Sunteți pe pagina 1din 12

PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM

GUARDA MUNICIPAL DE BELÉM


PRIMEIRA COMISSÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO
CORREGEDORIA

RELATÓRIO FINAL

1. DOS FATOS:

1.1 Trata-se do Processo nº 0364/2015 sobre o Registro de Ocorrência nº 309/15-DOP,


confeccionado pelo GM GOMES, o qual relatou que o muro do Posto Palácio Antônio
Lemos foi pichado durante o serviço noturno do dia 16/05/2015 (fls. 01).

1.2 Foi juntado o Boletim de Ocorrência nº 00273/2015.000313-3 registrado pelo GM


GOMES no dia 21/05/2015 sobre o mesmo fato (fls. 02 e 03).

1.3 Os autos foram lançados a esta Comissão para fins de apuração disciplinar NO
DIA 24/06/2015 (fls. 04).

2. DA APURAÇÃO:

2.1 Registramos, de início, que foi realizada uma apuração séria, imparcial e exaustiva,
garantindo que seja observado o devido processo administrativo legal, em conformidade
com os preceitos estabelecidos no art. 5º, LIV e LV da CF/88.

2.2 Juntamos a Portaria nº 816/2015-CMDO/GMB constitutiva dos membros


responsáveis pela apuração deste feito, delimitando igualmente o objeto de cognição
processual, bem como os servidores processados (fls. 06). No mesmo sentido
confeccionamos a Ata de Instalação de Trabalhos (fls. 08), tendo sido os servidores GM
GOMES, GM BRANDÃO, GM ABELARDO, GM ANA CLEIDE e GM SAMPAIO
devidamente notificados da abertura do processo (fls. 12 a 16).

2.3 Iniciando a coleta de provas, a Comissão encaminhou o Memo. nº 132/15 ao RH


(fls. 10) solicitando cópia da ficha funcional dos servidores acusados, e em resposta o setor
enviou o Memo. nº 226/15-RH/GMB (fls. 17), com a cópia da documentação solicitada (fls. 18
a 43).

2.4 A Comissão encaminhou o Memo nº 153/16 a DOP (fls. 58) solicitando a cópia da
escala e frequência do posto Palácio Antônio Lemos dos dias 15 e 16/05/2015, e em resposta
o setor enviou o Memo. nº 916/2016-DOP (fls. 59) com a documentação solicitada (fls. 60 a
63).

2.5 A Comissão juntou notícia veiculada em jornal de circulação regional sobre o fato
em apuração (fls. 93 e 94).

2.6 A Comissão solicitou a situação funcional do GM R BRANDÃO por meio do


Memo nº 022/2017 à DAD (fls. 95), e em resposta o setor nos encaminhou o Memo nº
34/2017/RH (fls. 97) informando que o servidor faleceu em 29/07/2016.

1
PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM
GUARDA MUNICIPAL DE BELÉM
PRIMEIRA COMISSÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO
CORREGEDORIA

2.7 A Comissão solicitou a situação funcional da GM ANA CLEIDE por meio do


Memo nº 087/2017 à DAD (fls. 95), e em resposta o setor nos encaminhou o Memo nº
124/2017/RH (fls. 112) informando que a servidora faleceu em 25/01/2017.

2.8 A comissão encaminhou o Ofício nº 018/2017 (fls. 100) solicitando a convocação


dos vigilantes de serviço na Defensoria Pública do Estado do Pará no dia 15/05/2015, horário
noturno para depoimento na condição de testemunha, contudo, não houve o
comparecimento, conforme o respectivo termo (fls. 104). Os servidores acusados foram
devidamente comunicados da oitiva (fls. 96, 99, 101, 102).

2.9 A Comissão encaminhou o Ofício nº 118/2017 à Polícia Civil, sendo que a


autoridade policial, por meio do Ofício nº 182/2017-DIOE (fls. 162) informou que não
conseguiram identificar os autores da pichação, tendo em vista que não obtiveram dados
precisos do GM GOMES e do vigilante da Defensoria Pública.

2.10 O GM SAMPAIO em depoimento (fls. 132 e 133) informou que estava de serviço
no dia 16/05/15, no período noturno e que a guarnição era composta pelo depoente e mais os
servidores GM GOMES (EP de serviço), GM R BRANDÃO, GM ANA CLEIDE e GM
ABELARDO. Que o GM GOMES costumava dividir a guarnição em duplas para que uma
ficasse na parte interna e outra na parte externa. Que desconheceu que a pichação ocorreu
no referido turno de serviço e que ficou sabendo do fato em sua residência. Questionado
quais os guardas estavam designados para fazer a segurança na área externa respondeu que
eram os servidores GM ANA CLEIDE e GM R BRANDÃO. Questionado se percebeu
alguma pichação ao sair do posto, o depoente respondeu negativamente.

2.11 O GM ABELARDO em depoimento (fls. 134 e 135) informou que estava de serviço
no dia 16/05/15, no período noturno e que a guarnição era composta pelo depoente e mais os
servidores GM GOMES (EP de serviço), GM R BRANDÃO, GM ANA CLEIDE e GM
SAMPAIO. Que após 00h00 era feito um revezamento no posto de serviço, ficando uma
dupla na parte interna e outra na parte externa. Que desconheceu que a pichação ocorreu no
referido turno de serviço e que ficou sabendo do fato em sua residência. Informou que após
ter saído do serviço abordou um morador de rua, por volta das 06h30 e fez um percurso
pela avenida 16 de novembro, mas não visualizou nenhum vestígio de pichação. Que ficou
sabendo do fato por volta das 14hs, pelo IGR MARCOS, o qual orientou o depoente a
procurar o GM GOMES para resolveu tal ocorrência. Questionado quais os guardas estavam
designados para fazer a segurança na área externa respondeu que eram os servidores GM
ANA CLEIDE e GM R BRANDÃO. Questionado se assinou o R.O nº 309/15-DOP
confirmando o relato do GM GOMES, respondeu que sim.

2.12 O GM GOMES em depoimento (fls. 138 e 139) informou que estava de serviço no
dia 16/05/15, no período noturno e que a guarnição era composta pelo depoente e mais os
servidores GM ABELARDO, GM R BRANDÃO, GM ANA CLEIDE e GM SAMPAIO. Que
após 00h00 era feito um revezamento no posto de serviço, ficando uma dupla na parte
interna e outra na parte externa. Que negou ter sido informado por um vigilante por volta
das 03h30 sobre uma pichação no posto, e que repassou tal informação foi a guarnição do

2
PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM
GUARDA MUNICIPAL DE BELÉM
PRIMEIRA COMISSÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO
CORREGEDORIA

serviço posterior após diligências. Questionado se assinou o R.O nº 309/15-DOP respondeu


que sim, mas confeccionou tal documento de forma equivocada. Que desconheceu que a
pichação ocorreu em seu turno de serviço e que foi informado pelo GM JOÃO.

2.13 O GM MARCO em depoimento (fls. 152 a 154) informou que tomou ciência da
pichação pelo GM JOÃO, o qual lhe repassou a pichação no muro lateral da Av. 16 de
novembro quando passava em ronda pelo local. Que se dirigiu ao posto onde constatou a
pichação, onde o GM JOÃO informou que o GM GOMES não lhe repassou nenhuma
ocorrência. Que foram realizadas algumas diligências mas não obtiveram êxito em encontrar
os autores da pichação. Que orientou as guarnições de serviço noturno e diurno a
confeccionarem um RO sobre o fato.

2.14 O GM JOÃO em depoimento (fls. 155 e 156) informou que estava de serviço no
dia 17/05/15, no período diurno e que recebeu o serviço do GM GOMES, o qual não
apresentou nenhuma alteração, sendo que foi o GM AFONSO que ao chegar ao posto
verificou a pichação por volta das 07hs. A testemunha ressalta que confeccionou no livro de
partes a visualização da pichação. Que um flanelinha também comunicou o fato a
testemunha. Que ao receber o serviço do GM GOMES não realizou de imediato uma ronda
no posto, pois se preocupou em receber os materiais.

2.15 A Comissão encaminhou o Memo nº 173/17 ao RH solicitando a cópia da escala e


frequência do posto Palácio Antônio Lemos do dia 16/05/2015, diurno, e em resposta o setor
enviou o Memo. nº 278/17-RH/GMB (fls. 164) com a documentação solicitada (fls. 165-168).

2.16 A Comissão encaminhou o Memo nº 136/17 a IES (fls. 170) solicitando a cópia do
livro de partes do posto Palácio Antônio Lemos do dia 16/05/2015, diurno, e em resposta o
setor enviou o Memo. nº 116/2017-IES/GMB (fls. 171) com a documentação solicitada (fls.
172 e 173).

2.17 O GM ABELARDO foi novamente inquirido (fls. 202) onde relatou que a
guarnição do serviço noturno fez uma ronda ao redor do posto por volta das 06hs,
ressaltando também que foi coagido a assinar o RO feito pelo GM GOMES, mas que não fez
nenhuma reclamação pois foi convencido pelo GM R BRANDÃO.

2.18 O GM GOMES foi novamente inquirido (fls. 203) onde confirmou ter
confeccionado o R.O e B.O juntados inicialmente no referido processo, mas que em verdade
obteve tal comunicação pelo GM JOÃO, via rádio.

2.19 O GM SAMPAIO foi novamente inquirido (fls. 206) onde confirmou ter assinado o
R.O, e que foi em consenso com a guarnição, informando também que na passagem de
serviço não foi realizada nenhuma ronda externa.

2.20 Os servidores GM GOMES, GM ABELARDO e GM SAMPAIO foram indiciados


(fls. 210), onde foram citados para apresentação de defesa escrita (fls. 211, 214 e 215), sendo
que o GM GOMES apresentou regularmente defesa escrita por intermédio de procurador
3
PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM
GUARDA MUNICIPAL DE BELÉM
PRIMEIRA COMISSÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO
CORREGEDORIA

constituído (fls. 216 a 232). Os servidores GM ABELARDO e GM SAMPAIO não


apresentaram defesa, sendo declarada a revelia conforme termo (fls. 233 a 236).

2.21 Foram nomeados e notificados os defensores dativos GM DANIEL e GM BOSCO


(fls. 237 e 238), os quais apresentaram defesa (fls. 239 a 241).

É do essencial, a apuração.

3. DA FUNDAMENTAÇÃO:

3.1 Incipientemente, se torna indispensável anotar que uma vez constatada a


irregularidade no serviço público e não alcançada pela prescrição, a autoridade legal e
regimentalmente competente para apurá-la deve realizar sindicância ou instaurar processo
disciplinar, sem avaliações de ordem de conveniência ou oportunidade, por isso que essa
determinação é ato vinculado, axioma este previsto no art. 211 da Lei nº 7.502/90, in verbis:

Art. 211. A Autoridade que tiver ciência de qualquer


irregularidade no serviço público é OBRIGADA a promover-lhe
a apuração imediata por meios sumários ou mediante Inquérito
Administrativo. (grifamos).

3.2 Antes de adentrarmos no mérito do feito, cabe uma análise sobre as preliminares
elencadas na defesa técnica do GM GOMES (fls. 218 a 231): (i) nulidade por ausência de
justa causae insuficiência de provas e; (ii) nulidade por excesso de prazo para a conclusão
do PAD.

3.3 Muito bem. Quanto a alegação de nulidade por ausência de justa causa, tem-se
uma “confusão” por parte da defesa entre o conceito de justa causa para a abertura do
feito, que representa o lastro probatório mínimo, para que fosse instaurado o referido
inquérito, com a análise do próprio mérito, que representa as provas produzidas no curso
do PAD (relato do vigilante, sequer identificado) que demonstrassem a responsabilidade
administrativa dos referidos servidores. Ora, no que tange a (real) justa causa, verificamos
que não houve denúncia anônima, até porque a apresentação da possível irregularidade
no serviço se deu pelo próprio GM GOMES, por meio do R.O nº 309/15-DOP (fls. 01), bem
como do B.O nº 00273/2015.000313-3 (fls. 02 e 03), ambos formulados por escrito e com a
identificação do servidor. Nesse ponto, constitui poder-dever da autoridade
administrativa o de apurar eventuais irregularidades que cheguem ao seu conhecimento e
que noticiem suposta irregularidade envolvendo agente público, conforme dispõe o artigo
211, da Lei 7.502/90.

3.4 Além disso, o Supremo Tribunal Federal tem adotado o entendimento de que é
possível a abertura de processo administrativo até mesmo decorrente de denúncia
anônima, conforme o RMS 29.198/DF, julgado em 30 de outubro de 2012. Indo além, no
Superior Tribunal de Justiça há também entendimento favorável para abertura de
processo administrativo baseado em denúncia anônima, conforme os precedentes: MS
10.419/DF; MS 7.415/DF e REsp 867.666/DF. Somando-se a isso, no caso de dúvida sobre a
4
PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM
GUARDA MUNICIPAL DE BELÉM
PRIMEIRA COMISSÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO
CORREGEDORIA

veracidade das informações sobre as quais teve ciência, deverá a Administração optar pela
apuração. Esse é o entendimento de Couto (2014, p. 130), o qual leciona que “se a
autoridade tiver dúvida entre arquivar e promover a apuração, deve optar por promover a
apuração, pois, nessa fase, a dúvida resolve-se em favor da sociedade e não em favor do
acusado”. Ainda, conforme assinala o Manual da CGU (BRASIL – CGU, 2016, p. 42) “não
é condição indispensável para iniciar a averiguação a devida qualificação do denunciante,
porquanto o que realmente importa é o conteúdo da denúncia (relevância e
plausibilidade), que deve conter elementos capazes de justificar o início das investigações
por parte da Administração Pública”.

3.5 Assim, segundo as correntes doutrinárias e jurisprudenciais acima colacionadas,


houve a obediência dos requisitos insculpidos no artigo 213 da Lei 7.502/90, havendo
portanto justa causa para abertura do referido inquérito, afastando-se a nulidade
pugnada.

3.6 Em segundo lugar, no que tange a nulidade por excesso de prazo, insta ressaltar
que tal processo se iniciou com a ciência da autoridade instauradora em 10.06.2015 (fls.
04), e instaurado inquérito administrativo conforme Portaria nº 816/2015-CMDO/GMB.

3.7 Verifica-se de plano que o inquérito administrativo possui considerável número de


servidores acusados (5 guardas), devendo coexistir o contraditório e ampla defesa para
todos. Além disso, mesmo que ultrapassado o marco temporal de 30 dias estipulado no art.
145 da Lei nº 8.112/901, tal situação se deu em razão do encaminhamento de ofícios e
memorandos, sobrestamentos, convocação de testemunhas e dos próprios acusados, a fim
de individualizar corretamente os servidores participantes da ocorrência, evitando
acusações infundadas ou temerárias, logo sem qualquer nota de prejuízo ao servidor
acusado.

3.8 Além disso, segundo interpretação dos tribunais superiores não há que se
reconhecer nulidade por excesso de prazo, sem demonstração concreta de prejuízo, não
cabendo unicamente sustentar como fez a defesa escrita, pois não houve arguição sobre
questões processuais prejudicadas em decorrência do prazo de apuração, o qual foi
necessário para a colheita de todas as provas aptas a formar a convicção da presente
comissão. O STJ já afirmou não ser possível declarar nulidade por excesso de prazo em tais
situações:

Ementa: ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. PROCESSO


ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. CERCEAMENTO DE
DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. PRESCRIÇÃO NÃO
OCORRÊNCIA. EXCESSO DE PRAZO NA APRESENTAÇÃO DE
PARECER PELA COMISSÃO DISCIPLINAR. MERA
IRREGULARIDADE QUE NÃO GERA NULIDADE DO
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR EXISTÊNCIA DE
SENTENÇA CONDENATÓRIA TRANSITADA EM JULGADO.
1
Art. 145. Da sindicância poderá resultar: (...) Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância não excederá
30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual período, a critério da autoridade superior.
5
PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM
GUARDA MUNICIPAL DE BELÉM
PRIMEIRA COMISSÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO
CORREGEDORIA

[...] 2. O entendimento desta Corte é no sentido de que eventuais


irregularidades relativas ao excesso de prazo para prática de atos,
quando incapazes de trazer prejuízo ao militar disciplinando,
não ensejam nulidade do processo administrativo disciplinar.
Precedentes. [...] 5. Recurso ordinário desprovido.” (RMS
22.032/GO, Relatora Ministra: Laurita Vaz, Data do Julgamento:
16/12/2010, 5ª Turma, Data da Publicação: 07/02/201, negrito para
destaque)

3.9 À vista do exposto, entendemos que não há o que se falar em nulidade do


processo por excesso de prazo, não merecendo guarida nenhuma das preliminares
suscitadas.

3.10 Passadas as preliminares, analisando o objeto cognoscitivo desse feito,


verificamos que o muro da fachada do Palácio Antônio Lemos foi pichado em sua lateral
sito à rua 16 de novembro próximo a rua Manoel Barata. Segundo o B.O nº
00273/2015.000313-3 (fls. 02): “na ‘pinchação’ havia escrito 2,70 e na outra #BDM bdm;
Que, a ‘pinchação escrita 2,70 cada numero possuia 2 metros de largura por 5 de altura e
a segunda pinchação com 3 metro de largura por 1 de altura”. Tal fato, segundo o relato
confeccionado pelo GM GOMES, teria se dado “no dia 16/05/2015, por volta das 03:30h”.

3.11 Em complemento, o R.O nº 309/15-DOP (fls 01), igualmente confeccionado pelo


GM GOMES e ratificado pelos demais servidores GM R BRANDÃO, GM ABELARDO,
GM ANA CLEIDE e GM SAMPAIO, restou verificado que a guarnição foi informada por
um cidadão, não identificado nos autos, que se dizia vigia e trabalhava na área da Manoel
Barata, o qual informou à guarnição que foram duas pessoas em uma moto que, por volta
das 03:30h, efetuaram a pichação com um equipamento que lançava jatos de tinta a longa
distância.

3.12 A testemunha GM MARCO (fls. 152-154), relatou que foi comunicada pelo GM
JOÃO, entre as 07h30 e 08h, sendo que este último estava de serviço no dia 16/05/2015,
período de 07 as 19hs, o qual durante ronda pelo Palácio Antônio Lemos identificou a
referida pichação no muro lateral do posto. Que o GM JOÃO lhe mencionou que a
guarnição do serviço anterior não efetuou nenhuma comunicação sobre o fato. A
testemunha então entrou em contato com o GM GOMES, encarregado do serviço noturno
passado, o qual respondeu não ter ciência da irregularidade no serviço. Diante disso,
solicitou que ambas as guarnições documentassem o fato e efetuou a sumária limpeza do
local.

3.13 Em complemento, a testemunha GM JOÃO (fls. 155-156) sustentou que foi


informado da pichação pelo GM AFONSO, e constatou tal fato por volta das 07hs quando
este chegou ao posto, relatando também que durante a troca de serviço com o GM
GOMES não realizou de imediato uma vistoria externa, se atentando primeiramente para
a passagem de serviço no PA da IES, ressaltando também que o GM GOMES não lhe
repassou nenhuma alteração no serviço.

6
PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM
GUARDA MUNICIPAL DE BELÉM
PRIMEIRA COMISSÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO
CORREGEDORIA

3.14 Indo além, o GM ABELARDO (fls. 134-135), um dos servidores da guarnição do


período noturno do dia 15/05/2015, explicou que por volta das 00hs todo o efetivo
efetuava a segurança externa do prédio, geralmente por meio de duplas. Que após esse
horário, efetuava-se um revezamento, sendo que durante o serviço não foi identificada
irregularidade, ressaltando inclusive que após a passagem de serviço passou pela Av 16
de Novembro por volta das 06h30 abordou um morador de rua que estava dormindo na
parte de trás não tendo verificado nenhum vestígio de pichação, Porém, questionado
sobre a assinatura do R.O nº 309/15-DOP, o qual contradiz tal informação ao mencionar
que a guarnição ratificou o relato do GM GOMES nada soube responder.

3.15 Compulsando os autos, verificamos que tal alegação não restou positivada em
nenhum documento ou por qualquer outra testemunha. Aliás, segundo a escala e
frequência do dia 15/05/2015 (noturno) (fls. 61) tem-se que todos os servidores da
guarnição encerraram o serviço às 07hs, portanto, no período de 06h30m o servidor ainda
(deveria) se encontrar no âmbito de suas atribuições.

3.15 Outrossim, o GM GOMES, encarregado da guarnição, atestou em depoimento


(fls. 138-139) que se equivocou na confecção do registro de ocorrência exordial (fls. 01)
pois as informações repassadas foram provenientes da guarnição seguinte, em diligências
efetuadas. Questionado se a pichação ocorreu no seu próprio turno de serviço, o servidor
não soube informar, pois teve ciência do fato por meio de telefone do GM JOÃO. Vale
frisar que de acordo com o Livro de Partes do Posto, não houve o relato de alterações
durante o serviço (fls. X).

3.16 Pois bem. Ocorre que incrustrados nas malhas deste complexo processo,
subsistem: registro de ocorrência, boletim de ocorrência, devidamente consignados pela
guarnição de serviço no período noturno, os quais evidenciaram termos como: “fomos
informados por um cidadão que se dizia vigia e trabalhava na área do Manoel Barata, que
foram duas pessoas em uma moto, que efetuaram pichação com equipamento que lançava
jatos de tinta a longa distância por volta das 03h30” (fls. 01). O GM GOMES, ainda
registrou no B.O que: “ o relator compareceu nesta DIVISÃO na qualidade de guarda
municipal encarregado do serviço para afirmar que no dia 16/05/2015, por volta das
03h30, o Palácio Antônio Lemos, o qual é sede da Prefeitura e Museu de Artes de Belém
foi pichado”.

3.17 Nesta acepção, por mais que a guarnição do serviço noturno do dia 15/05/2015
tenha sustentado que não observou tal pichação, o próprio GM SAMPAIO relatou em
depoimento que durante a passagem de serviço não foi efetuada ronda externa para
verificação do posto ao término do serviço, tendo sido realizada anteriormente (fls. 206).
Além disso, o próprio GM SAMPAIO em depoimento anterior questionado sobre quais os
guardas que estavam designados na área externa do Palácio Antonio Lemos, na hora em
que ocorreu o fato em análise, tal servidor relatou que estavam o GM R BRANDÃO e
GM ANA CLEIDE (fls. 132). Vale frisar que o GM ABELARDO também confirmou que
eram esses dois servidores que estavam efetuando rondas externas na hora do fato
ocorrido (fls. 134).

7
PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM
GUARDA MUNICIPAL DE BELÉM
PRIMEIRA COMISSÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO
CORREGEDORIA

3.18 Atos de pichação são rotineiramente efetuados no cair da noite e nas


madrugadas, tendo em vista a facilidade para ação de forma impune. Dessa forma, os
próprios servidores GM SAMPAIO, GM ABELARDO e GM GOMES ao assinarem o
respectivo registro de ocorrência, sem qualquer representação sobre uma possível coação,
ou mesmo sem questionamento veemente que tal pichação não teria ocorrido no serviço,
indicam a assunção de eventuais omissões e falhas durante o turno de serviço.

3.19 Com efeito, observamos ilícito disciplinar de cunho omissivo, ou seja, as


condutas dos membros da guarnição indicam que eles deixaram de agir de acordo com os
padrões operacionais mínimos não desempenhando pessoalmente com zelo e presteza os
encargos atribuídos de proteção do posto municipal Palácio Antônio Lemos,
principalmente através da ausência de uma ronda final de averiguação, a qual deve ser
realizada obrigatoriamente, evitando justamente que fossem repassadas para outras
guarnições, as alterações no serviço anterior. Segundo MARTINELLI e SCHIMITT DE
BEM o ilícito omissivo é:

“uma violação de uma norma de mandato (ou preceptiva) que


exige do agente uma ação esperada possível. A ação esperada é
aquela que pode ser exigida e somente essa exigibilidade permite
a punição pela omissão. Por ser o delito omissivo algo que o
sujeito podia e devia realizar, há sempre uma infração de um
dever jurídico de atuação, e não uma obrigação meramente moral
ou social”2

3.18 O tamanho da pichação, conforme a imagem noticiada pela mídia regional (fls. 94)
indica um alto grau de negligência, ou seja, quebra do dever objetivo de cuidado, tendo
em vista que tal fato seria de notória e clara percepção, e dificilmente poderia ter sido
realizado durante o dia, pois seria flagrantemente rechaçado por populares ou mesmo
outros agentes públicos.

3.20 De pronto, deve-se ressaltar a orientação firmada pelos Colendos Supremo Tribunal
Federal e Superior Tribunal de Justiça no sentido de que nos casos de autoria conjunta ou
coletiva, e em especial nos ilícitos praticados por agrupamentos, societários ou não, não se
faz indispensável a individualização da conduta específica de cada agente. Ora, no âmbito
de uma guarnição operacional da GMB, durante um serviço, dificilmente se pode obter a
descrição pormenorizada de cada conduta, mas todos são responsáveis pelas deliberações
e condutas praticadas.

3.21 Veja-se o entendimento de MIRABETE:

“Evidentemente, caso não seja possível a individualização do


comportamento de cada um deles, como acontece, por exemplo,

2
MARTINELLI, João Paulo Orsini; SCHIMITT DE BEM, Leonardo. Lições Fundamentais de Direito Penal. São
Paulo: Saraiva, 2016, p. 498.
8
PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM
GUARDA MUNICIPAL DE BELÉM
PRIMEIRA COMISSÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO
CORREGEDORIA

nos crimes societários, uma descrição geral de que concorreram


para o ilícito é perfeitamente aceitável.”3

3.22 Nessa linha é o entendimento do STJ:

O ilícito de autoria coletiva não obriga, a denúncia, a


pormenorizar o envolvimento de cada réu, bastando a narrativa
genérica do delito, sem que tolha, evidentemente, o exercício da
defesa. (STJ, Recurso Especial nº 4.615 – RJ, publicado na Revista
do Superior STJ Tribunal de Justiça nº 25/367). Nos casos de
autoria conjunta ou coletiva, e em especial nos delitos praticados
em sociedade, não se faz indispensável a individualização da
conduta específica de cada agente (STJ, HC 58.802, RTJ 100/566, e
HC 59.857, RTJ 104/1002).

3.23 Nisso, a ausência de apresentação adequada, através de uma ronda final ao término
do posto de serviço, a confluência de relatos destoantes dos servidores confirmam o
comportamento omissivo por parte dos membros da guarnição: GM GOMES, GM
ABELARDO, GM SAMPAIO, GM ANA CLEIDE e GM R BRANDÃO, e a assunção da
quebra do dever funcional previsto no art. 144, V e 147 da Lei nº 7.502/90, sendo passível
de responsabilização administrativa:

V – desempenhar pessoalmente com zelo e presteza os encargos


que lhe competirem e os trabalhos de que for incumbido dentro de
suas atribuições

Art. 147. Pelo exercício irregular de as atribuições, o funcionário


responde civil, penal e administrativamente.

3.24 Veja-se a doutrina de CARVALHO FILHO:

“A responsabilidade administrativa deve ser apurada em processo


administrativo, assegurando-se ao servidor o direito à ampla
defesa e ao contraditório, bem como a maior margem probatória, a
fim de possibilitar mais eficientemente a apuração do ilícito.
Constatada a prática do ilícito, a responsabilidade importa a
aplicação da adequada sanção administrativa. Já tivemos a
oportunidade de registrar – mas nunca é demais frisar novamente
– que o sistema punitivo na esfera administrativa é bem diferente
do que existe no plano criminal. Neste, as condutas são tipificadas,
de modo que a lei cominará uma sanção específica para a conduta
que a ela estiver vinculada. Assim, o crime de lesões corporais
simples enseja uma sanção específica: a de detenção de três meses
a um ano (art. 129, CP). Na esfera administrativa, o regime é
diverso, pois que as condutas não têm a precisa definição que

3 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Código de Processo Penal Interpretado, 2ª edição, 1994, Ed. Atlas.
9
PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM
GUARDA MUNICIPAL DE BELÉM
PRIMEIRA COMISSÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO
CORREGEDORIA

ocorre no campo penal (...). Os estatutos funcionais apresentam


um elenco de deveres e vedações para os servidores, e o ilícito
administrativo vai configurar-se exatamente quando tais deveres e
vedações são inobservados.”4

3.25 No que tange as alegações de mérito defensivas, quanto a negativa de autoria,


verificamos que tal fato já foi devidamente registrado no que tange a possibilidade de
responsabilização dos servidores em ilícitos de autoria coletiva, mesmo que não
individualizada concretamente a conduta de casa servidor em específico, posto ser
impossível em tais casos, principalmente em casos em que a guarnição adota condutas
sem especificá-las formalmente. Aliás, a guarnição restou indiciada por comportamento
omissivo, o qual indica quebra de deveres funcionais, demonstrados pela ausência de
ronda ao término do serviço, feita diante do servidor que entrará em serviço posterior,
evitando com isso responsabilidades por atos pretéritos.

3.9Em relação a dosimetria pena, de acordo com o art. 195 da Lei nº 7.502/90,
analisada a natureza e gravidade do fato, verifica-se que a pichação foi de grande
proporção, realizada durante o período noturno, onde se torna necessária maior vigilância
da guarnição de serviço. Além disso, a pichação foi realizada em posto de relevância à
municipalidade, pois representa a sede da prefeitura municipal de Belém, sendo,
portanto, passível de consideração de falta grave, na forma do art. 197 da Lei nº 7.502/90:

Art. 197. A pena de suspensão, que não excederá a trinta dias, será
aplicada em caso de falta grave ou de reincidência.

3.26 Vale frisar, contudo, a incidência da causa extintiva de punibilidade dos servidores
GM R BRANDÃO e GM ANA CLEIDE em razão da morte dos respectivos agentes, de
acordo com o Memo nº XXX, incidindo-se no caso concreto o princípio da
intranscendência e personalidade da pena disciplinar, conforme a aplicação analógica do
art. 107, I do CP:

Art. 107. Extingue-se a punibilidade de:

I – pela morte do agente.

3.28 Ante o exposto, sugerimos a aplicação de penalidade disciplinar de suspensão aos


servidores GM GOMES, na condição de encarregado de posto e pela gerência sobre os
atos praticados por seus subordinados diretos, bem como aos servidores GM ABELARDO
e GM SAMPAIO, todos pelo comportamento omissivo durante o serviço noturno
realizado no dia 16/05/2015, os quais repassaram o serviço sem realizar uma ronda de
vistoria, não identificando a pichação na lateral do muro do Palácio Antônio Lemos,
deixando, por isso, de desempenhar com zelo e presteza dos encargos atribuídos, fato
grave, diante das circunstâncias fáticas do posto ser a sede da Prefeitura Municipal.

4. DA CONCLUSÃO:
4
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 28ªEd. São Paulo: Editora Atlas., p. 802.
10
PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM
GUARDA MUNICIPAL DE BELÉM
PRIMEIRA COMISSÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO
CORREGEDORIA

4.1 Considerando que a instrução probatória foi realizada segundo rigorosa obediência
aos princípios do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório, e analisadas
todas as alegações de defesa, a presente comissão, conforme fundamentos de fato e direito a
seguir expostos, sumariando as razões acima minudenciadas, conclui haver elementos
concretos aptos a responsabilizar funcionalmente o GM GOMES, GM ABELARDO e GM
SAMPAIO.

4.2 Considerando, preliminarmente, que as nulidades alegadas em sede defensiva não


merecem festejo, visto que é pacífico na doutrina e jurisprudência que o excesso de pr azo
não ocasiona a nulidade do inquérito. Além disso, houve justa causa para abertura do PAD.

4.3 Considerando que no mérito, restou demonstrado o comportamento omissivo da


guarnição de serviço no dia 16/05/2015, materializada pela quebra do dever funcional, a
sendo que a guarnição não identificou nenhuma irregularidade no posto de serviço mesmo
tendo sido pichada a fachada lateral do Palácio Antônio Lemos, conforme o R.O nº 309/15-
DOP, bem como no B.O nº 00273/2015.000313-3, não tendo realizada ronda ao final do
serviço.

4.4 Considerando que em ilícitos de autoria coletiva, permite-se a responsabilização


administrativa mesmo sem individualização concreta, tendo em vista a impossibilidade
probatória, bem como a gerência global do serviço, mesmo por erros praticados por um
servidor, quando for consenso da equipe, não havendo o que se falar em negativa de
autoria.

4.5 Considerando que os servidores GM ABELARDO e GM SAMPAIO relataram que a


pichação ocorreu durante o turno de ronda externa dos servidores GM R BRANDÃO e GM
ANA CLEIDE.

4.6 Considerando que a falta de cumprimento do dever funcional de desempenhar com


zelo e presteza os encargos atribuídos, na forma do art. 144, V, da Lei nº 7.502/90, a qual nas
circunstâncias concretas evidenciam falta grave, tendo em vista que o fato se deu em
período noturno, onde a vigilância deve ser reforçada, bem como o posto representa a sede
da prefeitura municipal, passível de suspensão.

4.7 Considerando que a cópia da ficha funcional dos servidores acusados não indicam a
reincidência delitiva, havendo a incidência de atenuante.

4.8 Considerando a morte dos servidores GM R BRANDÃO e GM ANA CLEIDE,


extinguindo a aplicação de penalidade administrativa.

4.9 Diante do exposto, esta 1ª Comissão de Processo Administrativo sugere:

11
PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM
GUARDA MUNICIPAL DE BELÉM
PRIMEIRA COMISSÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO
CORREGEDORIA

4.9.1 Que seja aplicada a penalidade de SUSPENSÃO de 05


(cinco) dias aos servidores GM V MARCELO GOMES DE
MIRANDA, mat.: 0024406-015, GM I LUIZ ABELARDO DO
CARMO PINTO, mat.: 0299774-015, GM I PEDRO RONEY
SAMPAIO PINHEIRO, mat.: 0369225-015, pela não realização de
ronda ao término do serviço, o que contribuiu para não
identificação da pichação ocorrida no Posto Palácio Antônio
Lemos, conforme R.O nº 309/15-DOP.

4.9.2 Assim, exauridos os trabalhos que cabiam à Comissão,


devem ser os autos enviados à Corregedora/GMB para análise,
com o posterior encaminhamento ao Inspetor Geral/GMB do
presente relatório expositivo da matéria de fato e de direito.

Belém-Pará, 28 de fevereiro de 2018.

WANDERLEY DA COSTA NEPOMUCENO


PRESIDENTE DA 1ª COMISSÃO
MAT. 0024198-013

ALEXANDRE DO ROSARIO BRITO


SECRETARIO DA 1ª COMISSÃO
MAT.: 0298611-015

DANIEL COSTA DA SILVA


MEMBRO DA 1ª COMISSÃO
MAT.: 0298930-013

12

S-ar putea să vă placă și