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NITRIFICAÇÃO EM BIODISCO
RESUMO
HISTÓRICO
Em 1986, através da Deliberação Normativa 10/86, foi definido, pela Fundação Estadual de
Meio Ambiente - FEAM, e deliberado, pelo Conselho de Política Ambiental - COPAM (MG),
os padrões para lançamentos de efluentes hídricos, tendo sido definido para nitrogênio
amoniacal o valor de 5,0 mg N-NH3/l.
Os efluentes líquidos industriais da REGAP são coletados em três redes distintas: águas
contaminadas, águas oleosas e água da unidade de coque. Estas correntes se unem à montante
da Estação de Tratamento de Despejos Industriais - ETDI. Essa estação é constituída de dois
separadores de água e óleo tipo API, um separador de água e óleo tipo PPI, duas bacias de
acumulação de águas de chuvas ou excedentes das redes de água oleosa e de água
contaminada; que consistem no tratamento primário.
Este sistema tem capacidade de tratar até 300 m3/h, em tempo seco, e 450 m3/h em tempo de
chuva.
O tratamento primário hoje existente não é suficiente para a remoção de óleo ao nível
necessário para o tratamento biológico. Desta forma, será instalado um flotador a ar dissolvido,
à jusante do separador de água e óleo tipo PPI, com previsão para entrada em funcionamento
em 1998.
Sabe-se que em lagoas com baixos tempos de residência a nitrificação não é favorecida, e a
remoção devido à incorporação do nitrogênio na biomassa formada não é suficiente para um
abatimento considerável deste. Assim, a construção do sistema de biodisco após as lagoas
aeradas tem por finalidade a remoção do nitrogênio amoniacal presente neste efluente.
Nitrificação
Estes dois grupos de bactérias são classificados como autotróficos por obterem a energia para
seu crescimento da oxidação da forma inorgânica do nitrogênio. Outra característica destes
microorganismos é que eles utilizam o carbono inorgânico, dióxido de carbono, e não o
carbono orgânico como a maioria das bactérias.
A reação de oxidação do nitrito a nitrato pela nitrobacter pode ser expressa como:
NO 2- + 0,5 O2 ? NO3 - (2)
Com liberação de energia na faixa de 15,4 a 20,9 kcal/mol de nitrito. Assim, a nitrosomonas
obtém mais energia por mol de nitrogênio oxidado do que a nitrobacter, o que implica maior
massa de células produzidas por mol de nitrogênio oxidado.
Pesquisadores sugerem que a cada grama de nitrogênio oxidado, 0,17 g de células são
formadas, correspondendo a 0,15 g de células de nitrosomonas por grama de nitrogênio
amoniacal, e 0,02 g de células decorrente da oxidação do nitrito pela nitrobacter.
A reação total para o oxidação do nitrogênio amoniacal a nitrato pode ser expressa como:
NH4+ + 2 O2 ? NO3 - + 2H+ + H 2O (3)
Pela estequiometria das reações (1) e (2), verifica-se que: a massa necessária de oxigênio para
completar estas reações é de 4,57 g O2/g de nitrogênio oxidado, sendo 3,43 g de O2
Temperatura
Valores conservativos foram estimados para a taxa máxima de crescimento das nitrosomonas
na faixa de 10 - 30 ºC. Estes valores podem ser vistos na tabela 2.
TEMPERATURA, ºC ? n, d-1
10 0,3
20 0,65
30 1,2
Os dados apresentados na tabela 2 estão de acordo com a equação de Vant't Hoff Arrhenius
onde a taxa de crescimento dobra a cada 10 ºC.
Oxigênio Dissolvido
pH e Alcalinidade
Inibidores
1
Concentração do composto que resulta no mínimo em 50 % de inibição
Certos compostos inorgânicos, incluindo os metais, tem efeito inibitório para as bactérias
nitrificantes. Os compostos inorgânicos identificados como potencialmente inibidores da
atividade das bactérias nitrificantes são: cádmio, cianeto livre, cianeto de sódio, chumbo, cobre,
cobalto, cromo, níquel, tiocianato e zinco.
A relação carbono orgânico e nitrogênio é um dos fatores críticos que influenciam os sistemas
que se propõem à nitrificação. Em qualquer tipo de reator, melhores taxas de nitrificação são
obtidas quando há uma limitação da concentração de matéria carbonácea e sólidos em
suspensão na entrada. Diferentes estudos convergem para uma concentração de demanda
bioquímica de oxigênio (DBO) e sólidos inferior a 15 mg/l, para que a máxima taxa de
nitrificação seja obtida. É citado, também, como regra a ser seguida, que a relação entre DBO
e nitrogênio amoniacal deve ser mantida inferior a um.
Unidade Piloto
Os reatores biológicos de biomassa fixa têm, no seu interior, um material de enchimento que
atua como meio -suporte, agregado ao qual se desenvolve a biomassa ativa. As células crescem
sobre a superfície do material, formando uma película úmida, denominada biofilme. Os
microorganismos formadores do biofilme captam e utilizam como substrato substâncias
presentes nos líquidos a serem tratados, promovendo, dessa maneira, as transformações
desejadas.
O biodisco é um processo de biomassa fixa onde os suportes plásticos são montados como
discos suportados por um eixo central. Este pacote é montado em um tanque, de forma que,
aproximadamente, 40% do suporte fiquem submersos no meio líquido durante a rotação. A
transferência de massa do substrato e do oxigênio ocorre pela rotação da parte submersa do
biodisco por meio do efluente contido no tanque. A rotação constante do suporte coloca o
biofilme ora em contato com o substrato, ora com o ar. Usualmente, a rotação empregada em
unidades industriais fica entre uma e duas rpm, e velocidade periférica de 18,3 m/min. Além de
promover o contato do biofilme com o substrato e oxigênio, a rotação tem também o papel de
controlar a espessura do biofilme. Neste tipo de reator, um biofilme suficiente se desenvolve
em, aproximadamente, duas semanas após a partida em operação normal a temperaturas acima
de 15 ºC. A espessura do biofilme alcança seu equilíbrio entre 25 e 60 dias.
Operação
A operação da unidade-piloto teve por objetivo ava liar o desempenho deste tipo de reator de
biomassa fixa na remoção de nitrogênio amoniacal por nitrificação e a influência da taxa de
aplicação de nitrogênio amoniacal.
efluente. Nesta condição, a unidade operou por, aproximadamente, três meses. Nos últimos
dois meses, o biodisco foi operado com reversão de fluxo a cada semana, e análise dos
estágios intermediários. O biodisco operou na faixa de 40 a 200 l/h. O acerto do pH e
alcalinidade foi obtido pela adição de bicarbonato de sódio. Foram analisados os seguintes
parâmetros durante a operação destas unidades: nitrogênio amoniacal, carbono orgânico total,
pH, alcalinidade, oxigênio dissolvido, sólidos suspensos voláteis e totais.
RESULTADOS
Estes resultados podem ser visualizado na figura 1, que mostra a relação entre taxa de aplicação
e remoção de nitrogênio amoniacal para as duas condições operacionais testadas. Nesta figura
fica evidenciado a manutenção da alta eficiência, na condição de reversão de fluxo, mesmo em
altas taxas de aplicação de nitrogênio amoniacal.
3,0
Eficiência=100%
2,5
(g/m2/dia) 1,5
1,0
0,5
0,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5
Taxa de aplicação
(g/m2 /dia) Com reversão
Normal
A seguir, são apresentados os resultados obtidos nos estágios intermediários do biodisco onde
são relacionadas as concentrações médias obtidas na entrada, em cada estágio e na saída do
reator. A partir destes dados foram calculadas as respectivas taxas de remoção de nitrogênio
amoniacal, para as condições de fluxo normal e reversão de fluxo periódica.
25
24,2
20 20,0
19,5
15 14,7
12,3
11,1
10
9,1
6,7
6,2
5
3,0
1,8
1,0
0
1 2 3 4 5 6
Entrada Saída
Pontos de coleta
Normal
Com reversão
Na figura 3, apresenta-se a taxa de remoção de nitrogênio amoniacal média obtida para cada
estágio, que mostra a baixa taxa de remoção, no primeiro e último estágios, para situação de
fluxo normal, quando comparado com a condição de reversão de fluxo.
2,50
2,3
2,00
TAXA DE REMOÇÃO(g/m2/dia)
1,8
1,7
1,50
1,4
1,2
1,2
1,00
0,7
0,50
0,4
0,00
1 2 3 4
com reversão
ESTÁGIOS normal
3,000
Reversão de fluxo
2,500
Taxa de remoção de NH3-N (g/m2/dia)
2,285
y = 0,88Ln(x) + 0,1
2,000
1,822
1,702 Fluxo normal
1,52
1,500
1,351
1,189 1,156 y = 0,62Ln(x) - 0,35
1,000
0,931
0,64 0,650
0,500
0,370
0,253
0,000
0,000 5,000 10,000 15,000 20,000 25,000
CONCLUSÕES
A operação com reversão de fluxo mostrou ser altamente interessante, permitindo uma melhor
absorção dos picos de carga. A eficiência máxima obtida na situação de operação do biodisco
em fluxo normal foi de 94 %, ao passo que com a reversão de fluxo obteve -se, com a mesma
taxa de aplicação hidráulica, eficiência de 99 % de remoção de nitrogênio amoniacal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS