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Índice

Introdução.....................................................................................................................................07

1. Estradas....................................................................................................................................09

1.1 - Separação e estabilização de subleitos..................................................................................09


1.1.1 - Generalidades....................................................................................................................09
1.1.2 - Introdução.........................................................................................................................10
1.1.3 - Metodologia de cálculo......................................................................................................10
1.1.4 - Exemplo de cálculo.............................................................................................................17
1.1.5 - Antecedentes.....................................................................................................................19
1.1.6 - Instalação..........................................................................................................................21
1.1.7 - Normas relacionadas.................................................................................... .....................23
1.1.8 - Bibliografia.......................................................................................................................23
1.2 - Reforço de base de pavimentos...................................................................... .....................24
1.2.1 - Generalidades.............................................................................................. .....................24
1.2.2 - Introdução.........................................................................................................................24
1.2.3 - Metodologia de cálculo......................................................................................................24
1.2.4 - Exemplo de cálculo.............................................................................................................28
1.2.5 - Antecedentes.....................................................................................................................36
1.2.6 - Instalação...........................................................................................................................38
1.2.7 - Normas relacionadas..........................................................................................................40
1.2.8 - Bibliografia........................................................................................................................40
1.3 - Repavimentação com geotêxteis...........................................................................................41
1.3.1 - Generalidades....................................................................................................................41
1.3.2 - Introdução.........................................................................................................................41
1.3.3 - Metodologia e exemplo de cálculo.....................................................................................46
1.3.4 - Exemplo de cálculo.............................................................................................................48
1.3.5 - Antecedentes....................................................................................................................51
1.3.6 - Instalação..........................................................................................................................53
1.3.7 - Normas relacionadas..........................................................................................................58
1.3.8 - Bibliografia........................................................................................................................58
1.4 - Sistema de drenagem subsuperficial......................................................................................59
1.4.1 - Generalidades....................................................................................................................59
1.4.2 - Introdução.........................................................................................................................59
1.4.3 - Metodologia de cálculo......................................................................................................60
1.4.4 - Exemplo de cálculo............................................................................................................61
1.4.5 - Antecedentes.....................................................................................................................65
1.4.6 - Instalação..........................................................................................................................67
1.4.7 - Normas relacionadas..........................................................................................................69
1.4.8 - Bibliografia.........................................................................................................................69

2. Edificações................................................................................................................................71

2.1 - Sistemas de drenagem vertical e horizontal..................................................... .....................71

03
Índice

2.1.1 - Generalidades.............................................................................................. .....................71


2.1.2 - Introdução.........................................................................................................................71
2.1.3 - Metodologia de cálculo.....................................................................................................75
2.1.4 - Exemplo de cálculo............................................................................................................78
2.1.5 - Antecedentes....................................................................................................................81
2.1.6 - Instalação..........................................................................................................................85
2.1.7 - Normas relacionadas.................................................................................... .....................87
2.1.8 - Bibliografia........................................................................................................................87
2.2 Reforço de fundações superficiais ou rasas..............................................................................88
2.2.1 - Generalidades....................................................................................................................88
2.2.2 - Introdução.........................................................................................................................88
2.2.3 - Metodologia de cálculo.....................................................................................................90
2.2.4 - Exemplo de cálculo............................................................................................................94
2.2.5 - Antecedentes.....................................................................................................................95
2.2.6 - Instalação...........................................................................................................................97
2.2.7 - Normas relacionadas..........................................................................................................99
2.2.8 - Bibliografia........................................................................................................................99

3. Geotecnia................................................................................................................................101

3.1 - Muros de contenção em solo reforçado..............................................................................101


3.1.1 - Generalidades..................................................................................................................101
3.1.2 - Introdução........................................................................................................................102
3.1.3 - Metodologia de cálculo....................................................................................................107
3.1.4 - Exemplo de cálculo..........................................................................................................132
3.1.4.1 - Exemplo de cálculo para soluções Terramesh®........................................... ...................132
3.1.4.2 - Exemplo de cálculo para soluções Macwall®.............................................. ...................147
3.1.5 - Antecedentes..................................................................................................................164
3.1.6 - Instalação........................................................................................................................174
3.1.7 - Normas relacionadas........................................................................................................178
3.1.8 - Bibliografia......................................................................................................................178
3.2 - Reforço de aterros sobre solos moles..................................................................................180
3.2.1 - Generalidades..................................................................................................................180
3.2.2 - Introdução.......................................................................................................................180
3.2.3 - Metodologia de cálculo....................................................................................................180
3.2.4 - Exemplo de cálculo...........................................................................................................187
3.2.5 - Antecedentes...................................................................................................................190
3.2.6 - Instalação........................................................................................................................192
3.2.7 - Normas relacionadas........................................................................................................194
3.2.8 - Bibliografia.......................................................................................................................194

4. Controle de efluentes..............................................................................................................195

4.1 - Lagoa de tratamento de efluentes.......................................................................................195

04
Índice

4.1.1 - Generalidades............................................................................................. ...................195


4.1.2 - Introdução.................................................................................................. ...................195
4.1.3 - Metodologia de cálculo............................................................................... ...................197
4.1.4 - Exemplo de cálculo..........................................................................................................203
4.1.5 - Antecedentes..................................................................................................................207
4.1.6 - Normas relacionadas........................................................................................................209
4.1.7 - Bibliografia.......................................................................................................................210
4.2 - Aterros de resíduos sólidos..................................................................................................212
4.2.1 - Generalidades..................................................................................................................212
4.2.2 - Introdução.......................................................................................................................213
4.2.3 - Metodologia de cálculo...................................................................................................214
4.2.4 - Exemplo de cálculo..........................................................................................................226
4.2.5 - Antecedentes...................................................................................................................233
4.2.6 - Normas relacionadas........................................................................................................235
4.2.7 - Bibliografia.......................................................................................................................236
4.3 - Proteção de geomembranas................................................................................................237
4.3.1 - Generalidades...................................................................................................................237
4.3.2 - Introdução.......................................................................................................................237
4.3.3 - Metodologia de cálculo...................................................................................................238
4.3.4 - Exemplo de cálculo..........................................................................................................243
4.3.5 - Antecedentes...................................................................................................................246
4.3.6 - Normas relacionadas........................................................................................................248
4.3.7 - Bibliografia......................................................................................................................249
4.4 - Desidratação de lodos.........................................................................................................250
4.4.1 - Generalidades..................................................................................................................250
4.4.2 - Introdução.......................................................................................................................250
4.4.3 - Metodologia de cálculo....................................................................................................251
4.4.4 - Exemplo de cálculo..........................................................................................................257
4.4.5 - Antecedentes...................................................................................................................259
4.4.6 - Instalação.........................................................................................................................261
4.4.7 - Normas relacionadas........................................................................................................263
4.4.8 - Bibliografia.......................................................................................................................264
4.5 - Instalação das geomembranas Macline®..............................................................................265
4.5.1 - Etapas e considerações preliminares.................................................................................265
4.5.2 - Procedimentos de instalação............................................................................................266
4.5.3 - Controle de qualidade.....................................................................................................269
4.6 - Tabela de resistência química do PEAD...............................................................................270

5. Proteção de taludes.................................................................................................................279

5.1 - Revestimentos de taludes com geomantas/biomantas.........................................................279


5.1.1 - Generalidades..................................................................................................................279
5.1.2 - Introdução.......................................................................................................................279
5.1.3 - Metodologia de cálculo....................................................................................................284

05
Índice

5.1.4 - Exemplo de cálculo...........................................................................................................288


5.1.5 - Antecedentes..................................................................................................................292
5.1.6 - Instalação........................................................................................................................300
5.1.7 - Normas relacionadas................................................................................... ....................303
5.1.8 - Bibliografia......................................................................................................................303

6. Ensaios....................................................................................................................................305

6.1. - Ensaio para determinação da flexibilidade (rigidez Flexural) das TRM´S...............................305


6.2 - Ensaio de resistência a raios ultravioletas.............................................................................306
6.3 - Ensaio para determinação da penetração de luz em Geomantas (TRM)...............................307
6.4 - Ensaio de resistência na costura..........................................................................................308
6.5 - Ensaio de permeabilidade planar e transmissividade............................................................309
6.6 - Ensaio de resistência à tração - faixa larga...........................................................................310
6.7 - Ensaio de resistência ao puncionamento tipo CBR.......................................... ....................312
6.8 - Ensaio de determinação da gramatura................................................................................314
6.9 - Ensaio de determinação de espessura.................................................................................315
6.10 - Ensaio de determinação da abertura de filtração...............................................................316
6.11 - Permeabilidade / permissividade de geotêxteis..................................................................317
6.12 - Resistência à tração - GRAB..............................................................................................318
6.13 - Resistência ao rasgo trapezoidal........................................................................................319
6.14 - Resistência ao estouro.......................................................................................................320
6.15 - Determinação de abertura aparente..................................................................................321
6.16 - Ensaio de resistência à tração por elementos.....................................................................322

06
1 - Introdução

A finalidade deste manual é transmitir, de forma objetiva, informações gerais sobre todos os tipos
de geossintéticos e metodologias para dimensionamento, projeto e execução de obras com estes
produtos. Também são detalhadas informações sobre normas e ensaios pertinentes a cada tipo de
geossintético.

O principal propósito da Maccaferri com esta obra, é contribuir com informações úteis e objetivas às
áreas de projeto e construção de obras com a utilização de geossintéticos.

Os geossintéticos representam modernidade tecnológica, proporcionando sensível economia de re-


cursos, otimização de cronogramas de trabalho e maior confiabilidade e durabilidade das obras.

Para uma análise mais detalhada sobre os argumentos aqui tratados, sugerimos consultas às obras
específicas, elencadas nas referências bibliográficas deste manual.

A Maccaferri coloca-se à total disposição, para assessoramento na solução de problemas específi-


cos, baseada em sua experiência, adquirida ao longo de mais de 125 anos de existência em todo o
mundo.

07
1. ESTRADAS

1.1 - SEPARAÇÃO E ESTABILIZAÇÃO DE SUBLEITOS

1.1.1 - GENERALIDADES

Durante a construção de rodovias, ferrovias ou vias em geral, é comum se deparar com a necessi-
dade de aplicar algum elemento de separação, que permita o acesso ou entrada dos equipamentos
de compactação e rolagem em locais cujo solo não apresente capacidade de suporte suficiente
para operações de terraplanagem. Convencionalmente, utilizam-se materiais granulares para tal
fim, permitindo-se um incremento à capacidade de suporte do solo de fundação, e contribuindo-se
para com a drenagem da base de sustentação da via, uma vez que a presença de água, em geral, é
responsável pela baixa resistência.

Percebe-se, porém, que para alcançar um nível satisfatório de resistência com o uso de materiais
granulares, é necessário um volume significativo de material, suficiente para que se permita o acesso
de veículos. Algo que não ocorre quando são usados geotêxteis, pois seu emprego permite otimizar
a camada de material granular, e, ainda, desempenha o papel de filtração requerido (Figura 1.1.1);
ou seja, pretende-se que o geotêxtil separe duas camadas de diferentes materiais, de modo a evitar
contaminações, misturas, ou o mero contato.

Figura 1.1.1 – A ilustração mostra a camada de material granular, sem geotêx-


til, sendo invadida pelo subleito de baixa capacidade de suporte, e a camada de
material granular, com geotêxtil, atuando como elemento separador e filtrante.

09
1. Estradas

1.1.2 - INTRODUÇÃO

A aplicação de geotêxteis como elemento separador é comum em estradas, ferrovias, aeroportos e


estacionamentos, especialmente quando se realizam tais obras sobre solos moles coesivos, uma vez
que sua utilização impede a mistura entre o subsolo e os materiais dos aterros utilizados nas obras,
evitando a contaminação da base constituída de agregado e a resultante perda de resistência da
mesma.

Ensaios mostram que apenas 20% em peso do solo do subleito misturados ao solo de base são
suficientes para reduzir a capacidade de suporte desta à do subleito. Esse problema normalmente é
devido ao movimento de grande quantidade de água. Quando grandes cargas transversais são apli-
cadas à superfície da rodovia, dá-se uma ação de bombeamento que acelera o movimento de água
e a migração das partículas de solo, acelerando o processo de falha na rodovia.

Permeabilidade e resistência são os dois critérios mais importantes para a escolha do geotêxtil com
a função de separação. Pelo critério de permeabilidade, estima-se que a água se mova através do
geotêxtil enquanto este retém parte do solo fino sem sofrer colmatação; pelo critério de resistência,
o geotêxtil deve suportar o processo construtivo e as pressões de tráfico sobre a camada de material
granular.

Um ponto muito importante a ser observado quanto ao uso de geotêxteis como elementos sepa-
radores consiste em não ser esse uso o que define a estabilidade do pacote asfáltico, ou seja, a
estabilidade estrutural de todas as camadas de pavimento deverá ser avaliada mediante critérios
específicos.

1.1.3 - METODOLOGIA DE CÁLCULO

Ao utilizar geotêxteis como elementos de separação em vias, deverão ser levadas em conta algumas
considerações, como:

• Conhecer as características físicas e hidráulicas do solo do subleito;


• Selecionar a resistência do geotêxtil com base nos critérios construtivos a serem adotados, evi-
tando assim danos severos de instalação (puncionamento, rasgo, etc);
• Em rodovias existentes, verificar se uma sub-base adicional foi incluída anteriormente como supor-
te estrutural extra, para conter o solo de menor resistência e reduzir a formação de trilhas de rodas
durante a passagem dos equipamentos pesados. Nesses casos, deve-se reduzir a sub-base de 30%
a 50%, e incluir o geotêxtil no projeto entre a base e a sub-base;
• Além de tomar por base o projeto geométrico, para que seja possível evidenciar as áreas onde
necessariamente deverão ser utilizados elementos separadores.

10
1. Estradas

Desse modo, para que ocorra a função de separação, basta pôr o geotêxtil sobre o solo do sub-
leito e, em seguida, espalhar e compactar sobre o geotêxtil o material granular. As deformações
subsequentes são muito localizadas, e ocorrem ao redor de cada partícula individual do material
granular escolhido. Com base nisto, várias considerações podem ser desenvolvidas de acordo com
as propriedades mecânicas dos geotêxteis, e é com base nessas considerações que, a seguir, serão
apresentados critérios para a correta escolha do geotêxtil como elemento separador e estabilizador
de subleitos.

Resistência ao estouro

Ao considerar um geotêxtil posicionado sobre subleito de baixa capacidade de suporte e um solo


granular de partículas com diâmetro médio, sobre o geotêxtil, haverá entre as partículas, se forem de
tamanho uniforme, vazios que permitirão a entrada do geotêxtil. Essa entrada é causada por simul-
tâneas ações das cargas de tráfego, sendo transmitidas para as partículas de material granular, pelo
geotêxtil e pelo solo subjacente. As tensões de solo tentam então empurrar o geotêxtil para cima,
nos vazios entre as partículas (Figura 1.1.2). Giroud (1984) propôs uma formulação para a resistência
exigida pelo geotêxtil, que pode ser adotada para essa aplicação.

em que:
Treqd = resistência ao estouro requerida para o geotêxtil;
p’ = tensão na superfície do geotêxtil, que é menor ou igual a pressão do pneu;
dv = diâmetro máximo do vazio entre as partículas sólidas, dv = 0.33da;
da = diâmetro médio entre as partículas de material granular;
f(ε) = deformação que é função do alongamento do geotêxtil.

em que:
b = largura da abertura (ou vazio), e
y = deformação dentro da abertura (ou vazio).

11
1. Estradas

Figura 1.1.2 – Geotêxtil sendo tensionado no vazio entre as partículas de solo granular (Koerner, 1998).

Essa proposição é análoga ao ensaio de estouro previsto pela ASTM D3786, segundo o qual o
geotêxtil é tensionado gradualmente em forma hemisférica até sua falha por tensão radial. Daí é
possível adotar a seguinte equação:

em que:
Tult = resistência última do geotêxtil;
ptest = tensão de estouro;
dtest = diâmetro do dispositivo do ensaio de estouro (= 30 mm).

Considerando que Tallow = Tult (IIRF), em que IIRF = fator de redução cumulativo, é possível formular
uma expressão para o fator de segurança:

12
1. Estradas

Resistência à tração

Quando uma partícula de agregado é pressionada sobre duas outras, mobiliza-se sobre o geotêxtil
uma tensão de tração lateral ou em plano qualquer (Figura 1.1.3). Com isso é possível estimar qual
a máxima deformação que sofrerá o geotêxtil sob os calços formados pelas duas partículas inferiores
(Figura 1.1.3). Usando as dimensões mostradas na Figura 1.1.3, é possível determinar a máxima de-
formação que ocorrerá no geotêxtil, sem que haja deslizamento ou ruptura dos agregados.

Note que o resultado assumido é independente do tamanho das partículas. Consequentemente, a


deformação no geotêxtil poderá ser maior que 33%, de acordo com os dados estimados. A tensão
mobilizada está relacionada à pressão exercida no agregado, conforme a seguinte equação:

em que:
Treqd = resistência grab no geotêxtil;
p’ = tensão na superfície do geotêxtil;
dv = diâmetro máximo do vazio entre as partículas sólidas, dv = 0.33da;
da = diâmetro médio entre as partículas de material granular;
f(ε) = deformação que é função do alongamento do geotêxtil.

13
1. Estradas

em que:
b = largura da abertura (ou vazio), e
y = deformação dentro da abertura (ou vazio).

Figura 1.1.3 – Geotêxtil sendo submetido à tensão de tração, quando a pressão na superfície é aplicada por uma base de agregado que tenta um
espraiamento lateral (Koerner, 1998).

Resistência ao puncionamento

O geotêxtil deve resistir ao processo de instalação. Esse tipo de consideração não está relacionada
apenas à função de separação, sendo extremamente importante em todos os tipos de aplicação. O
método de projeto sugerido para essa situação está esquematizado na Figura 1.1.4, e, para essas
condições, a força vertical exercida sobre o geotêxtil é a seguinte:

14
1. Estradas

em que:
Freqd = força vertical requerida;
p’ = tensão na superfície do geotêxtil (aproximadamente 100% da pressão dos pneus na superfície
do terreno);
da = diâmetro médio entre as partículas de material granular;
S1 = fator de protrusão = hh/da;
hh = altura de protrusão = hh/da;
S2 = fator de escala para ajustar à norma ASTM D4833;
S3 = fator de forma para ajustar à norma ASTM D4833;
Ap = área projetada da partícula puncionada;
Ac = área do menor circulo circunscrito ao redor da partícula puncionada.

Figura 1.1.4 - Esquema do puncionamento em geotêxteis (Koernerm 1998).

15
1. Estradas

Método proposto por AASHTO

Trata-se de uma norma proposta por AASHTO, denominada Geotextile Specification for Highway
Applications - AASHTO M 288-00, aplicada a geotêxteis para uso em drenagem subsuperficial, sepa-
ração, estabilização, controle de erosão, proteção temporária e pavimentação. É importante lembrar
que não é uma norma baseada em critérios de sobrevivência de acordo com as tensões de instala-
ção, o que a torna viável para a escolha do geotêxtil sob classes préestabelecidas, e uma excelente
alternativa para estabelecer critérios de especificação técnica.

Os requisitos para separação estabelecidos por AASHTO M 288-00 são aplicáveis ao uso de geotêx-
teis para prevenir a mistura entre o solo do subleito e o material de cobertura (base, subbase, aterro,
etc.). A especificação pode ser também aplicada em situações de pavimentos nos quais a separação
entre dois materiais distintos é necessária, mas a percolação de água não é a função principal.
A função de separação é apropriada a estruturas de pavimento construídas sobre solos com baixa
capacidade de suporte, ou seja, CBR > 3.

Requisitos para a escolha do geotêxtil

O geotêxtil deverá seguir os requisitos das Tabelas 1.1.1 e 1.1.2. Todos os valores numéricos apre-
sentados na Tabela 1.1.2 são representados por valores MARV (Minimum Average Roll Values) na
direção principal mais fraca, exceto o AOS, cujos valores representados são MaxARV (Maximum
Average Roll Values).

Tabela 1.1.1 – Propriedades de resistência requeridas de um geotêxtil.

Classe do Geotêxtil

Classe 1 Classe 2 Classe 3

Método Alongamento Alongamento Alongamento Alongamento Alongamento Alongamento


Unidade
de Ensaio < 50% ≥ 50% < 50% ≥ 50% < 50% ≥ 50%
Resistência ao ASTM D
N 1400 900 1100 700 800 500
Grab 4632
Resistência na ASTM D
N 1260 810 990 630 720 450
costura 4632
Resistência ao ASTM D
N 500 350 400 250 300 180
rasgo 4533
Resistência ao ASTM D
N 500 350 400 250 300 180
Puncionamento 4833
ASTM D -1 Valores mínimos para permissividade, AOS e UV são baseados na aplicação do geotêxtil. Nesse
Permissividade s
4991 caso a Tabela 1.1.2 para separação.
Abertura ASTM D
mm
aparente 4751
Estabilidade a ASTM D
%
UV 4355

16
1. Estradas

Tabela 1.1.2 – Propriedades requeridas a um geotêxtil para separação.

Método de Ensaio Unidade Requisitos

Classe do Geotêxtil Classe 2 da Tabela 1.1.1


-1
Permissividade ASTM D 4491 s
Abertura aparente ASTM D 4751 mm 0,60 MaxARV
50% após 500h de
Estabilidade a UV ASTM D 4355 %
exposição

Tabela 1.1.3 – Requisitos para transpasse.


CBR Transpasse mínimo
Maior que 3 300 – 450 mm
1–3 0,60 – 1 mm
0,50 – 1 1 m ou costura
Menor que 0,50 Costura
Final de todos os rolos 1 m ou costura

1.1.4 - EXEMPLO DE CÁLCULO

É possível determinar o tipo de geotêxtil a utilizar com base nos critérios apresentados no item 1.1.3.
Uma vez que AASTHO oferece requisitos mínimos para a escolha do geotêxtil como elemento de
separação, é interessante exemplificar sua utilização a partir das tabelas citadas no item 1.1.3, e de
maneira simples especificar o geotêxtil adequado.

Seguindo diretamente a Tabela 1.1.2, que relaciona os requisitos de separação para um geotêxtil, é
possível verificar que a classe escolhida é a classe 2. Sendo assim, trabalha-se apenas com a coluna
que faz referência a essa classe na Tabela 1.1.1.

17
1. Estradas

Tabela extraída da Tabela 1.1.1, do item 1.1.3 desse manual.

Classe do Geotêxtil

Classe 1 Classe 2 Classe 3

Método Alongamento Alongamento Alongamento Alongamento Alongamento Alongame


Unidade
de Ensaio < 50% ≥ 50% < 50% ≥ 50% < 50% ≥ 50%
Resistência ao ASTM D
N 1400 900 1100 700 800 500
Grab 4632
Resistência na ASTM D
N 1260 810 990 630 720 450
costura 4632
Resistência ao ASTM D
N 500 350 400 250 300 180
rasgo 4533
Resistência ao ASTM D
N 500 350 400 250 300 180
Puncionamento 4833
ASTM D -1 Valores mínimos para permissividade, AOS e UV são baseados na aplicação do geotêxtil. Nes
Permissividade s
4991 caso a Tabela 1.1.2 para separação.
Abertura ASTM D
mm
aparente 4751
Estabilidade a ASTM D
%
UV 4355

O geotêxtil Maccaferri que atende à classe 2, estabelecida na Tabela 1.1.1, é o MacTex® Não Tecido
com os requisitos mínimos de AASHTO (www.maccaferri.com.br/downloads).

É importante também observar os requisitos de transpasse mínimos, que se encontram na Tabela


1.1.3, cujo parâmetro de referência é a capacidade de suporte do solo do subleito, medido segundo
o CBR (California Bearing Ratio).

18
1. Estradas

1.1.5 - ANTECEDENTES

SÃO PEDRO D´ÁGUA BRANCA


BRASIL, MARANHÃO
SEPARAÇÃO E REFORÇO
Produtos: MacTex® N 60.2 e MacGrid® WG 40

Problema

Apesar de ser uma cidade de pequeno porte, São Pedro


d´Água Branca, localizada a oeste do estado do Maranhão,
é o elo de ligação entre este estado com Tocantins e Pará.
Devido a isto, as ferrovias são extremamente importantes
com o intuito de facilitar o transporte de cargas entre todas
as regiões do Brasil. No entanto, durante as passagens
dos maquinários havia um grande problema de acúmulo
de água no aterro localizado próximo a esta ferrovia,
saturando completamente este solo e, consequentemente,
diminuindo sua resistência.

Figura 1.1.5 - Durante a obra

Solução

A empresa Vale, solicitante do projeto desta ferrovia, está


sempre preocupada com a melhoria contínua e ambien-
tal das ferrovias que administra. Durante a execução de
tal projeto optou-se pela utilização de uma camada de
0.50 m de pedra rachão a fim de regularizar a base do
aterro, um geotêxtil não-tecido com gramatura de 300 g/
m² como elemento separador entre este rachão com o
solo de aterro e uma geogrelha tecida com 40 kN/m de
resistência à tração longitudinal com o intuito de suprir
as más características de tração que o solo possuía.
Devido à aplicação deste conjunto de soluções, o aterro
não apresentou qualquer problema com a passagem dos
maquinários sobre ele. Figura 1.1.6 - Durante a obra

Nome do cliente:
VALE
Construtor:
Endocosil
Produtos usados:
MacTex® N 60.2 – 3440.00 m²
MacGrid® WG 40 – 2040.00 m²

Data da obra:
Início: Setembro / 2007
Término: Setembro / 2007 Figura 1.1.7
Figura 1.1.7 - Durante a instalação

19
1. Estradas

Figura 1.1.8 - Figura ilustrativa

Figura 1.1.9 - Durante a instalação Figura 1.1.10 - Durante a instalação

Figura 1.1.11 - Durante a instalação Figura 1.1.12 - Durante a instalação

20
1. Estradas

1.1.6 - INSTALAÇÃO

A área que será coberta pelo geotextil deverá ser preparada para estar em condição regular e uni-
forme, livre de entulhos e objetos protundentes, tal como pedras e rochas que causem obstáculos
a essa cobertura.

O geotêxtil deverá ser imediatamente desenrolado (Figura 1.1.13) seguindo a sequência de cober-
tura, não devendo ficar exposto à luz do sol, durante a instalação e por mais de sete dias.

Após ser desenrolado, não deverá apresentar rugas excessivas, o que poderia ocasionar deforma-
ções também excessivas durante sua vida de projeto.

O geotêxtil não deverá ser arrastado sobre o solo mole ou sobre objetos pontiagudos, pois isso
poderia danificá-lo permanentemente.

Todas as partes desenroladas de geotêxitl deverão ser transpassadas em no mínimo 0.30 m (Figura
1.1.14), respeitando sempre os requisitos de transpasse da Tabela 1.1.3.

Pregos, pinos ou algum outro recurso recomendado pelo fabricante deverão ser usados quando se
necessite fixar o geotêxtil em um determinado lugar, até que o solo de cobertura seja colocado. O
material de cobertura deverá ser colocado sobre o geotêxtil de tal maneira que um mínimo de 15 cm
material esteja sempre entre as rodas dos veículos e o geotêxtil (Figura 1.1.15.)

Os equipamentos de construção serão limitados em tamanho e peso, ou seja, recomenda-se que a


máxima profundidade em trilha de roda formada na camada de solo sobre o geotêxtil seja de
10 cm a 15 cm. Não é permitido manobrar os pneus dos veículos sobre o geotêxtil ou sobre o solo
de cobertura inicial (15 cm) de maneira brusca, pois isso induziria à formação de rugas ou levanta-
mento excessivo do geotêxtil. Para entrar ou sair com veículos sobre o geotêxtil, são recomendados
movimentos suaves.

A compactação da primeira camada de solo sobre o geotêxtil deverá ser limitada a apenas uma
direção de colocação e espalhamento, não sendo permitido equipamento vibratório nessa camada.

Após a colocação da primeira camada, ou camada de acesso, e respeitando as recomendações


citadas anteriormente, as operações de terraplanagem podem transcorrer como especificadas em
projeto.

21
1. Estradas

Figura 1.1.13 - Desenrolar de geotêxtil sobre superfície regularizada. Figura 1.1.14 - Aplicação de segundo rolo com realização de
transpasse.

Figura 1.1.15 - Aplicação e regularização de material de cobertura.

22
1. Estradas

1.1.7 - NORMAS RELACIONADAS

ASTM D4632-91(2003) Standard Test Method for Grab Breaking Load and Elongation of Geotex-
tiles;

ASTM D4533-91(1996) Standard Test Method for Trapezoid Tearing Strength of Geotextiles;

ASTM D4833 - 07 Standard Test Method for Index Puncture Resistance of Geomembranes and Re-
lated Products;

ASTM D4491-99a(2004) Standard Test Methods for Water Permeability of Geotextiles by Per-
mittivity;

ASTM D4751 - 04 Standard Test Method for Determining Apparent Opening Size of a Geotextile;

ASTM D4355-02 Standard Test Method for Deterioration of Geotextiles by Exposure to Light, Mois-
ture and Heat in a Xenon Arc Type Apparatus.

1.1.8 - BIBLIOGRAFIA

AASHTO, (2000) Standard Specifications for Geotextiles Specification for Highway Applications -
M288-00, American Association of State Transportation and Highway Officials, Washington DC;

AASHTO, (1993) Guide for the Design of Pavement Structures, American Association of State High-
way and Transport Officials, Washington DC. Giroud, J.P. (1984), Designing with Geotextiles, Mater.
Const. (Paris), Vol. 14, No. 82, 1981, pp. 257-272; Geotextiles and Geomembranes, Definitions,
Properties and Designs, St. Paul, MN:IFAI;

Koerner, R. M., (1998) Designing with Geosynthetics (4th Edition), Prentice Hall, USA. pp. 150 –
161.

23
1. Estradas

1.2 - REFORÇO DE BASE DE PAVIMENTOS

1.2.1 - GENERALIDADES

O seguimento rodoviário é um dos ramos da engenharia mais atentos ao desenvolvimento tec-


nológico. Encontrar materiais com características mecânicas que desenvolvam um melhor comporta-
mento para o rolamento do tráfego é uma preocupação constante, e, nesse aspecto, as soluções em
geossintéticos podem trazer melhorias importantes à prevenção e estabilidade desses materiais.

As camadas que compõem o pavimento são, na maioria das vezes, espessas e compostas por materi-
ais de qualidade; por isso o controle tecnológico é importante, uma vez que pode influir significativa-
mente no tempo de vida útil do pavimento. A utilização de materiais geossintéticos como elementos
de reforço na base dos pavimentos pode trazer uma série de benefícios para a qualidade desses
materiais, além de absorver parte dos efeitos mecânicos do tráfego. Vantagens, como evitar defor-
mações provenientes do subleito no pavimento, reduzir a possibilidade de aparecimento de trincas
por fadiga e redução da camada granular, fazem parte de uma melhora de comportamento global
relativamente ao pavimento asfáltico, e proporcionam conforto e segurança ao usuário da via.

1.2.2 - INTRODUÇÃO

Os geossintéticos utilizados para reforço de vias permitem melhorar o funcionamento da estrutura


do pavimento, tendo por base uma espessura inicial de camada granular sem reforço geossintético
para uma condição de carga (tráfico) dada, comparada a uma espessura requerida com reforço
geossintético, para a mesma condição de tráfico.

A metodologia que aqui se apresenta permite calcular a redução da espessura da camada granular
e fazer a adequada seleção do geossintético como reforço da estrutura asfáltica. Será abordada de
maneira simples a metodologia baseada na teoria utilizada para o reforço de estruturas não pavi-
mentadas sobre solos de subleito coesivos, definida por Giroud e Noiray.

1.2.3 - METODOLOGIA DE CÁLCULO

Giroud e Noiray

Esta metodologia está baseada na teoria para o reforço de estruturas não-pavimentadas sobre solos
de subleito coesivos, definida por Jean Pierre Giroud e Laure Noiray, levando-se em conta o caso
de vias não-pavimentadas uma vez que, durante o processo construtivo, apresentam-se condições
similares de esforço e deformação no subleito e nas camadas granulares; o geossintético para re-
forço trabalha de maneira semelhante em ambos os casos, melhorando assim o comportamento da
camada estrutural completa da via.

24
1. Estradas

O solo da base ou sub-base é considerado incompressível, as deformações produzidas logo abaixo


das rodas causam o levantamento do solo entre e ao lado das mesmas. Ao se posicionar um reforço
geossintético dentro desse solo, as deformações produzidas são transmitidas ao reforço, que se con-
verte a uma forma similar de onda, com o consequente surgimento de uma tensão de tração sobre
o referido reforço (Figura 1.2.1).

Figura 1.2.1 – Dinâmica das estradas reforçadas com geossintéticos.

Quando um material flexível tencionado apresenta a forma de onda, a pressão na superfície côncava
é maior que a pressão na superfície convexa, o que é conhecido como efeito membrana. Entre as
rodas (BB) e nos lados das rodas (AC), a pressão aplicada pelo reforço sobre o subleito é maior que
a pressão aplicada pela camada granular sobre o reforço. Sob as rodas (AB), a pressão aplicada pelo
reforço sobre o subleito é menor que a pressão aplicada pelas rodas mais a camada de material
granular sobre o reforço. O reforço geossintético garante dois efeitos positivos à via:

• Fornece o confinamento “horizontal” do subleito entre e aos extremos das rodas;


• Permite reduzir a pressão aplicada pelas rodas no subleito.

A partir da equação 1.2.1 é possível calcular a espessura da camada granular para uma via reforçada
com geossintético no nível do subleito, considerando a carga por eixo, a pressão do pneu, a trilha de
roda e as características de resistência do subleito (Su ou CBR). Obtendo-se a espessura da camada
granular sem reforço e com reforço é possível avaliar a redução de espessura do pavimento com a
utilização de um reforço geossintético.

25
1. Estradas

Antes mesmo de utilizar-se a equação 1.2.1 devem ser seguidas as seguintes etapas do processo de
análise do pavimento com reforço geossintético:

1. Cálculo da espessura granular para o caso dinâmico sem reforço (h0’).

2. Cálculo da espessura granular para o caso quase-estático sem reforço. Considerando um tráfego
leve:

Considerando um tráfego pesado:

Utilizando a equação 1.2.2 é possível calcular o valor de ho iterativamente.

26
1. Estradas

3. Cálculo da espessura granular para o caso quase-estático com reforço.

Adotando-se um valor inicial para h’, é possível determinar iterativamente a espessura da camada
granular para o caso quase-estático com reforço.

β 2a β
2a' 2a
β β
t t t t
A s B r B s A
e

Figura 1.2.2 – Analogia geométrica para deformação no reforço geossintético.

De acordo com a Figura 1.2.2, é possível determinar as equações para a, a’ e s.

Paulo irá mandar o texto.

27
1. Estradas

Se a´ > a:

Se a´ < a:

Iterativamente, calcula-se o valor de h’ pela equação 1.2.1.

4. Redução da espessura da camada granular, considerando reforço geossintético.

Dh = ho – h’

5. Determinação da espessura da camada granular reforçada com geossintético.

Hr = h0´ - Dh

1.2.4 - EXEMPLO DE CÁLCULO

Projeto de uma via pavimentada sobre solo mole com vida útil de 20 anos.

Etapas de projeto:

• Projeto da estrada não pavimentada (servicibilidade) – Fase construtiva.


• Verificação da estabilidade da camada granular e sub-base para o caso pavimentado durante a
vida útil da via.

Su = 30000 Resistência não drenada (N/m²) - admitindo que 1% = 30 kPa


Valor máximo: Su = 120000 N/m²
P = 80000 Carga máxima de eixo (N)
r = 0.075 Profundidade de afundamento. Aceitável entre 0.075 a 0.15 (m)
N = 1000 Número de passadas de eixo padrão por dia em um ano
Pc = 480000 Pressão do Pneu (N/m²)
β = 26.6 Ângulo de distribuição de tensões (graus)
e = 1.90 Distância entre rodas (m)

28
1. Estradas

Reforço geossintético – MacGrid® WG 40.

1. Cálculo da espessura granular para o caso dinâmico sem reforço:

2. Cálculo da espessura granular para o caso quase-estático sem reforço. Considerando um tráfego
pesado:

Utilizando a equação 1.2.2 é possível calcular o valor de ho iterativamente.

29
1. Estradas

3. Cálculo da espessura granular para o caso quase-estático com reforço:

Adotando-se um valor inicial para h’, é possível determinar iterativamente a espessura da camada
granular para o caso quase-estático com reforço.

Figura 1.2.2 – Analogia geométrica para deformação no reforço geossintético.

De acordo com a Figura 1.2.2 é possível determinar as equações para a, a’ e s.

30
1. Estradas

Se a´ > a:

s = 0,11

Se a´ < a:

A partir do gráfico tensão versus alongamento para a geogrelha MacGrid® WG, é possível obter
os valores para o Módulo de rigidez de um específico alongamento, daí é possível, iterativamente,
calcular, o valor de h’ pela equação 1.2.1.

Figura 1.2.3 - Modelo de gráfico tensão x alongamento de uma geogrelha.

4. Redução da espessura da camada granular considerando reforço geossintético.

Dh = ho – h’ = 0,22

5. Determinação da espessura da camada granular reforçada com geossintético.

Hr = h0´ - Dh = 0,35

31
1. Estradas

Depois de obter a espessura para a sub-base reforçada considerando uma situação não-pavimen-
tada durante sua construção, os resultados obtidos devem ser integrados com os da situação para
uma via pavimentada. Isso é possível uma vez que, ao ser pré-tensionado, durante o período de
construção, o geossintético permite que a estrada se encontre apta a receber uma camada asfáltica,
devendo apenas ser feita uma regularização da superfície que deverá receber o asfalto, retirando-se
assim as eventuais irregularidades que surgem pelo pré-estiramento da geogrelha (Figura 1.2.3).

(a) (b)

Figura 1.2.4 – a) Afundamento por trilha de roda durante a fase construtiva controlado pelo reforço geossintético; b) regularização da superfície e posterior
aplicação da camada asfáltica.

Figura 1.2.5 – Esquema para o cálculo de reforço de uma rodovia pavimentada.

32
1. Estradas

Considerações de projeto para via pavimentada:

• Roda simples, Fp = 90 kN;


• 150 passadas de roda por dia;
• Raio da área carregada sob a roda, R = 0,20 m;
• Espessura de alfalto, Da = 0,10 m;
• Ângulo de distribuição de carga no alfalto, βa = 45º;
• Peso específico do alfalto, γa = 20 kN/m³.

1. Cálculo da espessura da camada granular para a situação não pavimentada. Obtido no procedi-
mento anterior, Hr = 0.35m ≈ 0.40m.

2. Determinar R’ e R’’
R’ = R + Da . tan βa
R’’ = R’ + Hr . tan βf,ac
R’ = 0,30 m
R’’ = 0,64 m

Em que:
bf,ac = ângulo de distribuição da carga depois da compactação

3. Determinação da pressão na camada granular (Pf)

4. Determinação da máxima capacidade de suporte da camada granular (Py), segundo Houlsby e


Jewel (1990).

Py = 06 . R´. gf.Ng= 394 kPa

Tabela 1.2.1 – Fatores de capacidade de suporte para camadas granulares (Vesic, 1975).
Ângul
3 3 3
o de 30
1
32 33 34
5
36 37
8
39 40 41 42 43 44 45
atrito
22, 2 30, 35, 41, 4 56, 66. 7 92, 109, 130, 155, 186, 224, 271,
Nγ 4 6 2 2 1 8 3 2 8 3 4 2 6 5 6 8

É necessário verificar a estabilidade da camada granular, calculada anteriormente.

33
1. Estradas

5. Estimar o tráfego de projeto (Np). Deve ser calculado com base na vida útil projetada para o pa-
vimento.

Em 20 anos, com 150 passadas por dia, tem-se que:

Np = 20 x 365 x 150 = 1.095.000 passadas.

6. Calcular a carga de roda equivalente (Fe).

As cargas dinâmicas durante a vida útil da via têm influência sobre os recalques diferenciais no sub-
leito. Por levar em conta esses padrões de carga repetitivas na verificação da capacidade de carga
do subleito, deve-se calcular uma carga de roda equivalente (Fe). Usando o tráfego de projeto, que
é o número de repetições do eixo padrão ao longo da vida útil do pavimento, pode-se determinar o
valor de Fe através da equação de De Groot et al., 1986.

7. Determinação da pressão equivalente no subleito (Pes)

8. Determinação da máxima capacidade de suporte do subleito (Pu), segundo Houlsby e Jewel (1990),
em que Nc = 5,69 (Nc = fator de carga).

É necessário verificar a estabilidade do subleito.

34
1. Estradas

Caso o fator seja menor que 1,5, pode-se proceder da seguinte maneira:

• Aumentar a espessura da camada granular;


• Aumentar o grau de compactação da camada granular;
• Utilizar materiais de melhor resistência;
• Aumentar CBR do subleito através de consolidação ou métodos artificiais.

35
1. Estradas

1.2.5 - ANTECEDENTES

LIEBHERR DO BRASIL
BRASIL, GUARATINGUETÁ
Piso em concreto reforçado com fibras e reforço de base com geogrelhas.
Produtos: Wirand® FFG1 e Geogrelha MacGrid® WG

Problema

Visando maior rapidez na execução, longa vida útil e


segurança quanto a esforços mecânicos e abrasão, pro-
venientes do maquinário pesado que atuará sobre essa
área, a empresa Liebherr adotou o uso de fibras de aço
Wirand® na execução do piso em concreto de sua fábrica
em Guaratinguetá, SP. Durante o preparo da base que re-
ceberia o piso em concreto fibro-reforçado, foi detectado a
presença de solo de baixa capacidade de suporte no local,
o que poderia resultar em instabilidades e movimentações
do piso, comprometendo seu desempenho estrutural.
Figura 1.2.6 - Durante a obra

Solução

Como complemento ao uso das fibras de aço Wirand®, com


o intuito de se manter o mesmo elevado nível tecnológico
no reforço da base do piso, foram utilizadas geogrelhas
tecidas MacGrid® WG, para se contornar o problema do
solo mole, criando assim uma base estável para o apoio
do piso, minimizando a possibilidade de instabilidades,
tornando o piso apto a receber as elevadas solicitações
relacionadas ao trabalho da empresa.

Figura 1.2.7 - Durante a obra

Nome do cliente:
Liebheer Brasil - Guaratinguetá / SP
Construtor:
Sotep Construtora Ltda.
Produtos usados:
320 toneladas de Fibras de Aço Wirand®
55.000 m² de Geogrelhas MacGrid® WG 45x45 kN/m

Data da obra:
Início: Outubro / 2007
Término: Março / 2007
Figura 1.2.8 - Durante a obra

36
1. Estradas

Figura 1.2.9 - Esquema ilustrativo

Figura 1.2.10 - Obra concluída Figura 1.2.11 - Obra concluída

Figura 1.2.12 - Obra concluída Figura 1.2.13 - Obra concluída

37
1. Estradas

1.2.6 - INSTALAÇÃO

A seguir serão apresentadas as etapas de instalação.

1. Preparação do solo do subleito, por meio da limpeza e retirada de materiais que impeçam a circu-
lação dos equipamentos de compactação (Figura 1.2.13);

2. Uma vez limpa e regularizada a superfície, a geogrelha pode ser desenrolada, de maneira que se
encontre estirada e livre de rugas ou ondulações excessivas (Figura 1.2.14);

3. Lançamento das camadas granulares em etapas, de maneira que se permita a entrada dos equipa-
mentos de compactação. Recomenda-se que esse lançamento ocorra com equipamentos leves nas
primeiras camadas, e que o espalhamento do solo ocorra em “V” (Figura 1.2.15);

4. Etapas de compactação segundo critérios dos órgãos rodoviários.

Figura 1.2.14 - Regularização e limpeza da área a ser reforçada.

38
1. Estradas

Figura 1.2.15 - Geogrelha aplicada sobre superfície regularizada.

Figura 1.2.16 - Lançamento de material granular sobre as geogrelhas.

39
1. Estradas

1.2.7 - NORMAS RELACIONADAS

ASTM D6637 - 01 Standard Test Method for Determining Tensile Properties of Geogrids by the
Single or Multi-Rib Tensile Method;

ASTM D4354 - 99(2004) Standard Practice for Sampling of Geosynthetics for Testing;

ASTM D5262 - 07 Standard Test Method for Evaluating the Unconfined Tension Creep and Creep
Rupture Behavior of Geosynthetics.

1.2.8 - BIBLIOGRAFIA

De Groot, M. (1986) Design method and guidelines for geotextile application in road construction,
3rd International Conference on Geotextiles, Viena, Vol 3, p.741;

Giroud, J.P., Ah-Line, C. and Bonaparte, R. (1985) “Design of unpaved roads and trafficked areas
with geogrids”, Proc. Symp. on Polymer Grid Reinforcement in Civil Engineering, pp. 9-12, Lon-
don;

Giroud, J.P. and Noiray, L. (1981) “Geotextile-reinforced unpaved road design”, Journal of Geotech-
nical Engineering, ASCE, 107, 1233-1254;

Hausmann, M.R. (1987) “Geotextiles for unpaved roads - A review of design procedures”, Journal
of Geotextiles and Geomembranes, 5, 201-233;

Holtz, R.D. and Sivakugan, N. (1987) “Design charts for roads with geotextiles”, Journal of Geotex-
tiles and Geomembranes, 5, 191-199;

Houlsby G.T and Jewell R.A., Design of reinforced unpaved roads for small rut depths, Geotex-
tiles, Geomembranes and Related Products, ed. G. den Hoedt, Balkema, Rotterdam, pp. 171 - 176,
1990;

Vesic, A.S. (1975) “Bearing capacity of shallow foundations” Foundation Engng Handbook Van
Nostrand Reinhold, pp 121-147.

40
1. Estradas

1.3 - REPAVIMENTAÇÃO COM GEOTÊXTEIS

1.3.1 - GENERALIDADES

A utilização de geossintéticos em obras rodoviárias vem se propagando em aplicações e funciona-


lidades. Esses materiais apresentam particularidades que os tornam elementos fundamentais em
muitas obras rodoviárias, como é caso dos geotêxteis desempenhando a melhora das condições de
pavimentos até então totalmente rechaçados sob condições de inspeção visual.

Atualmente existe uma busca incessante por melhoria das vias de tráfego, e uma das alternativas
encontradas foi a utilização de geotêxteis como elemento retardador de trincas em pavimentos no-
vos, ou prolongamento da vida útil de um pavimento já trincado, o que torna essa solução muito
interessante de um ponto de vista cronológico, pois há casos nos quais o pavimento atinge graus de
fissuração antes de completar seu ciclo de trabalho; o geotêxtil como retardador de trincas pode ser
uma excelente solução para esse problema.

1.3.2 - INTRODUÇÃO

A utilização de geotêxteis como elemento antirreflexão de trincas, na restauração de pavimentos


flexíveis, consiste na aplicação de uma camada intermediária entre o pavimento antigo e o novo,
formando uma membrana elástica que se integra ao pavimento, melhorando o comportamento no
que diz respeito à propagação das trincas. O geotêxtil atua direcionando e retardando a trinca, man-
tendo o pavimento impermeável, aumentando dessa forma a sua vida útil.

O efeito dos geotêxteis sobre pavimentos na restauração da superfície de rodovias asfálticas e


sua incorporação à construção asfáltica são um mecanismo complexo, determinado por diversos
parâmetros, como o tipo do geotêxtil, o tipo da mistura asfáltica, a impregnação do ligante no
geotêxtil, a estrutura da superfície e o processo construtivo de uma maneira geral. Não é possível
avaliar o rendimento dos geotêxteis para pavimentos considerando simplesmente sua resistência à
tração. Os principais fatores que contribuem para prolongar a vida útil de uma estrada dependem
das condições da selagem que realiza o geotêxtil para pavimentos impregnados em asfalto, da con-
siderável uniformidade da união e da resistência à fadiga por flexão da camada superior de mistura
asfáltica.

41
1. Estradas

Materiais asfálticos

O asfalto é um sólido ou líquido viscoso, composto por uma mistura complexa de hidrocarbonetos
não-voláteis, solúveis em tricloroetileno, e que abrandam com o aumento da temperatura. O ci-
mento asfáltico é um asfalto refinado ou uma combinação de asfalto refinado e óleos fluidificantes,
de consistência apropriada a trabalhos de pavimentação. Esses asfaltos refinados são muito rígidos,
e, para obter consistência, deve-se misturá-los com óleos ou resíduos provenientes da destilação
do petróleo de base asfáltica. Essa combinação de elementos torna o asfalto um material aderente,
impermeável e coesivo, capaz de resistir a esforços instantâneos e fluir sob a ação de cargas perma-
nentes. Para desempenhar essas propriedades, o asfalto, aplicado em construção de pavimentos,
deve cumprir com algumas funções, como:

• Contribuir para com a impermeabilização do pavimento, sendo eficaz quanto à penetração da


água proveniente da precipitação.

• Proporcionar uma íntima união e coesão entre agregados, capaz de resistir à ação mecânica de
desagregação produzida pelas cargas dos veículos.

Formação das trincas

Segundo Pereira (2002), o trincamento dos revestimentos asfálticos é gerado pela solicitação à fa-
diga. Estas solicitações podem ser geradas pelas cargas do tráfego, que geram deflexões repetidas,
por expansão ou contração do subleito, ou devido a mudanças cíclicas de temperatura da camada
asfáltica. Quando ocorrem estes movimentos são geradas tensões de cisalhamento ou de tração no
revestimento. Se estas tensões forem maiores que as tensões admissíveis de cisalhamento e de tra-
ção do concreto asfáltico, ocorre o surgimento de trincas na camada de revestimento.

As trincas, inicialmente, surgem na forma de microfissuras que, com o passar do tempo, e conse-
quentemente do aumento do número de ciclos de carga e descarga e/ou ciclos térmicos, aos quais
os pavimentos estão submetidos, crescem e se ligam, formando uma trinca.

Segundo Colombier (1989), citado por Pereira (2002), o aparecimento das trincas em pavimentos
asfálticos é decorrente dos seguintes fatores:

• Fadiga: ruptura da camada pela passagem de cargas repetidas após um determinado número de
ciclos;
• Retração: em locais com temperaturas muito baixas, combinadas à utilização de camadas esta-
bilizadas com ligantes hidráulicos (cimento, cal, etc.), surge a retração das camadas do pavimento,
favorecendo a formação de trincas;
• Movimentação do subleito: movimento vertical diferencial entre os bordos das trincas, provocados
pelo aumento de umidade, recalques, retração hidráulica e expansão;

42
1. Estradas

• Defeitos construtivos: gerados por uma composição inadequada das camadas do pavimento, má
execução de juntas longitudinais e deslocamento das camadas.

A propagação das trincas é o resultado de três etapas com diferentes mecanismos, dependentes
dos tipos de solicitação atuantes na camada de revestimento. Estes mecanismos são (Tosticarelli e
Godoy, 1993):

• Início do fissuramento: corresponde ao momento do início da fissura na camada de revestimento,


a partir de defeitos pré-existentes na camada de revestimento antigo. Figura 1.3.1a;
• Crescimento estável da trinca: crescimento lento da fissura; corresponde a seu crescimento verti-
cal, na camada de revestimento, a partir da concentração de tensões que provocam a abertura da
trinca, devido às solicitações do tráfego e da temperatura. Figura 1.3.1b;
• Propagação instável da trinca (aparecimento e propagação na superfície, ruptura). É a fase final e
corresponde ao aparecimento da trinca na superfície do revestimento. Figura 1.3.1c.

Se o material em torno da trinca for capaz de absorver a variação da energia de deformação as-
sociada a altas deformações sem ruptura, então o crescimento da trinca será inibido. Isto é, se a
resistência do material em torno da trinca for alta, a trinca poderá não se propagar sob as cargas.

Figura 1.3.1 – Etapas do Trincamento, Pereira (2002).

43
1. Estradas

Para os casos em que o crescimento da trinca é lento, o fator de intensidade de tensões, num pro-
cesso instável, não excede a tensão crítica de um carregamento no processo estável; a taxa de cresci-
mento da trinca determinará o tempo necessário para a propagação até a superfície da camada de
reforço. Uma lei do crescimento da trinca é a Lei de Paris, desenvolvida considerando-se a mecânica
da fratura, e que relaciona a taxa de crescimento em relação ao número de aplicações de carga para
a tensão associada, ou para o fator de intensidade associado a cada carregamento aplicado. Uma
das formas da lei é (Monismith e Coetezee, 1980):

em que:

c = é o comprimento da trinca;
N = é o número de aplicações de carga;
K = é o fator de intensidade de tensões;
A e n = são parâmetros experimentais dependentes do tipo de material e da temperatura.

Entre as técnicas de retardamento da reflexão das trincas está a das camadas intermediárias de
desvio de trincas, que atua redirecionando temporariamente a trinca para a horizontal. Esse redire-
cionamento temporário é o incremento à vida de fadiga.

O principal grupo de materiais que atuam no redirecionamento das trincas para a horizontal é o dos
geossintéticos, destacando-se o geotêxtil não-tecido e a geogrelha. O geotêxtil impregnado com
betume, além do redirecionar das trincas, impermeabiliza as camadas inferiores, contribuindo com
o bom desempenho do pavimento, mesmo após a reflexão das trincas.

As trincas podem apresentar as seguintes configurações (Colombier, 1989 citado por Pereira, 2002),
Figura 1.3.2:

Trincas isoladas:
• trinca longitudinal (paralela ao eixo da pista);
• trinca transversal (perpendicular ao eixo da pista);
• trincas oblíquas (raramente existentes).

Trinca interligada:
• tipo bloco;
• tipo couro de jacaré.

44
1. Estradas

Figura 1.3.2 – Tipos de Trincas (Colombier, 1989 citado por Pereira, 2002).

A hipótese mais razoável para o aparecimento das trincas na superfície é a de que, primeiramente,
a trinca cresça verticalmente, aparecendo na superfície como um ponto, e então cresça horizontal-
mente. Se o mecanismo for como o da Figura 1.3.3, a trinca terá seu início na trilha de roda
(Monismith e Coetzee, 1980, citado por Pereira, 2002).

Figura 1.3.3 – Mecanismo da Propagação das Trincas (Monismith e Coetzee, 1980 citado por Pereira, 2002).

45
1. Estradas

O mecanismo da propagação das trincas por efeito do tráfego, temperatura e combinação de ambos
é apresentado na Figura 1.3.3 (Monismith e Coetzee, 1980). A teoria da mecânica da fratura afirma
que o trincamento pode ser atenuado por dois diferentes mecanismos:

a) Delimitação e separação do reforço causando a trinca tip to turn no plano do pavimento. Esse
mecanismo se aplica à compreensão da atuação das camadas intermediárias com geotêxtil;

b) Uso de material na interface apto a resistir a altas deformações nas trincas sem ruptura ou trans-
ferência de deformações para o reforço.

O mecanismo associado ao emprego dos geotêxteis impregnados com emulsão asfáltica, na inter-
face entre o pavimento antigo e a camada de reforço, baseia-se no fato de que essa nova camada
atuará como um plano de fraqueza. Nesta interface ocorrerá a máxima concentração de energia
de deformação plástica, o que resultará na máxima concentração de tensões. Com isto, o plano de
fraqueza tenderá a separar a camada intermediária da trincada, e, caso esse vínculo na interface dos
materiais seja suficientemente fraco em relação à energia necessária para o trincamento do material
de reforço, falhando antes que a trinca se propague para a camada de reforço, a trinca se propagará
na horizontal. Com este redirecionamento da trinca, parte da energia gasta em sua propagação será
utilizada para gerar um descolamento localizado, reduzindo a densidade de energia que originaria a
reflexão da trinca para a camada de reforço.

Entretanto, se o material em torno da trinca for capaz de absorver a variação da energia de de-
formação associada a altas deformações sem ruptura, a reflexão da trinca será inibida. Isto é, se a
resistência do material em torno da trinca for alta, a trinca poderá não se propagar com a aplicação
das cargas.

1.3.3 - METODOLOGIA

A metodologia utilizada no projeto para prevenção de trincas em pavimentos betuminosos utilizando


geotêxteis está baseada na definição do fator de efetividade do tecido (FEF), cuja determinação se dá
mediante ensaios em laboratório. Quantitativamente esse fator é definido pela seguinte relação:

46
1. Estradas

em que:
FEF = fator de efetividade do tecido;
Nr = Número de ciclos que causam a falha no caso reforçado;
Nn = Número de ciclos que causam a falha no caso não reforçado.

O valor de FEF pode variar de 2.1 a 15.9, como apresentado na Tabela 1.3.1. De posse do valor de
FEF é possível simplesmente modificar os métodos de cobertura de asfalto para o caso com geotêxtil.
Nesse caso o método considerado é o Número de Tráfego de Projeto (DTN), em que o projeto da
cobertura é baseado na seguinte modificação:

Tabela 1.3.1 – Resultados dos ensaios de laboratório sobre o ciclo de vida dinâmico, mostrando o
efeito do geotêxtil e do módulo secante, Koerner (1998).
Gramatura Módulo Ciclos de Desvio
Geotêxtil Tipo FEF
(g/m²) Secante (N) falha padrão
Controle, sem
– – – 480 50 1.0
geotêxtil
Geotêxtil não
tecido
B 150 590 1000 55 2.1
agulhado de
polipropileno
Geotêxtil não
tecido
C 200 540 2300 880 4.8
agulhado de
poliéster
Geotêxtil não
tecido
D 200 930 3260 610 6.8
agulhado de
polipropileno
Geotêxtil
tecido de
E 170 1600 2760 570 5.8
polipropileno /
poliéster
Geotêxtil não
tecido
A 108 2000 7650 575 15.9
termofixado de
poliéster

47
1. Estradas

1.3.4 - EXEMPLO DE CÁLCULO

O Exemplo de cálculo a seguir foi extraído de Koerner, 1998, pg. 269.

Uma via interurbana de duas pistas suporta uma carga média de 4000 veículos por dia, dos quais
400 (10%) correspondem a caminhões pesados de 135 kN de massa no total. A carga por eixo
simples foi limitada a 80 kN. O trafego aumentará a uma taxa de 4% por ano. O pavimento exis-
tente consiste em 75 mm de concreto asfáltico e 200 mm de base de pedra britada, sobre um CBR
de 50%.

O pavimento se encontra em boas condições, porém as avaliações visuais indicam que é necessário
um reforço. Determinar a espessura da camada asfáltica necessária para um período de projeto de
20 anos:

a) Sem usar geotêxtil;


b) Usando geotêxtil com FEF = 2,1;
c) Comparar as duas espessuras obtidas em (a) e (b).

a) Para a solução do problema será usado o procedimento de cálculo apresentado na referência


técnica The Asphalt Institute (1977), que determina um número de tráfego de projeto igual a 90 e
um fator de ajuste de 1,49 (Figura 1.3.4), resultando em um número de tráfego de projeto para o
caso sem aplicação do geotêxtil de:

DTNn = 90 x 1,49 = 134.

Usando o valor de DTN e um CBR de 5% é possível, pela Figura 1.3.4, determinar a espessura de
pavimento em concreto asfáltico para um período de projeto de 20 anos.

48
1. Estradas

Figura 1.3.4 – Espessura requerida para a estrutura do pavimento em concreto asfáltico usando o CBR do solo do subleito (The Asphalt
Institute,1977).

49
1. Estradas

A espessura requerida será de Dreq = 243 mm.

A espessura efetiva do pavimento existente (Dant), calculando usando-se o fator de carga de 0,80 no
asfalto existente e 0,40 na base da estrutura do pavimento (The Asphalt Institute, 1977), é igual a:

Dant = 75 . 0,80 + 200 . 0,40 = 140 mm

Consequentemente, a espessura da camada de pavimento sem geotêxtil (Dsg) é:

Dsg = Dreq – Dant = 243 – 140 = 103 mm

b) Para o caso com geotêxtil:

DTN = DTNn / FEF

Considerando o geotêxtil tipo C da Tabela 1.3.1, é possível obter o valor de FEF e calcular o novo
valor de DTN.

DTN = 134 / 4,8 = 27,92

Utilizando a Figura 1.3.4 uma vez mais para um CBR de 5%, determina-se um novo valor da espe-
ssura da camada asfáltica.

Dar = 213 mm

Consequentemente, a espessura da camada de pavimento com geotêxtil (Dgeo) é:

Dgeo = 213 – 140 = 73 mm

c) Comparar as duas espessuras obtidas em (a) e (b).

Deco = 103 – 73 = 30 mm

50
1. Estradas

1.3.5 - ANTECEDENTES

AVENIDA BRASIL
BALNEÁRIO CAMBORIÚ-SC - BRASIL
REPAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA
Produto: Geotêxtil MacTex® 200

Problema

A Prefeitura Municipal de Balneário Camboriú iniciou no


segundo semestre de 2004 um programa de repavimenta-
ção asfáltica das principais vias urbanas do município.
Entre elas está a Avenida Brasil, que juntamente com a
Avenida Atlântica forma o principal eixo viário Norte-Sul
do município. O programa iniciou-se antes do período
de férias de final de ano, justamente em função do
considerável aumento do tráfego de turistas que a cidade
costuma receber todos os anos nesta época.

Figura 1.3.5 - Durante a obra

Solução

A Univali – Universidade do Vale do Itajaí em parceria com


a Maccaferri do Brasil, aproveitando o programa de recu-
peração viária, ofereceu ao município a possibilidade da
realização de um trecho de prova de repavimentação as-
fáltica com geotêxtil não tecido como elemento separador
de camadas. A execução do trecho teve acompanhamento
através da equipe técnica da Maccaferri e de alunos da
Univali que desenvolveram um trabalho de conclusão de
curso baseado no evento. O sucesso do ensaio foi fator
predominante para posteriores trabalhos no segmento
de pavimentação desenvolvidos pela prefeitura com a
colaboração da Univali. Figura 1.3.6 - Durante a obra

Nome do cliente:
P.M. DE BALNEÁRIO DE CAMBORIÚ - SC
Construtor:
VIAPAV
Produtos usados:
215m2 de Geotêxtil MacTex® 200.

Data da obra:
Início: Outubro / 2004
Término: Dezembro / 2004
Figura 1.3.7 - Durante a obra

51
1. Estradas

Figura 1.3.8 - Seção Transversal Típica

Figura 1.3.9 - Durante a obra Figura 1.3.10 - Durante a obra

Figura 1.3.11 - Durante a obra Figura 1.3.12 - Durante a obra

52
1. Estradas

1.3.6 - INSTALAÇÃO

Taxas de aplicação da Emulsão Asfáltica

A taxa de aplicação dá-se em função do grau de trincamento, da porosidade do pavimento antigo


e da capacidade de absorção do geotêxtil a ser utilizado. A película de emulsão asfáltica deve ser
suficiente para fazer a ligação entre o geotêxtil e o pavimento existente.

Para que sejam obtidos os efeitos de absorção de tensões e aderência adequada da camada asfál-
tica de recapeamento, há que prestar atenção à taxa de aplicação do ligante asfáltico; este deve ser
suficiente para a impregnação da manta geotêxtil, bem como para a ligação entre o revestimento
antigo e o revestimento novo. A quantidade de emulsão asfáltica aplicada deve ser suficiente para
determinar a quantidade de resíduo asfáltico. Recomendam-se, de maneira geral, as seguintes taxas
de aplicação de ligante asfáltico:

Tabela 1.3.2 – Taxas de aplicação.


Geotêxtil Ligante asfáltico residual
150 g/m² 0,80 a 1,00 l/m²
180 g/m² 1,00 a 1,20 l/m²
200 g/m² 1,10 a 1,30 l/m²

As taxas de aplicação de ligante asfáltico residual devem ser estabelecidas no projeto e ajustadas em
campo no início dos serviços, conforme as condições particulares de cada obra.

Equipamentos

Antes do início dos serviços, todo equipamento deve ser examinado e aprovado pelo órgão respon-
sável pela estrada. Os equipamentos básicos para a execução do tratamento antirreflexão com
geossintéticos compreende as seguintes unidades:

a) Depósitos de material asfáltico, com sistema completo, com bomba de circulação, e que permi
tam, quando necessário, aquecimento adequado e uniforme; devem ter capacidade compatível com
o consumo da obra no mínimo para um dia de trabalho;
b) Caminhão distribuidor de emulsão asfáltica, com sistema de aquecimento, bomba de
pressão regulável, barra de distribuição de circulação plena e dispositivos de regulagem horizontal
e vertical, bicos de distribuição calibrados para aspersão em leque, tacômetros, manômetros e ter-
mômetros de fácil leitura, e mangueira de operação manual para aspersão em lugares inacessíveis

53
1. Estradas

à barra; o equipamento espargidor deve possuir certificado de aferição atualizado, que deverá ser
aprovado pelo órgão responsável pela via; a aferição deve ser renovada a cada quatro meses, como
regra geral, ou a qualquer momento, caso a fiscalização julgue necessário; ao decorrer da obra deve-
se manter o controle constante de todos os dispositivos do equipamento espargidor;
c) Equipamento para desenrolar o geotêxtil ou a geogrelha, conhecidos como pendurais;
d) Rolo de pneus autopropelido, de pressão regulável entre 0,25 MPa a 0,84 MPa, ou 2,50 kg/cm²
a 8,80 kg/cm²;
e) Vassouras mecânicas ou manuais;
f) Compressor de ar com potência suficiente para promover, por jateamento, a perfeita limpeza da
superfície;
g) Pá-carregadeira ou retroescavadeira.

Além dos equipamentos acima, podem ser utilizados outros equipamentos, desde que aceitos pela
fiscalização.

Execução

Condições Preliminares

a) Não é permitida a execução dos serviços durante dias de chuva ou sob o risco de chuva;
b) Corrigir panelas, depressões, deformações na trilha de rodas, escorregamentos etc., eventual-
mente existentes, antes da execução do tratamento antirreflexão de trincas;
c) A emulsão asfáltica não deve ser aplicada em superfícies molhadas;
d) Nenhum material asfáltico deve ser aplicado com temperatura ambiente inferior a 10ºC;
e) Antes do início das operações de execução, deve-se limpar a pista com o intuito de eliminar to-
das as partículas de pó, lamelas, material solto e tudo que possa prejudicar a boa ligação da pista a
revestir. Dependendo da natureza e do estado da superfície, devem ser usadas vassouras manuais
ou mecânicas, ou jatos de ar comprimido, de forma isolada ou conjunta, para propiciar a melhor
limpeza possível à superfície;
f) O início da execução do tratamento antirreflexão de trincas está condicionado à aferição do
equipamento espargidor de material asfáltico. Deve-se verificar o perfeito funcionamento dos bicos
espargidores de modo a distribuir o material uniformemente, determinando a vazão da emulsão
em função da velocidade do veículo, para assim atender à taxa de aplicação indicada no projeto ou
determinada experimentalmente;
g) Deve-se evitar a sedimentação das emulsões nos depósitos por meio de sua circulação periódica.

54
1. Estradas

Condições Gerais de Execução

a) O ligante deve ser aplicado de uma única vez, em toda a largura da faixa a ser tratada;
b) A superfície na qual deve ser aplicado o tratamento antirreflexão não deve apresentar água re-
sidual sobre o pavimento, para não prejudicar a aderência entre o revestimento antigo, o geotêxtil
e a camada de recapeamento;
c) No caso de recapeamento de pavimentos rígidos, quando ocorrer movimentação vertical excessiva
das juntas, eliminá-la mediante estabilização da base, e selar as juntas das placas.

Limpeza da pista

A superfície onde a manta for aplicada deve estar o mais limpa possível, uma vez que a poeira pode
reduzir a aderência. É recomendável a limpeza por meio de vassoura mecânica seguida por jato de
ar comprimido, obrigatória, no caso de superfícies fresadas ou com grau de desagregação superficial
elevado.

Primeira aplicação do ligante asfáltico

Para a primeira aplicação do ligante asfáltico, recomenda-se de 70% a 80% da taxa de projeto ou
definida experimentalmente; essa taxa deve ser compatível com o tipo de geotêxtil utilizado, ou seja,
quanto mais espesso o geotêxtil, maior deve ser a taxa de ligante (Tabela 1.3.2).

A taxa de aplicação deve ser controlada através de pesagem de bandejas antes e depois da aplica-
ção, permitindo a correção na segunda aplicação, compensando eventual diferença.

Em caso de aplicação sobre superfícies fresadas, deve-se considerar que a emulsão asfáltica aplicada
para a impregnação e ligação da manta com o pavimento existente tende a se concentrar na parte
mais baixa das corrugações, reduzindo a aderência da manta, se a taxa de emulsão for insuficiente.

O tempo de ruptura, ou seja, cura da emulsão asfáltica, está diretamente relacionado às


condições climáticas, vento, umidade e temperatura local.

Aplicação do geotêxtil

A colocação do geotêxtil deve ser executada somente após a constatação da ruptura da emulsão
asfáltica, pois a presença de água entre o geotêxtil e o revestimento antigo é prejudicial ao desem-
penho do tratamento antirreflexão.

A colocação do geotêxtil pode ser efetuada manualmente, com um pendural instalado em uma
pá- carregadeira com a caçamba levantada, ou com equipamento especifico.

Devem ser tomados todos os cuidados, no sentido de se limitar a formação de ondulações ou rugas,
por meio da aplicação de tensão apropriada enquanto a manta estiver sendo desenrolada.

55
1. Estradas

Na ocorrência de eventuais rugas, estas devem ser eliminadas mediante corte e emenda de topo
com sobreposição mínima.

As uniões longitudinais e transversais das mantas de geotêxteis devem se feitas por emenda de topo,
com sobreposição entre 20 cm e 30 cm. Evitar sobreposições nas regiões de solicitação das cargas do
tráfego; nas áreas de sobreposição deve-se aplicar uma sobretaxa de ligante asfáltico, para garantir
uma perfeita impregnação.

Compactação do geotêxtil

A compactação do geotêxtil deve ser executada com rolo pneumático com baixa pressão, de 0,28
MPa a 0,35 MPa, ou de 2,80 kg/cm² a 3,60 kg/cm².

Duas ou três passadas do rolo de pneus são suficientes para induzir a penetração do ligante asfál-
tico no geotêxtil, bem como para promover a aderência completa entre o geotêxtil e o pavimento
subjacente.

Segunda aplicação do ligante asfáltico

Na segunda aplicação do ligante asfáltico, a taxa de emulsão deve ser aquela que complementa a
taxa total de projeto, geralmente cerca de 20% a 30% da taxa total.

Salgamento da superfície

Após a ruptura da emulsão asfáltica, executa-se a operação de salgamento da pintura de ligação, es-
palhando-se manualmente concreto asfáltico, o mesmo a ser utilizado na camada de recapeamento
ao longo da faixa das trilhas da esteira vibroacabadora e dos pneus dos caminhões basculantes, para
que o trânsito desses equipamentos não danifique a manta.

Aplicação e compactação do concreto asfáltico

A aplicação e a compactação da camada de concreto asfáltico deve seguir as orientações da especi-


ficação do órgão responsável pela via para concreto asfáltico.

56
1. Estradas

Figura 1.3.13 - Preparação e limpeza de área para posterior aplicação de Figura 1.3.14 - Colocação de geotêxtil após ruptura de emulsão asfáltica.
ligante asfáltico.

Figura 1.3.15 - Compactação do geotêxtil aplicado sobre emulsão. Figura 1.3.16 - Compactação do concreto asfáltico.

57
1. Estradas

1.3.7 - NORMAS RELACIONADAS

The Asphalt Institute (1977), Asphalt Overlays and Pavement Rehabilitation, Manual Series No 17
(MS-17), College Park, MD;

ABNT NBR12824–03 – Determinação da resistência à tração não-confinada - Ensaio de tração de


faixa larga;

ABNT NBR13359-95 – Determinação da resistência ao puncionamento estático - Ensaio com pistão


tipo CBR;

ASTM D4632-91(2003) Standard Test Method for Grab Breaking Load and Elongation of Geotex-
tiles;

ASTM D4833 - 07 Standard Test Method for Index Puncture Resistance of Geomembranes and Re-
lated Products;

ASTM D4533-91(1996) Standard Test Method for Trapezoid Tearing Strength of Geotextiles;

ASTM D4491-99a(2004) Standard Test Methods for Water Permeability of Geotextiles by Per-
mittivity;

ASTM D4751 - 04 Standard Test Method for Determining Apparent Opening Size of a Geotextile.

1.3.8 - BIBLIOGRAFIA

Koerner, R. M., (1998) Designing with Geosynthetics (4th Edition), Prentice Hall, USA. pp. 263 –
270;

Monismith, C. L., COETZEE, N. F., 1980, “Reflection Cracking: Analyses, Laboratory Studies, and
Design Considerations”. Asphalt Paving Technology, pp 268-313, Louisville, Kentucky, U. S. A;

Pereira, A. S. (2002) Utilização de Geotêxteis em Reforço de Pavimento aplicado em um Trecho


Experimental, XIV, 195 p. 29,7 cm (COPPE / UFRJ, M.Sc., Engenharia de Transportes) Tese - Univer-
sidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE;

The Asphalt Institute (1977), Asphalt Overlays and Pavement Rehabilitation, Manual Series No 17
(MS-17), College Park, MD;

Toscarelli, J., Godoy, S., 1993, “Uso de geotextiles para prevenir reflexion de fisuras en la rehabilita-
cion de pavimentos”, 7º Congresso Ibero-Latinoamericano del Asfalto, Venezuela, T3-04.

58
1. Estradas

1.4 - SISTEMA DE DRENAGEM SUBSUPERFICIAL

1.4.1 - GENERALIDADES

Durante os projetos de construção das obras, cujo lençol freático encontra-se elevado ou em condição
quase aflorante, ou seja, subsuperficial, fazem-se necessários o seu rebaixamento e a condução de
suas águas a pontos específicos. Uma das técnicas empregadas para solucionar tal problema é a
utilização de trincheiras como elementos de drenagem subsuperficial, instaladas a intervalos e em
profundidades especificas, definindo o rebaixamento do nível freático em níveis previamente deter-
minados.

1.4.2 - INTRODUÇÃO

Escolhida a solução de drenagem subsuperficial por trincheiras para rebaixamento de lençol freático
em rodovias, cabe definir um método para determinar o espaçamento e a profundidade
das trincheiras. Um dos mais usados é o método prático criado por McClelland (1943), que permite
obter, além dos parâmetros já citados, a vazão do sistema e uma estimativa do tempo necessário
para o sistema entrar em regime e liberar a entrada de equipamentos no local. A Figura 1.4.1 mostra
o esquema de rebaixamento freático proposto por McClelland em suas pesquisas, proposição que
condiz perfeitamente com a superfície freática em sua condição de equilíbrio.

Figura 1.4.1 – Representação do rebaixamento da superfície freática causado pela utilização de drenagem por trincheira.

59
1. Estradas

1.4.3 - METODOLOGIA DE CÁLCULO

Por meio do ábaco da Figura 1.4.2 ou da Tabela 1.4.1, proposto por McClelland, é possível obter a
vazão, por metro, que cada tubo inserido no dreno irá suportar e, com isso, dimensionar o sistema
de drenagem necessário para captar e transportar o fluxo de águas gerado pelo rebaixamento do
lençol freático.

Figura 1.4.2. Ábaco interpolando as condições impostas pelo método proposto por McClelland (1943).

Tabela 1.4.1 – Correlações obtidas pelas ex-


periências de McClelland.
q/kD tkD/yL² d/D
0,80 10-3 0,06
0,47 10-2 0,37
0,25 10-1 0,79

60
1. Estradas

As variáveis que se encontram tanto na Tabela 1.4.1 quanto na Figura 1.4.2 são definidos como:

D = Diferença de cotas entre o lençol freático, antes da drenagem, e o N.A. máximo nos drenos
[m];
L = Distância entre os drenos [m];
d = Rebaixamento mínimo do nível freático [m];
k = Coeficiente de permeabilidade do solo [m/s];
y = Relação entre volume de água livre e volume de solo, usualmente da ordem de 0,01, podendo
variar de 0,05 (areias) a 0,02 (argilas);
t = Tempo para estabilizar o nível do lençol rebaixado, em segundos.

1.4.4 - EXEMPLO DE CÁLCULO

Após obter a vazão do sistema segudo o método de McClelland é possível determinar a eficácia do
geocomposto drenante MacDrain® TD. A seguir será apresentado um exemplo que mostra como
pode ser dimensionado um sistema de drenagem por trincheira em rodovias usando o método de
McClelland.

A metodologia de McClelland foi utilizada para a determinação dos influxos subterrâneos que atin-
gem os drenos profundos longitudinais por unidade de comprimento, bem como para prever o
tempo necessário para estabilizar o nível rebaixado do lençol freático, considerando-se as condições
da Figura 1.4.3.

Figura 1.4.3 – Seção tipo que apresenta as condições de contorno para o exemplo.

O coeficiente de permeabilidade do solo foi considerado igual a 10-4 cm/s.

61
1. Estradas

Relações de McClelland

Figura 1.4.4. Esquema proposto por McClelland.

Tabela 1.4.1 – Correlações obtidas pelas ex-


periências de McClelland.
q/kD tkD/yL² d/D
-3
0,80 10 0,06
-2
0,47 10 0,37
-1
0,25 10 0,79

Onde:
D = Diferença de cotas entre o lençol freático, antes da drenagem, e o N.A. máximo nos drenos
[m];
L = Distância entre os drenos [m];
d = Rebaixamento mínimo do nível freático [m];
k = Coeficiente de permeabilidade do solo [m/s];
y = Relação entre volume de água livre e volume de solo, usualmente da ordem de 0,01, podendo
variar de 0,05 (areias) a 0,02 (argilas);
t = Tempo para estabilizar o nível do lençol rebaixado, em segundos.

O valor de y estimado para o solo foi y = 0,035, a média entre solos argilosos y = 0,02 e solos areno-
sos y = 0,05.

d/D = 0,58;
tkD/w²y = 0,036;
q/Dk = 0,78;
t = 654998 s = 7,58 dias;
q = 1,755 . 10-6 . L.

62
1. Estradas

Verificação da capacidade de vazão do MacDrain® TD

Para se obter a capacidade de vazão do MacDrain® TD, é necessário determinar a tensão a que este
estará submetido. Adota-se, em favor da segurança, um valor aproximado para o coeficiente de
empuxo no repouso K0 = 0,40; obtém-se assim a tensão horizontal efetiva:

P = γ . h . K0 = 18 . 1,40 . 0,4 ≅ 10,00 kPa

Em que:
γ é o peso específico do solo, em kN/m³;
h é a altura da trincheira, em m.

Utilizando a ficha técnica do MacDrain® TD (Tabela 1.4.2), obtém-se os seguintes valores para o
gradiente hidráulico igual a 1:

Tabela 1.4.2 – Capacidade de vazão do MacDrain® TD.

Pressão [kPa] Vazão [l/s.m]


10 2,84
20 2,17
h

50 1,35
100 0,41

0m
1,0
tubo drenante

Figura 1.4.5 – Detalhe do MacDrain® TD.

Verificando o dado obtido com os dados da Tabela 1.4.2, obtêm-se, para P = 10 kPa, uma capaci-
dade de vazão (favoravelmente à segurança) de 2,84 l/s.m para o MacDrain® TD.

63
1. Estradas

Pelas normas, tem-se que aplicar os seguintes fatores de redução para o geocomposto drenante
MacDrain®:

FRIN = 1,05 (Intrusão do solo);


FRCR = 1,20 (Fluência – CREEP);
FRCC = 1,10 (Colmatação química);
FRBC = 1,15 (Colmatação biológica).

Com isso obtém-se a vazão admissível do sistema utilizando MacDrain® TD:

QAdmMacDrain = QMacDrain / (FRIN . FRCR . FRCC . FRBC) = 1,78 l/s.m

A vazão encontrada, 1,78 l/s.m, representa a vazão admissível para a trincheira com MacDrain® TD.
Considerando uma tubulação drenante como ponto de captação e disciplinador do fluxo, é possível
avaliar o nível de descarga máximo da trincheira, obtido a partir de tabelas fornecidas pelos fabri-
cantes de tubos drenos perfurados, e compará-lo ao valor obtido para o sistema de drenagem pelo
método de McClelland.

A Tabela 1.4.3 mostra valores típicos comerciais para vazões em tubulações – tubos perfurados com
100 mm de diâmetro.

Tabela 1.4.3 – Vazões de fluxo para tubos


drenos perfurados.
i Qtubo 100 (l/s)
0,005 1,84
0,010 2,60
0,020 3,68
0,030 4,51

64
1. Estradas

1.4.5 - ANTECEDENTES

DER - SP
VOTUPORANGA- SP - BRASIL
TRINCHEIRA DRENANTE
Produto: MacDrain® TD

Problema

A SP-461 é uma rodovia de pista simples, que interliga a


cidade de Votuporanga à Nhandeara.
Os drenos existentes, foram executados há muito tempo,
na época que a rodovia foi construída, e atualmente não
apresentavam mais a eficiência necessária de escoamento
das águas pluviais. Era necessária, portanto, a substituição
urgente destes drenos pois o pavimento já apresentava
alguns indícios de mau funcionamento em função deste
problema.

Figura 1.4.6 - Durante a obra


Solução

A solução adotada foi a substituição dos drenos conven-


cionais por um sistema formado por geocompostos para
drenagem MacDrain® TD, um geossintético especialmente
desenvolvido para trincheiras drenantes. Devido o grande
volume de água previsto, utilizou-se um tubo perfurado de
15 cm de diâmetro para coletar a água drenada. Para a
remoção do dreno existente e sucessiva instalação do novo
sistema, as valas foram abertas com 0,50 m de largura e
profundidade de 1,20 m com auxílio de uma retroesca-
vadeira.

Figura 1.4.7 - Durante a obra

Nome do cliente:
DER Votuporanga
Construtor:
CMB Engenharia Ltda.
Produtos usados:
340 metros lineares de MacDrain® TD 0,9 x 20,0 m

Data da obra:
Início: Fevereiro / 2007
Término: Fevereiro / 2007
Figura 1.4.8 - Durante a obra

65
1. Estradas

Figura 1.4.9 - Seção Transversal Típica

Figura 1.4.10 - Durante a obra Figura 1.4.11 - Durante a obra

Figura 1.4.12 - Durante a obra Figura 1.4.13 - Durante a obra

66
1. Estradas

1.4.6 - INSTALAÇÃO

O primeiro passo na instalação desse tipo de solução é a escavação da trincheira, que pode ser
realizada manualmente ou com auxílio de equipamentos especialmente desenvolvidos / adaptados
para este tipo de trabalho, como valetadeiras ou retroescavadeiras.

Deve-se atentar para as características do solo local, visto que este deverá possuir permeabilidade
coerente com a drenagem a ser realizada, ou seja, o solo local deve permitir a percolação da água
até o geocomposto drenante.

As trincheiras escavadas devem possuir largura ligeiramente superior ao diâmetro do tubo a ser uti-
lizado na trincheira, sendo que nos casos onde não serão utilizados tubos perfurados, a escavação
poderá ser realizada apenas para o recebimento do geocomposto, sendo suficiente apenas 1 cm de
espessura.

Antes de colocar o geocomposto na trincheira escavada, deve-se realizar os trabalhos necessários


para a união dos rolos do material, sendo eles o corte de uma faixa de aproximadamente 5 cm do
núcleo em uma das laterais de cada rolo, seguido da amarração da linha guia para auxilio da pas-
sagem do tubo perfurado.

A continuidade no trabalho de drenagem é garantida na ligação entre rolos, através do simples con-
tato entre núcleos, que devem apenas ser protegidos pela sobreposição do geotêxtil sobressalente
na lateral do rolo, para impedir a entrada de partículas sólidas no sistema. Essa sobreposição deve ser
garantida através de costura ou grampeamento dos geotêxteis sobressalentes, apenas para impedir
sua abertura durante os trabalhos de aplicação.

Após a aplicação do geocomposto drenante e realização dos trabalhos de sobreposição nas emen-
das de rolos, deve então ser iniciado o preenchimento das trincheiras escavadas com solo.

O solo a ser colocado em contato com o geocomposto drenante, deverá obrigatoriamente possuir
permeabilidade suficiente para que a água possa percolar até o geossintético, ou seja, deve-se aten-
tar para que as características do solo a ser disposto sobre esse material sejam as mesmas adotadas
em projeto, tendo em vista que este foi realizado com base em velocidades e tempos necessários
para a realização da drenagem e rebaixamento do lençol freático.

Caso o próprio material retirado da trincheira não atenda as especificações acima, este deverá ser
substituído por areia grossa. Deve-se evitar a utilização de solos argilosos em contato com os geotêx-
teis componentes da solução, visto que as partículas finas características deste tipo de material
podem colmatar esses geossintéticos, impedindo-os de realizar um adequado trabalho de filtração,
comprometendo assim a drenagem.

A água captada pelo geocomposto deverá ser conduzida para um ponto de alívio do sistema, em
forma de tubulação perfurada, sendo esta no geral inserida previamente ao pé do geocomposto

67
1. Estradas

drenante, com o auxílio da linha guia existente no material. O tubo perfurado pode ser inserido na
bolsa existente na solução MacDrain®, sendo esta bolsa uma descontinuidade na ligação do núcleo
drenante e um dos geotêxteis filtrantes, sendo que caso o diâmetro da tubulação seja maior que
a abertura existente, essa poderá ser aumentada apenas com o desprendimento do geotêxtil para
com o núcleo.

Os tubos perfurados devem ser encaminhados para caixas de recebimento que irão redirecionar o
fluxo captado de acordo com a necessidade local.

Figura 1.4.15 - Realização de união entre fim e começo de rolos de geocom-


posto drenante.

Figura 1.4.14 - Escavação de trincheira com largura


suficiente para colocação de tubo perfurado.

Figura 1.4.16 - Geocomposto drenante inserido na trincheira escavada. Figura 1.4.17 - Preenchimento da trincheira com o próprio material
escavado.

68
1. Estradas

1.4.7 - NORMAS RELACIONADAS

ASTM D 5199 – Measuring nominal thickness of geotextiles and geomembranes;

ABNT NBR13359-95 – Determinação da resistência ao puncionamento estático - Ensaio com pistão


tipo CBR;

ABNT NBR12569-92 – Determinação da espessura;

ABNT NBR12568-03 – Determinação da massa por unidade de área;

ABNT NBR12824–03 – Determinação da resistência à tração não-confinada - Ensaio de tração de


faixa larga;

ASTM D4595-86(2001) Standard Test Method for Tensile Properties of Geotextiles by the Wide-
Width Strip Method;

ASTM D5261-92(1996) Standard Test Method for Measuring Mass per Unit Area of Geotextiles;

ASTM D4632-91(2003) Standard Test Method for Grab Breaking Load and Elongation of Geotex-
tiles;

ASTM D4833 - 07 Standard Test Method for Index Puncture Resistance of Geomembranes and Re-
lated Products;

ASTM D4533-91(1996) Standard Test Method for Trapezoid Tearing Strength of Geotextiles;

ASTM D4491-99a(2004) Standard Test Methods for Water Permeability of Geotextiles by Per-
mittivity;

ASTM D4751 - 04 Standard Test Method for Determining Apparent Opening Size of a Geotextile.

1.4.8 - BIBLIOGRAFIA

Cedergren H.R. (1967) Seepage, Drainage and Flow nets, John Wiley & Sons Inc., USA;

Lambe T.W. & Whitman (1979) R.V. Soil Mechanics, 119-120, John Wiley;

Koerner, Robert M., (1998) Designing with Geosynthetics (4th Edition), Prentice Hall, USA;

McClelland B. (1943) Large Scale Model Studies of Highway Subdrainage, Proceedings


Highway Reasearch Board, 23.

69
2. EDIFICAÇÕES

2.1 - SISTEMAS DE DRENAGEM VERTICAL E HORIZONTAL

2.1.1 - GENERALIDADES

Em estruturas enterradas ou submetidas a empuxo de terra, existe sempre a possibilidade de haver


solicitações por parte da presença da água no solo e, portanto, há a necessidade de prever um
sistema de drenagem eficaz. Na maioria dos casos essa drenagem é inviabilizada por falta de es-
paço ou tempo hábil. Esse e outros motivos tornam o geocomposto para drenagem MacDrain® um
excelente aliado para os projetos de drenagem vertical ou horizontal, visto que sua capacidade de
vazão e simplicidade na instalação proporciona às obras habilidade, rapidez e eficácia.

2.1.2 - INTRODUÇÃO

Drenagem vertical

A escolha de um eficaz sistema de drenagem vertical pode ser decisiva no dimensionamento de


uma estrutura de contenção ou de uma estrutura enterrada, quando a presença de nível d’água
constante pode levar a um aumento excessivo das tensões horizontais sobre essas estruturas e a
um consequente aumento de sua robustez durante a fase de projeto. O geocomposto drenante
MacDrain® permite que a drenagem vertical seja eficaz de um ponto de vista hidrostático quando
previsto em projeto, além de proporcionar excelente vantagem construtiva e flexibilidade na insta-
lação, uma vez que a falta de espaço é um fator extremamente importante para a escolha de um
sistema de drenagem, tendo em vista que a verticalização do solo é prática predominante nas obras
de movimentação de solo (Figura 2.1.1).

Além da drenagem vertical existem também casos nos quais há a necessidade de realizar a captação
de água em taludes ou perfis de solo inclinados, cujo conceito é similar ao da drenagem vertical com
uma condição de circulação de água diferenciada, uma vez que a linha de fluxo que caracteriza o
contorno está inclinada. Um exemplo disso são as concretagens em taludes ou canais trapezoidais,
cuja superfície externa está impermeabilizada por concreto e pode vir a sofrer empuxo por parte
da água proveniente do solo de contato. Para que esses casos em que a concretagem deve ocor-
rer diretamente sobre o geocomposto drenante, a Maccaferri desenvolveu o MacDrain® FP, que
apresenta em um dos lados um geotêxtil laminado de polipropileno, apto a receber diretamente o
concreto, funcionando como uma “fôrma perdida” graças à sua impermeabilidade (Figura 2.1.1 e
Figura 2.1.2).

71
2. Edificações

Figura 2.1.1 – Sistema de drenagem vertical com uso do geocomposto MacDrain®. a) Drenagem Vertical com MacDrain® FP. b) Drenagem Vertical com
MacDrain® 2L.

Figura 2.1.2 – Sistema de drenagem inclinado com uso do geocomposto MacDrain® FP. a) MacDrain® FP colocado sobre o talude com a malha eletro
soldada sobre ele esperando a concretagem. b) Concretagem diretamente sobre o MacDrain® FP.

72
2. Edificações

Drenagem horizontal

A drenagem horizontal, cuja água a ser drenada é proveniente da precipitação pluviométrica, faz-se
necessária principalmente em áreas verdes destinadas ao esporte e lazer. Em tais casos, deve haver
água suficiente para o crescimento da vegetação, porém esta não deve se apresentar em excesso,
pois prejudicaria a prática da atividade à qual se destina tal área, e ainda causaria a redução do
oxigênio nas raízes, provocando danos à vegetação. Tal aplicação também pode ser considerada
como superficial, ou seja, a drenagem ocorreria em inclinações mais fortes, porém abaixo daquelas
que se considerariam como verticais ou inclinadas, quando começam a surgir mobilizações de ten-
sões no solo que caracterizem a necessidade de uma verificação de estabilização de talude. Nessas
drenagens superficiais se enquadram os aterros de cobertura, onde parte da água escorre superfi-
cialmente e outra parte se infiltra, e necessita ser drenada. Um exemplo disso são as células fecha-
das de aterros sanitários, cujo aterro de cobertura deve manter a estabilidade superficial da célula e
permitir o equilíbrio hídrico de todo o aterro (Figura 2.1.3).

Figura 2.1.3 – Drenagem de cobertura de aterros sanitários com geocomposto drenante MacDrain®.

73
2. Edificações

Outra aplicação cuja drenagem de cobertura é necessária é sobre os chamados telhados verdes,
considerada uma tecnologia construtiva de baixo impacto ambiental. Essa aplicação visa a aproveitar
as águas de chuvas por meio da cobertura verde, além de oferecer um bom conforto térmico ao
ambiente coberto por esse tipo de telhado.

Em se tratando de comportamento térmico, o processo de trocas térmicas entre o interior e o ex-


terior da construção revestida com este material é retardado pela ação isolante da cobertura, como
as telhas cerâmicas e de aço, e por esta razão as temperaturas sentidas dentro da edificação sofrem
uma menor variação entre seus valores máximos e mínimos (Figura 2.1.4).

Figura 2.1.4 – Desempenho dos diversos tipos de cobertura, com destaque para a menor amplitude térmica das cober-
turas verdes leves. (Fonte: www.shs.eesc.usp.br/pessoal/docentes/pesquisas/14/tetoverde/resultados.html).

Com relação aos aspectos hidrológicos, o geocomposto drenante MacDrain® em telhados verdes
apresenta uma excelente solução como sistema de reutilização de águas pluviais. A chuva que
preenche os vazios da camada de solo em sua maior parte não demora a evaporar. Com a aplicação
do MacDrain®, parte dessa água poderia ser captada e posteriormente reaproveitada. Já nas cober-
turas convencionais, a maior parte da água precipitada escoa superficialmente, e vai diretamente
para a rede pública (Figura 2.1.5).

74
2. Edificações

(a) (b)

Figura 2.1.5 – a) Evapotranspiração/Escoamento superficial em uma cobertura verde leve. b) Evapotranspiração/Escoamento superficial em uma
cobertura comum (Cunha, 2004).

2.1.3 - METODOLOGIA DE CÁLCULO

A seguir serão apresentadas duas metodologias de cálculo para aplicação do geocomposto drenante
MacDrain®, para drenagem vertical e horizontal, onde os critérios apresentados respeitam as Leis de
Darcy e representam uma forma simplificada de solucionar os respectivos sistemas de drenagem.

Drenagem vertical

Será utilizado o critério das linhas de fluxo para o cálculo da drenagem vertical. O traçado de uma
rede de fluxo é formado por um conjunto de linhas de fluxo e equipotenciais convenientemente
escolhidas, respeitando algumas regras básicas. As linhas de fluxo traçadas devem determinar canais
de fluxo de mesma vazão e as linhas equipotenciais traçadas devem determinar faixas de perda de
potencial de igual valor. Ambas as linhas deverão ser ortogonais entre si, formando quadriláteros
(Figura 2.1.6).

75
2. Edificações

em que:
k = coeficiente de permeabilidade do solo;
h = altura da estrutura;
Nf = número canais de fluxo;
Nq = número de perdas de carga unitária.
Figura 2.1.6 – Regras básicas para o traçado da rede de fluxo.

Figura 2.1.7 – Muro de contenção com sistema de drenagem vertical em MacDrain®.

De forma a simplificar os cálculos para drenagem vertical, observou-se que, ao respeitar algumas
condições de contorno, a relação Nf/Nq, tornava-se constante. Considerando-se o exemplo da Figura
2.1.7, tem-se as seguintes condições de contorno:

• O solo ao tardoz da contenção vai a infinito;


• O sistema está sendo abastecido pela parte superior, ou seja, as linhas de fluxo partem de cima;
• A base na qual o muro está apoiado é impermeável, ou seja, as linhas equipotenciais partem de
baixo;
• O ponto de saída é o tubo inserido na base do muro.

76
2. Edificações

Com base no exemplo anterior é possível observar que, independe da altura da estrutura, a relação
Nf/Nq será sempre 0,75, o que facilita o dimensionamento de sistemas de drenagem em estruturas
verticais ou pelo menos simplifica a maior parte dos casos.

Drenagem horizontal

Para o cálculo da capacidade de vazão do MacDrain® (Figura 2.1.8), são necessários apenas dois
parâmetros, o gradiente hidráulico i, na direção do fluxo, e a tensão vertical aplicada pelo solo sobre
o geocomposto. Com tais valores e com os dados obtidos da ficha técnica do MacDrain® 2L (Tabela
2.1.1) é possível obter a vazão admissível para o sistema, e verificar se essa é capaz de atender a
precipitação pluviométrica da área a ser drenada.

Figura 2.1.8 – Sistema de drenagem horizontal com MacDrain®.

Tabela 2.1.1 – Capacidade de vazão do MacDrain® 2L.


Drenagem Drenagem
horizontal vertical
Gradiente
hidráulico i = 0.01 i = 0.02 i = 0.03 i = 0.10 i = 0.50 i = 1.00

Pressão
l / s.m l /h.m l / s.m l /h.m l / s.m l /h.m l / s.m l /h.m l / s.m l /h.m l / s.m l /h.m

10 kPa 0,64 2340 0,70 2556 0,77 2772 1,26 4536 2,17 7848 2,84 10224
20 kPa 0,23 828 0,29 1080 0,33 1224 0,74 2700 1,54 5544 2,17 7848
50 kPa 0,11 432 0,14 540 0,17 648 0,41 1476 0,85 3096 1,35 4860
100 kPa 0,04 144 0,05 180 0,06 216 0,12 432 0,26 936 0,41 1512
200 kPa 0,02 72 0,02 72 0,02 108 0,04 144 0,08 324 0,13 468

77
2. Edificações

2.1.4 - EXEMPLO DE CÁLCULO

Drenagem vertical

Como exemplo para a avaliação da eficiência do MacDrain®, será realizado cálculo de sua capaci-
dade de captar o fluxo de águas, que percolará por meio de um aterro contido por uma estrutura
de 10,00 m de altura (Figura 2.1.7). Será utilizada uma rede de fluxo (especialmente traçada para
este caso) que determina de forma simplificada e com boa acurácia a vazão máxima que percola
pelo solo. Na Figura 2.1.7 é possível visualizar a disposição e o número das linhas de fluxo e equi-
potenciais que formam a rede de fluxo. Assim, determina-se o fator de forma como a relação entre
equipotenciais e linhas de fluxo (Nf/Nq), que, aplicado à fórmula abaixo determina a referida vazão:

em que:
k = 10-3 cm/s (coeficiente de permeabilidade do solo);
h = 10,00 m (altura da estrutura);
Nf = 6 (número canais de fluxo);
Nq = 8 (número de perdas de carga unitária).

Para se obter a capacidade de vazão que escoará pelo MacDrain®, é necessário determinar a tensão a
que este estará submetido. Adota-se um valor aproximado para o coeficiente de empuxo no repouso
K0 = 0,5, equivalente a um solo com ângulo de atrito de 30 graus, peso específico γ = 20 kN/m³, e,
assumindo-se que o peso específico adotado para o solo seja o saturado, o peso específico submerso
deve ser 10 kN/m³, obtendo assim a tensão horizontal efetiva:

78
2. Edificações

P= g.h.K0= 20 . 10 . 0,5 = 100 kPa.

Na ficha técnica do MacDrain® 2L, apresentada na Tabela 2.1.1, é possível obter a vazão cor-
responde a uma pressão de 100 kPa e gradiente hidráulico igual a 1.

Pelas normas, tem-se que se aplicar os seguintes fatores de redução para o geocomposto drenante
MacDrain®:

FRIN = 1,10 (Intrusão do solo);


FRCR = 1,20 (Fluência – CREEP);
FRCC = 1,20 (Colmatação Química);
FRBC = 1,15 (Colmatação Biológica).

Com isso obtem-se:

Comparando a vazão do sistema com a obtida para o MacDrain®, tem-se: Qadm > QDREN

Drenagem horizontal

Fixado um espaçamento entre tubos de E = 2 . S = 5,00 m (Figura 2.1.8), deve ser determinada a
capacidade de fluxo do MacDrain®, necessária para escoar as águas de uma precipitação de q = 0,03
(l/s)/m² (precipitação de uma chuva torrencial de curta duração: 30 minutos).

Com base na precipitação, determina-se a vazão que o dreno deverá suportar, para uma faixa de
um metro, QDREN:

QDREN = q . E = 0,03 . 5,00 = 0,15 l/s.m

Conforme apresentado na Figura 2.1.8, dois tubos receberão essa vazão.

Para o cálculo da capacidade de vazão do MacDrain® são necessários apenas dois parâmetros, o
gradiente hidráulico i, na direção do fluxo, que neste caso é igual a 0,01 e a tensão vertical aplicada
pelo solo sobre o geocomposto, P. Com tais valores e com os dados obtidos da folha de especifica-
ção técnica do MacDrain® 2L (Tabela 2.1.1), calcula-se a vazão.

79
2. Edificações

Considerando que o solo sobre o MacDrain® possui um peso específico de γ =18 kN/m³ e uma es-
pessura de 0,20 m, obtém-se a tensão vertical de 3,60 kPa. Extrapolada da Tabela 2.1.1, a favor
da segurança, toma-se a vazão Q = 0.30 (l/s)/m para tal tensão. Aplicando-se alguns fatores de
segurança estabelecidos em ensaios, é possível determinar a capacidade de fluxo admissível para o
MacDrain®.

Pelas normas, tem-se que se aplicar os seguintes fatores de redução para o geocomposto drenante
MacDrain®:

FRIN = 1,10 (Intrusão do solo);


FRCR = 1,20 (Fluência – CREEP);
FRCC = 1,20 (Colmatação Química);
FRBC = 1,15 (Colmatação Biológica).

Comparando a vazão do sistema com a obtida para o MacDrain®, tem-se: Qadm > QDREN

80
2. Edificações

2.1.5 - ANTECEDENTES

EDIFÍCIO NA RUA VERGUEIRO


BRASIL, SÃO PAULO
DRENAGEM VERTICAL
Produtos: MacDrain® FP 2L 20.2
Problema

A Rua Vergueiro é uma das ruas mais importantes da ci-


dade de São Paulo onde estão localizados diversos centros
comerciais e grandes edifícios. Durante a escavação para
a construção de um dos edifícios desta rua no final do ano
de 2008, verificou-se que o solo apresentava minas d´água
em diversos pontos. A ausência de um sistema eficiente
de drenagem pode ocasionar uma série de problemas em
obras sujeitas ao contato direto com águas de infiltração
ou percolação. Como exemplos podem-se mencionar
o acréscimo de pressão em muros de arrimo (empuxo
hidrostático), sobrecargas provenientes de poropressão,
surgimento de infiltrações provocadas por falha ou fadiga
Figura 2.1.9 - Antes da obra
do sistema de impermeabilização e o carreamento de
partículas de solo que podem gerar erosões internas no
subsolo (piping) e provocar desabamentos.

Solução

Para evitar a ocorrência dos problemas supracitados, op-


tou-se pela utilização do geocomposto drenante MacDrain
FP 2L 20.2, onde o geotêxtil não-tecido ficaria em contato
direto com o talude com a finalidade de encaminhar as
águas até o tubo dreno localizado na extremidade inferior
do rolo. Do mesmo modo, o geotêxtil laminado de polipro-
pileno ficaria em contato com os pré-moldados instalados
posteriormente a fim de evitar a entrada de impurezas de
qualquer origem no núcleo drenante. Com isto, obteve-se
um sistema de drenagem híbrido que agrega o melhor de Figura 2.1.10 - Durante a obra
cada um de seus componentes, pois enquanto a geomanta
atua como núcleo drenante conduzindo o fluido a ser
drenado, o geotêxtil trabalha como filtro, impedindo que
as partículas de solos sejam transportadas para o interior
da geomanta, evitando a sua colmatação.

Nome do cliente:
Contracta Engenharia
Construtor:
Contracta Engenharia e Alpha Empreend. Imobiliários
Produtos usados:
MacDrain® FP 2L 20.2 – 720.00 m²

Data da obra:
Início: Julho / 2008
Término: Agosto / 2008 Figura 2.1.11 - Durante a obra

81
2. Edificações

Figura 2.1.12 - Esquema ilustrativo

Figura 2.1.13 - Durante a instalação Figura 2.1.14 - Durante a instalação

Figura 2.1.15 - Durante a obra Figura 2.1.16 - Durante a obra

82
2. Edificações

BUSINESS PARK
CIDADE DO PANAMÁ, PANAMÁ
DRENAGEM HORIZONTAL
Produtos: MacDrain® 2L

Problema

Para a perfeita implantação do projeto paisagístico do


jardim do conjunto empresarial Business Park formado
por seis torres de edifícios, seria necessária a execução
de eficientes sistemas de impermeabilização e drenagem
de águas pluviais.

Figura 2.1.17 - Antes da obra

Solução

A proposta inicial sugeria um sistema de drenagem em


brita e geotêxtil. Entretanto a solução apresentada pela
Maccaferri, utilizando-se geocomposto para drenagem
MacDrain® 2L, demonstrou várias vantagens em relação
à primeira proposta, tais como maior capacidade de
drenagem, maior velocidade de aplicação e menor custo.
Primeiro realizou-se a aplicação da geomembrana sobre
a laje de concreto para promover a impermeabilização do
sistema. Depois procedeu-se a colocação do MacDrain®
2L e sequencialmente a colocação de solo orgânico e do
plantio das flores, palmeiras e grama. Todo o processo de
Figura 2.1.18 - Durante a instalação
aplicação do MacDrain® foi feito de maneira ágil, rápida e
limpa. Outros fatores que foram levados em consideração
para a escolha da solução foram a pequena espessura do
material e a praticidade de aplicação devido sua leveza.

Nome do cliente:
Inversiones Bahía.
Construtor:
Ingeniería R-M.
Produtos usados:
MacDrain® 2L - 8.000 m2

Data da obra:
Início: Fevereiro / 2005
Figura 2.1.19 - Durante a instalação
Término: Março / 2005

83
2. Edificações

Figura 2.1.20 - Esquema ilustrativo

Figura 2.1.21 - Durante a obra Figura 2.1.22 - Durante a obra

Figura 2.1.23 - Obra concluída Figura 2.1.24 - Obra concluída

84
2. Edificações

2.1.6 - INSTALAÇÃO
A superfície a receber o geocomposto drenante deverá estar livre de objetos perfurantes, imper-
feições, irregularidades e afins, com o intuito de minimizar os danos provocados à solução, durante
sua instalação.

A regularização do terreno deverá contemplar também a aplicação de declividade necessária para


o correto funcionamento da solução, devendo ser atribuída a esta superfície o gradiente hidráulico
considerado em projeto.

O solo componente da superfície onde será aplicado o geocomposto drenante deverá apresentar
permeabilidade coerente com a drenagem idealizada, ou seja, deverá permitir que a água alcance
o geocomposto. Caso essa característica não seja verificada, deverá então ser aplicada camada de
areia grossa de aproximadamente 15 cm em contato com a solução drenante.

A solução MacDrain® não possui sentido preferencial para a realização da drenagem, possuindo a
mesma capacidade de vazão nos sentidos longitudinal e transversal, possibilitando que sua insta-
lação seja realizada de maneira a se minimizar os trabalhos de corte e emenda, e dessa maneira
minimizar a quantidade de material perdida com esses trabalhos.

A aplicação do material é realizada apenas com o desenrolar do material sobre a área a ser drenada,
coincidindo a maior dimensão do rolo com a maior dimensão da área onde este será aplicado, para
drenagem vertical o geocomposto deverá então ser fixado à superfície a ser drenada.

A continuidade no trabalho de drenagem é garantida na ligação entre rolos, através do simples


contato entre núcleos, que para impedir a entrada de partículas sólidas no sistema, devem ser pro-
tegidos pela sobreposição do geotêxtil sobressalente na lateral do rolo.

A sobreposição das faixas sobressalentes de geotêxtil na lateral dos rolos já é suficiente para garantir
o correto funcionamento da drenagem, dispensando a necessidade de processos mais elaborados
de fixação, como a costura e ou a cola, bastando muitas vezes a aplicação de grampos nessa área,
apenas para impedir movimentações durante o processo de aplicação do solo.

O solo a ser colocado em contato com o geocomposto drenante, deverá obrigatoriamente possuir
permeabilidade suficiente para que a água possa percolar até o geocomposto drenante, ou seja,
deve-se atentar para que as características do solo a ser disposto sobre o geossintético sejam as
mesmas adotadas no projeto da drenagem a ser executada, tendo em vista que este foi realizado
com base em velocidades e tempos necessários para a realização da drenagem.

Caso não seja especificado em projeto, indica-se a utilização de areia grossa como material a ser
disposto sobre o geocomposto drenante.

A água captada pelo geocomposto deverá ser conduzida para um ponto de alívio do sistema, que
pode ser uma canaleta instalada ligeiramente abaixo do nível do geocomposto, pode ser um ralo,

85
2. Edificações

composto por uma canalização que toca diretamente no núcleo drenante, ou como é mais comu-
mente adotado, uma tubulação perfurada, sendo esta no geral localizada no ponto mais baixo da
área a ser drenada.

O tubo perfurado pode ser inserido na bolsa existente na solução MacDrain®, sendo esta bolsa uma
descontinuidade na ligação do núcleo drenante e um dos geotêxteis filtrantes.

De acordo com o material a ser utilizado, deve-se atentar para o correto posicionamento da solução
drenante, como por exemplo na utilização de geocompostos formados por apenas um geotêxtil,
como por exemplo nas soluções MacDrain® 1L, deve-se garantir que este lado provido de filtro
esteja em contato com o solo, e que o núcleo seja colocado em contato com a superfície imperme-
abilizada.

Quando da utilização da solução MacDrain® FP, deve-se atentar para que o concreto, argamassa ou
similar, seja aplicado somente sobre o geotêxtil TNT revestido por película plástica, para que o núcleo
da solução não seja contaminado.

Figura 2.1.25 - Detalhe de emenda entre rolos de geocomposto drenante em aplicação


horizontal.

Figura 2.1.26 - Execução de aterro compactado junto à drenagem vertical instalada.

86
2. Edificações

2.1.7 - NORMAS RELACIONADAS

ASTM D4491-99a (2004) Standard Test Methods for Water Permeability of Geotextiles by Per-
mittivity;

ABNT NBR12824–03 – Determinação da resistência à tração não-confinada - Ensaio de tração de


faixa larga;

ASTM D4595-86(2001) Standard Test Method for Tensile Properties of Geotextiles by the Wide-
Width Strip Method;

ABNT NBR13359-95 – Determinação da resistência ao puncionamento estático - Ensaio com pistão


tipo CBR;

ASTM D 4833 – Test Method for Index Puncture Resistance of Geotextiles, Geomembranes and
Related Products;

ABNT 12569 – Geotêxteis – Determinação da espessura;

ASTM D 5199 – Test Method for Measuring Nominal Thickness of Geotextiles and Geomembranes;

ABNT NBR12568-03 – Determinação da massa por unidade de área;

ASTM D5261-92(1996) Standard Test Method for Measuring Mass per Unit Area of Geotextiles.

2.1.8 - BIBLIOGRAFIA

Cedergren H.R. (1967) Seepage, Drainage and Flow nets, John Wiley & Sons Inc., USA;

Cunha, A.P.S.R (2004) Experimento hidrológico para aproveitamento de águas de chuva usando
coberturas verdes leves (CVL), São Carlos, SP;

Koerner, Robert M., (1998) Designing with Geosynthetics (4th Edition), Prentice Hall, USA;

Lambe T.W. & Whitman (1979) R.V. Soil Mechanics, 119-120, John Wiley.

87
2. Edificações

2.2 REFORÇO DE FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS OU RASAS

2.2.1 - GENERALIDADES

Na aplicação de fundações diretas sobre solos, cuja capacidade de suporte não é a ideal, é pos-
sível incrementar a capacidade de carga desses solos, através da adição de reforços geossintéticos,
evitando dessa maneira a troca total ou parcial do solo de fundação ou a utilização de fundações
profundas, o que em muitos casos inviabilizaria a obra.

Essa é uma solução que pode oferecer um ganho significativo de desempenho para qualquer tipo de
fundação rasa, além de trazer um grande diferencial no momento da escolha do tipo de fundação.

2.2.2 - INTRODUÇÃO

A primeira obra da qual se tem notícia a utilizar de reforços para a melhora da capacidade de carga
foi construída pelos Sumérios no século XXI antes de Cristo. Segundo Wooley (1939, citado por Keri-
sel, 1987), os Sumérios utilizavam mantas tecidas de junco para aumentar o confinamento do solo e
diminuir as deformações. Kerisel (1987) também relata a utilização dessa técnica em construções
na Mesopotâmia, no século XXV antes de Cristo.

Atualmente se pode dizer que Binquet e Lee (1975) foram os precursores da investigação do efeito
da melhora da capacidade de carga de solos devido à inclusão de reforços, propondo a adoção do
termo Bearing Capacity Ratio (BCR), para designar o coeficiente de aumento da capacidade de carga
do solo reforçado, quando comparado ao solo não-reforçado.

Em que qr e q são a capacidade de carga do solo reforçado e não-reforçado, respectivamente, para


um determinado valor de recalque.

Neste trabalho, Binquet e Lee (1975) identificaram três modos de ruptura distintos em função do
posicionamento e da resistência do reforço:

• Ruptura acima do reforço - ocorre quando a relação u/B > 0,67 (onde u é a distância entre a funda-
ção e a primeira camada de reforço) e os reforços são suficientemente longos para formar uma zona
rígida que não é ultrapassada pelo plano de ruptura (Figura 2.2.1a);

88
2. Edificações

• Ruptura por insuficiência de ancoragem do reforço - ocorre quando a relação u/B < 0,67 e o núme-
ro de camadas é menor que 3, ou quando os reforços são muito curtos para mobilizar a resistência
por ancoragem necessária (Figura 2.2.1b);

• Ruptura por colapso do reforço - ocorre quando a relação u/B < 0,67, os reforços são longos e o
número de camadas é maior que 4 (Figura 2.2.1c).

Figura 2.2.1 – Tipos de ruptura de fundações rasas (Binquet e Lee, 1975).

89
2. Edificações

2.2.3 - METODOLOGIA DE CÁLCULO

Método de Wayne

O método aqui proposto será o de Wayne et aI. (1998), em que os autores propõem uma adaptação
da fórmula de Meyerhof e Hanna (1978) desenvolvida para o caso de uma camada de areia sobre-
jacente a uma camada de argila, com a ruptura ocorrendo por puncionamento. A adaptação visa
à previsão da capacidade de carga de um perfil de solo com duas camadas (areia-argila) com um
geossintético posicionado na interface das camadas, que contribui com uma determinada resistência
à tração.

Wayne et aI. (1998) propõem que, para o caso de camada de areia (granular) sobrejacente a uma
camada de argila, com o reforço geossintético posicionado na interface das camadas e a ruptura
ocorrendo por puncionamento, que a capacidade de carga última do solo reforçado seja expressa
por:

- para sapatas retangulares (B . L):

- para sapatas corridas:

Em que:
c = coesão da argila;
Nc = fator de carga, adotado como 5,14;
ca = coesão;
α = igual a dois terços do ângulo de atrito φ da camada de solo superior;
γ = peso específico aparente total;
Kp = o empuxo passivo;
H = espessura da camada superior;
D = ancoragem da sapata nesta camada;
T = resistência à tração mobilizada no reforço.

90
2. Edificações

Uma adaptação do método de Wayne também pode ser encontrada na literatura. A capacidade de
carga da fundação abaixo do reforço é tomada como referência. Essa adaptação torna o método
mais eficiente, uma vez que o valor de capacidade de suporte do solo inferior ao reforço entra no
cálculo como uma parcela favorável a estabilidade total da fundação.

Em que:

qb = capacidade de carga última do solo de fundação abaixo da zona reforçada;


B = Largura da fundação direta;
L = Comprimento da fundação direta;
d = Profundidade total do reforço;
Df = Profundidade de engastamento da fundação direta;
Ks = coeficiente de empuxo da camada de solo reforçada;
T = Resistência à tração do geossintético.

Figura 2.2.2 – Ilustração do Método de Wayne.

91
2. Edificações

Utilizando o MacStars®2000

Na prática existem várias metodologias de cálculo para avaliar a condição de estabilidade de um solo
de fundação submetido a um carregamento superficial, a maioria se refere aos solos granulares,
cujas deformações superficiais são consideradas instantâneas. Porém, existem casos em que o solo
de fundação é predominante argiloso e os reforços geossintéticos estão embutidos dentro de um
maciço de solo coesivo. A superfície de falha critica mais próxima a um caso real é a circular.

Nesses casos o software MacStars2000® poderá ser utilizado. Uma vez que o mecanismo de ruptura
determina uma superfície de falha crítica que, por meio da tensão aplicada ao solo, confere-lhe
uma reação, é correto dizer que se essa superfície de falha apresentar um fator de segurança igual
a 1 (determinado por modelos de estabilidade de talude como Método de Janbu), a capacidade de
carga última do solo de fundação será igual a carga aplicada sobre esse solo. Na Figura 2.2.3 é pos-
sível exemplificar o explicitado, quando a carga aplicada sobre a superfície do terreno é de 700 kPa
e o fator de segurança encontrado é de aproximadamente 1, ou seja, o solo em questão está apto a
suportar a carga aplicada. No item 2.2.4 “Exemplo de cálculo” é possível ver esse mesmo exemplo
com a aplicação de reforços geossintéticos como elementos de reforços para melhorar a condição
de estabilidade do solo de fundação.

Figura 2.2.3 – Análise de estabilidade de um solo de fundação sujeita a um carregamento superficial (fundação rasa), pelo software MacStars2000®.

92
2. Edificações

2.2.4 - EXEMPLO DE CÁLCULO

Exemplo 01

Como exemplo de cálculo considere a seguinte situação: solo argiloso com coesão de 10 kN/m2,
sobre o qual será colocada uma camada de 1 m de solo arenoso com peso específico aparente total
de 19 kN/m3, ângulo de atrito de 37º e coesão de 5 kN/m2. A fundação será uma sapata corrida de
largura igual a 0,40 m, enterrada 0,5 m na camada de solo arenoso. Determine qual será a resistên-
cia do reforço a ser colocado na interface entre esses dois solos, a fim de obter uma capacidade de
suporte última para essa fundação de 700 kPa.

Utilizando o Método de Wayne para sapata corrida, é possível determinar qual será a tensão última
no geossintético.

T = 33,17 kN/m.

Exemplo 02

Considerando o caso mostrado na Figura 2.2.3, em que é possível determinar a capacidade de


suporte do solo de fundação através de uma superfície de ruptura circular, será feita modelagem
similar utilizando agora geogrelhas tecidas para melhorar a condição de estabilidade do solo de
fundação.

Dados de solo:

Camada superior de aterro:

Peso específico: 19 kN/m³;


Ângulo de atrito: 33°;
Coesão: 0 kPa.

93
2. Edificações

Camada do solo de fundação:

Peso específico: 16 kN/m³;


Ângulo de atrito: 10°;
Coesão: 20 kPa.

Com o software MacStars 2000®, é possível realizar uma modelagem de cálculo utilizando
geogrelhas MacGrid® WG 50 posicionadas a um profundidade de 0,50 m, a partir da superfície do
terreno, dispostas em 3 (três) camadas espaçadas de 0,10 m cada (Figura 2.2.4).

Figura 2.2.4 – Análise de estabilidade de um solo de fundação reforçado por geogrelhas MacGrid® WG sujeita a um carregamento superficial (fundação
rasa), com o software MacStars2000®.

94
2. Edificações

2.2.5 - ANTECEDENTES

PUNTARENAS
COSTA RICA
Solução: REFORÇO DE SOLO
Produtos: geogrelhas MacGrid® e geotêxteis MacTex®

Problema

Solos de baixa capacidade de suporte, também conhecidos


por solos moles, somados à presença de um alto nível de
lençol freático, complicaram a construção de um tanque
de 30 m de diâmetro nas instalações da planta industrial
da Palma Tica situada na região sul do país.

Figura 2.2.5 - Antes da obra

Solução

A solução adotada consistiu na formação de um maciço


de solo, reforçado por camadas de geogrelhas MacGrid®
de alta resistência e separado, dos demais volumes de
solo, por geotêxteis não tecidos MacTex®. A obra atendeu
tecnicamente e economicamente às expectativas.

Figura 2.2.6 - Preparação do terreno

Nome do cliente:
PALMA TICA.
Construtor:
AGROPECUARIA TIERRA Y AGUA S.A.
Produtos usados:
13.260 m2 de geogrelha MacGrid®
2.392 m2 de geotêxtil MacTex®

Data da obra:
Início: Julho / 2008
Término: Agosto / 2008
Figura 2.2.7 - Instalação da geogrelha

95
2. Edificações

Figura 2.2.8 - Esquema ilustrativa

Figura 2.2.9 - Durante a obra Figura 2.2.10 - Durante a obra

Figura 2.2.11 - Durante a obra Figura 2.2.12 - Durante a obra

96
2. Edificações

2.2.6 - INSTALAÇÃO

Prepare o local que deverá receber a geogrelha, limpando-o pela remoção de restos de árvores,
pedregulhos ou qualquer obstáculo que possa obstruir o desenrolar da bobina de geogrelha. Caso
haja irregularidades muito pronunciadas, como buracos que dificultem a posterior rolagem dos
equipamentos de compactação, essas deverão ser preenchidas com o próprio solo local. Existem
casos em que é necessária a colocação de um geotêxtil como elemento separador (ver item Separa-
ção e estabilização de subleitos). Sendo assim, a geogrelha especificada deverá ser colocada sobre o
geotêxtil. Caso o nível de água supere o nível do terreno deverão ser previstas medidas de rebaixa-
mento posteriores à instalação da geogrelha.

A geogrelha deverá ser desenrolada sobre o local a ser reforçado respeitando o contorno delimitado
em projeto. Como a distribuição de tensão ocorre no plano de aplicação de carga da fundação rasa,
deverão ser utilizadas geogrelhas biaxiais ou camadas duplas de geogrelhas monoaxiais. Os trans-
passes NUNCA deverão ser feitos na direção preferencial de ruptura prevista em projeto, ou seja, no
plano de ruptura especificado em projeto não poderá haver transpasse.

Instalada a primeira camada de reforço em geogrelha, o material de aterro poderá ser depositado.
Equipamentos mais leves devem manusear a camada de solo de avanço dentro da área reforçada,
evitando que um peso excessivo em um trecho pontual gere descontinuidades no reforço. Recomen-
da-se que esse avanço seja feito em forma de “V” para que a geogrelha se mantenha estirada e o
aterro ganhe espaço à medida que houver o depósito de material. Essa camada de solo de avanço
deverá ter aproximadamente de 15 a 20 cm aproximadamente.

Após a aplicação da camada de solo de avanço, as operações de compactação poderão ser feitas
de acordo com as orientações do projeto de terraplanagem, e, caso haja mais de uma camada de
reforço, as mesmas deverão respeitar as especificações previstas em projeto.

97
2. Edificações

Figura 2.2.13 Superfície limpa e regularizada para receber os reforços geossintéticos.

Figura 2.2.14 Desenrolar do rolo de geogrelha sobre a superfície especificada.

Figura 2.2.15 Aplicação da camada de solo e posterior compactação.

98
2. Edificações

2.2.7 - NORMAS RELACIONADAS

ASTM D6637 - 01 Standard Test Method for Determining Tensile Properties of Geogrids by the
Single or Multi-Rib Tensile Method;

ASTM D4354 - 99(2004) Standard Practice for Sampling of Geosynthetics for Testing;

ASTM D5262 - 07 Standard Test Method for Evaluating the Unconfined Tension Creep and Creep
Rupture Behavior of Geosynthetics.

2.2.8 - BIBLIOGRAFIA

Das, B. M.; Shin, E. C.; Singh, G. (1996). Strip foundation on geogrid-reinforced clay: a tentative
design procedure, 6th International Offshore and Polar Engineering Conference. 531-535. Los An-
geles;

Kerisel, J. (1987) Down to earth - Foundations past and present: the invisible art of the builder,
149p., A. A. Ba1kema, Rotterdam;

Wayne, M. H.; Han, J. y Akins, K. (1998) The design of geosynthetic reinforced foundations. Geosyn-
thetics in foundation reinforcement, pp 1-18, ASCE;

Wooley, C. L. (1939) Ur excavations. The Ziggurat and its Surroundings. London and Philadelphia.

99
3. GEOTECNIA

3.1 - MUROS DE CONTENÇÃO EM SOLO REFORÇADO

3.1.1 - GENERALIDADES

A técnica de solo reforçado consiste na introdução de elementos resistentes à tração, conveniente-


mente orientados, que aumentam a resistência do solo e diminuem a deformabilidade do maciço.
Neste método, conhecido como reforço de solos, o comportamento global do maciço é melhorado
à custa da transferência de esforços para os elementos resistentes (reforços).

Os solos possuem em geral elevada resistência à esforços de compressão, porém baixa resistência a
esforços de tração. Quando uma massa de solo é carregada verticalmente, sofre deformações ver-
ticais de compressão e deformações laterais de extensão (tração). Contudo, se a massa de solo es-
tiver reforçada, os movimentos laterais são limitados pela reduzida deformabilidade do reforço. Esta
restrição de deformações é obtida graças ao desenvolvimento de esforços de tração no elemento de
reforço. As Figuras 3.1.1 e 3.1.2 ilustram o princípio básico do comportamento do solo reforçado.

(a) (b)

Figura 3.1.1 – Comportamento básico de solos reforçados; a) tensão aplicada sobre um solo sem reforço; b) tensão aplicada sobre um solo reforçado.

Utilizando-se paramentos frontais para confinar o solo reforçado pelos elementos resistentes à tra-
ção, são obtidas as estruturas que podem ser muros reforçados (estruturas com inclinação maior que
70o em relação à horizontal) ou taludes reforçados (estruturas com inclinação igual ou menor a 70o
em relação à horizontal).

Estruturas em solos reforçados são alternativas vantajosas em relação a sistemas convencionais, prin-
cipalmente pelos pontos de vista econômicos, ambientais e construtivos.

A Maccaferri iniciou sua experiência em solos reforçados em 1979, quando, em uma estrada na
Malásia, foram utilizados gabiões ancorados com tiras metálicas. A partir dessa solução, criada para
uma situação específica, a Maccaferri desenvolveu uma série de soluções em solo reforçado, com o
intuito de fazer uso das vantagens relacionadas a essas estruturas, adicionadas a uma grande varie-
dade de paramentos frontais, possibilitando a criação de contenções com perfeita integração visual
e ambiental (Figura 3.1.2).

101
3. Geotecnia

Figura 3.1.2 – Ilustração de uma estrutura de contenção em Terramesh® System.

3.1.2 - INTRODUÇÃO

As soluções Maccaferri em solos reforçados visam suprir as mais diversas solicitações geotécnicas,
possuindo diferentes tipos de paramentos e diferentes tipos de reforços, adequando-se perfeita-
mente às condições do solo local, ao mesmo tempo em que minimiza os impactos visuais causados
pela inserção de tal elemento no meio, seja esse um meio urbano desenvolvido ou uma área total-
mente vegetada.

Algumas das soluções Maccaferri utilizadas na confecção de estruturas em solo reforçado são:

Terramesh® System

A solução Terramesh® System (Figura 3.1.3) consiste na introdução de elementos resistentes à tra-
ção, convenientemente orientados, que aumentam a resistência do solo e diminuem a deformabili-
dade do maciço. Tais elementos são constituídos por reforços em malha hexagonal de dupla torção
8x10, arame 2,70 mm, revestido em PVC, associados a um paramento frontal em gabiões caixa
composto pela mesma malha.

A solução Terramesh® System pode ser utilizada em qualquer caso de contenção ou estabilização
de taludes. Principalmente indicada nos casos de formação ou recuperação do maciço a ser contido,
permite a construção de paramentos externos verticais ou inclinados.

102
3. Geotecnia

Tampa

Diafragma

Bordas Bordas enroladas


mecanicamente
Altura
Frente Base

Lateral
Espiral
Comprimento Largura
Painel posterior Costura realizada em obra

Figura 3.1.3 – Esquema de um elemento Terramesh® System.

Figura 3.1.4 - Fotos que ilustram a aplicação em contenção da solução Terramesh® System.

Terramesh® Verde

A solução Terramesh® Verde (Figura 3.1.5) consiste na introdução de elementos resistentes à tração,
convenientemente orientados, que aumentam a resistência do solo e diminuem a deformabilidade
do maciço.

Tais elementos são constituídos em malha hexagonal de dupla torção 8x10, arame 2,70 mm, reves-
tidos em PVC, associados a um paramento frontal plano e inclinado (em geral 70o) composto pela
mesma malha, reforçado com varetas de aço, revestido em sua face posterior por uma tela eletros-
soldada, uma geomanta MacMat® ou uma Biomanta BioMac®, e sustentados por dois elementos
metálicos em forma de “mão francesa”.

A solução Terramesh® Verde pode ser utilizada em qualquer caso de contenção ou estabilização de
taludes. Principalmente indicada em regiões com escassez de pedra, ou quando se deseja um para-
mento externo com cobertura vegetal (Figura 3.1.6).

103
3. Geotecnia

Malha hexagonal
Vareta de reforço
Biomanta ou geomanta

Painel de reforço
Tampa
m
Frente 0c
10
Borda enrolada
mecanicamente

Largura
Altura

Vareta de reforço 70º

Comprimento
Base
Borda Triângulo de suporte Biomanta ou geomanta

Figura 3.1.5 – Esquema de um elemento Terramesh® Verde.

Figura 3.1.6 – (a) e (b) Fotos da aplicação em contenção da solução Terramesh® Verde.

Geogrelhas MacGrid®

As geogrelhas MacGrid® (Figura 3.1.7) são geossintéticos em forma de malha, constituídos por ele-
mentos de alta resistência à tração e baixo alongamento. A elevada resistência à tração da geogrelha
é transmitida ao solo por meio da alta interação solo/geogrelha proporcionada pela abertura da
malha e pela textura rugosa das geogrelhas.

As geogrelhas MacGrid® podem ser utilizadas como reforço secundário nas estruturas construídas
por meio do sistema Terramesh® Grid, ou como reforços principais em estruturas em solo envelo-
pado, em que, além de atuar como elemento resistente à tração, são também responsáveis pelo
desenvolvimento de um paramento frontal, mediante envelopamento de gabaritos ou formas, e
sua posterior cobertura por concreto projetado ou similar. Apresentam duas categorias definidas
como tecidas e soldadas, diferindo basicamente por seus respectivos processos de fabricação e

104
3. Geotecnia

pelas resistências comerciais disponíveis: as geogrelhas tecidas MacGrid® WG variam de 40 kN/m a


400 kN/m de resistência nominal e as geogrelhas soldadas MacGrid® BG variam de 200 kN/m a 600
kN/m.

(a) (b)
Figura 3.1.7 – Geogrelhas MacGrid®. a) Geogrelha tecida MacGrid® WG; b) Geogrelha soldada MacGrid® BG.

Terramesh® Grid

A solução Terramesh®Grid (Figura 3.1.8) consiste na introdução de elementos resistentes à tração,


convenientemente orientados, que aumentam a resistência do solo e diminuem a deformabilidade
do maciço. Tais elementos são constituídos pelas geogrelhas MacGrid® associadas a um paramento
frontal formado por elementos Terramesh® System ou Verde.

A solução Terramesh®Grid pode ser utilizada em qualquer caso de contenção ou estabilização de


taludes, principalmente quando existe a necessidade de utilização de reforços de alta resistência,
como nos casos de estruturas extremamente elevadas ou apoiadas sobre solos de baixa capacidade
de suporte.

(a)
(b)
Figura 3.1.8 – a) Esquema que ilustra a solução Terramesh®Grid; b) foto da aplicação em contenção da solução Terramesh®Grid.

105
3. Geotecnia

MacWall®

A solução MacWall® (Figura 3.19) é composta por blocos de concreto estrutural, intertravados (Seg-
mental Retaining Wall - SRW), que dispensam qualquer tipo de cimentação (trabalham por atrito),
apenas utilizando pinos como guias para seu posicionamento. Atuam como contenção à gravidade,
fazendo uso de seu elevado peso próprio para conter a movimentação do solo, ou atuam conjun-
tamente com as geogrelhas MacGrid®, trabalhando como estruturas de contenção em solo refor-
çado.

A solução MacWall® é principalmente indicada quando se deseja um paramento frontal em blocos


de concreto, com apelo visual/arquitetônico, e em situações de maior simplicidade geotécnica, em
que a contenção não apresentará alturas muito elevadas (salvo quando aplicada em conjunto com
as geogrelhas MacGrid®, cujo dimensionamento poderá permitir alcançar maiores alturas).

Figura 3.1.9 – Fotos da aplicação em contenção da solução MacWall®.

MacForce®

A solução MacForce® (Figura 3.1.10) consiste na introdução de elementos resistentes à tração, con-
venientemente orientados, limitados por um paramento frontal vertical em concreto. Os reforços da
solução MacForce® são compostos por geotiras ParaLink®, de elevada resistência à tração e baixo
alongamento, que aumentam a resistência do solo e diminuem a deformabilidade do maciço, por
meio da interação solo/geossintético, proporcionada pela textura e rugosidade desses elementos.

Figura 3.1.10 – Fotos da aplicação em contenção da solução MacForce®.

106
3. Geotecnia

3.1.3 - METODOLOGIA DE CÁLCULO

Metodologia de cálculo para soluções Terramesh®

A seguir será demonstrada a metodologia de cálculo para a verificação de uma estrutura em solo
reforçado Terramesh® System, tendo como principal fonte de dados as características intrínsecas a
esta solução.

No dimensionamento de estruturas de contenção, os empuxos laterais de solo são os elementos


mais significativos para uma análise de estabilidade, gerados pelo peso próprio do solo ou pelas
sobrecargas aplicadas sobre ele.

Os empuxos podem ser de três tipos bem distintos: ativo, passivo e em repouso, porém no caso de
análises de estruturas de contenção, os empuxos relevantes do ponto de vista de projeto são o ativo
e o passivo. A fim de entender claramente a atuação de cada um desses esforços, pode-se definir:

Empuxo Ativo: É a pressão limite entre o solo e o muro, produzida quando existe uma tendência
de movimentação no sentido de “expandir” o solo horizontalmente;

Empuxo Passivo: É a pressão limite entre o solo e o muro, produzido quando existe uma tendência
de movimentação no sentido de “comprimir” o solo horizontalmente.

Considerando que a estrutura de contenção funciona como um paramento que confina o solo,
tem-se que a situação mais crítica ocorrerá quando houver o mínimo deslocamento desse para-
mento e a máxima mobilização da resistência do solo, ou seja, a situação em que ocorre a aplicação
do empuxo ativo sobre o muro.

Existem vários métodos para a determinação do empuxo, entre eles:

• Método de Rankine;
• Método de Coulomb;
• Análise do equilíbrio limite;
• Métodos numéricos.

Dentre os métodos citados, a análise do equilíbrio limite se destaca pelo fato de utilizar parâmetros
conhecidos e de fácil determinação, além de abranger as limitações dos métodos de Rankine e de
Coulomb.

O método do equilíbrio limite consiste na consideração de várias posições para a possível superfície
de ruptura e para cada uma delas, determina-se o valor do empuxo pelo equilíbrio de forças (Figuras
3.1.11a e 3.1.11b). Com isso é possível determinar a posição crítica da superfície de ruptura e o
empuxo máximo correspondente (Figura 3.1.11c).

107
3. Geotecnia

ρ
ρ

(a) (b)

(c)
Figura 3.1.11 – a) Determinação do empuxo por equilíbrio limite; b) possíveis superfícies de ruptura determinadas a partir do ponto B; c) gráfico do
empuxo pelo ângulo de variação da superfície com a horizontal, que ilustra a determinação do empuxo ativo máximo.

Para se determinar o ângulo crítico (φcrit), segundo o máximo empuxo ativo atuante sobre a estrutura,
deverá ser respeitado o equilíbrio de forças de acordo com o diagrama mostrado na Figura 3.1.12.

Figura 3.1.12 – a) Determinação do ângulo crítico através do equilíbrio de forças; b) Diagrama de corpo livre.

108
3. Geotecnia

A partir do equilíbrio de forças é possível obter a seguinte equação:

Em que:
φ = ângulo de atrito do solo;
α = inclinação do paramento frontal da estrutura;
δ = ângulo de atrito entre o arrimo e o solo do terrapleno (ver Tabela 3.1.1).

Tabela 3.1.1 – Ângulos de atrito entre o arrimo e o solo do


terrapleno para vários tipos de muro.
1
Muros de paredes lisas δ= φ
3
2
Muros de paredes ásperas δ = φ
3
3
Muros de paredes rugosas δ = φ
4

O valor de ρ (ângulo da superfície de ruptura em relação à horizontal – ângulo crítico) varia em


função do segmento BC selecionado, no triângulo ABC (Figura 3.1.11b). O mesmo acontecendo
com o valor de P (peso da massa de solo) e Q (sobrecarga), que varia de acordo com a área desse
triângulo.

A partir dessas considerações é possível obter as seguintes equações:

Em que:
H = altura da estrutura (m);
g = peso específico do solo (kN/m3).

Na análise proposta, estima-se a presença de uma sobrecarga uniformemente distribuída sobre o


terrapleno, que pelo método do equilíbrio limite, deve ser adicionada, ao peso da cunha de solo

109
3. Geotecnia

formada pela superfície de ruptura e pela porção da carga distribuída que se encontra sobre ela
(Figuras 3.1.13a e 3.1.13b).

Figura 3.1.13 – a) Inserção da carga ao equilíbrio de forças do sistema; b) Diagrama de corpo livre com a inserção da carga.

Neste caso, o ponto de aplicação do empuxo pode ser obtido separando-se o efeito do solo do
efeito da sobrecarga. Por meio de linhas paralelas à superfície de ruptura, uma passando pelo cen-
tro de gravidade da massa de solo e a outra pelo ponto de aplicação da força resultante da carga
distribuída, obtém-se o ponto de aplicação do empuxo devido ao solo e a carga, respectivamente.
(Figura 3.1.13a).

A partir do ponto de aplicação do empuxo devido à carga e ao solo é possível, mediante uma média
ponderada, determinar o ponto de aplicação do empuxo ativo resultante.

Com relação ao empuxo passivo, sua contribuição ocorrerá nos casos em que a estrutura se apre-
sentar engastada, porém deverá ser empregado com critério, pois caso seu valor entre como con-
tribuinte na estabilização da estrutura de contenção, sua presença deverá ser assegurada ao longo
do tempo. Isso porque, nos casos em que esse engaste acidentalmente seja removido, haverá com-
prometimento da estabilidade da estrutura de contenção.

Como o empuxo passivo, em geral, corresponde a solicitações bem inferiores àquelas dos empuxos
ativos, admite-se a utilização de métodos mais simples (Rankine) para sua determinação, sem o
comprometimento dos resultados:

Em que:
Kp = coeficiente de empuxo passivo, determinado segundo a seguinte equação;
H = altura do engastamento.

110
3. Geotecnia

De posse da componente do empuxo ativo atuante, seu valor e posição, é possível realizar as verifi-
cações externas quanto à estabilidade da estrutura:

- Verificação contra o deslizamento.


- Verificação contra o tombamento.
- Pressões aplicadas à fundação.

Verificação contra o deslizamento

A estrutura tende a deslizar em relação à fundação sobre a qual está apoiada, no sentido do carrega-
mento, devido à aplicação do empuxo ativo (Figura 3.1.14). Nesse caso haverá uma força resistente
disponível atuante na base da estrutura contrária a tal movimento, proveniente do peso próprio da
estrutura e do atrito de sua base com o solo, que pode ser somada ao componente do empuxo pas-
sivo, caso a estrutura esteja engastada, a fim de contrapor o deslizamento.

Figura 3.1.14 – Deslizamento do bloco reforçado sobre o plano


de apoio.

A força resistente disponível é definida como:

111
3. Geotecnia

Em que:
δ ∗ = ângulo de atrito entre solo de fundação e a base da estrutura;
N = componente normal ao sistema de forças, determinada pela equação.

Em que:
L = comprimento de reforço da estrutura de contenção;
W = peso próprio do bloco reforçado (paramento frontal + massa de solo reforçado);
q = carga distribuída sobre o terrapleno.

Para uma estrutura em solo reforçado é possível adotar δ* = φ (ângulo de atrito do solo de fundação)
e obter o valor da força resistente disponível T.

De posse de todas as forças atuantes no sistema, pode-se definir o fator de segurança contra o
deslizamento, como sendo a razão entre a somatória das forças estabilizantes e as forças desestabi-
lizantes do sistema.

Somatório das forças estabilizantes: ΣFest = T + Ep

Somatório das forças desestabilizantes: ΣFdes = Ea.cos(δ −α )

Fator de segurança contra o deslizamento: FS = ΣFest / ΣFdes

Verificação contra o tombamento

O tombamento da estrutura de contenção poderá ocorrer quando o bloco reforçado tender a rota-
cionar em relação a um ponto de giro (fulcro) posicionado na parte frontal inferior da estrutura
(Figura 3.1.15), ou seja, o momento do empuxo ativo supera o valor do momento do peso próprio
da estrutura somado ao momento do empuxo passivo. Esse tipo de análise considera o bloco de solo
reforçado como um maciço rígido, e que sua fundação não se deforma no momento do giro. Isso
em verdade não ocorre porque, para que haja uma rotação do bloco reforçado, é necessário que a
fundação entre em colapso devido às cargas aplicadas.

112
3. Geotecnia

Figura 3.1.15 – Giro do bloco reforçado em relação a um ponto


fixo.

Define-se fator de segurança contra o tombamento como a razão entre a somatória dos momentos
estabilizantes e aqueles desestabilizantes determinados em relação ao fulcro de tombamento (Figura
3.1.15). Para determinar os braços de giro das forças atuantes sobre a estrutura, é necessário
conhecer o ponto de aplicação de cada uma delas, em geral o centro de gravidade.

Somatório dos momentos estabilizantes:

Em que:

PG = peso do paramento frontal (elementos Terramesh®);


XG = coord. X do centro de gravidade do paramento frontal;
PB = peso do maciço de solo reforçado;
XB = coord. X do centro de gravidade do maciço de solo reforçado;
XEa = coord. X do ponto de aplicação do empuxo ativo;
q = carga distribuída;
L = comprimento do reforço;
XQ = coord. X da resultante da carga distribuída nos reforços;
Ep = empuxo passivo;
yEp = coordenada Y do ponto de aplicação do empuxo passivo.

Somatório dos momentos desestabilizantes:

ΣMinst = Ea.cos(δ - α).yEa.

Em que, yEa é a coordenada Y do ponto de aplicação do empuxo ativo.

113
3. Geotecnia

Fator de segurança contra o tombamento:

FS = ΣMest / ΣMinst

Pressões aplicadas à fundação

Esta verificação é necessária para analisar as pressões que são aplicadas na fundação pela estrutura
de arrimo. As pressões não devem ultrapassar o valor da capacidade de carga do solo de fundação,
evitando seu colapso (Figura 3.1.16).

Figura 3.1.16 – Pressão do bloco de reforço aplicado sobre a fundação.

Conforme o equilíbrio de momentos atuantes sobre a estrutura de contenção, pode-se determinar


o ponto de aplicação da força normal “N”.

Esta força normal é a resultante das pressões normais que agem na base da estrutura de arrimo. Para
que tais pressões sejam determinadas, sua forma de distribuição deve ser conhecida. No caso da es-
trutura em solo reforçado, pode-se admitir uma distribuição de pressão constante, devido ao fato de
possuir uma fundação flexível e passível de suportar pequenas deformações. Portanto, determina-se
a base sobre a qual atuará essa pressão segundo as seguintes condições:

Br = B e<0
Br = B – 2.e e>0

Então, é possível calcular a pressão média equivalente (pmeq) atuante na fundação, pela equação:

114
3. Geotecnia

De posse da pressão última que suporta o solo de fundação, determina-se o fator de segurança, que
será a relação entre a pressão última e a pressão média equivalente gerada pela estrutura:

Verificação da estabilidade interna

Nas análises de estruturas em solo reforçado podem ocorrer solicitações internas, impostas aos
reforços, superiores àquelas que os mesmos podem suportar, levando-os à ruptura ou a seu arran-
camento da massa de solo resistente, por insuficiência de ancoragem.

Para que isso não ocorra o valor da tensão máxima atuante Tmáx não deverá ser superior ao menor
valor esperado para a resistência de projeto do geossintético Td (levando em conta os devidos fa-
tores de redução). Da mesma maneira, deve existir um valor mínimo de ancoragem do reforço na
chamada zona resistente, para que o mesmo nível de tensão seja mobilizado por atrito e adesão
entre solo e reforço e não ocorra o seu arrancamento. Tais mecanismos podem ser controlados me-
diante a correta especificação dos espaçamentos entre os reforços e os comprimentos de ancoragem
apropriados.

Dentre os vários métodos existentes, será abordado o método de Janbu simplificado, que em ver-
dade é um método utilizado na análise de estabilidade de taludes, mas que pode ser emprega-
do na análise interna de um maciço reforçado. Conceitualmente, podem-se considerar superfícies
não-circulares de escorregamento divididas em várias lamelas cruzando o bloco de reforço (Figura
3.1.17). As lamelas que tiverem a contribuição do reforço terão uma componente horizontal que
será o menor valor entre a força de ancoragem do reforço e sua resistência de projeto. Esse método
determinará iterativamente qual é a superfície crítica de ruptura, e com isto seu fator de segurança
mínimo.

Figura 3.1.17 – Forças atuantes na lamela.

115
3. Geotecnia

A opção pelo método de Janbu deve-se ao fato de que o mesmo é um dos mais indicados para aná-
lise de solos reforçados, pois emprega o equilíbrio de forças e não o de momentos. Isto é bastante
aceitável, do ponto de vista matemático, tendo em vista que os reforços não entram no processo
iterativo de análise e que sua aplicação se dá no meio da base da lamela (momento zero em relação
ao centro), sendo o mais indicado para o cálculo de equilíbrio estático.

Janbu recomenda que o fator de segurança obtido do equilíbrio de forças deva ser multiplicado por
um fator de correção f0 que está relacionado à profundidade e ao comprimento da superfície de
ruptura, como mostrado na Figura 3.1.18.

1,2

f0 φ =0
c', φ
1,1

sc
c'=0
L

d
0,0
0 0,1 0,2 0,3 0,4
S uperfície de falha
d/L

Figura 3.1.18 – Fator de correção para superfície não circular.

O fator de segurança quanto à ruptura pode ser obtido da seguinte relação:

Como FS aparece em ambas as equações, o cálculo do fator de segurança é feito iterativamente, da


seguinte maneira:

• toma-se para FS do segundo termo da equação um valor aproximado (por exemplo, obtido pelo
método de Fellenius), e recalcula-se o segundo membro da fórmula;
• se o valor obtido para FS, no primeiro termo da equação, diferir muito do valor aproximado,
repete-se o cálculo até que o valor obtido para FS seja aproximadamente igual ao assumido.

Entre as Figuras 3.1.19a e 3.1.19d ilustra-se a construção de um maciço de solo compactado com
elevada inclinação, em que ocorre movimento de massa devido à falha por cisalhamento do solo.

116
3. Geotecnia

Daí, surge a necessidade de estabilização desse terrapleno com a utilização do sistema Terramesh®
System, cuja análise de estabilidade do maciço de solo compactado se dá pela utilização dos reforços
em elementos Terramesh® System por camadas, em que a força T = Td define a resistência cor-
respondente a esses elementos de reforço (Figura 3.1.19e).

(a) (b)

(c) (d)

(e)
Figura 3.1.19 – Caso prático de estabilidade com reforço. a) Talude que define área a ser aterrada; b) aterro compactado com forte inclinação; c) superfície
crítica de ruptura; d) movimento de massa devido a falha por cisalhamento do solo; e) estabilização do maciço de solo compactado com reforços em camadas;
a força T = Td define a resistência correspondente aos elementos de reforços.

117
3. Geotecnia

Verificação da estabilidade global

A análise de estabilidade global se refere à estabilidade do bloco reforçado como um todo, ou seja, a
superfície crítica engloba todo o maciço reforçado e parte de sua fundação segundo uma superfície
circular. Pode-se utilizar também neste caso a metodologia de Janbu, porém buscando simplificar
ainda mais o caso, será utilizado o método de Bishop simplificado, que, a exemplo do método de
Janbu, também apresenta a variável FS como passível de análise iterativa, necessitando de um valor
inicial aproximado como ponto de partida para a análise, diferindo apenas pela consideração de
superfícies circulares.

O fator de segurança quanto à ruptura global pode ser obtido da seguintes relações:

Em que:
b = largura da lamela;
c = coesão;
u = poropressão na lamela.

Metodologia de cálculo para soluções MacWall®

A seguir será demonstrada a metodologia de cálculo para a verificação de uma estrutura em solo
reforçado com paramento frontal em blocos intertravados, MacWall®, tendo como principal fonte
de dados as características intrínsecas a esta solução.

No dimensionamento de estruturas de contenção, os empuxos laterais de solo são os elementos


mais significativos para uma análise de estabilidade, sendo estes gerados pelo peso próprio do solo
ou pelas sobrecargas aplicadas sobre ele. Os empuxos podem ser de três tipos bem distintos: ativo,
passivo e em repouso, porém no caso de análises de estruturas de contenção os empuxos relevantes
do ponto de vista de projeto são: o ativo e o passivo. A fim de entender claramente a atuação de
cada um desses esforços, pode-se definir:

Empuxo Ativo: É a pressão limite entre o solo e o muro produzido quando existe uma tendência de
movimentação no sentido de “expandir” o solo horizontalmente.

Empuxo Passivo: É a pressão limite entre o solo e o muro produzido quando existe uma tendência
de movimentação no sentido de “comprimir” o solo horizontalmente.

118
3. Geotecnia

Considerando que a estrutura de contenção funciona como um paramento que confina o solo,
tem-se que a situação mais crítica ocorrerá quando houver o mínimo deslocamento desse para-
mento e a máxima mobilização da resistência do solo, ou seja, a situação em que ocorre a aplicação
do empuxo ativo sobre o muro.

Existem vários métodos para a determinação do empuxo, entre eles:

• Método de Rankine;
• Método de Coulomb;
• Análise do equilíbrio limite;
• Métodos numéricos.

Dentre os métodos citados a análise do equilíbrio limite se destaca pelo fato de utilizar parâmetros
conhecidos e de fácil determinação, além de abranger as limitações dos métodos de Rankine e de
Coulomb.

O método do equilíbrio limite consiste na consideração de várias posições para a possível superfície
de ruptura e para cada uma delas determina o valor do empuxo pelo equilíbrio de forças (Figuras
3.1.20a e 3.1.20b). Com isto é possível determinar a posição crítica da superfície de ruptura e o
empuxo máximo correspondente (Figura 3.1.20c).

(b)
(a)

(c)
Figura 3.1.20 – a) Determinação do empuxo por equilíbrio limite; b) Possíveis superfícies de ruptura determinadas a partir do ponto B; c) Gráfico do
empuxo pelo ângulo de variação da superfície com a horizontal, que ilustra a determinação do empuxo ativo máximo.

119
3. Geotecnia

Para se determinar o ângulo crítico (rcrit), segundo o máximo empuxo ativo atuante sobre a estrutura,
deverá ser respeitado o equilíbrio de forças de acordo com o diagrama mostrado na Figura 3.1.21.

(a) (b)

Figura 3.1.21 – a) Determinação do ângulo crítico através do equilíbrio de forças; b) Diagrama de corpo livre.

A partir do equilíbrio de forças é possível obter a seguinte equação para o Empuxo Ativo (Ea):

Em que:
φ - ângulo de atrito do solo;
α - inclinação do paramento frontal da estrutura;
δ - ângulo de atrito entre o arrimo e o solo do terrapleno (Ver Tabela 3.1.2).

Tabela 3.1.2 – ângulos de atrito entre o arrimo e o solo do


terrapleno para vários tipos de muro.
1
Muros de paredes lisas δ= φ
3
2
Muros de paredes ásperas δ = φ
3
3
Muros de paredes rugosas δ = φ
4

120
3. Geotecnia

O valor de ρ (ângulo da superfície de ruptura em relação à horizontal – ângulo crítico) varia em


função do segmento BC selecionado, no triângulo ABC (Figura 3.1.20b). O mesmo acontecendo
com o valor de P (peso da massa de solo) e Q (sobrecarga), que varia de acordo com a área desse
triângulo.

A partir dessas considerações é possível obter as seguintes equações:

Em que:
H = altura da estrutura (m);
g = peso específico do solo (kN/m3).

Na análise proposta, estima-se a presença de uma sobrecarga uniformemente distribuída sobre o


terrapleno, que pelo método do equilíbrio limite, deve ser adicionada, ao peso da cunha de solo
formada pela superfície de ruptura e pela porção da carga distribuída que se encontra sobre ela
(Figuras 3.1.22a e 3.1.22b).

(a) (b)
Figura 3.1.22 – a) Inserção da carga ao equilíbrio de forças do sistema; b) Diagrama de corpo livre com a inserção da carga.

121
3. Geotecnia

Neste caso, o ponto de aplicação do empuxo, pode ser obtido separando-se o efeito do solo do
efeito da sobrecarga. Por meio de linhas paralelas à superfície de ruptura, uma passando pelo cen-
tro de gravidade da massa de solo e outra pelo ponto de aplicação da força resultante da carga
distribuída, obtém-se o ponto de aplicação do empuxo devido ao solo e a carga, respectivamente
(Figura 3.1.22a).

A partir do ponto de aplicação do empuxo devido à carga e ao solo é possível, segundo uma média
ponderada, determinar o ponto de aplicação do empuxo ativo resultante.

Com relação ao empuxo passivo, sua contribuição ocorrerá nos casos em que à estrutura se apre-
sentar engastada, porém deverá ser empregado com critério, pois caso seu valor entre como con-
tribuinte na estabilização da estrutura de contenção, sua presença deverá ser assegurada ao longo
do tempo. Isso porque, nos casos em que esse engaste acidentalmente seja removido, haverá com-
prometimento da estabilidade da estrutura de contenção.

Como o empuxo passivo, em geral, corresponde a solicitações bem inferiores àquelas dos empuxos
ativos, admite-se a utilização de métodos mais simples (Rankine) para sua determinação, sem o
comprometimento dos resultados:

Em que:
Kp é o coeficiente de empuxo passivo, determinado através da seguinte equação:

De posse da componente do empuxo ativo atuante, seu valor e posição, é possível realizar as verifi-
cações externas quanto à estabilidade da estrutura:

122
3. Geotecnia

• Verificação contra o deslizamento;


• Verificação contra o tombamento;
• Pressões aplicadas à fundação.

Verificação contra o deslizamento

A estrutura tende a deslizar em relação à fundação sobre a qual está apoiada, no sentido do carrega-
mento, devido à aplicação do empuxo ativo (Figura 3.1.23). Nesse caso haverá uma força resistente
disponível atuante na base da estrutura contrária a tal movimento, proveniente do peso próprio da
estrutura e do atrito de sua base com o solo, que pode ser somada a componente do empuxo pas-
sivo, caso a estrutura esteja engastada, a fim de contrapor o deslizamento.

Figura 3.1.23 – Deslizamento do bloco reforçado sobre o plano


de apoio.

A força resistente disponível é definida como:

Em que:
δ ∗ = ângulo de atrito entre solo de fundação e a base da estrutura;
N = componente normal ao sistema de forças, determinada pela equação:

123
3. Geotecnia

Em que:
L = comprimento de reforço da estrutura de contenção;
W = peso próprio do bloco reforçado (paramento frontal + massa de solo reforçado);
q = carga distribuída sobre o terrapleno.

Para uma estrutura em solo reforçado é possível adotar δ* = φ (ângulo de atrito do solo de fundação)
e obter o valor da força resistente disponível T.

De posse de todas as forças atuantes no sistema, pode-se definir o fator de segurança contra o
deslizamento, como sendo a razão entre a somatória das forças estabilizantes e as forças desestabi-
lizantes do sistema.

Somatória das forças estabilizantes:

ΣFest = T + Ep

Somatória das forças desestabilizantes:

ΣFdes = Ea.cos(δ −α )

Fator de segurança contra o deslizamento:

FS = ΣFest / ΣFdes

Verificação contra o tombamento

O tombamento da estrutura de contenção poderá ocorrer quando o bloco reforçado tender a rota-
cionar em relação a um ponto de giro (fulcro) posicionado na parte frontal inferior da estrutura
(Figura 3.1.24), ou seja, o momento do empuxo ativo supera o valor do momento do peso próprio
da estrutura somado ao momento do empuxo passivo. Esse tipo de análise considera o bloco de
solo reforçado como um maciço rígido e que fundação não se deforma no momento do giro. Isso
em verdade não ocorre porque, para que haja uma rotação do bloco reforçado, é necessário que a
fundação entre em colapso devido às cargas aplicadas.

124
3. Geotecnia

Figura 3.1.24 – Giro do bloco reforçado em relação a


um ponto fixo.

Define-se fator de segurança contra o tombamento como a razão entre a somatória dos momentos
estabilizantes e aqueles desestabilizantes determinados em relação ao ponto fulcro de tombamento
(Figura 3.1.24). Para determinar os braços de giro das forças atuantes sobre a estrutura é necessário
conhecer o ponto de aplicação de cada uma delas, em geral o centro de gravidade.

Somatório dos momentos estabilizantes:

Em que:
PG = peso do paramento frontal (elementos Terramesh®);
XG = coord. X do centro de gravidade do paramento frontal;
PB = peso do maciço de solo reforçado;
XB = coord. X do centro de gravidade do maciço de solo reforçado;
XEa = coord. X do ponto de aplicação do empuxo ativo;
q = carga distribuída;
L = comprimento do reforço;
XQ = coord. X da resultante da carga distribuída nos reforços;
Ep = empuxo passivo;
yEp = coord. Y do ponto de aplicação do empuxo passivo.

Somatória dos momentos desestabilizantes:

ΣMinst = Ea.cos(δ - α).yEa

125
3. Geotecnia

Em que, yEa é a coordenada Y do ponto de aplicação do empuxo ativo.

Fator de segurança contra o tombamento:

FS = ΣMest / ΣMinst

Pressões aplicadas à fundação

Esta verificação é necessária para analisar as pressões que são aplicadas na fundação pela estrutura
de arrimo. As pressões não devem ultrapassar o valor da capacidade de carga do solo de fundação,
evitando seu colapso (Figura 3.1.25).

Figura 3.1.25 – Pressão do bloco de reforço


aplicado sobre a fundação.

Segundo do equilíbrio de momentos atuantes sobre a estrutura de contenção, pode-se determinar


o ponto de aplicação da força normal “N”.

Esta força normal é a resultante das pressões normais que agem na base da estrutura de arrimo.
Para que estas pressões sejam determinadas, sua forma de distribuição deve ser conhecida. No caso
da estrutura em solo reforçado, pode-se admitir uma distribuição de pressão constante, devido
ao fato de possuir uma fundação flexível e passível de suportar pequenas deformações. Portanto,
determina-se a base sobre a qual atuará essa pressão segundo as seguintes condições:

Br = B e<0
Br = B – 2.e e>0

Então, é possível calcular a pressão média equivalente (pmeq) atuante na fundação, pela equação:

126
3. Geotecnia

De posse da pressão última que suporta o solo de fundação, determina-se o fator de segurança, que
será a relação entre a pressão última e a pressão média equivalente gerada pela estrutura:

Verificação da estabilidade interna

Nas análises de estruturas em solo reforçado podem ocorrer solicitações internas, impostas aos
reforços, superiores àquelas que os mesmos podem suportar, levando-os à ruptura ou a seu arran-
camento da massa de solo resistente, por insuficiência de ancoragem.

Para que isso não ocorra o valor da tensão máxima atuante Tmáx não deverá ser superior ao menor
valor esperado para a resistência de projeto do geossintético Td (levando em conta os devidos fatores
de redução). Da mesma maneira, deve existir um valor mínimo de ancoragem do reforço na chamada
zona resistente, para que o mesmo nível de tensão seja mobilizado por atrito e adesão entre solo e
reforço e não ocorra seu arrancamento. Tais mecanismos podem ser controlados mediante a correta
especificação dos espaçamentos entre os reforços e os comprimentos de ancoragem apropriados.

A metodologia aqui adotada considera uma superfície plana de ruptura, inclinada 45º + φ/2 em
relação à horizontal, resultando em uma distribuição do empuxo, linearmente crescente com a pro-
fundidade (Figura 3.1.26).

Figura 3.1.26 – Superfície de ruptura e empuxo considerado.

127
3. Geotecnia

A estabilidade interna do conjunto é encontrada conforme a avaliação independente de cada uma


das camadas de reforço, onde são verificando-se a possibilidade de arrancamento e ruptura dos
reforços utilizados.

São encontrados fatores de segurança para as duas verificações, e ambos devem ser superiores a
1 (condição mínima de estabilidade), ou como sugerido por alguns autores, 1,3 para a ruptura do
reforço e 1,5 para seu arrancamento.

- Arrancamento do reforço

Para esta verificação, o comprimento total de inclusão é dividido em duas parcelas, o comprimento
de ancoragem, inserido na zona resistente (Le), e o comprimento inserido na zona ativa (Lr).

O comprimento Lr pode ser obtido através com a seguinte equação:

Em que:
H = altura do maciço reforçado;
z = altura de solo acima do nível de reforço considerado;
φ = ângulo de atrito do solo do maciço reforçado;
β = inclinação da interface aterro / solo natural.

O comprimento Le é encontrado estimando-se o fator de segurança a ser considerado no cálculo,


segundo a equação:

128
3. Geotecnia

Em que:
φ = ângulo de atrito do solo que compõe do aterro reforçado;
γ = peso específico do solo que compõe o aterro reforçado;
z = altura de solo acima do reforço verificado;
Sv = espaçamento vertical entre reforços;
FS = fator de segurança contra o arrancamento do reforço;
δ = coeficiente de atrito entre o solo e a inclusão.

O comprimento mínimo de ancoragem para que a solução construída possa ser considerada como
sendo uma estrutura em solo reforçado é de 1,00 m, mesmo que os resultados encontrados na
equação acima sejam menores que esse valor.

O comprimento total do reforço é então encontrado através da soma dos dois comprimentos par-
ciais:

Lt = Le + Lr

- Ruptura do reforço

Esta verificação deve ser realizada para se analisar a possibilidade de ocorrer uma ruptura dos refor-
ços utilizados na estrutura, verificando se a resistência à tração do elemento utilizado é superior à
força gerada pela ativação do maciço.

O fator de segurança contra a ruptura do reforço é dado pelo seguinte equação:

Em que:
Sh = Espaçamento horizontal entre reforços;
Sv = Espaçamento vertical entre reforços;
Tadm = Tensão amissível do reforço;
Ka = Coeficiente de Empuxo Ativo.

A tensão admissível do reforço é encontrada aplicando-se fatores de segurança à tensão última do


reforço, encontrada em ensaios de resistência à tração.

129
3. Geotecnia

Os seguintes fatores de segurança são aplicados às geogrelhas utilizadas nas soluções MacWall® :

• Fator de segurança em função de danos ambientais (FSda);


• Fator de segurança em função de danos provenientes da instalação (FSin);
• Fator de segurança em função da fluência do material (FSfl).

Dessa maneira encontra-se a tensão última do reforço através da equação:

Conforme o espaçamento vertical e tensão admissível pelo reforço, encontra-se o fator de segurança
contra a ruptura do desse material pela equação:

Para as soluções MacWall® os espaçamentos verticais são limitados pela altura dos blocos, e não
devem ser superiores a 60 cm, altura equivalente a 3 blocos.

Verificação da estabilidade global

A análise de estabilidade global se refere à estabilidade do bloco reforçado como um todo, ou seja, a
superfície crítica engloba todo o maciço reforçado e parte de sua fundação segundo uma superfície
circular. Pode-se utilizar também neste caso a metodologia de Janbu, porém buscando simplificar
ainda mais o caso será utilizado o método de Bishop simplificado, que, a exemplo do método de
Janbu, também apresenta a variável FS como passível de análise iterativa, necessitando de um valor
inicial aproximado como ponto de partida para a análise, diferindo apenas pela consideração de
superfícies circulares.

O fator de segurança quanto à ruptura global pode ser obtido das seguintes relações:

130
3. Geotecnia

Em que:
FS1 = Fator de segurança adotado ou encontrado pelo método de Fellenius;
FS2 = Fator de segurança calculado;
b = largura da lamela;
c = coesão;
P = peso da lamela;
h = altura da lamela;
γ = peso específico do solo da lamela;
u = poropressão na lamela;
φ = ângulo de atrito do solo da lamela;
α = inclinação da base da lamela em relação à horizontal.

Para simplificar a utilização do método, pode-se utilizar uma tabela como a seguinte:

131
3. Geotecnia

Estabilidade Global por Bishop Simplificado


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lamela b h α P P.sen(α) P.cos(α) u u.b P - u.b (P - u.b).tgφ c.b Μ α1 Μ α2
2 [10 + 11] [12 / 11] [12 / 15]
(m) (m) (graus) (kN/m) (kN/m) (kN/m) (kN/m ) (kN/m) (kN/m) (kN/m) (kN/m) (FS = FS1) (FS = FS1)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Σ5 = Σ14 = Σ16 =

FS2 = Σ14 / Σ5
FS3 = Σ16 / Σ5

O fator de segurança será encontrado de acordo com um processo iterativo, segundo o qual será
adotado um fator de segurança inicial (FS1), que pode inclusive ser encontrado segundo outros
métodos, como por exemplo, o método de Fellenius, utilizado no cálculo de um segundo fator de
segurança (FS2), que será utilizado para o cálculo do terceiro fator de segurança (FS3), e assim suc-
essivamente, até que a diferença entre o fator utilizado e o fator encontrado seja desprezível para
o cálculo como um todo, ou seja, o cálculo é interrompido quando o resultado converge para um
valor.

3.1.4 - EXEMPLO DE CÁLCULO

3.1.4.1 - EXEMPLO DE CÁLCULO PARA SOLUÇÕES TERRAMESH ®

Com a finalidade de exemplificar a metodologia de cálculo usada para o dimensionamento de estru-


turas em solo reforçado, a seguir será realizado um cálculo de verificação de estabilidade para uma
estrutura de contenção confeccionada com a solução Terramesh®. O exemplo utilizado é um caso
real de uma obra de contenção no pátio de uma indústria de embalagens, construída na cidade de
Piracicaba, no estado de São Paulo. Abaixo se encontram os parâmetros utilizados no dimensiona-
mento da referida estrutura de contenção:

Elementos Terramesh® System:


Peso específico da rocha de enchimento: P γ = 2,43 tf/m3;
porosidade: n = 30%.

132
3. Geotecnia

Aterro:
Peso específico do solo: γ = 18 kN/m3;
Ângulo de atrito interno: φ = 30°;
Coesão: c = 0 kN/m².

Solo de Fundação:
Peso específico do solo: γ = 18 kN/m3;
Ângulo de atrito interno: φ = 20°;
Coesão: c = 0 kN/m²;
Pressão última na fundação: pult = 250 kN/m2.

Rachão para a Base:


Peso específico do solo: γ = 18 kN/m3;
Ângulo de atrito interno: φ = 40°.
Coesão: c = 0 kN/m².

Carga atuante:
Carga atuante sobre o terrapleno: q = 20 kN/m2.

Figura 3.1.27 – Esquema ilustrativo da seção a ser analisada.

Para determinação da superfície de aplicação do empuxo ativo será utilizado o método do Equilíbrio
Limite.

Variando o ângulo que determinará a superfície crítica, varia-se também o comprimento do trecho
BC (Figura 3.1.28), e dessa maneira é possível obter a massa de solo a qual a estrutura de contenção
será submetida ao máximo empuxo ativo.

133
3. Geotecnia

Figura 3.1.28 – Determinação da superfície crítica.

Em que:
Q = 20 kN/m2;
φ = 30o;
δ = 6o;
α = 6o;

134
3. Geotecnia

H = 6,00 m;
γ = 18 kN/m3.

Dessa maneira, variando-se a dimensão BC da cunha de solo considerada, encontra-se o ângulo da


superfície crítica de ruptura e consequentemente o valor do empuxo atuante sobre a estrutura.

BC [m] φ [graus] P [kN/m] Ea [kN/m]


0,50 79,68 29,25 46,26
1,00 75,48 58,50 79,83
1,50 71,43 87,75 103,94
2,00 67,57 117,00 120,77
2,50 63,91 146,25 131,91
3,00 60,46 175,50 138,51
3,50 57,24 204,75 141,42
4,00 54,23 234,00 141,30

Graficando os valores obtidos da tabela acima, determina-se o empuxo ativo máximo (figura
3.1.29).

Figura 3.1.29 – Empuxo Ativo x segmento BC.

135
3. Geotecnia

Para a determinação do ponto de aplicação de “Ea“, o efeito da sobrecarga deve ser separado do
efeito do solo.

Considerando apenas a carga:

= 36,03 kN/m

Considerando apenas o peso do solo:

= 105,39 kN/m

Traçando-se uma linha paralela à superfície crítica. passando pelo centro de gravidade do maciço
que a compreende e outra passando pelo ponto de aplicação resultante da carga (Figura 3.1.30),
pode-se determinar os pontos de aplicação do empuxo devido ao solo e devido a carga, respectiva-
mente:

136
3. Geotecnia

Figura 3.1.30 – Ponto de aplicação do empuxo.

POSIÇÃO
EMPUXO
X Y
Eaq = 36,03 kN/m 8,59 m 3,25 m
Eas = 105,39 kN/m 8,48 m 2,17 m

A partir de uma média ponderada dos valores acima, é possível determinar o ponto de aplicação do
empuxo total:

POSIÇÃO
EMPUXO
X Y
Ea = 141,42 kN/m 8,51 m 2,44 m

Como o maciço de solo definido pela superfície crítica apresenta a forma geométrica triangular, por
geometria analítica, emprega-se a média aritmética das coordenadas dos vértices desse triângulo
para a determinação do centro de gravidade do mesmo. Definido como coordenada (0,0) o fulcro
da estrutura de contenção, obtém-se da Figura 3.1.31:

137
3. Geotecnia

Figura 3.1.31 – Ponto de aplicação das cargas.

Geometricamente, também é possível determinar todas as coordenadas dos centros de gravidade


para o paramento frontal em gabiões (Pg), bloco reforçado (Pb), carga atuante sobre o terrapleno (Q),
como mostrado na Figura 3.1.31.

Definido o ponto de aplicação do empuxo ativo, é necessário determinar seu ângulo em relação
à superfície de aplicação. Por um critério de segurança, adotou-se tal ângulo igual à inclinação do
paramento frontal da estrutura (α = 6o), tornando-se a direção do empuxo ativo paralela ao solo de
cobertura (Figura 3.1.32).

138
3. Geotecnia

δ
Figura 3.1.32 – Ângulo de aplicação do empuxo.

Verificações quanto à estabilidade externa

Definido o valor e o ponto de aplicação do Empuxo Ativo, e todos os pontos de aplicação das cargas
atuantes sobre a estrutura (Figuras 3.1.31 e 3.1.32), pode-se verificar a estabilidade externa do bloco
reforçado.

Verificação contra o deslizamento

- Somatória das forças estabilizantes:

ΣFest = T + Ep

Calculando o peso do bloco:

Paramento frontal em gabiões:

Pg = γg . H . LGAB = 18 . 6,5 . 1,00 = 117 kN

Para o maciço reforçado:

Pb = γg . H . L = 18 . 6,5 . 4 = 468 kN

139
3. Geotecnia

O peso total do bloco reforçado será:

P = Pg + Pb = 585 kN

Determina-se então a componente normal:

N = P + q . L + Ea . sen(δ −α )
N = 585 + 20 . 4 + 141,42 . sen (6o-6o) = 665 kN

A partir da componente normal é possível obter a força atuante na base da estrutura, segundo a
equação:

Adotando δ ∗ como igual ao ângulo de atrito interno do solo de fundação, tem-se:

T = 665 . tan (40o) = 558 kN

Na verdade essa força corresponde à única parcela estabilizante da estrutura contra o deslizamen-
to.

- Somatória das forças desestabilizantes:

ΣFinst = Ea.cos(δ −α )

A única parcela desestabilizante atuante sobre a estrutura será a componente horizontal do empuxo
ativo:

Finst = Ea . cos (δ −α ) = 141,42 . cos (6o-6o) = 141,42 kN

Fator de segurança contra o deslizamento:

FS = ΣFest / ΣFinst = 558 / 141,42 = 3,95

140
3. Geotecnia

Verificações contra o tombamento

Somatório dos momentos estabilizantes:

ΣMest =PG.XG + PB.XB + q.L.XQ

Como na Figura 3.1.31 se encontram todas as coordenadas do centro de gravidade de cada força
em relação ao fulcro, cada parcela estabilizante já tem o seu braço de giro definido. Então, calcu-
lam-se as parcelas que irão compor os momentos estabilizantes:

PG.XG = 117 . 0,84 = 98,28 kN.m


PB.XB = 468 . 3,34 = 1563,12 kN.m
q.L.XQ = 20 . 4 . 3,68 = 294,40 kN.m

ΣMest = 1955,80 kN.m

Somatório dos momentos desestabilizantes:

ΣMinst = Ea . cos(δ −α ) . yEa

Da Figura 3.1.32, tem-se o braço de giro para a componente horizontal do Empuxo Ativo:

ΣMinst = 141,42 . cos(6o- 6o) . 2,44 = 345,06 kN.m

Fator de segurança contra o tombamento:

FS = ΣMest / ΣMinst = 1955,80 / 345,06 = 5,66

141
3. Geotecnia

Pressões na fundação

Nesta verificação será analisada a capacidade de suporte da fundação do muro com base na pressão
última do solo de fundação. Determinando-se a excentricidade da resultante das forças aplicadas
sobre a estrutura, tem-se:

e = B / 2 - (Mest - Minst) / N = 5 / 2 - (1955,80 – 345,06) / 665 = 0,08 m

Levando em conta que o diagrama de pressão terá uma distribuição constante na base, determina-
se uma base equivalente pela equação:

Br = B - 2 . e = 4,84 m ,

e logo em seguida a pressão média na base da estrutura:

pmeq = N / Br = 665 / 4,84 = 137,39 kN/m2

De posse da pressão última que suporta o solo de fundação, determina-se o fator de segurança com
relação à pressão atuante na mesma:

FS = pu / pmeq = 250 / 137,39 = 1,82

Verificação da estabilidade interna

Como citado anteriormente, será utilizado o método de Janbu para determinar a superfície de
deslizamento crítica, capaz de solicitar ao máximo o maciço reforçado. Como tal análise é feita
por meio de um processo iterativo, ou seja, são necessárias várias análises para se determinar o
FS mínimo, optou-se por demonstrar o procedimento de cálculo apenas da superfície crítica pré-
determinada.

A estrutura em questão foi dividida em dois blocos de análise para que haja uma otimização dos
reforços, portanto, serão analisadas duas superfícies críticas, uma para o bloco inferior e outra para
o bloco superior (Figuras 3.1.33 e 3.1.34).

142
3. Geotecnia

Figura 3.1.33 - Superfície de deslizamento crítica - bloco 01.

Figura 3.1.34 - Superfície de deslizamento crítica - bloco 02.

Será obtido um fator de segurança aproximado pelo método de Fellenius e, em seguida, tal fator
será aplicado à equação de equilíbrio definida por Janbu.

143
3. Geotecnia

Figura 3.1.35 – Análise do bloco 01 pelo método de Fellenius.

Figura 3.1.36 – Análise do bloco 01 pelo método de Janbu.

Realizando agora as análises para o bloco 2:

Figura 3.1.37 – Análise do bloco 02 pelo método de Fellenius.

144
3. Geotecnia

Figura 3.1.38 – Análise do bloco 02 pelo método de Janbu.

Com o valor inicial para o FS segundo o método de Fellenius, foi possível, por meio de duas itera-
ções, encontrar o FS mínimo para o método de Janbu, em ambos os blocos.

Verificação da estabilidade global

Como já mencionado, será utilizado o método de Bishop para determinar a superfície de desliza-
mento crítica. Como tal análise é feita por meio de um processo iterativo, ou seja, são necessárias
várias análises para se determinar o FS mínimo, optou-se por demonstrar o procedimento de cálculo
apenas para a superfície crítica pré-determinada. Será obtido um fator de segurança aproximado
pelo método de Fellenius e, em seguida, tal fator será aplicado à equação de equilíbrio definida por
Bishop. A Figura 3.1.39 mostra a divisão em lamelas adotada para a análise da superfície crítica.

Figura 3.1.39 – Análise de estabilidade global pelo método de Bishop.

145
3. Geotecnia

Figura 3.1.40 – Análise da estabilidade global pelo método de Fellenius - 1ª iteração .

Figura 3.1.41 – Análise da estabilidade global pelo método de Bishop.

146
3. Geotecnia

Assim, os fatores de segurança encontrados foram:

- Deslizamento: 3,95;

- Tombamento: 5,66;

- Pressão na fundação: 1,82;

- Estabilidade interna;
- Bloco 01: 1,56;
- Bloco 02: 1,92;

- Estabilidade global: 1,31.

Desta maneira, a estrutura verificada pode ser considerada como estável e apta a ser construída.

3.1.4.2 - EXEMPLO DE CÁLCULO PARA SOLUÇÕES MACWALL®

Com a finalidade de exemplificar a metodologia de cálculo ilustrada sobre dimensionamento de


blocos segmentados, a seguir será realizado um cálculo de verificação de estabilidade para uma
estrutura de contenção confeccionada com a solução MacWall®.

O exemplo utilizado provém de um estudo de viabilidade técnica e econômica realizado pela Central
de Projetos da Maccaferri América Latina. Além das verificações aqui ilustradas, também foram real-
izadas otimizações da estrutura, a fim de se encontrar uma solução segura, estável e econômica.

Os seguintes dados foram utilizados no estudo em questão:

Elementos MacWall®:

Blocos de concreto MacBlock®


Peso: Pbl = 33,0 kg;
Peso específico dos blocos = 25 kN/m3;
Altura: blh = 0,20 m;
Largura: blb = 0,30 m.

Geogrelhas MacGrid® WG 60
Tensão última do reforço: Tult= 60 kN/m;
Fator de segurança danos ambientais: FSda = 1,1;
Fator de segurança danos de instalação*: FSin = 1,07;
Fator de segurança fluência**: FSfl = 1,63;
Tensão admissível do reforço: Tadm = 31,27 kN/m.

147
3. Geotecnia

* Danos ambientais para solo tipo 3 – areia siltosa.


** Fluência em 75 anos.

Aterro:
Peso específico do solo: γ = 18 kN/m3;
Ângulo de atrito interno: φ = 27°;
Coesão: c = 5 kN/m².

Solo de Fundação:
Peso específico do solo: γ = 18 kN/m3;
Ângulo de atrito interno: φ = 27°;
Coesão: c = 5 kN/m²;
Pressão última na fundação: pult = 570 kN/m2.

Carga atuante:
Carga atuante sobre o terrapleno: q = 20 kN/m2.

Figura 3.1.42 – Esquema ilustrativo da seção a ser analisada.

148
3. Geotecnia

Para determinação da superfície de aplicação do empuxo ativo será utilizado o método do Equilíbrio
Limite.

Variando o ângulo que determinará a superfície crítica, varia-se também o comprimento do trecho
BC (Figuras 3.1.43 e 3.1.44). Dessa maneira é possível obter a massa de solo à qual a estrutura de
contenção será submetida ao máximo empuxo ativo.

Figura 3.1.43 – Determinação da superfície crítica.

149
3. Geotecnia

Em que:
Q = 20 kN/m2;
φ = 27o;
δ = 18o;
α = 6o;
H = 7,80 m;
γ = 18 kN/m3.

Dessa maneira, variando-se a dimensão BC da cunha de solo considerada, encontra-se o ângulo da


superfície crítica de ruptura (r)e consequentemente o valor do empuxo atuante sobre a estrutura
(Ea).

Empuxo ativo MacWall


α H AB θ φ δ Q BC ρ A γ P
o o o o 2 o 2 3 EA (kN/m)
( ) (m) (m) ( ) ( ) ( ) (kN/m ) (m) ( ) (m ) (kN/m ) (kN/m)
0,5 81 1,95 35,1 49,10
1,0 77 3,90 70,2 87,69
1,5 74 5,85 105,3 120,80
2,0 70 7,80 140,4 143,53
2,5 67 9,75 175,5 164,16
6 7,80 7,84 96 27 18 20 18
3,0 64 11,70 210,6 179,69
3,5 61 13,65 245,7 190,40
4,0 59 15,60 280,8 203,47
4,5 56 17,55 315,9 205,78
5,0 53 19,50 351,0 203,76

Figura 3.1.44 – Gráfico de empuxo Ativo pelo segmento BC.

150
3. Geotecnia

Para a determinação do ponto de aplicação de “Ea“, o efeito da sobrecarga deve ser separado do
efeito do solo.

Considerando apenas a carga:

Considerando apenas o peso do solo:

Traçando-se uma linha paralela sobre a superfície crítica, passando pelo centro de gravidade do
maciço que a compreende*, e outra passando, pelo ponto de aplicação resultante da carga (Figura
3.1.45), pode-se determinar os pontos de aplicação do empuxo devido ao solo e devido à carga
respectivamente.

151
3. Geotecnia

* Como o maciço de solo definido pela superfície crítica apresenta a forma geométrica triangular,
por geometria analítica, emprega-se a média aritmética das coordenadas dos vértices desse triân-
gulo para a determinação do centro de gravidade do mesmo.

Definido como coordenada (0,0) o fulcro da estrutura de contenção, obtém-se:

XA = 6,00
YA = 0,00

XB = 6,78
YB = 7,80

XC = 11,28
YC = 7,80

Figura 3.1.45 – Ponto de aplicação do empuxo.

POSIÇÃO
EMPUXO
X Y
Eaq = 45,36 kN/m 6,38 m 3,90 m
Eas = 159,69 kN/m 6,25 m 2,60 m

152
3. Geotecnia

De acordo com uma média ponderada dos valores acima é possível determinar o ponto de aplicação
do empuxo total:

POSIÇÃO
EMPUXO
X Y
Ea = 205,78 kN/m 6,32 m 3,25 m

Geometricamente, também é possível determinar todas as coordenadas dos centros de gravidade


para o paramento frontal em blocos (Pb), aterro reforçado (Pr), carga atuante sobre o terrapleno (Q),
como mostrado na Figura 3.1.46.

Figura 3.1.46 - Ponto de aplicação das cargas.

Definido o ponto de aplicação do empuxo ativo, é necessário determinar seu ângulo em relação à
superfície de aplicação. Este está diretamente ligado ao atrito entre o bloco em solo reforçado e o
solo natural, que pode ser encontrado pela Tabela 3.1.2.

Considerando a interface de contato entre o solo reforçado e o solo natural como sendo uma super-
fície áspera, o ângulo encontrado é de 18o (Figura 3.1.47).

153
3. Geotecnia

Figura 3.1.47 – Ângulo de aplicação do empuxo.

Verificações quanto à estabilidade externa

Definidos o valor e o ponto de aplicação do empuxo ativo, e todos os pontos de aplicação das cargas
atuantes sobre a estrutura (Figuras 3.1.46 e 3.1.47), pode-se verificar a estabilidade externa do bloco
reforçado.

Verificações o contra o deslizamento

- Somatória das forças estabilizantes:

ΣFest = T + Ep

Calculando o peso do bloco:

Paramento frontal em blocos:

PB = Área de blocos . peso específico do bloco = 2,34 . 25 = 58,5 kN

Para o maciço reforçado:


PR = γ g . H . L = 18 . 7,8 . 6 = 842,4 kN

O peso total do bloco reforçado será:

P = PB + PR = 900,9 kN

154
3. Geotecnia

Determina-se então a componente normal:

N = P + q . L + Ea . sen(δ)

N = 900,9 + 20 . 6 + 205,78 . sen (18o) = 1084,49 kN

A partir da componente normal é possível obter a força atuante na base da estrutura por meio da
equação:

T = N . tan∗ δ

Adotando δ ∗ como igual ao ângulo de atrito interno do solo de fundação, tem-se:

T = 1084,49 . tan (27o) = 552,57 kN

Na verdade essa força corresponde à única parcela estabilizante da estrutura contra o deslizamen-
to.

- Somatória das forças desestabilizantes:

ΣFinst = Ea.cos(δ)

A única parcela desestabilizante atuante sobre a estrutura será a componente horizontal do empuxo
ativo:

Finst = Ea . cos (δ) = 205,78 . cos (18o) = 195,71 kN

Fator de segurança contra o deslizamento:

FS = ΣFest / ΣFinst = 552,57 / 195,71 = 2,82

Obs.: Para o cálculo do fator de segurança contra o deslizamento, em favor da segurança, não foi
considerado o empuxo passivo proveniente do engastamento (ficha) da estrutura.

Verificações o contra o tombamento

Somatória dos momentos estabilizantes:

ΣMest =PB.XB + PR.XR + q.L.XQ

Como na Figura 3.1.46 se encontram todas as coordenadas do centro de gravidade de cada força

155
3. Geotecnia

em relação ao fulcro, cada parcela estabilizante já tem o seu braço de giro definido.

Então, calculam-se as parcelas que irão compor os momentos estabilizantes:

PB.XB = 58,5 . 0,53 = 31,00 kN.m


PR.XR = 842,4 . 3,53 = 2973,67 kN.m
q.L.XQ = 20 . 5,72 . 3,92 = 448,45 kN.m
Ea. sen(δ).XE = 205,78 . sen(18º) . 6,32 = 401,89 kN.m

ΣMest = 3855,02 kN.m

Somatória dos momentos desestabilizantes:

ΣMinst = Ea . cos(δ) . yEa

Da Figura 3.1.47, tem-se o braço de giro para a componente horizontal do empuxo ativo:

ΣMinst = 205,78 . cos(18o) . 3,25 = 636,05 kN.m

Fator de segurança contra o tombamento:

FS = ΣMest / ΣMinst = 3855,02 / 636,05 = 6,06

Pressões na fundação

Nesta verificação será analisada a capacidade de suporte da fundação do muro com base na pressão
última do solo de fundação. Determinando-se a excentricidade da resultante das forças aplicadas
sobre a estrutura, tem-se:

e = B / 2 - (Mest - Minst) / N = 6 / 2 - (3855,02 – 636,05) / 1084,49

e = 0,03 m

Levando em conta que o diagrama de pressão terá uma distribuição constante na base, determina-
se uma base equivalente pela equação:

Br = B - 2.e = 5,94 m

e logo em seguida a pressão média na base da estrutura:

pmeq = N / Br = 1084,49 / 5,94 = 182,69 kN/m2

156
3. Geotecnia

De posse da pressão última que suporta o solo de fundação, determina-se o fator de segurança com
relação à pressão atuante na fundação:

FS = pu / pmeq = 570 / 182,69 = 3,12

Verificação de estabilidade interna

A estabilidade interna do conjunto é realizada segundo a avaliação independente de cada uma das
camadas de reforço, sendo verificada a possibilidade de arrancamento e ruptura dos reforços uti-
lizados.

- Arrancamento do reforço

Para esta verificação, o comprimento total de inclusão é dividido em duas parcelas, o comprimento
de ancoragem, inserido na zona resistente, Le, e o comprimento inserido na zona ativa, Lr (Figura
3.1.48).

Figura 3.1.48 – Divisão da estrutura em zona ativa e zona resistente.

157
3. Geotecnia

O comprimento Lr pode ser obtido através da seguinte equação:

Em que:
H = altura do maciço reforçado;
z = altura de solo acima do nível do reforço considerado;
φ = ângulo de atrito do solo do maciço reforçado;
β = Inclinação do paramento frontal da estrutura.

O comprimento Le é encontrado estimando-se o fator de segurança a ser considerado no cálculo,


conforme a equação:

Em que:
Sv = espaçamento vertical entre reforços;
γ = peso específico do solo que compõe o aterro reforçado;
z = altura de solo acima do reforço verificado;
δ = coeficiente de atrito entre o solo e a inclusão.
σh = pressão lateral total na profundidade considerada, sendo que:

σh = (Ka.γ.z) + (Ka.q)

q = carga aplicada sobre a área reforçada;


Ka = coeficiente do empuxo ativo, sendo:

158
3. Geotecnia

φ = ângulo de atrito do solo que compõe o aterro reforçado;


Tadm= Tensão amissível do reforço.

Estabilidade interna MacWall - Manual Geossintéticos

H z β φ Lr q Ka γ δ Sv Le Lt
reforço o o 2
σh 3 o FS
(m) (m) ( ) ( ) (m) (kPa) [tg (45 − φ /2)] (kN/m ) ( ) (m) (m) (m)
1 7,4 0,20 57,53 0,40 0,27 0,47
2 7,0 0,41 54,83 0,40 0,27 0,68
3 6,6 0,61 52,12 0,40 0,28 0,89
4 6,2 0,81 49,42 0,40 0,28 1,09
5 5,8 1,02 46,72 0,40 0,28 1,30
6 5,4 1,22 44,01 0,40 0,28 1,50
7 5,0 1,42 41,31 0,40 0,29 1,71
8 4,6 1,62 38,60 0,40 0,29 1,92
9 4,2 1,83 35,90 0,40 0,30 2,13
7,80 10 3,8 6 27 2,03 20 0,38 33,20 18 24 0,40 1,4 0,31 2,34
11 3,4 2,23 30,49 0,40 0,31 2,55
12 3,0 2,44 27,79 0,40 0,32 2,76
13 2,6 2,64 25,09 0,40 0,34 2,98
14 2,2 2,84 22,38 0,40 0,36 3,20
15 1,8 3,05 19,68 0,40 0,38 3,43
16 1,4 3,25 16,97 0,40 0,42 3,67
17 1,0 3,45 14,27 0,40 0,50 3,95
18 0,6 3,66 11,57 0,40 0,67 4,33
19 0,2 3,86 8,86 0,20 0,77 4,63

- Ruptura do reforço

Esta verificação deve ser realizada para se analisar a possibilidade de ocorrer uma ruptura dos refor-
ços utilizados na estrutura, verificando se a resistência à tração do elemento utilizado é superior à
força gerada pela ativação do maciço.

O fator de segurança contra a ruptura do reforço é dado pelo seguinte equação:

159
3. Geotecnia

Estabilidade interna MacWall - Manual Geossintéticos


Ruptura
H z φ Ka γ Sv T adm
reforço tg (45 − φ /2) 2 3 FS
(m) (m) (o) [tg (45 − φ /2)] (kN/m ) (m) (kN/m)
1 7,4 0,40 1,56
2 7,0 0,40 1,65
3 6,6 0,40 1,75
4 6,2 0,40 1,87
5 5,8 0,40 1,99
6 5,4 0,40 2,14
7 5,0 0,40 2,31
8 4,6 0,40 2,51
9 4,2 0,40 2,75
7,80 10 3,8 27 0,61 0,38 18 0,40 31,27 3,04
11 3,4 0,40 3,40
12 3,0 0,40 3,86
13 2,6 0,40 4,45
14 2,2 0,40 5,26
15 1,8 0,40 6,43
16 1,4 0,40 8,26
17 1,0 0,40 11,57
18 0,6 0,40 19,28
19 0,2 0,20 115,65

Percebe-se que em relação ao arrancamento, existe a necessidade de reforços mais extensos nas
camadas superiores da estrutura, para que estes atinjam a zona resistente do maciço, embora em
relação à ruptura esses reforços sejam muito pouco solicitados, visto que o fator de segurança
referente a essa possibilidade é extremamente alto.

Em relação ao comprimento dos reforços, embora o cálculo relacionado ao arrancamento dos refor-
ços mostre uma necessidade máxima de 4,63 m, foram utilizados reforços de 6 m de comprimento,
para que a estrutura não enfrentasse problemas relacionados à estabilidade global, pois o compri-
mento dos reforços define também a dimensão do maciço reforçado, e consequentemente as forças
resistivas contra o tombamento, deslizamento e a ruptura global da estrutura.

Para as soluções MacWall® os espaçamentos verticais são limitados pela altura dos blocos, e não
devem ser superiores a 60 cm, altura equivalente a 3 blocos.

Verificação de estabilidade global

Como já mencionado, será utilizado o método de Bishop simplificado para determinar o fator de
segurança em relação a uma superfície crítica de deslizamento. Como tal análise é feita por meio
de um processo iterativo, ou seja, são necessárias várias análises para se determinar o FS mínimo,
optou-se por demonstrar o procedimento de cálculo apenas para uma superfície crítica pré-determi-
nada, que pode ser encontrada com o auxílio de softwares iterativos que analisam diversas possíveis
superfícies em frações de segundos, minimizando o tempo necessário para verificar tal estrutura,
porém é muito importante conhecer e entender a metodologia utilizada na verificação de estruturas
de contenção.

160
3. Geotecnia

O fator de segurança inicial utilizado será uma estimativa ao que se espera de uma estrutura dessa
natureza, “1,5”, e, em seguida, tal fator será aplicado à equação de equilíbrio definida por Bishop,
sendo realizadas iterações até que o resultado obtido convirja (Figura 3.1.49).

Figura 3.1.49 – Superfície crítica e lamelas consideradas para cálculo com método de Bishop simplificado.

Estabilidade Global por Bishop Simplificado


1 2 3 4 5 6 7 8
Lamela b A1 A2 A3 γ1 γ2 γ3
α Psolo q q Ptotal
2 2 2 3 3 3 2
(m) (m ) (m ) (m ) (kN/m ) (kN/m ) (kN/m ) (graus) (kN/m) (kN/m ) (kN/m) (kN/m)
1 1,00 0,24 -25 4,32 0 4,32
2 1,00 0,66 -20 11,88 0 11,88
3 1,00 0,98 -15 17,64 0 17,64
4 1,00 1,22 -11 21,96 0 21,96
5 1,00 1,37 -6 24,66 0 24,66
6 0,98 1,41 -2 25,38 0 25,38
7 1,06 1,09 2,96 2,34 3 131,4 0 131,4
8 1,00 0,92 7,80 8 156,96 20 176,96
9 1,00 0,75 7,8 12 153,9 20 173,9
10 1,00 0,49 7,8 18 18 25 17 149,22 20 20 169,22
11 0,88 0,15 6,87 21 126,36 17,6 143,96
12 1,11 8,36 26 150,48 22,2 172,68
13 0,68 4,82 31 86,76 13,6 100,36
14 0,91 0,57 5,37 35 106,92 18,2 125,12
15 1,00 1,95 3,83 41 104,04 20 124,04
16 1,00 3,16 1,66 47 86,76 20 106,76
17 1,00 3,42 0,18 54 64,8 20 84,8
18 1,00 1,94 63 34,92 20 54,92
19 0,35 0,17 70 3,06 7 10,06

161
3. Geotecnia

Estabilidade Global por Bishop Simplificado


9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
P.sen(α) P.cos(α) φ (P).tgφ c c.b Μ α1 Μ α2
2 [12 + 14] [15 / 16] [15 / 18]
(kN/m) (kN/m) (graus) (kN/m) (kN/m ) (kN/m) (FS = FS1) (FS = FS2)
-1,83 3,92 27 2,20 5,00 5,00 7,20 0,75 9,57 0,76 9,45
-4,06 11,16 27 6,05 5,00 5,00 11,05 0,82 13,56 0,82 13,43
-4,57 17,04 27 8,99 5,00 5,00 13,99 0,87 16,05 0,88 15,94
-4,19 21,56 27 11,19 5,00 5,00 16,19 0,91 17,75 0,92 17,67
-2,58 24,52 27 12,56 5,00 5,00 17,56 0,96 18,36 0,96 18,32
-0,89 25,36 27 12,93 5,00 4,90 17,83 0,99 18,07 0,99 18,06
6,88 131,22 27 66,95 5,00 5,30 72,25 1,02 71,00 1,02 71,08
24,63 175,24 27 90,17 5,00 5,00 95,17 1,04 91,42 1,04 91,70
36,16 170,10 27 88,61 5,00 5,00 93,61 1,05 88,83 1,05 89,22
49,48 161,83 27 86,22 5,00 5,00 91,22 1,06 85,84 1,06 86,37
51,59 134,40 27 73,35 5,00 4,40 77,75 1,06 73,07 1,06 73,63
75,70 155,20 27 87,98 5,00 5,55 93,53 1,06 88,38 1,05 89,20
51,69 86,03 27 51,14 5,00 3,40 54,54 1,04 52,21 1,03 52,79
71,77 102,49 27 63,75 5,00 4,55 68,30 1,03 66,45 1,02 67,29
81,38 93,61 27 63,20 5,00 5,00 68,20 0,99 68,65 0,98 69,68
78,08 72,81 27 54,40 5,00 5,00 59,40 0,95 62,64 0,93 63,74
68,60 49,84 27 43,21 5,00 5,00 48,21 0,88 54,64 0,86 55,79
48,93 24,93 27 27,98 5,00 5,00 32,98 0,78 42,38 0,76 43,49
9,45 3,44 27 5,13 5,00 1,75 6,88 0,68 10,05 0,66 10,37
636,22 1464,71 948,92 957,20

Após apenas 3 iterações, o resultado encontrado para o fator de segurança convergiu para “1,51”,
sendo esse um valor totalmente aceitável para uma estrutura de contenção em solo reforçado como
a aqui estudada.

Assim, os fatores de segurança encontrados foram:

• Deslizamento: 2,82;
• Tombamento: 6,06;
• Pressão na fundação: 3,12;

162
3. Geotecnia

• Estabilidade interna:
- Ruptura dos reforços: 1,56 (mín);
- Arrancamento dos reforços: 1,95 (mín);

• Estabilidade global: 1,51.

Desta maneira, a estrutura verificada pode ser considerada como estável e apta a ser construída.

163
3. Geotecnia

3.1.5 - ANTECEDENTES

SOLO REFORÇADO – CARRETERA Yanacocha KM 19


PERU, CAJAMARCA
SOLO REFORÇADO
Produtos: Terramesh® System

Problema

No final de fevereiro de 2001 um talude localizado no


km 19 da rodovia Cajamarca Hualgayoc se desprendeu
diminuindo a seção da via e colocando, em iminente co-
lapso todo o restante da mesma. Sendo essa estrada a
principal via de acesso a Mina Yanacocha, a companhia
mineradora decidiu reconstruir o trecho em questão no
mais breve tempo possível.

Figura 3.1.50 - Antes da obra

Solução

O Departamento de Operações-Projetos da Cia. Yana-


cocha, com o apoio da Maccaferri de Peru, projetou e
construiu um muro em solo reforçado de 16 m de altura
utilizando o Sistema Terramesh®.
O muro em solo reforçado, com Elementos Terramesh de
9, 10 e 11 metros de panos de ancoragem, foi terminado
em abril de 2001. A construção da obra gerou um grande
número de postos de trabalho para os moradores da área,
o que foi possível graças as características construtivas
da solução Maccaferri.

Figura 3.1.51 - Obra concluída

Nome do cliente:
CIA MRA YANACOCHA
Construtor:
CIA MRA YANACOCHA Dpto de operacão e projetos.
Produtos usados:
275 m2 de face de Terramesh® System
700 m2 de MacTex

Data da obra:
Início: Fevereiro/ 2001
Término: Março / 2001
Figura 3.1.52 - Obra concluída

164
3. Geotecnia

Via Existente

Terreno Existente

2.00

2.00

4.00

Figura 3.1.53 - Seção Transversal Típica

Figura 3.1.54 e Figura 3.1.55 - Obra concluída

165
3. Geotecnia

TERRAMESH - RJ142
BRASIL, LUMIAR - RJ
CONTENÇÃO EM SOLO REFORÇADO
Produtos: Terramesh® System e Tela de Alta Resistência.

Problema

Ruptura de talude de aterro com total destruição da estrada


RJ- 142 por uma extensão aproximada de 90 m. A ruptura
se deu por uma soma de fatores como:
- Devido a mudanças na grade da estrada, o aterro foi
construído em várias etapas, ao longo dos anos e sem
controle tecnológico;
- Sistema de drenagem superficial insuficiente;
- Chuvas intensas no período;
- Falta de manutenção preventiva.

Solução
Figura 3.1.56 - Antes da obra
Elaborada pela consultoria PCE, com apoio do corpo
técnico da Maccaferri, consiste em uma estrutura de solo
reforçado Terramesh® System Double Panel, ou seja, com
painéis duplos de tela hexagonal de dupla torção, para
suportar os esforços solicitantes. Devido a presença de
solo mole na base, houve a necessidade de executar uma
fundação com uma camada de 2,0 m de rachão e geotêx-
teis. O Terramesh® System foi então apoiado diretamente
sobre esta fundação. Exigências ambientais proibiam a
escavação de solo em áreas próximas, foi então adotado
para a recomposição do maciço, pó de brita até 1/3 de sua
altura e argila do próprio escorregamento para o restante.
A estrutura apresenta altura máxima de contenção de
16,0 m e média de 12,0 m e sua extensão é de 94,0 m.
Devido a presença de várias nascentes no local foi dada Figura 3.1.57 - Durante a construção
especial atenção aos sistemas de drenagem profunda e
superficial.

Nome do cliente:
DER / RJ
Construtor:
CRAFT ENGENHARIA LTDA
Produtos usados:
1.151 m2 Terramesh® System e Tela de Alta Resistência.

Data da obra:
Início: Junho / 2005
Término: Setembro / 2005 Figura 3.1.58 - Durante a construção

166
3. Geotecnia

Figura 3.1.59 - Seção transversal típica

Figuras 3.1.60 a 3.1.63 - Depois da construção

167
3. Geotecnia

PROJETO PRINCESMART
COSTA RICA - SAN JOSE
SOLO REFORÇADO
Produtos: Terramesh System® e geogrelhas MacGrid®

Problema

Os terrenos para a construção da terceira unidade co-


mercial da empresa PriceSmart, na cidade de Llorente
de Tibas, apresentavam uma topografia bastante irregu-
lar. Para se obter uma melhor conformação do terreno,
seria necessária a execução de um aterro para servir de
base para a construção do edifício e pátios de estaciona-
mento.

Figura 3.1.64 - Antes da obra

Solução

Para a contenção do aterro utilizou-se uma estrutura de


solo reforçado em Terramesh System® de 280 m de exten-
são e alturas variando de 10 à 12,5 m. Foram utilizadas
também geogrelhas como elementos de reforço. Essa
solução é especialmente indicada quando há a necessi-
dade de formação de aterro, uma vez que os reforços são
aplicados ao maciço durante a execução do mesmo.

Figura 3.1.65 - Durante a construção


Nome do cliente:
PRINCESMART COSTA RICA
Construtor:
TRACTORES ESCAZU
Produtos usados:
4.758 m2 Terramesh System®
211 m3 Gabião caixa
5.500 m2 MacGrid® S
3.500 m2 MacTex® 200
650 m2 MacDrain® 2L

Data da obra:
Início: Junho / 2005
Término: Outubro / 2005
Figura 3.1.66 - Durante a construção

168
3. Geotecnia

Figura 3.1.67 - Seção transversal típica

Figuras 3.1.68 a 3.1.71 - Depois da construção

169
3. Geotecnia

COLÉGIO ETAPA
VALINHOS, SÃO PAULO - BRASIL
SOLO REFORÇADO
Produtos: Terramesh® System, gabião caixa, geotêxtil Mactex® 200

Problema

Na construção da nova unidade de ensino do Colégio


Etapa, em Valinhos, havia a necessidade de um muro
de contenção para a execução das vias de acesso aos
cinco edifícios que seriam construídos em diferentes
patamares.

Solução Figura 3.1.72 - Antes da obra

A empresa Plano Engenharia e Consultoria S/C Ltda,


consultora contratada pelo Colégio Etapa, realizou em
conjunto com a Maccaferri um estudo de contenção em
solo reforçado com elementos Terramesh® aliada à um
contexto ambiental e paisagístico. O muro circundou to-
dos os prédios, permitindo aos alunos acesso fácil para o
desembarque e embarque na portaria de cada conjunto
educacional. Além deste, houve também a construção de
muros em Terramesh® e gabiões em outros setores do colé-
gio, tais como nas proximidades do ginásio de esportes.
A solução atendeu satisfatoriamente a todos os requisitos
técnicos e arquitetônicos solicitados pelo cliente.

Figura 3.1.73 - Durante a construção

Nome do cliente:
COLÉGIO ETAPA
Construtor:
R. PICHINI TERRAPLANAGEM E CONSTRUÇÕES LTDA.
Produtos usados:
2.400 m2 Terramesh® System
152 m2 Gabião caixa

Data da obra:
Início: Outubro / 2004
Término: Março / 2005 Figura 3.1.74 - Durante a construção

170
3. Geotecnia

Figura 3.1.75 - Seção transversal típica

Figura 3.1.76 - Depois da construção Figura 3.1.77 - Depois da construção

Figura 3.1.78 - Depois da construção Figura 3.1.79 - Depois da construção

171
3. Geotecnia

SAN BARTOLOMÉ
POTOSÍ – BOLÍVIA
Solução: ESTRUTURA EM SOLO REFORÇADO
Produtos: Terramesh® System e geogrelhas MacGrid®

Problema

O problema consistia em conter um aterro de 14 metros


de altura para permitir que os caminhões basculantes,
carregados com minério bruto, tivessem acesso à zona de
armazenamento e à parte superior da britadeira na zona
de trituração de rochas. Outra questão a considerar, era
com relação à vibração que este aterro sofreria em função
do funcionamento da britadeira e da movimentação dos
caminhões.

Solução
Figura 3.1.80 - Durante a obra
Inicialmente previa-se a construção de um muro de concre-
to armado, porém, em função do elevado custo e o longo
tempo de execução previsto, esta opção foi descartada.
A solução adotada foi a construção de uma estrutura de
solo reforçado em Terramesh® Grid, que além de atender
tecnicamente às exigências da obra, foi executado num
curto período a um custo menor que o previsto.
Além do mais, a técnica construtiva da estrutura em Ter-
ramesh® Grid facilitou a instalação do equipamento de
britagem: o aterro ao tardoz da estrutura foi sendo utilizado,
imediatamente após sua formação, de acesso para a
montagem de cada etapa da britadeira.

Figura 3.1.81 - Durante a obra


Nome do cliente:
Empresa Minera Manquiri S.A.
Construtor:
R. PICHINI TERRAPLANAGEM E CONSTRUÇÕES LTDA.
Produtos usados:
365 m2 de Terramesh® System
8.500 m2 de MacGrid® WG

Data da obra:
Início: Outubro / 2007
Término: Fevereiro / 2008
Figura 3.1.82 - Durante a obra

172
3. Geotecnia

Figura 3.1.83 - Seção transversal típica

Figura 3.1.84 - Durante a obra Figura 3.1.85 - Durante a obra

Figura 3.1.86 - Durante a Obra Figura 3.1.87 - Obra concluída

173
3. Geotecnia

3.1.6 - INSTALAÇÃO

Terramesh® System

O primeiro passo na instalação das soluções Terramesh® é desdobrar os elementos sobre uma su-
perfície rígida e plana, tirando eventuais irregularidades, levantar o painel posterior e posicionar as
laterais paralelamente ao pano da base, posicionar o diafragma no elemento e costura-lo ao pano de
base, levantar o painel frontal e a tampa, e costurar as laterais ao pano de base e ao painel frontal,
alternando-se, durante a costura, voltas simples e duplas a cada malha e costurar o diafragma da
mesma forma que os painéis.

Cada elemento deve ser posicionado em seu local definitivo e costurado aos elementos que estiver
em contato ao longo de todas as arestas.

Encher os elementos em 3 etapas (elementos de 1 m de altura) ou em 2 etapas (elementos com 0,50


m de altura), colocando-se os tirantes entre cada camada de material de enchimento, lembrando-se
sempre de que um elemento não deve ser cheio sem que o do lado esteja parcialmente preenchi-
do.

Dobrar as tampas e amarrar com o mesmo tipo de costura, sendo aconselhável a utilização de um
gabarito de madeira para a obtenção de um bom acabamento do paramento frontal.

Para facilitar o lançamento do aterro ao tardoz da estrutura, deve-se fixar as caudas do elemento
Terramesh® com o auxílio de grampos.

Fixar um filtro geotêxtil junto ao painel posterior da caixa, sendo este filtro maior que o painel para
permitir o envelopamento do solo do aterro.

Proceder com o aterro, sendo este compactado em camadas de 20 a 30 cm, tomando-se o cui-
dado de que os equipamentos pesados se mantenham a uma distância mínima de um metro do
paramento frontal, sendo realizada a compactação neste trecho através de equipamentos leves ou
manualmente.

Dobrar o geotêxtil sobre o terreno compactado e repetir todas as operações para as camadas
seguintes, lembrando-se de costurar os elementos da camada superior aos elementos da camada
inferior ao longo de todas as arestas em contato.

As geogrelhas MacGrid® devem ser posicionadas horizontalmente entre dois elementos Terramesh®,
estendidas da face externa do paramento frontal, até um comprimento de ancoragem pré-definido
em projeto, de acordo com solicitação.

Também devem ser definidas em projeto a resistência das geogrelhas, seu processo de fabricação,
sua composição e o espaçamento vertical entre elas.

174
3. Geotecnia

Deve-se prestar muita atenção para o correto sentido de aplicação das geogrelhas, visto que para
o reforço de estruturas de contenção, as geogrelhas possuem resistência longitudinal muitas vezes
superior à transversal, e a inversão no sentido de aplicação poderia reduzia a menos de 10 % a ca-
pacidade desse material, comprometendo seriamente o funcionamento da estrutura, resumindo, as
geogrelhas devem ser instaladas de modo que o sentido de maior resistência se encontre alinhado
ao sentido de maior solicitação da estrutura.

Figura 3.1.88 Detalhe da utilização do gabarito no paramento frontal de uma estrutura em


Terramesh® Grid.

Figura 3.1.89 Aplicação de geogrelha em instalação de solução Terramesh® Grid.

175
3. Geotecnia

MacWall®

A instalação da solução MacWall® é iniciada com a regularização da base a receber o muro, no caso
de solos com capacidade de suporte considerável, ou com a escavação de um “berço”, para a
execução de fundação rasa, em brita ou concreto magro, para solos menos resistentes.

Na primeira fase da instalação também deve ser executado sistema de drenagem com brita (ou
areia), geotêxtil e tubo perfurado, com o intuito de se minimizar o empuxo hidráulico aplicado à
estrutura em blocos.

Devem-se aplicar as duas primeiras fiadas de blocos sobre a base regularizada. A cada bloco aplicado
deve-se também seguir com a aplicação do sistema de drenagem, que sobe verticalmente encostado
à superfície posterior dos blocos, assim como o aterro controlado, realizado através de camadas
compactadas.

Para contenções em solo reforçado, após a aplicação das duas primeiras camadas de blocos, aplique
uma camada de geogrelha, com comprimento e resistência de acordo com projeto. A ancoragem
das geogrelhas será garantida pelo atrito e peso dos blocos sobrejacentes.

Os blocos devem ser preenchidos preferencialmente com brita, de modo a aumentar o peso total da
estrutura, além de melhorar a conectividade para com as geogrelhas. O preenchimento com areia
pode ser executado, desde que seja considerado no dimensionamento da estrutura.

No caso de contenções à gravidade, deve-se seguir com a aplicação dos blocos, respeitando-se os
recuos horizontais (paramentos inclinados), ou o alinhamento da face (paramentos verticais).

O travamento entre blocos é realizado através da utilização de pinos metálicos, que de acordo com
o posicionamento, definem se a estrutura será vertical, ou apresentará inclinação de 6º em seu para-
mento frontal.

Assim como na construção com blocos convencionais, deve-se evitar a sobreposição de juntas, vari-
ando-se o início e fim de fiadas.

Para estruturas curvas em solo reforçado, deve-se ter atenção especial para com reforços adicionais,
a fim de se evitar áreas sem reforços.

O espaçamento entre blocos pode ser utilizado para o desenvolvimento de vegetação na face da
estrutura, dando um aspecto diferenciado à contenção.

Curvas mais acentuadas podem ser construídas apenas com o arranjo dos blocos convencionais ou
com a utilização de ½ blocos, de acordo com o projeto em questão.

176
3. Geotecnia

Figura 3.1.90 Preparação de “berço” e drenagem com brita e geotêxtil.

Figura 3.1.91 Instalação de geogrelhas ancoradas sob fiada de blocos.

177
3. Geotecnia

3.1.7 - NORMAS RELACIONADAS

ASTM A975 - 97(2003) Standard Specification for Double-Twisted Hexagonal Mesh Gabions and Re-
vet Mattresses (Metallic-Coated Steel Wire or Metallic-Coated Steel Wire With Poly (Vinyl Chloride)
(PVC) Coating);

ASTM A856 / A856M - 03 Standard Specification for Zinc-5% Aluminum-Mischmetal Alloy-Coated


Carbon Steel Wire;

ASTM A641 / A641M - 03 Standard Specification for Zinc-Coated (Galvanized) Carbon Steel Wire;

NBR8964 - Arame de aço de baixo teor de carbono, zincado, para gabiões;

NBR10514 - Redes de aço com malha hexagonal de dupla torção, para confecção de gabiões.

3.1.8 - BIBLIOGRAFIA

Guidicini, G. & Nieble, M.C., 2000 - Estabilidade de taludes naturais e de escavação, Edgard Blücher,
2o reimpressão;

Koerner, R. M., 1998, Designing with Geosynthetics (4th Edition), Prentice Hall, USA;

Fiori, P.A. & Carmignani, L., 2001, Fundamentos de mecânicas dos solos e das rochas - aplicações na
estabilidade de taludes, Editora da UFPR;

Vertematti, C.J., 2004 - Manual Brasileiro de Geossintéticos, Edgard Blücher;

Bowles, E. J., 1996 - Foundation Analysis and Design - Fifth edition, McGraw-Hill;

Vargas, M., 1979 - Introdução à Mecânica dos Solos, McGraw-Hill do Brasil Ltda;

Terzaghi, K., 1949 - Mecánica Teorica de los Suelos, Acme Agency, Soc. Resp. Ltda;

Badillo, J. & Rodríguez, R., 2003 - Mecánica de Suelos “Teoría y aplicaciones de la mecánica de sue-
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Sayão, A. & ORTIGÃO, J.A.R., 1999 - Coleção Manual Técnico de Encostas - Análise e Investigação,
Volume 1, Rio de Janeiro: Georio;

Massad, F., 2003 - Obras de Terra “Curso básico de geotecnia”, São Paulo: Oficina de Textos;

178
3. Geotecnia

PREFEITURA MUNICIPAL DE VITÓRIA – SEDEC DPU, 2002, Especificação para elaboração do projeto
de estabilização de encostas, Vitória;

BRITISH STANDARD - Code of practice for “Strengthened / Reinforced soils and others fills”, BS
8006:1995;

Vidal, D. M., Campos, T., 1999 - Anais do 4º Congresso Brasileiro de Geotecnia Ambiental - RE-
GEO’99. - S. José dos Campos: ABMS, 1999. v. 1. 544 p;

Barros, P. L. A., 2005 - Obras De Contenção - Manual Técnico, Maccaferri do Brasil Ltda. - São
Paulo;

Carvalho, P. A. S. (Coord.); DER - Departamento de Estradas de Rodagem do estado de São Paulo -


Taludes de Rodovias / Orientação para diagnóstico e soluções de seus problemas, São Paulo, 1991.

179
3. Geotecnia

3.2 - REFORÇO DE ATERROS SOBRE SOLOS MOLES

3.2.1 - GENERALIDADES

Os reforços de aterros sobre solos moles em geral são realizados em obras de terraplanagem, cuja
capacidade de suporte dos solos de fundações requer a presença de um elemento estabilizante,
pois se verifica a possibilidade de mecanismos de ruptura que podem levar à ruína tais construções,
mesmo antes de serem concluídas.

3.2.2 - INTRODUÇÃO

Ao se realizar uma investigação geotécnica em locais propícios para a construção de obras de in-
fraestrutura, é fato comum se deparar com a presença de camadas de solos com baixa capacidade
de suporte, solos total ou parcialmente saturados, os chamados solos moles. Esses solos ao serem
carregados sofrem um nível de compressibilidade que induz adensamento. De maneira muito sim-
ples, adensamento nada mais é que a retirada da água existente nos vazios do solo, esses solos por
sua vez apresentam baixa resistência ao cisalhamento que, durante o processo de adensamento,
conduz a um estado de tensões tal que pode levá-los à ruptura.

A análise de estabilidade de um aterro reforçado sobre solos moles é governada principalmente pela
resistência ao cisalhamento do solo de fundação, ou o solo que está imediatamente em contato
com a base do aterro. Isso leva à conclusão de que em geral os problemas na construção dos aterros
compactados sobre solos moles são essencialmente causados pela baixa capacidade de suporte da
fundação, que, ao ser solicitado ao cisalhamento, não encontra suficiente resistência e rompe, sendo
necessária a adição de umreforço geossintético na base desse aterro a fim de estabilizá-lo contra
as três classes de ruptura normalmente analisadas, conforme esquematizadas nas Figuras 3.2.1a,
3.2.1b e 3.2.1c.

a) Ruptura por extrusão da fundação.

b) Ruptura do maciço compactado.

c) Ruptura global.
Figura 3.2.1 – Classes de ruptura de aterros sobre solos moles (Jewell, 1982).

180
3. Geotecnia

3.2.3 - METODOLOGIA DE CÁLCULO

Os critérios estabelecidos pela BS 8006 (Norma britânica que rege os cálculos dessa natureza) são
similares aos apresentados anteriormente, sendo governados pela tensão cisalhante do solo de
fundação e aos problemas de capacidade de suporte.

Os estados-limite últimos considerados pela BS 8006 são:

1. Estabilidade local do material de aterro;


2. Estabilidade rotacional do material de aterro;
3. Estabilidade de deslizamento lateral do material de aterro;
4. Estabilidade de extrusão da fundação;
5. Estabilidade global.

Os estados-limite de servicibilidade a serem considerados são:

1. Tensão excessiva no reforço;


2. Recalque da fundação.

O exemplo que virá em seguida cobrirá os seguintes estados-limite últimos:

 Estabilidade local do material de aterro;


 Estabilidade de deslizamento lateral do material de aterro;
 Estabilidade de extrusão da fundação.

Fatores de segurança parciais

A BS 8006 é uma norma que utiliza na prática o estado-limite, e como tal, deve aplicar fatores de
segurança parciais às cargas, ao solo, e aos parâmetros de resistência. Os fatores parciais especifica-
dos pela BS 8006 para uso nos projetos de aterros sobre solos moles estão apresentados de maneira
resumida na Tabela 3.2.1.

181
3. Geotecnia

Tabela 3.2.1 – Resumo de fatores parciais usados pela BS 8006 para projetos de aterros sobre solos
moles.
Estado limite de
Fatores parciais Estado limite último
servicibilidade
Peso específico ffs = 1,3 ffs = 1,0
Fator para a
Carga permanente ff = 1,2 ff = 1,0
carga
Carga móvel fq = 1,3 fq = 1,0
Fator para o
material do Aplicado a tanφcv´ fms = 1,0 fms = 1,0
solo
Deslizamento através da
Fator de fs = 1,3 fs = 1,0
superfície do reforço
interação
Resistência ao
solo/reforço fp = 1,3 fp = 1,0
arrancamento do reforço

O fator parcial para o material do solo, que leva em consideração a resistência do reforço a largo
prazo, é também especificado pela BS 8006. O fator parcial para o material, fm, é calculado como
segue abaixo:

Em que:
fm11 é um fator parcial do material relativo à consistência de fabricação do reforço, e a como a re-
sistência pode ser afetada por isso e possível imprecisão nesta avaliação;

fm12 é um fator parcial do material relativo à extrapolação dos ensaios procedendo com a resistência
de base;

fm21 é um fator parcial do material relativo à susceptibilidade do reforço a danos de instalação;

fm22 é um fator parcial do material relativo ao ambiente no qual o reforço é instalado.

Os efeitos do creep a longo prazo são considerados no projeto limitando a carga no reforço para
prevenir a ruptura por creep do reforço acima da vida de projeto. Um fator parcial por creep, fcr, é
introduzido prevendo que o reforço alcance a ruptura por creep durante a vida de projeto da estru-
tura. O fator parcial por creep não é parte da BS 8006, que usa uma resistência limitada por creep
(CLS – Creep Limited Strength) para considerar a fluência.

Em geral os fabricantes de geossintéticos para reforço, por exemplo, geogrelhas, especificam valores
para o fator parcial do creep a ser considerado apropriadamente para uso em aterros sobre solos
moles com vários períodos de vida útil para projeto, normalmente, dois, sessenta e cento e vinte
anos.

182
3. Geotecnia

Adicionalmente, a BS 8006 responde pelas ramificações econômicas de falha de aterros sobre solos
moles especificando um fator parcial para ramificação de falha, fn. A magnitude desse fator parcial
depende do tipo da estrutura e da vida de projeto. Para aterros sobre solos moles a ramificação de
falha pode variar do médio fn = 1,0 ao máximo, resultando em fn = 1,1. Quando a falha do aterro
resulte em danos moderados e perdas de serviço, as ramificações de falha são moderadas, enquanto
para aterros de rodovias e ferrovias as ramificações de falha devem ser maiores. A resistência de pro-
jeto, Pd, do reforço na direção transversal do aterro, é determinada segundo a seguinte equação:

em que:
Trp é o estado limite máximo da força de tração a ser resistida pelo reforço na base do aterro.

Estabilidade interna do aterro

Para a estabilidade interna ou local (Figura 3.2.2), a geometria do talude do aterro deverá respeitar
a seguinte relação:

Em que:
H é a altura do aterro;
Ls é o comprimento horizontal do talude do aterro;
φ’cv é o ângulo de atrito da maior tensão do aterro sob condições de tensão efetiva;
fms é o fator parcial do material aplicado a tanφ’cv.

183
3. Geotecnia

Figura 3.2.2 – Estabilidade interna ou local do aterro.

Estabilidade contra o deslizamento lateral de aterro (estabilidade interna)

A estabilidade contra o deslizamento lateral do aterro deve levar em consideração qualquer super-
fície preferencial de deslizamento entre o aterro e a superfície superior do reforço na base. O reforço
na base do aterro é necessário para a resistência ao empuxo horizontal externo do material de
aterro. A carga sobre o reforço é máxima na extremidade da crista do aterro, e é dada por:

Em que:
Ka é coefiente de empuxo ativo = tan² (45º - φ’cv/2);
ffs é o fator parcial para o peso específico;
γ é o peso específico do material de aterro;
fq é o fator parcial para a carga aplicada externamente;
ws é a carga distribuída externamente.

Para gerar a tensão, Tds, no reforço, o material de aterro não deverá deslizar sobre ele. Para prevenir
esse deslizamento horizontal, o máximo comprimento de ancoragem do reforço, Le, deverá ser con-
siderado, Figura 3.2.3.

Em que:
fs é o fator parcial para resistência ao deslizamento do reforço;
h é a altura media do aterro sobre o comprimento Le;
α’ é o coeficiente de interação que relaciona aterro/reforço com o ângulo φ’cv.

184
3. Geotecnia

Estabilidade da extrusão na fundação

A geometria do aterro induz tensões cisalhantes externas dentro da camada de solo mole, onde o
solo da fundação por ser muito mole e de profundidade limitada pode levar a extrusão da fundação.
O comprimento do talude do aterro, Ls , deve ser grande o bastante para prevenir a mobilização
dessas tensões cisalhantes externas.

O mecanismo de falha assume que a extrusão lateral da fundação se origina abaixo do aterro. Para
prevenir esse estado-limite é necessário limitar o movimento externo da fundação por meio do
adequado confinamento lateral que se desenvolve na superfície sob o reforço da base do aterro.
Duas condições devem ser avaliadas:

1. A resistência ao cisalhamento sob o reforço deve ser suficiente para resistir ao carregamento lat-
eral desenvolvido no solo de fundação;

2. O reforço na base deve possuir suficiente resistência à tração para resistir aos esforços induzidos
pela tensão cisalhante transmitida pelo solo de fundação.

Onde o solo mole da fundação é de profundidade limitada e a resistência cisalhante não drenada
é constante com a profundidade, será válida a relação mostrada abaixo para determinar o compri-
mento mínimo necessário para o talude (Figura 3.2.3).

Em que:
ffs é o fator parcial para o peso específico do solo;
fq é o fator de carga parcial para carga externa aplicada;
γ1 é o peso específico do material de aterro;
H é a altura máxima do aterro;
ws é a intensidade de sobrecarga no topo do aterro;
Cu é a resistência cisalhante não-drenada da camada de solo de fundação;
fms é a fator parcial do material aplicada a cu;
zc é a profundidade da camada de solo mole quando a fundação possui profundidade limitada com
resistência cisalhante não-drenada constante com a profundidade;
α’bc é o coeficiente de interação que relaciona a aderência solo/reforço com Cu.

185
3. Geotecnia

Figura 3.2.3 – Estabilidade contra deslizamento lateral na interface aterro/reforço.

A tensão gerada no reforço da base Trf por metro devido ao esforço cisalhante na fundação é
demonstrada na Figura 3.2.4.

Em que:
CUO é a resistência cisalhante não-drenada do solo de fundação na face inferior do reforço.

Figura 3.2.4 – Análise de estabilidade de extrusão da fundação.

186
3. Geotecnia

Alongamento do reforço

O máximo alongamento admissível no reforço εmax deve ser limitado assegurando que os recalques
diferenciais não ocorram na superfície do aterro. Isso pode ser um problema dentro de aterros
baixos, onde o arqueamento do solo não consegue se desenvolver totalmente. O esforço de tração
inicial no reforço é necessário para gerar a tensão de carregamento de projeto. A BS 8006 impõe na
prática um limite de 6% para o alongamento. Para aterros baixos esse limite pode ser reduzido para
prevenir movimentos diferenciais na superfície do aterro. O alongamento à longo prazo (devido ao
creep) do reforço deve ser mantido em um mínimo para garantir que as deformações localizadas, à
longo prazo, não ocorram na superfície do aterro. A BS 8006 restringe a máxima deformação por
creep, considerando a vida útil de projeto, em 2% para o reforço geossintético.

A compatibilidade entre as deformações de projeto assumidas e as calculadas é feita com referência


à curva tensão/deformação à curto prazo para as geogrelhas.

3.2.4 - EXEMPLO DE CÁLCULO

A seguir será apresentado um exemplo de cálculo que procede com as diretrizes estabelecidas pela
BS 8006. Todos os parâmetros apresentados como dados de entrada para o desenvolvimento dos
cálculos foram estimados de maneira a tentar retratar um caso real, porém não seguem nenhum
estudo inicial de projeto.

Parâmetros considerados no cálculo

Ângulo de atrito do aterro φ’cv = 33°;


Resistência não-drenada Cu = 10,00 kPa;
Incremento de Cu com a profundidade ρ = 1,50 kPa/m;
Profundidade da camada de solo mole D = 10,00 m;
Peso específico do aterro γ = 20,00 kN/m³;
Altura do aterro H = 5,00 m;
Carga de tráfego ws = 10,00 kN/m²;
Altura média do aterro h = 5,00 m;
Coeficiente de interação do aterro α’ = 0,80;
Coeficiente de interação do solo mole α’bc = 0,40.

187
3. Geotecnia

Fatores de segurança parciais


Fatores
parciais
Fator de carga para o aterro ffs = 1,30
Fator de carga para carga permanente ff = 1,20
Fator de carga para carga móvel fq = 1,30
Fator parcial: arrancamento fp = 1,30
Fator parcial: deslizamento fs = 1,30
Fator parcial: tanφ’cv fms = 1,00
Fator parcial para ramificações de falha fn = 1,10

Deslizamento lateral

Ka = tan (45° - φ’cv/2) = 0,05


Tds = 0,50 KaH(ffsγH + 2fqws) = 19,41 kN/m
Le ≥ 0,50 KaH(ffsγH + 2fqws)fsfn / (γhα’tanφ’cv / fms) = 1,07 m

Extrusão da fundação

Ls ≥ (ffsγ1H + fqws – 4Cu/fms)zc / [(1-α’bc)Cu/fms] = 20,69 m


Trf = α’bcCuoLe / fms = 82,76 kN/m

Resistência à tração requerida pelo projeto

TD = Tds + Trf = 102,17 kN/m


Comprimento requerido para o talude Ls = 20,69 m

Verificação da estabilidade local

H / Ls ≤ tanφ’cv / fms

H / Ls = 5,00 / 20,69 = 0,24


tanφ’cv / fms = tan 33° / 1,00 = 0,65

A relação H / Ls ≤ tanφ’cv / fms → 0,24 < 0,65 foi atendida.

188
3. Geotecnia

Verificação da estabilidade local global através do software MacStars® 2000

O software MacStars® 2000, desenvolvido pela Maccaferri, permite ao seu usuário realizar análises
de estabilidade de talude com reforço, considerando o método de equilíbrio limite, ou seja, o reforço
atuará como uma força que influencia no aumento do momento resistente, sem influenciar na re-
sistência do solo, permitindo assim resultados conservadores para o Fator de Segurança na estabili-
dade global. Existe ainda a possibilidade de utilizar o método de Bishop ou Janbu na determinação
da superfície de deslizamento circular crítica que define o menor fator de segurança global, por
meio de uma busca automática em que o software apresenta uma excelente precisão nos resulta-
dos, permitindo também ao usuário intervir nessa busca, de maneira a torná-la ainda mais eficiente.
No exemplo da Figura 3.2.5 foi utilizada uma camada de geogrelha MacGrid® WG 200. O software
MacStars® 2000 referente à essa análise encontra-se no site: www.maccaferri.com.br .

Figura 3.2.5 – Modelagem para analise de estabilidade global feita no software MacStars® 2000.

189
3. Geotecnia

3.2.5 - ANTECEDENTES

LAGOA DO JANSEN
BRASIL, SÃO LUIS - MA
Solução: ESTRUTURA EM SOLO REFORÇADO
Produtos: Terramesh® System e geogrelhas MacGrid®

Problema

O Governo do Estado do Maranhão buscava a revitalização


da lagoa do Jansen, cartão postal da cidade de São Luis
do Maranhão. Esta lagoa se encontra em uma área nobre
da capital e havia a intenção de tornar o lugar um local
que permitisse o acesso à população de maneira geral.
No entanto, em todo o entorno da lagoa havia uma grande
camada de solo mole, que exigia a adoção de sistemas
para a estabilização do maciço, antes de se iniciar o pro-
cesso construtivo propriamente dito. Lembrando ainda,
a necessidade de acelerar o processo de adensamento,
para que se evitassem problemas futuros de trincas e
recalques. Figura 3.2.6 - Durante a obra

Solução

A Solução adotada para o caso, foi a aplicação de geo-


drenos verticais MacDrain® V, que aceleraram o processo
de consolidação da camada de solo de baixa capacidade
de suporte, permitindo que a área em questão se tornasse
utilizável em um prazo de tempo muito menor do que se
apresentaria com um adensamento de solo sem a inter-
venção. Além disso, o aterro executado sobre o solo mole,
que atua como sobrecarga no processo de aceleração
de consolidação, foi construído sobre uma camada de
geogrelhas MacGrid®, que não só aumentaram a segu-
rança dessa estrutura, como também evitaram possíveis
Figura 3.2.7 - Durante a obra
rupturas de talude, minimizando a ocorrência de recalques
diferenciais.

Nome do cliente:
Governo do Estado do Maranhão.
Construtor:
Coesa Engenharia Ltda.
Produtos usados:
Geogrelha soldada MacGrid® 200 e MacDrain® V.

Data da obra:
Início: 1998
Término: 2002 Figura 3.2.8 - Durante a obra

190
3. Geotecnia

Figura 3.2.9 - Seção transversal típica

Figuras 3.2.10 e 3.2.11 - Obra concluída

191
3. Geotecnia

3.2.6 - INSTALAÇÃO

Prepare o local que deverá receber a geogrelha, removendo restos de árvores, pedregulhos ou
qualquer obstáculo que possa obstruir o desenrolar da bobina de geogrelha. Caso haja irregulari-
dades muito pronunciadas, como buracos que dificultem a posterior rolagem dos equipamentos de
compactação, preenchê-las com o próprio solo local. Existem casos em que é necessária a coloca-
ção de um geotêxtil como elemento separador (ver item Separação e estabilização de subleitos).
Sendo assim, a geogrelha especificada deverá ser colocada sobre o geotêxtil. Caso o nível de água
supere o nível do terreno, deverão ser previstas medidas de rebaixamento posteriores à instalação
da geogrelha.

A geogrelha deverá ser desenrolada sobre o local a ser reforçado respeitando o contorno delimi-
tado em projeto. Atenção para a direção principal do reforço, pois essa deverá ser sempre a maior
resistência, e estar na mesma direção do talude ou extremidade do aterro. A geogrelha deve ser
estirada e tensionada manualmente para remover rugas e garantir que nenhuma junta mecânica
seja evidenciada.

Deverão ser feitos transpasses mínimos de 30 cm entre painéis de geogrelha a fim de garantir a
continuidade do reforço, porém esses transpasses NUNCA deverão ser feitos na direção preferencial
de ruptura prevista em projeto. Exceções deverão ser estudadas pelo engenheiro responsável do
projeto.

Instalados os painéis de reforço em geogrelha, o material de aterro poderá ser depositado. Equipa-
mentos mais leves devem manusear a camada de solo de avanço dentro da área reforçada, evitando
que um peso excessivo em um trecho pontual gere descontinuidades no reforço. Recomenda-se
que esse avanço seja feito em forma de “V” para que a geogrelha se mantenha estirada e o aterro
ganhe espaço, à medida que houver o deposito de material. Essa camada de solo de avanço deverá
ter aproximadamente de 15 cm a 20 cm.

Após a aplicação da camada de solo de avanço as operações de compactação poderão ser feitas de
acordo com as orientações do projeto de terraplanagem.

192
3. Geotecnia

Figura 3.2.12 Aplicação de geogrelha em superfície regularizada.

Figura 3.2.13 Avanço do material de aterro sobre a geogrelha.

193
3. Geotecnia

3.2.7 - NORMAS RELACIONADAS

ASTM D6637 - 01 Standard Test Method for Determining Tensile Properties of Geogrids by the
Single or Multi-Rib Tensile Method;

ASTM D4354 - 99(2004) Standard Practice for Sampling of Geosynthetics for Testing;

ASTM D5262 - 07 Standard Test Method for Evaluating the Unconfined Tension Creep and Creep
Rupture Behavior of Geosynthetics;

BS 8006:1995 Code of practice for strengthened/reinforced soils and other fills.

3.2.8 - BIBLIOGRAFIA

Amorim JR., W. M., (1992), “Mecanismos de Interação Solo e Geogrelha”, Geossintéticos’92, Bra-
sília, pp.121-139;

CHAI, J. C., (1992), “Interaction Between Grid Reinforcement and Cohesive-frictional Soil and Per-
formance of Reinforced Wall Embankment on Soft Ground”, Dissertation, Department of Engineer-
ing, Asian Institute of Technology, Bangkok, Thailand;

Koerner, R. M., (1998), Designing with Geosynthetics (4th Edition), Prentice Hall, USA. pp. 346 –
386;

Moraes, C. M. de, (2002), Aterros reforçados sobre solos moles – análise numérica e analítica [Rio de
Janeiro] 2002 VIII, 223p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, M.Sc., Engenharia Civil, 2002) Tese – Universidade
Federal do Rio de Janeiro, COPPE 1. Aterro Reforçado 2. Solo Mole I. COPPE/UFRJ II. Título (série);

Teixeira, S. H. C. (2003). Estudo da Interação solo-geogrelha em testes de arrancamento e a sua


aplicação na análise e dimensionamento de maciços reforçados. São Carlos, 2003. 214p. Tese de
Doutorado submetida à Escola de Engenharia de São Carlos – Universidade de São Paulo.

194
4. CONTROLE DE EFLUENTES

4.1 - LAGOA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES

4.1.1 - GENERALIDADES

Lagoa de tratamento é um tipo de reservatório de águas servidas, residuais ou de despejos industriais


e de lixiviação de aterros que sofrem processos de tratamento/decantação com o objetivo de separar
ou diminuir a quantidade de matéria poluente da água. Posteriormente ao tratamento, essas águas
já devem apresentar níveis aceitáveis de poluição, podendo ser escoadas para um corpo receptor
(mar ou rio), ou ainda serem “reutilizadas” para fins domésticos ou industriais (figura 4.1.1).

Figura 4.1.1 - a e b: Lagoas de tratamento.

4.1.2 - INTRODUÇÃO

No passado, todo o lixo produzido pelas cidades eram descartados e lançados diretamente em cur-
sos d’água, os quais se encarregavam de realizar sua depuração por vias naturais: um grande volume
de água limpa e oxigenada diluía a pouca carga de esgotos, resíduos industriais e os microorganis-
mos, encarregando-se também da degradação oxidativa.

Nos últimos anos a emissão de efluentes para o meio ambiente tem se tornado uma prática insus-
tentável. A disposição adequada dos efluentes, principalmente os orgânicos (esgotos domésticos),
tornou-se essencial à proteção da saúde pública e à preservação do equilíbrio do meio ambiente,
já que vários tipos de infecções são transmitidas pela contaminação do lençol freático por material
fecal, e, quando em decomposição, a matéria orgânica presente nos efluentes consome o oxigênio
dissolvido na água, provocando a morte de peixes e outros organismos aquáticos.

Os resíduos líquidos denominados efluentes podem ser caracterizados pelos mais diferentes tipos

195
4. Controle de efluentes

de compostos químicos, podendo ser esses essencialmente biodegradáveis, sem tanto risco ao meio
ambiente, com características semelhantes aos esgotos sanitários ou os não biodegradáveis. Já os
resíduos industriais podem ser gerados em processos como lavagem de pisos e máquinas ou até
mesmos por águas utilizadas no processo produtivo propriamente dito, apresentando-se totalmente
inertes ou extremamente tóxicos e contaminantes ao meio. Esta caracterização se faz necessária
para dimensionar o tipo de tratamento que o efluente deverá receber. O processo de purificação visa
normalmente a remoção de microorganismos patogênicos e a redução do nível de concentração de
vários compostos químicos presentes no efluente.

Para o tratamento dos efluentes líquidos, deve-se dispor de um local adequado para recebê-los,
reservá-los e permitir a inserção correta dos dispositivos de tratamento que foram dimensionados. O
local escolhido deve ser devidamente impermeabilizado, a fim de evitar o contato desses efluentes
diretamente com o solo, o que poderia acarretar a sua contaminação e a de aquíferos confinados
responsáveis pelo abastecimento de cidades inteiras.

Levantada essa problemática, surge a necessidade de adoção de sistemas que impermeabilizem a


interface solo-efluente nessas áreas de reservação, garantindo a imunidade das propriedades do
solo e permitindo o tratamento dos efluentes, sem que haja riscos de infiltração no solo. A solução
idealizada para impermeabilização de áreas de reservação como lagoas de tratamento, cada vez
mais é representada pela aplicação de geomembranas, compostas predominantemente de materiais
termoplásticos de baixíssima permeabilidade, o que garante a função de barreira impermeabilizante
para o controle de fluxo.

As geomembranas são conhecidas por sua baixíssima permeabilidade (cerca de 10-12 cm/s), e por
esse motivo são normalmente aplicadas em sistemas de barreira e desvio de fluxo. São geralmente
produzidas em polietileno de alta densidade (PEAD ou HDPE) mais a adição de aditivos. Sendo o
PEAD um termoplástico derivado do eteno, sabe-se que esta resina é inerte por possuir hidrogênio
e carbono em sua estrutura química, o que agrega ao material uma alta resistência ao impacto, in-
clusive em baixas temperaturas, e boa resistência contra agentes químicos. A resistência aos agentes
químicos satisfaz o uso deste geossintético em sistemas de impermeabilização, ficando exposto aos
mais diversos tipos de contaminantes e ácidos, sem comprometer suas propriedades funcionais. Por
esta razão se apresenta como uma imprescindível opção em obras de proteção ambiental, como na
disposição de resíduos das mais diversas naturezas em lagoas de tratamento previamente imper-
meabilizadas.

196
4. Controle de efluentes

Figura 4.1.2 – a) Lagoa de tratamento após instalação da barreira impermeabilizante; b) lagoa de tratamento em operação.

4.1.3 - METODOLOGIA DE CÁLCULO

A disposição de resíduos em locais apropriados envolve um estudo criterioso relativo à preservação


do meio ambiente, assegurando a mínima interferência com a fauna e a flora, climatologia, regimes
e qualidade das águas superficiais e subterrâneas, assim como a análise de fatores de ordem
geológica, geotécnica, estudos climatológicos, geometria do reservatório, entre outros. Todavia o
que se pretende neste manual é realizar o dimensionamento da barreira em geossintético, baseado
nas solicitações a que estarão sujeitas as geomembranas, em especial, no tratamento por sistema
de lagoas.

Um correto dimensionamento permite selecionar a geomembrana que atenderá todas as necessi-


dades de projeto, incluindo propriedades de resistência mecânica, física e química da camada imper-
meável aplicadas aos sistemas de tratamento por lagoas.

Em especial, para a aplicação em lagoas, é necessário, como primeiro parâmetro para o dimen-
sionamento, projetar a necessidade de um fator de segurança global que garanta a resistência dos
materiais com o valor requerido, frente a sua principal aplicação:

197
4. Controle de efluentes

Em que:
θadm= Resistência admissível (resistência última obtida em ensaios de laboratório, simulando as
condições reais do projeto sob fatores de redução);
θreq= Resistência requerida (valor obtido por metodologia de dimensionamento que simula as
condições reais de projeto).

Considerações geométricas

Antes de selecionar o tipo de geomembrana, é importante determinar a quantidade de área


disponível para o volume de armazenamento da lagoa. Este parâmetro visa exclusivamente a deter-
minação da profundidade requerida, ou o volume de escavação necessário, frente à inclinação das
laterais. Para uma seção regular ou quadrada com inclinação dos taludes uniformes, a equação geral
para a obtenção do volume é:

V = H . L . W – S . H² . L – S . H² . W + 2 . S² . H³

Em que:
V = volume do reservatório;
H = altura;
W = largura ao nível do solo;
L = comprimento ao nível do solo;
S = talude (horizontal a vertical).

Figura 4.1.3 – Seção típica de uma lagoa reservando efluente.

198
4. Controle de efluentes

Compatibilidade química

As geomembranas MacLine® são fabricadas em PEAD (Polietileno de Alta Densidade), um ter-


moplástico derivado do eteno com alta resistência ao impacto e a agentes químicos. É uma resina
inerte por possuir hidrogênio e carbono em sua estrutura química, todavia é necessário verificar sua
compatibilidade às substancias a que estará em contato, nas suas devidas proporções, garantindo
assim que a mesma não venha a sofrer alterações em suas propriedades funcionais. Esta verificação
é realizada consultando-se a tabela de resistência química do PEAD (Ítem 4.6 desse manual).

Dimensionamento da espessura

Existem várias relações empíricas entre a espessura da geomembrana e a altura da coluna de líquido
contido, uma vez que a espessura da geomembrana deve ser dimensionada para suportar as pressões
exercidas sobre ela. Sabendo-se que a resistência da geomembrana é diretamente proporcional a
sua espessura, ou seja, geomembranas mais espessas apresentam maiores valores de resistência
mecânica, o seu correto dimensionamento se faz tão necessário e importante quanto à verificação
de sua resistência química ao líquido contido, que é o fator de maior importância no dimensiona-
mento de lagoas de tratamento.

A metodologia para o dimensionamento da espessura se baseia na de equilíbrio limite, tendo em


conta a possível deformação da geomembrana por tensões mobilizadoras, como se demonstra na
Figura 4.1.4.

Figura 4.1.4 – Tensões mobilizadoras em um revestimento em geomembrana.

199
4. Controle de efluentes

Em que:
β = Ângulo de mobilização da geomembrana com a tensão horizontal;
FUσ = Força cisalhante sobre a geomembrana, devido ao peso do solo de cobertura;
FLσ = Força cisalhante, sob a geomembrana, devido ao peso do solo de cobertura;
FLT = Força cisalhante sob a geomembrana devido a componente vertical de Tadm;
x = Distância para mobilização da geomembrana.

Por meio de um cálculo por equilíbrio limite é possível determinar a tensão mobilizadora na geomem-
brana:

A tensão (T) aplicada sobre a geomembrana é igual a sua tensão admissível multiplicada pela espes-
sura:

200
4. Controle de efluentes

Considerando T = σadm . t, e substituindo os valores apresentados nas duas equações anteriores,


tem-se:

Em que:
t = Espessura da geomembrana;
β = Ângulo de mobilização da geomembrana com a tensão horizontal;
σn = Tensão aplicada devido à sobrecarga do aterro;
δU = Ângulo de atrito entre a geomembrana e o material adjacente, por exemplo, solo ou geotêxtil
(δU =0 para contenção de líquidos e de 10° a 40° para contenção de aterro);
δL = Ângulo de atrito entre a geomembrana e o material inferior (determinado em laboratório o
intervalo de 10° a 40°, ASTM D 5321);
x = Distância para mobilização da geomembrana. Valor determinado em laboratório com intervalo
de 150 mm a 100 mm (Figura 4.1.5);
σadm = Tensão admissível na geomembrana (Tabela 4.1.1).

Figura 4.1.5 – Gráfico para obtenção da distância mobilizadora (x).

201
4. Controle de efluentes

Tabela 4.1.1 – Características do comportamento do HDPE sob tensão.


Propriedades físicas Unidade HDPE
Tensão máxima e sua correspondente (kPa) 15.900
deformação (%) 15
Módulo (%) 450
Tensão última e sua correspondente (MPa) 11.000
deformação (%) 400

Estabilidade do solo de cobertura

As recomendações quanto à utilização das geomembranas orientam que sejam previstas camadas
de solo de cobertura sobre o “liner”, buscando a proteção contra a oxidação, raios ultravioletas e
altas temperaturas, que induzem à degradação do geossintético. Essas camadas servem ainda como
elemento de proteção contra possíveis danos gerados pelos trabalhos de instalação, sendo aciden-
tais ou intencionais, e contra o puncionamento e perfurações devido à presença de materiais angu-
lares no subleito. Como este solo de cobertura representa uma massa de solo de pequena espessura
que tende a deslizar por ação da gravidade sobre a geomembrana instalada em talude, é necessário
verificar a estabilidade contra o deslizamento obtida pelo atrito de interface entre geomembrana e
solo de cobertura.

Este dimensionamento é baseado em condições de equilíbrio limite entre o subsolo, a geomembrana


e o solo de cobertura, escrevendo-se a somatória de forças em função de um ângulo do talude em
análise, para que se possa obter um fator de segurança contra a possível ruptura.

Na Figura 4.1.6, é possível observar um diagrama de forças que atuam sobre um segmento de talude
revestido por geomembrana e solo de cobertura de espessura uniforme.

202
4. Controle de efluentes

Figura 4.1.6 – Diagrama de forças atuantes em um solo cobertura sobre um talude.

Em que:
W = Peso do aterro;
β = Ângulo de inclinação do talude com a horizontal;
δU = Ângulo de atrito entre a geomembrana e o material adjacente;
L = Comprimento do talude;
Tadm = σadm . t, Força de tensão na geomembrana.

Obtém-se diferentes fatores de segurança para diferentes comprimentos de talude, e se seleciona o


comprimento com o qual se obtém um FS mínimo de 1 para garantir que não haja deslizamento da
camada de solo.

4.1.4 - EXEMPLO DE CÁLCULO

Pretende-se construir uma lagoa de tratamento para armazenamento de 100.000.000 litros de


águas residuais de uma indústria. A área disponibilizada pela empresa para a construção da lagoa
tem 200 x 200 m de dimensão. Usando uma inclinação para os taludes de 1,5/1 (Horizontal)/(Verti-
cal), cerca de 34°, determinar a altura de escavação da lagoa para atender o volume disponível.

203
4. Controle de efluentes

Solução:

100.000.000 litros = 100.000 m³

V = HLW − SH 2L − SH 2W + 2S2H3

100000 = (200 . 200)H − (1,50)H2 . 200 − (1,50)H2 . 200 + 2(1,50)2 H3


100000 = 40000H − 300H2 − 300H2 + 4,50H3
100000 = 40000H − 600H2 + 4,50H3
H = 2,60 m

Considerar que a profundidade revestida deve ser maior que o nível da água, permitindo uma borda
livre, evitando o transbordo devido a movimento das ondas e aumento do nível por precipitação.

Para este mesmo exemplo, determinar a espessura da geomembrana que será utilizada para revestir
a lagoa. Considerar que a geomembrana apresenta 8.000 kPa de tensão admissível e que a mesma
estará estacionada sobre um geotêxtil não-tecido (δL = 25°), e sobre ela será compactada uma fina
camada de solo de cobertura de 30 cm (δU = 0; contenção de líquidos) e peso específico de 18,00
kN/m³. A distância de mobilização é estimada em 150 mm e o fator de segurança requerido é de
1,70.

Sobrecarga = altura da lagoa . peso do líquido


Sobrecarga = 2,60 m . 9,81kN/m³ = 25,50 kPa

204
4. Controle de efluentes

Portanto, seleciona-se a mínima espessura comercial. No caso t = 0,80 mm, atendendo também ao
fator de segurança requerido de 1,70.

Verificação da estabilidade do solo de cobertura

Em que:
W = 18 . 0,30 . 1,00 = 5,40 kN/m;
β = 34°;
δU = 18°;
Tadm = σadm . t = 8000 kPa . 0,00080 m = 6,40 kN/m.

Estimando o comprimento do talude, obtêm-se os seguintes FS:

Comprimento de
FS
inclinação (m)
6,00 1,84
7,00 1,79
8,00 1,74
9,00 1,72
10,00 1,70
11,00 1,68
12,00 1,66
13,00 1,65
14,00 1,63

Portanto o comprimento máximo de inclinação deverá ser de 10,00 m.

205
4. Controle de efluentes

Cálculo das dimensões da trincheira para a ancoragem da geomembrana

γAT = 18 kN/m³;
σn = 18 . 0,30 = 5,40 kN/m²;
φ = 30°;
KA = tan² (45 – φ/2) = 0,33;
KP = tan² (45 + φ/2) = 3;
δU = 18°;
δL = 10°;
β = 20°;
Tadm = 6,40 kN/m.

Tem-se:

Assumindo LRO = 0,50 m (comprimento de desenvolvimento antes da descida na trincheira) é possível


determinar o valor de dAT:

Todavia é coerente adotar como valor mínimo a altura de trincheira dAT igual a 0,30 m.

206
4. Controle de efluentes

4.1.5 - ANTECEDENTES

BEM BRASIL ALIMENTOS


ARAXÁ -MG - BRASIL
Impermeabilização e Drenagem
Produtos: MacLine® e MacDrain TD®

Problema

Para a construção da nova unidade da Bem Brasil Alimen-


tos em Araxá/MG, foi necessário implantar quatro lagoas
de tratamento de efluentes e um sistema de controle de
fluxo, segundo exigências do órgão ambiental local.

Solução Figura 4.1.7 - Durante a obra

As soluções adotadas foram: impermeabilização com


geomembrana MacLine® e drenagem de testemunho com
geocomposto MacDrain® TD. O sistema de drenagem tem
como função detectar eventuais falhas no sistema de im-
permeabilização e estanquidade. No caso de vazamento
de material efluente, este é conduzido até um poço de
monitoramento para detecção no momento das inspeções.
E no caso de vazamento gasoso, o sistema evita a forma-
ção de bolsas de gases abaixo da geomembrana que po-
dem ocasionar sérios danos à impermeabilização. Ambas
soluções atenderam perfeitamente os requisitos do órgão
ambiental local e às necessidades funcionais das lagoas
e do sistema de controle de fluxo.
Figura 4.1.8 - Durante a obra

Nome do cliente:
Bem Brasil Alimentos Ltda.
Construtor:
EnvironQuip – Engenharia de Sistemas Ambientais Ltda.
Produtos usados:
15.000,00 m² - Geomembrana MacLine® 1,00 mm
500,00 m² - Geocomposto para drenagem MacDrain® TD

Data da obra:
Início: Agosto / 2006
Término: Outubro / 2006
Figura 4.1.9 - Durante a obra

207
4. Controle de efluentes

Figura 4.1.10 - Seção Transversal Típica

Figura 4.1.11 - Durante a obra Figura 4.1.12 - Durante a obra

Figura 4.1.13 - Durante a obra Figura 4.1.14 - Durante a obra

208
4. Controle de efluentes

4.1.6 - NORMAS RELACIONADAS

ABNT NBR 8083 – Terminologia para obras de impermeabilização;

ABNT NBR 8419 – Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos;

ABNT NBR 15495-1 – Poços de monitoramento de águas subterrâneas em aqüíferos granulares -


Parte 1: Projeto e construção;

ABNT NBR 15495-2 – Poços de monitoramento de águas subterrâneas em aqüíferos granulares -


Parte 1: Desenvolvimento;

ABNT NBR 15352 – Mantas termoplásticas de polietileno de alta densidade (PEAD) e de polietileno
linear (PEBDL) para impermeabilização;

ASTM D5321 - 08 Standard Test Method for Determining the Coefficient of Soil and Geosynthetic
or Geosynthetic and Geosynthetic Friction by the Direct Shear Method;

ASTM D5322-98 - Standard Practice for Immersion Procedures for Evaluating the Chemical Resis-
tance of Geosynthetics to Liquids;

ASTM D2487 - 06e1 Standard Practice for Classification of Soils for Engineering Purposes (Unified
Soil Classification System);

ASTM D5496 - 98(2003) Standard Practice for In Field Immersion Testing of Geosynthetics;

ASTM D5747 - 08 Standard Practice for Tests to Evaluate the Chemical Resistance of Geomem-
branes to Liquids;

ASTM D 792 – Specific Gravity (Relative Density) and Density of Plastics by Displacement;

ASTM D 1004 – Test Method for Initial Tear Resistance of Plastics Film and Sheeting;

ASTM D 1238 – Test Method for Flow Rates of Thermoplastics by Extrusion Plastometer;

ASTM D 1505 – Test Method for Density of Plastics by the Density-Gradient Technique;

ASTM D 1603 – Test Method for Carbon Black in Olefin Plastics;

ASTM D 3895 – Test Method for oxidative Induction Time of Polyolefins by Thermal Analysis;

ASTM D 2418 – Test Method for Determination of Carbon Black Content in Polyethylene Com-
pounds by the Muffle-Furnace Technique;

209
4. Controle de efluentes

ASTM D 4833 – Test Method for Index Puncture Resistance of Geotextiles, Geomembranes and
Related Products;

ASTM D 5199 – Test Method for Measuring Nominal Thickness of Geotextiles and Geomembranes;

ASTM D 5397 – Procedure to Perform a Single Point Notched Constant Tensile Load – (SPNCTL) Test:
Appendix;

ASTM D 5596 – Test Method for Microscopic Evaluation of the Dispersion of Carbon Black in Poly-
olefin Geosynthetics;

ASTM D 5721 – Pratice for Air-Oven Aging of Polyolefin Geomembranes;

ASTM D 5885 – Test Method for Oxidative Induction Time of Polyolefin Geosynthetics by High Pres-
sure Differencial Scanning Calorimetry;

ASTM D 5994 – Test Method for Measuring the Core Thickness of Textured Geomembranes;

ASTM D 6693 – Test Method for Determining Tensile Properties of Nonreinforced Polyethylene and
Nonreinforced Flexible Polypropylene Geomembranes;

IRAM 78032 – Geomembranas de polietileno de alta densidad (HDPE);

IRAM 13319 – Plásticos. Método de determinación del negro de humo y su grado de dispersión en
compuestos de polietileno; Método para determinação de negro de fumo e grau de dispersão de
compostos de polietileno;

IRAM 13342 – Películas plásticas. Método de determinación de la resistencia a la propagación del


rasgado;

IRAM 78028 – Geomembranas. Envejecimiento en estufa de convección mecánica de geomembra-


nas de poliolefinas.

4.1.7 - BIBLIOGRAFIA

Koerner, R. M., (1998) Designing with Geosynthetics (4th Edition), Prentice Hall, USA;

Narejo, D., Koerner, R., Wilson-Fahmy, (1996), Puncture Protection of Geomembranes – Part I, II and
III, GRI;

210
4. Controle de efluentes

Geosynthetic Research Institute (GRI), GM 13 (2006) – Test methods, Test properties and Testing
frequency for High Density Polyethylene (HDPE) Smooth and Textured Geomembranes;

Vertematti, J.C., (2004) Manual Brasileiro de Geossintéticos, São Paulo, Edgard Blücher.

211
4. Controle de efluentes

4.2 - ATERROS DE RESÍDUOS SÓLIDOS

4.2.1 - GENERALIDADES

Aterro de resíduos é uma forma de deposição final de resíduos oriundos de atividade humana. Nele
são dispostos resíduos de origem doméstica, comercial, industrial, de serviços de saúde ou de de-
jetos sólidos retirados do esgoto. É uma obra de engenharia projetada sob critérios técnicos, cuja
finalidade é garantir a disposição dos resíduos sólidos urbanos sem causar danos à saúde pública e
ao meio ambiente. Diferem-se do sistema utilizado por lixões ou lançamento a céu aberto, em que
os resíduos são simplesmente descarregados sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio am-
biente ou à saúde pública. É considerada uma das técnicas mais eficientes e seguras de destinação
de residuos sólidos, porque permite um controle eficiente e seguro do processo e quase sempre
apresenta a melhor relação custo x benefício.

A correta e segura operação de um aterro de resíduos envolve o empilhamento e compactação dos


resíduos, cobertos diariamente por uma camada de solo, a fim de diminuir o mau cheiro e evitar
que os resíduos permaneçam a céu aberto em contato com animais e expostos a chuvas ocasionais
(Figura 4.2.1). A compactação do resíduo tem como objetivo reduzir o volume ocupado e aumentar
a área disponível, prolongando assim a vida útil do aterro, além de proporcionar melhoras em suas
características geotécnicas (algo estudado com muita frequência atualmente).

Figura 4.2.1 – Esquema de aterro de resíduos em operação (Boscov, 2008).

212
4. Controle de efluentes

4.2.2 - INTRODUÇÃO

Atualmente, o estudo do comportamento dos resíduos sólidos quanto a sua produção, característi-
cas físico-químicas e disposição em locais apropriados é feito por diversos pesquisadores. No que diz
respeito à disposição, existe a preocupação quanto ao bem estar da população circundante, pois as
substâncias presentes nos resíduos podem vir a provocar o aparecimento de vetores transmissores
de doença, ou contaminar o lençol freático pela infiltração de líquidos gerados pelo lixo (material
lixiviado).

A fim de garantir a preservação de áreas de deposição de resíduos e evitar que haja contaminação
do solo local, despertou-se a necessidade de se preparar o local de recebimento dos resíduos de
maneira confiável, impedindo que o solo e os corpos d’água viessem a sofrer contaminação, mini-
mizando ao máximo o impacto ambiental. Essa preparação é feita por intermédio de sistemas de
impermeabilização ou barreiras impermeáveis e captação dos gases gerados pela decomposição da
matéria orgânica presente no resíduo.

A função destas barreiras impermeáveis é confinar ou encapsular o material degradável, protegendo


o subleito e eliminando a infiltração de águas no maciço de resíduos sólidos aterrados, evitando a
percolação de material lixiviado de modo que não haja contaminação de aquíferos confinados ou
mananciais. Os materiais que compõem essas barreiras devem apresentar características de estan-
queidade, durabilidade, resistência mecânica, resistência à intempéries e compatibilidade química
com os resíduos. No que diz respeito à impermeabilização, tais materiais devem apresentar baixa
condutividade hidráulica, o que representa, na maior parte das obras, uma exigência incontestável.
Essas barreiras podem ser originárias de materiais naturais, como solos argilosos bem compactados
que apresentam coeficiente de permeabilidade da ordem de 10-7cm/s, com espessura mínima de
1,50 m, ou de materiais sintéticos como as geomembranas de polietileno de alta densidade (PEAD
ou HDPE), com espessura mínima de 0,001 m. Tal diferença de espessura já pode ser considerada
como uma das principais vantagens em utilizar materiais sintéticos.

A aplicação de geomembranas em obras de proteção ambiental apresenta-se como uma alternativa


bastante interessante em função de suas características mecânicas e principalmente por sua espes-
sura, proporcionando um melhor aproveitamento dos volumes disponíveis. Sendo um material de
origem industrial, ou seja, passível de um controle de produção rigoroso, é possível garantir suas
propriedades físico-químicas, segundo regulamentações internacionais como GM-13, algo indispen-
sável para obras que requerem atenção especial por parte das normas que regem os materiais que
as derivam.

As geomembranas são geossintéticos de baixissíma permeabilidade (k = 10-12cm/s), praticamente


impermeáveis. São fabricadas em polietileno de alta densidade a partir de resinas virgens e esta-
bilizadas com os mais modernos aditivos do mercado, resultando em um polímero de alto peso
molecular e excelentes propriedades físico-químicas. A este polímero são agregados aditivos, ge-
rando um produto final de caracteristicas fundamentais bastante melhoradas. Entre esses aditivos
se destacam os termoestabilizantes e antioxidantes que aumentam significativamente a resistência
à intempéries.

213
4. Controle de efluentes

O negro de fumo especial em quantidade 2 a 3 % na formulação, torna a geomembrana pratica-


mente imune a ação dos raios ultravioletas (UV) emitidos pelo sol, aumentando assim sua vida útil.

Figura 4.2.2 – Instalação de geomembranas MacLine® em aterro de resíduo.

4.2.3 - METODOLOGIA DE CÁLCULO

A utilização de geomembranas em sistemas de impermeabilização permite viabilizar a disposição de


resíduos em locais onde as condições do subsolo não atenderiam às exigências do órgão de controle
ambiental. Um correto dimensionamento permite selecionar a geomembrana que atenderá a todas
as necessidades de projeto, incluindo propriedades de resistência mecânica, física e química da ca-
mada impermeável.

O que se pretende neste manual é realizar o dimensionamento da barreira geossintética baseado


nas solicitações a que esta estará sujeita, em especial a impermeabilização de aterros de resíduos
sólidos. Para esta aplicação é necessário, como primeiro parâmetro de dimensionamento, considerar
um fator de segurança global (FS) que garanta a resistência do material com o valor requerido, frente
à sua principal função.

Em que:
θadm= Resistência admissível (resistência última obtida em ensaios de laboratório, simulando as
condições reais do projeto sob fatores de redução);
θreq= Resistência requerida (valor obtido por metodologia de dimensionamento que simula as
condições reais de projeto).

214
4. Controle de efluentes

Considerações de localização e geometria

A disposição de resíduos em locais apropriados envolve um estudo criterioso relativo à preservação


do meio ambiente, assegurando a mínima interferência com a fauna e a flora, climatologia, regimes
e qualidade das águas superficiais e subterrâneas, assim como a análise de fatores de ordem
geológica, geotécnica, estudos climatológicos, geometria do aterro, entre outros. No momento em
que se inicia um estudo para implantação de aterros sanitários, os órgãos ambientais da cidade
deverão ser consultados para que as distâncias mínimas de cursos de água, água subterrânea, den-
sidade da população atendida, e restrições de localização sejam criteriosamente respeitados e aten-
didos.

Quanto à geometria do aterro, o aterro pode ser executado de três maneiras, escavado abaixo do
nível do terreno (vala), acima do terreno, ou mistos com escavação e deposição acima do terreno
(Figura 4.2.3). A profundidade ou elevação dos aterros de resíduos obedecem principalmente o
limite de volume de resíduo gerado de acordo com o crescimento populacional e a estabilidade
geotécnica da obra.

Figura 4.2.3 – Geometria de disposição de aterros: a) escavado; b) depositado; c) misto.

Compatibilidade química

Quando especificada em projeto, a barreira impermeabilizante deve proporcionar ao sistema, além


de estanqueidade, a compatibilidade com o material depositado, para que em uma reação entre a
camada residual em contato com estas barreiras, esta permaneça inerte quimicamente. O maciço
residual sofre decomposições naturais que liberam lixiviado, substâncias químicas e gases. Por esse
motivo as geomembranas se mostram bem mais interessantes nestas aplicações porque, diferentes
dos solos com baixa permeabilidade, não trocam reações químicas com os resíduos aterrados. Estes
solos são mais susceptíveis aos ataques da decomposição sofrida pelo resíduo, e traz sérias conse-
quências, como a perda da estanqueidade da barreira, assim como a diminuição da espessura da
camada.

215
4. Controle de efluentes

Partindo-se deste pressuposto as geomembranas ganharam mercado e ao longo de todo seu históri-
co de desempenho se mostraram como uma alternativa eficaz e ambientalmente correta. Podem ser
fabricadas a partir de diversos polímeros plásticos, sendo os mais conhecidos o PEAD (polietileno de
alta densidade) e o PVC (policloreto de vinila).

As geomembranas MacLine® são fabricadas em PEAD (Polietileno de Alta Densidade), um ter-


moplástico derivado do Eteno com alta resistência ao impacto e a agentes químicos. É uma resina
inerte por possuir apenas hidrogênio e carbono em sua estrutura química.

Em comparação às geomembranas de PVC, as geomembranas em PEAD apresentam grande vanta-


gem na impermeabilização de aterros de resíduos por oferecerem maior resistência mecânica, além
de serem inertes quimicamente à maioria dos reagentes encontrados nesse tipo de obra.

Tabela 4.2.1 – Comparativo entre resistência química do PVC e PEAD.


Substância PVC PEAD
Acetaldeído não recomendado Resistente com restrições
Acetato de etila não recomendado Resistente com restrições
Acetato de vinila ensaio recomendado Resistente
Acetona não recomendado Resistente
Ácido acético não recomendado Resistente
Ácido benzeno-sulfônico não recomendado Resistente
Ácido carbólico não recomendado Resistente
Ácido fluorsilícico não recomendado Resistente com restrições
Ácido fórmico não recomendado Resistente com restrições
Ácido muriático não recomendado Resistente
Ácido nítrico não recomendado Resistente com restrições
Ácido sulfúrico fumegante não recomendado Resistente
Asfalto não recomendado Resistente com restrições
Álcool furfural não recomendado Resistente
Benzeno não recomendado Resistente com restrições
Bromo não recomendado Resistente com restrições
Cetonas não recomendado Resistente com restrições
Cloroetano não recomendado Resistente com restrições
Enxofre não recomendado Resistente
Éter etílico não recomendado Resistente com restrições
Fosfato de alumínio não recomendado Resistente
Gasolina não recomendado Resistente com restrições
Hexano não recomendado Resistente com restrições
Hidróxido de amônio não recomendado Resistente
Hidróxido de bário não recomendado Resistente
Hidróxido de cálcio não recomendado Resistente
Iodo não recomendado Resistente
Isoctano não recomendado Resistente com restrições
Nafta não recomendado Resistente com restrições
Óleo combustível não recomendado Resistente com restrições
Óleo para transformadores não recomendado Resistente com restrições
Óleo mineral não recomendado Resistente com restrições
Pentanol ensaio recomendado Resistente
Percloroetileno não recomendado Resistente com restrições
Petróleo não recomendado Resistente com restrições
Piridina não recomendado Resistente
Potassa cáustica não recomendado Resistente
Permanganato de potássio não recomendado Resistente
Soda cáustica não recomendado Resistente
Tetrahidrofurano não recomendado Resistente
Tolueno não recomendado Resistente com restrições
Xileno não recomendado Resistente com restrições

216
4. Controle de efluentes

Tabela 4.2.2 – Comparativo de resistência entre vários polímeros em geomembranas.


Resistência química de algumas geomembranas comumente utilizadas
Tipo de geomembrana
Químico PE PVC CSPE EPDM
38°C 70°C 38°C 70°C 38°C 70°C 38°C 70°C
Gerais:
Hidrocarbonetos alifáticos x x
Hidrocarbonetos aromáticos x x
Solventes clorinados x x x
Solventes oxigenados x x x x
Solventes de petróleo crudo x x
Álcoois x x x x x x
Ácidos:
Orgânicos x x x x x x x
Inorgânicos x x x x x x x
Metais pesados x x x x x x x
Sais x x x x x x x

Existe a necessidade de ensaios específicos para averiguar a resistência física dos materiais (ASTM
D5322; ASTM D5496; ASTM D5747), de grosso modo a verificação da compatibilidade química
pode ser feita pela consulta à Tabela de Resistência Química do PEAD apresentada no ítem 4.6.

Para que se valide toda a metodologia que aqui será apresentada, esta deve ser a primeira de todas
as verificações a serem feitas no dimensionamento de geomembranas para impermeabilização de
aterros sanitários. Se constatada a compatibilidade química, nas devidas concentrações e tempera-
tura da substância, dimensioná-las conforme a seguir.

Dimensionamento da espessura

No geral, recomenda-se que a espessura mínima requerida para um revestimento em geomembrana


utilizado na contenção de materiais perigosos seja de 1,50 mm, ainda assim existem normas alemãs
que só reconhecem espessuras superiores a 2,00 mm. Seja qual for a norma regulamentadora que
fixe as espessuras para as geomembranas em projeto, deve-se proceder com os cálculos de dimen-
sionamento, a fim de verificar o nível de solicitação imposto pelas condições de projeto. A espessura

217
4. Controle de efluentes

da geomembrana deve ser dimensionada para suportar as pressões exercidas sobre ela, por esta
consideração o dimensionamento se baseia na metodologia de equilíbrio limite, tendo em conta a
possível deformação na geomembrana por tensões mobilizadoras (Figura 4.2.4).

Figura 4.2.4 – Tensões mobilizadoras em um revestimento em geomembrana.

Em que:
β = Ângulo de mobilização da geomembrana com a tensão horizontal;
FUσ = Força cisalhante sobre a geomembrana, devido ao peso do solo de cobertura;
FLσ = Força cisalhante, sob a geomembrana, devido ao peso do solo de cobertura;
FLT = Força cisalhante sob a geomembrana devido a componente vertical de Tadm;
x = Distância para mobilização da geomembrana.

Através de um cálculo por equilíbrio limite é possível determinar a tensão mobilizadora na geomem-
brana:

218
4. Controle de efluentes

A tensão (T) aplicada sobre a geomembrana é igual a sua tensão admissível multiplicada pela espes-
sura:

Considerando, T = σadm.t e substituindo os valores apresentados nas duas equações anteriores,


tem-se:

Em que:
t = Espessura da geomembrana;
β = Ângulo de mobilização da geomembrana com a tensão horizontal;
σn = Tensão aplicada devido à sobrecarga do aterro;
δU = Ângulo de atrito entre a geomembrana e o material adjacente, por exemplo, solo ou geotêxtil
(δU =0 para contenção de líquidos e de 10° a 40° para contenção de aterro);
δL = Ângulo de atrito entre a geomembrana e o material inferior (determinado em laboratório o
intervalo de 10° a 40°, ASTM D 5321);
x = Distância para mobilização da geomembrana. Valor determinado em laboratório com intervalo
de 150 mm a 100 mm (Figura 4.2.5);
σadm = Tensão admissível na geomembrana (Tabela 4.2.3).

219
4. Controle de efluentes

Figura 4.2.5 – Gráfico para obtenção da distância mobilizadora (x).

Tabela 4.2.3 – Características do comportamento do HDPE sob tensão.


Propriedades físicas Unidade HDPE
(kPa) 15.900
Tensão máxima e sua correspondente deformação
(%) 15
Módulo (%) 450
(MPa) 11.000
Tensão última e sua correspondente deformação
(%) 400

Estabilidade do solo de cobertura

As recomendações quanto à utilização das geomembranas orientam que sejam previstas camadas
de solo de cobertura sobre o “liner” buscando a proteção contra a oxidação, raios ultravioletas e
altas temperaturas, que induzem à degradação do geossintético. Essas camadas servem ainda como
elemento de proteção contra possíveis danos gerados pelos trabalhos de instalação, sendo aciden-
tais ou intencionais, e contra o puncionamento e perfurações devido à presença de materiais angu-
lares no subleito. Como este solo de cobertura representa uma massa de solo de pequena espessura
que tende a deslizar por ação da gravidade sobre a geomembrana instalada em talude, é necessário
verificar a estabilidade contra o deslizamento, obtida pelo atrito de interface entre geomembrana e
solo de cobertura.

220
4. Controle de efluentes

Este dimensionamento é baseado em condições de equilíbrio limite entre o solo, a geomembrana e


o solo de cobertura, escrevendo-se a somatória de forças em função de um ângulo β do talude em
análise, para que se possa obter um fator de segurança contra a possível ruptura.

Na Figura 4.2.6, é possível observar um diagrama de forças que atuam sobre um segmento de talude
revestido por geomembrana e solo de cobertura de espessura uniforme.

Figura 4.2.6 – Diagrama de forças atuantes em um solo cobertura sobre um talude.

Em que:
W = Peso do aterro;
β = Ângulo de inclinação do talude com a horizontal;
δU = Ângulo de atrito entre a geomembrana e o material adjacente;
L = Comprimento do talude;
Tadm = σadm . t, Força de tensão na geomembrana.

São obtidos diferentes fatores de segurança para diferentes comprimentos de talude, e se seleciona
o comprimento com o qual se obtém um FS mínimo de 1 para garantir que não haja deslizamento
da camada de solo.

221
4. Controle de efluentes

Dimensionamento de ancoragem da geomembrana

Com o intuito de manter a geomembrana bem estacionada e para que não se desloque por aco-
modações sofridas pelo solo, vento ou na própria operação do aterro, é necessário prever a ancora-
gem prévia da geomembrana, garantindo que o material contaminado não se infiltre no terreno
devido a descontinuidades. O dimensionamento da ancoragem pode ser realizado em dois casos in-
dependentes, o primeiro sem a presença de trincheiras de ancoragem, considerando o peso próprio
do solo de cobertura e o segundo por trincheiras ou valas de ancoragem.

Determinação da ancoragem por solo de cobertura

Quando aplicada sob um solo de cobertura, este gera um esforço normal sobre a geomembrana
devido seu peso próprio, porém não proporciona resistência por atrito sobre a camada. Isto se deve
ao fato de que o solo se movimenta junto com a geomembrana enquanto se deforma até romper,
perdendo consequentemente integridade.

Deve-se, portanto, determinar a somatória de forças horizontais atuantes para a obtenção do valor
de Lro, que se trata do mínimo comprimento da ancoragem por peso próprio do solo de cobertura
sobre a geomembrana (Figura 4.2.7).

Figura 4.2.7 – Diagrama de forças atuantes em uma ancoragem por solo de cobertura.

222
4. Controle de efluentes

Em que:
Tadm = Tensão admissível da geomembrana;
t = espessura da geomembrana;
β = Ângulo de inclinação do talude;
FUσ = Força de atrito sobre a geomembrana, devido ao peso do solo de cobertura (para solos de
cobertura de pequena espessura a ruptura por tensão ocorrerá e este valor será desprezível);
FLσ = Força de atrito, sob a geomembrana, devido peso do solo de cobertura;
FLT = Força de atrito, sob a geomembrana, devido a componente vertical de Tadm;
σn = Esforço normal devido ao peso do solo de cobertura;
δ = ângulo de atrito entre a geomembrana e o material adjacente (solo ou geotêxtil);
LRO = Comprimento necessário para ancoragem da geomembrana.

Determinação da ancoragem por trincheiras.

A ancoragem da geomembrana por trincheiras consiste na inserção de parte de seu comprimento


em uma vala escavada posicionada a uma distância horizontal mínima da borda do talude a ser
protegido. Esta trincheira de ancoragem é normalmente preenchida com solo local devidamente
compactado e de dimensões previamente calculadas. Para este dimensionamento se deve considerar
um estado de esforços dentro da trincheira de ancoragem e seu mecanismo de resistência. Ao longo
da profundidade da trincheira existem forças laterais atuando sobre a geomembrana, mais especifi-
camente uma pressão ativa de solo (PA), tendendo a desestabilizar o sistema e uma pressão passiva
de solo (PP) que tende a suportá-lo (Figura 4.2.8).
A configuração de ancoragem por este método requer certas suposições importantes acerca do
esforço dentro da trincheira de ancoragem e seu mecanismo de resistência.

223
4. Controle de efluentes

Figura 4.2.8 – Diagrama de forças atuantes em uma ancoragem por trincheira.

224
4. Controle de efluentes

Em que:
LRO = comprimento de desenvolvimento antes da descida na trincheira;
PA = Pressão ativa de terras contra o material de preenchimento da trincheira de ancoragem;
PP = Pressão passiva de terras contra o solo de apoio;
γAT = Peso específico do solo de preenchimento da trincheira de ancoragem;
dAT = Profundidade da trincheira de ancoragem;
σn = Esforço normal aplicado pela sobrecarga;
KA = Coeficiente de empuxo ativo = tan² (45 - φ/2);
KP = Coeficiente de empuxo passivo = tan² (45 + φ/2);
f = Ângulo de atrito do solo de apoio.

Desenvolvendo a equação exposta anteriormente, obtêm-se duas incógnitas, o que gera a necessi-
dade de um cálculo iterativo tanto para o comprimento de desenvolvimento como para a profundi-
dade da trincheira de ancoragem.

Critérios de sobrevivência

Uma vez selecionada a geomembrana que atenderá as solicitações de projeto, é importante avaliar
os critérios de sobrevivência quanto às demandas de transporte, manejo e instalação que, caso não
sejam respeitadas, podem trazer danos ao material. Para isso se adotam valores mínimos de classifi-
cação para sobrevivência, a fim de definir a espessura da geomembrana, (algo diretamente relativo
à sua resistência) e garantir suas propriedades físicas, como resistência ao rasgo, puncionamento e
danos por impacto.

A Tabela 4.2.4 mostra valores de quatro diferentes níveis de sobrevivência, que devem ser adotados
por ocasião do dimensionamento e das condições especificas do local a ser revestido.

Tabela 4.2.4 – Propriedades mínimas recomendadas para sobrevivência da geomembrana.


Grau requerido de sobrevivência à instalação
Propriedade e método de ensaio
Baixo Médio Alto Muito alto
Espessura (D1593) (mm) 0,63 0,75 0,88 1
Tensão (D882) (faixa de 25mm) (KN/m) 7 9 11 13
Rasgo (D1004 C) (N) 33 45 67 90
Puncionamento (D4833) (N) 110 140 170 200
Impacto (D3998 mod.) (J) 10 12 15 20
Baixo refere-se a uma cuidadosa instalação sobre terreno bem graduado e bastante uniforme com baixas sobrecargas de natureza estática. Caso
típico de barreiras de vapor sob lajes de edifícios. Médio refere-se à instalação manual ou por maquinaria em terreno nivelado com média so-
brecarga. Caso típico de canais. Alto refere-se à instalação manual ou por maquinaria em terreno nivelado de regularização pobre com elevadas
sobrecargas, caso típico de aterros. Muito alto refere-se à instalação manual ou por maquinaria em terreno nivelado de regularização muito
pobre com elevadas sobrecargas. Caso típico de coberturas de reservatórios e aterros sanitários.

225
4. Controle de efluentes

4.2.4 - EXEMPLO DE CÁLCULO

Exemplo 1

Obtenha a espessura requerida para uma geomembrana que será aplicada na impermeabilização
de um aterro sob uma altura de 50 metros de resíduos, com pesos específico de 12,5 kN/m³. Os
taludes estão conformados com um ângulo de 20°. A geomembrana será recoberta por uma areia
de drenagem e aplicada sob uma georrede. Esta mesma areia, com 30° de ângulo de atrito interno,
será utilizada para preencher as trincheiras de ancoragem.

São dados do projeto:

• A tensão admissível da geomembrana é de σadm = 20 MPa;


• O ângulo de atrito entre a areia para drenagem e a geomembrana é de δU = 18°;
• O ângulo de atrito entre a georrede e a geomembrana é de δL = 10°;
• Fator de segurança requerido, FS = 1,20;
• A areia de cobertura tem espessura de 0,50 m e peso específico de 18 kN/m³.

Solução:
Para o cálculo da espessura:

Sobrecarga = 50 m . 12,5 kN/m³= 625 kPa.

Portanto, pela leitura do gráfico da Figura 4.2.5, x = 80 mm.

226
4. Controle de efluentes

Considerado que o FS exigido é 1,20, tem-se que 1,05 < 1,20. Portanto, seleciona-se a espessura
imediatamente superior para atingir o valor requerido como fator de segurança:

Nesse caso a espessura mínima sugerida deve ser de 2,00 mm.

Para a verificação da estabilidade do solo de cobertura:

Em que:
W = 18 . 0,50 . 1,00 = 9,00 kN/m;
β = 20°;
δU = 18°;
Tadm = σadm . t = 20000 kPa . 0,0020 m = 40,00 kN/m.

227
4. Controle de efluentes

Estimando o comprimento do talude:

Comprimento de inclinação (m) FS


36,00 1,26
37,00 1,25
38,00 1,24
39,00 1,23
40,00 1,22
41,00 1,21
42,00 1,20
43,00 1,19
44,00 1,18

Portanto o comprimento máximo de inclinação deverá ser de 42,00 m.

Para o dimensionamento da trincheira de ancoragem

Considerando:
γAT = 18 kN/m³;
σn = 18 . 0,50 = 9,00 kN/m²;
φ = 30°;
KA = tan² (45 – φ/2) = 0,33;
KP = tan² (45 + φ/2) = 3;
δU = 18°;
δL = 10°;
β = 20°;
Tadm = 40,00 kN/m.

Tem-se:

228
4. Controle de efluentes

Assumindo LRO = 0,50 m é possível determinar o valor de dAT:

Exemplo 2

Deseja-se dimensionar o revestimento de um aterro sanitário com altura de 7,00 m utilizando uma
geomembrana lisa de HDPE, de tensão admissível (σadm) igual 15000 kPa. O peso específico do re-
síduo é de 12,50 kN/m³ e a área de deposição dos resíduos está conformada por taludes com inclina-
ção de 1H:1V. Na parte inferior foi aplicado um geotêxtil não tecido para proteger a geomembrana
de possíveis danos de instalação (δL = 32º). Decidiu-se utilizar areia (δU = 30º) como solo de cobertura
com 0,30 m de espessura e também como aterro das trincheiras de ancoragem. Esta areia tem um
ângulo de atrito interno de 30° e um peso específico de 18 kN/m³. Recomenda-se ainda um valor de
fator de segurança para a obra de 1,10 e um distância mínima de 0,05 m para mobilizar a resistência
da geomembrana.

229
4. Controle de efluentes

Solução:

Para o cálculo da espessura:

Em que:
β = 45°;
σn = 7 . 12,50 = 87,50 kN/m²;
δU = 30°;
δL = 32°;
x = 0,05 m;
σadm = 15000 kPa.

Substituindo os valores na equação temos:

230
4. Controle de efluentes

Considerado que o FS exigido é 1,10, tem-se que 1,13 > 1,10 


Para a verificação da estabilidade do solo de cobertura:

Dados:
W = 18 . 0,30 . 1,00 = 5,40 kN/m;
β = 45°;
δU = 10°;
Tadm = σadm . t = 15000 kPa . 0,0015 m = 22,50 kN/m.

Estimando o comprimento de inclinação:

Comprimento de inclinação (m) FS


4,00 1,65
5,00 1,35
6,00 1,16
7,00 1,02
8,00 0,91
9,00 0,83
10,00 0,76
11,00 0,71

Portanto o comprimento máximo de inclinação deverá ser de 6,00 m.

231
4. Controle de efluentes

Para o dimensionamento da trincheira de ancoragem

Considerando:
γAT = 18kN/m³;
σn = 18 . 0,30 = 5,40 kN/m²;
φ = 30°;
KA = tan² (45 – φ/2) = 0,33;
KP = tan² (45 + φ/2) = 3;
δU = 10°;
δL = 32°;
β = 45°;
Tadm = 22,50 kN/m.

Tem-se:

Assumindo LRO = 0,50 m é possível determinar o valor de dAT.

É coerente adotar uma altura mínima da trincheira de ancoragem de 0,30 m.

232
4. Controle de efluentes

4.2.5 - ANTECEDENTES

TUPY FUNDIÇÕES LTDA.


JOINVILE , SANTA CATARINA - BRASIL
IMPERMEABILIZAÇÃO
Produtos: geomembrana MacLine®, MacTex®, MacLine® GCL

Problema

Na unidade de Joinvile da Tupy Fundições, toda a área


de deposição final de resíduos sólidos industriais não
dispunha de nenhum sistema de controle de fluxo. Em
função de uma recomendação do órgão ambiental local,
foi necessária a revisão e reestruturação de todo o sistema
do aterro.

Solução Figura 4.2.9 - Durante a obra

Para solucionar o problema de controle do percolado


e preparar um novo local para a deposição segura dos
resíduos, segundo orientação do órgão ambiental local,
foi prevista a utilização de um conjunto de geossintéticos
formado por:

- geomembranas e geocompostos bentoníticos para im-


permeabilização e estanquidade do sistema;
- geotêxteis não tecidos para separação de camadas e
proteção mecânica das geomembranas e
- geocompostos para drenagem de gases gerados pela
decomposição dos resíduos.

Figura 4.2.10 - Durante a obra

Nome do cliente:
TUPY FUNDIÇÕES LTDA.
Construtor:
TERRAPLANAGEM E PAV. VOLGELSANGER LTDA
Produtos usados:
132.500,00 m2 MacDrain®
100.100,00 m2 Macline® 2,00mm
150.500,00 m2 MacTex® Não tecido 300
95.200,00 m2 MacTex® Não tecido 600
168.700,00 m2 MacLine® GCL

Data da obra:
Início: Outubro / 2004
Término: Fevereiro / 2005 Figura 4.2.11 - Durante a obra

233
4. Controle de efluentes

Figura 4.2.12 - Seção Transversal Típica

Figura 4.2.13 - Durante a obra Figura 4.2.14 - Durante a obra

Figura 4.2.15 - Durante a obra Figura 4.2.16 - Durante a obra

234
4. Controle de efluentes

4.2.6 - NORMAS RELACIONADAS

ABNT NBR 8419 – Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos;

ABNT NBR 8418 – Resíduos industriais perigosos;

ABNT NBR 15352 – Mantas termoplásticas de polietileno de alta densidade (PEAD) e de polietileno
linear (PEBDL) para impermeabilização;

ABNT NBR – 10004:2004 - Resíduos sólidos;

ABNT NBR 10.157 – Aterros de resíduos perigosos – Critérios para projeto, construção e operação;

ABNT NBR 13.896 – Aterros de resíduos não perigosos – Critérios para projeto, implantação e
operação - Procedimento;

ASTM D 792 – Specific Gravity (Relative Density) and Density of Plastics by Displacement;

ASTM D 1004 – Test Method for Initial Tear Resistance of Plastics Film and Sheeting;

ASTM D5322-98 - Standard Practice for Immersion Procedures for Evaluating the Chemical Resis-
tance of Geosynthetics to Liquids;

ASTM D5747-95a(2002) - Standard Practice for Tests to Evaluate the Chemical Resistance of
Geomembranes to Liquids;

ASTM D 1238 – Test Method for Flow Rates of Thermoplastics by Extrusion Plastometer;

ASTM D 1505-98e1 – Test Method for Density of Plastics by the Density-Gradient Technique;

ASTM D 1603-94 – Test Method for Carbon Black in Olefin Plastics;

ASTM D 3895-98 – Test Method for oxidative Induction Time of Polyolefins by Thermal Analysis;

ASTM D 2418 – Test Method for Determination of Carbon Black Content in Polyethylene Com-
pounds by the Muffle-Furnace Technique;

ASTM D 4833 – Test Method for Index Puncture Resistance of Geotextiles, Geomembranes and
Related Products;

ASTM D 5199 – Test Method for Measuring Nominal Thickness of Geotextiles and Geomembranes;

235
4. Controle de efluentes

ASTM D 5397-99 – Test Method for Evaluation of Stress Crack Resistance of Polyolefin Geomem-
branes Using Notched Constant Tensile Load Test;

ASTM D 5596-94 – Test Method for Microscopic Evaluation of the Dispersion of Carbon Black in
Polyolefin Geosynthetics;

ASTM D 5721-95 – Pratice for Air-Oven Aging of Polyolefin Geomembranes;

ASTM D 5885-97 – Test Method for Oxidative Induction Time of Polyolefin Geosynthetics by High
Pressure Differencial Scanning Calorimetry;

ASTM D 6693 – Test Method for Determining Tensile Properties of Nonreinforced Polyethylene and
Nonreinforced Flexible Polypropylene Geomembranes.

4.2.7 - BIBLIOGRAFIA

Koerner, R., (2005), Designing with Geosynthetics, Prentice Hall, 5 ED;

Narejo, D., Koerner, R.M. and Wilson-Fahmy, R.F., 1996, Puncture Protection of Geomembranes
Part I, II and III, Geosynthetics International, Vol. 3, No. 5;

Geosynthetic Research Institute (GRI), GM 13, (2006) – Test methods, Test properties and Testing
frequency for High Density Polyethylene (HDPE) Smooth and Textured Geomembranes;

Vertematti, J.C., (2004) Manual Brasileiro de Geossintéticos, São Paulo, Edgard Blücher.

236
4. Controle de efluentes

4.3 - PROTEÇÃO DE GEOMEMBRANAS

4.3.1 - GENERALIDADES

A proteção da geomembrana se faz necessária quando a mesma estiver em contato com superfícies
irregulares que possam vir a danificá-la mecanicamente, seja pela presença de pedras ou materiais
angulosos bastante pronunciados, presentes no solo, ou pela aplicação em superfícies existentes em
concreto. Existem ainda outras situações que colocam a geomembrana sob tensão, como trânsito
de equipamentos durante sua instalação, operação e manutenção. No caso de lagoas ou canais, a
presença de corpos flutuantes provocando perfurações, depressões e deslocamento causados pelo
vento, recalques naturais sofridos pelo solo, entres outros. Em todos esses casos ocorre a ruptura da
barreira impermeabilizante. O atrito nesta interface pode causar uma diminuição na espessura da
geomembrana, e esta última está intimamente relacionada à resistência apresentada pelo geossin-
tético.

Portanto, a proteção mecânica será conveniente em todos os casos em que não seja possível prover
o tratamento da superfície de apoio proporcionando a perfeita acomodação e assentamento da
geomembrana na face de contato. Esta proteção pode ser realizada como regularização de materiais
naturais, como solo ou pela inserção de elementos de origem geossintética na interface geomem-
brana-subleito, como geotêxteis ou georredes.

4.3.2 - INTRODUÇÃO

Mesmo quando se prepara o substrato com objetivo de oferecer uma superfície contínua (ausente
de cavidades e fissuras) ou regular (ausente de pontas agressivas), os sistemas de impermeabilização
com geomembranas instalados no fundo de um aterro sanitário, reservatório, canal ou pilha de
minério, estão sujeitos a grandes esforços durante sua instalação e operação. São esforços deterio-
rativos provenientes de cargas concentradas em contato com as superfícies inferior e/ou superior,
causando perfuração por puncionamento, rasgo ou estouro. Na maioria dos casos se recomenda o
aumento significativo da espessura da geomembrana, a fim de resistir às variáveis deteriorativas de
projeto.

A aplicação de uma camada de geotêxtil não-tecido com gramatura relevante é mais eficiente para o
aumento da resistência contra puncionamento do que o simples aumento da espessura da geomem-
brana. Além de absorver os esforços de puncionamento que incidiriam sobre a geomembrana, evita
a sua deteriorização e perda de estanqueidade. Vale lembrar ainda que o simples incremento da
espessura da camada de geomembrana em projeto nem sempre é a alternativa que melhor se
apresenta quando o valor requerido de resistência ao puncionamento fica muito distante do propor-
cionado pela geomembrana. Além da resistência da geomembrana aumentar com a introdução do

237
4. Controle de efluentes

geotêxtil, o mesmo absorve parte da carga de puncionamento resguardando a geomembrana de


ações mecânicas.

O uso de geotêxteis sob a geomembrana, além de protegê-la mecanicamente quanto aos esforços
supracitados provê uma superfície regular de trabalho para que se realizem as uniões entre painéis
por solda, acrescentando resistência por atrito à interface geomembrana / solo, prevenindo assim
esforços excessivos sobre a geomembrana ancorada por trincheira, ou permitindo taludes laterais
mais íngremes.

Adicionalmente os geotêxteis não-tecidos se mostram interessantes por apresentarem alongamento


superior a 50%, o que permite suportar sucessivas contrações e dilatações experimentadas pelas
geomembranas por efeito das variações térmicas.

Figura 4.3.1 – a) Lagoa de tratamento com geotêxtil em espera pela camada de geomembrana; b) geomembrana instalada sobre geotêxtil não-tecido.

4.3.3 - METODOLOGIA DE CÁLCULO

A metodologia para selecionar o geotêxtil mais adequado para a aplicação de proteção baseia-se
na resistência ao puncionamento da geomembrana, determinando a pressão que atuará sobre o
geotêxtil sob condições determinadas em projeto. Consideram-se ainda neste dimensionamento as
propriedades do geotêxtil, a espessura da geomembrana, a granulometria do solo, e a situação real
de projeto em que estes dois geossintéticos ficariam expostos. Em uma série de pesquisas, vários
autores apresentam um método de cálculo que enfoca a proteção de geomembranas com a utiliza-
ção de geotêxteis não tecidos agulhados através de sua gramatura. Esse método será apresentado a
seguir, com todas as suas considerações de projeto.

238
4. Controle de efluentes

Para esta aplicação é necessário, como primeiro parâmetro de dimensionamento, considerar um fa-
tor de segurança global (FS) que garanta a resistência do material com o valor requerido, frente a sua
principal função.Para esta aplicação é necessário, como primeiro parâmetro de dimensionamento,
considerar um fator de segurança global (FS) que garanta a resistência do material com o valor re-
querido, frente a sua principal função.

Em que:
FS = Fator de segurança (contra puncionamento da geomembrana);
Padm = Pressão admissível considerando diferentes tipos de geotêxtil sob condições específicas do
local (kPa);
Preq = Pressão atuante devido ao carregamento sobre a geomembrana.

Para o cálculo de Preq, utiliza-se seguinte equação:

Em que:
Preq = Pressão atuante sobre a geomembrana (kPa);
h = Altura do aterro ou profundidade do líquido (m);
γ = Peso específico do solo ou líquido (kN/m³).

Segundo um amplo número de experimentos de método de puncionamento hidrostático da norma


ASTM D5514, obteve-se uma relação empírica para a determinação de Padm:

Em que:
Padm = Pressão admissível (kPa);
M = Gramatura (g/m²);
H = Altura efetiva da protuberância (mm);
FMS = Fator de modificação devido à forma da protuberância;
FMDR = Fator de modificação devido ao espaçamento das protuberâncias;

239
4. Controle de efluentes

FMA = Fator de modificação devido ao carregamento sobre a geomembrana;


FRFL = Fator de redução por fluência do material (creep);
FRDQB = Fator de redução por degradação química e biológica a longo prazo.

Fator de segurança global

O fator de segurança global deve ser no mínimo 3.0, podendo ser maior para determinados tipos de
condições e restrições. O propósito deste fator de segurança é garantir a resistência contra o puncio-
namento da geomembrana por meio do uso do geotêxtil não-tecido, representando a condição de
estabilidade contra protuberâncias existentes no terreno que a geomembrana será aplicada, durante
sua vida útil (Tabela 4.3.1).

Tabela 4.3.1 – Fator de segurança global.


Espaçamento das Altura efetiva das Fator de segurança
protuberâncias protuberâncias (mm) global (mínimo)
6 3,0
12 4,5
Pedras isoladas 25 7,0
38 10,0

Pedras agrupadas 38 ou menos 3,0

Fator de modificação

Estes fatores representam as condições de campo a que estará exposta a geomembrana e o geotêxtil
para proteção. Os fatores de modificação deverão ser iguais ou inferiores a 1,0, como demonstra as
Tabelas 4.3.2, 4.3.3 e 4.3.4.

Tabela 4.3.2 – Fator de modificação devido


à forma da protuberância.
Forma da protuberância FMS
Angular 1,00
Intermediaria 0,50
Arredondada 0,25

240
4. Controle de efluentes

Tabela 4.3.3 – Fator de modificação devido ao es-


paçamento das protuberâncias.
Espaçamento da protuberância FMDR
Isolada 1,00
Próxima, 38mm 0,83
Próxima, 25mm 0,67
Próxima, 12mm 0,50

Tabela 4.3.4 – Fator de modificação devido ao car-


regamento sobre a geomembrana.
Sobrecarga FMA
Hidrostática 1,00
Magnitude de Baixa 0,75
cargas Intermediária 0,50
geostáticas Elevada 0,25

Fator de redução

Uma vez apresentados os fatores de modificação estabelecidos segundo o tipo e tamanho das
partículas presentes no subleito, é necessário adotar os fatores de redução para garantir a integri-
dade da geomembrana. São dois os fatores de redução, o primeiro envolve a fluência dos materiais
a longo prazo (creep), já o segundo considera possíveis degradações químicas e biológicas que o
geossintético pode experimentar durante sua vida útil.

241
4. Controle de efluentes

Tabela 4.3.5 – Fator de redução por fluência.


FRFL
Gramatura (g/m²) Altura efetiva da protuberância (mm)
38 25 12 6
Sem geotêxtil
N/R N/R N/R >>1,5
(apenas geomembrana)
270 N/R N/R >1,5 1,5
550 N/R 1,5 1,3 1,2
1100 1,3 1,2 1,1 1,0
>1100 ≈1,2 ≈1,1 ≈1,0 1,0

Tabela 4.3.6 – Fator de redução por degradação


química e biológica a longo prazo.
Tipo do lixiviado FRDQB
Chorume pouco agressivo 1,1
Chorume moderado 1,3
Chorume muito agressivo 1,5

Para situações não-aplicáveis, como, por exemplo, em canais de adução onde não haverá presença
de lixiviado, considerar o fator de redução/modificação igual a 1.

Por fim, a pressão admissível deve cumprir ainda a seguinte condição:

Em que Rpunc é a resistência ao puncionamento da geomembrana em kPa sem geotêxtil de proteção,


retirada da ficha de especificação técnica (www.maccaferri.com.br/downloads).

242
4. Controle de efluentes

Considerações gerais

Os parâmetros para a determinação da gramatura do geotêxtil podem ser assumidos segundo


requisitos específicos de obra.

Pode-se estimar como peso unitário típico de resíduos sólidos 12,56 KN/m³, para os casos em que
este valor real for desconhecido. Para o peso unitário dos líquidos, pode ser considerado o mesmo
valor da água: 9,81 kN/m³.

Deve-se considerar ainda que o método apresentado se baseia na aplicação de geotêxteis não-teci-
dos agulhados, fabricados a partir de polímeros virgens. Para outros tipos de geotêxteis e produtos,
este dimensionamento não é aplicável.

4.3.4 - EXEMPLO DE CÁLCULO

Exemplo 1

Deseja-se construir um aterro cujas medidas apresentam-se na Figura 4.3.2. O subleito onde será
apoiada a barreira impermeabilizante em geomembrana de 1,50 mm apresenta densa camada de
pedregulhos arredondados e grossos. Determinar a gramatura mínima do geotêxtil necessário para
proteger a geomembrana contra possíveis perfurações, causadas pela irregularidade do subleito.
Assumir que o sólido depositado pesa 12,56 kN/m³ e que a altura máxima de protrusão seja de
25,00 mm.

Figura 4.3.2 – Aterro de resíduos sólidos encapsulado por geomembrana.

243
4. Controle de efluentes

Solução:

Como não foi especificado o mínimo valor requerido para o fator de segurança, trabalharemos com
fator de segurança mínimo de 7,0 para protuberâncias de até 25 mm de altura:

Padm = FS . Preq

Padm = 7,00 . 20,00 . 12,56 = 1758,4 kPa

Utilizando as tabelas de fatores de redução e modificação, para a situação exemplificada teremos os


seguintes valores de fatores:

FMS Fator de modificação devido à forma da protrusão 0,25


Fator de modificação devido ao espaçamento da
FMDR 0,67
protuberância
Fator de modificação devido à carga sobre a
FMA 0,50
geomembrana
Em função da
FRFL Fator de redução por creep
gramatura
Fator de redução a longo prazo por degradação
FRDQB 1,30
química/biológica

244
4. Controle de efluentes

Daí tem-se:

Observa-se que na adoção de parâmetros da Tabela 4.3.5 para alturas de protuberâncias de 25 mm


não se pode usar geotêxteis com gramatura inferior a 550 g/m², portanto:

Finalmente, deve-se selecionar o geotêxtil com base na gramatura calculada e compará-la às es-
pecificações fornecidas pelo fabricante. Para a gramatura obtida de 398,85 g/m² e com base nas
exigências impostas pela Tabela 4.3.5, a gramatura mínima será de 550 g/m². Para fins comerciais,
seleciona-se a gramatura imediatamente superior que é de 600 g/m².

Portanto, conclui-se que, para evitar danos por puncionamento levando a falência do sistema de
impermeabilização, será necessário proteger a geomembrana de 1,50 mm de espessura com um
geotêxtil não-tecido agulhado de gramatura mínima de 600 g/m².

Verificando agora a pressão admissível em função da espessura. Para geomembrana de 1,50 mm de


espessura Rpunc = 48 kPa.

245
4. Controle de efluentes

4.3.5 - ANTECEDENTES

SAAE ITAPIRA
BRASIL, ITAPIRA - SP
Solução: PROTEÇÃO DE BARREIRA DE CONTROLE DE FLUXO
Produtos: Geomembrana MacLine® e Geotêxtil MacTex®

Problema

O projeto inicial previa a implantação de sistemas de


controle de fluxo de efluentes nas já existentes lagoas
de tratamento de esgoto da cidade de Itapira-SP. Para
impermeabilizar seria necessário o uso de uma solução
barata e de rápida aplicação.

Solução Figura 4.3.3 - Durante a obra

Para a impermeabilização dos muros decantadores dos


sistema de controle de fluxo, foram utilizadas geomembra-
nas em PEAD, mesmo material usado na impermeabiliza-
ção das margens e fundo das lagoas.
Para promover proteção mecânica contra possíveis danos
mecânicos na geomembranas, foi realizada a aplicação de
geotêxteis não tecidos agulhados de 400g/m² de grama-
tura. Essa solução, além de acrescentar certa resistência
ao puncionamento na geomembrana, possibilitou um
processo de instalação mais limpo e eficaz, uma vez que a
superfície sob a qual a geomembrana será soldada estará
totalmente revestida pelo geotêxtil.

Figura 4.3.4 - Durante a obra

Nome do cliente:
SAAE Itapira
Construtor:
Reno Construções Ltda
Produtos usados:
5.310,00 m² de Geomembrana MacLine® de 1,00 mm
1.150,00 m² de Filtro Geotêxtil MacTex® de 400 g/m²

Data da obra:
Início: Setembro / 2007
Término: Setembro / 2007 Figura 4.3.5 - Durante a obra

246
4. Controle de efluentes

Figura 4.3.6 - Seção Transversal Típica

Figura 4.3.8
Figura 4.3.7 - Durante a obra Figura 4.3.8 - Durante a obra

Figura 4.3.9 - Durante a obra Figura 4.3.10 - Obra concluída

247
4. Controle de efluentes

4.3.6 - NORMAS RELACIONADAS

ASTM D 4833 – Standard Test Method for Index Puncture Resistance of Geotextiles, Geomem-
branes, and Related Products;

ABNT 12569 – Geotêxteis – Determinação da espessura;

EN ISO 9863-1 – Geosynthetics – Determination of thickness at specified pressures Specifies a


method for the determination of the thickness of geosynthetic at specified pressures and defines the
pressure at which the nominal thickness is determined;

ABNT NBR 8419 – Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos;

ABNT NBR 15352 – Mantas termoplásticas de polietileno de alta densidade (PEAD) e de polietileno
linear (PEBDL) para impermeabilização;

ASTM D 792 – Specific Gravity (Relative Density) and Density of Plastics by Displacement;

ASTM D 1004 – Test Method for Initial Tear Resistance of Plastics Film and Sheeting;

ASTM D 5321 - Standard test method for Determining the coefficient of soil and geosynthetic or
geosynthetic and geosynthetic friction by the Direct Shear Method;

ASTM D5322-98 - Standard Practice for Immersion Procedures for Evaluating the Chemical Resis-
tance of Geosynthetics to Liquids;

ASTM D 5496-98 - Standard Practice for in Field Immersion Testing of Geosynthetics;

ASTM D5747-95a(2002) - Standard Practice for Tests to Evaluate the Chemical Resistance of
Geomembranes to Liquids;

ASTM D 1238 – Test Method for Flow Rates of Thermoplastics by Extrusion Plastometer;

ASTM D 1505-98e1 – Test Method for Density of Plastics by the Density-Gradient Technique;

ASTM D 1603-94 – Test Method for Carbon Black in Olefin Plastics;

ASTM D 3895-98 – Test Method for oxidative Induction Time of Polyolefins by Thermal
Analysis;

ASTM D 4218-96 – Test Method for Determination of Carbon Black Content in Polyethylene Com-
pounds by the Muffle-Furnace Technique;

248
4. Controle de efluentes

ASTM D 4833 – Test Method for Index Puncture Resistance of Geotextiles, Geomembranes and
Related Products;

ASTM D 5199 – Test Method for Measuring Nominal Thickness of Geotextiles and Geomembranes;

ASTM D 5397-99 – Test Method for Evaluation of Stress Crack Resistance of Polyolefin Geomem-
branes Using Notched Constant Tensile Load Test;

ASTM D 5596-94 – Test Method for Microscopic Evaluation of the Dispersion of Carbon Black in
Polyolefin Geosynthetics;

ASTM D 5721-95 – Pratice for Air-Oven Aging of Polyolefin Geomembranes;

ASTM D 5885-97 – Test Method for Oxidative Induction Time of Polyolefin Geosynthetics by High
Pressure Differencial Scanning Calorimetry;

ASTM D 6693 – Test Method for Determining Tensile Properties of Nonreinforced Polyethylene and
Nonreinforced Flexible Polypropylene Geomembranes.

4.3.7 - BIBLIOGRAFIA

Narejo, D., Koerner, R.M. and Wilson-Fahmy, R.F., 1996, “Puncture Protection of Geomembranes
Part II: Experimental”, Geosynthetics International, Vol. 3, No. 5, pp. 629;

Wilson-Fahmy, R.F., Narejo, D. and Koerner, R.M., 1996, “Puncture Protection of Geomembranes
Part I: Theory”, Geosynthetics International, Vol. 3, No. 5, pp. 605-628;

Koerner, R. M., (1998) Designing with Geosynthetics (4th Edition), Prentice Hall, USA. pp. 535 –
537.

249
4. Controle de efluentes

4.4 - DESIDRATAÇÃO DE LODOS

4.4.1 - GENERALIDADES

A desidratação de lodos consiste em confinar materiais, contaminantes ou não, que geralmente pos-
suem características geotécnicas muito pobres, em locais apropriados, com o objetivo de tratá-los,
possibilitando o seu encaminhamento a um local adequado à sua classe.

4.4.2 - INTRODUÇÃO

Encontrar um destino para o resíduo gerado por atividade industrial, lodos resultantes do tratamento
de esgoto ou material oriundo de dragagem de áreas sujeitas à presença de poluentes, é uma difícil
tarefa enfrentada por indústrias, empresas mineradoras e agropecuárias ao longo dos anos.

Para sanar estes problemas algumas técnicas de disposição de resíduos têm sido aplicadas, dentre elas
a utilização de tubos geotêxteis. A técnica de desidratação de lodos com tubos geotêxteis, conhe-
cida mundialmente como dewatering, permite reduzir o teor de umidade do material dragado, lama
ou lodo. Durante o bombeamento destes materiais para dentro dos tubos, é realizado o processo
de floculação, que consiste na adição de mistura química à água, fazendo com que suas impurezas
sejam decantadas. Assim se permite que a água seja filtrada através das aberturas de filtração do
geotêxtil. Posteriormente, estes tubos retêm os sedimentos e promovem uma efetiva desidratação,
reduzindo o volume e aumentando a porcentagem de matéria sólida (Pilarczyk 2000).

Os materiais de preenchimento podem ter diversas origens:

• Esgoto doméstico;
• Estação de tratamento de esgoto (ETE);
• Estação de tratamento de água (ETA);
• Lodo dragado de lagoa;
• Cinzas em suspensão;
• Descarte do processamento do carvão;
• Esgoto agrícola;
• Resíduos industriais.

A Maccaferri desenvolveu a solução denominada MacTube®, definida como um tubo constituído


por geotêxtil tecido de alta tenacidade fabricado em polipropileno ou poliéster. Este geossintético
possui dimensões variáveis (perímetro, comprimento e altura), sendo que a escolha para a utilização
de cada um deles depende principalmente da quantidade de material a ser contido, e da disponibili-
dade de espaço físico para acomodar os tubos durante o processo de desidratação.

250
4. Controle de efluentes

As características físicas e hidráulicas do geotêxtil componente da solução MacTube® tornam


possível sua utilização como filtro na composição de sistemas em que a drenagem tem papel fun-
damental, utilizados na disposição de rejeitos finos, a fim de filtrar as águas superficiais lançadas
constantemente por dragagem, provenientes da chuva ou do lançamento de rejeito.

O local para a deposição ou mesmo tratamento do material desidratado também depende de al-
gumas considerações, entre elas o reaproveitamento ou não do fluido drenado, devendo este ser
escolhido e preparado de acordo com a natureza dos contaminantes presentes.

Para que seja feito um eficiente sistema de coleta da parte líquida (por descarte ou reutilização), uma
área devidamente impermeabilizada com a utilização da geomembrana MacLine® deve ser provi-
denciada para a acomodação do MacTube®. Sobre esta geomembrana, recomenda-se a utilização
do geocomposto drenante MacDrain® R, que possui núcleo drenante com alta capacidade de vazão
mesmo sobre elevadas pressões (MacTube® preechido com resíduo), com a finalidade de drenar a
partícula líquida proveniente do interior do tubo.

4.4.3 - METODOLOGIA DE CÁLCULO

Dimensionamento referente às solicitações hidráulicas

O método de desidratação de lodos utilizando a solução MacTube® depende principalmente da


eficaz capacidade de filtração do geotêxtil que a compõe. Esta característica é muito importante,
pois permite que a parte líquida passe livremente através dos poros do geotêxtil, retendo somente
as partículas sólidas. No entanto, além do total conhecimento do material de preenchimento, é
necessário analisar diversos critérios determinantes para a correta escolha do geotêxtil a ser utiliza-
do. Segundo Vidal e Urashima (1999), fatores como a própria estrutura do geotêxtil, a estrutura do
meio a filtrar e as condições de solicitação podem alterar todo o processo de filtração.

Para a escolha do geotêxtil que melhor se presta ao caso de desidratação de lodos referente às
solicitações hidráulicas, algumas características técnica mínimas devem ser respeitadas e, para isso,
critérios como os estabelecidos por AASHTO Designation: M-288-00 – “Standard Specification for
Highway Applications”, devem ser seguidos. A Tabela 4.4.1 traz essas características.

Tabela 4.4.1 – Características técnicas mínimas do geotêxtil.


Norma Unidade Valor

-1
Permissividade ASTM D 4491 s 0,02

Abertura aparente de filtração ASTM D 4751 mm 0,60 (máx)

Resistência UV ASTM D 4355 % 50 (% retida após 500 horas)

251
4. Controle de efluentes

Eficiência do processo (filtração e desidratação)

Além das características de filtração do geotêxtil utilizado na confecção do MacTube®, deve ser avali-
ada a eficiência em filtração (EF) e desidratação (ED), ambas expressas em porcentagem. A eficiência
em filtração pode ser utilizada para analisar a capacidade de retenção dos sólidos, enquanto que
a eficiência em desidratação é o melhor indicador da capacidade de desidratação do sistema solo/
geotêxtil.

A eficiência em filtração (EF) é calculada segundo uma comparação entre o total de sólidos suspen-
sos ao final da filtração (TSSfinal) com o total de sólidos inicial (TSinicial):

Já a eficiência em desidratação (ED) é determinada a partir da comparação das porcentagens de


sólidos final (PSfinal) e inicial (PSinicial):

Dimensionamento referente às solicitações mecânicas

No que diz respeito às solicitações mecânicas a que o MacTube® estará submetido, Pilarczyk (2000)
comenta que os esforços de tração (longitudinais e transversais) atuantes são função da forma
da seção transversal assumida pelo tubo, que geralmente atinge sua tensão máxima no final do
preenchimento. Geralmente um tubo vazio estará sujeito somente às solicitações da fase de instala-
ção e, após seu posicionamento, a solicitação transversal, inicialmente nula, começa a aumentar du-
rante o preenchimento até alcançar o valor máximo, quando o tubo está totalmente preenchido. Ao
longo da desidratação, as pressões internas, assim como a altura do tubo, são reduzidas à condição
das solicitações impostas pelo peso próprio do material desidratado.

Ainda assim, é importante ressaltar a influência de diversos fatores, tais como a resistência na cos-
tura, os bocais de preenchimento, além dos fatores de redução impostos (fluência, danos de insta-
lação, danos ambientais e execução da costura em obra). Além desses fatores, é necessário o
conhecimento do equipamento de dragagem utilizado no preenchimento do MacTube®, assim como

252
4. Controle de efluentes

da pressão de bombeamento e, acima de tudo, da procedência do material de preenchimento, a fim


de estimar a variação de altura do material a partir da consolidação do mesmo.

Os tubos possuem ainda grandes variações com relação ao comprimento e à altura. A partir disso,
deve-se ter certa atenção com relação ao processo de preenchimento, já que uma vez iniciado, não
deve ser paralisado, havendo risco de consolidação irregular do MacTube®.

Análise da forma do material

Os primeiros cálculos referentes às solicitações mecânicas estão voltados para a forma da seção trans-
versal assumida pelo MacTube® depois de preenchido totalmente, em que geralmente o geotêxtil
estará sendo mais solicitado à tração. Os tubos podem assumir diversas formas, porém, para a
aplicação de desidratação de lodos, costuma-se adotar a forma de elipse achatada ou falsa elipse.
Esta forma se deve à consolidação (adensamento) que o material terá devido ao “solo” de preenchi-
mento, que geralmente possui características geotécnicas muito pobres, ou seja, são muito finos, de
baixa resistência ao cisalhamento, além de terem adensamento lento.

De acordo com Pilarczyk (2000), devido à dificuldade da realização do cálculo das diversas formas
que o MacTube® pode ter, assume-se a forma de círculo para facilitar o dimensionamento. A forma
circular é assumida para a seção transversal de um tubo com enchimento máximo, ϕ = 1, dificil-
mente conseguido em obra, e seu perímetro S e área A0 são obtidos respectivamente através de:

b-H

H
Ar

b
Figura 4.4.1 – Seção transversal em forma de falsa elipse (Castro 2005).

Analisando a Figura 4.4.1, tem-se que:

253
4. Controle de efluentes

Em que:
Sfe = perímetro da falsa elipse;
Afe = área da falsa elipse.

Assim, fazendo S = Sfe, tem-se:

Sendo que: , e

A estimativa de consolidação do MacTube® pode ser calculada através da equação:

Em que:
Gs = Densidade dos sólidos;
W0 = Teor de umidade inicial do material bombeado;
Wf = Teor de umidade final do material bombeado.

Cálculo dos esforços de tração

Algumas formulações foram desenvolvidas para a realização dos cálculos dos esforços de tração aos
quais MacTube® será submetido.

254
4. Controle de efluentes

Proposta de Leshchinsky e Leshchinsky

Segundo Leshchinsky e Leshchinsky (2002), esta formulação é baseada no equilíbrio de uma “casca”
flexível, e calcula a força de tração na circunferência dentro do tubo e sua geometria. Assume-se,
portanto, que:

• O problema é bidimensional;
• O geossintético é fino e flexível;
• O material de preenchimento possui más características geotécnicas;
• Não existem tensões cisalhantes entre a lama e o geossintético.

Por se tratar de uma metodologia de cálculo muito complexa, foi desenvolvido, por esse mesmo au-
tor, o software dominado GeoCoPSTM, que utiliza as seguintes equações como base:

Pressão hidrostática do lodo em qualquer profundidade x :

Em que:
po = pressão do bombeamento;
γ = peso específico médio do lodo.

Uma vez assumido que o problema é bidimensional e que não existem tensões cisalhantes entre o
lodo e o geotêxtil componente do MacTube®, calcula-se segundo a equação abaixo, a tensão T (con-
stante ao longo da circunferência), montando um equilíbrio de forças nas direções x e y.

Proposta de Liu, Goh e Silvester

Este método proposto por Silvester (1990), citado por Pilarczyk (2000), permite que se tenha uma
estimativa para a forma do MacTube® sujeito a distintas pressões e esforços de tração. Estimando
a altura inicial do tubo e utilizando o ábaco ilustrado na Figura 4.4.2 é possível realizar um cálculo
iterativo para convergir a um valor de H. Insta ressaltar que o peso específico (γ) utilizado para o
cálculo de tração através desse mesmo ábaco é o da água, ou seja, γ = 9.8 kN/m³ e que o dado de
entrada b1/S pode ser calculado pela equação abaixo:

Em que:
po = Pressão de enchimento;
H = Altura final do tubo após enchimento.

255
4. Controle de efluentes

Figura 4.4.2 – Ábaco proposto por Liu, Goh e Silvester.

Proposta de Kazimierowicz

A partir de algumas hipóteses assumidas por Kazimierowicz (1994), forma feitas análises em função
da pressão de enchimento (po), em que se consideraram três situações:

p0>>gH p0=0 p0=0


T=0,5 p0H T= 0,25 gH2 + 0,5p0H T= 0,25 gH2

Figura 4.4.3 – Hipóteses de Kazimierowicz.

256
4. Controle de efluentes

Em que:
γ = peso específico do material;
H = altura do tubo preenchido.

Deve-se ressaltar que haverá uma variação da pressão ao longo da altura do tubo durante a etapa
de preenchimento e, sendo assim, o segundo caso (po ≠ 0) é o que melhor representa a situação dos
tubos confeccionados com geotêxtil.

Fatores de redução

Segundo Vidal et al. (1999), os fatores de redução indicam a relação entre a propriedade índice e
a propriedade funcional do geossintético em consequência das condições específicas em cada pro-
jeto. Deve-se aplicar aos fatores de redução um fator de segurança englobando efeitos dificilmente
quantificáveis, como o tempo de aplicação das solicitações mecânicas e hidráulicas consideradas
no dimensionamento, as solicitações físico-químicas e a química dos meios adjacentes e eventuais
danos de instalação.

No caso da aplicação do MacTube® como desidratação de lodos, recomenda-se a utilização dos


seguintes fatores de redução:

Fluência (FRf) – 1,0;


Danos de instalação (FRdi) – 1,0;
Danos ambientais (FRda) – 1,0;
Costura (FRc) – 1,6.

4.4.4 - EXEMPLO DE CÁLCULO

Pretende-se dimensionar um MacTube® MT46 para aplicação em desidratação de lodos com


perímetro nominal S de 9,0 m e extensão L de 30,0 m, considerando o preenchimento com material
fino mal graduado com peso específico γmaterial = 14 kN/m³, e pressão de bombeamento po = 20 kPa,
peso específico da água γágua = 9,8 kN/m³ .

Como explicitado anteriormente, deve-se realizar o dimensionamento considerando as solicitações


hidráulicas e mecânicas.

Dimensionamento referente às solicitações hidráulicas:

Abertura aparente de filtração do MacTube® MT46 – 0,30 mm;


Abertura aparente de filtração requerido pela norma AASHTO – 0,60 mm (valor máximo).

0,30 < 0,60, portanto. 

257
4. Controle de efluentes

Dimensionamento referente às solicitações mecânicas:

O dimensionamento referente às solicitações mecânicas será realizado a partir da formulação de


Liu, Goh e Silvester. Para isso, estima-se a máxima pressão de enchimento do tubo para que o valor
possa ser inserido no ábaco da Figura 4.4.2.

Assim, a partir da equação:

Tem-se b1 = 4,18 mca (metros de coluna de água). Para o valor de entrada no ábaco, tem-se que
b1/S = 0,46, então:

B = 3,26 m;
B’ = 1,49 m;
H = 2,33 m;
H’= 0,93 m;
T = 31,75 kN/m.

A partir da folha de especificação técnica do MacTube® MT46 (www.maccaferri.com.br/downloads),


tem-se que sua resistência à tração longitudinal é 70 kN/m, e a transversal de 96 kN/m. Con-
siderando a aplicação dos fatores de redução citados anteriormente, obtém-se a resistência admis-
sível a tração para o MacTube® MT46.

43,75 > 31,75, portanto 


Conclui-se que a pressão de bombeamento do material para dentro do tubo é um dos fatores deter-
minantes para o correto dimensionamento.

A estimativa de consolidação do MacTube® será:

Δh = 0,83 m (≈35%)
Hfinal = 1,50 m

258
4. Controle de efluentes

4.4.5 - ANTECEDENTES

TAMPA BAY
EUA, TAMPA
DESIDRATAÇÃO DE LODOS
Produtos: MacTube®, MacLine® e MacDrain® R

Problema

Tampa é um cidade americana localizada na costa oeste


da Flórida. A cidade está rodeada por dois grandes rios:
Old Tampa Bay e Hillsborough Bay. Este último desemboca
na Baía de Hillsborough, passando diretamente frente ao
Downtown Tampa (centro da cidade) e abastecendo Tampa
com seus principais fontes de água. No entanto, devido
ao desenvolvimento da cidade, a quantidade de resíduo
urbano cresceu gradativamente. Por este motivo, o aterro
sanitário da cidade já não comportava mais a demanda im-
posta por estes resíduos, o que poderia involuntariamente
gerar estado de calamidade pública caso este problema
não fosse tratado.
Figura 4.4.4 - Durante a obra
Solução

A decisão sobre o sistema de contenção do resíduo urbano


mais eficiente para conter tal problema foi tomado com
base em uma série de estudos básicos, desde a classe
deste resíduo até o local em que a solução seria aplicada.
Optou-se pela solução MacTube® devido à facilidade con-
strutiva e principalmente pela capacidade de retenção de
material sólido que o geotêxtil tecido de alta tenacidade
tem. Com isso, o resíduo urbano ficou encapsulado no inte-
rior do tubo e a água pôde sair lentamente, fazendo com o
que MacTube® sofresse consolidação de aproximadamente
30% quando comparado à sua altura inicial (2,0 m). Além
disso, para que o sistema funcionasse corretamente sem
contaminar o solo local, instalou-se a geomembrana
MacLine® com 1,0 mm de espessura e o MacDrain® R para Figura 4.4.5 - Durante a obra
drenar a água proveniente do interior do tubo.

Nome do cliente:
Prefeitura Municipal de Tampa - EUA
Construtor:
Prefeitura Municipal de Tampa - EUA
Produtos usados:
20 peças de 40 m de comprimento de MacTube®
1000 m² de geomembrana MacLine®
1100 m² de geocomposto drenante MacDrain® R

Data da obra:
Início: Agosto / 2007 Figura 4.4.6 - Durante a obra
Término: Dezembro / 2007

259
4. Controle de efluentes

Geocomposto Drenante
MacDrain® R

Geomembrana
MacLine®

MacTube®

Figura 4.4.7 - Seção Transversal Típica

Figura 4.4.8 - Durante a obra Figura 4.4.9 - Durante a obra

Figura 4.4.10 - Durante a obra Figura 4.4.11 - Durante a obra

260
4. Controle de efluentes

4.4.6 - INSTALAÇÃO

Para que o MacTube® seja corretamente instalado no local desejado, deve-se inicialmente realizar
uma rápida regularização do local e, quando possível, uma impermeabilização utilizando a geomem-
brana MacLine®, com a finalidade de protegê-lo contra possíveis contaminantes. Além disso, a fim
de drenar todo o líquido proveniente das atividades de dragagem, é recomendada instalação do
geocomposto drenante MacDrain®R.

Durante as atividades de bombeamento é realizado o processo de floculação, que consiste em


adicionar um mistura química (sulfato de alumínio e cloreto férrico) à água fazendo com que suas
impurezas sejam decantadas. Como citado nos tópicos anteriores, o geotêxtil que compõe o
MacTube® possui excelente capacidade de filtração e, sendo assim, a parte líquida é drenada e a
parte sólida é retida no interior do tubo. Após esta etapa, o líquido drenado é analisado e, caso haja
a possibilidade, é enviado novamente no meio circundante.

Devido à redução do índice de vazios, a consolidação do MacTube® é certa. Porém, dependendo do


tipo de sólido contido, existe a possibilidade de reutilização deste material. Em caso de remoção do
lodo desidratado, o MacTube® deve ser cortado e o material seco removido com o auxílio de uma
pá-carregadeira ou retroescavadeira, sendo então levado a um aterro compatível com a classe do
material a ser disposto.

Tipos de draga

- Hidráulica;

A draga, localizada dentro ou fora da água, “suga” o material de preenchimento e, por meio de
um tubo coloca-o dentro do material geossintético. Para a realização desta etapa, recomenda-se a
utilização de uma bomba de descarga com diâmetro mínimo de 4”.

(a) (b)
Figura 4.4.12 – Equipamento de dragagem. a) Draga operando dentro da água; b) draga operando fora da água.

261
4. Controle de efluentes

- Mecânico-hidráulica;

Neste caso, um caminhão preenche um “hopper” (espécie de funil) com o material selecionado
e a draga bombeia água através de um tubo, a fim de realizar uma mistura e consequentemente
bombeá-la ao MacTube®. Para ambos os casos, é muito importante salientar que os tubos não de-
vem ser executados em etapas, pois isto pode prejudicar a consolidação da estrutura devido a pos-
sível alteração das características do material de preenchimento.

Figura 4.4.13 – Caminhão preenchendo o “hopper” com o material selecionado e a


draga bombeando água através de um tubo.

Bocais de preenchimento

Os bocais de preenchimento – fill ports - são bolsas costuradas na parte superior do MacTube®
durante o processo de fabricação. Estas bolsas são utilizadas para a realização do preenchimento
da solução e para dissipar o excesso de pressão que se acumula durante o preenchimento. Seu es-
paçamento é variável entre 8,0 m e 15,0 m dependendo da porcentagem de finos do material de
enchimento. Após a completa instalação, os bocais podem ser amarrados ou até mesmo cortados.

(a) (b)

Figura 4.4.14 – a) Esquema do MacTube® com os bocais de preenchimento; b) MacTube® preenchido por bocais e em funcionamento.

262
4. Controle de efluentes

4.4.7 - NORMAS RELACIONADAS

AASHTO (2000), Standard Specifications for Geotextiles Specification for Highway Applications -
M288-00, American Association of State Transportation and Highway Officials, Washington D.C;

ASTM D123 - 07 Standard Terminology Relating to Textiles;

ASTM D276 - 00a(2008) Standard Test Methods for Identification of Fibers in Textiles;

ASTM D4354 - 99(2004) Standard Practice for Sampling of Geosynthetics for Testing;

ASTM D4355-02 Standard Test Method for Deterioration of Geotextiles by Exposure to Light, Mois-
ture and Heat in a Xenon Arc Type Apparatus;

ASTM D4439-01 Standard Terminology for Geosynthetics;

ASTM D4491-99a(2004) Standard Test Methods for Water Permeability of Geotextiles by Per-
mittivity;

ASTM D4533-91(1996) Standard Test Method for Trapezoid Tearing Strength of Geotextiles;

ASTM D4632-91(2003) Standard Test Method for Grab Breaking Load and Elongation of Geotex-
tiles;

ASTM D4751 - 04 Standard Test Method for Determining Apparent Opening Size of a Geotextile;

ASTM D4759-02 Standard Practice for Determining the Specification Conformance of Geosyn-
thetics;

ASTM D4833 - 07 Standard Test Method for Index Puncture Resistance of Geomembranes and Re-
lated Products;

ASTM D4873-01 Standard Guide for Identification, Storage, and Handling of Geosynthetic Rolls and
Samples;

ASTM D5141 - 96(2004) Standard Test Method for Determining Filtering Efficiency and Flow Rate of
a Geotextile for Silt Fence Application Using Site-Specific Soil;

ASTM D5261-92(1996) Standard Test Method for Measuring Mass per Unit Area of Geotextiles;

ASTM D6140-00 Standard Test Method to Determine Asphalt Retention of Paving Fabrics Used in
Asphalt Paving for Full-Width Applications;

263
4. Controle de efluentes

ASTM D4595-86(2001) Standard Test Method for Tensile Properties of Geotextiles by the Wide-
Width Strip Method;

ASTM D4884-96 Standard Test Method for Strength of Sewn or Thermally Bonded Seams of Geo-
textiles.

4.4.8 - BIBLIOGRAFIA

Castro, N.P.B. (2005) Sistemas Tubulares para Contenção de Lodo e Sedimentos Contaminados. Dis-
sertação de mestrado, Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos, Brasil, 103 pg;

Kazimierowicz, K. (1994) Simple Analysis of Deformation of Sand-Sausages. 5th International Con-


ference on Geotextile, Geomembranes and related Products., Singapore, p. 775-778;

Leshchinsky, D., Leshchinsky, O. (1996). Geosynthetic Confined Pressurized Slurry (GeoCoPS): Suple-
mental Notes. Technical Report CPAR-GL-96-1, Waterways Experiment Station, US Army Corps of
Engineers, 54 p;

Pilarczyk, K.W. (2000). Geosynthetics and geosystems in hydraulic and coastal engineering. ISBN –
9058093026, Balkema;

Pilarczyk, K.W., Breteler, M.K., Stoutjesdijk, T (1998) Stability criteria for geosystems – An overview
– In: Sixth International Conference on Geosynthetics, pp 1165-1172;

Vidal, D.M., Urashima, D.C. (1999) Dimensionamento de Filtros e Drenos em Geossintéticos”


Geossintéticos ’99, Rio de Janeiro, Brasil, V.2, pp.111-126.

264
4. Controle de efluentes

4.5 - INSTALAÇÃO DAS GEOMEMBRANAS MACLINE®

Pretende-se aqui instruir, de maneira sucinta, a correta instalação das geomembranas MacLine® em
obras de proteção ambiental, abrangendo assim os itens 4.1 4.2 e 4.3 deste manual, devido à se-
melhança de aplicabilidade e performance da geomembrana em obras de aterros sanitários e lagoas
de tratamento. Abordam-se em primeiro lugar as etapas preliminares que, não menos importante
do que os procedimentos de instalação, consideram relevantes informações, que garantem a perfor-
mance do sistema de impermeabilização. O sucesso da instalação compreende o cumprimento de
todas as etapas, desde o correto armazenamento até as etapas de verificações de solda, e o registro
em relatórios para o controle de qualidade.

4.5.1 - ETAPAS E CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

Como etapa preliminar à instalação das geomembranas MacLine®, é importante consultar o projeto
básico que definirá a especificação da geomembrana a ser aplicada, levando em consideração às
solicitações físico-químicas, mecânicas e características de difusão que a mesma deve satisfazer.
Ainda no projeto básico será definida a quantificação da geomembrana, necessário para confirmar
se os rolos recebidos em obra atendem a metragem necessária para cobrir a área a ser impermeabi-
lizada.

Uma vez confirmado o recebimento do material, seguem os procedimentos de descarregamento e


armazenagem. O descarregamento deve ser realizado, de preferência, por empilhadeiras ou equipa-
mento equivalente, como caminhões “Munck”, tratores com pá, etc., os quais permitam o seu iça-
mento e movimentação segura. Não devem ser usados cabos ou cintas metálicas para o içamento,
o ideal é que este seja realizado por cintas de poliéster, e o mesmo deve ocorrer em dois pontos do
rolo para evitar deformações.

O armazenamento se realizará sobre uma área de estocagem que permita o desdobramento dos
rolos, para a modulação e corte dos painéis, definido no plano de instalação que visa minimizar o
comprimento de solda. A área de armazenamento deve apresentar-se livre de irregularidades e ob-
jetos duros ou cortantes na superfície. Em casos em que a superfície não atenda estas exigências,
armazena-los sobre tablado de madeira ou colchão de areia. Pode ser utilizado também um rolo
de geotêxtil estendido como preparação, sempre evitando o contato direto com solo impróprio. O
armazenamento deve assegurar por fim certa distância de agentes químicos e fontes de calor, sendo
armazenados os rolos por ordem de retirada, conforme modulação prevista no plano de instalação,
e o processo de abertura dos mesmos.

É de extrema importância considerar a ação da temperatura e condições climatológicas sobre os


painéis na ocasião da instalação. A temperatura causa dilatação e retração na geomembrana, se
levada em consideração essa condição evita-se possíveis agressões que a mesma possa sofrer.
Recomenda-se que a instalação e solda dos painéis sejam executadas nos períodos de menor tem-

265
4. Controle de efluentes

peratura, de maneira a reduzir as solicitações de tração por retração e evitar soldas em painéis com
rugas. Em períodos de chuvas, deve-se evitar a instalação, sendo retomado os trabalhos somente
sob condições de melhoria do tempo. É importante conhecer também o risco de granizo para deter-
minar a necessidade de eventual proteção ao impacto do mesmo.

Fica proibido o trânsito de pessoas sobre os painéis sem o calçado adequado e fumar durante a
instalação. Sendo importante minimizar as áreas de tráfego em contato direto com as geomem-
branas. Caso não seja possível a construção de rampas de acesso, o projeto executivo deve prever
vias de circulação e planejar o lançamento de uma camada de proteção para a geomembrana, de
tal forma que o equipamento avance sobre a camada já instalada. Esta camada de proteção pode
ser executada com geotêxteis, ou com outra geomembrana sobreposta. O avanço de veículos nos
taludes deve ser sempre ascendente, mas se não for possível, o projeto deve verificar a estabilidade
da geomembrana para o avanço descendente (peso do equipamento e ausência de cunha passiva
de ruptura do talude).

4.5.2 - PROCEDIMENTOS DE INSTALAÇÃO

Iniciam-se os procedimentos de instalação somente depois de assegurado pelo supervisor respon-


sável da obra que as condições do terreno são aceitáveis para o desenvolvimento dos painéis. O
terreno deve estar plano, estável, regularizado e livre de protuberâncias que possam colocar a
geomembrana em tensão. As depressões ou vazios devem estar preenchidas com solo, garantindo
assim um apoio uniforme.

Se as condições do substrato, mesmo que regularizado, não oferecer segurança a integridade do


painel, o mesmo deverá ser instalado sobre uma camada de 10 cm de areia de rio lavada, podendo
ser substituído por um geotêxtil antipuncionante de elevada gramatura, sempre que o solo natural
estiver bem razado e compactado.

O geotêxtil será do tipo agulhado e de fibras virgens em polipropileno (PP) ou poliéster (PET) com
gramatura superior a 250 g/m². Gramaturas inferiores ao apresentado não garantem o antipuncio-
namento à geomembrana.

Deve-se ter especial cuidado no apoio do painel na crista do talude ou em cantos vivos, se o mesmo
oferecer risco à geomembrana, prever a instalação do geotêxtil antipuncionante na interface de
apoio ou prever suavização (chanfro) da crista para minimização da tensão.

No caso de existência de vegetação, a mesma deverá ser eliminada mediante a esterilização do leito
de colocação, procurando não contaminar zonas adjacentes. Caso existam raízes aparentes, elas
deverão ser eliminadas, cortando-se pelo menos 10 cm abaixo do leito de colocação. Se por impos-
sibilidades administrativas ou locais não for possível obedecer as recomendações acima descritas,
prever a proteção mecânica das geomembranas.

266
4. Controle de efluentes

A proteção mecânica também será conveniente, nos casos em que agentes externos exerçam sobre
a mesma, tensões não previstas em projeto, como corpos flutuantes, tensões importantes causadas
pelo vento, proteção contra a ação de ondas, proteção contra protuberâncias, etc., que causam ten-
são, perfuração e ruptura da barreira geossintética. Os geossintéticos que protegem mecanicamente
as geomembranas são normalmente georredes, geocompostos e geotêxteis.

Uma vez obedecidas as recomendações acima, se iniciam a instalação dos painéis. Como prática
normal, o desenvolvimento e colocação de painéis só será realizado se a solda puder ser executada
logo após. Não deverá ser permitido o desenvolvimento de painéis, com algumas exceções, se a
solda for realizada em outro dia de trabalho.

A seqüência normal de instalação é começar por áreas topograficamente mais altas e em um plano
perpendicular à direção do vento à sotavento. Normalmente se começará nos taludes, logo no fundo
e finalmente o fechamento dos mesmos. Os painéis cortados se estenderão nos taludes seguindo a
linha de máxima pendente do mesmo e a borda do painel se prolongará a no mínimo 1,50 m do pé
do talude. Nas esquinas são aceitáveis as disposições de painéis em “leque” ou tipo “espinha”.

Os painéis devem ser posicionados de acordo com a sua numeração e seqüência previstas no projeto
executivo. Devem ser aplicados no sentido da máxima inclinação do talude e posicionados de forma
a se ter o mínimo possível de rugas ou ondas.

Para garantir a continuidade da geomembrana em toda a área a ser impermeabilizada e por conse-
quência da limitação das dimensões dos rolos, são necessárias sobreposições e solda entre os pai-
néis. A sobreposição entre painéis a serem emendados devem ser de aproximadamente 10 cm para
soldas por termo fusão e 7,5 cm, como mínimo, para soldas por extrusão. Antes do inicio da solda
as sobreposições devem estar limpas e isentas de umidade.

É recomendável não realizar sobreposições horizontais ao longo do talude. Caso seja inevitável,
recomenda-se que a emenda não esteja localizada na parte sua superior e nem a uma distância
menor que 15 cm do seu pé. No fundo, a sobreposição deve estar a uma distancia de 1,50 m do pé
do talude.

Iniciam-se nesta mesma etapa os procedimentos de ancoragem dos painéis. A ancoragem pode
ser realizada por meio de valas escavadas ou por engastamento no solo. Ambas disposições são
devidamente dimensionadas por metodologias que consideram as tensões atuantes e resistência da
geomembrana, e que são abordados no item 4.2.3 (Metodologias de cálculo – Dimensionamento de
ancoragem da geomembrana) deste manual.

As valas de ancoragem perimetrais são as mais utilizadas em sistemas de ancoragem de geomem-


branas, e garantem o estacionamento e conformação do painel junto ao substrato durante toda
a sua vida útil. São recomendados os seguintes valores mínimos para uma vala de ancoragem
escavada: distância da borda do talude de 50 cm, largura de 50 cm e profundidade de 50 cm. Estes
valores devem ser em função da altura e inclinação do talude.

267
4. Controle de efluentes

Quando bem construídas, as valas de ancoragem ainda evitam a formação de tensões na geomem-
brana, a sua perfuração, penetração de água em baixo da geomembrana por deslizamento do
suporte, entre outras benfeitorias.

Para o seu preenchimento utiliza-se o próprio solo escavado ou concreto, ou pode-se ainda exportar
solos finos e pouco permeáveis.

Realizar a abertura da vala de ancoragem com um mínimo de defasagem da colocação da geomem-


brana, para evitar a diminuição da sua seção por desbarrancamento dos lados, pelo efeito da chuva
ou do transito local. Preenche-la a cada dia sobre a parte do painel executado.

Para a ancoragem em superfícies de concreto, a mesma é realizada diretamente sobre o concreto


ou sobre uma esponja de neoprene de células fechadas, aderida à superfície do concreto por meio
de adesivo apropriado para neoprene. A fixação da geomembrana no concreto pode ser feita por
meio de um perfil metálico ou de plástico, preso ao concreto através de parafusos com porca, rebite
ou fixação especial.

Em um segundo caso pode fixar-se a geomembrana à um perfil do próprio polímero, engastado na


superfície do concreto ainda na ocasião da estrutura, soldada por extrusão ao perfil.

Como um último procedimento de instalação, são realizadas as soldas entre os painéis. Elas são
realizadas por aparelhos específicos e que garantem a fixação definitiva da geomembrana. Podem
ser realizadas por dois métodos construtivos: termo fusão com máquinas eletromecânicas (auto-
propelidas) ou extrusão com aporte de material de mesmo polímero da geomembrana.

O primeiro método utiliza a pressão e temperatura dos roletes da máquina eletromecânica,


conhecida também como cunha quente, onde pelo aquecimento das faces dos painéis e pressão
dos roletes realizam-se a solda definitiva sobre um duplo canal de solda, deixando uma câmara de
ar entre ambos os canais para a realização de ensaio de injeção de ar comprimido na pressão média
de 70 lbs, para a comprovação da estanqueidade.

O instalador dispensará especial cuidado na temperatura de solda da máquina, na pressão dos ro-
letes e na velocidade de solda, de tal modo que, em função das condições atmosféricas presentes,
se obtenha uma solda de qualidade.

O segundo método construtivo, solda por extrusão com aporte de material, consiste na deposição
de material fundido, de mesmo polímero de fabricação da geomembrana que é depositado na
superfície através de máquina extrusora portátil. Na extrusora o material pode ser alimentado na
forma de granulado ou aporte (cordão de solda ou monofilamento). Da mesma forma é controlada
a temperatura da máquina para garantir a fusão do material.

268
4. Controle de efluentes

Em tubulações e interferências, assim como em encontros de solda, acabamentos, reparos e paradas


de máquinas, o tipo de solda a realizar-se é a do tipo extrusão. Sua verificação de estanqueidade
é realizada por meio de caixa de vácuo ou fio metálico embebido no interior do cordão extrudado,
para teste de estanqueidade por faísca elétrica.

Os ensaios de injeção de ar em canal de dupla solda, caixa de vácuo e teste de faísca elétrica, somam
os chamados ensaios não destrutivos. Nestes métodos não há coleta de amostras para ensaios em
laboratório externos ou para verificações complementares, por isso recebem este nome. Quando são
retiradas amostras para verificação de solda como os ensaios de descolamento em alicate e cisalha-
mento em tensiômetro são os considerados ensaios destrutivos, onde é comparado para ambos os
métodos a tensão máxima aplicada para romper a solda com comparações à tabela de valores míni-
mos. Estas áreas são reparadas por emendas (manchões), que consistem em painéis retangulares
que sobrepõe-se no mínimo 100 mm a área à reparar.

Além dos ensaios supracitados é exigida a inspeção visual da área impermeabilizada garantindo a
conformidade de todas as soldas realizadas e anotações para o controle de qualidade.

4.5.3 - CONTROLE DE QUALIDADE

Depois de instalados, soldados e submetidos a testes de verificações de solda, a garantia de todos


os procedimentos de instalação é realizada por meio de anotações e relatórios que descrevem to-
das as eventualidades ocorridas durante a instalação. Coloca-se à responsabilidade do projetista o
escopo dos ensaios, a frequência e amostragem durante a sua realização, de acordo com o tipo e
com a responsabilidade da obra e condições locais. E é de responsabilidade do instalador comprovar
a qualidade da instalação através da apresentação das planilhas e relatórios com o registro de todos
os serviços executados, assim como o “as built”, para a composição do controle de qualidade.

Todos os projetos que possuem responsabilidade de risco ambiental devem exigir, com rigor, o con-
trole de qualidade da empresa instaladora, conforme a IGSBR GM 01/03.

Recomenda-se por fim a contratação de uma empresa fiscalizadora especializada para acompanhar
os serviços e o controle de qualidade da instalação.

269
4. Controle de efluentes

4.6 - TABELA DE RESISTÊNCIA QUÍMICA DO PEAD


Tabela de Resistência Química do PEAD

Comportamento Comportamento
Substância Concentração 20°C 60°C Substância Concentração 20°C 60°C
Abacaxi, suco de + + Ácidos aromáticos + +
Acetaldeído + ácido acético 90:10:00 + Ácidos graxos(>C6) + +até/
Acetaldeído; aquoso todas + / Acrilonitrila tecn.pura + +
Acetamida + + Acronal (R); dispersão comercial + /
Acetato de amônio; aquoso todas + + Açúcar de cana + +
Acetato de chumbo; aquoso todas + + Adubo líquido + +
Acetato de etila tecn.puro + / Agente separador + +
Acetato de sódio; aquoso todas + + Água amoniacal todas + +
Acetato de vinila + + Água clorada + /
Acetileno + Água de bromo saturada a frio +
Acelofenona + Água de cal + +
Acetona tecn.pura + +* Água de Javelle + até /
Ácido acetacético + Água de Labarraque + até /
Ácido acético glacial tecn.puro + /V Água destilada + +
Ácido acético 100% + /V Água do mar + +
Ácido acético; aquoso 70% + + Água mineral + +
Ácido acrílico, emulsões de + + Água oxigenada aquoso 10% + +
Ácido adípico, aquoso saturado + + Água oxigenada aquoso 30% + +
Ácido antraquinonossulfônico, aquoso + + Água oxigenada aquoso 90% + -
(susp )
Ácido arsênico; aquoso todas + + Água potável + +
Ácido ascórbico + + Água mãe de sal saturada + +
Ácido benzeno-sulfônico + +* Água –régia -
Ácido benzóico; aquoso todas + + Aguardente + +
Ácido fluorídrico; aquoso 40% 85% + / Aktivin (R) (clorimina; aquosa 1%) + +
Ácido bórico; aquoso todas + + Alcóois de cera tecn.puro / /
Ácido brômico conc. - Alcóois graxos + /
Ácido bromiárico aquoso 50% + + Álcool alilico 96% + +
Ácido butírico; aquoso todas + / Álcool amílico tecn.puro + +
Ácido carbólico + +V Álcool benzílico + +
Ácido cianídrico + + Álcool butílico + +
Ácido cítrico; aquoso saturado + + Álcool cetílico (hexadecanol) + +
Ácido cloracético(mono); aquoso todas + + Álcool de gordura de coco tecn.puro + /
Ácido clorídrico aquoso todas + + Álcool etilico 96% + +
Ácido clorossulfônico - Álcool etilico + ácido acético usual + +
Ácido crômico; aquoso** até 50% + -V (mistura de fermentação)
Ácido dicloracético 50% + + Álcool feniletílico + +
Ácido dicloracético tecn.puro + /V Álcool furturílico + +V
Ácido diglicólico; aquoso 30% + + Álcool isobutílico + +
Ácido dodecilbenzenossulfônico + / Álcool metílico + +
Ácido esteárico + / Álcool nonílico(nonanol) + +
Ácido etilenodiaminotetracético + + Álcool palmitílico + +
Ácido fluorbórico, aquoso + / Álcool propargílico; aquoso 7% + +
Ácido fluorsilícico 32% + + Alilacetato + + até/
Ácido fórmico; aquoso 10% + + Alilcloreto / -
Ácido fórmico; aquoso 85% + + Alúmen de cromo, aquoso todas + +
Ácido fosfórico; aquoso 50% + + Alumínio, cloreto de; sólido + +
Ácido fosfórico; aquoso 80% 95% + /V Alumínio, cloreto de; aquoso todas + +
Ácido iftálico, aquoso 50% + + Alumínio, fluoreto de concentrado + +
Ácido galotânico 10% + + Alumínio, hidróxido de + +
Ácido glicólico; aquoso até 70% + + Alumínio, metafosfato de + +
Ácido hipoclórico + até / / Alumínio, sulfato de; sólido + +
Ácido hipocloroso + até / / Alumínio, sulfato de; aquoso saturado + +
Ácido láctico; aquoso 10% 96% + + Alvejantes ópticos + +
Ácido maleico; aquoso até 100% + + Amaciantes + /
Ácido málico; aquoso 50% + + Amidas de ácidos graxos + /

270
4. Controle de efluentes

Ácido metacrílico + + Amido; aquoso até 100% + +


Ácido metilsulfúrico 50% + + Amido; xarope de + +
Ácido monocloracético + + Amilacetato tecn.puro + +
Ácido muriático; aquoso todas + + Amilcloreto 100% / -
Ácido nítrico** 25% + + Amilftalato + /
Ácido nítrico 50% / -V Aminoácidos + +
Ácido oléico + / Amoníaco; gasoso 100% + +
Ácido oxálico; aquoso todas + + Amoníaco; líquido +
Ácido palmítico + + Amoníaco; solução de + +
Ácido para baterias + + Amônio, acetato de; aquoso todas + +
Ácido perclórico; aquoso 20% + + Amônio; carbonato de todas + +
Ácido perclórico; aquoso 50% + / Amônio, cloreto de; aquoso todas + +
Ácido perclórico; aquoso 70% + -V Amônio, hidrosulfeto de; aquoso todas + +
Ácido pícrico; aquoso 1% + Amônio, metafosfato de + +
Ácido propiônico; aquoso todas + + Amônio, nitrato de; aquoso todas + +
Ácido salicílico + + Amônio, fosfato de; aquoso todas + +
Ácidosilícico; aquoso todas + + Amônio, sulfato de; aquoso todas + +
Ácido silicofluorídrico; aquoso todas + + Amônio, sulfeto de ; aquoso todas + +
Ácido succínico; aquoso 50% + + Amônio, tiocionato de + +
Ácido sulfídrico, aquoso saturado + + Anídrido acético tecn.puro + /V
Ácido sulfídrico seco 100% + + Anídrido arsênico + +
Ácido sultocrômico + - Anídrido carbônico; aquoso todas + +
Ácido sulfúrico fumegante todas - Anídrido carbônico; seco 100% + +
Ácido sulfúrico; aquoso até 50% + + Anilina; aquosa todas + +
Ácido sulfúrico; aquoso 70% + + Anilina; cloridrato de; aquoso todas + +
Ácido sulfúrico; aquoso 80% + + Anis, essência de / -
Ácido sulfúrico; aquoso 98% / -V Anissol / /até-
Ácido sulturoso + + Anono + /
Ácido tartárico; aquoso todas + + Anti espumantes + +até/
Ácido tricloracético; aquoso 50% + + Anticongelantes (automóvel) comercial + +
Ácido tricloracético tecn.puro + / até - Antimônio, cloreto de; anidro + +
Ácido tioglicólico + + Antimônio, pentacloreto de + +
Ácido úrico + + Antimônio, tricloreto de + +
Asfalto + /V Clophen (R) A50 e A60 + /até-
Aspirin*(R) + Clorato de sódio; aquoso saturado + +
Azeite de Oliva + + Cloreto benzílico / -
Banho de branqueio + até/ - Cloreto benzoílico / /
com cloro 12,5% de cloro ativo** Cloreto de alumínio; aquoso todas + +
Banhos eletrolíticos +até/ / Cloreto de alumínio; sólido + +
para galvanotécnica Cloreto de amônio; aquoso todas + +
Bário, hidróxido de; aquoso todas + + Cloreto de antimônio; anidro + +
Bário, sais de; aquosos todas + + Cloreto de cálcio; aquoso todas + +
Bebidas alcóolicas + Cloreto de cobre; aquoso + +
Benzaldeído: em álcool isopropílico 1% + + Cloreto de estanho II; aquoso todas + +
Benzaldeído; aquoso todas + +até/ Cloreto de ferro III, aquoso todas + +
Benzeno tecn.puro / / Cloreto de magnésio; aquoso todas + +
Benzoato de sódio; aquoso 35% + + Cloreto de mercúrio + +
Benzoato de sódio + + Cloreto de metila /
Betume + /V Cloreto de metileno / /**
Bicarbonato de potássio; aquoso todas + + Cloreto de níquel + +
Bicarbonato de sódio + + Cloreto de potássio; aquoso todas + +
Bicromato de potássio; aquoso todas + + Cloreto de sódio; aquoso todas + +
Bicromato ácido-sulfúrico conc. + - Cloreto de zinco; aquoso todas + +
Bierkuloer comercial + + Cloreto férrico; aquoso todas + +
Bismuto; sais de + + Cloreto sulfúrilico -

271
4. Controle de efluentes

Bissulfato de potássio; aquoso todas + + Cloreto tionílico -


Bissulfato de sódio + + Cloridrato de anilina; aquoso todas + +
Bissulfito de sódio; aquoso todas + + Cloridrato de fenilhidrazina + -
Bissulfito; lixívia de + + Clorito de sódio; aquoso 50% +
Borato de potássio; aquoso 1% + + Cloro; banho branqueador com +até/ -
Borato de sódio + + com 12,5% de cloro ativo**
Borax; aquoso todas + + Cloro; gasoso, seco / -
Boro, trifluoreto de + +até/ Cloro; gasoso, úmido / -
Bromato de potássio; aquoso até 10% + + Cloro, líquido -
Brometo de lítio + + Clorobenzeno / -
Brometo de metila; gasoso tecn.puro / - Cloroetanol tecn. puro + +V
Brometo de potássio; aquoso todas + + Clorofórmio tecn.puro /até- -
Brometo de sódio + + Clorometila; gasosa tecn.pura / -
Bromo, água de saturada a frio + Cloropicrina +até/ -
Bromo, líquido 100% - Cobre, cloreto de; aquoso + +
Bromo, vapores de - Cobre, fluoreto de; aquoso + +
Bromocloremetano - Cobre, nitrato de; aquoso 30% + +
Butandiol; aquoso todas + + Cobre, sais de; aquosos saturado a frio + +
Butano; gasoso + Cobre, sulfato de; aquoso todas + +
Butanol; aquoso todas + + Coco, álcool de gordura de tecn.puro + /
Butanona + /até- Coco, óleo de + /
Butantriol; aquoso todas + + Cola + +
Butilacetato tecn.puro + / Cola holandesa(glutina) comercial + +
Butilacrilato + / Combustível diesel + /
Butilbenzilftalato + + Concentrados de cola + +
Butilenoglicol tecn.puro + + Condensado de vapor saturado + +
Butilfenol tecn.puro + + Conhaque +
Butoxila(R)(metoxibutilacetato) todas + / Corantes +V +V
Cal clorada + + Creosoto + +V
Cálcio, carbono de + + Cresol 100% + /V
Cálcio, carbureto de + + Cresol; aquoso diluído + +V
Cálcio, cloreto de; aquoso todas + + Cromato de potássio; aquoso 40% + +
Cálcio, fosfato de + + Cromato de sódio + +
Cálcio, hidróxido de + + Cromo, alumen de; aquoso todas + +
Cálcio, hipoclorito de; aquoso(Susp.) todas + + Cromo, lama de anodos de + +
Cálcio, nitrato de; aquoso 50% + + Cromo, sais de; aquosos todas + +
Cálcio, óxido de (pó) + + Cromo, trióxido de, aquoso** até 50% + -V
Cálcio, sulfato de + + Crotonaldeído tecn.pura + /
Cal + + Cumarona, resinas de + +
Cal, água de + + Dimetilamina + /
Cânfora + / Dimetilformamida tecn.pura + +até/
Carbazol + + Dimetilsulfóxido + +
Carboleína para árvore frutíferas; +V /V Dioctilftalato + /
aquosa
Carbonato de amônio todas + + Dioxano + +
Carbonato de cálcio + + Dióxido de carbono 100% + +
Carbonato de magnésio + + Dióxido de enxofre; aquoso todas + +
Carbonato de potássio; aquoso todas + + Dióxido de enxofre; seco e úmido todas + +
Carbonato de sódio; aquoso todas + + Dispersões de (R) Mowilich + +
Carbonato de zinco + + Dispersões de borracha (látex) + +
Carbureto de cálcio + + Dispersões; aquosas +
Caruma, essência de + / Dodecilbenzenosulfonato de sódio + +
Cera de abelhas + /até- DOP-di-2-etil-hexilftalato + /
Cera, alcóois de tecn.puro / / Decaidronaftalina (R) Dekalin tecn.pura + /
Ceras + +até/ Defensivos agrícolas; aquosos usual na prática + +
Cervejas + + Dekalin (R) tecn.pura + /

272
4. Controle de efluentes

Cetonas +até/ /até- Detergentes + +


Chucrute + + Detergentes para louça usual + +
Chumbo-tetraetila + Detergentes sintéticos conc.de uso + +
Chumbo, acetato de; aquoso todas + + Dextrina; aquosa 18% + +
Cianeto de potássio; aquoso todas + + Dextrose + +
Cianeto de sódio + + Di-2-etil-hexiftalato(DOP) + /
Ciclanonas(sulfonato de álcool graxo) comercial + + Dibrometo de etileno / -
Ciclohexanol + + Dibromometano (1;2-) / -
Ciclohexanona + / Dibutilftalato tecn.puro + /
Ciclohexano + + Dibutilsebato + /
Cidra + + Dicloreto de etileno / -
Clorato de potássio; aquoso todas + + Fosfato tricresílico + +
Dicloreto de propileno 100% - Fosfato trioctílico + /
Diclorobenzeno / - Fosfato trissódico + +
Diclorodifeniltricloroeteno (DDT; pó) + + Fosfatos; aquosos todas + +
Dicloroetano / / Fósforo, oxicloreto de + /
Dicloroetileno - Fósforo, pentóxido de 100% + +
Dicloropropano / - Fósforo, tricloreto de + /
Dicloropropeno / - Fosgênio, líquido 100% -
Dicromato de sódio + + Fosgênio, gasoso 100% -
Diesel; combustível + / Frigen 12 (R) Freon 12 (R) 100% / -
Dietilcetona + / Frutas, suco de usuais + -
Dietilenoglicol + + Furfurol + /
Difenilamina + / Gás clorídrico; seco e úmido + +
Diisobutilcetona tecn.pura + até- Gases de escape com ácido carbônico todas + +
Emulsionantes + + Gases de escape com ácido clorídrico todas + +
Emulsões de ácido acrílico + + Gases de escape com ácido fluorídrico traços + +
Enxofre + + Gases de escape com ácido sulfúrico todas + +
(úmido)
Enxofre; dióxido de; aquoso todas + + Gases de escape nitrosos traços + +
Enxofre; dióxido de; seco e úmido todas + + Gases de escape com óxido de carbono + +
Enxofre; trióxido de - Gases de escape com SO2 mínima + +
Ephetin(R); aquoso 10% + + Gases de ustulação, secos todas + +
Epicloridrina + + Gasolina tecn. pura + +até/
Espermacete + / Fosfato de tri-ß-cloretileno + +
Essência de ânis / - Fosfato dissódico + +
Essência de caruma + / Fosfato tributílico + +
Essência de terebentina tecn. pura +até/ / Gasolina comum + /
Essências etéricas / - Gasolina para testes tecn. pura + +até/
Estearato de zinco + + Gasolina-Benzeno-Mistura 80/20 + /
Ester adípico + / Gelatina + +
Ester butílico de ácido acético + / Genatin (R) + +
Ester butílico de ácido glicólico + + Gin +
Ester de ácido clorocarbônico + / Glauber, sal de; aquoso todas + +
Ester etílico de ácido acético + / Glicerina; aquoso até 100% + +
Ester etílico de ácido monocloroacético + + Glicerinocloridrina + +
Estanho II, cloreto de; aquoso todas + + Glicocol + +
Ester ftálico + +até/ Glicol; aquoso comercial + +
Ester metílico de ácido bórico + /até- Glicose; aquoso todas + +
Ester metílico de ácido dicloracético + + Glysantin (R) + +
Ester metílico de ácido + + Gordura animal + /
monocloracético
Esteres alifáticos tecn.puro + +até/ Gordura de coco, álcool de tecn.pura + /
Estireno / - Grisiron (R) 8302 / /
Etano + + Grisiron (R) 8702 + +
Etanol 96% + + Halothan (R) / /até-
Éter +até/ /* Heptano + /

273
4. Controle de efluentes

Éter de petróleo + / Hexacianoferrato de potássio; aquoso todas + +


Éter dibutílico +até/ - Hexacianoferrato de sódio + +
Éter dielítico +até/ /* Hexano + /
Éter diisopropílico +até/ - Hexantriol + +
Éter etílico tecn.puro +até/ /* Hidrato de cloral; aquoso todas + +V
Éter isopropílico tecn.puro +até/ - Hidrato de hidrazina + +
Éter sulfúrico +até/ /* Hidráulica; fluido para + /
Etil-hexanol (2-) + / Hidrocloreto de fenilhidrazina + -
Etilbenzeno tecn.puro / Hidrogênio 100% + +
Etilcloreto tecn.puro / Hidroquinona +V +V
Etileno + / Hidrosulfeto de amônio; aquoso todas + +
Etileno, dibrometo de / - Hdrosulfito; aquoso até 10% + +
Etileno, dicloreto de (dicloroetano) / - Hidróxido de alumínio + +
Etileno, óxido de; gasoso tecn.puro + + Hidróxido de bário; aquoso todas + +
Etilenodiamina tecn.puro + + Hidróxido de cálcio + +
Etilenoglicol + + Hidróxido de magnésio + +
Euron B (R) / / Hidróxido de potássio; aquoso 30% + +
Euron G (R) + + Hidróxido de sódio; aquoso todas + +
Extrato de café + + Hidróxido de sódio; sólido + +
Fenilhidrazina tecn.puro / /até- Hidroxilamina, sulfato de; aquoso 12% + +
Fenilhidrazina, cloridrato de + - Hipoclorito de cálcio; aquoso (Susp.) todas + +
Fenilsulfonato (dodecilbenzeno- Hipoclorito de sódio; aquoso com +
sulfanato de sódio) + + com 12,5% de cloro ativo ** + -
Fenol + +V Hipoclorito de sódio; seco +
potássio; aquoso + + Iodeto de magnésio + +
Ferro cloreto de (III); aquoso todas + + Iodeto de potássio; aquoso todas + +
Ferro; sulfato de; aquoso todas + + Iodo-iodeto de potássio 3% iodo + +
Ferrocianeto de sódio + + Iodo, tintura de DAB 6 comercial + /V
Fertilizantes; sais; aquoso todas + + Isooctano + /
Fígado; óleo de + / Isopropanol (álcool isopropílico) tecn.puro + +
Fixador; sal; aquoso todas + + Isopropilacetato 100% + /
Fixador; sal; sólido + + Isopropileter tecn.puro +até/ -
Fluido hidráulico + / Javelle, água de +até/
Fluido para freios + + Lactose + +
Fluido para perfurações Hoechst / / Lama de anodos de cromo + +
Fluor; gasoso - Lama de zinco + +
Fluoreto de alumínio conc. + + Lanolina (suarda) + +
Fluoreto de cobre; aquoso + + Laranja, suco de + +
Fluoreto de potássio; aquoso todas + + Látex + +
Fluoreto de sódio + + Leite + +
Fluorsilicato de magnésio + + Leite, soro de + +
Formaldeído; aquoso 40% + + Lêvedo + +
Formamida + + Licor +até/ -
Fosfato de amônio; aquoso todas + + Linhaça, óleo de tecn.pura + +
Fosfato de cálcio + + Lítio; brometo de + +
Fosfato de sódio; aquoso saturado + + Óleo de silicone tecn.puro + +
Lixívia de bissulfito + + Óleo de soja + +
Lixívia de sabão; aquoso todas + + Óleo de vaselina tecn.puro +até/ /
Lysol (R) + / Óleo mineral sem aditivos + +até/
Magnésio, carbonato de + + Óleo para fusos +até/ /
Magnésio, cloreto de; aquoso todas + + Óleo para máquinas + /
Magnésio, fluorsilicato de + + Óleo para motores (Óleo HD) + +até/
Magnésio, hidróxido de + + Óleo para motores 2 tempos + /
Magnésio, iodeto de + + Óleo para transformadores tecn.puro + /
Magnésio, sais de; aquoso todas + + Óleos etéricos / -

274
4. Controle de efluentes

Magnésio, sulfato de; aquoso todas + + Óleos lubrificantes tecn.puro + +até/


Maionese + Óleos aromáticos / /até-
Manganês, sulfato de + + Óleos vegetais e animais + +até/
Manteiga + Oxicloreto de fósforo + /
Margarina + + Óxido de cálcio (pó) + +
Marmelada + + Óxido de etileno; gasoso tecn.puro + +
Massas de moldagem de resina + + Óxido de propileno + +
fenólica + + Óxido de zinco + +
Mel de abelhas + / Óxido difenílico + /
Melaço + + Oxigênio todas + +
Menta-Pimenta, óleo de + Ozônio 50pphm / -
Mentol + / Paraformaldeído + +
Mercúrio + + Pentacloreto de antimônio + +
Mercúrio, cloreto de + + Pentanol +
Mercúrio, sais de + + Pentóxido de fósforo 100% + +
Metafosfato de alumínio + + Perborato de potássio + +
Metafosfato de amônio + + Perborato de sódio; aquoso todas + /
Metanol tecn.puro + + Perclorato de potássio; aquoso até 10% + /
4-Metil2-Pentanol + + até/V Perclorato de potássio; aquoso 1% +
Metila, brometo de; gasoso tecn.puro / - Perclorato de sódio; aquoso + +
Metila, cloreto de / Percloroetileno / -
Metilacrilato + + Permanganato de potássio + +V
Metilbenzeno / - Permanganato de potássio; aq. até 6% + +V
Metilciclohexano / /até- Peróxido de sódio; aquoso 10% + +
Metileno, cloreto de / /** Peróxido de sódio; aquoso saturado /
Metiletilcetona tecn.puro + /até- Persulfato de potássio; aquoso todas + +
Metilglicol + + Petróleo + /
Metilisobutilcetona + /até- Petróleo, éter de + /
Metilmetacrilato + + Piridina + /
Metilpirrolidina (n-) + + Plastificantes de poliéster + +até/
Metilpropilcetona + / Poliéster, resinas de / -
Metilsalicilato (éster metílico Poliglicois + +
de ácido salicílico) + / Polpa de frutas + +
Metoxibutanol + / Polysolvan O (R) éster butílico
Metoxibutilacetato (Butoxil (R)) + / de ácido glicólico + +
Milho, óleo de + / Potassa cáustica + +
Mistura de Gasolina-Benzeno 80/20 + / Potassa cáustica 50% + +
Mocotó, óleo de + + Potássio-alumínio, sulfato de; aquoso todas + +
Monoclorobenzeno / - Potássio, bicarbonato de; aquoso todas + +
Mordentes para madeira usuais + +até/ Potássio, bicromato de; aquoso todas + +
Mordentes para metais (decapantes) + Potássio, bisulfato de; aquoso todas + +
Morfolina + + Potássio, borato de; aquoso 1% + +
Mostarda + + Potássio, bromato de; aquoso até 10% + +
Mosto + + Potássio, brometo de; aquoso todas + +
Mosto de melaço + + Potássio, carbonato de; aquoso todas + +
Mowilith (R), dispersões de + + Potássio, cianeto de; aquoso todas + +
Nafta + / Potássio, clorato de; aquoso todas + +
Naftalina + / Potássio, cloreto de; aquoso todas + +
Nicotina + + Potássio, cromato de; aquoso 40% + +
Níquel, cloreto de + + Potássio, ferrocianeto de; aquoso todas + +
Níquel, nitrato de + + Potássio, fluoreto de; aquoso todas + +
Níquel, sais de; aquoso + + Potássio, hexacianoferrato de; aquoso todas + +
Níquel, sulfato de; aquoso todas + + Potássio, persulfato de; aquoso todas + +
Nitrato de amônio, aquoso todas + + Potássio, hidróxido de; aquoso 30% + +
Nitrato de cálcio, aquoso 50% + + Potássio, iodeto de; aquoso todas + +

275
4. Controle de efluentes

Nitrato de cobre, aquoso 30% + + Potássio, nitrato de; aquoso todas + +


Nitrato de níquel + + Potássio, perborato de + +
Nitrato de potássio, aquoso todas + + Potássio, perclorato de; aquoso até 10% + /
Nitrato de prata + + Potássio, perclorato de; aquoso 1% +
Nitrato de prata, aquoso todas + + Potássio, permanganato de + +V
Nitrato de sódio, aquoso todas + + Potássio, permanganato de; aquoso até 6% + +V
Nitrito de sódio, aquoso todas + + Potássio, persulfato de; aquoso todas + +
Nitrobenzeno + / Potássio, sulfato de; aquoso todas + +
Nitrocelulose + Potássio, sulfeto de + +
Nitrotolueno (o-) + / Potássio, sulfito de + +
Nozes, óleo de + / Potássio, tetracianocuprato de + +
Octilcresol tecn.puro / - Potássio, tiossulfato de + +
Óleo canforado - Prata, nitrato de + +
Óleo combustível + / Prata, nitrato de; aquoso todas + +
Óleo de alcatrão de hulha +V /V Prata, sais de; aquoso saturado a frio + +
Óleo de coco + / Preparados vitamínicos; secos (em pó) + +
Óleo de fígado + / Propanol + +
Óleo de linhaça tecn.pura + + Propanol (i-) (álcool i-propílico) tecn.puro + +
Óleo de menta-pimenta + Propanol (n-) (álcool n-propílico) + +
Óleo de milho + / Propileno, dicloreto de 100% -
Óleo de mocotó + + Propileno, óxido de + +
Óleo de nozes + / Propilenoglicol + +
Óleo de palmiste + + Pseudocumol / /
Óleo de parafina + + Querosene + /
Óleo de rícinio (mamona) + + Suco de laranja + +
Quinino + + Suco de tomate + +
Régia, água - Sucos cítricos + +
Removedor de esmalte de unhas + / Sucos de frutas usuais + +
Removedor de manchas +até/ / Sucos de frutas; fermentados + +
Resina tenólica, massa de modelagem + + Sucos de frutas; não fermentados + +
Resinas de cumarona + + Sulfato de alumínio; aquoso saturado + +
Resinas de poliéster / - Sulfato de alumínio; sólido + +
Reveladores fotográficos, soluções +V +V Sulfato de amônio; aquoso todas + +
Sabão em pasta + + Sulfato de cálcio + +
Sabão, lixívia de; aquosa todas + + Sulfato de cobre; aquoso todas + +
Sabões líquidos + + Sulfato de ferro; aquoso todas + +
Sabões metálicos + + Sulfato de hidroxilamina; aquoso 12% + +
Sagrotan (R) + / Sulfato de magnésio; aquoso todas + +
Sais, de bário; aquosos todas + + Sulfato de manganês + +
Sais de bismuto + + Sulfato de níquel; aquoso todas + +
Sais de cobre; aquosos saturado a frio + + Sulfato de potássio-alumínio; aquoso todas + +
Sais de cromo; aquoso todas + + Sulfato de potássio; aquoso todas + +
Sais de magnésio; aquosos todas + + Sulfato de sódio; aquoso saturado a frio + +
Sais de mercúrio + + Sulfato de zinco; aquoso todas + +
Sais de níquel; aquosos + + Sulfato dissódico + +
Sais de prata; aquosos saturado a frio + + Sulfatos; soluções aquosas todas + +
Sais de zinco; aquosos todas + + Sulfeto de amônio;aquoso todas + +
Sais fertilizantes; aquosos todas + + Sulfeto de carbono /
Sal, água-mãe de saturada + + Sulfeto de potássio + +
Sal amargo; aquoso todas + + Sulfeto de sódio; aquoso saturado + +
Sal comum; aquoso todas + + Sulfito de potássio + +
Sal de Glauber; aquoso todas + + Sulfonato de álcool graxo (ciclanonas) comercial + +
Sal fixador; aquoso todas + + Tetrabrometano /até- -
Sal fixador; sólido + + Tetracianocuprato de potássio + +
Sebo bovino + / Tetracloretano /até- -

276
4. Controle de efluentes

Sebo tecn.puro + + Tetracloreto de carbono tecn.puro /até- -


Silicato de sódio; aquoso todas + + Tetraetila de chumbo +
Silicato + + Tetrahidrofurano tecn.puro +até- -
Silicone; óleo de tecn.puro + + Tetrahidronaftalina ( Tetralin (R)) tecn.puro + -
Soda cáustica + + Tinta + +
Sódio, acetato de; aquoso todas + + Tintura de iodo; DAB 6 comercial + /V
Sódio, benzoato de + + Tiocianato de amônio + +
Sódio, benzoato de; aquoso 35% + + Tiofeno / -
Sódio, bicarbonato de + + Tricloretileno tecn.puro +até/ -
Sódio-alumínio, sulfato de + + Tricloreto de antimônio + +
Sódio, bissulfato de + + Tricloreto de fósforo + /
Sódio, bissulfato de; aquoso todas + + Triclorobenzeno - -
Sódio, borato de + + Trietanolamina + +V
Sódio, brometo de + + Trietilenoglicol + +
Sódio, carbonato de; aquoso todas + + Trifluoreto de boro + +até/
Sódio, cianeto de + + Trilon (R) + +
Sódio, clorato de; aquoso saturado + + Trimetilborato + /até-
Sódio, cloreto de; aquoso todas + + Trimetilpropano; aquoso + +
Sódio, clorito de; aquoso 50% + Trióxido de cromo; aquoso** até 50% + -V
Sódio, cromato de + + Trióxido de enxofre -
Sódio, dicromato de + + Tutogen U (R) + +
Sódio, dodecilbenzenossulfonato + + Tween 20 e 80 (R) + -
Sódio, ferrocianeto de + + Uísque +
Sódio, fluoreto de + + Ureia; aquoso até 33% + +
Sódio, fosfato de; aquoso saturado + + Tiossulfato de potássio + +
Sódio, hexacianoferrato de + + Tiossulfato de sódio; aquoso saturado + +
Sódio, hidróxido de; aquoso todas + + Tira-manchas +até/ /
Sódio, hidróxido de; sólido + + Tolueno tecn.puro / -
Sódio, hipoclorito de; aquoso + - Tomate, suco de + +
com 12,5% de cloro ativo** Tri-ß-cloretileno, fosfato de + +
Sódio, hipoclorito de; seco + Urina + +
Sódio, nitrato de; aquoso todas + + Vaselina tecn.puro +até/ /
Sódio, nitrato de; aquoso todas + + Vaselina, óleo de tecn.puro +até/ /
Sódio, perborato de; aquoso todas + / Vinagre de vinho comercial + +
Sódio, perclorato de; aquoso + + Vinho +
Sódio, peróxido de; aquoso 10% + + Vinila, acetato de + +
Sódio, peróxido de; aquoso saturado / Vitamina C + +
Sódio, silicato de; aquoso todas + + Vitaminas, preparados de; seco (em pó) + +
Sódio, sulfato de; aquoso saturado a frio + + Xarope de açúcar + +
Sódio, sulfeto de; aquoso saturado + + Xarope de amido + +
Sódio, tiossulfato de; aquoso saturado + + Xileno / -
Soja, óleo de + + Zinco, carbono de + +
Solução de amoníaco todas + + Zinco, cloreto de; aquoso todas + +
Soluções de fiação de viscose + + Zinco, estearato de + +
Soluções reveladoras (fotogr.) +V +V Zinco, lama de + +
Soro de leite + + Zinco, óxido de + +
Suco de abacaxi + + Zinco, sais de; aquosos todas + +
Zinco, sulfato de; aquoso todas + +

277
4. Controle de efluentes

Convenções :
+ = resistente / = resistente com restrições - = não resistente
inchamento < 3% ou inchamento 3% até inchamento >8% ou
perda de peso < 0,5% 8% ou perda de peso perda de peso > 50%
alongamento na 0,5% até 5% e/ou e/ou diminuição do
ruptura quase diminuição do alongamento na
inalterado alongamento na ruptura > 50%
ruptura < 50%

V = descoloração
* ou temperatura de ebulição
** não é válido para uniões soldadas
(incl. soldagem chanfrada); solicitar informações a nós ou ao fabricante de semimanufaturados
PEAD = Polietileno de Alta Densidade

278
5. PROTEÇÃO DE TALUDES

5.1 - REVESTIMENTOS DE TALUDES COM GEOMANTAS/BIOMANTAS

5.1.1 - GENERALIDADES

As obras de revestimento de taludes têm como finalidade proteger a superfície de taludes geotecni-
camente estáveis contra a erosão e deslizamentos superficiais, tendo também a função de recuperar
o aspecto ambiental desses taludes por meio de recobrimento vegetal.

5.1.2 - INTRODUÇÃO

Entende-se por erosão o processo pelo qual ocorre o desprendimento, o transporte ou a deposição
de partículas de solo (ou sedimentos), que acabam causando grandes impactos ambientais, atingin-
do os cursos d´água e taludes, provocando o assoreamento. Contudo, a adoção de medidas efetivas
de controle preventivo e corretivo destas erosões desordenadas depende do entendimento correto
dos processos relacionados com a dinâmica do funcionamento hídrico sobre o terreno. Esses proces-
sos erosivos são causados de forma natural, seja pela ação da água das chuvas, a correnteza ou até
mesmo o efeito das ondas.

Processo erosivo causado pela água das chuvas

Em muitos locais onde ocorre a ocupação desordenada do terreno, provocando o desmatamento


ciliar ou simplesmente onde o terreno é desprovido de cobertura vegetal, a água das chuvas incide
diretamente sobre a superfície do terreno, provocando a erosão contínua.

O efeito “splash”

A ação do “splash” (Figura 5.1.1) ou salpicamento (Guerra e Guerra 1997) é a fase inicial do pro-
cesso erosivo causado pela água das chuvas, pois prepara as partículas do solo, geralmente pela rup-
tura dos agregados para serem transportadas pelo escoamento superficial. Além disso, os agregados
preenchem os poros da superfície do solo provocando a selagem e a consequente diminuição da
porosidade, aumentando o escoamento das águas. Do mesmo modo, a erosão depende das rela-
ções existentes entre a capacidade erosiva das chuvas por meio de sua energia cinética e os fluxos
da superfície e subsuperfície, assim como da suscetibilidade do solo a ser erodido.

279
5. Proteção de Taludes

Figura 5.1.1 – Efeito “splash” que dá inicio ao processo erosivo.

Energia cinética da chuva

A erosividade do terreno é determinada pela energia cinética da chuva, que é a habilidade da chuva
em causar erosão. A determinação do potencial erosivo depende principalmente desses parâmetros
de erosividade e também das características das gotas da chuva, que variam entre o tempo e o es-
paço, dentre elas o total de precipitação, a intensidade e a energia cinética da chuva e o momento
em que ela acontece. Além disso, outro fator que pode gerar a erosividade é a ação eólica, princi-
palmente se a chuva for atingida por ventos violentos.

Ruptura dos agregados

A ruptura dos agregados pode ser considerada a etapa inicial do processo erosivo dos solos. Esta
ruptura inicia-se logo no impacto direto das gotas de chuva com o terreno, fazendo com que este
se rompa e formem partículas muito pequenas, preenchendo os poros existentes no solo. Com
isso, a porosidade do solo é reduzida e o escoamento superficial aumenta. Segundo Wischmeier &
Mannering (1969), os solos que são usados agricolamente e sem cuidados de manejo, passam a se
tornar mais erodíveis à medida que perdem matéria orgânica, fator este que afeta diretamente a
ruptura dos agregados. A matéria orgânica incorporada ao solo aumenta a coesão entre as partícu-
las, tornando o solo mais estável, com maior poder de retenção na presença da água e mais poroso,
diminuindo a possibilidade erosiva, além de garantir a nutrição indispensável ao crescimento da
vegetação.

Formação de crostas e selagem dos solos

A partir da ruptura dos agregados causados pelo impacto das gotas da chuva, ocorre a formação de
crostas na superfície do solo, o que acontece quase que de forma instantânea, provocando assim a
selagem do solo, dificultando a infiltração da água e, como consequência, aumentam o escoamento
superficial e a possível perda de solo. Segundo Thornes (1980), a infiltração ocorre com mais rapi-
dez nos agregados de granulometria maior e mais estável, diminuindo assim a ação do escoamento
superficial.

280
5. Proteção de Taludes

À medida que os agregados são rompidos e a superfície do solo é selada, as crostas oferecem
maior resistência à ação do “splash”, porém a velocidade do escoamento superficial aumenta, po-
dendo causar danos significativos nos terrenos atingidos. A partir do momento em que os índices de
infiltração são reduzidos, verifica-se a formação de poças na superfície do solo.

Infiltração e formação de poças na superfície do solo

Quando as águas decorrentes das chuvas entram em contato direto com o solo, elas são armazena-
das em pequenos sulcos ou diretamente no solo. Durante uma chuva torrencial, os espaços vazios
entre as partículas são preenchidos pela água, tornando as taxas de infiltração mais baixas, dando
origem ao solo saturado, o que leva à perda da coesão aparente, produzindo um fluxo excedente e
que, depois de certo tempo, não consegue absorver mais água. Todos esses fatores dão origem à
última fase que precede o escoamento superficial: a formação de poças na superfície do solo.

Escoamento superficial

Após a desagregação das partículas, a saturação do solo e a consequente formação das poças,
ocorre o escoamento superficial, em que a água realiza uma trajetória relativamente rápida e é capaz
de transportar materiais do solo por meio da força hidráulica do seu fluxo. Dependendo da força
desse escoamento, dois tipos de erosão são possíveis de acontecer: laminar, quando causada pela
intensidade das gotas da chuva, resultando na remoção progressiva do solo presente na superfície
do terreno, e linear em forma de canais, quando causada pelas linhas de fluxo desse escoamento. O
processo de erosão pode ser ainda mais rápido em caso de taludes com alta declividade (acima de
34°), desagregando as partículas de solo. Quando a água das chuvas entra em contato com a su-
perfície desprotegida, iniciam-se as ravinas e posteriormente as voçorocas, problema este que exige
soluções mais eficazes e custos mais elevados, inviabilizando muitas vezes as obras de intervenção.

Figura 5.1.2 – Mecanismo da erosão causada pela ação da água das chuvas.

281
5. Proteção de Taludes

Processo erosivo causado pela correnteza

Em obras longitudinais e canalizações, a correnteza é uma das grandes responsáveis por desprover o
solo da cobertura vegetal existente. Com o talude desprotegido, o fluxo da água causa o arraste de
partículas por percolação, o que pode ocorrer pelo colapso do solo que compõe as margens do rio
e, a partir daí, as erosões são eminentes.

Processo erosivo causado pelo efeito das ondas

Geralmente as ondas são geradas pela ação eólica ou provocadas pela navegabilidade local. A altura
dessas ondas depende da velocidade e da dimensão da embarcação comparada à seção molhada
do canal. A exemplo do processo erosivo provocado pelas gotas da água proveniente das chuvas,
o embate das ondas nas margens do rio provoca a movimentação de massa na forma de grandes
blocos, promovendo sua desestabilização. Acrescenta-se a este fato, o desmatamento da mata ciliar
que, além de desproteger as margens locais, afeta diretamente o cotidiano do homem que vive na
região.

Importância da vegetação

A vegetação vem sendo utilizada com o objetivo da prevenção e controle de erosão há séculos,
sendo os chineses, romanos e incas os pioneiros. A cobertura vegetal dos solos presentes nos ta-
ludes contribuem para atenuar a taxa de erodibilidade, mantendo ainda a umidade e facilitando a
infiltração das águas no terreno. Ela propicia diversos efeitos tanto do ponto de vista geotécnico,
ecológico, econômico ou até mesmo estético, porém cada um deles tem suas particularidades.

Geotécnico

• Proteção das margens contra a erosão causada pelo impacto das gotas da chuva, da correnteza
ou das ondas;
• Aumento da estabilidade dos taludes pelo estabelecimento de uma matriz solo-raíz e por modifi-
cações no teor de umidade;
• Proteção contra a ação do vento e deslocamento do solo;
• Enriquecimento do material orgânico do solo, diminuindo seu cisalhamento;
• Redução da velocidade da água.

Ecológico

• Amenização de extremos de temperatura e umidade do ar junto à superfície do solo;


• Otimização das relações hídricas no sistema solo-planta-atmosfera;
• Redução das taxas de evatotranspiração;
• Melhora da qualidade da água;
• Aparecimento de refúgios para as microfaunas e insetos.

282
5. Proteção de Taludes

Econômico

• Redução dos custos de execução e manutenção.

Estético

• Harmonização e melhoria da paisagem;


• Redução do impacto visual com o aumento da área verde.

Geossintéticos para prevenção e controle de erosões superficiais

Os geossintéticos utilizados na prevenção e controle de erosões superficiais têm experimentado um


avanço significativo desde a década de 1990, visando proporcionar uma proteção adequada dos
solos, mesmo que as condições locais (declividade, características geotécnicas, índice pluviométrico,
uso e ocupação do terreno, etc.) se mostrem adversas e potencialmente deflagradoras de proces-
sos erosivos. Basicamente, os geossintéticos devem atuar como retentores dos finos provenientes
dos solos subjacentes ou dos materiais erodíveis transportados, além de ter a função de resistir às
velocidades de escoamento e aos esforços tangenciais provocados pelo fluxo das águas, e absorver
a energia do impacto das gotas da chuva. Atualmente, a gama de geossintéticos para prevenção e
controle de erosões superficiais é muito vasta, e a cada dia, novas soluções são desenvolvidas. Insta
esclarecer que quaisquer tipos de solução com a finalidade de prevenção e controle de erosão
constituída por materiais sintéticos devem ser instalados sobre taludes geotecnicamente estáveis.

Segundo Theisen (1990), os geossintéticos para prevenção e controle de erosão são classificados
como temporários (TERM´s, temporary erosion and vegetation materials), elementos parcial ou to-
talmente degradáveis, com características de prevenção e controle da erosão do local protegido
até que a cobertura vegetal esteja estabelecida. Além disso, devem promover a germinação das se-
mentes para o rápido desenvolvimento da vegetação. Teoricamente, os TERM´s são subdivididos em
dois grupos: os ECMN´s (erosion control meshes and nets), constituídos por geogrelhas ou georredes
ambas orientadas biaxialmente e as ECB´s (erosion control blankets), constituídos por mantas de
fibras vegetais biodegradáveis.

Um segundo grupo de geossintéticos com a mesma função é denomidado permanente (PERM´s,


permanent erosion and revegetation materials), elementos poliméricos não-degradáveis, com boa
resistência à tração e que atuam não só como reforço das raízes da vegetação, mas auxiliam no seu
crescimento. Os PERM´s, por sua vez, são subdivididos em duas categorias distintas: geossintéticos
associados à vegetação, os TRM´s (turf reinforcement mats), que são mantas de matriz tridimen-
sional à base de fibras poliméricas utilizadas para reforçar a vegetação já desenvolvida contra a ação
da velocidade da água e contra os esforços de tração acima do máximo suportado por ela, além de
ajudá-la a crescer. A esse contexto se aplica as geomantas MacMat® (Figura 5.1.3), geomanta flexível
tridimensional que apresenta mais de 90% de vazios, fabricada a partir de filamentos grossos de
polipropileno fundidos nos pontos de contato. Conforme o conceito anterior estão as ECRM´s (ero-

283
5. Proteção de Taludes

sion control and revegetation mats), mantas com as mesmas características do material supracitado,
porém com a adição de solo para acelerar o desenvolvimento da vegetação. A segunda categoria
dos PERM´s são os materiais biologicamente ativos associados a elementos inertes como madeira,
gabiões, concreto, rochas ou geocélulas.

(a) (b)

Figura 5.1.3 – Geomantas MacMat®. a) MacMat® L, recomendada para uso em taludes casuais com inclinação até 1 (vertical) :1.50 (horizontal); b) MacMat®
R, recomendada para uso em taludes de maior inclinação por apresentar uma rede em malha hexagonal de dupla torção em sua composição (maior resistên-
cia à tração).

5.1.3 - METODOLOGIA DE CÁLCULO

Segundo Koerner (1998), quando um talude natural sofre degradação constante e erosão superfi-
cial ,deve-se realizar uma cobertura com solo, e para isso, realizar um cálculo de estabilidade a fim de
se obter a real possibilidade de falha. Para isso, Koerner e Soong (1998) desenvolveram uma metod-
ologia de cálculo segundo o equilíbrio limite e um modelo de elementos finitos para analisar o talude
sem e com reforço, com a finalidade de verificar os fatores de segurança para ambos os casos.

Essa metodologia de cálculo considera uma camada de solo colocada diretamente sobre o revesti-
mento geossintético no talude de ângulo β. Como pode ser visualizada nas Figuras 5.1.4 e 5.1.5,
uma pequena parcela contribuinte da zona passiva atua sobre o talude, ao contrário da zona ativa,
onde uma grande parcela atua sobre ele. Assume-se então, que o solo de cobertura possui espes-
sura uniforme h e peso específico unitário γ. Com a finalidade de resistir ao deslizamento do solo

284
5. Proteção de Taludes

de cobertura, considera-se um ângulo de atrito de interação δ e a adesão Ca entre este solo e o


geossintético aplicado, ambos obtidos por meio de ensaios de laboratório.

Será demonstrada a seguir a metodologia de cálculo aplicada a revestimentos de taludes em que é


possível verificar os fatores de segurança sem (Figura 5.1.4) e com o reforço geossintético (Figura
5.1.5).

Talude sem reforço

Figura 5.1.4 – Esquema de cálculo do talude sem reforço.

Considerando a zona ativa,

285
5. Proteção de Taludes

A zona passiva pode ser considerada de maneira similar por meio de,

Assim, igualando os resultados induzidos relativamente às zonas ativa e passiva, tem-se


que ax2 + bx + c = 0 , em que:

O fator de segurança ( FS ) pode então ser calculado segundo a equação 5.1.8.

286
5. Proteção de Taludes

Em que:
Wa = peso total da zona ativa (kN/m);
Wp = peso total da zona passiva (kN/m);
Na = força normal do plano de falha da zona ativa (kN/m);
γ = peso específico do solo de cobertura (kN/m³);
φ = ângulo de atrito do solo de cobertura (°);
c = coesão do solo de cobertura (kN/m²);
β = ângulo de inclinação do talude (°);
L = comprimento do talude (m);
h = espessura do solo de cobertura (m);
δ = ângulo de atrito de interação entre o solo de cobertura e o geossintético (°);
Ca = força de adesão entre o solo de cobertura e o geossintético;
ca = adesão entre o solo de cobertura e o geossintético;
FS = fator de segurança.

Talude com reforço

Figura 5.1.5 – Esquema de cálculo do talude com reforço.

Tomando como base os resultados obtidos pelas equações 5.1.1, 5.1.2, 5.1.3 e 5.1.4, igualam-se
novamente a zona ativa e a zona passiva, porém, desta vez, adota-se um tensão T com a finalidade
de reforçar o talude.

287
5. Proteção de Taludes

O item c novamente pode ser obtido por meio da equação 5.1.7, e o FS corrigido por meio da equa-
ção 5.1.8. No que diz respeito ao dimensionamento hidráulico, utilizam-se as curvas velocidades-
limite versus duração do escoamento, desenvolvidas por Theisen (1992), que podem ser verificadas
através da Figura 5.1.6.

Figura 5.1.6 – Curvas velocidades-limite versus duração do escoamento.

5.1.4 - EXEMPLO DE CÁLCULO

Determinar o fator de segurança FS para um talude com ângulo de inclinação β =27° (talude 2:1),
comprimento L = 15.0 m, espessura da cobertura do solo h = 0.10 m, peso específico do solo γ = 18
kN/m³, ângulo de atrito φ = 30°, coesão c = 0 kN/m², ângulo de atrito da interação δ = 27° e coefi-
ciente de adesão ca = 0. Caso necessário, acrescentar um reforço geossintético ao talude e recalcular
o fator de segurança FS.

288
5. Proteção de Taludes

Talude sem reforço

Ca = 0

289
5. Proteção de Taludes

Considerando o fator de segurança FS encontrado, deve-se recalculá-lo, porém acrescentando um


reforço geossintético, para, além de resistir às forças atuantes, proteger o talude contra a incidência
das águas da chuva ou das ondas.

Talude com reforço

Considerando que:

Pode-se recalcular os novos valores de a e b com o auxílio das equações 5.1.9 e 5.1.10, acrescentan-
do um reforço geossintético MacMat®, que possui resistência à tração T = 2,50 kN/m.

290
5. Proteção de Taludes

O novo valor encontrado para o fator de segurança FS é aceitável. Caso o talude tenha inclinação
β superior a 27° nas mesmas condições impostas, deve-se propor uma solução mais reforçada como,
por exemplo, a geomanta reforçada por uma malha hexagonal de dupla torção MacMat®R, que pos-
sui resistência à tração de 50,11 kN/m quando tem abertura 8x10 e diâmetro 2,7 mm.

291
5. Proteção de Taludes

5.1.5 - ANTECEDENTES

SÃO SEBASTIÃO - LITORAL NORTE


SÃO SEBASTIÃO - SP - BRASIL
Revestimento de Taludes
Produtos: MacMat® L e MacMat® R
Problema:

Devido às fortes chuvas do verão de 2005, no litoral norte do


Estado de São Paulo, o município de São Sebastião foi afetado,
em alguns pontos, pela ocorrência de fenômenos erosivos. Um
deles ocorreu em uma das propriedades particulares da praia
de Maresias. Essa propriedade se encontra ao “pé” de um ta-
lude que sofreu um deslizamento superficial e foi colocada em
situação de risco, necessitando, portanto, de uma intervenção
rápida e eficiente.

Figura 5.1.7 - Durante a construção

Solução:

Durante visita ao local constatou-se que o talude apresentava


acentuada inclinação e estava muito próximo da edificação
existente, descartando a possibilidade da utilização de uma es-
trutura de contenção para deter o fenômeno. Optou-se então, por
uma solução baseada na obturação, restauração e proteção do
talude através de tapetes de grama e Geomanta MacMat®, que
é uma manta tridimensional de filamentos de polipropileno, cuja
estrutura apresenta mais de 90% de vazios. Após dois meses
da implantação o talude já apresentava uma condição estável e
estava praticamente revegetado.

Figura 5.1.8 - Durante a construção

Nome do cliente:
Cirene Empreendimentos Ltda
Construtor:
Cirene Empreendimentos Ltda
Produtos usados:
100 m2 MacMat® L
100 m2 MacMat® R

Data da obra:
Início: Agosto / 2005
Término: Agosto / 2005 Figura 5.1.9 - Durante a construção

292
5. Proteção de Taludes

Figura 5.1.10 - Seção Transversal Típica

Figuras 5.1.11 a 5.1.14 - Depois da construção

293
5. Proteção de Taludes

TALUDE CANRASH
PERÚ, ANCASH
CONTROLE DE EROSÃO
Produtos: MacMat® L

Problema:

Em julho de 2001 a área de meio ambiente da Companhia Mi-


neira Antamina (CMA) teve que resolver um grave problema, o
qual poderia pôr em risco o apoio econômico das entidades que
financiavam o projeto mineiro. No km 94 da estrada de acesso
a Antamina, Estrada Conococha Yanacancha, encontra-se o
Lago Canrash, o qual havia sido afetado devido à construção
da estrada. Logo após o término, o lago apresentou um rápido
aumento na concentração de sedimentos pondo em risco a sua
fauna e flora. A CMA verificou que a fonte principal de sedimentos
era um talude vizinho, o qual, em alguns pontos por não ter
vegetação, erosionava-se muito facilmente durante as chuvas,
cujas águas transportavam o solo removido até o lago. Para di-
minuir os sedimentos arrastados pela chuva, decidiu-se revegetar
o talude junto com outras medidas de controle de sedimentos.
Figura 5.1.15 - Durante a construção

Solução:

A Maccaferri apresentou a geomanta MacMat® como solução para


a proteção do talude a ser vegetado, tendo em vista as condições
hidrológicas e topográficas do local. A consultora que assessorou
a CMA durante a resolução do problema, propôs também como
alternativa ao Macmat® a utilização de biomantas. Por motivo de
custos as duas soluções foram aplicadas em caráter compara-
tivo, pois até então, se acreditava na equivalência de ambas as
soluções para o problema em questão. Porém, transcorrido um
ano da aplicação dos revestimentos, observou-se um melhor
aproveitamento da área revestida pelo MacMat®, que apresentou
revegetação total da área afetada, enquanto que, a solução em
biomanta, para os níveis de erobilidade da região, foi facilmente Figura 5.1.16 - Durante a construção
removida.

Nome do cliente:
CIA MRA ANTAMINA
Construtor:
CIA MRA ANTAMINA
Produtos usados:
35.000 m2 de MacMat® L

Data da obra:
Início: Agosto / 2005
Término: Agosto / 2005
Figura 5.1.17 - Durante a construção

294
5. Proteção de Taludes

Figura 5.1.18 - Seção Transversal Típica

Figura 5.1.19 a 5.1.22 - Depois da construção

295
5. Proteção de Taludes

RIO URUGUAI
CONCEPCIÓN DO URUGUAY - ARGENTINA
Revestimento de Taludes
Produtos: MacMat®L

Problema:

A zona sul e leste da cidade de Concepción do Uruguay, na


Argentina, são susceptíveis a inundações devido a freqüentes
cheias do Rio Uruguai. Em função destas inundações, várias
áreas sofreram erosões que acabaram por comprometer ruas
e áreas públicas. Para minimizar os danos causados pelas
inundações, uma série de obras serão realizadas. Entre elas a
construção de uma estação de bombeamento e um reservatório
que, quando fechadas as comportas nos períodos de cheias,
servirá para armazenar a água pluvial de toda a região do Riacho
Las Ánimas. Tanto a região próxima à esta estação, como vários
outros trechos de vias públicas tinham uma série de taludes que
necessitavam de revestimento de proteção, superficial.

Figura 5.1.23 - Durante a construção

Solução:

Para revestir mais de 1700 m longitudinais de taludes foi adotada


como solução a aplicação de geomantas MacMat®, que protegem
a superfície do terreno, favorecendo o crescimento da vegetação.
Outras obras urbanísticas foram previstas no mesmo projeto,
visando a integração da defesa à cidade, através de diversos
componentes que procuram garantir a sustentabilidade da
obra. Neste sentido, serão construídos parques arborizados, um
mirante, ciclovias e outros elementos de convívio público.

Figura 5.1.24 - Durante a construção

Nome do cliente:
CIA MRA ANTAMINA
Construtor:
CIA MRA ANTAMINA
Produtos usados:
35.000 m2 de MacMat® L

Data da obra:
Início: Agosto / 2005
Término: Agosto / 2005

Figura 5.1.25 - Durante a construção

296
5. Proteção de Taludes

Figura 5.1.26 - Seção Transversal Típica

Figura 5.1.27 a 5.1.30 - Obra concluída

297
5. Proteção de Taludes

MacMat®R

CONDOMÍNIO RESIDENCIAL PARQUE DAS MERCÊS


BRASIL, BORÁ
Solução: REVESTIMENTO DE TALUDE
Produto: MacMat®R

Problema:

No Condomínio Residencial Parque das Mercês, devido indese-


jável deslizamento de terras, havia uma situação que colocava
em risco a integridade de um trecho dos muros de divisa e
consequentemente da avenida situada próxima a este. O solo
presente, de característica predominantemente estéril, era facil-
mente erodido nas épocas de chuva uma vez que a vegetação era
praticamente ausente. Um novo deslizamento colocaria em risco
não somente os muros e a avenida comentados anteriormente,
mas também poderia provocar o arrancamento de árvores e
prejudicar as construções próximas ao pé do talude.

Figura 5.1.31 - Durante a construção

Solução:

Para proteger o talude de uma eventual erosão superficial e assim


propiciar o crescimento da vegetação no mesmo talude foram
aplicadas geomantas reforçadas MacMat®R. A fixação foi feita
através de grampos de aço em forma de U aplicados em número
de 4 a cada metro quadrado, numa profundidade de 80 cm.

Figura 5.1.32 - Durante a construção

Nome do cliente:
CONJ. RESIDENCIAL PARQUE DAS MERCÊS
Construtor:
ARQº BRUNO CARETTONI
Produtos usados:
350 m2 de geomanta reforçada MacMat®R

Data da obra:
Início: Novembro / 2006
Término: Novembro / 2006

Figura 5.1.33 - Durante a construção

298
5. Proteção de Taludes

Figura 5.1.34 - Seção Transversal Típica

Figuras 5.1.35 a 5.1.38 - Depois da construção

299
5. Proteção de Taludes

5.1.6 - INSTALAÇÃO

Prepare o talude a se revestido pela geomanta, limpando-o através da remoção de troncos, ped-
regulhos ou qualquer empecilho que possa obstruir o desenrolar da bobina de geomanta, uniformi-
zando-o e regularizando-o. Essa limpeza poderá ser feita com o auxilio de equipamentos pesados
ou manualmente, podendo variar de acordo com as condições apresentadas in-situ. Se a camada de
solo superficial (solo fértil) tiver sido removida por motivo de intempéries, deve-se importar solo de
outro local e colocá-lo sobre o local afetado.

Previamente à instalação da geomanta, deve-se executar uma canaleta espaçada ao menos 1,0 m
do topo do talude (medida variável de acordo com o tipo de solo do talude a ser revestido). Esta
canaleta tem como principal função ancorar a geomanta ao talude além de ser responsável pela
drenagem superior, impedindo que a água entre por baixo da geomanta, o que pode causar a
erosão superficial mesmo com a presença do material geossintético.

Esta canaleta deverá ser executada antes do desenvolvimento da geomanta sobre o talude e deverá
apresentar profundidade e largura mínimas de 0,30 m, e seu comprimento se procederá por toda a
extensão do talude a proteger. Uma das extremidades da geomanta deverá ser colocada no fundo
da canaleta de forma que possam ser fixados grampos que permitam seu correto posicionamento
dentro dela. Após posicionar a proteção geossintética corretamente, a canaleta deverá ser preenchi-
da com o mesmo solo que foi retirado durante sua abertura, compactando-o manualmente.

Durante a instalação, a geomanta deverá estar bem uniformizada sobre o talude, por isso, deve-se
evitar o surgimento de rugas ou dobras que prejudiquem esse contato. Depois de ancorado, o rolo
deverá ser desenrolado de cima para baixo sobre a superfície do talude sendo que esta ação poderá
ser feita com o auxilio de um balancim com pinos de encaixe ou manualmente com o cuidado de
orientá-lo durante a descida. Na seqüência de desenvolvimento o rolo adjacente deverá ser anco-
rado e desenrolado como citado anteriormente com um transpasse mínimo de 0,30 m.

Para que a geomanta seja devidamente ancorada no talude a ser protegido, deve-se respeitar uma
seqüência pré-determinada, ou seja, o espaçamento entre cada grampo de ancoragem deverá ser
função de algumas variáveis como a inclinação e comprimento do talude, de acordo com a Figura
5.1.7. Estes grampos de fixação devem garantir uma melhor uniformidade e contato do geossintético
com o talude. Por esse critério, avalia-se que mesmo o talude estando livre de irregularidades, uma
inspeção visual in-situ deverá ser feita após a aplicação do material sobre o talude, sendo recomen-
dada à cravação adicional de grampos nos pontos que não apresentarem uma fixação adequada.

300
5. Proteção de Taludes

Figura 5.1.39 Distribuição dos grampos de ancoragem.

Para o correto desenvolvimento da vegetação sobre a geomanta é necessária a realização de um


semeio sobre o material. Este semeio poderá ser feito basicamente de três maneiras distintas:

• lançamento manual;
• coquetel de sementes;
• hidrosemeadura.

O semeio por lançamento manual deverá ser feito após a instalação da geomanta, onde o operador
poderá lançar as sementes do topo do talude ao longo da extensão da obra. Após o lançamento das
sementes, uma camada de solo vegetal (solo de cobertura fértil) deverá ser lançada sobre o material,
garantindo o confinamento e nicho favorável à germinação das sementes.

O semeio por coquetel de sementes é feito após o preparo do local da obra, através de uma se-
meadura manual que tem por finalidade acelerar o processo de desenvolvimento vegetativo e uma
melhor densificação da vegetação protetiva. Essa semeadura poderá ser feita em toda a extensão
do talude ou em pontos específicos que necessitem de um melhor aproveitamento da vegetação.
Deverão ser feitos furos de aproximadamente 0,05 m de profundidade e espaçamento mínimo de
0,10 m com o objetivo de abrigar os insumos vegetativos e aumentar a rugosidade do terreno, difi-
cultando também o escoamento superficial e evitando perdas pontuais no semeio.

O semeio por hidrosemeadura é feito através do jateamento das sementes na dosagem, adubação
e hidratação correta, dispensando assim o solo de cobertura sobre a geomanta. Tal procedimento é
mais rápido que os comentados anteriormente, sendo sua aplicação mais indicada em grandes áreas
a serem semeadas.

301
5. Proteção de Taludes

Figura 5.1.40 - Obra logo após a instalação.

Figura 5.1.41 - Obra após 7 meses do término.

Figura 5.1.42 - Foto logo após a instalação.

302
5. Proteção de Taludes

5.1.7 - NORMAS RELACIONADAS

ASTM D6525-00 Standard Test Method for Measuring Nominal Thickness of Permanent Rolled Ero-
sion Control Products;

ASTM D6566-00 Standard Test Method for Measuring Mass per Unit Area of Turf Reinforcement
Mats;

ASTM D792 - 08 Standard Test Methods for Density and Specific Gravity (Relative Density) of Plastics
by Displacement;

ASTM D1505-98e1 Standard Test Method for Density of Plastics by the Density-Gradient
Technique;

ASTM D4355-02 Standard Test Method for Deterioration of Geotextiles by Exposure to Light,
Moisture and Heat in a Xenon Arc Type Apparatus;

ASTM D6818 - 02 Standard Test Method for Ultimate Tensile Properties of Turf Reinforcement
Mats;

ASTM D6575-00 Standard Test Method for Determining Stiffness of Geosynthetics Used as Turf
Reinforcement Mats (TRM’s).

5.1.8 - BIBLIOGRAFIA

Brighetti, G., Martins, J.R.S., & Bernardino, J.C.M. 2002. Revestimentos de canais e cursos d´água.
Maccaferri, Jundiaí, São Paulo, Brasil;

Chiari, V.G. & Fracassi, G. Revitalização do Rio São Francisco utilizando geomantas. 2008. Artigo
apresentado no XIV Cobramseg, Búzios, Rio de Janeiro, Brasil;

Guerra, A.T & Guerra, A.J.T 1997. Novo dicionário geológico-geomorfológico. Bertrand Brasil, Rio
de Janeiro, Brasil;

Guerra, A.J.T., Silva, A.S & Botelho, R.G.M. 1999. Erosão e conservação dos solos: Conceitos, temas
e aplicações. Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, Brasil;

Koerner, R.M. 1998. Designing with geosynthetics, 4th edition. Prentice Hall, New Jersey, USA;

Theisen, M.S. & Carroll, R.G.,Jr., 1990. Turf reinforcement – The soft armor alternative, Proc. 21st
Conf. Prof. Instl. Erosion Control Assoc., Steamboat Springs, CO, 255-270;

303
5. Proteção de Taludes

Thornes, J.B. 1980. Erosional process of running water and their spatial and temporal controls: a
theorical view point. In:Soil erosion. M.J. Kirkby and R.P.C Morgan (Eds.), 129- 182;

Vertematti, J.C. 2004. Manual brasileiro de geossintéticos. Edgard Blucher, Brasil;

Wischmeier, W.H. & Mannering, J.V. 1969. Relation of soil properties to its erodibility. Proceedings
of Soil Science Society of America, 33, 133-137.

304
6. ENSAIOS

6.1 - ENSAIO PARA DETERMINAÇÃO DA FLEXIBILIDADE (RIGIDEZ FLEXURAL)


DAS TRM´S

Norma:

ASTM D 6575/00 - Standard Test Method for Stiffness of Geosynthetics Used as Turf Reinforcement
Mats (TRM´s).

Procedimento:

Neste ensaio, um corpo de prova de 101,6 x 457,2 mm é deslizado sobre uma superfície plana, de
modo que parte desde corpo fique suspenso, para que seja então verificado o arquamento provo-
cado pela flexão promovida pelo próprio peso do material.

Aplicação:

Geomantas MacMat®.

Resultado do ensaio:

Rigidez flexural, em mg/cm².

305
6. Ensaios

6.2 - ENSAIO DE RESISTÊNCIA À RAIOS ULTRAVIOLETAS

Norma:

ASTM D 4355/02 – Standard Test Method for Deterioration of Geotextiles by Exposure to Light,
Moisture and Heat in a Xenon Arc Type Apparatus.

Procedimento:

Cinco corpos de prova, com dimensões longitudinais e transversais pré-determinadas, de um deter-


minado geotêxtil são expostos a um dispositivo de luz do tipo “xenon” pelos seguintes períodos:
0 (controle dos corpos de prova), 150, 300 e 500 horas. Esta exposição é feita em ciclos de 120
minutos, seguindo: 90 minutos exposto somente à luz com temperatura de 65 ± 3°C em painéis
de cor negra inseparável e 50 ± 5% de umidade relativa, seguido de 30 minutos de exposição à luz
adicionada a um spray de água. Após cada período de exposição, os corpos de prova são submetidos
a um novo ensaio de resistência à tração. A média de tensões na ruptura obtidas em cada direção é
comparada com a média de tensões na ruptura em cada direção do controle dos corpos de prova.
A porcentagem retida versus o período de exposição que provoca a degradação é plotado em uma
curva para todos os corpos de prova em cada direção testada.

Aplicação:

Geotêxteis MacTex®
Geomantas MacMat®
MacTube®

Resultado do ensaio:

Diminuição da resistência devido a exposição à raios UV, em %.

306
6. Ensaios

6.3 - ENSAIO PARA DETERMINAÇÃO DA PENETRAÇÃO DE LUZ EM GEOMANTAS


(TRM)

Norma:

ASTM D 6567/00 – Standard Test Method for Measuring the Light Penetration of a Turf Reinforce-
ment Mat.

Procedimento:

A penetração de luz nominal de um corpo de prova de TRM é determinada pela observação da


quantidade de luz passante em uma área aberta pré-determinada versus a quantidade de luz in-
cidida de uma lâmpada em um fotômetro, sendo que a TRM é colocada acima desta área.

Aplicação:

Geomantas MacMat®.

Resultado do ensaio:

Penetração de luz, em %.

307
6. Ensaios

6.4 - ENSAIO DE RESISTÊNCIA NA COSTURA

Norma:

ASTM D 4884/96 (reaprovada em 2003) – Standard Test Method for Strength of Sewn or Thermally
Bonded Seams of Geotextiles.

Procedimento:

A costura, com dimensão de 200 mm, realizada entre materiais geossintéticos, é presa ao longo de
toda sua largura à garra de uma máquina universal de ensaios (prensa), operada a uma taxa de ex-
tensão pré-determinada, aplicando uma tensão longitudinal (perpendicular) ao corpo de prova, até
que ocorra a ruptura da costura.

Aplicação:

MacTube®.

Resultado do ensaio:

Resistência de costuras, em kN/m.

308
6. Ensaios

6.5 - ENSAIO DE PERMEABILIDADE PLANAR E TRANSMISSIVIDADE

Norma:

ISO 12958 - Geotextiles and geotextile-related products - Determination of water flow capacity in
their plane.
ASTM D 4716 - Test Method for Determining the (in-plane) Flow Rate per Unit Width and Hydraulic
Transmissivity of a Geosynthetic Using a Constant Head.

Procedimento:

A capacidade hidráulica (vazão) por unidade de largura de um material é determinada através da


medição da quantidade de água que passa através de um corpo de prova em um determinado
tempo, sob pares de tensão normal e gradiente hidráulico específicos.

Aplicação:

Geomantas MacMat®
Georredes MacNet®
Geocompostos MacDrain®
Geotêxteis MacTex®

Resultado do ensaio:

Transmissividade em função das tensões e gradientes aplicados, qtensão/gradiente, em (l/s)/m

309
6. Ensaios

6.6 - ENSAIO DE RESISTÊNCIA À TRAÇÃO - FAIXA LARGA

ENSAIO DE RESISTÊNCIA À TRAÇÃO DE TRM´S

Norma:

NBR 12824 - Geotêxteis - Determinação da resistência à tração não-confinada - Ensaio de tração de


faixa larga.
ASTM D 4595 - Standard Test Method for Tensile Properties of Geotextiles by the Wide- Width Strip
Method.
ISO 10319 - Geotextiles - Wide Width Tensile Test.
ASTM D 6818/02 – Test Method for Ultimate Tensile Properties of Turf Reinforcement Mats.

Procedimento:

O ensaio consiste na aplicação de uma força de tração crescente a um corpo de prova, até que
ocorra sua ruptura, sendo os valores de tensão e deformação adquiridos durante todo o ensaio.

310
6. Ensaios

Aplicação:

Geomantas MacMat®
Georredes MacNet®
Geocompostos MacDrain®
Geotêxteis MacTex®
Geogrelhas MacGrid®

Resultado do ensaio:

Resistência à tração última do material, em kN/m.


Deformação na ruptura, em %.
Resistência a 2,5,8 e a 10% da deformação, em kN/m.

311
6. Ensaios

6.7 - ENSAIO DE RESISTÊNCIA AO PUNCIONAMENTO TIPO CBR

Norma:
NBR 13359 – 95 - Geotêxteis – Determinação da resistência ao puncionamento estático - Ensaio com
pistão tipo CBR.
ISO 12236 – 96 - Geotextiles and geotextile-related products - Static puncture test (CBR Test).
ASTM D 6241-99 - Standard Test Method for the Static Puncture Strength of Geotextiles and Geo-
textile-Related Products Using a 50-mm Probe.

Procedimento:

A resistência ao puncionamento tipo CBR, dos geotêxteis e produtos correlatos, é determinada


através da aplicação de pressões controladas a corpos de prova, através de um punção (cilindro
metálico de superfície polida), que tenta perfurar os geossintéticos ensaiados, sendo controladas a
força aplicada e a deformação atingida.

Aplicação:
Geomantas MacMat®
Georredes MacNet®
Geocompostos MacDrain®
Geotêxteis MacTex®

Resultado do ensaio:

Resistência ao puncionamento tipo CBR, em kN.

312
6. Ensaios

6.8 - ENSAIO DE DETERMINAÇÃO DA GRAMATURA

Norma:

ASTM D 5261/92 - Standard Test Method for Measuring Mass per Unit Area of Geotextiles.
ISO – 9864 - Geosynthetics - Test method for the determination of mass per unit area of geotextiles
and geotextile-related products.
ASTM D 6566/00 - Test Method for Measuring Mass per Unit Area of Turf Reinforcement Mats.

Procedimento:

A gramatura de um geossintético é determinada pesando-se corpos de prova de dimensões conhe-


cidas, cortados de vários locais de toda a área da amostra.

Aplicação:

Geomantas MacMat®
Georredes MacNet®
Geocompostos MacDrain®
Geotêxteis MacTex®
Geogrelhas MacGrid®
Geomembranas MacLine®

Resultado do ensaio:

Massa por unidade de área (gramatura) em g/m2.

313 313
6. Ensaios

6.9 - ENSAIO DE DETERMINAÇÃO DE ESPESSURA

Norma:

ASTM D 5199/01 - Standard Test Method for Measuring the Nominal Thickness of Geosynthetics.

ASTM D 6525/00 - Standard Test Method for Measuring the Nominal Thickness of Permanent Rolled
Erosion Control Products.

Procedimento:

A espessura nominal de um geossintético é determinada pela observação da distância perpendicular


entre um plano móvel e uma superfície paralela, provocada pela ocupação desse espaço por um
geossintético, sob uma pressão específica (2 kPa para geotêxteis e 20 kPa para geomembranas por
5 segundos).

Aplicação:

Geomantas MacMat®
Georredes MacNet®
Geomembranas MacLine®
Geocompostos MacDrain®
Geotêxteis MacTex®

Resultado do ensaio:

Espessura nominal, em mm.

314 314
6. Ensaios

6.10 - ENSAIO DE DETERMINAÇÃO DA ABERTURA DE FILTRAÇÃO

Norma:

AFNOR NF G 38017.

Procedimento:

Denominado ensaio de peneiramento hidrodinâmico, se baseia em uma situação de fluxo hidráulico


multidirecional agindo sobre certa quantidade de solo ou esferas de vidro de granulometria definida
e bem graduada. Esta situação é obtida através da imersão repetida em reservatório com água, de
recipientes cujo fundo é constituído por geotêxtil, dentro do qual se coloca o solo. Após 24 horas de
ensaio, analisa-se a fração de solo que passou pelas amostras de geotêxtil. Isto determina a abertura
de filtração do material analisado.

Aplicação:

Geocompostos MacDrain®
Geotêxteis MacTex®

Resultado do ensaio:

Abertura de filtração, em mm.

315 315
6. Ensaios

6.11 - PERMEABILIDADE / PERMISSIVIDADE DE GEOTÊXTEIS

Norma:

D 4491 – 99a - Standard Test Methods for Water Permeability of Geotextiles by Permittivity.

Procedimento:

Uma quantidade específica de água atravessa um corpo de prova de geotêxtil de dimensões


conhecidas, sendo realizadas leituras da diferença de carga d’água (ΔH) e tempo necessário para
essa travessia. A precisão na obtenção das leituras está diretamente ligada à velocidade com que o
fluxo de água atravessa o geotêxtil, devendo esse ser lento.

Aplicação:
Geocompostos MacDrain®
Geotêxteis MacTex®

Resultado do ensaio:

Permeabilidade normal, em cm/s.


Permissividade, em s-1.

316 316
6. Ensaios

6.12 - RESISTÊNCIA À TRAÇÃO - GRAB

Norma:

D 4632 – Standard Test Method for Grab Breaking Load and Elongation of Geotextiles.

Procedimento:

O ensaio consiste na aplicação de uma força de tração crescente a um corpo de prova de dimensões
reduzidas, até que ocorra sua ruptura, sendo os valores de tensão e deformação adquiridos durante
todo o ensaio. O ensaio de tração tipo Grab é um ensaio índice, utilizado principalmente para con-
trole de qualidade.

Aplicação:

Geotêxteis MacTex®
Geocompostos MacDrain®

Resultado do ensaio:
Resistência à tração tipo Grab, em N.
Deformação tipo Grab, em %.

317 317
6. Ensaios

6.13 - RESISTÊNCIA AO RASGO TRAPEZOIDAL

Norma:

D 4533 – Standard Test Method for Trapezoid Tearing Strength of Geotextiles.

Procedimento:

Sobre um corpo de prova retangular, é desenhado um trapézio isósceles, e realizado um pequeno


corte da amostra, no meio da base menor desse trapézio. Em seguida os lados não paralelos do
trapézio são fixados à garras, que são afastadas através de uma força crescente. Dessa maneira são
adquiridas a força aplicada e a extensão provocada por essa força.

Aplicação:

Geotêxteis MacTex®
Geocompostos MacDrain®

Resultado do ensaio:
Resistência ao rasgo trapezoidal, em N.

318
6. Ensaios

6.14 - RESISTÊNCIA AO ESTOURO

Norma:

D 3786 – Standard Test Method for Hydraulic Bursting Strength of Textile Fabrics — Diaphragm
Bursting Strength Tester Method.

Procedimento:

Um corpo de prova é fixado a um diafragma expansível. O diafragma é expandido por pressão fluida
até atingir a ruptura do corpo de prova. A diferença entre a pressão total necessária para romper
o material e a pressão para inflar o diafragma é reportada como sendo a resistência ao estouro do
geossintético.

Aplicação:

Geotêxteis MacTex®
Geocompostos MacDrain®
Geomembranas MacLine®

Resultado do ensaio:
Resistência ao estouro, em Pa.

319 319
6. Ensaios

6.15 - DETERMINAÇÃO DE ABERTURA APARENTE

Norma:

D 4751 – Standard Test Method for Determining Apparent Opening Size of a Geotextile.

Procedimento:

Um corpo de prova é fixado a um equipamento vibratório, e pequenas esferas de vidro são dispostas
sobre o geotêxtil. O conjunto passa então pelo processo de vibração lateral, que induz as esferas a
atravessarem o corpo de prova. O processo é repetido com o mesmo corpo de prova, variando-se o
tamanho das esferas utilizadas, até que a abertura aparente seja determinada.

Aplicação:

Geotêxteis MacTex®
Geocompostos MacDrain®

Resultado do ensaio:
Abertura aparente, em mm.

320 320
6. Ensaios

6.16 - ENSAIO DE RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR ELEMENTOS

Norma:

D 6637 – Standard Test Method for Determining Tensile Properties of Geogrids by the Single or
Multi-Rib Tensile Method.

Procedimento:
O ensaio consiste na aplicação de uma força de tração crescente a um corpo de prova, até que
ocorra sua ruptura, sendo os valores de tensão e deformação adquiridos durante todo o ensaio. Este
ensaio se diferencia dos demais ensaios de resistência à tração, pelo fato dos corpos de prova serem
medidos pela quantidade de elementos ensaiados, não sendo a largura do corpo de prova um fator
determinante.

Aplicação:
Geogrelhas MacGrid®

Resultado do ensaio:

Resistência à tração última do material, em kN/m.


Deformação na ruptura, em %.
Resistência à 2, 5, 8 e 10 % da deformação, em kN/m.

321 321

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