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Universidade de Cabo Verde

Escola de Negócios e Governação


Mestrado em Economia e Finanças

Trabalho prático da disciplina de Econometria


Aplicada as Finanças

Taxa de Câmbio e o Comércio Externo, uma Análise


Econométrica, Estudo Caso: Cabo Verde

Anisio Fernandes O. Évora

Julho de 2017
RESUMO

Com o mundo cada vez mais dinâmico e globalizado, torna-se cada vez mais difícil a
tarefa dos Governos e economistas de manterem seus países em perfeita harmonia com o
exterior, principalmente no que tange às relações comerciais. Com efeito, a taxa de
câmbio e seus impactos sobre a competitividade externa dos países são analisados como
elementos integrantes de uma estratégia de desenvolvimento econômico. A estabilidade
da moeda ou a preservação do valor da moeda constituem fatores-chave para o tal
desenvolvimento e, é hoje aceite por todos que o objectivo primordial dos bancos centrais
deve ser a preservação do valor da moeda.
O estudo apresenta uma discussão empírica da relação entre a taxa de câmbio e o
comércio externo, comparando os efeitos da taxa de câmbio flutuante com destaque para
o dólar americano, no Comércio Externo, no período 2006 – 2016, no caso de estudo,
Cabo verde.

A análise e discussão são baseadas na pesquisa empírica econométrica a base de


regressões simples, relacionando a taxa de câmbio com as importações e exportações
(comercio externo) em Cabo Verde, e testando econometricamente a hipótese de que a
taxa de câmbio flutuante exerce influência sobre o comércio externo em Cabo Verde. Os
dados foram coletados no site do Banco de Cabo Verde e no INE. A amostra utilizada é
um painel em séries temporais que cobre os anos de 2006 a 2016. Os resultados atestam
a hipótese de que a taxa de câmbio flutuante tem uma enorme influência sobre as
importações e não muito forte sobre as exportações de Cabo Verde.

De uma forma geral, pode-se afirmar que os resultados empíricos obtidos do modelo
econométrico utilizado ao longo do trabalho corroboram a importância da taxa de câmbio
no comércio externo em economias emergentes e frágeis como é o caso de Cabo Verde.

Palavras-chave: Taxa de câmbio, Comércio Externo, Importação, Exportação, Cabo


Verde.

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INDICE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 4
1. ENQUADRAMENTO TEORICO ..................................................................................... 5
1.1 Visão geral.................................................................................................................... 5
1.2 Visão geral dos regimes Cambiais e Comercio Externo em Cabo Verde ............. 10
1.3 Pesquisa Empírica Econométrica ............................................................................ 14
1.3.1 Modelo Clássico de Regressão Linear ................................................................. 14
1.3.2 O conceito de Função de Regressão Populacional e Função de Regressão
Amostral14
1.3.3 Método dos Mínimos Quadrados Ordinários ..................................................... 16
1.3.4 Hipóteses subjacentes ao Método dos Mínimos Quadrados .............................. 17
1.3.5 Propriedades dos Estimadores de Mínimos Quadrados: O Teorema de Gauss-
Markov. 18
1.3.5.1 Heteroscedasticidade ............................................................................................. 18
1.3.6 Teste Estacionariedade ......................................................................................... 19
2.1.1 Teste de White ....................................................................................................... 22
3. METODOLOGIA E BASE DE DADOS ......................................................................... 23
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS EMPÍRICOS .............................................................. 24
4.1. Comportamento das exportações realizada em moeda Dólar dos EUA ................... 24
4.2. Comportamento das Importações realizadas em dólar dos EUA ............................. 25
4.3. Análise Econométrica ................................................................................................... 26
a) Teste Estacionariedade (Dickey-Fuller) .......................................................................... 26
4.3.1. Regressão Simples analisando os efeitos da taxa de câmbio sobre as Importações
de mercadorias .......................................................................................................................... 29
b) Teste de Heteroscedasticidade.......................................................................................... 31
c) Teste do Correlograma dos resíduos ............................................................................... 32
d) Teste Jarque-Bera ............................................................................................................. 32
4.3.2. Regressão Simples analisando os efeitos da taxa de cambio sobre as exportações
de mercadorias .......................................................................................................................... 33
e) Teste de Heteroscedasticidade.......................................................................................... 35
f) Teste do Correlograma dos resíduos ............................................................................... 36
g) Teste Jarque-Bera ............................................................................................................. 36
5. DISCUSSÃO ...................................................................................................................... 37
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 41
ANEXOS .................................................................................................................................... 42

3
INTRODUÇÃO

O avanço tecnológico dos transportes e das comunicações, de que beneficiou a


humanidade ao longo dos anos, a par das escolhas políticas e do reconhecimento da
importância da abertura económica dos países, contribuiu decisivamente para o
incremento do comércio internacional. A redução e ou eliminação das fronteiras
geográficas e políticas, com o fim da União Soviética, eliminou ou reduziu inúmeros
obstáculos que se levantavam. Todavia, ainda persistem alguns entraves ao incremento
do comércio mundial. O recente cenário de crise internacional, que muitos designam
como “Grande Recessão” por paralelismo com a crise dos anos 30, por sua vez, contribuiu
decisivamente para que viessem à luz as fragilidades do sistema económico internacional.

Com efeito, a estabilidade da moeda ou a preservação do valor da moeda constituem


fatores-chave para o desenvolvimento de um país. As autoridades monetárias do mundo
e o cidadão comum não são indiferentes a essa realidade e é hoje aceite por todos que o
objectivo primordial dos bancos centrais deve ser a preservação do valor da moeda. Como
qualquer mercado, os mercados cambiais transacionam algo, neste caso, as diferentes
moedas em redor do globo é que são objecto destas transações. Estas, por seu turno,
viabilizarão o comércio internacional de mercadorias e serviços, ou o simples fluxo
internacional de capitais, ao possibilitar a realização de pagamentos internacionais.
Muitos economistas têm focado atenção à influência da taxa de câmbio real sobre a
estrutura produtiva dos países emergentes nos últimos anos. A preocupação com o papel
desempenhado pelo câmbio na economia é particularmente acentuada quando se analisa
o comportamento das economias emergentes. De uma forma geral, a taxa de câmbio e
seus impactos sobre a competitividade externa dos países são analisados como elementos
integrantes de uma estratégia de desenvolvimento econômico. A valorização cambial é,
portanto, associada à piora nas contas externas, que em última análise se traduz numa
crise na balança de pagamentos em decorrência da piora dos indicadores externos de
endividamento. Há, portanto, uma “armadilha” no processo de crescimento associada à
valorização cambial e a deterioração das condições de competitividade externa. As
evidências recentes, particularmente a utilização de uma estratégia de crescimento
puxado pelas exportações na qual os bancos centrais procuram conter valorizações
cambiais excessivas, reforçam os argumentos vistos em favor da importância da taxa de
câmbio na economia e suas relações com o crescimento.

4
A taxa de câmbio é portanto uma variável importantíssima para a vida econômica de um
país, pois ela intermedia todas as transações que envolvam moeda entre os países do
mundo inteiro.

Com o mundo cada vez mais dinâmico e com a globalização, torna-se cada vez mais
difícil a tarefa dos governos e economistas de manterem seus países em perfeita harmonia
com o exterior, principalmente no que tange às relações comerciais. Sobre os governos
recai a importante tarefa de escolher qual o melhor caminho para a concretização da
estabilidade de preços. Esta pode ser monetária ou cambial. No caso de Cabo Verde,
optou-se por uma âncora cambial, num contexto de paridade fixa entre o escudo cabo-
verdiano e o euro.

O objetivo do relatório em questão é comparar de forma empírica os efeitos da taxa de


câmbio flutuante com destaque para o dólar americano no comércio externo, no período
2006 – 2016, através do estudo do caso de Cabo verde.

Assim, além dessa introdução, o relatório é dividido da seguinte forma. A seção 2 faz
uma breve discussão teórica sobre os efeitos da taxa de câmbio e de suas flutuações no
comércio externo. A seção 3 apresenta a metodologia e a especificação do modelo
econométrico estimado e a fonte de dados. A Seção 4 apresenta as evidências empíricas
obtidas. A Seção 5 tece alguns comentários. Finalmente, na seção 6 são resumidas as
principais conclusões do trabalho.

1. ENQUADRAMENTO TEORICO

1.1 Visão geral

Krugman, Obstfeld (2010: 5) ensinam que uma das principais diferenças entre a
generalidade das áreas da economia e a economia internacional é que esta última se
confronta com o facto de que, cada país possui sua própria moeda e o valor da mesma
pode variar ao longo do tempo, por vezes de forma considerável. O mesmo autor afirma
que “no mundo real não há nenhuma linha divisória simples entre as questões comerciais
e as monetárias.” É a ausência desta divisão e a existência de imperfeições na estruturação
da economia internacional, que levantam sérios problemas. A estrutura produtiva de um
país tende a alterar-se à medida que ele se desenvolve e ocorre um aumento da renda per
capita. As exportações de manufaturados desempenham papel relevante no processo de

5
desenvolvimento econômico por serem importante componente da demanda agregada,
estimulando a produção de manufaturados que geram encadeamentos produtivos e
externalidades para outros setores devido a necessidade de adaptarem-se aos padrões
internacionais de produção, conforme discutido por Rodrik (2008), Razmi, Rapetti e Skott
(2009), Johnson, Ostry e Subramanian (2006).

A importância da taxa de câmbio no sistema econômico é sublinhada por Bresser-Pereira


(2007, pp. 244). Segundo o autor: “A armadilha da taxa de câmbio é mais letal que a da
taxa de juros, porque ela facilmente termina em crise de balanço de pagamentos,
enquanto a primeira pode terminar em crise de dominância fiscal, embora seja difícil
que isso ocorra. A taxa de câmbio apreciada reduz exportações e aumenta importações.
Os índices de endividamento externo do país se deterioram, as perspectivas de piora na
margem se agravam e, subitamente, os credores decidem suspender a rolagem da dívida
externa, como aconteceu em 1998 e 2002”. De acordo com o mesmo autor, uma condição
relevante para o sucesso de uma estratégia de exportações de manufaturados de um país
seria a manutenção da taxa de câmbio real em um patamar competitivo, o que possibilita
aos exportadores de manufaturados eficientes elevarem suas vendas no exterior e a
acumulação das divisas necessárias, por parte do país, para financiar a elevação das
importações que ocorrem em virtude do aumento da renda, sem causar o endividamento
externo excessivo, como citado em McCombie e Roberts (2002). Adicionalmente, tal
acumulação também financia o processo de substituição de importações característico de
algumas etapas do processo de desenvolvimento econômico (Chenery et al., 1986;
Tavares,1964).
Diversos autores defendem que a valorização da taxa de câmbio real e o consequente
aumento da participação de importados no processo produtivo são benéficos ao
crescimento econômico, uma vez que a redução de custos dos insumos e a possibilidade
de aquisição de bens de capital mais baratos e com maior produtividade aumentam a
eficiência e contribuem para reduzir os preços, tornando os produtos mais competitivos.
Em contrapartida, autores da corrente estruturalista destacam que o aumento da
participação de insumos importados no processo produtivo pode inibir os encadeamentos
produtivos relevantes para estimular tanto a demanda interindustrial como a
diversificação da estrutura produtiva e o próprio processo de industrialização.

6
Com efeito, a análise dos efeitos da taxa de câmbio flutuante no comércio externo pode
ser feita através de uma pesquisa empírica econométrica, utilizando o modelo clássico de
regressão linear

Com já referido anteriormente, o câmbio é um importante fator para que os países


negociem suas mercadorias e/ou serviços entre si, pois os países não têm a mesma cultura,
a mesma economia, a mesma língua, os mesmos objetivos, quanto menos a mesma
moeda. De acordo com Sandroni (2004, p. 74), o câmbio é uma operação financeira que
consiste em vender, comprar ou trocar valores em moedas de outros países ou papéis que
representem moedas de outros países. Para essas operações são utilizados cheques,
moedas propriamente ditas ou notas bancárias, letras de câmbio, ordens de pagamento,
etc. Existem vários elementos de câmbio, porém os mais importantes são a moeda e o seu
preço. Assim como, existem também vários tipos de câmbio, tais como câmbio manual,
câmbio múltiplo, câmbio oficial, câmbio negro, etc.
Assim, entende-se por câmbio manual aquele onde se troca fisicamente moedas de um
país pelas de outro, como por exemplo, CVE (moeda de Cabo verde) por US Dólar
(moeda dos Estados Unidos). Tal operação só é permitida para quem viaja ao exterior
seja para lazer (turismo) ou para negócios. Denomina-se câmbio oficial aquele que é
fixado pelas autoridades monetárias devido ao conjunto de taxas de conversão de divisas
em relação à moeda nacional. O câmbio múltiplo funciona de tal forma em que as taxas
variam de acordo com a definição do uso da moeda estrangeira. Neste sistema as
exportações são privilegiadas diante das importações, pois tem-se a intenção de proteger
a economia nacional. Considere-se como câmbio negro, também chamado de câmbio
paralelo, aquele em que negociam-se moedas estrangeiras ilegalmente, normalmente
acima das taxas de câmbio oficiais com intuito de obtenção de lucros. Negociam neste
mercado todos os agentes econômicos não autorizados a operar no mercado de câmbio.

Existem vários tipos de regimes cambiais, porém serão abordados apenas alguns deles
com destaque para os regimes cambiais fixo e flexível, que são objetos deste relatório.
O regime de câmbio fixo é aquele em que o Banco Central fixa o preço de uma moeda
estrangeira em moeda nacional. A autoridade monetária garante a conversão de moeda
estrangeira em nacional, e vice-versa, a um determinado preço. Todas as transações com
o exterior que envolvam entrada e saída de divisas obedecerão à taxa de câmbio fixa para
converter as moedas. (Carvalho; Silva, 2004). Desta forma, este sistema tem

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significativas consequências sobre o volume de reservas internacionais e a oferta de
moeda dos países, pois caso haja um excesso de demanda de divisas estrangeiras, o Banco
Central de cada país vende estas divisas, em consequência diminui suas reservas e
também a oferta de moeda nacional em circulação. O contrário também é verídico, ou
seja, caso haja um excesso de oferta por divisas estrangeiras, o Banco Central de cada
país compra estas divisas, e consequentemente aumenta suas reservas internacionais e
também a oferta de moeda nacional. Porém, neste caso pode acarretar em inflação e, para
contê-la, o governo poderá, dentre outras medidas, vender títulos públicos para reduzir
novamente a oferta de moeda nacional. Este processo é denominado de “esterilização”.

De acordo com Montella (2004), caso a operação de compra de divisas não seja suficiente
para suprir o seu excesso, o governo poderá tomar algumas medidas, tal como, a
imposição de restrições à entradas de mais divisas no país. O contrário também é válido,
pois caso o volume de reservas internacionais não sejam suficientes para cobrir a falta de
divisas, dentre outras medidas o governo poderá restringir quantitativamente às
importações e/ou aumentar a taxa de juros para evitar a saída de capital estrangeiro, e por
consequência, as divisas. A principal vantagem é a segurança que este regime traz para
os agentes econômicos, pois facilita as transações com o resto do mundo, porém tem um
ônus que recai sobre o Banco Central, porque ele tem que assegurar a estabilidade
proposta pelo regime.

O regime cambial flutuante ou flexível é, aquele em que as taxas de câmbio flutuam


livremente de acordo com as forças do mercado, com o nível de demanda e ofertas de
divisas estrangeiras. Para ser tecnicamente perfeito, regime de câmbio flutuante é aquele
onde o Banco Central permite que o mercado cambial estabeleça o preço da moeda
estrangeira. Há de um lado, agentes que demandam moeda estrangeira – importadores,
turistas que vão ao exterior, etc. e, por outro, aqueles que demandam moeda nacional em
troca da moeda estrangeira que possuem, os exportadores, turistas estrangeiros no país,
etc. (Carvalho; Silva, 2004).

Assim como o regime de câmbio fixo, o flutuante também tem significativa importância
para o país, pois quanto maior a taxa real de câmbio, menor será a procura por moeda
estrangeira, devido ao fato de que as mercadorias importadas estão relativamente mais
caras em moeda nacional. Contrariamente, quanto menor for a taxa real de câmbio, maior

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será a procura por divisas, visto que os importados estão mais baratos em moeda nacional.
Do lado da oferta é o contrário, quanto maior for a taxa real de câmbio, maior será a oferta
de moeda estrangeira, pois as mercadorias exportadas estão mais caras em moeda
nacional. O contrário também é válido, quanto menor for a taxa real de câmbio, menor
será a oferta de divisas, pois as mercadorias exportadas estão mais baratas em moeda
nacional. Assim, quando a taxa de câmbio flutuante diminui de valor, diz-se que ocorreu
uma apreciação da moeda nacional, isto é, ela ganha valor em relação à moeda
estrangeira. Quando ocorre o inverso, ou seja, quando a taxa aumenta, diz-se que houve
uma depreciação da moeda nacional em relação à divisa estrangeira.

Com efeito, tanto o regime de câmbio fixo quanto o regime de câmbio flutuante (ou
flexível), são casos extremos onde as taxas são completamente controladas pela
autoridade monetária, e completamente controladas pelo mercado de câmbio
respetivamente. Porém, entre estes dois extremos existe alguns casos que vale a pena
ressaltar. Boa parte das nações que enfrentam problemas inflacionários, baseiam-se suas
políticas cambiais no regime de câmbio fixo que pode ser considerado uma âncora
cambial, isto é, fixar o valor de sua moeda no valor de moeda de um outro país, ou até
mesmo em uma cesta moedas como lembra Carvalho e Silva (2004).

De acordo com Viceconti e Neves (2003, p. 252), a taxa de câmbio é “o preço da moeda
estrangeira em termos de moeda nacional ou vice-versa.” A taxa de câmbio é uma variável
importantíssima para a vida econômica de um país, pois ela intermedia todas as transações
que envolvam moeda entre os países do mundo inteiro. No comércio internacional exerce
um papel fundamental, pois ela permite a comparação entre preços de bens e serviços
produzidos nos mais diferentes países. Desta forma, os agentes econômicos utilizam-na
para traduzir os preços externos em termos de moeda nacional. A taxa de câmbio é
definida no mercado de divisas entre o equilíbrio da oferta e da demanda de moeda
estrangeira, onde quem demanda são os importadores de mercadorias que utilizam
moedas estrangeiras para pagarem as mercadorias compradas no exterior, bem como
turistas que saem de Cabo Verde por exemplo para outros países, etc. Do lado da oferta é
o contrário, pois os exportadores que vendem suas mercadorias para outros países
recebem em outras moedas e as trocam por moeda nacional para poderem utilizá-la em
Cabo Verde, bem como os turistas que chegam a Cabo Verde e trocam suas moedas por
ECV.

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Com efeito, a taxa de câmbio nominal é aquela expressa em unidades monetárias pura e
simplesmente, e portanto, define as relações entre as diferentes moedas. A taxa de câmbio
real tem uma variável a mais que se chama inflação, ou seja, ela expressa o poder de
compra da moeda nacional envolvida em transações externas.

1.2 Visão geral dos regimes Cambiais e Comercio Externo em Cabo


Verde
Tendo em conta a teoria das Zonas Monetárias Óptimas, os países escolhem vincular a
sua moeda à de um país com o qual mantêm intensas trocas comerciais. Ao longo da
história existem moedas que em diferentes momentos se assumiram como a moeda âncora
de preferência. No caso concreto de Cabo Verde ao longo da história passou por diversos
regimes cambiais, mas, independentemente da designação atribuída, os relatos
demonstram que os regimes escolhidos não passaram de diferentes nuances de regimes
de câmbios fixos.

A moeda cabo-verdiana esteve, desde meados de 1998 e até à criação do euro, indexada
ao escudo português em resultado de um acordo de cooperação cambial
com Portugal, que garantia a convertibilidade a uma paridade fixa em escudos
portugueses e que criava igualmente uma linha de crédito com a finalidade de reforçar as
reservas cambiais de Cabo Verde. A cotação fixa em relação ao escudo português era de
1 PTE = 0,55 CVE. Está atualmente indexada ao euro, o que significa que sua cotação
em relação a outras moedas depende da variação cambial do euro. A cotação fixa em
relação ao euro é de 1 EUR = 110,265 CVE. Ou, seja, Cabo Verde, optou-se por uma
âncora cambial, num contexto de paridade fixa entre o escudo cabo-verdiano e o euro.
Mas nem sempre foi assim. Até se chegar ao regime actual, o país passou por uma série
de experiências cambiais que vieram a culminar na assinatura do Acordo de Cooperação
Cambial com Portugal e, posteriormente, na vinculação da moeda nacional à moeda da
União Europeia.

À primeira vista, o regime adoptado por Cabo Verde é bastante similar ao regime de
currency board, pois existe a vinculação da moeda nacional a uma divisa estrangeira, há
a possibilidade de convertibilidade da moeda nacional na divisa a que está ligada, a uma
taxa fixa, e a gestão do regime cambial é realizada por uma comissão monetária. Contudo,
existem factores que o distanciam deste regime. Primeiro, não existe nenhuma garantia
de convertibilidade ilimitada da moeda nacional na divisa a que está vinculada e, por

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outro lado, não existe nenhuma determinação quanto à proporção de moeda nacional que
deve ser coberta pelas reservas externas. Oferece, assim, a possibilidade da autoridade
monetária aumentar excessivamente a oferta de moeda, ou seja, permite que a autoridade
monetária aumente o crédito interno, pondo em causa as reservas externas em euros.

A credibilidade do regime depende da existência de divisas em quantidade suficiente, ou


seja, está assente na confiança que os agentes económicos têm de poder, a qualquer
momento, dispor de euros pelo valor fixo de 110,265 CVE (escudos cabo-verdianos).
Para não defraudar as expectativas dos agentes económicos, o Banco de Cabo Verde tem
de fazer uma gestão criteriosa das reservas externas, nomeadamente das reservas em
euros, já que a manutenção de um nível de reservas adequado é crucial para o sucesso do
regime cambial. Esta situação verificou-se no ano de 2000 quando, perante excessivos
défices fiscais e dada a fraca disponibilidade de recursos externos, o financiamento teve
de se processar sobretudo com recursos internos. A deterioração das contas públicas levou
o Governo a socorrer-se do sistema bancário para financiamento do défice, o que
contribuiu para o aumento da massa monetária, fenómeno normalmente designado de
monetização do défice público.

As taxas de câmbio do escudo Cabo-verdiano, face a moedas dos principais parceiros do


país, são compiladas diariamente pelo Banco de Cabo Verde, a partir das taxas de
referência do euro calculadas e disponibilizadas pelo Banco Central Europeu.

No entanto as transações comerciais podem ser realizadas como é óbvio em outras


moedas com taxas de câmbio flutuante com destaque para o Dólar dos EUA, Yen, Libra
Esterlina, etc.

A Tabela 1 ilustra como as taxas de câmbios médios comportaram no período 2006-


20016. Como pode-se constatar o escudo cabo-verdiano tem uma cotação fixa em relação
ao euro que é de 1 EUR = 110,265 CVE.

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Tabela 1:Volatilidade da taxa de câmbio no período 2006 a 2016
Coroas Coroas Coroas Yen Franco Libra Dólar dos Dólar Rand
Câmbios Médios EURO
Dinamarquesas Suecas Norueguesas (100) Suíço Esterlina EUA Canadiano (ZAR)
2006 14,78 11,92 13,71 75,47 70,11 161,71 87,93 77,50 13,09 110,265

2007 14,80 11,92 13,78 68,16 67,12 161,29 80,62 75,12 11,64 110,265

2008 14,79 11,49 13,46 73,22 69,83 138,88 75,34 70,83 9,20 110,265

2009 14,81 10,39 12,64 84,90 73,02 123,84 79,38 69,57 9,47 110,265

2010 14,81 11,52 13,74 94,21 79,80 128,43 83,28 80,46 11,33 110,265

2011 14,80 12,21 14,15 99,06 89,77 126,95 79,28 80,20 10,97 110,265

2012 14,81 12,67 14,75 107,69 91,48 136,00 85,84 85,87 10,47 110,265

2013 14,78 12,75 14,16 85,33 89,59 129,88 83,07 80,69 8,64 110,265

2014 14,79 12,13 13,21 78,59 90,78 136,51 83,08 75,22 7,66 110,265

2015 14,78 11,79 12,35 82,13 103,33 151,91 99,39 77,88 7,84 110,265

2016 14,81 11,63 11,87 91,82 101,16 135,16 99,69 75,25 6,80 110,265

Fonte: Banco central de Cabo Verde (BCV)


Alterações no comercio externo são sentidas muito rápidas quando o governo adota uma
medida cambial, seja ela qual for. O governo pode adoptar uma medida que visa apreciar
a moeda nacional em relação a moeda estrangeira, ou seja, o governo baixa a taxa de
câmbio, e assim os agentes econômicos precisam de menos unidades de moeda nacional
para equivaler a uma unidade de moeda estrangeira, em consequência, há um aumento
das importações, uma queda das exportações. Por outro lado, quando o governo toma tais
medidas com o intuito de depreciar o câmbio, os agentes econômicos passam a precisar
de mais unidades de moedas nacional para comprarem uma unidade de moeda estrangeira.
Desta forma, as consequências são aumento das exportações, diminuição das
Importações. Porém, uma depreciação cambial prolongada por muito tempo pode ser
prejudicial para a economia porque pode gerar inflação, justamente pelo fato dos insumos
estarem mais caros e os produtores transferirem este custo para os preços, faz com que
haja um aumento no nível geral de preços, acarretando em elevação da inflação. E, com
inflação maior, os preços serão reajustados, junto com reajuste de salários, etc. e assim
torna-se um ciclo vicioso.
Com efeito, com base nas figuras 1, pode-se afirmar que com uma base produtiva pouco
desenvolvida, Cabo Verde, como pequena economia aberta num contexto de globalização
e competitividade crescentes, apresenta um elevado nível de vulnerabilidade externa. País
insular, sem grandes matérias-primas e, praticamente, sem qualquer produção industrial,
Cabo Verde não tem conseguido atingir a chamada economia de escala, que lhe permita
competir internacionalmente e exportar mais bens e serviços. No entanto, Cabo Verde,
com todas as fragilidades que lhe são conhecidas, tem tentado entrar em alguns mercados,

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pelo menos naqueles em que poderá ter produtos e serviços competitivos para fornecer,
como acontece com o grogue que já é exportado para os Estados Unidos, assim como o
atum de São Nicolau, produzido pela SUCLA, ou o vinho ou o café do Fogo, com a
Coffee Spirit, que já é comercializado em algumas cadeias da famosa Starbucks, onde
todos os produtores de café aspiram chegar, os preparados e conservas de peixe que são
exportados pela conserveira FRESCOMAR, S.A. para o mercado europeu, os peixes,
crustáceos e moluscos, etc. Segundo dados avançados pela DGCI, as exportações de bens
e serviços de Cabo Verde estão ainda concentradas nas grandes empresas. A indústria do
pescado responde praticamente com cerca de 80% das exportações. Depois temos
algumas outras empresas que operavam na zona franca e que ainda operam, que exportam
material ortopédico. Mas, verifica-se uma tendência crescente de operadores que
produzem vinho e grogue a entrarem nessa cadeia, começa-se a ver uma diversificação
do que é exportado a partir de Cabo Verde.

Por ser um país parco em recursos naturais, importa a maioria dos bens de que necessita.

A Figura 1, ilustra o explicado anteriormente, portanto faz uma comparação entre


importação e exportação de mercadorias realizada em milhões de dólares, entre 2006 -
2016. De realçar que o comercio externo efectuadas nas outras moedas (Euro, Coroa
sueca, o Yen (100), Libra esterlina, o e Rand (ZAR) etc., não foram comtempladas, para
o efeito do estudo.

Figura 1: Comparação entre Importação e Exportação de mercadorias no período 2006-


2016, Cabo Verde, realizado na moeda dólar dos EUA.

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1.3 Pesquisa Empírica Econométrica

1.3.1 Modelo Clássico de Regressão Linear

O termo regressão foi introduzido por Francis Galton. Ele verificou que, embora houvesse
uma tendência de pais altos terem filhos altos e de pais baixos terem filhos baixos, a altura
média dos filhos de pais de uma dada altura tendia a se deslocar ou “regredir” até a altura
média da população como um todo. Em outras palavras, a altura dos filhos de pais
extraordinariamente altos ou baixos tende a se mover para a altura média da população.
A interpretação moderna da regressão é diferente, ocupa-se do estudo da dependência de
uma variável (chamada variável endógena, resposta ou dependente), em relação a uma ou
mais variáveis, as variáveis explicativas (ou exógenas), com o objetivo de estimar e/ou
prever a média (da população) ou valor médio de dependente em termos dos valores
conhecidos ou fixos (em amostragem repetida) das explicativas.
É importante ressaltar que embora a análise de regressão lide com a dependência de uma
variável em relação a outras variáveis, ela não implica necessariamente em causa. Uma
relação estatística, por mais forte e sugestiva que seja, jamais pode estabelecer uma
relação causal. As ideias sobre causa devem vir de fora da estatística, enfim, de outra
teoria.
A análise de regressão conceitualmente é muito diferente da análise de correlação, cujo
objetivo básico é medir a intensidade ou o grau de associação linear entre duas variáveis.
Por exemplo, podemos estar interessados em achar a correlação entre o hábito de fumar
e o câncer no pulmão. Ou ainda, a correlação entre as pontuações em exames de estatística
e de matemática. Na análise de regressão não estamos interessados em tal medição. Em
vez disso, tentamos estimar ou prever o valor médio de uma variável com base nos valores
fixados de outras variáveis. Assim, podemos querer saber se é possível prever a nota
média em uma prova de estatística sabendo a nota de um estudante em uma prova de
matemática. O coeficiente de correlação mede a intensidade da associação (linear).

1.3.2 O conceito de Função de Regressão Populacional e Função de


Regressão Amostral

Função de Regressão Populacional (FRP)

14
𝐸(𝑌⁄𝑋𝑖 ) = 𝑓(𝑋𝑖 ) (1)

A média condicional é uma função de 𝑋𝑖 , em que 𝑓(𝑋𝑖 ) indica alguma função da variável
explicativa 𝑋𝑖 . A equação (1) é conhecida como função de regressão populacional (FRP)
(ou equação de regressão linear) de duas variáveis. Como uma primeira aproximação ou
uma hipótese de trabalho, pode-se supor que FRP 𝐸(𝑌⁄𝑋𝑖 ) seja uma função linear de
𝑋𝑖 , do tipo
𝐸(𝑌⁄𝑋𝑖 ) = 𝛽0 + 𝛽1 𝑋𝑖 (2)

Onde:
𝛽0 - Intercepto
𝛽1 - Coeficiente de inclinação

Especificação estocástica
𝑌 = 𝛽0 + 𝛽1 𝑋𝑖 + 𝜀𝑖 (3)

Onde 𝜀𝑖 é uma variável aleatória não-observável que pode assumir valores positivos ou
negativos, também conhecido como termo de erro estocástico ou perturbação estocástica.

Função de Regressão Amostral (FRA)


Na maioria das situações práticas é somente uma amostra de valores 𝑌 correspondentes e
alguns 𝑋s fixos. A nossa tarefa é estimar a FRP com base nas informações da amostra.
Analogamente a FRP, que fundamenta a recta de regressão da população, podemos
desenvolver o conceito de FUNÇÃO DE REGRESSÃO AMOSTRAL (FRA) para
representar a reta de regressão Amostral. A amostra é contrapartida da Equação (2) pode
ser escrita como

̂𝑖 = 𝛽̂0 + 𝛽̂1 𝑋𝑖
𝑌

Onde:
̂𝑖 = Estimador de 𝐸(𝑌⁄𝑋𝑖 )
𝑌

𝛽̂0 = Estimador de 𝛽0

𝛽̂1 = Estimador de 𝛽1
Estimador e Estimativa
Estimador, também conhecido como uma estatística (baseado na amostra), é
simplesmente uma regra, fórmula ou método que nos diz como estimar o parâmetro da
população a partir das informações dadas pela amostra disponível. Estimativa é um valor

15
numérico particular obtido pelo estimador em uma aplicação é conhecido como uma
estimativa. Podemos expressar a FRA por sua fórmula estocástica:

𝑌𝑖 = 𝛽̂0 + 𝛽̂1 𝑋𝑖 + 𝜀𝑖
O principal objetivo na análise de regressão é estimar a FRP:
𝑌𝑖 = 𝛽0 + 𝛽1 𝑋𝑖 + 𝜀𝑖
Com base na FRA:

𝑌𝑖 = 𝛽̂0 + 𝛽̂1 𝑋𝑖 + 𝜀𝑖

1.3.3 Método dos Mínimos Quadrados Ordinários

Função de Regressão Populacional (FRP) de duas variáveis: 𝑌𝑖 = 𝛽0 + 𝛽1 𝑋𝑖 + 𝜀𝑖

Entretanto a FRP não é diretamente observável, assim sendo, estima-se a partir de FRA:

𝑌𝑖 = 𝛽̂0 + 𝛽̂1 𝑋𝑖 + 𝜀̂𝑖

𝑌𝑖 = 𝑌̂𝑖 + 𝜀̂𝑖

Onde: 𝑌̂𝑖 é o valor (média condicional) estimado de 𝑌𝑖 .

𝜀̂𝑖 = 𝑌𝑖 − 𝑌̂𝑖

𝜀̂𝑖 = 𝑌𝑖 − 𝛽̂0 − 𝛽̂1 𝑋𝑖 + 𝜀̂𝑖

𝜀̂𝑖 (resíduos) são simplesmente as diferenças entre os valores 𝑌 reais e estimados.

Pode-se adotar o seguinte critério:

∑ 𝜀𝑖 = ∑( 𝑌𝑖 − 𝑌̂𝑖 ) seja a menor possível. Se adotar o critério de minimizar esta soma


todos os resíduos recebem o mesmo peso na soma embora alguns resíduos estejam muito
mais próximos de FRA que outros. Ou seja, os resíduos têm igual importância,
independentemente de quão próximas ou dispersas as observações individuais sejam
relativamente a FRA. A soma algébrica desses resíduos é zero. Pode-se evitar este
problema adotando o critério dos mínimos quadrados, segundo o qual a FRA pode ser
fixada de tal modo que:

∑(𝜀̂𝑖 )2 = ∑(𝑌𝑖 − 𝑌̂𝑖 )2

16
∑(𝜀̂𝑖 )2 = ∑(𝑌𝑖 − 𝛽̂0 − 𝛽̂1 𝑋𝑖 )2

 Ao elevar 𝜀̂𝑖 ao quadrado, este método dá maior peso a resíduos próximos da FRA
do que os distantes.
 Soma dos resíduos elevados ao quadrado é alguma função dos estimadores 𝛽̂0 e
𝛽̂1 ;
 O Método dos mínimos quadrados escolhe 𝛽̂0 e 𝛽̂1 de tal maneira que, para uma
dada amostra ou conjunto de dados, ∑(𝜀̂𝑖 )2 é a menor possível. Ou seja, para uma
dada amostra, o método dos mínimos quadrados nos fornece estimativas únicas
de 𝛽̂0 e 𝛽̂1 que dão o menor valor possível de ∑(𝜀̂𝑖 )2.

1.3.4 Hipóteses subjacentes ao Método dos Mínimos Quadrados


O objetivo não é somente obter 𝛽̂0 e 𝛽̂1 mas também fazer inferências sobre os verdadeiros
𝛽̂0 e 𝛽̂1 . Por exemplo, queria-se saber quão próximo 𝑌̂𝑖 é do verdadeiro 𝐸(𝑌⁄𝑋𝑖 ). Para
tanto, deve-se não apenas especificar a forma funcional do modelo, mas também formular
certas hipóteses sobre o modo pelo qual são gerados.

Precisão ou Erros-padrão das Estimativas por Mínimos Quadrados


As estimativas por mínimos quadrados são uma função dos dados da amostra. Mas como
os dados provavelmente variam de amostra para amostra, as estimativas variarão.
Consequentemente, o que se necessita é de alguma medida de “confiabilidade” ou
precisão dos estimadores 𝛽̂0 e 𝛽̂1 . Na estatística, a precisão de uma estimativa é medida
por seu erro-padrão (ep).

Dada as hipóteses os erros-padrão das estimativas por MQO podem ser obtidos:

̂ )= 𝜎2
𝑉𝑎𝑟(𝛽 1
∑ 𝑋𝑖 2

̂ )= 𝜎
𝑒𝑝((𝛽 1
√∑ 𝑋 𝑖 2

∑ 𝑋𝑖 2
̂ )=
𝑉𝑎𝑟(𝛽 𝜎2
0
𝑛 ∑ 𝑋𝑖 2

∑ 𝑋𝑖 2
𝑒𝑝(𝛽̂0 ) = √ 𝜎
𝑛 ∑ 𝑋𝑖 2

17
2
∑ 𝜀̂𝑖 2
𝜎̂ =
𝑛−2
Em que 𝑉𝑎𝑟 = variância e 𝑒𝑝 = erro-padrão, e 𝜎 2 é a variância constante ou
homoscedástica de 𝜀𝑖 da Hipótese.
1.3.5 Propriedades dos Estimadores de Mínimos Quadrados: O
Teorema de Gauss-Markov.
Dada as hipóteses do modelo clássico de regressão linear, as estimativas por mínimos
quadrados possuem algumas propriedades ideais ou ótimas. Estas propriedades estão
contidas no conhecido teorema de Gauss-Markov. Para entender este teorema, precisa
considerar a propriedade do melhor estimador linear não-viesado para um estimador. O
estimador de MQO , 𝛽̂1 é um melhor estimador linear não-viesado (MELNV) de 𝛽̂1 ,
caso seja válido o seguinte:

1. É linear, isto é, uma função linear de uma variável aleatória, tal como a variável
dependente 𝑌 no modelo de regressão.
2. É não-viesado, isto é, seu valor médio ou esperado, 𝐸(𝛽̂1 ), é igual ao valor
verdadeiro, 𝛽̂1 .
3. Tem mínima variância na classe de todos esses estimadores lineares não-viesados;
um estimador não-viesado com a menor variância é conhecido como um
estimador eficiente.

1.3.5.1 Heteroscedasticidade
A heteroscedasticidade é um fenómeno estatístico que ocorre quando o modelo de
hipótese matemática apresenta variâncias para 𝑌 𝑒 𝑋 (𝑋1 , 𝑋2 , 𝑋3 , 𝑋𝑛 ) não iguais para
todas as observações, contrariando o postulado: 𝐸(𝜀𝑖2 ) = 𝜎 2 𝑖 = 1; 2; … … . +𝑛.

Esta hipótese do Modelo Clássico de Regressão Linear, pressupõe que a variância de cada
termo de perturbação εi , condicional aos valores escolhidos das variáveis explicativas, é
algum número constante igual a σ2 .Ou seja, este postulado é a da homocedasticidade,
ou igual (homo) dispersão (scedasticidade), isto é, igual variância.

Em outras palavras, a heterocedasticidade apresenta-se como uma forte dispersão dos


dados em torno de uma reta, uma dispersão dos dados perante um modelo econométrico
regredido.

Uma definição mais precisa seria na qual uma distribuição de frequência em que todas as
distribuições condicionadas têm desvios padrão diferentes.

18
O contrário desse fenômeno, a homocedasticidade dá-se pela observância do postulado,
isto é, os dados regredidos encontram-se mais homogeneamente e menos dispersos
(concentrados) em torno da reta de regressão do modelo. Sua detecção pode ser realizada
por meio do Teste de White, que consiste num teste residual.

A heteroscedasticidade não elimina as propriedades de inexistência de viés e consistência


dos estimadores de MQO, no entanto, eles deixam de ter variância mínima e eficiência,
ou seja, não são os melhores estimadores lineares não-viesados (MELNV). As medidas
corretivas não são fáceis de serem implementadas. Se a amostra for grande, podemos
obter os erros padrão com heterocedasticidade corrigida segundo White dos estimadores
de MQO e realizar inferências estatísticas com base nesses erros padrão.

Diferentemente, através dos resíduos de MQO, pode-se levantar hipóteses sobre o


provável padrão da heteroscedasticidade e transformar os dados originais de tal forma
que não haja heterocedasticidade nos dados transformados.

1.3.6 Teste Estacionariedade

Uma série temporal é dita estacionária quando ela se desenvolve no tempo aleatoriamente
ao redor de uma média constante, refletindo alguma forma de equilíbrio estável. Na
prática, a maioria das séries que encontra-se apresentam algum tipo de não
estacionariedade, por exemplo, tendência.

Grande parte dos recursos para séries temporais foram elaborados utilizando o conceito
de estacionariedade nas séries. Uma forma geral para analisar este fato é fazendo um
estudo da existência de alguma raiz dos operadores de retardos dentro do círculo unitário,
denominada simplesmente por raiz unitária.

Portanto, utilizamos testes de hipóteses que em geral, possui as seguintes hipóteses:

𝐻0 = 𝐸𝑥𝑖𝑠𝑡𝑒 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑚𝑒𝑛𝑜𝑠 𝑢𝑚𝑎 𝑟𝑎𝑖𝑧 𝑑𝑒𝑛𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝑐í𝑟𝑐𝑢𝑙𝑜 𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜

𝐻1 = 𝑁ã𝑜 𝑒𝑥𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚 𝑟𝑎𝑖𝑧𝑒𝑠 𝑑𝑒𝑛𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝑐í𝑟𝑐𝑢𝑙𝑜 𝑢𝑛𝑖𝑡𝑎𝑟𝑖𝑜

Apresenta-se a seguir três testes de raiz unitária, cada um com suas particularidades. Em
um contexto geral, o ideal é aplicar os testes em conjunto para ter a certeza da
estacionariedade da série.

Teste de Estacionariedade (Dickey-Fuller)

19
Em modelos de séries temporais em econometria (aplicação de
métodos estatísticos à economia), a unidade de raiz é uma característica dos processos
que evoluem ao longo do tempo e que podem causar problemas na inferência estatística,
se não for tratada adequadamente. Um processo estocástico linear tem uma raiz unitária
se 1 é raiz da equação característica do processo. Tal processo é não-estacionário. Se as
outras raízes da equação característica ocorrem dentro do círculo unitário, ou seja, têm
um módulo (valor absoluto) menor que um, então a primeira diferença do processo é
estacionária.

O teste Dickey-Fuller mostra a hipótese de haver a ausência ou presença de uma raiz


unitária em séries temporais. Ele indica se o valor para o coeficiente de correlação
amostral é ou não igual a 1. No caso de a série não apresentar raiz unitária, isto é, se o
valor calculado para o teste Dickey-Fuller for superior aos valores críticos, então não se
rejeita a hipótese de uma série estacionária. Com uma série temporal estacionária, a
média, variância e covariância são constantes no tempo.

 Se “test estatistic”<“critical value” ao nível de 5% ; e se “mackinnon approximate


p-value for z(t) ” mostrar um valor que não seja 0 = a série não é estacionária.

 Se “test estatistic” > “critical value” ao nível de 5%; e se “mackinnon approximate


p-value for z(t) ” mostrar um valor igual a 0 = a série é estacionária.

Utilizando o indicador p-value (pv), nível de significância de 5% em que se for superior


ao nível de significância do teste em análise, aceita-se 𝐻0 , caso contrário rejeita-se a
hipótese nula.

Teste de Durbin-Watson
O teste de Durbin-Watson é utilizado para detectar a presença de autocorrelação
(dependência) nos resíduos de uma análise de regressão. Este teste é baseado na suposição
de que os erros no modelo de regressão são gerados por um processo autorregressivo de
primeira ordem, de acordo com:

𝜀𝑖 = 𝜌𝜀𝑖−1 + 𝛼𝑖

em que 𝜀𝑖 é o termo do erro do modelo na i-ésima observação, e ( )


é o parâmetro de autocorrelação. Testa-se a presença de autocorrelação por meio das
hipóteses:

20
Sendo 𝜀𝑖 o resíduo associado à i-ésima observação, tem-se que a estatística do teste de
Durbin-Watson é dada por:

∑𝑛𝑖=2(𝜀𝑖 − 𝜀𝑖−1 )2
𝑑𝑤 =
∑𝑛𝑖=1 𝜀𝑖 2

em que 0 ≤ 𝑑𝑤 ≤ 4. A distribuição de 𝑑𝑤 depende da matriz X. Entretanto, podemos


tomar a decisão comparando o valor de 𝑑𝑤 com os valores críticos 𝑑𝐿 e dU da Tabela de
Durbin-Watson (Tabela 3.3.2.1). Assim,

 se 0 ≤ 𝑑𝑤 < 𝑑𝐿 então rejeitamos 𝐻0 (dependência);


 se 𝑑𝐿 ≤ 𝑑𝑤 ≤ 𝑑𝑈 então o teste é inconclusivo;
 se 𝑑𝑈 < 𝑑𝑤 < 4-𝑑𝑈 então não rejeitamos 𝐻0 (independência);
 se 4-𝑑𝑈 ≤ 𝑑𝑤 ≤ 4-𝑑𝐿 então o teste é inconclusivo;
 se 4 - 𝑑𝐿 < 𝑑𝑤 ≤ 4 então rejeitamos 𝐻0 (dependência)
.
Quando 0 ≤ 𝑑𝑤 < 𝑑𝐿 tem-se a evidência de uma correlação positiva.

Já quando 4 − 𝑑𝐿 < 𝑑𝑤 ≤ 4 , a correlação é negativa. No caso em que não rejeitar 𝐻0 ,


tem-se que não existe autocorrelação, ou seja, os resíduos são independentes. Pode-se
também tomar a decisão pelo p-valor. Os valores críticos tabelados apresentados na
Tabela 3.3.2.1 são geralmente utilizados para testar versus . Desta forma, se
para um determinado utiliza-se os valores da Tabela para testar versus ,
o erro tipo I do teste em questão será .

Tabela 2: Valores críticos do teste de Durbin-Watson.

Nível de Número de variáveis explicativas


significância 1 2 3 4 5

0,01 0,81 1,07 0,7 1,25 0,59 1,46 0,49 1,7 0,39 1,96

15 0,025 0,95 1,23 0,83 1,4 0,71 1,61 0,59 1,84 0,48 2,09

0,05 1,08 1,36 0,95 1,54 0,82 1,75 0,69 1,97 0,56 2,21

0,01 0,95 1,15 0,86 1,27 0,77 1,41 0,63 1,57 0,6 1,74
20 0,025 1,08 1,28 0,99 1,41 0,89 1,55 0,79 1,7 0,7 1,87

21
0,05 1,2 1,41 1,1 1,54 1 1,68 0,9 1,83 0,79 1,99

0,01 1,05 1,21 0,98 1,3 0,9 1,41 0,83 1,52 0,75 1,65

25 0,025 1,13 1,34 1,1 1,43 1,02 1,54 0,94 1,65 0,86 1,77

0,05 1,2 1,45 1,21 1,55 1,12 1,66 1,04 1,77 0,95 1,89

0,01 1,13 1,26 1,07 1,34 1,01 1,42 0,94 1,51 0,88 1,61

30 0,025 1,25 1,38 1,18 1,46 1,12 1,54 1,05 1,63 0,98 1,73

0,05 1,35 1,49 1,28 1,57 1,21 1,65 1,14 1,74 1,07 1,83

0,01 1,25 1,34 1,2 1,4 1,15 1,46 1,1 1,52 1,05 1,58

40 0,025 1,35 1,45 1,3 1,51 1,25 1,57 1,2 1,63 1,15 1,69

0,05 1,44 1,54 1,39 1,6 1,34 1,66 1,29 1,72 1,23 1,79

0,01 1,32 1,4 1,28 1,45 1,24 1,49 1,2 1,54 1,16 1,59

50 0,025 1,42 1,5 1,38 1,54 1,34 1,59 1,3 1,64 1,26 1,69

0,05 1,5 1,59 1,46 1,63 1,42 1,67 1,38 1,72 1,34 1,7

2.1.1 Teste de White

O teste de White é um teste estatístico para detectar a presença de heteroscedasticidade


geral em um modelo matemático.

Admitindo o modelo 𝑌𝑖 = 𝛽0 + 𝛽1 𝑋𝑖1 + 𝛽2 𝑋𝑖2 + 𝜀𝑖 , o teste


de heteroscedasticidade implica nos seguintes passos:

1. Estimar o modelo inicial para obter os resíduos 𝜀𝑖 ;


2. Estimar a seguinte equação auxiliar para obter:
 𝑅 2 𝜀̂𝑖2 = 𝛼0 + 𝛼1 𝑋𝑖1 + 𝛼2 𝑋12 + 𝛼3 𝑋112 + 𝛼4 𝑋12
2
+ 𝛼5 𝑋𝑖1𝑋𝑖2 + 𝜀𝑖 ;
3. Testar a seguinte hipótese:
 𝐻0 : 𝛼1 = 𝛼2 = 𝛼3 = 𝛼4 = 𝛼5 = 0 (hipótese da Homocedasticidade)
 𝐻1 : 𝛼1 ; 𝛼2 ; 𝛼3 ; 𝛼4 ; 𝛼5 ≠ 0 (hipótese da Heteroscedasticidade)

Usar o seguinte teste estatístico: n𝑅 2 ~𝑋𝐾2 , onde n = número de observações e 𝐾 = graus


de liberdade (nº de variáveis explicativas na equação auxiliar);

4. Critério de decisão Se n𝑅 2 > 𝑋𝑐2 , onde 𝑋𝑐2 é algum valor crítico de uma Qui-Quadrada
com 𝐾 graus de liberdade, para um nível de significância dado, rejeitar a hipótese de
Homocedasticidade.

22
3. METODOLOGIA E BASE DE DADOS
A metodologia será baseada na pesquisa empírica econométrica a base de regressões
simples, criado por Francis Galton em 1886. Pretende-se a partir dessa teoria de
regressões simples, relacionar as importações e exportações (comercio externo) com a
taxa de câmbio. Pretende-se estimar valores da variável 𝑌, para isso vai-se considerar os
valores de outra variável 𝑋, que acredita-se ter poderes de explicação sobre 𝑌 conforme
a fórmula:

𝑌 = 𝛽0 + 𝛽1 𝑋 + 𝜀

Onde,

𝑌 , representa a variável dependente ou endógena, nesse caso concreto a importação ou


exportação, 𝑋 representa a variável independente ou exógena, que é a taxa de cambio,
𝛽0 , representa o parâmetro do modelo chamado de constante, porque não depende de 𝑋,
𝛽1 é o parâmetro do modelo chamado de coeficiente da variável 𝑋 e, 𝜀 representa a
variação de 𝑌 que não é explicado pelo modelo.

Através do método dos mínimos quadrados encontrar-se-á as estimativas de 𝛽0 e 𝛽1 ,


como o nome diz, serão somente estimativas desses parâmetros, porque o valor real dos
parâmetros são desconhecidos, portanto ao estimar o modelo usando a base dados
estimar-se-á na verdade:

𝑌𝑖 = 𝛽̂0 + 𝛽̂1 𝑋𝑖 𝜀̂𝑖

Onde, i indica cada uma das n observações da base de dados e, 𝜀̂ passa a ser chamado de
resíduo.

Os dados foram coletados no site do Banco de Cabo Verde e do INE. A amostra utilizada
é um painel com séries temporais que cobre os anos de 2006 a 2016, e comtempla as
regiões geográficas América Africa, e Resto do Mundo, onde as transações comerciais
são realizadas preferencialmente em dólar. Convém ainda realçar que as estatísticas
cambiais são compiladas pelo Banco de Cabo Verde a partir das taxas de referência do
euro calculadas e disponibilizadas pelo Banco Central Europeu. Numa periodicidade
mensal, o Banco de Cabo Verde divulga as taxas de câmbio mensais e de fim de período
do escudo de Cabo Verde em relação ao euro, libra esterlina, dólar americano, coroa
dinamarquesa, coroa sueca, coroa norueguesa, iene japonês, franco suíço, rand sul-

23
africano e dólar canadiano. Igualmente são compiladas e divulgadas os índices da taxa de
câmbio efectiva nominal e real do escudo cabo-verdiano.

Os dados de base utilizados pelo INE na elaboração das estatísticas do comércio externo,
provêm da Direção Geral das Alfândegas, na forma de ficheiros eletrónicos e resultam do
aproveitamento de atos administrativos. A nomenclatura de produtos utilizada no
tratamento dos dados é o Sistema Harmonizado (SH) que é utilizada por muitos países,
permitindo assim, a comparabilidade das estatísticas do comércio externo de Cabo Verde
com outras realidades.

Por último vai-se testar econometricamente aplicando teste de estacionariedade (Dickey-


Fuller), teste de correlação, heterocedasticidade, teste White, Durbin Watson, levando em
conta as duas hipóteses:

𝐻1 : O montante relativamente a importação realizada na moeda dólares dos EUA é


afetado em larga medida pelas variações na taxa de câmbio do dólar.

𝐻2 : O montante relativamente a exportação, realizada em dólares dos EUA é afetado


pelas flutuações na taxa de câmbio do dólar.

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS EMPÍRICOS

O sucesso de qualquer análise econométrica depende basicamente da disponibilidade de


dados apropriados. A análise a estrutura e a evolução das trocas comerciais (Exportações
e as Importações) entre Cabo Verde e o resto do mundo, realizadas a partir da moeda
dólar dos EUA, foi efetuada tendo em conta dados disponíveis no site do Banco de Cabo
Verde e do INE. A amostra utilizada foi um painel em séries temporais que cobre os anos
de 2006 a 2016, conforme demostrado abaixo.

As Figuras 2 e 3 mostram os resultados obtidos, relativamente as importações e


exportações de mercadorias efectuadas principalmente para Africa e América,
comparativamente ao regime cambial flutuante (dólar dos EUA).

4.1.Comportamento das exportações realizada em moeda Dólar dos


EUA

24
Figura 2: Comportamento das Exportações em Milhões de Dólares

A partir da análise da figura 2 pode-se constatar que os primeiros anos em análise


mostraram uma tendência decrescente das exportações realizadas em dólares para as
regiões da América e Africa, motivado em grande medida pela depreciação da taxa média
do câmbio do dólar de 87 CVE para 75 CVE. No entanto essa tendência reverteu-se de
2010 até 2014, com a apreciação da taxa de câmbio medio de 75 CVE para 86 CVE, e
com as exportações a crescerem de cerca de 0,5 milhões de dólares para cerca de 6
milhões de dólares, voltando a cair logo de seguida. Nota-se ainda que as exportações nos
últimos anos, tiveram uma evolução negativa quer para a África quer para América,
contudo a taxa de câmbio medio do dólar apreciou tendo atingido valores nunca antes
registado, considerando-se o período 2006-2016.

4.2.Comportamento das Importações realizadas em dólar dos EUA

A figura 3 explica o comportamento das importações provenientes principalmente do


continente Americano, Africano e Asiático em milhões de dólares.

25
Figura 3: Comportamento das importações em milhões de dólares, face as flutuações da
taxa de câmbio do dólar
Nota-se nos primeiros anos 2006-2008 que com a depreciação do dólar as importações
aumentaram consideravelmente, sendo que a partir dai o dólar volta a apreciar levando a
uma redução grande das importações. Entre 2011 e 2012 as importações atingiram valores
recordes não obstante a taxa de câmbio do dólar ter mantido em alta. No entanto com a
apreciação da taxa de câmbio medio do dólar nos últimos anos para valores nunca antes
registado, as importações em dólar dos EUA tem tido uma redução acentuada.

4.3.Análise Econométrica
Para fazer-se uma análise mais formal da relação entre as variáveis utilizou-se a pesquisa
econométrica a base de regressões simples. O Comércio Externo (importação e
exportação) foi considerado como variável dependente, e a taxa de câmbio flutuante com
destaque para o dólar americano, foi considerada variável explicativa. Sendo assim tentou
entender a relação entre as variáveis, com o objetivo de estimar ou prever a média ou
valor médio de dependente em termos dos valores conhecidos ou fixos das explicativas.
Os pontos a seguir explicam toda a análise realizada.

a) Teste Estacionariedade (Dickey-Fuller)


Essa técnica permite verificar se uma série é ou não estacionária. Ao utilizar dados de
séries temporais em modelos de regressão, as séries precisam ser estacionárias. Foi
aplicado o teste de Dickey-Fuller para verificar a estacionariedade das séries. No teste, as
hipóteses nulas e alternativas são:

26
𝐻0 : apresenta raiz unitária (não estacionaria)

𝐻1 : não apresenta raiz unitária (é estacionária)

Tabela 3: Teste com a variável dependente ou endógena, nesse caso concreto total das
Importações anuais

Da análise da tabela 3 pode-se constatar que o valor do t-statistic (Dickey-Fuller) é de -


4.53 é inferior a -4.10 a um nível de significância de 5%, pelo que se rejeita 𝐻0 ,
concluindo assim que o modelo apresenta raiz unitária, ou seja, a série é estacionária.
Também pode-se fazer a análise pelo p-valor: 0.03, que logicamente conduz a mesma
conclusão, sendo menor que o nível de significância pré-fixado (0.05).

27
Tabela 4: Teste com a variável dependente ou endógena, nesse caso concreto total das
Exportações anuais

Analisando a tabela 4 pode-se constatar que o valor do t-statistic (Dickey-Fuller) é de -


1.62 é superior a -4.10 a um nível de significância de 5%, pelo que se não rejeita 𝐻0 ,
concluindo assim que o modelo apresenta raiz unitária, ou seja, a série é não estacionária.

28
Tabela 5: Teste com a variável explicativa, taxa de câmbio do dólar EUA

A tabela 4 mostra que o valor do t-statistic (Dickey-Fuller) é de -2.34 é superior a -4.008


a um nível de significância de 5%, pelo que não se rejeita 𝐻0 , concluindo assim que o
modelo apresenta raiz unitária, ou seja, a série é não estacionária. Conclui-se ainda que o
valor do t-statistic (Dickey-Fuller) é superior ao t crítico aos níveis de significância de
1%, 5% e 10%. Também pode-se fazer a análise pelo p-valor: 0.37 que logicamente
conduz a mesma conclusão, sendo maior que o nível de significância pré-fixado (0.05).

4.3.1. Regressão Simples analisando os efeitos da taxa de


câmbio sobre as Importações de mercadorias
As tabelas abaixo mostram os resultados obtidos relativamente as importações de
mercadorias, comparativamente ao regime cambial flutuante com destaque para o dólar
dos EUA. Apresenta-se igualmente os testes com relação aos dados e os resíduos,

29
nomeadamente o teste de heteroscedasticidade, teste do correlograma dos resíduos, teste
Jarque-Bera.

Tabela 6: Resumo dos resultados da regressão, com relação as importações realizada em


dólar dos Estados Unidos

𝐼𝑚𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎çã𝑜 = 110.98 − 0.29𝑇𝑎𝑥𝑎 𝐶𝑎𝑚𝑏𝑖𝑜

Analisando a tabela 6 pode-se constatar que, o parâmetro 𝛽0 designado de constante é


igual a 110.98, e o parâmetro 𝛽1 designado de coeficiente da variável X apresenta um
valor negativo igual a 0.29. Uma análise a equação 𝐼𝑚𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎çã𝑜 = 110.98 −
0.29𝑇𝑎𝑥𝑎 𝐶𝑎𝑚𝑏𝑖𝑜, pode-se concluir que a Importação média é de 110.98 milhões de
dólares. O que significa dizer que para cada variação de 1 dólar na taxa de cambio a
importação varia 29%, ou para cada aumento de 1% na taxa de cambio, a importação
diminui em 29%. O R² varia entre 0 e 1, indicando, em percentagem, o quanto o modelo
consegue explicar os valores observados. Quanto maior o R², mais explicativo é modelo,
melhor ele se ajusta à amostra. No entanto constata-se que o R² do modelo é 0,031 isto
significa que apenas 3% da variável dependente consegue ser explicada pelos regressores
presentes no modelo. Constatou-se ainda que o p-value do coeficiente é igual a 0.60, ou
seja superior a 0.05 que é o nível de significância pré-fixado, concluindo assim que o
coeficiente é não significativo, no entanto o valor do intercepto é igual a 0.04
demonstrando que intercepto é significativo, seguindo o mesmo raciocínio.

O teste de Durbin-Watson é utilizado para detectar a presença de autocorrelação


(dependência) nos resíduos de uma análise de regressão. Este teste é baseado na suposição
30
de que os erros no modelo de regressão são gerados por um processo autorregressivo de
primeira ordem.

𝐻0 : 𝜌 = 0 𝐴𝑢𝑠𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜
𝐻1 : 𝜌 ≠ 0 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑒𝑛ç𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜

A partir da análise da tabela pode-se constatar que a estatística Durbin-Watson é


equivalente a 1,97 e se localiza entre o limite superior (ds) 1.32 e 2.68 (4-ds), pelo que
cai na região de não rejeição de 𝐻0 , ou seja, não existência de autocorrelação.

b) Teste de Heteroscedasticidade

Tabela 7: Resumo dos resultados dos testes de heteroscedasticidade, dados importação


e taxa de câmbio do dólar dos EUA

𝐻0 : 𝑂𝑠 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑑𝑢𝑜𝑠 𝑠ã𝑜 ℎ𝑜𝑚𝑜𝑐𝑒𝑑𝑎𝑠𝑖𝑐𝑜𝑠


𝐻1 : 𝑂𝑠 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑑𝑢𝑜𝑠 𝑛ã𝑜 𝑠ã𝑜 ℎ𝑜𝑚𝑜𝑐𝑒𝑑𝑎𝑠𝑖𝑡𝑖𝑐𝑜𝑠

31
Tendo em conta a tabela 7 pode-se constatar que a prob. Chi-square(2) é equivalente a
0.14, ou seja maior que 0.05, pelo que cai na região de não rejeição de 𝐻0 , concluindo
assim que não há presença de heterocedasticidade no modelo.

c) Teste do Correlograma dos resíduos


Tabela 8: Resumo dos resultados dos testes de correlograma dos resíduos, com relação
aos dados importação realizada em dólar dos Estados Unidos

Da análise do teste residual apresentada na tabela 8 pode-se constatar que existe


correlação parcial e presença de correlação, pois as barras laterais excedem os limites
estabelecidos. Fazendo a análise pelas probabilidades do Q-stat, pode-se concluir que
ambos os valores são superiores a 0.05, ou seja, existe autocorrelação e correlação parcial.

d) Teste Jarque-Bera
O teste de normalidade mostra o histograma e estatística dos resíduos descritivos,
incluindo a estatística Jarque-Bera ao testar por normalidade. Para se saber se os resíduos
têm distribuição normal realizou-se o teste Jarque Bera, onde:

𝐻0 : Resíduos com distribuição normal;

𝐻1 : Resíduos não tem distribuição normal.

O teste de Jarque-Bera tem como hipótese nula a normalidade. Assim, se o p-valor for
menor do que 5% (ou 10%), p<0,05 (p<0,10), então o autor rejeita a normalidade. Já se
p>0,05, aceita-se a normalidade. Uma probabilidade JB pequena (isto é, um valor
próximo de zero) significa que a hipótese de normalidade deve ser rejeitada.

32
Tabela 9: Resumo dos resultados dos testes Jarque-Bera, referentes as importações
realizadas em dólar dos Estados Unidos

Conclui-se pela tabela que o p-valor é maior que 0.05 montando que os resíduos têm
distribuição normal.

4.3.2. Regressão Simples analisando os efeitos da taxa


de cambio sobre as exportações de mercadorias
As tabelas abaixo mostram os resultados obtidos relativamente as exportações de
mercadorias, comparativamente ao regime cambial flutuante com destaque para o dólar
dos EUA. Apresentam igualmente os testes com relação aos dados e os resíduos,
nomeadamente o teste de heteroscedasticidade, teste do correlograma dos resíduos, teste
Jarque-Bera.

33
Tabela 10: Resumo dos resultados da regressão, com relação a Exportação realizada em
dólar dos Estados Unidos

𝐸𝑥𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎çã𝑜 = −1.26 + 0.05𝑇𝑎𝑥𝑎𝐶𝑎𝑚𝑏𝑖𝑜

Analisando a tabela 10 pode-se constatar que, o parâmetro 𝛽0 designado de constante é


igual a -1.26, e o parâmetro 𝛽1 designado de coeficiente da variavel X apresenta um
valor igual a 0.05. Uma análise a equação 𝐸𝑥𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎çã𝑜 = −1.26 + 0.05𝑇𝑎𝑥𝑎 𝐶𝑎𝑚𝑏𝑖𝑜 ,
pode-se dizer que a Exportação média é negativo (-1.26). O que significa dizer que para
cada variação de 1 dólar na taxa de câmbio a Exportação varia 5%, ou para cada aumento
de 1% na taxa de câmbio, a Exportação aumenta 5%. Pela análise da tabela constata.se
que o R² do modelo é 0,06 isto significa que apenas 6% da variável dependente consegue
ser explicada pelos regressores presentes no modelo. Constatou-se ainda que o p-value
do coeficiente é igual a 0.46, ou seja inferior a 0.05 que é o nível de significância pré-
fixado, concluindo assim que o coeficiente é significativo, no entanto o valor do
intercepto é igual a 0.8 demonstrando ser não significativo, seguindo o mesmo raciocínio.

Fazendo o teste de Durbin-Watson para detetar a presença de correlação nos resíduos,


contata-se a partir da tabela que a estatística Durbin-Watson é equivalente a 1,34 e se
localiza entre o limite superior (ds) 1.32 e 2.68 (4-ds), pelo que cai na região de não
rejeição de H0, ou seja, não existência de autocorrelação. Sendo que:
𝐻0 : 𝜌 = 0 𝐴𝑢𝑠𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜
𝐻1 : 𝜌 ≠ 0 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑒𝑛ç𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜

34
e) Teste de Heteroscedasticidade
Tabela 11: Resumo dos resultados dos testes de heteroscedasticidade, referentes as
exportações realizadas em dólar dos Estados Unidos

𝐻0 : 𝑂𝑠 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑑𝑢𝑜𝑠 𝑠ã𝑜 ℎ𝑜𝑚𝑜𝑐𝑒𝑑𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑜𝑠


𝐻1 : 𝑂𝑠 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑑𝑢𝑜𝑠 𝑛ã𝑜 𝑠ã𝑜 ℎ𝑜𝑚𝑜𝑐𝑒𝑑𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑜𝑠

Tendo em conta a tabela 11 pode-se constatar que a prob. Chi-square(2) é equivalente a


0.74, ou seja maior que 0.05, pelo que cai na região de não rejeição de 𝐻0 , concluindo
assim que não há presença de heterocedasticidade no modelo.

35
f) Teste do Correlograma dos resíduos
Tabela 12: Resumo dos resultados dos testes de correlograma, referentes as exportações
realizadas em dólar dos Estados Unidos

Da análise do teste residual apresentada na tabela 12 pode-se constatar que não existe
correlação parcial e nem presença de autocorreção, pois, as barras laterais não excedem
os limites estabelecidos. Fazendo a análise pelas probabilidades do Q-stat, pode-se
concluir que ambos os valores são superiores a 0.05, pelo que se aceita 𝐻0 , ou seja, não
existe autocorrelação e nem correlação parcial.

g) Teste Jarque-Bera
Para se saber se os resíduos têm distribuição normal realizou-se o teste Jarque Bera, onde:

𝐻0 : Resíduos com distribuição normal;

𝐻1 : Resíduos não tem distribuição normal.

36
Tabela 13: Resumo dos resultados dos testes Jarque-Bera, referentes as exportações
realizadas em dólar dos Estados Unidos

Conclui-se pela tabela que o p-valor é maior que 0.05 montando que os resíduos tem
distribuição normal.

5. DISCUSSÃO

Os testes de todos os exercícios empíricos neste relatório foram baseados em regressões


simples procurando oferecer uma estimativa para relação entre taxa de câmbio e comercio
externo em Cabo verde. Comparou-se os efeitos da taxa de câmbio flutuante com
destaque para o dólar americano, no Comércio Externo (importação e exportação)
considerada como variável dependente, no período 2006 – 2016, estudando o caso de
Cabo Verde. O principal obstáculo foi os dados limitados principalmente, dados
desagregados sobre o comercio externo para uma serie temporal longa, onde constasse
(a) valor e quantidade das importações, origem e, em que moeda (Dólar, outro), (b) Idem
para quantidade e valor das exportações. No entanto, os dados estão disponível em
milhões de escudos por região geográfica e encaixaram relativamente bem com os
pressupostos do modelo. As estimativas obtidas parecem ser realistas em termos de
descrição da situação atual. Estudos futuros poderiam aplicar este modelo para entender
o comportamento em relação a outras moedas que normalmente são utilizadas no
comércio externo em Cabo Verde, casos da coroa sueca, o Yen (100) a libra esterlina, o
Rand (ZAR) etc., e as restantes regiões do globo. Convém ressaltar, que a taxa de câmbio

37
é uma variável crucial que afeta as expectativas e o planeamento dos agentes envolvidos
no comércio externo. Além disso, mudanças na taxa câmbio resultam em variações
relevantes nos preços relativos, acompanhadas de efeito renda e substituição. Assim, esse
processo não é automático, ou seja, os consumidores levam tempo para perceber a
mudança dos preços relativos, as empresas levam tempo para mudar de fornecedor, entre
outros motivos, que podem resultar em uma diferença razoável de tempo para que ocorra
esse ajuste.

Com efeito, a partir dessa análise comparativa foram feitas duas regressões: uma apenas
agregando toda a amostra da importação levando em consideração a taxa de cambio
flutuante para o dólar dos estados Unidos, outra com apenas dados das exportações
realizada tendo em conta a mesma taxa de cambio.

Os resultados para os efeitos da taxa de câmbio flutuante (dólar EUA) no Comércio


Externo, foram como esperado. A análise do período 2006 a 2016, mostra uma alta
flutuação das importações em dólares, mostrando que o aumento da taxa de câmbio do
dólar desincentiva a importação nessa moeda. Portanto o desempenho das importações
em dólar está muito dependente das flutuações das taxas de câmbio. Para cada variação
de 1 dólar na taxa de câmbio a importação tem variado 29%. Os resultados atestam a
hipótese de que o montante relativamente a importação é afetado pelas variações na taxa
de câmbio do dólar.
Em relação a exportação esta flutuação não tem tido um efeito tão estimulador, mostrando
que a apreciação da taxa cambio do dólar afeta ligeiramente a exportação de produtos de
Cabo Verde. O desempenho das exportações de Cabo Verde não depende unicamente da
elasticidade-câmbio da pauta de exportações. Para cada variação de 1 dólar na taxa de
câmbio a exportação tem variado apenas 5%, portanto atesta a hipótese de que o montante
relativamente a exportação em dólares dos EUA é afetado ligeiramente pelas flutuações
na taxa de câmbio do dólar. Apesar do ganho de participação das exportações dos bens
para o território americano, a importância destes ainda é muito pequena em relação ao
total das exportações. Isto pode ser explicado em grande parte, tendo em conta as
mercadorias que são exportadas e os principais países clientes, nos últimos anos. Como
já havia referido em pontos anteriores, entre os produtos mais exportados por Cabo Verde
estão, preparados e conservas de peixes representando a maior fatia do total das
exportações e, os peixes, crustáceos e moluscos que se posicionam em segundo lugar,
sendo que os principais clientes são os países europeus tais como Espanha, Portugal,

38
Itália, etc. países pertencentes a zona euro, logo as transações comercias são realizadas
preferencialmente na moeda Euro. No entanto, Cabo Verde, tem exportado algumas
mercadorias para os Estados Unidos casos do grogue o vinho ou o café do Fogo, com a
Coffee Spirit, que já é comercializado em algumas cadeias da famosa Starbucks.

Ao realizar a regressão em que a variável dependente é a exportação dos bens foram


detectados problemas de explicação do modelo através dos resultados do cálculo do R²
que como se sabe varia entre 0 e 1. Quanto maior o R², mais explicativo é modelo, melhor
ele se ajusta à amostra. Neste caso somente 6% da variável dependente é explicada pelos
regressores presentes no modelo, ajustando muito pouco a amostra. Constatou-se ainda
que o p-value do coeficiente é igual a 0.46, ou seja inferior a 0.05 que é o nível de
significância pré-fixado, concluindo assim que o coeficiente é significativo, no entanto o
valor do intercepto é igual a 0.8 demonstrando ser não significativo. Para o caso da
variável dependente ser importação de bens da América, apenas 35% da variável
dependente é explicada pelos regressores presentes no modelo. Com efeito, os resultados
das duas regressões não são estatisticamente tão robustos, apesar de explicarem o modelo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Alterações no comercio externo são sentidas muito rápidas quando o governo adota uma
medida cambial, seja ela qual for. O governo pode adoptar uma medida que visa apreciar
a moeda nacional em relação a moeda estrangeira, ou seja, o governo baixa a taxa de
câmbio, e assim os agentes econômicos precisam de menos unidades de moeda nacional
para equivaler a uma unidade de moeda estrangeira, em consequência, há um aumento
das importações, uma queda das exportações. Por outro lado, quando o governo toma tais
medidas com o intuito de depreciar o câmbio, os agentes econômicos passam a precisar
de mais unidades de moedas nacional para comprarem uma unidade de moeda estrangeira.
Desta forma, as consequências são aumento das exportações, diminuição das
Importações. Cabo Verde, optou-se por uma âncora cambial, num contexto de paridade
fixa entre o escudo cabo-verdiano e o euro. Até se chegar ao regime actual, o país passou
por uma série de experiências cambiais que vieram a culminar na assinatura do Acordo
de Cooperação Cambial com Portugal e, posteriormente, na vinculação da moeda
nacional à moeda da União Europeia. Elegeu a estabilidade de preços como um dos
principais pilares da sua política económica e, neste contexto identificou a Paridade
Cambial ao Euro como um meio privilegiado para a sua consecução. No entanto ao longo

39
da história passou por diversos regimes cambiais, mas, independentemente da designação
atribuída, os relatos demonstram que os regimes escolhidos não passaram de diferentes
nuances de regimes de câmbios fixos.
Neste relatório, buscou-se apresentar uma discussão sobre a relação entre a taxa de
câmbio e o comércio externo, portanto, buscou-se comparar os efeitos da taxa de câmbio
flutuante com destaque para o dólar americano no Comércio Externo. Assim, foi estimado
um painel de variáveis instrumentais, utilizando o comércio externo em um período que
cobre o intervalo de 2006 a 2016.

Os resultados mostram por um lado, que as exportações nos últimos anos, tiveram uma
evolução negativa quer para a África quer para América, por outro, as importações de
mercadorias provenientes principalmente do continente americano diminuíram de forma
acentuada, no entanto, a taxa de câmbio medio do dólar apreciou tendo atingido valores
nunca antes registado, se consideramos o período 2006-2016. Os resultados ilustram
ainda, uma alta flutuação das importações em dólares, mostrando que o aumento da taxa
de câmbio do dólar desincentiva a importação nessa moeda. Para cada aumento de 1 dólar
na taxa de câmbio o valor da importação diminui 0,29 dólares. Os testes empíricos exibem
coeficientes positivos que demonstram a relação entre a flutuação da taxa de câmbio do
dólar e as importações e exportações para o continente americano e africano.

Não se pode refutar, a hipótese de que a valorização cambial esteja contribuindo para
desincentivar a importação proveniente do continente americano, e a estimular a
importação de mercadorias da zona euro, e há hipótese de que o câmbio fixo tem
estimulado a procura do mercado europeu por parte dos empresários Cabo-Verdianos
para colocarem suas mercadorias, obviamente a outros factores por detrás disto.

De uma forma geral, pode-se afirmar que os resultados empíricos obtidos do modelo
econométrico utilizado ao longo do trabalho corroboram a importância da taxa de câmbio
no comércio externo em economias frágeis, portanto é um elemento relevante a ser
considerado para trajetória de crescimento.

Resumidamente, o documento, sublinha os efeitos da volatilidade cambial de regimes


cambiais na evolução do comércio externo nos últimos anos em cabo Verde.

40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Barbosa, Josefá A. O comportamento do sector empresarial do Estado face à política


monetária, Universidade Técnica de Lisboa, Instituto Superior de Economia e Gestão

Barbosa, Alberto Josefá (2003). Limitações da Política Monetária numa Pequena


Economia Aberta. Que Soluções, BCV
Estêvão, João (1998). Cabo Verde, o Acordo de Cooperação Cambial e o Euro

Marta, Vasco (2006). A Euroização da Economia Caboverdiana’, Cadernos do Banco de


Cabo Verde
Bresser-Pereira, L. C. A taxa de câmbio no centro da teoria do desenvolvimento. Draft
paper, 2011.

Mateus, Abel (2000). A vulnerabilidade e choques externos em pequenas economias


insulares’, 1.º Encontro de Economistas de Cabo Verde, BCV
Marta, V. (2006). A Euroização da Economia Cabo-Verdiana.
Martins, F. (2014). Câmbios e Comércio Internacional.

Nakabashi, L., Cruz, M. J. V. Efeitos do câmbio e juros sobre as exportações da indústria


brasileira

BCV (2008). Os Regimes Cambiais em Cabo Verde. Série Educação Financeira - N.º 08/
2008.

Curado, M., Marcos, R., Daniel D.Taxa de câmbio e crescimento econômico: uma
comparação entre economias emergentes e desenvolvidas.

Marconi, N., Marcos, R. (2012). Taxa de câmbio, comércio exterior e desindustrialização


precoce – o caso brasileiro
Mazzi, C.Taxa de câmbio: Entenda o que é e como ela afeta a economia do país. Jornal
do Brasil
Decreto n.º 24/98 – Acordo de Cooperação Cambial entre a República Portuguesa e a
República de Cabo Verde e o Protocolo para o Estabelecimento da Comissão do Acordo
de Cooperação Cambial
Gujarati, N. Damodar, Porter, C. Dawn (2011). Econometria Básica. 5ª Edição.

41
ANEXOS

Anexo 1: Distribuição por países e região geográfica das exportações de mercadorias em


milhões de escudos cabo-verdianos
Distribuição Geográfica Da Exportação de Mercadorias
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Em milhões de escudos Cabo Verdianos

TOTAL Exportação de Mercadorias 1.819,0 1.547,1 2.409,2 2.760,9 3.697,4 5.436,4 4.565,7 5.714,0 6.347,2 6.671,2 6.206,4

EUROPA 1.416,4 1.228,4 2.156,4 2.733,1 3.557,3 5.145,7 4.225,2 5.306,1 5.793,2 5.942,8 5.936,3

Alemanha 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 9,0 1,5 20,5 8,0
Espanha 496,8 322,6 895,7 1.710,1 2.685,3 3.810,5 3.483,7 3.849,5 4.288,5 4.485,0 3.981,6
França 0,2 0,4 0,3 80,2 21,8 337,4 2,3 196,0 175,1 1,2 0,0
Ítalia 3,1 0,0 0,0 1,0 0,0 0,0 2,5 311,7 321,8 221,2 587,4
Países Baixos 10,5 3,7 11,8 13,5 10,4 8,4 7,5 12,0 11,3 21,3 22,5
Portugal 905,9 901,7 979,3 928,2 839,6 977,2 729,0 924,0 991,0 938,4 1.055,1
Outros 0,0 0,0 269,4 0,1 0,0 12,1 0,2 3,9 4,1 255,2 281,8

144,0 81,9 8,6 25,2 118,6 220,4 280,3 347,6 404,6 291,8 83,0
AMERICA
Estados Unidos 25,0 21,5 8,6 25,2 59,6 29,7 58,7 60,1 60,2 121,9 83,0
El-Salvador 116,9 60,4 0,0 0,0 0,0 190,7 221,6 193,1 240,4 169,0 0,0
Outros 2,1 0,0 0,0 0,0 59,0 0,1 0,0 94,5 104,1 0,9 0,0

África 249,2 122,4 233,3 2,6 21,5 48,3 36,1 14,5 103,6 289,8 97,5

África do Sul 0,0 3,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Angola 0,0 0,5 0,0 0,2 1,5 0,1 4,3 8,0 13,8 3,2 0,0
Países da CEDEAO 75,9 1,4 147,3 2,3 20,0 8,3 7,0 6,3 6,5 0,2 0,2
Gana 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 2,0 3,6 3,7 0,2 0,2
Guiné Bissau 75,9 1,4 2,5 1,3 20,0 8,2 4,7 0,8 0,8 0,0 0,0

Senegal 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,0 2,0 0,0 0,0

Marrocos 161,4 113,0 65,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 39,3 210,6 58,9
Outros 12,0 4,3 20,4 0,0 0,0 39,9 24,7 0,2 44,0 75,8 38,4

ÁSIA 9,3 114,3 10,9 0,0 0,0 21,1 23,0 45,8 45,8 146,7 89,6
Japão 9,3 114,3 10,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,2
Outros 0,0 0,0 0,2 0,0 0,0 21,1 23,0 45,8 45,8 146,7 88,4

RESTO DO MUNDO 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,9 1,1 0,0 0,0 0,0 0,0

Anexo 3: Distribuição por países e por região geográfica da Importação de Mercadorias


em Milhões Escudos Cabo-Verdianos

42
Distribuição Geográfica da Importação de Mercadorias
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Em milhões de escudos

TOTAL : Importação de Mercadorias 47.564,5 60.120,3 62.323,2 56.219,6 61.829,8 75.140,6 65.698,7 60.086,1 60.732,7 60.055,5 66.383,3

EU RO PA 40.664,2 50.754,4 52.879,9 47.302,3 54.112,8 65.529,7 53.147,6 49.884,4 50.366,2 46.625,5 53.861,2
Alemanha 545,6 853,9 975,2 1.280,7 276,1 391,9 679,4 820,2 496,4 607,2 576,0
Espanha 2.668,3 2.666,5 4.533,3 5.531,3 6.577,5 7.421,8 4.701,3 4.737,8 4.857,1 4.283,1 7.375,3
França 1.184,1 5.721,7 1.256,1 1.088,4 2.265,2 1.260,2 1.077,5 818,8 1.106,8 1.314,8 1.473,7
Ítalia 2.267,2 2.275,1 1.695,5 1.737,8 1.074,9 3.345,2 1.041,1 892,0 911,1 991,0 1.038,4
Países Baixos 7.270,8 9.771,2 10.576,2 9.412,2 10.373,9 14.391,1 9.859,3 12.538,2 12.902,1 7.863,6 4.839,5
Portugal 23.878,1 27.059,3 31.369,7 27.170,6 31.795,5 33.606,2 31.672,5 26.340,0 26.538,2 27.791,6 32.916,4
Reino Unido 649,5 621,4 559,7 270,4 271,9 287,9 490,4 510,0 453,6 460,1 203,4
Suécia 682,0 616,8 270,8 91,8 170,0 48,6 113,1 55,7 54,4 64,6 43,6
Outros 1.518,8 1.168,5 1.643,4 719,2 1.307,9 4.776,8 3.513,0 3.171,8 3.046,6 3.249,5 5.394,9

AMERICA 4.352,2 5.284,8 5.365,7 4.451,2 4.274,1 4.394,3 7.422,9 4.066,2 4.246,1 4.375,7 3.745,4

Estados Unidos 659,9 697,8 539,1 583,1 980,7 713,1 3.483,6 734,6 753,6 870,0 858,4
Brasil 3.024,7 3.743,3 3.528,7 2.508,1 2.300,0 2.056,1 2.646,7 2.158,5 2.082,9 2.274,6 2.338,8
Outros 667,6 843,7 1.297,9 1.360,0 993,4 1.625,2 1.292,6 1.173,1 1.409,6 1.231,2 548,2

ÁFRICA 928,6 1.608,5 1.550,8 1.658,0 1.396,8 2.516,3 1.422,6 1.457,6 1.305,7 3.302,7 2.860,9

África do Sul 239,2 173,2 133,5 52,1 12,9 48,0 91,6 75,1 71,6 35,0 18,9

Países da CEDEAO 595,6 832,8 919,3 1.214,0 1.148,1 1.308,7 928,5 887,1 758,6 1.088,9 970,9

Costa do M arfim 127,8 260,1 252,0 180,0 143,8 38,0 239,2 34,2 38,9 99,5 90,3
Gana 118,3 57,6 153,5 51,3 77,0 82,1 190,9 68,6 63,4 137,7 82,4
Gâmbia 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 42,6 0,9 0,0 0,0 1,4 0,0
Guiné Bissau 14,0 14,9 23,1 14,8 14,9 87,4 20,6 8,0 7,8 7,2 43,6
M ali 1,0 3,8 5,0 3,0 8,7 5,4 14,5 13,8 7,4 2,2 0,0
Nigéria 1,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,3 0,0 0,0 6,3 1,2
Senegal 312,4 496,4 411,7 690,8 689,6 1.053,2 461,0 762,5 641,0 833,9 753,3
M arrocos 11,5 79,6 357,2 225,4 120,7 188,2 172,9 211,7 224,4 699,4 678,6
Outros 82,3 522,9 140,8 166,5 115,1 971,5 229,7 283,6 251,1 1.479,4 1.192,6

ÁSIA 1.097,9 1.978,5 1.959,9 2.192,7 1.431,5 2.030,5 3.013,2 3.924,4 4.075,8 4.510,4 4.311,8

China 172,0 618,5 937,9 642,9 625,7 780,8 1.510,1 1.666,5 1.804,1 2.636,8 3.035,8
Japão 200,3 170,2 294,0 324,9 40,8 335,7 395,4 251,3 80,0 24,4 154,0
Tailândia 533,1 1.001,3 586,7 838,8 630,1 682,0 756,9 1.569,5 1.632,8 1.160,6 670,8
Outros 192,4 188,6 141,2 386,2 134,9 231,9 350,9 437,1 559,0 688,6 451,3

RESTO DO MU NDO 521,5 494,0 566,9 615,4 614,6 669,8 692,4 753,6 738,9 1.241,1 1.604,0

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