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1. PARADOXO DA SOBERANIA.
O paradoxo da soberania é este: o soberano está, ao mesmo tempo, dentro e fora
do ordenamento jurídico. Isso quer dizer que “eu, o soberano que estou fora da lei, declaro
que não há um fora da lei”.
2. NOMOS BASILEÚS.
Em Héracles o nomos é o poder que opera com a mão mais forte. Para Sólon a
força da lei era identificada em uma conexão com a justiça. Já em Hesíodo, nomos é o
poder que divide violência e direito. Em Píndaro, o nómos soberano, conjuga direito e
violência arriscando-os na identificação: o soberano é o ponto de indiferença entre direito e
violência. Para Platão a “lei da natureza” nasce para colocar de lado o jogo da contraposição
entre physis e nómos e excluir a confusão soberana da violência e direito. O estado de
exceção é quando o estado de natura se torna o fora (banimento) do estado de direito. O
estado de exceção pode virar regra:
3. POTÊNCIA E DIREITO.
Poderes constituídos existem somente no estado; poderes constituintes existem
somente fora do estado. Somente conseguiremos chegar a um bando livre do soberano se
pensarmos o poder constituinte na relação entre poder e ato. Agamben faz isso com o
seguinte argumento: segundo Aristóteles, a potência é potência para ser e não ser,
simultaneamente. Tomando isso como ponto de partida, Agamben afirma que o soberano
é aquele que se realiza simplesmente retirando a própria potência de não ser. A soberania
é sempre dupla porque seu ser se autosuspende mantendo consigo a relação de bando
(grupo de indivíduos abandonados). O paradoxo reside no fato de que ao ser abandonado,
o homo sacer está fora da lei (ser excluído); mas para estar fora da lei o bando precisa
respeitar (ser incluído) na própria lei.
4. FORMA DE LEI
A lenda kafkiana expõe a forma mais pura da lei, em que ela se afirma com mais
força no ponto em que não prescreve mais nada, ou seja, no bando. Todas as sociedades
entraram hoje em uma crise de legitimidade, em que a lei, vigora como puro “nada de
Revelação”; o niilismo em que vivemos é o emergir à luz dessa relação. Portanto, a lei
tornada pura forma é mera vigência sem significado que coincide com a vida. O paradoxo
do estado de exceção consiste em que seja impossível distinguir a transgressão da lei e a
sua execução, como por exemplo o soldado que caminha no meio da noite para verificar
quem transgrede o toque de recolher. Apenas se conseguirmos pensar o ser do abandono
além da ideia de lei, poder-se-á dizer que saímos do paradoxo da soberania em direção a
uma política livre de todo bando.
PARTE 2
5. HOMO SACER
Neste capítulo Agamben resgata interpretações daquela figura do direto romano
denominada homo sacer, sendo esta última a vida não-sacrificável, mas matável.
6. AMBIVALÊNCIA DO SACRO
Neste capítulo, Agamben quer recusar as interpretações do termo sacer como um
mitologema científico, já que elas nada explicam. Sacer não é uma forma de maldição
religiosa, que sanciona o caráter simultâneo e abjeto: a formulação política original da
imposição do vínculo soberano.
7. A VIDA SACRA
As antigas formas de punição (como colocar uma pessoa em um saco com
serpentes e cães) diferem muito da forma como encaramos a pena de morte nos dias
atuais. O homo sacer apresentaria a figura originária da vida presa no bando soberano. A
sacralidade é a forma originária de implicação da vida nua na ordem jurídico-política.
8. O CORPO SOBERANO E O CORPO SACRO.
Neste capítulo Agamben busca indagar qual a proximidade do corpo político do
soberano com o corpo matável. O filósofo analisa a imagem do devotus, um corpo político
da Roma antiga que se sacrificava em rituais para trazer a vitória ao seu povo, sendo essa
a medida de semelhança entre o soberano e o homo sacer. Outro ponto destacado por
Agamben é que no direito romano o assassinato de um rei era mais que um homicídio, e
de um homo sacer é menos que isso, sendo, portanto, o paralelo dos dois atos o seguinte:
não constitui homicídio matar o homo sacer; tampouco o soberano.
PARTE 3
9. A POLITIZAÇÃO DA VIDA
No nosso tempo a política tornou-se integralmente biopolítica. Reinterpretando
Hobbes: são os corpos matáveis dos súditos que formam o novo corpo político do Ocidente.
10. OS DIREITOS DO HOMEM E A BIOPOLÍTICA.
É chegado o momento de cessar de ver as declarações de direitos como
proclamações de valores metajurídicos. Nazismos e fascismos só foram possíveis após a
inauguração do pano de fundo político das declarações dos direitos universais.
11. VIDA QUE NÃO MERECE VIVER.
Agamben busca no seio de primeira teoria pró eutanásia a origem do conceito de
vida que não merece ser vivida (moribundos) e depois afirma que toda sociedade decide
quais sejam seus homens sacros. O nazismo com as biopolíticas da eutanásia assinala o
momento em que a integração entre medicina e política assume sua forma consumada.
12. VP
No nazismo os VP (cobaias de experiências) são os homo sacer alemães, mas nos
EUA, os VP eram os condenados à morte (isolados da vida política), o que é ainda mais
inadmissível, haja vista que se trata de um país democrático.
13. POLITIZAR A MORTE
O filósofo está incomodado com o novo conceito de 68 da Harvard de morte
cerebral. O filósofo afirma que a alegação de um advogado, segundo a qual ele não teria
matado quem era acusado de matar com um revólver, mas sim o médico que removeu seu
coração para um transplante. Ainda que o médico não tenha sido incriminado e o advogado
tampouco, tal afirmação não deixa de inquietar Agamben. Hoje em dia “vida” e “morte” não
são conceitos científicos, mas políticos. A sala de reanimação delimita um espaço de
exceção no qual surge, pela primeira vez, uma vida nua integralmente ao controle do ser
humano. Os organismos estão nacionalizados; pertencem ao estado.
14. O CAMPO COMO NÓMOS MODERNO.
O primeiro campo de concentração moderno não fora criado pelos nazistas, mas
pelo partido social democrata que internou milhares de militantes comunistas e criaram uma
konzentrationslager für ausländer [Grande concentração para estrangeiros] que hospedada
refugiados hebreus orientais. O paradoxo do campo de exceção é o seguinte: ele é um
espaço do território nacional que não está sob as leis vigentes, mas não é uma terra fora
do território nacional, uma ausländer. A novidade do nazismo implica que a voz do Führer
não é apenas uma lei, ela é a indiferenciação entre normatização e execução; o Führer é
uma lei vivente. O campo é o novo nómos biopolítico do planeta. Somente uma política que
saberá fazer as contas com a cisão biopolítica fundamental poderá por fim à guerra civil
que divide os povos.
15. LIMIAR
Três teses emergiram como conclusões no curso desta pesquisa: 1) a relação
política originária é o bando (o estado de exceção como zona de indistinção entre externo
e interno); 2) o rendimento do poder soberano é a produção de vida nua como elemento
político; 3) o campo é o paradigma político do ocidente.
4. Defina o problema (ou os problemas) que o autor buscou solucionar.
Qual a é a relação entre política e vida, e se esta se apresenta como aquilo que
deve ser incluído através de uma exclusão?