupos e aos indivíduos, influenciando o aprendizado destes
(RODRIGUES, 2006).
Para Lawerence & Mauws (2009), um fator importante para que ocorra
aprendizagem organizacional com base nos 4Is, é o poder que o indivíduo tem de
influenciar o grupo através de suas ideias, para que o mesmo interprete e interaja
com a organização. Um dos fatores destacados pelos autores é o indivíduo possuir
conhecimento especializado e/ou culturalmente apropriado à situação vivenciada. O
uso de influência para afetar a interpretação pode envolver uma ampla variedade de
táticas, incluindo persuasão moral e negociação.
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O aprendizado organizacional deve ser inserido no PE desde sua preparação
onde é identificada a necessidade de planejamento e selecionadas as pessoas que
estarão envolvidas neste processo e conduzi las a participação de debates
relacionados ao PE e como ele funcionará. Estes procedimentos são fundamentais
para a condução de um bom processo de implementação. Na elaboração onde as
ideias surgem e os objetivos e metas são traçados. Na implementação que é a parte
que merece muita atenção, pois é nela que surgem os problemas do planejamento,
nesta etapa o aprendizado torna-se vital, pois as decisões tomadas na elaboração
devem ficar acessíveis a todos. A elaboração e a implementação passam a ser um
rico processo de aprendizagem onde não existem barreiras hierárquicas e todas as
ideias são analisadas.
Os autores citados no item anterior possuem a mesma linha de pensamento:
que a inserção do aprendizado organizacional nas etapas do PE é fundamental para
o sucesso do mesmo. Não faz sentido uma estratégia que ninguém compreende com a
qual ninguém se compromete, nem ponha em prática. A comunicação fortalece o
vínculo entre o indivíduo e as metas organizacionais, formando um contexto
compartilhado de ação em toda a organização. Por isso é necessário que ela seja
objetiva e adequada a todos os níveis e indivíduos que compõem a organização.
Quando apontado neste trabalho que a participação na elaboração e
implementação de indivíduos que não faziam parte da alta direção, significa ter
profissionais habilitados em diversas áreas apresentando novas ideias, problemas e
soluções reais evitando o diagnóstico inadequado. Estes estão mais próximos de
pessoas que exercem atividades fim do dia a dia organizacional, esta proximidade
possibilita a comunicação direta com aqueles que fazem parte das ações de
implementação e o monitoramento periódico do desempenho, além de orientações e
esclarecimentos sobre a missão, visão, novos objetivos e metas. Levando ao
entendimento de todos o que deve ser feito e o porquê. Os indivíduos selecionados
para participar do PE devem ser peças chaves dentro das equipes em que atuam
pessoas que exercem influência sobre os outros, pois quando estes estão motivados
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contagiam a todos, o que colabora na diminuição da resistência à mudança. As
equipes devem estar interligadas para que a comunicação e a cooperação sejam
incentivadas e ocorra um melhor desempenho das atividades
O aprendizado ocorre em todo tempo, os indivíduos considerados peças chaves
comunicam as decisões para sua equipe e também recebem informações delas,
podendo levar sugestões aos participantes da elaboração do PE. È por isso que ele é
uma ferramenta dinâmica e flexível, pois permite alterações para se adaptar as
mudanças. A organização que utiliza o aprendizado organizacional nas etapas do PE
possui um diferencial em relação as outras, pois promove a renovação de estratégias,
além disso, os participantes se tornam parte responsável pelo sucesso do plano o que
gera comprometimento. A aprendizagem leva a estes o respeito e a compreensão do
ponto de vista dos outros e o entendimento de como suas ações ou falta delas
influenciam no todo no qual eles fazem parte.
Segundo Matus (1993) planejar é tentar submeter o curso dos acontecimentos
à vontade humana, não deixar que nos levem e tratarmos de ser condutores de nosso
próprio futuro. As organizações não podem ignorar ou desconsiderar o fator humano,
pois são as pessoas que fazem a roda girar, o que também não pode ser esquecido é o
fato destas pessoas estarem carregadas de emoções, cultura, jeito e manias, tudo isso
influencia a forma como elas entendem e fazem as coisas. Por isso o PE tem sido
uma ferramenta difícil de ser implantada, pois necessita de uma coordenação
preparada e aplicada desde o início do processo que se inicia antes de formulação do
planejamento, criando um ambiente propício e favorável para o desenvolvimento do
PE. Tudo isso contribui para que as pessoas estejam envolvidas e se empenhem não
somente na elaboração do PE, mas também em sua implementação.
Segundo Hanna (1987 p. 30-33), para o compromisso e o sucesso da
implementação do planejamento estratégico não basta que os planos e estratégias
sejam plena e racionalmente articulados, é preciso que o mesmo seja uma
responsabilidade básica da administração e que seja difundido por toda a
organização, em vez de ser visto apenas como tarefa exclusiva dos planejadores
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centrais. O autor ainda ressalta cinco premissas necessárias para o êxito do processo
de planejamento estratégico:
1. O planejamento deve ser visto como uma responsabilidade fundamental dos
administradores. O processo de planejamento deve ser liderado e
capitaneado pela alta administração e enriquecido pelo engajamento de
clientes e empregados;
2. A mudança organizacional deve ser conduzida pela alta administração. A
mudança, muitas vezes, ameaça interesses e poderes estabelecidos e é vista
como último recurso. Nesse momento, a liderança é crucial para superar a
resistência;
3. O planejamento bem-sucedido é inextricavelmente ligado à execução: ele se
beneficia da experimentação e do feedback. Nesse ponto, destaca-se o papel
dos planejadores como facilitadores do processo de aprendizagem;
4. O planejamento deve se concentrar nas idéias e questões, não na coleta de
dados e nos procedimentos. O processo de planejamento deve promover o
diálogo e a interação entre os diversos níveis da administração sobre as
questões estratégicas;
5. Os responsáveis pela implementação dos planos precisam estar
comprometidos com eles. Assim, é preciso envolver os participantes no ato
de pensar estrategicamente sobre o futuro e não de produzir um simples
documento.
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capacitação da organização para atingir os resultados desejados (PETER
DRUCKER,1999, p. 42) por meio de ações pré estabelecidas. Estas ações podem ser
de ordem formal que são estratégias clássicas que são desenvolvidas pela
organização conhecidas como deliberadas e pretendidas Mitzberg (2000). Como
também de ordem emergentes “estratégias emergentes”, informal, que difere da
estratégia deliberada, pois surgem de níveis hierárquicos mais baixos da
organização como resposta aos acontecimentos do momento (Mintzberg, 1987).
O planejamento estratégico está relacionado a este trabalho pelo processo de
elaboração da estratégia, na qual se definiria a relação entre a organização e seus
ambientes, bem como os objetivos organizacionais, com a definição de estratégias
alternativas (MAXIMIANO, 2006), visto como o direcionador do plano de ações por
meio de suas etapas. O aprendizado organizacional é visto neste trabalho como
ponto de equilíbrio que liga o desejo da alta administração em ter as estratégias
deliberadas cumpridas com a necessidade dos funcionários em compreender as
demandas estratégicas da alta administração. Sendo o processo de melhorar as
ações através de melhor conhecimento e compreensão Fiol e Lyles (1985).
Foram identificados e analisados os resultados quanto aos processos de
aprendizagem organizacional. Os resultados apontam para a existência dos
processos de intuição, interpretação, integração e institucionalização de
aprendizagem organizacional durante a fase de implementação do planejamento.
Esses processos foram descritos e analisados proporcionando uma compreensão dos
fatores envolvidos. Alguns processos mudaram e foram institucionalizados, isso
implica mudanças no desenvolvimento de atividades pelas pessoas e pelos grupos. O
que gera aprendizado, pois as pessoas estão aprendendo novas rotinas,
procedimentos e ações.
As estratégias resultantes desse processo influenciaram a aprendizagem das
pessoas e dos grupos à medida que afetam as decisões que são tomadas e as
atividades que são desenvolvidas. A fim de atingir as metas estabelecidas para o
estaleiro, as pessoas e os grupos da empresa têm direcionado ações para este fim.
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Portanto, o framework dos 4I desenvolvido apresentou-se como adequado para
estudar processos de aprendizagem organizacional na fase de implementação do PE
no estaleiro.
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Capítulo 3 - METODOLOGIA
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possíveis distorções e no quanto eles estão dispostos ou confiantes em partilhar suas
percepções” (ZANELLI, 2002, p. 83). Dentro desse tipo de abordagem há uma
interação dinâmica “entre o mundo real e o sujeito, isto é um vínculo indissociável do
mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzida em números”
(SILVA; MENEZES, 2005, p. 20). Em outros termos, o interesse do pesquisador não
está focalizado em quantificar uma ocorrência ou quantas vezes uma variável
aparece, mas sim na qualidade em que elas se apresentam (MINAYO, 1994), ou seja,
como as coisas acontecem.
O método quantitativo baseia-se no modelo onde o pesquisador parte de
quadros conceituais de referência bem estruturados, a partir dos quais formula
hipóteses sobre os fenômenos e situações que deseja estudar. Segundo Richardson
(1989), método quantitativo caracteriza-se pelo emprego da quantificação, tanto nas
modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento através de técnicas
estatísticas. Possui como diferencial a intenção de garantir a precisão dos trabalhos
realizados, conduzindo a um resultando com poucas chances de distorções. Os dados
são analisados com apoio estatístico ou outras técnicas matemáticas.
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se seu caráter de investigação empírica de fenômenos contemporâneos. A abordagem
de estudo de caso não é um método propriamente dito, mas uma estratégia de
pesquisa (HARTLEY, 1994). Os estudos de casos podem ser usados para diferentes
fins nas pesquisas da área de Administração, como, por exemplo, na gestão de
operações (VOSS; TSIKRIKTSIS; FROHLICH, 2002).
Segundo Yin (2005), geralmente o estudo de caso é a estratégia preferida
quando temos que responder perguntas do tipo como e por quê, quando o
investigador tem pouco controle sobre os acontecimentos e quando o foco da pesquisa
é sobre um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto na vida real. Segundo
Gil (2007), o estudo de caso não aceita um roteiro rígido para a sua delimitação, mas
é possível definir quatro etapas que mostram o seu delineamento:
1) Delimitação da unidade que constitui o caso, o que exige habilidades do
pesquisador para perceber quais dados são suficientes para se chegará
compreensão do objeto como um todo.
2) A coleta de dados que geralmente é feita com vários procedimentos
quantitativos e qualitativos: observação, análise de documentos, entrevista
formal ou informal, história de vida, aplicação de questionário com
perguntas fechadas, levantamentos de dados, análise de conteúdo etc.
3) A terceira etapa é conjunta, representada pela seleção, análise e
interpretação dos dados. A seleção dos dados deve considerar os objetivos
da investigação, seus limites e um sistema de referências para avaliar
quais dados serão úteis ou não. Somente aqueles selecionados deverão ser
analisados.
4) Elaboração dos relatórios parciais e finais. Vale lembrar que deve ficar
especificado como foram coletados os dados; que teoria embasou a
categorização dos mesmos e a demonstração da validade e da fidedignidade
dos dados obtidos.
O método de pesquisa escolhido pelo pesquisador pode ser quantitativo ou
qualitativo. A abordagem qualitativa tem sido frequentemente utilizada em estudos
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voltados para a compreensão da vida humana em grupos, em campos como
sociologia, antropologia, psicologia, dentre outros das ciências sociais. Pesquisas de
natureza qualitativa envolvem uma grande variedade de materiais empíricos.
Segundo Fachin (2003), o conhecimento empírico é como a resposta para ocorrências
baseada na vivência, experiência de erros e acertos, que não possuem
fundamentação metodológica.
A pesquisa desenvolvida nesta dissertação foi qualificada em relação a dois
aspectos: quanto aos meios e quanto aos fins. Quanto aos fins ela foi qualificada
como descritiva e explicativa, pois, busca entender como o aprendizado
organizacional pode contribuir para o sucesso do planejamento estratégico e como os
funcionários percebem o processo de elaboração do PE. Para Vergara (2005), a
pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de
determinado fenômeno. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que
descreve, embora sirva de base para tal explicação. Segundo Gil (2007), a pesquisa
descritiva tem como objetivo primordial a descrição das características de
determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre
variáveis. Uma de suas características está na utilização de técnicas padronizadas
de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática.
Quanto aos meios, segundo Gil (1991) e Vergara (1997), a pesquisa utilizará
os seguintes meios: bibliográficos, documentais e pesquisa de campo. Segundo Yin
(2001), a pesquisa envolverá um estudo de caso. Segundo o autor, a essência do
estudo de caso é esclarecer uma decisão ou um conjunto de decisões: o motivo pelo
qual foram tomadas, como foram implementadas e quais foram os resultados.
Esta pesquisa foi realizada em um estaleiro com mais de 1000 funcionários
na região de Niterói, onde foi observada a ausência de integração entre os
planejadores e os funcionários que deveriam por em prática o plano de ação do
planejamento estratégico, o que não ocorreu devido a visão de alguns funcionários
por acharem que o plano estabelecido não alcançaria os objetivos propostos. Nesta
pesquisa serão analisados funcionários com no mínimo 3 anos de empresa e a alta
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administração. Esta delimitação é necessária para que o funcionário esteja
interagindo e já possua conhecimento do plano de ação organizacional.
Como citado, anteriormente, a coleta de dados desta pesquisa foi iniciada em
2007 quando a autora ainda trabalhava no estaleiro. Onde pode interagir com os
ambientes existentes na empresa e recolher os dados relevantes para a pesquisa. A
observação participante é uma técnica de investigação social em que o
observador partilha, na medida em que as circunstâncias o permitam, as atividades,
as ocasiões, os interesses e os afetos de um grupo de pessoas ou de uma comunidade
Anguera, M.T. (1985). Foi feito um levantamento das informações necessárias
denominado pesquisa bibliográfica para dar embasamento e suporte ao trabalho,
esta coleta foi realizada em publicações variadas incluindo livros técnicos, artigos
científicos, teses e dissertações. Que teve por finalidade investigar as diferentes
contribuições científicas sobre o tema. Para Lima (2004, p.39) a pesquisa
bibliográfica é relevante em dois aspectos, contribui com o pesquisador para a
formulação de justificativas dos problemas e as suposições que irá explorar, como na
definição de um método de análise da questão e no contexto do exercício analítico da
problemática. Em seguida a pesquisa de campo no estaleiro, consiste na
observação dos fatos tal como ocorrem espontaneamente. Ela se detém na
observação do contexto social, no espaço geográfico em que é detectado um fato
social, um problema, que a princípio passa a ser examinado no próprio local e
posteriormente é encaminhado para estudos e explicações com emprego de métodos e
técnicas cientificas. Segundo Marconi e Lakatos (2002) pesquisa de Campo é aquela
utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um
problema para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese que se queira
comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. Junto a
pesquisa de campo foram trabalhados os questionários fechados e semiabertos
são uma técnica de investigação social composta por um conjunto de questões que
são submetidas a pessoas com o propósito de obter informações sobre conhecimentos,
crenças, sentimentos, valores, interesses, expectativas, aspirações, temores
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comportamento presente ou passado (António Carlos Gil, 2008), é um instrumento
de coleta de informação, utilizado numa sondagem ou inquérito.
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3.3 RESPONDENTES DA PESQUISA
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Segundo Parasuraman (1991), um questionário é tão somente um conjunto de
questões, feito para gerar os dados necessários para se atingir os objetivos do
projeto. As perguntas contribuíram para esclarecer que a falta de comunicação e
entendimento do que precisa ser feito são fatores que mais prejudicam a
implementação do planejamento estratégico. Por mais que não se tenha um
entendimento do porque de algumas ações os funcionários buscam constantemente a
melhoria da estratégia por meio da estratégia informal “emergente”.
Fase: Informações informais sobre o processo estratégico.
o Você conhece os objetivos da empresa?
o Você sabe como acontece a formulação da estratégia na empresa?
o Você sabe quem são os responsáveis pela formulação da estratégia?
o Seu setor participa desse processo?
o Você se empenha para que o planejamento estratégico seja implementado com
sucesso?
o Normalmente você entende as metas traçadas?
o Existe a busca de melhoria da estratégia?
o A observação de possíveis melhorias são comunicadas a alta administração?
o Caso a resposta seja não: por que?
Roteiro das entrevistas para os respondentes do setor alta Administração:
As perguntas tiveram como objetivo cobrir uma relação específica de assuntos
pertinentes ao objeto da pesquisa (AAKER, 2001), ou seja, analisar a visão da alta
administração com relação as estratégias deliberadas, o motivo pelas quais as
mesmas na maioria das vezes não são realizadas e como eles se posicionam diante
das ações inesperadas.
Fase: Informações formais do processo estratégico.
o Qual o papel da alta administração na criação da estratégia?
o A estratégia foi implementada como planejado?
o As estratégias são flexíveis?
o Existem ações inesperadas que mudam o que foi planejado?
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o Existe o monitoramento do planejamento para que sejam identificadas as
ações inesperadas?
o Quando são identificadas ações inesperadas elas são incorporadas a estratégia
ou descartadas?
o Qual a postura da alta administração quanto ao surgimento de ações
inesperadas?
o É considerada a possibilidade da atuação de indivíduos operacionais no
processo de formulação da estratégia?
o Caso a resposta seja sim: Que benefícios estes indivíduos podem acrescentar
para a empresa?
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Capítulo 4 - RESULTADOS OBTIDOS E ANÁLISE
4.1 INTRODUÇÃO
4.2.1 O Início
Em 1846, Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, inaugurou o primeiro
estaleiro do País, em Ponta da Areia, Niterói (RJ). Construído com capital privado
de terceiros em uma modelagem de captação próxima ao Project finance moderno. O
estaleiro é considerado um marco do processo de industrialização do país. Construiu
cerca de um terço dos navios de guerra utilizados no conflito com o Paraguai. Em
1905 o estaleiro foi incorporado pela CCN – Cia. Comércio e Navegação. No
segmento de construção naval ocorreram curtos períodos de atividade, especialmente
na década de 1930, relacionados a encomendas pontuais e de curta duração.
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indústria de bens de capital. O Plano de Metas criou a indústria automobilística,
construiu a malha rodoviária e criou a indústria de construção naval.
A política de desenvolvimento da indústria naval brasileira teve seu ponto de
partida com a Lei 3.381, de abril de 1958, conhecida como a Lei do Fundo de
Marinha Mercante (FMM) com o objetivo de prover recursos para a renovação,
ampliação e recuperação da frota mercante nacional; evitar a importação de navios;
diminuir despesas com afretamento de navios estrangeiros; assegurar a
continuidade das encomendas de navios e estimular a exportação de embarcações. A
indústria naval seria para o Rio de Janeiro o que a indústria automobilística foi para
São Paulo.
Os recursos do FMM vem do Adicional ao Frete para Renovação da Marinha
Mercante (AFRMM), contribuição fiscal cobrado sobre os fretes de importação. Na
época foram criados também o Grupo Executivo da Indústria de Construção Naval
(Geicon) e a Comissão de Marinha Mercante (CMM) que, posteriormente, viria a se
transformar na Superintendência Nacional de Marinha Mercante (Sunamam). Com
as novas medidas a construção naval brasileira manteve uma atuação modesta e
estável ao longo dos governos: Jânio Quadros (1961), João Goulart (1961-1964) e do
governo Castelo Branco (1964-1967).
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conferências de frete, que dividiam o transporte de cargas bilateral de longo curso
entre as empresas de bandeira brasileira (40% do volume do frete), as da bandeira
estrangeira (40%) e o mercado livre (20%).
Foi o período em que o Brasil se torna o segundo maior construtor naval
mundial, durante um curto período. Os estaleiros com suas carreiras preenchidas de
encomendas de navios através dos planos de construção naval viveram momento de
grande expansão. O sistema de autárquico controle do segmento industrial através
de um órgão público sofreu a dificuldade de gerenciar as variáveis de redução de
custos e impactos do mercado causados pelo aumento do preço do
petróleo/combustíveis, que provocou recessão mundial e as mudanças no sistema de
transporte marítimo que passou a utilizar navios porta-contêineres.
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empresas locais não tinham porte para enfrentar grandes operadores em escala
mundial.
Apesar de criticada a desregulamentação ocorrida no governo Collor tornou
concreta uma situação que já ocorria na prática desde 1985. As encomendas dos
armadores internacionais cessaram juntamente com os subsídios à produção. O ciclo
que levou a construção naval brasileira ao posto de segundo parque industrial naval
mundial, em toneladas de porte bruto (TPB) construídas, e a empregar diretamente
mais de 40 mil trabalhadores, chegou ao fim. A indústria naval brasileira não
atingiu, nesta fase, grau satisfatório de competitividade internacional.
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O estaleiro de Manuel Henrique Silveira, localizado na Praia do Caju,
dispunha de serviços de morto a vapor, encarregava-se da construção e dos reparos
navais e podia fazer encalhes de embarcações de até 61m. Havia também os
estabelecimentos especializados na carga e na descarga de navios, como o de Cláudio
Correa Louzado, que também ofereciam serviços de reboque com lanchas, chatas,
catraias e saveiros, construíam e reformavam embarcações (ALMANAK
LAEMMERT, 1900).
Além das cidades do Rio de Janeiro e de Niterói, em Cabo Frio também havia
estaleiros, como o de Alfredo Matos & Irmãos, de Arsênio José de Mello e de João da
Motta. Fora do Estado do Rio de Janeiro, a maior concentração era em Porto Alegre,
com os estaleiros de Alcaraz & Cia, Emílio Malvilde, José Becker e Irmãos e Só &
Filho (Almanak Laemmert, 1900-1920). Em Santa Catarina, havia pequenos
estaleiros artesanais, localizados em Itajaí, como o de João Mafra Tabalipa, João G.
Fagundes, José Inácio da Silva e Antônio da Souza Cunha Júnior (Machado 1979).
Segundo Antônio Alves Câmara, num estudo publicado, em 1907, sobre A
construção naval no Brasil e seu progresso em todo o litoral brasileiro, próximo aos
portos, aos canais e ao estuário, sempre houve a presença de estaleiros de pequena
economia, ou grande porte para atender às demandas da navegação local e realizar
reparos navais. Porém, a presença de pequenos estaleiros em diversas cidades
portuárias brasileiras não significou a continuação da indústria da construção naval
em todas elas. Mesmo com a presença de vários estaleiros pequenos na capital e em
Niterói, o aglomerado começou a se concentrar em torno dos de maior porte, como o
da Companhia Nacional de Navegação Costeira, fundado em 1895 pela Casa Lage &
Irmãos, localizado na Ilha do Viana. Outro destaque foi o estaleiro de Vicente dos
Santos Caneco, fundado em 1886, localizado no Caju. A Companhia Comércio e
Navegação, em 1905, adquiriu as antigas instalações do Barão de Mauá, e fundou,
na Ponta da Areia, o Estaleiro Mauá. A Lage & Irmãos, fundada em 1882, que
atuava no ramo de importação de carvão e serviço de estiva, adquiriu a Ilha do
Viana, em Niterói, e construiu um estaleiro que começou a funcionar em 1895
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(BOSSLE ,1981). Já em 1906 o Estaleiro Lage & Irmãos anunciava que, ao redor da
ilha, havia profundidade suficiente para atracar navios de qualquer calado,
possuindo um espaçoso dique, inaugurado em 1901. O estabelecimento, dividido em
dez seções, era especializado em reparos de qualquer natureza, inclusive dos navios
movidos a eletricidade, e na construção de embarcações de diversos tamanhos
(ALMANAK LAEMMERT, 1906).
Nos anos 1920, foram remodelados para a Marinha os cruzadores Bahia e Rio
Grande do Sul, que passaram a utilizar óleo diesel como combustível, além de
reestruturar todo o sistema elétrico. A reforma desses dois cruzadores demonstrava
o potencial do Estaleiro Lage & Irmãos, tanto para construir novas embarcações,
como para repará-las (TELLES, 2001). A Lages & Irmãos, mais tarde transformada
em Organização Henrique Lage, além de proprietária da Navegação Costeira, a mais
eficiente durante a Primeira República, também possuía salinas no Nordeste e
minas de carvão em Santa Catarina.
Devido a problemas financeiros, com débitos junto ao Banco do Brasil e ao
Tesouro, em 1942 os bens da Organização Lage foram incorporados ao Patrimônio
Nacional. Por conta da guerra, foram construídas, nas dependências desse estaleiro,
seis corvetas e seis caças submarinos (TELLES, 2001). Nas décadas seguintes, o
estaleiro da Ilha do Viana especializou-se em reparos da frota mercante estatal,
principalmente da Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro.
Vicente dos Santos Caneco começou com um pequeno estaleiro de reparos
navais na Saúde, em 1886. Em 1909, transferiu suas instalações para a Praia do
Retiro Saudoso, no Caju, com capacidade para construir navios de até 2.500
toneladas, numa área construída de 12.000 m2 e uma ponte guindaste com
capacidade para suspender até 5.000 toneladas. Atendia às encomendas do
Ministério da Guerra e de pequenas embarcações (LIGA MARÍTIMA, 1916). Em
1910, foi construído para a Marinha o rebocador Tenente Rosa e, durante a Primeira
Guerra, o veleiro Presidente Wenceslau, com 800 toneladas de deslocamento
(TELLES, 2001).
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O Estaleiro Caneco tornou-se um dos símbolos da construção naval brasileira
pós-1960. A Companhia Comércio e Navegação, fundada em 1905, adquiriu as
instalações do antigo Estaleiro Mauá, onde construiu o dique Lahmeyer, inaugurado
em 1911, na época, o maior da América Latina. Ocupando uma área de 24.000 m2,
dispunha de uma ponte rolante elétrica de 10 toneladas e demais equipamentos
modernos para construção de embarcações de até 22 m, inclusive com componentes
elétricos. Também atendia às demandas da Marinha de Guerra no reparo das
embarcações de vários tipos (COMPANHIA COMÉRCIO E NAVEGAÇÃO, 1920).
O Estaleiro Mauá também foi um dos pilares da indústria da construção naval
pesada pós-1960. No final dos anos 1920, o setor estava mais concentrado e a
ausência do AMRJ na construção naval gerava efeitos contraditórios no aglomerado
de estaleiros. Por um lado, reduziram-se as encomendas de peças, equipamentos e
insumos, por outro, abriu-se espaço para os estaleiros privados atenderem às
demandas da Marinha. Como as exigências navais da Marinha eram elevadas, os
serviços eram apenas realizados por estaleiros que dispusessem de equipamentos
pesados e diques espaçosos, como era o caso do Mauá, do Caneco e do Lage.
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embarque no continente, a uma distância rodoviária de menos de 30 minutos do
aeroporto internacional e 20 minutos do Centro do Rio de Janeiro e seu porto
comercial.
Ícone na reparação naval, o estaleiro atende à demanda nacional e
internacional de navios de qualquer tipo e porte. O complexo industrial de 150 mil
m2 compreende 05 diques, dos quais 03 flutuantes e 02 secos, cais de atracação de
quase 1 Km com até 11 metros de profundidade, assistido por guindaste, energia de
terra, água salgada e potável, ar comprimido e outras facilidades fundamentais.
Oficinas de mecânica, elétrica, caldeiraria, pintura, carpintaria, manutenção, apoio e
tubulação dão suporte à atividade principal do estaleiro, tudo coordenado e
supervisionado pelo melhor e mais experiente time de profissionais do mercado,
atuando de acordo com as normas e padrões da mais alta exigência, certificados pela
ISO 9001:2000 e sempre buscando a excelência na qualidade, segurança, meio
ambiente e saúde. Um alojamento com acomodação para até 250 pessoas capacita o
estaleiro a obras de perfis específicos e que demandem pesada mobilização de
pessoal de gerenciamento do cliente. Em emergências, um corpo muito bem treinado
de paramédicos, bombeiros e seguranças, se somam a uma logística de resgate e
remoção por UTI móvel em tempo integral.
O estaleiro empenha-se para ter baixo custo sem alterar a qualidade dos
reparos nas embarcações, algo que está se tornando cada vez mais difícil. Busca a
diferenciação em termos de qualidade, avanço tecnológico, preço e pontualidade na
entrega dos navios reparados. A presidência direcionou a empresa para a gestão de
resultados no ano de 2007.
Embora houvesse um discurso de que os objetivos estratégicos seriam
compartilhados com todos os empregados, na prática as estratégias eram
desenvolvidas pelos executivos. A seguir o cronograma do planejamento estratégico
em 2007 elaborado pelo setor de desenvolvimento:
• Reunião com Presidente para definir objetivos e metodologia;
• Discussão inicial com diretores e superintendentes para definir diretrizes;
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• Áreas enviam planos de ação e atualizam orçamento/iniciativas;
• Discussão preliminar de metas operacionais junto aos gestores;
• Validação do Plano junto aos Diretores e superintendentes;
• Comunicação de metas;
• Finalização da elaboração.
No ano de 2010 a empresa deu início ao desenvolvimento de uma estratégia
que deveria ser compartilhada com todos. Com o intuito de obter o comprometimento
de todos os níveis de gestão e empregados, mas havia a consciência de que não seria
algo fácil. Para Shrivastava (1983 apud ENDLICH, 2001, p.6) a estratégia não
determina somente os objetivos e metas e o alcance das ações utilizadas para
realizar a estratégia, ela influencia também a aprendizagem, fornecendo um limite
para o processo decisório e criando um momento para a aprendizagem
organizacional. As organizações eficazes são aquelas em que os empregados têm a
capacidade de aprender a predizer mudanças em seus ambientes, de identificar a
influência de tais mudanças e procurar estratégias apropriadas para lidar com elas.
Por mais que o discurso da alta administração fosse interação e participação,
a empresa continuou nos anos seguintes com o mesmo modelo de planejamento
estratégico, o foco permanecia mais no processo do planejamento do que na
compreensão do mesmo. No ano de 2013 a empresa optou por desenvolver sua
estratégia com base no Balanced Scorecard (BSC), o que permitiu uma visão
integrada da empresa, promovendo o alinhamento dos objetivos estratégicos com os
indicadores de desempenho, metas e plano de ação e fazendo com que o instrumento
de avaliação de gestão refletisse as estratégias da Empresa. Nesse período a
empresa desenvolveu um programa para que os funcionários apontassem melhorias
nas ações chamado de Programa de incentivo a melhoria (PIN), o número de
sugestões foram enormes, as áreas responsáveis pelo acompanhamento e
disseminação das sugestões não suportaram o volume de informações, a falta de
integração entre as áreas e a visão distorcida mais uma vez levaram o planejamento
estratégico a falência. Nesse momento, a área de planejamento estratégico da
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empresa decidiu abandonar os seus conceitos sobre o tema e empreender uma nova
experiência de planejamento estratégico que fosse integrado, flexível e participativo
e apresentasse os resultados esperados.
A aprendizagem organizacional ocorre por meio de percepções,
conhecimentos e modelos mentais compartilhados, e a mudança fica
bloqueada, a menos todos os principais tomadores de decisão aprendam
juntos, venham a compartilhar crenças e objetivos e estejam comprometidos
em tomar as medidas necessárias à mudança. (MORESI, 2001, p. 38).
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Fonte: Elaborado pelo autor
Por meio dos dados analisados, identificou-se que pessoas tiveram idéias (insights)
durante a implementação do PE. Assim como apontado pela literatura (CROSSAN,
LANE e WHITE, 1999), isto aconteceu no nível de análise individual e foi totalmente
subjetivo, com uso intenso de conhecimento tácito. Identificou-se que o processo de
intuição durante a fase de implementação do PE no estaleiro aconteceu a partir da
identificação de um problema, uma necessidade ou uma oportunidade para propor
algo novo ou para executar algum processo de forma diferente. Devido a um acidente
ocorrido no estaleiro, a empresa foi condenada a reestruturar o seu sistema de
produção e incluir uma área de reciclagem. Para atender a uma ordem judicial a alta
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administração desenvolveu um PE, os funcionários que tiveram ideias foram os mais
antigos (com mais de 10 anos de empresa) por já haverem passado por um processo
de reestruturação em uma das crises vividas pela área naval. Um dos funcionários
observou o desperdício de material de solda, que era descartado pelos colegas
quando ainda poderiam ser usados, com sua experiência ele sabia que um curso nas
dependências da empresa dado pelos mais antigos resolveria o problema.
A identificação de necessidades, problemas e/ou oportunidades pelas pessoas é
de forma individual, portanto, é um dos pontos impulsionadores para o início do
processo de intuição durante a fase de implementação no estaleiro. Os insights
intuitivos das pessoas estão baseados essencialmente em:
a) Conhecimentos especializados;
b) Experiências anteriores: experiência adquirida ao longo dos anos na organização;
e experiência adquirida ao longo dos anos em outras organizações;
c) Prática do trabalho (experiências recentes na organização);
d) Reconhecimentos de padrões ao longo do tempo.
Apesar de ter sido observado neste estudo a existência do processo de intuição, ele
não garante que os insights intuitivos sejam colocados em prática. As ideias podem
ficar apenas na mente da pessoa, sem que ninguém saiba da sua existência. É,
portanto, relevante saber como as pessoas interpretam seus insights (ideias) para si
mesmas e para as outras. De acordo com os dados coletados pela pesquisa, este
processo acontece de forma individual e também em grupo. Assim, identificou-se por
meio das observações, dos questionários e dos documentos da empresa que os
insights intuitivos que surgiram na fase de implementação do PE no estaleiro são
interpretados para a própria pessoa (que teve o insight) durante um processo de
utilização de conhecimentos tácitos e mapas cognitivos (que representam a forma
que a pessoa interpreta o mundo, com base em suas crenças). A existência dos
mapas cognitivos neste processo explica o fato de as pessoas interpretarem o mesmo
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insight de maneiras diferentes (CROSSAN; LANE; WHITE, 1999). Para interpretar
seus insights intuitivos para as outras pessoas observou-se o uso intensivo de
linguagem verbal, a fim de transmitir o significado das ideias (o que no processo de
intuição era totalmente tácito). O funcionário que teve o insight passou a ensinar
aos colegas aquilo que ele fazia para usar o máximo possível o material de solda, a
justificativa para esse aproveitamento era a distância que o soldador precisava
percorrer para abastecer sua maleta, no auge do verão descer do navio com roupas
quentes para reabastecer, não era uma boa ideia. Com essa justificativa muitos
colegas aprenderam com ele e passaram a utilizar a técnica.
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3. Presidente e diretores – encontros realizados quinzenalmente (após a
segunda reunião) com o objetivo de defini os assuntos, problemas e
sugestões trazidos pelos diretores e superintendentes. Estes encontros
contribuem para o processo de integração, principalmente quando ocorrem
durante a fase de implementação do PE, onde foi possível identificar
processos de integração em alguns grupos.
Segundo Crossan e Berdrow (2003), grande parte da literatura sobre
aprendizagem organizacional pressupõe que a integração de pontos de vista é mais
favorável quando acontece via um processo aberto e participativo. No estaleiro
observou-se que no grupo de gestores a integração acontece de forma participativa,
gerando a integração de comportamentos (uma vez que resulta na ação coordenada
dos membros do grupo) e, algumas vezes, a integração de crenças. No entanto, isto
não acontece em outros grupos; nos demais grupos a integração se apresenta como
algo muito incipiente, resultando em algumas vezes na integração de
comportamentos, mas não de crenças. A integração aconteceu quando houve:
1. Ajustes dos diferentes pontos de vista;
2. Busca de compreensão partilhada pelos membros;
3. Uso intensivo da linguagem verbal.
Observando que no horário de almoço alguns funcionários procuravam o
funcionário mais antigo para aprender algo sobre solda, o coordenador buscou
entender o que estava acontecendo, surpreso com a habilidade do funcionário e em
como os demais faziam exatamente o que ele ensinava, o coordenador passou para o
gerente de produção o motivo pelo qual muitos soldadores não desciam mais dos
navios com tanta frequência. O gerente convidou o funcionário para uma reunião
com os coordenadores e gerentes de produção, para explicar a técnica que ele havia
desenvolvido. Após a reunião os gerentes chegaram a conclusão que o funcionário
precisar escrever sua forma de soldar, sua técnica virou uma apostila.
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4.3.2.4 Processo de institucionalização:
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conhecimento metodológico e passaram a integrar a equipe que desenvolvia o PE na
empresa.
A gente não consegue entender o porquê que esse procedimento tem que ser
feito dessa forma. (Respondente do Setor de contratação de serviços)
Pode-se observar aqui que claramente há falta de comunicação, fator este apresentado como
importante e relevante na implementação do PE, conforme discutido no item 2.3.3 do Referencial
teórico (cap.2).
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O pessoal da administração não sabe o que estão falando, eles não sabem
como o trabalho funciona. (Respondente do setor de produção)
Não dá tempo de parar para entender o que eles querem, a gente faz assim e
é bem melhor. (Respondente do setor de contratação de serviços)
Pode-se observar aqui a resistência a mudança, situação apresentada como uma dificuldade na
implementação do PE, discutida no item 2.3.3 do referencial teórico (cap. 2)
Observou-se a falta de continuidade do processo, fator importante que pode ser observado durante a
etapa de controle, avaliação e monitoramento da implementação do PE, discutido no item 2.3.2 do
referencial teórico (cap. 2)
Até dá, mas a gente acaba fazendo desse jeito porque não tem muitos
motivos para mudar. Além disso, o coordenador não explica muito bem o
motivo pelo qual é necessário fazer diferente”; (Respondente do setor de
produção).
Observou-se novamente a resistência a mudança e a falta de entendimento do que precisa ser feito,
situações expostas como dificuldades de implementação do PE, discutido no item 2.3.3 do referencial
teórico (cap. 2)
A gente faz o que eles querem só que do nosso jeito, porque se a gente for
fazer do jeito deles vai levar mais tempo. Acho que a gente não atrapalha,
pelo contrário a gente ajuda. (Respondente do setor de contratação de
serviços)
Pode-se observar aqui a aplicação do conhecimento e experiência fator este apresentado como
importante e relevante na aprendizagem organizacional sob a ótica do framework, discutido no item
2.5.2 do referencial teórico (cap. 2)
Se eles perguntassem, eles teriam menos trabalho para fazer esse negócio
todo (PE) que eles fazem (Respondente do setor de produção)
Eles querem que a gente faça do jeito que o curso ensina, mas a senhora sabe
né, na prática a realidade é outra. (Respondente do setor comercial)
Pode-se observar aqui a aplicação da experiência adquirida com o trabalho, questão discutida
Inserção do aprendizado organizacional nas etapas do PE, discutido no item 2.6 do referencial teórico
(cap. 2)
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O que ficou claro é que os funcionários, na maioria das vezes não entendiam a
necessidade da empresa, a forma que o coordenador passava as informações não era
adequada, pois falava sem muitas explicações. A frase mais usada era: “porque a
direção quer”. Com isso os funcionários se sentiam desrespeitados e muitas vezes
não cumpriam o proposto, eles realmente sabiam que era algo impossível, ou que
levaria o dobro de tempo. O planejamento estratégico sempre parava na
implementação.
Como citado anteriormente cansados de tantos fracassos a alta administração
decidiu trazer para equipe de planejamento alguns funcionários mais antigos e que
exerciam influência sobre os outros. Não foi uma decisão fácil, pois havia a
necessidade de treina lós com conteúdo sobre planejamento estratégico, conceitos,
enfim, prepara lós para que pudessem contribuir de maneira significante e não se
intimidarem por terem menos estudo do que a alta administração.
O percebido, foi que estes funcionários divulgavam com muita rapidez e de
forma que todos os outros funcionários compreendiam os objetivos e as estratégias
traçadas, além disso, havia um interesse por parte de todos que o planejamento
estratégico desse certo, pois havia um representante dos funcionários inserido na
equipe de estratégia. A estratégia não era apenas que estes funcionários
contribuíssem com seu conhecimento, mas com o conhecimento de toda a sua equipe.
Após a etapa de formulação da estratégia e com os detalhes definidos, esses
funcionários reuniam seus colegas de equipe e divulgavam os objetivos, porque,
mostrava onde as ideias da equipe haviam entrado, quando elas não entravam eles
explicavam o motivo.
Foi surpreendente a reação dos funcionários ao planejamento estratégico após
a inclusão dos mais influentes na elaboração do PE, o mais interessante foi que eles
mesmo observavam se não estava havendo descontinuidade do processo em algum
procedimento, quando a equipe de controle fazia a análise do PE para saber como as
coisas estavam acontecendo, eles observaram que as correções diminuíram
consideravelmente.
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Mas houve um problema neste processo. A alta administração conclui que os
coordenadores não tinham interesse em passar as informações corretas para os
funcionários, por isso, durante anos houve esse ruído na comunicação entre
administradores e funcionários. Com pessoas influentes inseridas na equipe de
estratégia (a maioria não eram coordenadores) muitos funcionários deixaram de se
reportar aos coordenadores e se reportavam a estas pessoas. Isso gerou conflitos
entre coordenadores, as pessoas influentes e funcionários. A alta administração
tentou intermediar por um período a comunicação entre estas classes, alguns
coordenadores se enquadraram outros saíram ou foram demitidos. A saída e a
demissão desses coordenadores deu aos funcionários de influência a oportunidade de
ocuparem estes cargos.
Esta pesquisa deixou para o estaleiro o seguinte alerta: em 2016 todos os
funcionários de influência já ocupavam o cargo de coordenação, a maioria deles
buscaram aprimorar seus conhecimentos iniciando uma faculdade. Embora, tudo
isso seja algo importante, é necessário o cuidado para que esses coordenadores ao se
tornarem gerentes (algo inevitável para alguns) a empresa não entre no ciclo antigo
de ter na equipe de elaboração somente a alta administração. No estaleiro quando
um funcionário é promovido a gerência ele não tem mais tanto contato com outros
funcionários, principalmente na produção. Ele passa a exercer outras atividades
dentro de sua função, como receber armadores e participar de reuniões de
fechamento de obras.
A sugestão apresentada é que com o crescimento profissional destes
funcionários, eles desenvolvam dentro de sua equipe outras pessoas que possam
fazer parte da equipe de estratégia da empresa, mantendo assim a
representatividade operária na elaboração do PE. Para que toda a conquista
alcançada até o presente momento não retroceda com o passar do tempo. O
importante não é travar os funcionários para que eles não estudem, ou não tenham
interesse em melhorar dentro da empresa. Mas que eles entendam a importância
não somente de transferir conhecimento o que tem gerando um processo de
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aprendizado organizacional continuo na empresa, mas também de formar
sucessores.
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Capítulo 5 - CONCLUSÕES
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Crossan, Lane e White (1999), que considera a aprendizagem organizacional como
um processo dinâmico que acontece por meio de intuição, interpretação, integração e
institucionalização, nos diferentes níveis de análise individual, grupal e
organizacional. A escolha do framework teve o intuito de tornar mais fácil o
entendimento da inserção do aprendizado organizacional nas etapas do PE,
principalmente na fase de implementação considerada a mais crítica. Para isso, foi
realizada uma pesquisa por meio de pesquisa qualitativa, com estudo de caso. Os
dados foram coletados por meio de observação participante, pesquisa bibliográfica e
questionário. A pesquisa de campo foi fundamental, pois, permitiu encontrar indícios
acerca do problema proposto de modo a produzir evidências para confirmar as
suposições do projeto e a consecução do objetivo geral.
Na análise do processo de planejamento estratégico foi possível perceber que
toda concepção das estratégias presente e futura eram restritas alta administração
funcionando como estratégias clássicas, o que resultava em estratégias que não
captavam a essência dos problemas, por consequência eram raras as vezes que se
conseguia fazer com que o que foi sugerido fosse realizado. Está pesquisa aponta que
existe dificuldades na etapa de implementação do planejamento no estaleiro, as
ações planejadas não são executadas.
Os problemas encontrados na pesquisa e apontados na suposição do trabalho
são referentes a estrutura organizacional, comunicação, falta de conhecimento,
flexibilidade, estrutura hierárquica, cultura organizacional, entre outros. Está
pesquisa também aponta que devido às dificuldades de execução das ações
planejadas por fatores tais como falta de alinhamento e comunicação, ações
emergentes são criadas e desenvolvidas o tempo todo no decorrer da fase de
implementação do planejamento. A observação participante conseguiu identificar
tentativas evidentes de indivíduos e grupos que estratégia emergente de valor para
a organização que esbarram na burocratização da hierarquia.
Para os funcionários as ações não planejadas que surgem no decorrer da
implementação é algo normal, que leva ao aprendizado, pois os mesmos precisam
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sempre de novas ideias para eliminar os imprevistos. No estaleiro estes imprevistos
geraram ações emergentes que foram institucionalizadas. Estas ações proporcionam
aos funcionários envolvidos aprendizado organizacional por meio dos 4is. Além disso,
contribuiu para a compreensão de como aconteceram esses processos, assim como
suas inter-relações a partir da ocorrência dos processos de assimilação e de
utilização da aprendizagem na empresa estudada.
O processo de intuição na etapa de implementação do PE, ocorreu
individualmente durante a realização das ações planejadas, as pessoas ao terem
insights intuitivos baseados em conhecimentos especializados experiências
anteriores, compartilham com outras pessoas. A interpretação ocorreu quando este
funcionário decidi explicitar seus insights com seus colegas de trabalho utilizando a
linguagem verbal.
O processo de integração foi percebida no desenvolvimento de reuniões
formais e informais em grupo, onde ocorreu o compartilhamento de idéias e
interpretações, compreensões e ajustes de diferentes pontos de vista. Como resultado
deste processo as ações planejadas passaram a ser analisadas pelos funcionários da
parte inferior da hierarquia, algumas dessas ações ganharam importância e outras
foram eliminadas. Como consequência alguns indivíduos que ocupavam cargos de
chefes, coordenadores e gerentes sentiram se ameaçados.
O processo de institucionalização ocorreu algumas vezes foi decorrente de
idéias planejadas e outras vezes de idéias emergentes. Identificou-se que, que para o
processo dos 4Is serem uma rotina no estaleiro é necessário o suporte da alta
administração.
O aprendizado sob a ótica do framework dos 4i(s) passou a ocorrer com mais
frequência e de forma consciente, pois os funcionários agora se interessavam em
passar suas experiências para os mais novos e para os que chegavam na empresa. A
troca de conhecimento foi o que mais marcou todo esse processo, as pessoas não
queriam apenas passar seu conhecimento, mas também reter conhecimento que os
outros passavam. Após essa interação o setor de solda e de elétrica passaram a ter
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procedimentos específicos, até a contratação de funcionários para estes setores
mudou.
Esta pesquisa é relevante, pois apontou que durante a fase de implementação
do PE ocorreu o processo de aprendizagem organizacional através do framework dos
4I, analisou e demonstrou seus benefícios e principalmente o que foi proposto na
problemática mostrar que a inserção do aprendizado organizacional nas etapas do
planejamento estratégico torna sua implementação mais ágil e de fácil
entendimento.
A inserção do aprendizado organizacional nas etapas do planejamento
estratégico não somente permitiu que a implementação do PE fosse algo mais
tranquilo, mas padronizou rotinas e procedimentos, diminuiu o ruído de
comunicação entre administração e funcionários, reduziu custo de produção, elevou o
grau de conhecimento dos demais funcionários. No ano de 2016 foi feita uma
reavaliação do PE elaborado em 2015 e o resultado, segunda a alta administração,
foi satisfatório, algo que eles nunca haviam conseguido antes, pois, quando chegava
na implementação o PE morria.
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5.2 RECOMENDAÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS
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O framework dos 4Is utilizado nesta pesquisa pode ser realizado em outros
tipos de organizações melhorando assim as respostas obtidas nesta pesquisa e
analisando se este mesmo procedimento obtém resultados positivos em ambientes
diferentes, ampliando assim o conteúdo deste tema. Algumas perguntas podem ser
trabalhadas para que os resultados e conhecimentos possam ser aprofundados:
1. Como a estrutura organizacional prejudica o surgimento das estratégias
emergentes?
2. O quanto as estratégias emergentes contribuem de fato para o sucesso da
implementação?
3. Por que algumas estratégias organizacionais (deliberadas ou emergentes) são
institucionalizadas e outras não?
4. Qual o processo que os funcionários usam para selecionar as intuições que
eles verbalizam (interpretação)?
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Capítulo 6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BOSSLE, Ondina Pereira. Henrique Lage e o desenvolvimento sul catarinense.
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VERGARA, S. C. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. 4. ed. São
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