Thiago Ikeda 09006441 Prof. Dr. Edson Nunes Explique as principais razões da preferência pela representação política
Em linhas gerais, a preferência pela representação política deve-se à
teoria que os governados, os súditos, estes não são, ou dificilmente chegam a um consenso comum, onde ocorre mistura de diversos grupos com idéias controversas e a representação política, atrela-se à idéia de democracia, governo do povo. Alexis de Toucqueville, em sua célebre obra “A Democracia na América”, vindo de uma França de tradição centralista, onde durante o Antigo Regime o Palácio de Versalhes mandava em tudo (situação que se acirrou depois da Revolução de 1789 com a ditadura de Robespierre, estabilizando-se no império de Napoleão), Tocqueville espantou-se com a pujança e autonomia política das pequenas comunidades norte-americanas. Os municípios (“county”) eram tudo, como se fossem as células vivas do regime. Deles partiam iniciativas que, num movimento ascendente, chegavam até as altas esferas do Estado e da União. E isso era possível exatamente porque o poder central era limitado. A autoridade lá de Washington não amealhava força suficiente para intrometer-se no que ele chamou de "sociedade comunal". O país nada mais era do que centenas de pequenas localidades - de dois ou três mil habitantes - controlados pelo povo. Um gigantesco corpanzil político dominado pelas articulações e artelhos menores. Os indivíduos que o compunham, não tendo soberano, eram os soberanos de si mesmos. Porém, representação política é um termo muito abrangente e não apenas remete-nos à democracia, pois “ser governado” nos dá a idéia de privar direitos (inclusive naturais) ao poder soberano, como no caso do Absolutismo. Durante os séculos XVI e XVII, diversos pensadores buscaram justificar o poder absoluto dos monarcas. Começamos com Nicolau Maquiavel em “O Príncipe”, respondendo ao questionamento a respeito da origem e manutenção do poder em defesa ao Absolutismo; Jean Bodin em “Os Seis Livros da República”, associando o Estado à unidade célula familiar; Jacques-Bénigne Bossuet em “Política Segundo a Sagrada Escritura”, não só defensor do Absolutismo como do poder divino dos reis. Aos contratualistas, em exemplo, Thomas Hobbes em sua obra “O Leviatã” explica seus pontos de vida sobre a natureza humana e a necessidade da representação política. Pois, todos os homens, em seu estado natural, mesmo mais fortes, inteligentes ou dotados de uma vantagem natural sobre outro, nenhum se ergue tão acima dos demais que não possa estar em desvantagem, isto é, todos têm direito a tudo e na escassez das coisas, existe um estado de guerra entre eles, assim a necessidade e a desejabilidade do interesse de se criar uma sociedade, de um soberano e de representação política. Mesmo John Locke e seu “Segundo tratado sobre o governo civil” admite a existência um estado de natureza, contrato social, tornando-se em estado civil e o interpreta de modo diferente, onde o estado de natureza é de certa forma harmonioso, o contrato social seja consensual e o estado civil na distinção entre executivo e legislativo; e Jean-Jacques Rousseau em “Do Contrato Social” define o pacto social como “cada um de nós coloca sua pessoa e sua potência sob a direção suprema da vontade geral”, todos explicitam a necessidade (e em alguns casos uma ordem natural) da representação política. Voltando à questão da democracia, ou melhor, a democracia de cada um, John Stuart Mill, um pensador liberal e defensor do utilitarismo, primeiro enxerga a política como uma arte na qual a determinação de uma forma de governo depende exclusivamente da escolha dos cidadãos. A outra visão imagina a política como um ramo das Ciências Naturais na qual as formas de governo dependem dos hábitos, costumes, meio geográfico e outros elementos pré-definidos de um determinado povo, portanto a ação humana estaria limitada a encontrar a forma de governo que fosse mais apropriada a uma determinada sociedade. As instituições políticas são produto da ação humana e ao desejo humano devem sua origem e existência, neste sentido se aproximando dos partidários da primeira posição. Já Mikhail Bakunine Assume um programa de abolição do Estado, propondo o triunfo da igualdade econômica e social. Defende a idéia de sociedade natural contra a política, entendendo aquela como uma sociedade espontânea. O Estado é entendido como um imenso cemitério onde se sacrificam, morrem e enterram todas as manifestações da vida individual e local, todos os interesses das partes cujo conjunto constitui a sociedade. Quem diz Estado, diz necessariamente dominação e, por conseguinte, escravatura; um Estado sem escravatura, declarada ou disfarçada, é inconcebível, eis porque somos “inimigos do Estado". Para Bakunine, o estatismo é "todo o sistema que consiste em governar a sociedade de cima para baixo em nome de um pretendido direito teológico ou metafísico, divino ou cientifico", enquanto a anarquia é "a organização livre e autônoma de todas as unidades ou partes separadas que compõem as comunas e a sua livre federação, fundada de baixo para cima, não sobre a injunção de qualquer autoridade, mesmo que eleita, ou que sobre as formulações de uma sábia teoria, seja ela qual for, mas em consequência do desenvolvimento natural das necessidades de todas as espécies que a própria vida gera". Propõe a eliminação do direito jurídico pela instauração de um direito humano, o único verdadeiro direito que é o respeito da dignidade pessoal universalmente refletida. Portanto, entre os diversos autores citados, suas teorias e obras, a representação política pode ser vista de diversas formas e defendida, também, de várias maneiras, inclusive sua ausência. Fator único para o presente e o futuro de um grupo de pessoas, sociedade; determinante, não só da vida política e social de um povo, mas engloba a cultura e o estilo de vida de todos. Por apenas podermos julgar uma sociedade, um direito geral e/ou a vontade de todos, a grande incoerência das inúmeras vontades individuais, a representação política é importantíssima para garantir a segurança, o bem- estar e o estabelecimento de normas; criar, gerar e manter a ordem da engrenagem social.