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Orientador:
Jorge Santos
Rio de Janeiro
Março 2015
MEDIDAS PARA A REDUÇÃO DOS IMPACTOS
AMBIENTAIS GERADOS PELA CONSTRUÇÃO CIVIL
Examinada por:
_____________________________________
Prof. Jorge Santos, D. Sc.
_____________________________________
Prof.ª Ana Catarina Jorge Evangelista, D. Sc.
_____________________________________
Prof. Wilson Wanderley da Silva
MARÇO de 2015
Santos, Isabela da Rocha
iii
Dedicado à minha família.
iv
AGRADECIMENTOS
Nesta longa jornada nunca estive sozinha, agradeço, principalmente, aos meus pais,
Heliane e Ernesto por me ensinarem que todo esforço é e será muito bem
recompensado. Suas palavras de incentivo foram decisivas nos momentos de
desanimo e seus abraços carinhosos, muitas vezes foram sinônimos de missão
cumprida.
A minha mãe, Heliane, obrigada por estar em todos os momentos, por todo amor
devotado e por ser minha melhor amiga.
Ao meu pai, Ernesto, agradeço por trazer a Engenharia para a minha vida e me ajudar
a trilhar meu caminho pessoal e profissional, sempre com seriedade e amor.
A minha irmã Mariana, pelas palavras de carinho, os exemplo da vida, amor e amizade
por todo esse tempo.
Ao meu professor orientador, Jorge Santos, o meu muito obrigado, pela paciência,
dedicação e atenção dada, além dos conhecimentos passados.
v
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ
como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro
Civil.
Março/2015
vi
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial
fulfillment of the requirements for the degree of Engineer.
Março/2015
The construction industry is one of the largest consumers of natural resources and also
generate solid waste. This paper presents a current overview of the environmental
situation in the country and all environmental legislation based on Resolution No. 307
of CONAMA. Aware of the environmental impacts generated by its operations and
seeking not waste generation, construction companies seek alternative measures
design, sustainable materials and processes, implementing recycling, reuse and waste
management procedure. Finally, the result of a monitoring of a work in which they were
presented some mitigation measures in waste generation and environmental impacts.
vii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: MARGEM DESMATADA, COM EROSÃO CAUSANDO ASSOREAMENTO NA ÁREA DE EXTRAÇÃO DE AREIA................... 6
FIGURA 2: EMISSÃO DE GASES DE EFEITO ESTUFA DA INDÚSTRIA DE CIMENTO, 2000. ..................................................... 7
FIGURA 3: DISTRIBUIÇÃO MUNDIAL DO POTENCIAL DE EMISSÕES ANUAL DE CO2 DA INDÚSTRIA DE CIMENTO NOS ANOS 1990.
............................................................................................................................................................. 8
FIGURA 4: ESTOQUE DE CIMENTO EM CANTEIRO DE OBRAS ...................................................................................... 15
FIGURA 5: EXEMPLO DE RESÍDUOS CLASSE A, CONFORME A RESOLUÇÃO N°307 .......................................................... 17
FIGURA 6: EXEMPLO DE RESÍDUOS CLASSE B CONFORME A RESOLUÇÃO N°307 ........................................................... 17
FIGURA 7: EXEMPLO DE RESÍDUOS CLASSE D CONFORME A RESOLUÇÃO N°307 ........................................................... 18
FIGURA 8: RCD COLETADO NAS REGIÕES EM TON/DIA ............................................................................................ 19
FIGURA 9: TIPO DE PROCESSAMENTO DADO ENTRE OS 392 MUNICÍPIOS BRASILEIROS C/ MANEJO DE RCC ........................ 21
FIGURA 10: DISTRIBUIÇÃO DAS USINAS DE RECICLAGEM DE RCC NO BRASIL ............................................................... 26
FIGURA 11: ECOPONTO NO PARQUE ROYAL NA ILHA DO GOVERNADOR ..................................................................... 35
FIGURA 12: RESÍDUOS SÓLIDOS ENCAMINHADOS ÀS UNIDADES DE RECEBIMENTO DO SISTEMA PÚBLICO DA CIDADE DO RIO DE
JANEIRO ................................................................................................................................................ 37
FIGURA 13: NÍVEIS DE CERTIFICAÇÃO LEED ......................................................................................................... 42
FIGURA 14: REGISTROS E CERTIFICAÇÕES LEED NO BRASIL ..................................................................................... 42
FIGURA 15: EXIGÊNCIA MÍNIMA PARA CERTIFICAÇÃO AQUA................................................................................... 44
FIGURA 16: ILUSTRAÇÃO DO PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO AQUA ............................................................................. 45
FIGURA 17: MODELO DE CRONOGRAMA SUGERIDO PELO MANUAL............................................................................ 49
FIGURA 18: EXEMPLO DE ARMAZENAMENTO DE AÇO.............................................................................................. 52
FIGURA 19: EXEMPLO DE ARMAZENAMENTO DE MADEIRA ....................................................................................... 52
FIGURA 20: EXEMPLO DE COLETA SELETIVA EM CANTEIRO DE OBRAS .......................................................................... 53
FIGURA 21: BAGS UTILIZADOS PARA ORGANIZAÇÃO................................................................................................ 54
FIGURA 22: MODELO DE ETIQUETAS E ADESIVOS ................................................................................................... 54
FIGURA 23: MODELO DE NTR PELO SMAC N°519 ............................................................................................... 58
FIGURA 24: MODELO DE USINA MÓVEL DE RECICLAGEM DE RCC UTILIZADO NA ALEMANHA........................................... 60
FIGURA 25: PROCESSO DE RECICLAGEM DE RESÍDUO CLASSE A ................................................................................. 61
FIGURA 26: USOS RECOMENDADOS PARA AGREGADOS RECICLADOS .......................................................................... 61
FIGURA 27: BOLSA COMO PRODUTO FINAL DA RECICLAGEM DE SACOS DE CIMENTO ...................................................... 64
FIGURA 28: CAÇAMBA DE RESÍDUO DE MADEIRA ................................................................................................... 69
FIGURA 29: CAÇAMBAS COM RESÍDUOS CLASSE D.................................................................................................. 69
FIGURA 30: CAÇAMBA COM RESÍDUOS CLASSE B ................................................................................................... 70
FIGURA 31: MODELO DE NTR PARA RESÍDUO TIPO CLASSE A ................................................................................... 74
FIGURA 32: MODELO DE NRT UTILIZADO PARA RESÍDUO CLASSE B ........................................................................... 75
FIGURA 33: MODELO DE NTRS PARA RESÍDUO CLASSE B (MADEIRA) ......................................................................... 76
FIGURA 34: MODELO DE NTR DE METAL/SUCATA ................................................................................................. 77
FIGURA 35: RELATÓRIO MENSAL DE GESTÃO DE RESÍDUOS DO MÊS DE DEZEMBRO/2014 ............................................ 78
viii
FIGURA 36: INTERFERÊNCIA DAS INSTALAÇÕES DE ÁGUA E ESGOTO COM AS DE ELÉTRICA. .............................................. 79
FIGURA 37: INFERÊNCIA DO SISTEMA HIDRÁULICO COM O REVESTIMENTO INTERNO ...................................................... 79
FIGURA 38: INTERFERÊNCIA DO SISTEMA PREDIAL COM A ESTRUTURA ........................................................................ 80
FIGURA 39: MARCAÇÃO DE FURAÇÃO NA LAJE NA FORMA ANTES DA CONCRETAGEM .................................................... 81
FIGURA 40: CHUMBAMENTO DE PASSANTES DE ACORDO COM O PROJETO .................................................................. 81
FIGURA 41: KITS HIDRÁULICOS DE AQUECEDOR/TANQUE E CHUVEIRO. ..................................................................... 82
FIGURA 42: KIT DE CHUVEIRO COM PLACA DE DRYWALL VERDE AGURADANDO ACABAMENTO. ........................................ 83
FIGURA 43: KIT DE LAVATÓRIO JÁ ACABADO, PRONTO PARA A APLICAÇÃO DE CERÂMICA. ............................................... 83
FIGURA 44: TIPOS DE BLOCOS CERÂMICOS DA ALVENARIA RACIONALIZADA ................................................................. 85
FIGURA 45: PROJETO DE PRIMEIRA FIADA DE ALVENARIA RACIONALIZADA ................................................................... 86
FIGURA 46: PROJETO DE DETALHE DE PAGINAÇÃO DE VEDAÇÃO RACIONALIZADA .......................................................... 86
FIGURA 47: BLOCO ELÉTRICO AMEAÇA EM SUA POSIÇÃO ......................................................................................... 87
FIGURA 48: PAREDE PRONTA COM INSTALAÇÃO ELÉTRICA SEM MARCAS DE ARREMATES E RETRABALHOS .......................... 87
FIGURA 49: PAREDE PRONTA SEM ARREMATES...................................................................................................... 87
LISTA DE TABELAS
ix
SUMÁRIO
Conteúdo
SUMÁRIO .......................................................................................................... x
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1
x
4.1.1. Resolução CONAMA n° 307/2002 ............................................................................................ 30
6. ESTUDO DE CASO................................................................................... 66
xi
6.3.2. Gestão de Resíduos .......................................................................................................... 67
6.3.3. Segregação de Resíduos e destinação correta ................................................................. 68
6.3.4. Uso de Kits hidráulicos ..................................................................................................... 78
6.3.5. Uso de Alvenaria Racionalizada ....................................................................................... 84
7. CONCLUSÃO ............................................................................................ 88
SIGLAS
ABEPRO – Associação Brasileira de Engenharia de Produção
ABNT – associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRECON – Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil
e Demolição
ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza e Resíduos Especiais
ANA – Agência Nacional das Águas
ASCE – American Society of Civil Engeneers
ATTR – Área de Transbordo, Triagem e Reciclagem de Resíduos da Construção Civil
CBCS – Conselho Brasileiro de Construção Sustentável
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPCC – Intergovernamental Panel on Climate Change
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
NTR – Nota de Transporte de Resíduos
PBQP-H – Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat
PIB – Produto Interno Bruto
PMGRCC – Plano Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil
PNSB – Pesquisa Nacional de Saneamento Básico
RCC – Resíduo da Construção Civil
RCD – Resíduos de Construção e Demolição
SIAC – Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas e Serviços e Obras da
Construção Civil
SINDUSCON-SP – Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo
SMAC – Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Rio de Janeiro)
SNIS – Sistema Nacional de Informações
WBCSD – Word Business Council for Sustainable Development
xii
1. INTRODUÇÃO
Desde a antiguidade o homem tem utilizado a engenharia a fim de solucionar
problemas que a sociedade enfrenta. Nos últimos cinco anos o país esteve em um
bom momento da economia o que propiciou o crescimento da construção civil e
consequente avanço na geração de emprego, tornando-a importante para o
desenvolvimento econômico e social.
Este crescimento fez com que a fabricação e comercialização de produtos crescessem
também, sendo necessária a extração de matéria prima para tal finalidade. No entanto,
foi realizada de forma desordenada e ilimitada causando grandes mudanças e
impactos ao meio ambiente.
1
gerenciamento destes resíduos. Transferindo a responsabilidade de gestão do poder
público para os geradores.
1.1. Objetivo
O presente trabalho visa com base na necessidade de busca por novos materiais e
métodos menos agressivos ao meio ambiente, apresentar medidas de projeto,
execução e planejamento de obra que reduzam os impactos causados pelos resíduos
da construção civil. Trazendo opções de melhoria na execução dos serviços no âmbito
sustentável e econômico.
Assim esta pesquisa irá focar apenas os impactos ambientais gerados por
construções civis urbanas deixando de lado as construções de infraestrutura. Para
estas últimas, as exigências da Resolução da CONAMA e órgãos públicos são um
pouco diferentes, assim como os impactos ambientais, que são maiores e menos
reversíveis.
1
LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) é um sistema internacional de certificação e
orientação ambiental para edificações, utilizado em 143 países, e possui o intuito de incentivar a
transformação dos projetos, obra e operação das edificações, sempre com foco na sustentabilidade de
suas atuações.
2
englobou o estudo de caso em uma obra residencial de alto padrão com dezesseis
pavimentos de uma construtora consolidada e renomada no mercado onde existem
métodos e projetos que visam a redução de resíduos e aumento da produtividade.
3
2. IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELA
CONSTRUÇÃO CIVIL
2.1. Conceitos
III - a biota;
4
Logo, as atividades da construção civil geram aspectos ambientais, que por sua
vez provocam impactos ambientais. São esses que atingem o meio ambiente
alterando suas propriedades naturais. Por isso, para apresentar medidas que reduzem
estes impactos é necessário estudá-los e entender suas causas e efeitos.
2
Antropogênicos são efeitos, materiais ou processos derivados de atividades humanas, em
oposição a aqueles que ocorrem em ambientes naturais sem influência humana.
5
A mineração de materiais de uso imediato na construção, como areia, brita e
argila, aliada a outras formas de uso e ocupação do solo, vem gerando uma
diminuição das jazidas disponíveis para o atendimento das demandas das principais
regiões do país, em especial no Sul e Sudeste. Segundo John (2000), em São Paulo,
por exemplo, o esgotamento das reservas próximas da capital faz com que a areia
natural já esteja sendo transportada de distâncias superiores a 100 km, resultando em
significativo aumento no consumo de energia e geração de poluição.
Figura 1: Margem desmatada, com erosão causando assoreamento na área de extração de areia.
6
com forte emissão de gases de efeito estufa, principalmente o dióxido de carbono
(Maury e Blumenschein, 2012).
7
Figura 3: Distribuição mundial do potencial de emissões anual de CO2 da indústria de cimento nos
anos 1990.
Fonte: Van Oss e Padovani (2002), com base em dados de Cembureau (1996).
Já nos serviços de construção civil, embora a água não seja vista e nem tratada
como material de construção, o consumo é bastante elevado, por exemplo, para a
confecção de um metro cúbico de concreto, se gasta em média de 160 a 200 litros e,
na compactação de um metro cúbico de aterro, podem ser consumidos até 300 litros
de água. Além destes gastos, temos picos de gastos em diferentes etapas da obra
como testes de impermeabilização e instalações hidráulicas e limpeza dos
apartamentos em fase de entrega.
8
Além de ser principal consumidora a construção civil aparece como uma das
atividades que mais interferem no ciclo da água, seja diretamente, em obras de
infraestrutura, como barragens e transposições, ou indiretamente, criando superfícies
impermeáveis que alteram o escoamento superficial e a drenagem. E também
poluindo através de seus resíduos descartados sem tratamento em locais impróprios.
Muitos resíduos de tintas e solventes são aterrados de forma ilegal e percolam até
atingirem e contaminarem o lençol freático.
9
Interessado em entender o panorama do país o Ipea desenvolveu um diagnóstico
dos Resíduos Sólidos da Construção Civil em que buscou dados e informações
capazes de comparar o Brasil com o mundo e confrontar a situação de cada região.
Para uma análise da estimativa nacional, o Brasil foi comparado a outros países,
como mostra a tabela 1, que apresenta uma estimativa de geração de RCC.
No cenário nacional, os RCC têm sido coletados, segundo o SNIS (Brasil, 2010c),
no montante de 7.192.372,71 t/ano (coletados de origem pública) e de 7.365.566,51
t/ano (coletados de origem privada), totalizando 14.557.939,22 t/ano.
A PNSB (IBGE, 2010) constatou que, dos 5.564 municípios brasileiros, 4.031
apresentam serviços de manejo de RCC, sendo que, entre estes, 392 municípios
(9,7%) possuem alguma forma de processamento dos resíduos.
10
indica que 1.330 municípios (32,9%) ainda dispõem os RCC em vazadouros e 442
municípios (10,9%) dispõem os RCC em aterros sanitários juntamente com demais
resíduos.
Nos últimos dez anos o Brasil teve grandes intervenções urbanas com o programa
Minha Casa Minha Vida e as obras da Copa de 2014 onde foi preciso ampliar as obras
de infraestrutura de aeroportos, aumentar o número de estradas e construir mais
moradias populares e melhorar a infraestrutura e o saneamento básico. O processo
continua com as obras das Olimpíadas de 2016 a serem realizadas na cidade do Rio
de Janeiro. Mas além de cumprir prazos e garantir que o País ofereça infraestrutura
para continuar a crescer, um dos maiores desafios é garantir que os projetos a serem
executados não deixem para as próximas gerações uma herança de danos
ambientais, como solos impermeabilizados e áreas verdes degradadas. A equação
para conciliar crescimento urbano com a preservação do meio ambiente não é fácil de
resolver.
11
Segundo Schenini, Bagnati e Cardoso (2004), a inexistência de uma consciência
ecológica na indústria da construção civil resultou em danos ambientais irreparáveis,
que foram agravados pelo maciço processo de migração ocorrido na segunda metade
do século passado, que ocasionou uma enorme demanda por novas habitações. Uma
primeira ação visando a diminuição do impacto visa mudar a nossa cultura e maneira
de agir.
12
3. PANORAMA AMBIENTAL DA CONSTRUÇÃO CIVIL
13
por exemplo, são capazes de rastrear seus produtos em qualquer etapa do seu ciclo
de vida, desde a extração e uso do material até sua destinação final, através de
controles tecnológicos e rastreabilidade.
14
O armazenamento correto é de extrema importância para evitar perda de material.
Todo material tem uma forma correta de se estocar sem prejudicar suas formas e
características. Na figura 3.1, tem-se um estoque de cimento. Este deve estar em
ambiente seco, sobre pallets (sem contato com o solo) e em pilhas de até 10 sacos.
15
treinado é possível que um mesmo serviço seja errado e repetido algumas vezes
gerando retrabalho, gasto de material e tempo.
É importante que para evitar este tipo de desperdício sejam feitos treinamentos
periódicos de procedimentos de serviços e sobre política da qualidade. Garantindo que
o trabalhador saiba o serviço que deve ser feito, os materiais e ferramentas que deve
utilizar dentro dos padrões de qualidade exigidos pela empresa, a fim de evitar
retrabalhos. Outras medidas são o aperfeiçoamento técnico, buscando aumentar a
capacidade técnica do operário e a inspeção de funcionários, feita por encarregados
de turma e mestre de obra. Esta última tem o objetivo de evitar o “corpo mole” e
garantir que o funcionário está produzindo.
16
Figura 5: Exemplo de resíduos Classe A, conforme a Resolução n°307
Fonte: BARRETO,2005
17
Figura 7: Exemplo de resíduos classe D conforme a Resolução n°307
18
Anualmente a ABRELPE, Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública
e Resíduos Especiais, publica um panorama dos resíduos sólidos do país. Com
relação aos resíduos de construção civil e demolição (RCD) observou-se entre 2013,
última publicação, e 2012 um aumento de 4,6% na quantidade coletada. O estudo é
feito em alguns municípios com auxílio das empresas responsáveis pela limpeza
urbana.
Segundo a ABRELPE esta situação se repete ao longo dos anos, e exige atenção
quanto ao destino final dado ao RCD, visto que a quantidade total desses resíduos é
ainda maior, uma vez que os municípios coletam apenas os resíduos lançados nos
logradouros públicos.
19
3.4. Transporte dos Resíduos e Bota-foras
No que diz respeito ao transporte dos resíduos gerados nas obras da cidade e
utilizados em outras obras, sabe-se que sua coleta e transporte dependem da
quantidade de resíduos gerados. Os pequenos geradores são aqueles que acumulam
2m³ por indivíduo, esses devem respeitar o Programa Municipal de Gerenciamento de
Resíduos da Construção Civil, PMGRCC. O Programa tem como diretriz melhorar a
limpeza urbana, reduzir os impactos ambientais e responsabilizar os pequenos
geradores.
Para isso são determinados pontos de coleta onde são instaladas caçambas de
entulho que posteriormente serão trocadas pelo órgão responsável. Na cidade do Rio
de Janeiro, estes pontos são identificados como ECOPONTOS e a coleta e destinação
dos resíduos, são de responsabilidade da Comlurb, empresa municipal responsável
pela coleta de toda a cidade.
20
pelos geradores e, portanto, devem cumprir rigorosamente o que lhes for determinado.
Os principais aspectos a serem considerados em contrato são: obediência às
especificações da legislação municipal, notadamente nos aspectos relativos à
segurança; disponibilidade de equipamentos em bom estado de conservação e limpos
para uso; apresentar a obrigatoriedade do registro da destinação dos resíduos nas
áreas previamente qualificadas e cadastradas pelo próprio gerador dos resíduos
(observadas as condições de licenciamento quando se tratar de Áreas de Transbordo
e Triagem, Áreas de Reciclagem, Áreas de Aterro para Resíduos da Construção Civil
ou Aterros de Resíduos Perigosos).
Figura 9: Tipo de processamento dado entre os 392 municípios brasileiros c/ manejo de RCC
21
Já com relação ao tipo de unidade de processamento3 de RCC, o SNIS, Sistema
Nacional de Informação sobre Saneamento, considerando apenas as unidades que
discriminaram simultaneamente o tipo de unidade e massa recebidas, divulgou os
seguintes valores.
3
Unidade de processamento de resíduos sólidos é toda e qualquer instalação − dotada ou não
de equipamentos eletromecânicos − em que quaisquer tipos de resíduos sólidos urbanos
(RSUs) sejam submetidos a alguma modalidade de processamento, enquadrando-se nesta
definição: lixão, aterro controlado, aterro sanitário, vala específica para resíduos de saúde,
aterro industrial, unidade de triagem, unidade de compostagem, incinerador, unidade de
tratamento por micro-ondas ou autoclave, unidade de manejo de podas, unidade de
transbordo, área de reciclagem de RCC, aterro de RCC, área de transbordo e triagem de RCC
(Brasil, 2010c, p. 117).
22
A fim de melhorar a compreensão de todos a Sinduscon-SP elaborou a tabela
abaixo com as alternativas para destinação de alguns resíduos de RCC. Não é uma
regra, mas auxilia na organização do canteiro e orienta quanto a destinação
adequada.
23
• NBR15112/2004 – Resíduos da construção civil e resíduos volumosos – Área de
transbordo e triagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação;
• NBR15113/2004 – Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes –
Aterros – Diretrizes para projeto, implantação e operação;
• NBR15114 /2004 – Resíduos sólidos da construção civil – Áreas de reciclagem –
Diretrizes para projeto, implantação e operação;
• NBR15115/2004 – Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil –
Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos;
• NBR15116/2004 – Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil –
Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural – Requisitos.
Fraga (2006) afirma que a redução de RCC associada a sua reciclagem são
formas de aproximar a construção civil da sustentabilidade através da redução dos
impactos negativos e da geração de matéria-prima que pode ser substituída pela
natural.
24
prima nos canteiros, em paralelo, iniciavam-se as pesquisas pra uso de agregados
reciclados. Em 1991, a cidade de Itatinga em São Paulo, montou sua primeira central
de reciclagem, mas encerrou seu funcionamento devido à falta de gestão sustentável
do resíduo da construção civil. Até 2002 o país tinha apenas 16 usinas registradas,
sua grande maioria no sudeste.
25
Brasil vem tomando força, principalmente na região sudeste, que concentra hoje 69%
das Usinas de Reciclagem do país (Ferreira e Moreira, 2013).
26
desperdícios ou potenciais de melhorias como economia de água e energia e redução
de resíduos.
1- Consumo de Materiais:
Os indicadores para este quesito têm como principal objetivo diminuir os impactos
ambientais associados à extração, fabricação e reintegração dos materiais. Já as
construtoras visam a eficiência no consumo de materiais, potencialização da
reciclagem e reutilização, redução da quantidade de material por unidade de serviço e
o consumo de materiais com melhoria ambiental.
Para controlar o consumo e desperdício de materiais são utilizados como
indicadores: quantidade de materiais utilizados por peso e volume e percentagem de
materiais reciclados utilizados.
27
e a redução na necessidade de energia resultante de dessas iniciativas; (e) Iniciativas
para reduzir o consumo de energia indireta e as reduções obtidas.
No que se refere a água, o objetivo é reduzir o seu consumo total e reduzir o
impacto do seu uso no ciclo natural da água. E os indicadores ambientais mais
utilizados são (a) Consumo total de água por fonte; (b) Recursos hídricos
significativamente afetados pelo consumo de água; (c) Percentagem e volume total de
água reciclada e reutilizada.
3- Emissões atmosféricas e disposição de resíduos:
28
d) Indicador de consumo de água ao final da obra: consumo de água
potável no canteiro de obras por m² de área construída;
4. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Segundo FRAGA (2006), “a problemática dos Resíduos da Construção Civil
(RCC) é relativamente recente no Brasil. Ao contrário de países como os EUA e o
Japão, aonde já existiam políticas para a questão dos resíduos desde a segunda
metade do século XX, no Brasil ainda discute-se uma legislação mais abrangente
sobre os resíduos”.
29
Sisnama estabelece princípios e conceitos fundamentais para a proteção ambiental,
bem como objetivos e instrumentos até então inexistentes na legislação pátria.
4
Logística reversa é um "instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado
por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a
restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou
em outros ciclos produtivos, ou outra destinação”.
30
passa da administração pública para os geradores. E considerando que a própria
Resolução preconiza a não geração de resíduos como o elemento básico para a
gestão dos canteiros de obras, coloca-se, a partir daí, uma nova realidade para a
construção civil no Brasil (FRAGA, 2006).
31
A Resolução em si é bastante completa, no que se referem aos geradores, estes
têm como objetivo não gerar resíduos e se gerarem são responsáveis pela redução,
reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final adequada.
32
IV - Transporte: deverá ser realizado em conformidade com as etapas anteriores e
de acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos;
33
Classe II-A – Não Inertes: aqueles que não se enquadram nas classificações
de resíduos Classe I ou de resíduos Classe II-B. São aqueles que podem ter
propriedades, tais como biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade
em água.
Classe II-B – Inertes: não apresentam, após teste de solubilização,
concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água, exceto os
padrões de cor, turbidez, sabor e aspecto.
O Estado reforça que as atividades (ou agentes) geradoras são responsáveis por
seus resíduos e destinação correta, assim como pela recuperação de áreas
degradadas e as obrigam a se cadastrarem junto ao órgão responsável para obter seu
licenciamento ambiental. Dentro do pedido de licenciamento deve constar o Plano
Integrado de Gerenciamento de Resíduos Sólidos onde a geradora descreve o
empreendimento e suas atividades, caracteriza e quantifica seus resíduos, e suas
ações de segregação, acondicionamento, transporte, reutilização/reciclagem e
destinação.
34
Já no Art.2° o decreto determina que o RCC deve ser destinado em uma área
regulamentada para tal fim e abre uma exceção para os resíduos classe A, permitindo
que sejam reutilizados em aterros com a função de material interno para uso no
terraplenagem. Os mesmos resíduos são os únicos definidos como agregados
reciclados e seu uso não é obrigatório e sim preferencial em obras de infraestrutura ou
edificações sejam elas realizadas por construtoras contratadas ou executadas pela
própria administração pública direta ou indireta.
Os grande geradores por definição são aqueles que superam os 2m³ de resíduos
por indivíduo por semana e são obrigados a desenvolver o Projeto de Gerenciamento
de Resíduos da Construção Civil. Este deve estar em conformidade com diretrizes da
35
Resolução da CONAMA n° 307/2002, e deve conter não só as características da obra,
mas principalmente os procedimentos que serão feitos para minimizar os resíduos, o
manejo e sua destinação adequada.
36
Figura 12: Resíduos Sólidos encaminhados às unidades de recebimento do Sistema Público da
Cidade do Rio de Janeiro
37
2) Garantir que as obras e serviços de engenharia do Município executados
direta ou indiretamente pela administração pública deverão utilizar agregados
reciclados oriundos de Resíduos da Construção Civil – RCC, quando os
mesmos já constarem do SCO-RIO, nos termos do Decreto Municipal n◦
33.971 de 13 de junho de 2011, ou outro que o substitua: “Quando envolver
geração de RCC em volume superior a 5.000 m³, será obrigatória a
reutilização dos resíduos de RCC classe A gerados no local, no próprio
canteiro de obras, no percentual mínimo de 50%, em conformidade ao artigo
2º do Decreto Municipal nº 33.971, de 13 de junho de 2011, ou outro que o
substitua; Caso não haja área disponível no local da obra, os resíduos
deverão ser encaminhados para unidade externa de beneficiamento,
devidamente licenciada, devendo retornar para utilização na obra geradora,
no mesmo montante de 70% já estabelecido; O percentual de resíduos de
RCC, que não venha a ser aplicado na obra geradora, deverá ser destinado a
outras obras públicas municipais”
38
ambientais e do consumo de energia para, reformas, operacionalização e novas
construções.
As certificações têm por objetivo promover uma conscientização de todos os
envolvidos no processo, desde a fase do projeto, passando pela construção, até o
usuário final, promovendo metodologias sustentáveis que irão permitir o controle do
uso de recursos naturais, proporcionando qualidade de vida para os usuários (NOVIS,
2014).
Um passo importante aconteceu quando foi gerado o consenso entre
investigadores e agências governamentais, de que a classificação de desempenho,
associada a sistemas de certificação, cria mecanismos eficientes de demonstração de
melhoria continuada. Destaca-se então a importância da adoção voluntaria de
sistemas de avaliação de desempenho e da possibilidade do mercado ser um
impulsionador para elevar o padrão ambiental existente (PINHEIRO, 2006).
Desta forma chega-se a formatação de práticas para avaliar e reconhecer a
construção sustentável cada vez mais presente em vários países sendo estruturada a
partir de (1) orientações ou guias para a construção sustentável, com critérios de
maior ou menor definição, (2) processos de avaliação e verificação desses critérios,
(3) especialistas para o apoio ao seu desenvolvimento e avaliação (auditoria), e por
vez até a (4) integração em processos independentes de certificação (PINHEIRO,
2006).
Nos anos 90, a Inglaterra é pioneira e apresenta o BREEAM (Building Research
Establishment Environmental Assessment Method), com o objetivo de avaliar o
desempenho ambiental dos empreendimentos de construções. Em seguida, os
Estados Unidos e Canadá apresentaram suas metodologias de avaliação.
Quando a metodologia se baseia em pontos, ou seja, créditos que geram índices,
acontece uma ponderação por categorias. A classificação ocorre em níveis de
ambientalmente correto, sendo o sistema fornecedor de padrões e diretrizes de projeto
para poder medir a eficiência e sintonia com o meio ambiente. São exemplos desta
técnica de avaliação o LEED e BREEAM (LEITE, 2011).
A técnica de avaliação pode também ser baseada no desempenho, visando mais
a gestão e os processos empregados. É dividido em categorias que devem apresentar
por parte do empreendimento a ser auditado desempenho igual ou maior ao
normalizado. Como resultado se classifica ou não o empreendimento com
ambientalmente correto, não existindo níveis intermediários. Como exemplo tem-se o
HQE e NABERS (LEITE, 2011).
Alguns dos sistemas de são o BREEAM no Reino Unido, o LEED (Leadership in
Energy & Environmental Design) nos Estados Unidos, o NABERS (National Australian
39
Buildings Environmental Rating System) na Australia, o BEPAC (Building
Environmental Performance Assessment Criteria) no Canadá, o HQE (Haule Qualité
Environnementale dês Bâtiments) na França e o CASBEE (Comprehensive
Assessment System for Building Environmental Efficiency) no Japão (LEITE,2011).
No Brasil os mais utilizados são o LEED, realizado pela Green Concil Building do
Brasil e o AQUA (Alta Qualidade Ambiental), implantado pela Fundação Vanzolini.
O processo AQUA (Alta Qualidade Ambiental) de certificação é a versão brasileira
adaptada do HQE (França) que define a qualidade ambiental, segundo a associação
HQE, como “qualidade ambiental do edifício e dos seus equipamentos (em produtos e
serviços) e os restantes conjuntos de operação, de construção ou adaptação, que lhe
conferem aptidão para satisfazer as necessidades de dar resposta aos impactos
ambientais sobre o ambiente exterior e a criação de ambientes interiores confortáveis
e sãos”. (PINHEIRO, 2006).
40
Tabela 9: Categorias da certificação LEED
Fonte: USGBC,2011
41
Figura 13: Níveis de Certificação LEED
Fonte:GBCB, 2011
42
transforma-se em AQUA-HQE uma certificação com identidade e reconhecimento
internacional (Fundação Vanzolini, 2015).
Desde seu lançamento em 2008 o Processo AQUA propõe um novo olhar para
sustentabilidade nas construções brasileiras; seus referenciais técnicos foram
desenvolvidos considerando a cultura, o clima, as normas técnicas e a
regulamentação presentes no Brasil, mas buscando sempre uma melhoria contínua de
seus desempenhos (Fundação Vanzolini, 2015).
4) Gestão da energia
5) Gestão da água
8) Conformo higrotérmico
9) Conforto acústico
43
classificação Excelente e um número máximo da classificação Bom. Uma
peculiaridade do sistema é que o padrão mínimo de exigência remete ao que está
normatizado e regulamentado (LEITE, 2011).
44
Figura 16: Ilustração do processo de certificação AQUA
45
e ampliação do antigo SiQ (Sistema de Qualificação de Empresas de Serviços e
Obras). O SiAC tem como objetivo avaliar a conformidade do sistema de gestão da
qualidade das empresas de serviços e obras, considerando as características
específicas da atuação dessas empresas no setor da construção civil, e baseando-se
na série de normas ISO 9000.
Atualmente está vigente o novo Regimento do SIAC, da Portaria n°582 de 5 de
dezembro de 2012, que é composto por Referenciais Normativos e Requisitos
Complementares específicos a cada especialidade técnica, certificados de
conformidade e Declaração de Adesão ao PBQP-H. A certificação da empresa
depende da avaliação do Sistema de Gestão da Qualidade planejado quanto as
normativas aplicáveis e também do nível de prontidão da empresa em avaliar, auditar
e melhorar as práticas estabelecidas e implementadas.
O Sistema propõe a evolução dos patamares de qualidade em dois níveis: B e A.
O nível “B” possui um grau de exigência menor em relação ao SGQ com controle de
40% dos serviços e 50% dos materiais. E é muito utilizado pelas empresas para
aumentar em um ano o prazo de implementação do PBQP-H. Já o nível “A” é aquele
em que a empresa comprova implementar 100% do seu Sistema de Gestão da
Qualidade com 100% de controle de materiais e serviços.
46
a) Indicador de geração de resíduos ao longo da obra: volume total de
resíduos descartados (excluído solo) por trabalhador por mês – medido
mensalmente e de modo acumulado ao longo da obra em m³ de
resíduos descartados / trabalhador.
b) Indicador de geração de resíduos ao final da obra: volume total de
resíduos descartados (excluído solo) por m² de área construída –
medido de modo acumulado ao final da obra em m³ de resíduos
descartados / m² de área construída.
Sobre resíduos sólidos, o item 7.1.1 no Plano da Qualidade da Obra afirma que
deverá ser feita uma definição dos destinos adequados para os resíduos sólidos e
líquidos (entulhos, esgoto e águas servidas) produzidos pela obra que respeitem o
meio ambiente e estejam de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei
12.305/2010, e legislações vigentes.
47
5. MEDIDAS PRÁTICAS DE REDUÇÃO DOS
IMPACTOS AMBIENTAIS DO RCC
48
Figura 17: Modelo de cronograma sugerido pelo manual
49
5.1.1.2. Qualificação dos Agentes
50
Tabela 11: Características dos destinatários
Em caso de necessidade da
utilização de agentes
eminentemente informais
Sucateiros, cooperativas, grupos
Contrato social ou congênere, (condição de baixa atratividade
de coleta seletiva e outros
Agentes diversos alvará de funcionamento, para coleta associada a
agentes que comercializam
inscrição municipal. indisponibilidade de agentes
resíduos recicláveis.
formais), reconhecer o destino a
ser dado ao resíduo e registrá-lo
da maneira mais segura possível.
a) Organização do Canteiro:
Existe uma correlação entre os fluxos e estoque de materiais e geração de
resíduos. Por isso é importante garantir que algumas ações sejam feitas como:
acondicionamento adequado de materiais, respeitando classificação, empilhamento
máximo, distância do solo, preservação da limpeza e proteção contra a umidade.
51
Nas figuras 18 e 19, temos exemplos de armazenamento adequado,
respectivamente, de aço e madeira. Ambos em locais planejados, sem contato com o
solo e identificados.
52
b) Planejar a disposição dos resíduos
53
Figura 21: Bags utilizados para organização
54
5.2.2.1. Acondicionamento Inicial
55
responsabilidade dos operários que se encarregam da coleta dos resíduos dos
pavimentos. Pode ser feito por meios convencionais e disponíveis: transporte
horizontal (carrinhos, girícas, transporte manual) ou transporte vertical (grua, condutor
de entulho).
É o local onde o resíduo ficará armazenado até sua coleta e transporte pra o
destino final. O mais importante neste item é que os dispositivos utilizados sejam
dimensionados considerando características como: volume dos resíduos, facilidade
para a coleta, segurança pra os usuários e preservação da qualidade dos resíduos nas
condições necessárias para destinação. Assim como para os outros processos da
obra, a SindusCon-SP elaborou uma tabela com os melhores e mais recomendados
dispositivos de acondicionamento final de acordo com o tipo de resíduo.
56
Tabela 14: Acondicionamento final dos resíduos no canteiro de obra
Fonte: SindusCon-SP
57
resíduos. Para os resíduos de classe D no lugar de uma NTR, o transportador deve
portar um Manifesto de Resíduos do Instituto Estadual do Meio Ambiente (INEA).
58
5.3.2. Boas práticas
No Rio de Janeiro, a prefeitura e a empresa responsável pela coleta criaram para
os pequenos geradores os ECOPONTOS. Nestes locais são disponibilizados
caçambas estacionárias ou contêineres a fim de garantir a limpeza urbana e
destinação correta dos resíduos de construções menores, demolições e reformas.
5.4. Reciclagem
JOHN (1999) diz que a construção civil é o setor da economia que mais consome
matérias primas naturais. Sabe-se que muitos desses materiais naturais já não
existem de forma abundante ou sua obtenção possui dificuldades e cultos altos.
5
Aterro de resíduos da construção civil: é a área onde serão empregadas técnicas de
disposição de resíduos da construção civil Classe "A" no solo, visando a reservação de
materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro e/ou futura utilização da área,
utilizando princípios de engenharia para confiná-los ao menor volume possível, sem causar
danos à saúde pública e ao meio ambiente;
59
5.4.1. Usinas de Reciclagem
São locais onde os resíduos da construção civil das classes A e B são
transformados em agregados reciclados depois de um ciclo que se inicia com a
segregação e coleta e termina com trituração e moagem. Podem ser fixas ou móveis
onde a maior diferença entre elas é a mobilidade. Em grandes obras onde são
gerados grandes quantidades de resíduos que podem ser aproveitados de imediato,
pode-se fazer uso de máquinas móveis para o processo de reciclagem.
60
Figura 25: Processo de reciclagem de resíduo classe A
61
Fonte: Abrecon, 2015
62
5.4.2.3. Como agregado para concreto
Infelizmente não podem ser reutilizados ou reciclados na obra, por isso, sua única
alternativa é reciclar para outras atividades como artesanato e outros produtos. Por
isso, o destino mais correto são oficinas de papel artesanal ou cooperativas de
reciclagem. Em um artigo publicado na ABEPRO, os autores afirmam que o saco de
cimento está classificado como KRAFT III, material com boa resistência para rasgar,
ótimo para reciclagem.
63
O processo da reciclagem de sacos de cimento esta constituído, basicamente,
com 8 etapas: lavagem, despinicamento, repouso, trituração, molde, secagem,
montagem e produto final.
Especialistas no setor da construção afirmam que existem pelo menos três frentes
de reciclagem e reaproveitamento do gesso: na indústria cimenteira na qual o gesso
64
funciona como agente retardador da pega do cimento; no setor agrícola como corretivo
de acidez do solo e na própria indústria de gesso, reutilizando os resíduos de
produção.
65
6. ESTUDO DE CASO
66
3 pertencentes as suítes, ou banheiro canadense, dependendo da opção do cliente, e
1 as dependências de serviço e o lavabo, todos possuem dos kits hidráulicos na
alimentação das pias e chuveiros e shafts em todos os apartamentos.
O PGRCC é feito antes do início da obra, esta deve elaborar o Projeto de Canteiro
contemplando o gerenciamento de resíduos, identificando o tipo de resíduos em cada
fase e prevendo seu acondicionamento.
67
Foi criado pelo Departamento de Qualidade e Desenvolvimento Tecnológico um
procedimento denominado: “Planejamento e Acompanhamento da Gestão de
Resíduos em canteiros de obra”; com o objetivo de definir diretrizes para a gestão dos
resíduos em canteiros de obras atendendo os requisitos necessários. Este documento
visa orientar para diminuir a quantidade de resíduos gerados, estabelecer a forma
como devem ser tratados e descrever os meios utilizados para controle e
acompanhamento de saída e destinação final, atendo as resoluções CONAMA e
SMAC 519.
Está previsto no procedimento que para cada fase da obra são determinados
quantidade de caçambas e baias para cada tipo de resíduo. Por exemplo, na fase de
acabamento devem ser previstos, pelo menos, 2 caçambas sendo uma classe A e
outra gesso, 4 baias ou caçambas cada uma corresponde a um resíduo: metal,
madeira, papel/papelão e plástico, além de uma área restrita para resíduos classe D.
68
Figura 28: Caçamba de resíduo de madeira
69
Figura 30: Caçamba com resíduos classe B
70
Tabela 16: Documentação específica para homologação pelo setor da Qualidade
71
Tabela 17: Possíveis destinos para cada resíduo específico
72
As empresas transportadoras de retiradas de resíduos deverão ter os seus
veículos credenciados pela COMLURB (para resíduos Classe A, B ou C) e pelo órgão
ambiental competente (para resíduos Classe D) e obedecer às normas técnicas
nacionais. Para os resíduos Classe A, B ou C, o Chefe de Escritório ou o Almoxarife
deverá preencher a Nota de Transporte de Resíduos (NTR), individualmente para
cada classe e para cada transporte, imprimindo 3 vias, para controle da seguinte
maneira:
Todas as vias devem ser assinadas pelo transportador, o mesmo tem o prazo de
30 dias para devolver as NTRs assinadas e carimbadas, após enviá-las ao destino
final, anexando a nota fiscal.
73
Figura 31: Modelo de NTR para resíduo tipo classe A
74
Figura 32: Modelo de NRT utilizado para resíduo classe B
Observa-se que todas as NRTs tem também uma quantidade transportada, dessa
forma, a Construtora A é capaz de quantificar seus resíduos e ter maior controle sobre
sua geração.
NTR de Madeira (Resíduo classe B)
Na figura 33, o modelo de NTR utilizado pela Construtora A, apresenta todos os dados
da obra, assim como da transportadora e receptora final. É possível identificar o
material transportado e a fase da obra. O documento possui também campo para
registro das assinaturas de todos os envolvidos: gerador, transportador e receptor.
75
Figura 33: Modelo de NTRs para resíduo classe B (madeira)
Assim como nos exemplos anteriores a figura 34, apresenta o modelo de NTR
utilizado pela Construtora A, apresenta todos os dados da obra, assim como da
transportadora e receptora final. É possível identificar o material transportado e a fase
da obra. O documento possui também campo para registro das assinaturas de todos
os envolvidos: gerador, transportador e receptor.
76
Figura 34: Modelo de NTR de metal/sucata
77
Figura 35: Relatório Mensal de Gestão de Resíduos do mês de Dezembro/2014
A resolução da figura está ruim, mas pode-se afirmar que a Reciclagem total no
acumulado do Mês de Dez/2014: 5.445 m³ e 23.749,24 toneladas.
6.3.4.1. O que é?
78
de incidência), um pouco a mais que citado por Amorim,1997 (40%); erros de
execução (quase 30%); ausência ou insuficiência de manutenção; uso inadequado dos
equipamentos sanitários; e falhas em materiais e componentes das instalações
prediais (Couto, 2014).
Esta pesquisa não tem como foco patologias hidráulicas e sim impactos
ambientais gerados por resíduos da construção. Infelizmente, o processo de
instalação hidráulica se intercala com os outros sistemas podendo causar conflitos.
Nas figuras 36,37 e 38, foram apresentadas por Couto (2014) são apresentadas
algumas dessas interferências. Não é questionável se as falhas são de projeto ou
execução, mas todas apresentam casos de quebra, gerando mais resíduos e
retrabalhos.
79
Figura 38: Interferência do sistema predial com a estrutura
A produção dos kits busca características industriais. A montagem deve ser feita
em uma central própria para tal, com linha de montagem que assegura a qualidade e
produtividade deste processo. Os kits executados são então transportados aos
pavimentos para montagem e fixação dos mesmos.
80
Figura 39: Marcação de furação na laje na forma antes da concretagem
81
exatas das peças são utilizados: nível a laser, trena e esquadro devidamente aferidos
e com laudo de calibração em dia.
Por fim, é feito o fechamento e teste das tubulações, não sendo detectado
nenhum vazamento as estruturas estão liberadas para serem fechadas com placas de
drywall. Por se tratar de áreas molhadas, são utilizadas placas de drywall verde,
resistentes a umidade. Por último, as placas são vedadas, seladas e
impermeabilizadas com tinta epóxi, após o teste estão liberadas para a próxima etapa:
colocação de cerâmica ou emassamento, no caso, dos lavabos.
82
Figura 42: Kit de chuveiro com placa de drywall verde aguradando acabamento.
83
6.3.4.3. Vantagens do uso de Kits Hidráulicos
Segundo Couto (2014) temos algumas vantagens com o uso de kits hidráulicos,
incluindo diminuição de desperdício de material e redução de resíduos. São elas:
Na figura 44, são apresentados dois tipos de blocos cerâmicos utilizados na obra.
O primeiro é um bloco menor utilizado como compensador na horizontal, normalmente,
na última fiada no encontro com a laje superior. Pode também ser utilizado também na
posição horizontal, em “bonecas” e vãos de porta, evitando a quebra de blocos
maiores para este fim. Na figura 44, o bloco retangular comum utilizado na paginação
de paredes, observa-se que seus furos são na vertical para a passagem de
instalações. Este inclusive está furado para instalação de caixas de elétrica, são os
84
blocos elétricos, são furados previamente com uma furadeira serra copo diminuindo a
quebra e mantendo um padrão em todos os blocos.
85
Figura 45: Projeto de primeira fiada de alvenaria racionalizada
A figura 47 mostra uma primeira fiada com um bloco elétrico “ameaçado” em sua
posição antes de ser fixado. Na figura 48 a parede já está elevada e é possível
observar o bloco elétrico fixado com o conduite interno e sem nenhuma marca de
quebra ou arremate.
86
Figura 47: Bloco elétrico ameaça em sua posição
Figura 48: Parede pronta com instalação elétrica sem marcas de arremates e retrabalhos
87
6.4. Considerações Finais
As informações estudadas comprovam que a empresa tem preocupação
ambiental não só em se regularizar perante as Normas técnicas e Resoluções
CONAMA mas em desenvolver alternativas que diminuam o impacto ambiental de
suas atividades e os resíduos de construção civil.
7. CONCLUSÃO
Esta pesquisa buscou entender os impactos ambientais gerados pela construção
civil, fazer um panorama da atual situação e apresentar alternativas que podem reduzir
os danos ao meio ambiente.
88
ineficientes, falta de planejamento e controle, mão de obra pouco qualificada são
fatores negativos geradores de resíduos, desperdício de material e tempo.
A pesquisa poderia ser mais precisa não fosse a falta de dados mais completos e
atuais. Estatísticas como quantidade de cada material em um entulho estão defasadas
ou percentagem de material reciclado possível de compara com outros países
deixaram a desejar. Por isso, é uma indicação para novos trabalhos, assim como a
importação de tecnologias de reutilização, reciclagem de materiais e ferramentas
capazes de reduzir a quantidade de resíduos e diminuir os impactos.
89
capazes de atrelar aumento de produtividade com redução de resíduo e danos
ambientais, como o uso de alvenaria racionalizada e instalação de kits hidráulicos.
90
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A PRODUTIVIDADE DA CONSTRUÇÃO CIVIL BRASILEIRA. Câmara Brasileira da
Indústria da Construção - CBIC. Disponível em:
<http://www.cbicdados.com.br/media/anexos/066.pdf>. Acesso em 13 fev. 2015
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<http://www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/relatoriopesquisa/120911_relato
rio_construcao_civil.pdf >. Acesso em 21 jan. 2015
92
<http://www.rio.rj.gov.br/web/comlurb/exibeconteudo?id=4194245>. Acesso em 08 fev.
2015
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fev. 2015
94
RIO DE JANEIRO (RJ). Decreto nº 27.078, de 27 de setembro de 2006. Institui o
Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e dá outras
providências. Diário Oficial [do] Município do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, 28 set
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Acesso em 05 fev. 2015
SOUZA, Andre Pinheiro de; SILVA, Rafael Leal da; RAJA EL, Wail; ROSA, Luciana
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96