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Graduada em Pedagogia.... Professora efetiva da UFRJ..., fernandagas1@gmail.com.
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Graduado em Sistemas de Informação pelo Instituto de Estudos Superiores da Amazônia,
Especialista em Libras pela UNIASSELVI, e especializando em Docência no Ensino Superior
pela UNIASSELVI. Atua como Profissional de Libras do Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial do Rio de Janeiro. hectorscalixto@gmail.com.
Realização:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA – UFU
CENTRO DE ENSINO, PESQUISA, EXTENSÃO E ATENDIMENTO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL – CEPAE
I CONGRESSO NACIONAL DE LIBRAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
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ISSN 2447-4959
introdução do uso de sinais como método de ensino, León não teve seu
método publicado e por isso não registro de como ele atuava para passar
conhecimentos para seus alunos. (PERLIN, 2002, p.34)
A primeira obra publicada na área da educação de surdos foi feita por
Juan Pablo Bonet (1579-1629), e era intitulada “Reducción de las letras y arte
de enseñar a hablar los mudos, publicado em 1620 e contendo um alfabeto
digital muito similar ao que utilizamos hoje no Brasil.” Essa publicação
proporcionou para Bonet “reconhecimento histórico internacional, tanto por ter
mandado gravar representações das configurações manuais em água forte
como pela divulgação de uma metodologia fonética de alfabetização”. (REILY,
2007)
Outra figura extremamente representativa foi o Abade L’Epée (1712-
1789) e “é destacado na história da educação do surdo por ter reconhecido a
necessidade de usar sinais como ponto de partida para o ensino do surdo”.
L’Epée acreditava que para poder transferir conhecimento e conseguir alcançar
os surdos era necessário utilizar a sua forma de comunicação mais natural, ou
seja “afirmava que a única maneira de chegar ao espírito dos surdos era pela
via ‘dos mesmos sinais pelos quais a natureza os inspira’.” (REILY, 2007)
Dessa forma ele conseguiu organizar a forma de comunicação por meio
dos sinais a ponto de expressar ideias complexas e estabelecer conceitos que
antes acreditava-se serem de impossível compressão para os surdos,
conforme demonstrado por Reily (2007):
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melhoria do seu método, e convidava a todos os interessados a realizarem
visitas a Intuição que foi criada para educação de surdos, para que tomasse
conhecimento da metodologia e pudesses disseminar as ideias em outras
partes. Isso foi eficiente, já que sua influencia chegou aos Estados Unidos e
posteriormente no Brasil, fazendo com que esses dois países herdasses o
sistema de sinais utilizado na França.
A L’Epée é atribuída a criação da primeira escola pública para surdos,
em Paris, em 1760, iniciando suas atividades com poucos alunos, mas que em
1785 já tinha 70 alunos. Com a sua atuação se iniciou um novo período na
história da educação de surdos, com o uso do seu método de ensino, que ficou
conhecido como Sistema de Signos Metódicos. (PELIN, 2002, p.36)
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apresentado pelo influente Marques de Abrantes ao então Imperador D. Pedro
II. E assim, solicitou ao Imperador um prédio para fundar o então Instituto dos
Surdos-Mudos do Rio de Janeiro, em 25 de setembro de 1857, atualmente
conhecido como Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES.
No entanto essa data não era oficial até 1908, “quando mudada de 1º de
janeiro de 1856 para 26 de setembro de 1857, quando a partir de então o
Império passa a subvencionar o Instituto” (ROCHA, 2007, p. 39). Apreciamos
por meio da leitura do Decreto nº 6.892, de 19 de Março de 1908 questões
referentes ao exercício do ano escolar, quando aprova o regulamento para o
então Instituto Nacional de Surdos-Mudos, que diz:
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Quando nos reportarmos a documentos oficiais antigos, algumas palavras neste texto,
apresentarão escrita diferente de nossa escrita atual, pois tratam-se de questões ortográficas
específicas de determinado momento histórico e que não é nosso objetivo discutir sobre esta
questão. .
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sendo que, naquela época, já existiam dezessete alunos estudando no
Instituto” (PERLIN, 2002, p.71). Com isso, o instituto ficou sob a direção, de
forma transitória, do Frei João Carmelita. Já em 1862 o Dr. Manuel de
Magalhães Couto assumiu como diretor do Imperial Instituto, estando habilitado
para isso pelo Instituto de Paris.
Com a saída de Huet, alterações foram realizadas na proposta
educacional de surdos e em 1867 ocorreu a retirada da disciplina de leitura
labial e foram acrescentadas as disciplinas de leitura e escrita, geometria
elementar, desenho linear, francês e contabilidade. Assim, “algumas disciplinas
foram mantidas, que foram a de língua portuguesa, Geografia e Doutrina
Cristã, sendo que todas essas disciplinas estavam relacionadas com à
aquisição da escrita pelos alunos surdos” (BENTES, 2010, p. 61).
Já em 1871 ocorreram tentativas, por parte da direção, de introduzir o
método oral, mas o mesmo não trouxe resultados satisfatórios, e “em 1873 foi
incluído o ensino profissionalizante” (PERLIN, 2002, p.75). Essa
implementação do ensino profissionalizante ocorre em decorrência de uma
concepção existente na época de que “as classes médias e altas tinham como
meta a Universidade, cabiam as classes inferiores a aquisição de uma
profissão. E no caso dos surdos-mudos a profissão disponível na gestão de
Tobias Leite (1868-1896) era no campo.” (BENTES, 2010, p. 61).
Com isso tomou-se providências para que os alunos pudessem adquirir
um ofício, onde se “mandou preparar num terreno anexo ao jardim do Instituto
uma pequena horticultura, onde os alunos pudessem aprender atividades
agrícolas, servindo de base para uma futura atividade econômica” (ROCHA,
2007, p. 40).
Levando em conta a concepção do então diretor do instituto, Dr. Tobias
Leite, a educação para os surdos deveria se dar apenas nos níveis básicos,
focando a sua educação apenas na formação para trabalhos agrícolas,
conforme comentado por Rocha (2007, p. 49), dizendo que o diretor afirmava
que era necessário somente uma educação primária:
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Essa abordagem acabava por limitar as opções de trabalho dos surdos,
assim como levavam a alienação no que diz respeito a sua posição como
cidadão e de escolha quanto a sua profissão, ocorrendo uma imposição em
relação a quais atividades laborais deveria realizar. Como dito por Bentes
(2010, p. 62):
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ensino de surdos, e decidiram isso sem a participação dos professores e
profissionais surdos. Oito resoluções resultaram do congresso, e foram as
seguintes:
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escolas de Surdos e determinava o fechamento dos institutos em
regime de internato. Houve um declínio dos professores Surdos até a
quase extinção dos mesmos, restando poucos professores Surdos no
mundo.
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Até então duas disciplinas disputavam entre si pela maior importância
entre as outras, que eram a de Linguagem Articulada, que foi instituída e usada
de forma preferencial para aqueles que alunos que demonstrassem aptidão.
Segundo o capitulo II do Decreto nº 6.892, de 19 de Março de 1908, que:
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para aprovação, e os mesmo foram aprovados posteriormente pelo Ministro do
Interior.
No entanto, já em 1914, três anos após a implantação do Método Oral
Puro, os resultados dessa mudança não se mostravam positivos, e os
resultados dos novos programas aplicados no ensino de surdos não foram
satisfatórios. O então diretor, Custódio Martins, envia um relatório ao governo,
e no mesmo “insiste para que sejam adaptados métodos de ensino que sejam
mais adequados para as aptidões e capacidades dos alunos que frequentavam
o Instituto” (ROCHA, 2007, p. 55).
Em 1925, mas precisamente em janeiro, por meio do Decreto 16.782 foi
organizado o então Departamento Nacional de Ensino, e com isso o Instituto
passa para a classe de estabelecimento profissionalizante. Este decreto:
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(ROCHA, 2007, p. 59)
O diretor anterior, o Dr. Custódio foi relutante em lhe transferir o cargo,
mas acabou por aceitar as evidências, demonstrando isso por meio de uma
declaração, onde disse que não valia nada, era apenas um traste inútil que o
governo pôs de lado. Com essa declaração ele pode “demonstrar as
transformações que ocorriam no país, o que culminou na derrocada da
República Velha e o início da Era Vargas” (ROCHA, 2007, 59)
Com isso instaurou-se no Instituto a visão clínica da surdez, tendo como
principal representatividade desta nova abordagem o momento em que o
Instituto passou a ser parte integrante do Ministério da Educação e Saúde.
Pudemos observar a influência que os métodos usados em outros
países tiveram sobre o cenário educacional para surdos no Brasil. L’Epée teve
grande influência na introdução do uso dos sinais, o que proporcionou acesso
ao conhecimento aos surdos na França do século XVIII, entre eles Huet, que
ao ter contato com a metodologia usada na França pode adquiris experiência e
ao emigrar para o Brasil trouxe consigo a mesma metodologia para ser
aplicada no Instituto que criaria. Com o Congresso de Milão, essa metodologia
foi deixada de lado, dando lugar ao oralismo, conforme exposto no texto,
mesmo não tendo sucesso na sua aplicação e ocorrer um declínio na educação
de surdos neste período. A história do Brasil segue, e juntamente com ela a
história da educação de surdos, e esses períodos também tiveram influência
para construção do modelo educacional existente hoje, mas esses períodos e
contribuições serão analisados em trabalhos futuros.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Acesso em 20/10/2014.
REILY, Lucia. O papel da Igreja nos primórdios da educação dos surdos. Rev.
Bras. Educ., Rio de Janeiro , v. 12, n. 35, Ago. 2007. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
24782007000200011 &lng=en&nrm=iso>. Acesso em 20/10/2014.
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