MUKHINA, Valéria. Psicologia da idade pré-escolar. Tradução Claudia Berliner..
São Paulo: Martins Fontes, 1995.
Capítulo IV DESENVOLVIMENTO PSÍQUICO DA CRIANÇA NO PRIMEIRO ANO
A vida da criança é assegurada por mecanismos inatos. A criança nasce com um
sistema nervoso formado de maneira a adaptar o organismo às novas condições externas. Imediatamente após o nascimento entram em ação os reflexos, que asseguram o funcionamento dos principais sistemas do organismo (a respiração e a circulação do sangue). p.74
O recém-nascido apresenta “reflexos protetores, cuja missão é eliminar ou reduzir
os efeitos de um estímulo”. p.74
Além das reações protetoras, o recém-nascido revela reações para entrar em
contato com o estímulo. São os chamados reflexos de orientação. p.74
O recém nascido apresenta:
outras reações inatas, como o reflexo de sucção: ela começa a chupar o objeto introduzido em sua boca; o reflexo de preensão: ao ser tocada, a palma da mão tenta agarrar (ilustração); o reflexo de impulso: ao tocar-se a sola do pé, e algumas outras reações. p.74
A criança é “dotada de um certo número de reflexos não-condicionados que se
manifestam nos dias imediatamente posteriores ao nascimento”. p. 74
O feto de 18 semanas já possui o reflexo de sucção. p.75
A maioria das reações reflexas é indispensável para a vida e ajuda a criança a se
adaptar às novas condições de existência. Graças a esses reflexos, começa a existir um novo tipo de respiração e de alimentação. p.76
Também é muito importante a entrada em ação do automatismo reflexo da
regulação térmica: o organismo da criança vai se adaptando cada vez melhor às oscilações de temperatura. p.76
A etapa imediatamente posterior ao nascimento é a única na vida do homem em
que se observam em estado puro as formas inatas e instintivas de comportamento, cujo fim é satisfazer as necessidades orgânicas garantem apenas a sobrevivência da criança, mas não constituem a base de seu desenvolvimento psíquico. p.76
A criança, diferente do filhote de animal, tem reflexos não-condicionados que não
asseguram o comportamento humano. Ao contrário, o conjunto de reflexos não- condicionados do filhote de animal assegura a formação de um adulto capaz de se defender, de atacar, de caçar, de procriar e ter as outras reações que asseguram a existência normal desse animal. p. 76 Das reações inatas da criança aos estímulos externos, que são em número relativamente reduzido, muitas não tem continuidade posterior. São os reflexos atávicos, que a criança herda de nossos antepassados animais. Pertencem a esse tipo o reflexo de preensão e o de se arrastar. Os movimentos próprios desses reflexos desaparecem posteriormente. p. 76-77
As capacidades de agarrar e se arrastar não se formam no período do nascimento,
mas apenas muito depois, através dos contatos da criança com o adulto, que provoca e treina esses movimentos. p.77
A criança, portanto, está muito pior servida em matéria de formas inatas de
comportamento do que o filhote de animal. O comportamento humano, em todas suas expressões, é algo que precisa ser formado nela. p.77
Particularidades do desenvolvimento dos órgãos dos sentidos. Importância
do treinamento desses órgãos.
O número reduzido de formas inatas de comportamento não é uma debilidade: aí
reside a força da criança. p.77
A particularidade principal do recém-nascido é sua capacidade ilimitada para
assimilar novas experiências e adquirir as formas de comportamento que caracterizam o homem. Se suas necessidades orgânicas forem suficientemente satisfeitas, elas logo passam a ser secundárias; se o modo de vida e a educação forem adequadas, a criança experimentará novas necessidades (obter impressões, mover-se e relacionar-se com os adultos), que são a base do desenvolvimento psíquico). p. 77-78