Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Julho de 2017
RESUMO
Com o mundo cada vez mais dinâmico e globalizado, torna-se cada vez mais difícil a
tarefa dos Governos e economistas de manterem seus países em perfeita harmonia com o
exterior, principalmente no que tange às relações comerciais. Com efeito, a taxa de
câmbio e seus impactos sobre a competitividade externa dos países são analisados como
elementos integrantes de uma estratégia de desenvolvimento econômico. A estabilidade
da moeda ou a preservação do valor da moeda constituem fatores-chave para o tal
desenvolvimento e, é hoje aceite por todos que o objectivo primordial dos bancos centrais
deve ser a preservação do valor da moeda.
O estudo apresenta uma discussão empírica da relação entre a taxa de câmbio e o
comércio externo, comparando os efeitos da taxa de câmbio flutuante com destaque para
o dólar americano, no Comércio Externo, no período 2006 – 2016, no caso de estudo,
Cabo verde.
De uma forma geral, pode-se afirmar que os resultados empíricos obtidos do modelo
econométrico utilizado ao longo do trabalho corroboram a importância da taxa de câmbio
no comércio externo em economias emergentes e frágeis como é o caso de Cabo Verde.
2
INDICE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 4
1. ENQUADRAMENTO TEORICO ..................................................................................... 5
1.1 Visão geral.................................................................................................................... 5
1.2 Visão geral dos regimes Cambiais e Comercio Externo em Cabo Verde ............. 10
1.3 Pesquisa Empírica Econométrica ............................................................................ 14
1.3.1 Modelo Clássico de Regressão Linear ................................................................. 14
1.3.2 O conceito de Função de Regressão Populacional e Função de Regressão
Amostral14
1.3.3 Método dos Mínimos Quadrados Ordinários ..................................................... 16
1.3.4 Hipóteses subjacentes ao Método dos Mínimos Quadrados .............................. 17
1.3.5 Propriedades dos Estimadores de Mínimos Quadrados: O Teorema de Gauss-
Markov. 18
1.3.5.1 Heteroscedasticidade ............................................................................................. 18
1.3.6 Teste Estacionariedade ......................................................................................... 19
2.1.1 Teste de White ....................................................................................................... 22
3. METODOLOGIA E BASE DE DADOS ......................................................................... 23
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS EMPÍRICOS .............................................................. 24
4.1. Comportamento das exportações realizada em moeda Dólar dos EUA ................... 24
4.2. Comportamento das Importações realizadas em dólar dos EUA ............................. 25
4.3. Análise Econométrica ................................................................................................... 26
a) Teste Estacionariedade (Dickey-Fuller) .......................................................................... 26
4.3.1. Regressão Simples analisando os efeitos da taxa de câmbio sobre as Importações
de mercadorias .......................................................................................................................... 29
b) Teste de Heteroscedasticidade.......................................................................................... 31
c) Teste do Correlograma dos resíduos ............................................................................... 32
d) Teste Jarque-Bera ............................................................................................................. 32
4.3.2. Regressão Simples analisando os efeitos da taxa de cambio sobre as exportações
de mercadorias .......................................................................................................................... 33
e) Teste de Heteroscedasticidade.......................................................................................... 35
f) Teste do Correlograma dos resíduos ............................................................................... 36
g) Teste Jarque-Bera ............................................................................................................. 36
5. DISCUSSÃO ...................................................................................................................... 37
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 41
ANEXOS .................................................................................................................................... 42
3
INTRODUÇÃO
4
A taxa de câmbio é portanto uma variável importantíssima para a vida econômica de um
país, pois ela intermedia todas as transações que envolvam moeda entre os países do
mundo inteiro.
Com o mundo cada vez mais dinâmico e com a globalização, torna-se cada vez mais
difícil a tarefa dos governos e economistas de manterem seus países em perfeita harmonia
com o exterior, principalmente no que tange às relações comerciais. Sobre os governos
recai a importante tarefa de escolher qual o melhor caminho para a concretização da
estabilidade de preços. Esta pode ser monetária ou cambial. No caso de Cabo Verde,
optou-se por uma âncora cambial, num contexto de paridade fixa entre o escudo cabo-
verdiano e o euro.
Assim, além dessa introdução, o relatório é dividido da seguinte forma. A seção 2 faz
uma breve discussão teórica sobre os efeitos da taxa de câmbio e de suas flutuações no
comércio externo. A seção 3 apresenta a metodologia e a especificação do modelo
econométrico estimado e a fonte de dados. A Seção 4 apresenta as evidências empíricas
obtidas. A Seção 5 tece alguns comentários. Finalmente, na seção 6 são resumidas as
principais conclusões do trabalho.
1. ENQUADRAMENTO TEORICO
Krugman, Obstfeld (2010: 5) ensinam que uma das principais diferenças entre a
generalidade das áreas da economia e a economia internacional é que esta última se
confronta com o facto de que, cada país possui sua própria moeda e o valor da mesma
pode variar ao longo do tempo, por vezes de forma considerável. O mesmo autor afirma
que “no mundo real não há nenhuma linha divisória simples entre as questões comerciais
e as monetárias.” É a ausência desta divisão e a existência de imperfeições na estruturação
da economia internacional, que levantam sérios problemas. A estrutura produtiva de um
país tende a alterar-se à medida que ele se desenvolve e ocorre um aumento da renda per
capita. As exportações de manufaturados desempenham papel relevante no processo de
5
desenvolvimento econômico por serem importante componente da demanda agregada,
estimulando a produção de manufaturados que geram encadeamentos produtivos e
externalidades para outros setores devido a necessidade de adaptarem-se aos padrões
internacionais de produção, conforme discutido por Rodrik (2008), Razmi, Rapetti e Skott
(2009), Johnson, Ostry e Subramanian (2006).
6
Com efeito, a análise dos efeitos da taxa de câmbio flutuante no comércio externo pode
ser feita através de uma pesquisa empírica econométrica, utilizando o modelo clássico de
regressão linear
Existem vários tipos de regimes cambiais, porém serão abordados apenas alguns deles
com destaque para os regimes cambiais fixo e flexível, que são objetos deste relatório.
O regime de câmbio fixo é aquele em que o Banco Central fixa o preço de uma moeda
estrangeira em moeda nacional. A autoridade monetária garante a conversão de moeda
estrangeira em nacional, e vice-versa, a um determinado preço. Todas as transações com
o exterior que envolvam entrada e saída de divisas obedecerão à taxa de câmbio fixa para
converter as moedas. (Carvalho; Silva, 2004). Desta forma, este sistema tem
7
significativas consequências sobre o volume de reservas internacionais e a oferta de
moeda dos países, pois caso haja um excesso de demanda de divisas estrangeiras, o Banco
Central de cada país vende estas divisas, em consequência diminui suas reservas e
também a oferta de moeda nacional em circulação. O contrário também é verídico, ou
seja, caso haja um excesso de oferta por divisas estrangeiras, o Banco Central de cada
país compra estas divisas, e consequentemente aumenta suas reservas internacionais e
também a oferta de moeda nacional. Porém, neste caso pode acarretar em inflação e, para
contê-la, o governo poderá, dentre outras medidas, vender títulos públicos para reduzir
novamente a oferta de moeda nacional. Este processo é denominado de “esterilização”.
De acordo com Montella (2004), caso a operação de compra de divisas não seja suficiente
para suprir o seu excesso, o governo poderá tomar algumas medidas, tal como, a
imposição de restrições à entradas de mais divisas no país. O contrário também é válido,
pois caso o volume de reservas internacionais não sejam suficientes para cobrir a falta de
divisas, dentre outras medidas o governo poderá restringir quantitativamente às
importações e/ou aumentar a taxa de juros para evitar a saída de capital estrangeiro, e por
consequência, as divisas. A principal vantagem é a segurança que este regime traz para
os agentes econômicos, pois facilita as transações com o resto do mundo, porém tem um
ônus que recai sobre o Banco Central, porque ele tem que assegurar a estabilidade
proposta pelo regime.
Assim como o regime de câmbio fixo, o flutuante também tem significativa importância
para o país, pois quanto maior a taxa real de câmbio, menor será a procura por moeda
estrangeira, devido ao fato de que as mercadorias importadas estão relativamente mais
caras em moeda nacional. Contrariamente, quanto menor for a taxa real de câmbio, maior
8
será a procura por divisas, visto que os importados estão mais baratos em moeda nacional.
Do lado da oferta é o contrário, quanto maior for a taxa real de câmbio, maior será a oferta
de moeda estrangeira, pois as mercadorias exportadas estão mais caras em moeda
nacional. O contrário também é válido, quanto menor for a taxa real de câmbio, menor
será a oferta de divisas, pois as mercadorias exportadas estão mais baratas em moeda
nacional. Assim, quando a taxa de câmbio flutuante diminui de valor, diz-se que ocorreu
uma apreciação da moeda nacional, isto é, ela ganha valor em relação à moeda
estrangeira. Quando ocorre o inverso, ou seja, quando a taxa aumenta, diz-se que houve
uma depreciação da moeda nacional em relação à divisa estrangeira.
Com efeito, tanto o regime de câmbio fixo quanto o regime de câmbio flutuante (ou
flexível), são casos extremos onde as taxas são completamente controladas pela
autoridade monetária, e completamente controladas pelo mercado de câmbio
respetivamente. Porém, entre estes dois extremos existe alguns casos que vale a pena
ressaltar. Boa parte das nações que enfrentam problemas inflacionários, baseiam-se suas
políticas cambiais no regime de câmbio fixo que pode ser considerado uma âncora
cambial, isto é, fixar o valor de sua moeda no valor de moeda de um outro país, ou até
mesmo em uma cesta moedas como lembra Carvalho e Silva (2004).
De acordo com Viceconti e Neves (2003, p. 252), a taxa de câmbio é “o preço da moeda
estrangeira em termos de moeda nacional ou vice-versa.” A taxa de câmbio é uma variável
importantíssima para a vida econômica de um país, pois ela intermedia todas as transações
que envolvam moeda entre os países do mundo inteiro. No comércio internacional exerce
um papel fundamental, pois ela permite a comparação entre preços de bens e serviços
produzidos nos mais diferentes países. Desta forma, os agentes econômicos utilizam-na
para traduzir os preços externos em termos de moeda nacional. A taxa de câmbio é
definida no mercado de divisas entre o equilíbrio da oferta e da demanda de moeda
estrangeira, onde quem demanda são os importadores de mercadorias que utilizam
moedas estrangeiras para pagarem as mercadorias compradas no exterior, bem como
turistas que saem de Cabo Verde por exemplo para outros países, etc. Do lado da oferta é
o contrário, pois os exportadores que vendem suas mercadorias para outros países
recebem em outras moedas e as trocam por moeda nacional para poderem utilizá-la em
Cabo Verde, bem como os turistas que chegam a Cabo Verde e trocam suas moedas por
ECV.
9
Com efeito, a taxa de câmbio nominal é aquela expressa em unidades monetárias pura e
simplesmente, e portanto, define as relações entre as diferentes moedas. A taxa de câmbio
real tem uma variável a mais que se chama inflação, ou seja, ela expressa o poder de
compra da moeda nacional envolvida em transações externas.
A moeda cabo-verdiana esteve, desde meados de 1998 e até à criação do euro, indexada
ao escudo português em resultado de um acordo de cooperação cambial
com Portugal, que garantia a convertibilidade a uma paridade fixa em escudos
portugueses e que criava igualmente uma linha de crédito com a finalidade de reforçar as
reservas cambiais de Cabo Verde. A cotação fixa em relação ao escudo português era de
1 PTE = 0,55 CVE. Está atualmente indexada ao euro, o que significa que sua cotação
em relação a outras moedas depende da variação cambial do euro. A cotação fixa em
relação ao euro é de 1 EUR = 110,265 CVE. Ou, seja, Cabo Verde, optou-se por uma
âncora cambial, num contexto de paridade fixa entre o escudo cabo-verdiano e o euro.
Mas nem sempre foi assim. Até se chegar ao regime actual, o país passou por uma série
de experiências cambiais que vieram a culminar na assinatura do Acordo de Cooperação
Cambial com Portugal e, posteriormente, na vinculação da moeda nacional à moeda da
União Europeia.
À primeira vista, o regime adoptado por Cabo Verde é bastante similar ao regime de
currency board, pois existe a vinculação da moeda nacional a uma divisa estrangeira, há
a possibilidade de convertibilidade da moeda nacional na divisa a que está ligada, a uma
taxa fixa, e a gestão do regime cambial é realizada por uma comissão monetária. Contudo,
existem factores que o distanciam deste regime. Primeiro, não existe nenhuma garantia
de convertibilidade ilimitada da moeda nacional na divisa a que está vinculada e, por
10
outro lado, não existe nenhuma determinação quanto à proporção de moeda nacional que
deve ser coberta pelas reservas externas. Oferece, assim, a possibilidade da autoridade
monetária aumentar excessivamente a oferta de moeda, ou seja, permite que a autoridade
monetária aumente o crédito interno, pondo em causa as reservas externas em euros.
11
Tabela 1:Volatilidade da taxa de câmbio no período 2006 a 2016
Coroas Coroas Coroas Yen Franco Libra Dólar dos Dólar Rand
Câmbios Médios EURO
Dinamarquesas Suecas Norueguesas (100) Suíço Esterlina EUA Canadiano (ZAR)
2006 14,78 11,92 13,71 75,47 70,11 161,71 87,93 77,50 13,09 110,265
2007 14,80 11,92 13,78 68,16 67,12 161,29 80,62 75,12 11,64 110,265
2008 14,79 11,49 13,46 73,22 69,83 138,88 75,34 70,83 9,20 110,265
2009 14,81 10,39 12,64 84,90 73,02 123,84 79,38 69,57 9,47 110,265
2010 14,81 11,52 13,74 94,21 79,80 128,43 83,28 80,46 11,33 110,265
2011 14,80 12,21 14,15 99,06 89,77 126,95 79,28 80,20 10,97 110,265
2012 14,81 12,67 14,75 107,69 91,48 136,00 85,84 85,87 10,47 110,265
2013 14,78 12,75 14,16 85,33 89,59 129,88 83,07 80,69 8,64 110,265
2014 14,79 12,13 13,21 78,59 90,78 136,51 83,08 75,22 7,66 110,265
2015 14,78 11,79 12,35 82,13 103,33 151,91 99,39 77,88 7,84 110,265
2016 14,81 11,63 11,87 91,82 101,16 135,16 99,69 75,25 6,80 110,265
12
pelo menos naqueles em que poderá ter produtos e serviços competitivos para fornecer,
como acontece com o grogue que já é exportado para os Estados Unidos, assim como o
atum de São Nicolau, produzido pela SUCLA, ou o vinho ou o café do Fogo, com a
Coffee Spirit, que já é comercializado em algumas cadeias da famosa Starbucks, onde
todos os produtores de café aspiram chegar, os preparados e conservas de peixe que são
exportados pela conserveira FRESCOMAR, S.A. para o mercado europeu, os peixes,
crustáceos e moluscos, etc. Segundo dados avançados pela DGCI, as exportações de bens
e serviços de Cabo Verde estão ainda concentradas nas grandes empresas. A indústria do
pescado responde praticamente com cerca de 80% das exportações. Depois temos
algumas outras empresas que operavam na zona franca e que ainda operam, que exportam
material ortopédico. Mas, verifica-se uma tendência crescente de operadores que
produzem vinho e grogue a entrarem nessa cadeia, começa-se a ver uma diversificação
do que é exportado a partir de Cabo Verde.
Por ser um país parco em recursos naturais, importa a maioria dos bens de que necessita.
13
1.3 Pesquisa Empírica Econométrica
O termo regressão foi introduzido por Francis Galton. Ele verificou que, embora houvesse
uma tendência de pais altos terem filhos altos e de pais baixos terem filhos baixos, a altura
média dos filhos de pais de uma dada altura tendia a se deslocar ou “regredir” até a altura
média da população como um todo. Em outras palavras, a altura dos filhos de pais
extraordinariamente altos ou baixos tende a se mover para a altura média da população.
A interpretação moderna da regressão é diferente, ocupa-se do estudo da dependência de
uma variável (chamada variável endógena, resposta ou dependente), em relação a uma ou
mais variáveis, as variáveis explicativas (ou exógenas), com o objetivo de estimar e/ou
prever a média (da população) ou valor médio de dependente em termos dos valores
conhecidos ou fixos (em amostragem repetida) das explicativas.
É importante ressaltar que embora a análise de regressão lide com a dependência de uma
variável em relação a outras variáveis, ela não implica necessariamente em causa. Uma
relação estatística, por mais forte e sugestiva que seja, jamais pode estabelecer uma
relação causal. As ideias sobre causa devem vir de fora da estatística, enfim, de outra
teoria.
A análise de regressão conceitualmente é muito diferente da análise de correlação, cujo
objetivo básico é medir a intensidade ou o grau de associação linear entre duas variáveis.
Por exemplo, podemos estar interessados em achar a correlação entre o hábito de fumar
e o câncer no pulmão. Ou ainda, a correlação entre as pontuações em exames de estatística
e de matemática. Na análise de regressão não estamos interessados em tal medição. Em
vez disso, tentamos estimar ou prever o valor médio de uma variável com base nos valores
fixados de outras variáveis. Assim, podemos querer saber se é possível prever a nota
média em uma prova de estatística sabendo a nota de um estudante em uma prova de
matemática. O coeficiente de correlação mede a intensidade da associação (linear).
14
𝐸(𝑌⁄𝑋𝑖 ) = 𝑓(𝑋𝑖 ) (1)
A média condicional é uma função de 𝑋𝑖 , em que 𝑓(𝑋𝑖 ) indica alguma função da variável
explicativa 𝑋𝑖 . A equação (1) é conhecida como função de regressão populacional (FRP)
(ou equação de regressão linear) de duas variáveis. Como uma primeira aproximação ou
uma hipótese de trabalho, pode-se supor que FRP 𝐸(𝑌⁄𝑋𝑖 ) seja uma função linear de
𝑋𝑖 , do tipo
𝐸(𝑌⁄𝑋𝑖 ) = 𝛽0 + 𝛽1 𝑋𝑖 (2)
Onde:
𝛽0 - Intercepto
𝛽1 - Coeficiente de inclinação
Especificação estocástica
𝑌 = 𝛽0 + 𝛽1 𝑋𝑖 + 𝜀𝑖 (3)
Onde 𝜀𝑖 é uma variável aleatória não-observável que pode assumir valores positivos ou
negativos, também conhecido como termo de erro estocástico ou perturbação estocástica.
̂𝑖 = 𝛽̂0 + 𝛽̂1 𝑋𝑖
𝑌
Onde:
̂𝑖 = Estimador de 𝐸(𝑌⁄𝑋𝑖 )
𝑌
𝛽̂0 = Estimador de 𝛽0
𝛽̂1 = Estimador de 𝛽1
Estimador e Estimativa
Estimador, também conhecido como uma estatística (baseado na amostra), é
simplesmente uma regra, fórmula ou método que nos diz como estimar o parâmetro da
população a partir das informações dadas pela amostra disponível. Estimativa é um valor
15
numérico particular obtido pelo estimador em uma aplicação é conhecido como uma
estimativa. Podemos expressar a FRA por sua fórmula estocástica:
𝑌𝑖 = 𝛽̂0 + 𝛽̂1 𝑋𝑖 + 𝜀𝑖
O principal objetivo na análise de regressão é estimar a FRP:
𝑌𝑖 = 𝛽0 + 𝛽1 𝑋𝑖 + 𝜀𝑖
Com base na FRA:
𝑌𝑖 = 𝛽̂0 + 𝛽̂1 𝑋𝑖 + 𝜀𝑖
Entretanto a FRP não é diretamente observável, assim sendo, estima-se a partir de FRA:
𝑌𝑖 = 𝑌̂𝑖 + 𝜀̂𝑖
𝜀̂𝑖 = 𝑌𝑖 − 𝑌̂𝑖
16
∑(𝜀̂𝑖 )2 = ∑(𝑌𝑖 − 𝛽̂0 − 𝛽̂1 𝑋𝑖 )2
Ao elevar 𝜀̂𝑖 ao quadrado, este método dá maior peso a resíduos próximos da FRA
do que os distantes.
Soma dos resíduos elevados ao quadrado é alguma função dos estimadores 𝛽̂0 e
𝛽̂1 ;
O Método dos mínimos quadrados escolhe 𝛽̂0 e 𝛽̂1 de tal maneira que, para uma
dada amostra ou conjunto de dados, ∑(𝜀̂𝑖 )2 é a menor possível. Ou seja, para uma
dada amostra, o método dos mínimos quadrados nos fornece estimativas únicas
de 𝛽̂0 e 𝛽̂1 que dão o menor valor possível de ∑(𝜀̂𝑖 )2.
Dada as hipóteses os erros-padrão das estimativas por MQO podem ser obtidos:
̂ )= 𝜎2
𝑉𝑎𝑟(𝛽 1
∑ 𝑋𝑖 2
̂ )= 𝜎
𝑒𝑝((𝛽 1
√∑ 𝑋 𝑖 2
∑ 𝑋𝑖 2
̂ )=
𝑉𝑎𝑟(𝛽 𝜎2
0
𝑛 ∑ 𝑋𝑖 2
∑ 𝑋𝑖 2
𝑒𝑝(𝛽̂0 ) = √ 𝜎
𝑛 ∑ 𝑋𝑖 2
17
2
∑ 𝜀̂𝑖 2
𝜎̂ =
𝑛−2
Em que 𝑉𝑎𝑟 = variância e 𝑒𝑝 = erro-padrão, e 𝜎 2 é a variância constante ou
homoscedástica de 𝜀𝑖 da Hipótese.
1.3.5 Propriedades dos Estimadores de Mínimos Quadrados: O
Teorema de Gauss-Markov.
Dada as hipóteses do modelo clássico de regressão linear, as estimativas por mínimos
quadrados possuem algumas propriedades ideais ou ótimas. Estas propriedades estão
contidas no conhecido teorema de Gauss-Markov. Para entender este teorema, precisa
considerar a propriedade do melhor estimador linear não-viesado para um estimador. O
estimador de MQO , 𝛽̂1 é um melhor estimador linear não-viesado (MELNV) de 𝛽̂1 ,
caso seja válido o seguinte:
1. É linear, isto é, uma função linear de uma variável aleatória, tal como a variável
dependente 𝑌 no modelo de regressão.
2. É não-viesado, isto é, seu valor médio ou esperado, 𝐸(𝛽̂1 ), é igual ao valor
verdadeiro, 𝛽̂1 .
3. Tem mínima variância na classe de todos esses estimadores lineares não-viesados;
um estimador não-viesado com a menor variância é conhecido como um
estimador eficiente.
1.3.5.1 Heteroscedasticidade
A heteroscedasticidade é um fenómeno estatístico que ocorre quando o modelo de
hipótese matemática apresenta variâncias para 𝑌 𝑒 𝑋 (𝑋1 , 𝑋2 , 𝑋3 , 𝑋𝑛 ) não iguais para
todas as observações, contrariando o postulado: 𝐸(𝜀𝑖2 ) = 𝜎 2 𝑖 = 1; 2; … … . +𝑛.
Esta hipótese do Modelo Clássico de Regressão Linear, pressupõe que a variância de cada
termo de perturbação εi , condicional aos valores escolhidos das variáveis explicativas, é
algum número constante igual a σ2 .Ou seja, este postulado é a da homocedasticidade,
ou igual (homo) dispersão (scedasticidade), isto é, igual variância.
Uma definição mais precisa seria na qual uma distribuição de frequência em que todas as
distribuições condicionadas têm desvios padrão diferentes.
18
O contrário desse fenômeno, a homocedasticidade dá-se pela observância do postulado,
isto é, os dados regredidos encontram-se mais homogeneamente e menos dispersos
(concentrados) em torno da reta de regressão do modelo. Sua detecção pode ser realizada
por meio do Teste de White, que consiste num teste residual.
Uma série temporal é dita estacionária quando ela se desenvolve no tempo aleatoriamente
ao redor de uma média constante, refletindo alguma forma de equilíbrio estável. Na
prática, a maioria das séries que encontra-se apresentam algum tipo de não
estacionariedade, por exemplo, tendência.
Grande parte dos recursos para séries temporais foram elaborados utilizando o conceito
de estacionariedade nas séries. Uma forma geral para analisar este fato é fazendo um
estudo da existência de alguma raiz dos operadores de retardos dentro do círculo unitário,
denominada simplesmente por raiz unitária.
Apresenta-se a seguir três testes de raiz unitária, cada um com suas particularidades. Em
um contexto geral, o ideal é aplicar os testes em conjunto para ter a certeza da
estacionariedade da série.
19
Em modelos de séries temporais em econometria (aplicação de
métodos estatísticos à economia), a unidade de raiz é uma característica dos processos
que evoluem ao longo do tempo e que podem causar problemas na inferência estatística,
se não for tratada adequadamente. Um processo estocástico linear tem uma raiz unitária
se 1 é raiz da equação característica do processo. Tal processo é não-estacionário. Se as
outras raízes da equação característica ocorrem dentro do círculo unitário, ou seja, têm
um módulo (valor absoluto) menor que um, então a primeira diferença do processo é
estacionária.
Teste de Durbin-Watson
O teste de Durbin-Watson é utilizado para detectar a presença de autocorrelação
(dependência) nos resíduos de uma análise de regressão. Este teste é baseado na suposição
de que os erros no modelo de regressão são gerados por um processo autorregressivo de
primeira ordem, de acordo com:
𝜀𝑖 = 𝜌𝜀𝑖−1 + 𝛼𝑖
20
Sendo 𝜀𝑖 o resíduo associado à i-ésima observação, tem-se que a estatística do teste de
Durbin-Watson é dada por:
∑𝑛𝑖=2(𝜀𝑖 − 𝜀𝑖−1 )2
𝑑𝑤 =
∑𝑛𝑖=1 𝜀𝑖 2
0,01 0,81 1,07 0,7 1,25 0,59 1,46 0,49 1,7 0,39 1,96
15 0,025 0,95 1,23 0,83 1,4 0,71 1,61 0,59 1,84 0,48 2,09
0,05 1,08 1,36 0,95 1,54 0,82 1,75 0,69 1,97 0,56 2,21
0,01 0,95 1,15 0,86 1,27 0,77 1,41 0,63 1,57 0,6 1,74
20 0,025 1,08 1,28 0,99 1,41 0,89 1,55 0,79 1,7 0,7 1,87
21
0,05 1,2 1,41 1,1 1,54 1 1,68 0,9 1,83 0,79 1,99
0,01 1,05 1,21 0,98 1,3 0,9 1,41 0,83 1,52 0,75 1,65
25 0,025 1,13 1,34 1,1 1,43 1,02 1,54 0,94 1,65 0,86 1,77
0,05 1,2 1,45 1,21 1,55 1,12 1,66 1,04 1,77 0,95 1,89
0,01 1,13 1,26 1,07 1,34 1,01 1,42 0,94 1,51 0,88 1,61
30 0,025 1,25 1,38 1,18 1,46 1,12 1,54 1,05 1,63 0,98 1,73
0,05 1,35 1,49 1,28 1,57 1,21 1,65 1,14 1,74 1,07 1,83
0,01 1,25 1,34 1,2 1,4 1,15 1,46 1,1 1,52 1,05 1,58
40 0,025 1,35 1,45 1,3 1,51 1,25 1,57 1,2 1,63 1,15 1,69
0,05 1,44 1,54 1,39 1,6 1,34 1,66 1,29 1,72 1,23 1,79
0,01 1,32 1,4 1,28 1,45 1,24 1,49 1,2 1,54 1,16 1,59
50 0,025 1,42 1,5 1,38 1,54 1,34 1,59 1,3 1,64 1,26 1,69
0,05 1,5 1,59 1,46 1,63 1,42 1,67 1,38 1,72 1,34 1,7
4. Critério de decisão Se n𝑅 2 > 𝑋𝑐2 , onde 𝑋𝑐2 é algum valor crítico de uma Qui-Quadrada
com 𝐾 graus de liberdade, para um nível de significância dado, rejeitar a hipótese de
Homocedasticidade.
22
3. METODOLOGIA E BASE DE DADOS
A metodologia será baseada na pesquisa empírica econométrica a base de regressões
simples, criado por Francis Galton em 1886. Pretende-se a partir dessa teoria de
regressões simples, relacionar as importações e exportações (comercio externo) com a
taxa de câmbio. Pretende-se estimar valores da variável 𝑌, para isso vai-se considerar os
valores de outra variável 𝑋, que acredita-se ter poderes de explicação sobre 𝑌 conforme
a fórmula:
𝑌 = 𝛽0 + 𝛽1 𝑋 + 𝜀
Onde,
Onde, i indica cada uma das n observações da base de dados e, 𝜀̂ passa a ser chamado de
resíduo.
Os dados foram coletados no site do Banco de Cabo Verde e do INE. A amostra utilizada
é um painel com séries temporais que cobre os anos de 2006 a 2016, e comtempla as
regiões geográficas América Africa, e Resto do Mundo, onde as transações comerciais
são realizadas preferencialmente em dólar. Convém ainda realçar que as estatísticas
cambiais são compiladas pelo Banco de Cabo Verde a partir das taxas de referência do
euro calculadas e disponibilizadas pelo Banco Central Europeu. Numa periodicidade
mensal, o Banco de Cabo Verde divulga as taxas de câmbio mensais e de fim de período
do escudo de Cabo Verde em relação ao euro, libra esterlina, dólar americano, coroa
dinamarquesa, coroa sueca, coroa norueguesa, iene japonês, franco suíço, rand sul-
23
africano e dólar canadiano. Igualmente são compiladas e divulgadas os índices da taxa de
câmbio efectiva nominal e real do escudo cabo-verdiano.
Os dados de base utilizados pelo INE na elaboração das estatísticas do comércio externo,
provêm da Direção Geral das Alfândegas, na forma de ficheiros eletrónicos e resultam do
aproveitamento de atos administrativos. A nomenclatura de produtos utilizada no
tratamento dos dados é o Sistema Harmonizado (SH) que é utilizada por muitos países,
permitindo assim, a comparabilidade das estatísticas do comércio externo de Cabo Verde
com outras realidades.
24
Figura 2: Comportamento das Exportações em Milhões de Dólares
25
Figura 3: Comportamento das importações em milhões de dólares, face as flutuações da
taxa de câmbio do dólar
Nota-se nos primeiros anos 2006-2008 que com a depreciação do dólar as importações
aumentaram consideravelmente, sendo que a partir dai o dólar volta a apreciar levando a
uma redução grande das importações. Entre 2011 e 2012 as importações atingiram valores
recordes não obstante a taxa de câmbio do dólar ter mantido em alta. No entanto com a
apreciação da taxa de câmbio medio do dólar nos últimos anos para valores nunca antes
registado, as importações em dólar dos EUA tem tido uma redução acentuada.
4.3.Análise Econométrica
Para fazer-se uma análise mais formal da relação entre as variáveis utilizou-se a pesquisa
econométrica a base de regressões simples. O Comércio Externo (importação e
exportação) foi considerado como variável dependente, e a taxa de câmbio flutuante com
destaque para o dólar americano, foi considerada variável explicativa. Sendo assim tentou
entender a relação entre as variáveis, com o objetivo de estimar ou prever a média ou
valor médio de dependente em termos dos valores conhecidos ou fixos das explicativas.
Os pontos a seguir explicam toda a análise realizada.
26
𝐻0 : apresenta raiz unitária (não estacionaria)
Tabela 3: Teste com a variável dependente ou endógena, nesse caso concreto total das
Importações anuais
27
Tabela 4: Teste com a variável dependente ou endógena, nesse caso concreto total das
Exportações anuais
28
Tabela 5: Teste com a variável explicativa, taxa de câmbio do dólar EUA
29
nomeadamente o teste de heteroscedasticidade, teste do correlograma dos resíduos, teste
Jarque-Bera.
𝐻0 : 𝜌 = 0 𝐴𝑢𝑠𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜
𝐻1 : 𝜌 ≠ 0 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑒𝑛ç𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜
b) Teste de Heteroscedasticidade
31
Tendo em conta a tabela 7 pode-se constatar que a prob. Chi-square(2) é equivalente a
0.14, ou seja maior que 0.05, pelo que cai na região de não rejeição de 𝐻0 , concluindo
assim que não há presença de heterocedasticidade no modelo.
d) Teste Jarque-Bera
O teste de normalidade mostra o histograma e estatística dos resíduos descritivos,
incluindo a estatística Jarque-Bera ao testar por normalidade. Para se saber se os resíduos
têm distribuição normal realizou-se o teste Jarque Bera, onde:
O teste de Jarque-Bera tem como hipótese nula a normalidade. Assim, se o p-valor for
menor do que 5% (ou 10%), p<0,05 (p<0,10), então o autor rejeita a normalidade. Já se
p>0,05, aceita-se a normalidade. Uma probabilidade JB pequena (isto é, um valor
próximo de zero) significa que a hipótese de normalidade deve ser rejeitada.
32
Tabela 9: Resumo dos resultados dos testes Jarque-Bera, referentes as importações
realizadas em dólar dos Estados Unidos
Conclui-se pela tabela que o p-valor é maior que 0.05 montando que os resíduos têm
distribuição normal.
33
Tabela 10: Resumo dos resultados da regressão, com relação a Exportação realizada em
dólar dos Estados Unidos
34
e) Teste de Heteroscedasticidade
Tabela 11: Resumo dos resultados dos testes de heteroscedasticidade, referentes as
exportações realizadas em dólar dos Estados Unidos
35
f) Teste do Correlograma dos resíduos
Tabela 12: Resumo dos resultados dos testes de correlograma, referentes as exportações
realizadas em dólar dos Estados Unidos
Da análise do teste residual apresentada na tabela 12 pode-se constatar que não existe
correlação parcial e nem presença de autocorreção, pois, as barras laterais não excedem
os limites estabelecidos. Fazendo a análise pelas probabilidades do Q-stat, pode-se
concluir que ambos os valores são superiores a 0.05, pelo que se aceita 𝐻0 , ou seja, não
existe autocorrelação e nem correlação parcial.
g) Teste Jarque-Bera
Para se saber se os resíduos têm distribuição normal realizou-se o teste Jarque Bera, onde:
36
Tabela 13: Resumo dos resultados dos testes Jarque-Bera, referentes as exportações
realizadas em dólar dos Estados Unidos
Conclui-se pela tabela que o p-valor é maior que 0.05 montando que os resíduos tem
distribuição normal.
5. DISCUSSÃO
37
é uma variável crucial que afeta as expectativas e o planeamento dos agentes envolvidos
no comércio externo. Além disso, mudanças na taxa câmbio resultam em variações
relevantes nos preços relativos, acompanhadas de efeito renda e substituição. Assim, esse
processo não é automático, ou seja, os consumidores levam tempo para perceber a
mudança dos preços relativos, as empresas levam tempo para mudar de fornecedor, entre
outros motivos, que podem resultar em uma diferença razoável de tempo para que ocorra
esse ajuste.
Com efeito, a partir dessa análise comparativa foram feitas duas regressões: uma apenas
agregando toda a amostra da importação levando em consideração a taxa de cambio
flutuante para o dólar dos estados Unidos, outra com apenas dados das exportações
realizada tendo em conta a mesma taxa de cambio.
38
Itália, etc. países pertencentes a zona euro, logo as transações comercias são realizadas
preferencialmente na moeda Euro. No entanto, Cabo Verde, tem exportado algumas
mercadorias para os Estados Unidos casos do grogue o vinho ou o café do Fogo, com a
Coffee Spirit, que já é comercializado em algumas cadeias da famosa Starbucks.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Alterações no comercio externo são sentidas muito rápidas quando o governo adota uma
medida cambial, seja ela qual for. O governo pode adoptar uma medida que visa apreciar
a moeda nacional em relação a moeda estrangeira, ou seja, o governo baixa a taxa de
câmbio, e assim os agentes econômicos precisam de menos unidades de moeda nacional
para equivaler a uma unidade de moeda estrangeira, em consequência, há um aumento
das importações, uma queda das exportações. Por outro lado, quando o governo toma tais
medidas com o intuito de depreciar o câmbio, os agentes econômicos passam a precisar
de mais unidades de moedas nacional para comprarem uma unidade de moeda estrangeira.
Desta forma, as consequências são aumento das exportações, diminuição das
Importações. Cabo Verde, optou-se por uma âncora cambial, num contexto de paridade
fixa entre o escudo cabo-verdiano e o euro. Até se chegar ao regime actual, o país passou
por uma série de experiências cambiais que vieram a culminar na assinatura do Acordo
de Cooperação Cambial com Portugal e, posteriormente, na vinculação da moeda
nacional à moeda da União Europeia. Elegeu a estabilidade de preços como um dos
principais pilares da sua política económica e, neste contexto identificou a Paridade
Cambial ao Euro como um meio privilegiado para a sua consecução. No entanto ao longo
39
da história passou por diversos regimes cambiais, mas, independentemente da designação
atribuída, os relatos demonstram que os regimes escolhidos não passaram de diferentes
nuances de regimes de câmbios fixos.
Neste relatório, buscou-se apresentar uma discussão sobre a relação entre a taxa de
câmbio e o comércio externo, portanto, buscou-se comparar os efeitos da taxa de câmbio
flutuante com destaque para o dólar americano no Comércio Externo. Assim, foi estimado
um painel de variáveis instrumentais, utilizando o comércio externo em um período que
cobre o intervalo de 2006 a 2016.
Os resultados mostram por um lado, que as exportações nos últimos anos, tiveram uma
evolução negativa quer para a África quer para América, por outro, as importações de
mercadorias provenientes principalmente do continente americano diminuíram de forma
acentuada, no entanto, a taxa de câmbio medio do dólar apreciou tendo atingido valores
nunca antes registado, se consideramos o período 2006-2016. Os resultados ilustram
ainda, uma alta flutuação das importações em dólares, mostrando que o aumento da taxa
de câmbio do dólar desincentiva a importação nessa moeda. Para cada aumento de 1 dólar
na taxa de câmbio o valor da importação diminui 0,29 dólares. Os testes empíricos exibem
coeficientes positivos que demonstram a relação entre a flutuação da taxa de câmbio do
dólar e as importações e exportações para o continente americano e africano.
Não se pode refutar, a hipótese de que a valorização cambial esteja contribuindo para
desincentivar a importação proveniente do continente americano, e a estimular a
importação de mercadorias da zona euro, e há hipótese de que o câmbio fixo tem
estimulado a procura do mercado europeu por parte dos empresários Cabo-Verdianos
para colocarem suas mercadorias, obviamente a outros factores por detrás disto.
De uma forma geral, pode-se afirmar que os resultados empíricos obtidos do modelo
econométrico utilizado ao longo do trabalho corroboram a importância da taxa de câmbio
no comércio externo em economias frágeis, portanto é um elemento relevante a ser
considerado para trajetória de crescimento.
40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BCV (2008). Os Regimes Cambiais em Cabo Verde. Série Educação Financeira - N.º 08/
2008.
Curado, M., Marcos, R., Daniel D.Taxa de câmbio e crescimento econômico: uma
comparação entre economias emergentes e desenvolvidas.
41
ANEXOS
TOTAL Exportação de Mercadorias 1.819,0 1.547,1 2.409,2 2.760,9 3.697,4 5.436,4 4.565,7 5.714,0 6.347,2 6.671,2 6.206,4
EUROPA 1.416,4 1.228,4 2.156,4 2.733,1 3.557,3 5.145,7 4.225,2 5.306,1 5.793,2 5.942,8 5.936,3
Alemanha 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 9,0 1,5 20,5 8,0
Espanha 496,8 322,6 895,7 1.710,1 2.685,3 3.810,5 3.483,7 3.849,5 4.288,5 4.485,0 3.981,6
França 0,2 0,4 0,3 80,2 21,8 337,4 2,3 196,0 175,1 1,2 0,0
Ítalia 3,1 0,0 0,0 1,0 0,0 0,0 2,5 311,7 321,8 221,2 587,4
Países Baixos 10,5 3,7 11,8 13,5 10,4 8,4 7,5 12,0 11,3 21,3 22,5
Portugal 905,9 901,7 979,3 928,2 839,6 977,2 729,0 924,0 991,0 938,4 1.055,1
Outros 0,0 0,0 269,4 0,1 0,0 12,1 0,2 3,9 4,1 255,2 281,8
144,0 81,9 8,6 25,2 118,6 220,4 280,3 347,6 404,6 291,8 83,0
AMERICA
Estados Unidos 25,0 21,5 8,6 25,2 59,6 29,7 58,7 60,1 60,2 121,9 83,0
El-Salvador 116,9 60,4 0,0 0,0 0,0 190,7 221,6 193,1 240,4 169,0 0,0
Outros 2,1 0,0 0,0 0,0 59,0 0,1 0,0 94,5 104,1 0,9 0,0
África 249,2 122,4 233,3 2,6 21,5 48,3 36,1 14,5 103,6 289,8 97,5
África do Sul 0,0 3,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Angola 0,0 0,5 0,0 0,2 1,5 0,1 4,3 8,0 13,8 3,2 0,0
Países da CEDEAO 75,9 1,4 147,3 2,3 20,0 8,3 7,0 6,3 6,5 0,2 0,2
Gana 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 2,0 3,6 3,7 0,2 0,2
Guiné Bissau 75,9 1,4 2,5 1,3 20,0 8,2 4,7 0,8 0,8 0,0 0,0
Senegal 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,0 2,0 0,0 0,0
Marrocos 161,4 113,0 65,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 39,3 210,6 58,9
Outros 12,0 4,3 20,4 0,0 0,0 39,9 24,7 0,2 44,0 75,8 38,4
ÁSIA 9,3 114,3 10,9 0,0 0,0 21,1 23,0 45,8 45,8 146,7 89,6
Japão 9,3 114,3 10,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,2
Outros 0,0 0,0 0,2 0,0 0,0 21,1 23,0 45,8 45,8 146,7 88,4
RESTO DO MUNDO 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,9 1,1 0,0 0,0 0,0 0,0
42
Distribuição Geográfica da Importação de Mercadorias
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Em milhões de escudos
TOTAL : Importação de Mercadorias 47.564,5 60.120,3 62.323,2 56.219,6 61.829,8 75.140,6 65.698,7 60.086,1 60.732,7 60.055,5 66.383,3
EU RO PA 40.664,2 50.754,4 52.879,9 47.302,3 54.112,8 65.529,7 53.147,6 49.884,4 50.366,2 46.625,5 53.861,2
Alemanha 545,6 853,9 975,2 1.280,7 276,1 391,9 679,4 820,2 496,4 607,2 576,0
Espanha 2.668,3 2.666,5 4.533,3 5.531,3 6.577,5 7.421,8 4.701,3 4.737,8 4.857,1 4.283,1 7.375,3
França 1.184,1 5.721,7 1.256,1 1.088,4 2.265,2 1.260,2 1.077,5 818,8 1.106,8 1.314,8 1.473,7
Ítalia 2.267,2 2.275,1 1.695,5 1.737,8 1.074,9 3.345,2 1.041,1 892,0 911,1 991,0 1.038,4
Países Baixos 7.270,8 9.771,2 10.576,2 9.412,2 10.373,9 14.391,1 9.859,3 12.538,2 12.902,1 7.863,6 4.839,5
Portugal 23.878,1 27.059,3 31.369,7 27.170,6 31.795,5 33.606,2 31.672,5 26.340,0 26.538,2 27.791,6 32.916,4
Reino Unido 649,5 621,4 559,7 270,4 271,9 287,9 490,4 510,0 453,6 460,1 203,4
Suécia 682,0 616,8 270,8 91,8 170,0 48,6 113,1 55,7 54,4 64,6 43,6
Outros 1.518,8 1.168,5 1.643,4 719,2 1.307,9 4.776,8 3.513,0 3.171,8 3.046,6 3.249,5 5.394,9
AMERICA 4.352,2 5.284,8 5.365,7 4.451,2 4.274,1 4.394,3 7.422,9 4.066,2 4.246,1 4.375,7 3.745,4
Estados Unidos 659,9 697,8 539,1 583,1 980,7 713,1 3.483,6 734,6 753,6 870,0 858,4
Brasil 3.024,7 3.743,3 3.528,7 2.508,1 2.300,0 2.056,1 2.646,7 2.158,5 2.082,9 2.274,6 2.338,8
Outros 667,6 843,7 1.297,9 1.360,0 993,4 1.625,2 1.292,6 1.173,1 1.409,6 1.231,2 548,2
ÁFRICA 928,6 1.608,5 1.550,8 1.658,0 1.396,8 2.516,3 1.422,6 1.457,6 1.305,7 3.302,7 2.860,9
África do Sul 239,2 173,2 133,5 52,1 12,9 48,0 91,6 75,1 71,6 35,0 18,9
Países da CEDEAO 595,6 832,8 919,3 1.214,0 1.148,1 1.308,7 928,5 887,1 758,6 1.088,9 970,9
Costa do M arfim 127,8 260,1 252,0 180,0 143,8 38,0 239,2 34,2 38,9 99,5 90,3
Gana 118,3 57,6 153,5 51,3 77,0 82,1 190,9 68,6 63,4 137,7 82,4
Gâmbia 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 42,6 0,9 0,0 0,0 1,4 0,0
Guiné Bissau 14,0 14,9 23,1 14,8 14,9 87,4 20,6 8,0 7,8 7,2 43,6
M ali 1,0 3,8 5,0 3,0 8,7 5,4 14,5 13,8 7,4 2,2 0,0
Nigéria 1,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,3 0,0 0,0 6,3 1,2
Senegal 312,4 496,4 411,7 690,8 689,6 1.053,2 461,0 762,5 641,0 833,9 753,3
M arrocos 11,5 79,6 357,2 225,4 120,7 188,2 172,9 211,7 224,4 699,4 678,6
Outros 82,3 522,9 140,8 166,5 115,1 971,5 229,7 283,6 251,1 1.479,4 1.192,6
ÁSIA 1.097,9 1.978,5 1.959,9 2.192,7 1.431,5 2.030,5 3.013,2 3.924,4 4.075,8 4.510,4 4.311,8
China 172,0 618,5 937,9 642,9 625,7 780,8 1.510,1 1.666,5 1.804,1 2.636,8 3.035,8
Japão 200,3 170,2 294,0 324,9 40,8 335,7 395,4 251,3 80,0 24,4 154,0
Tailândia 533,1 1.001,3 586,7 838,8 630,1 682,0 756,9 1.569,5 1.632,8 1.160,6 670,8
Outros 192,4 188,6 141,2 386,2 134,9 231,9 350,9 437,1 559,0 688,6 451,3
RESTO DO MU NDO 521,5 494,0 566,9 615,4 614,6 669,8 692,4 753,6 738,9 1.241,1 1.604,0
43