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rações anteriores e chamam atenção p ara a das no curso da vida do p aciente. Em vez
necessidade de uma abordagem cognitivo- disso, o significado da resistência do clien
-comp ortamental, teórica e p rática, envol te p ode servir a um p rop ósito adap tativo,
vendo a relação terap êutica como um ingre considerando-se a p ersp ectiva deste.
diente ativo de mudança. A p artir de uma revisão da literatura
A imp ortância de se considerar p ro (Leahy, 2001; Liotti, 1989; Safran, 2002;
cessos transferenciais na relação terap êutica Young et al., 2003), seguem abaixo os p as
tem sido ressaltada em estudos de Miranda sos sugeridos p ara lidar com a resistência
e Andersen (2007), os quais conceituam a esquemática do cliente:
transferência de forma diferenciada do con
ceito freudiano quanto ao envolvimento de 1. avaliação das exp eriências p assadas que
fantasias infantis e conflitos p sicossexuais. p rovocaram a construção de esquemas
Os autores desenvolveram um modelo so- p recoces, antes de encorajar o cliente a
ciocognitivo, baseado nas rep resentações enfrentar os p roblemas através de rep re
mentais e nos estilos de ap ego (Bowlby, sentações alternativas;
2001), p ara a comp reensão da transferência 2. reconhecer a resistência como uma ma
nas relações sociais cotidianas, o qual tem nifestação coerente, diante do esquema
sido útil p ara a relação terap êutica. relacionado a ela, bem como da realidade
Segundo o modelo de Miranda e exp erimentada p elo cliente em sua vida
Andersen, as p essoas constroem uma vi (validação);
são de si a p artir das relações com os ou 3. discutir com o cliente como esse esquema
tros significantes (membros familiares, p a ativado se manifesta nas relações interp es
res românticos, amigos ou outras p essoas soais do cliente (confrontação emp ática),
imp ortantes na exp eriência do indivíduo). fazendo uma p onte com o que acontece
Essas rep resentações do self ficam retidas na na relação terap êutica (transferência);
memória e são disp aradas p or chaves con- 4. revelar (se for o caso) os p róp rios senti
textuais ap licadas em novos indivíduos. Em mentos exp erimentados frente ao com
outras p alavras, as p essoas revivem relações p ortamento do cliente, ajudando-o a FAP
p assadas em suas interações sociais do dia exp lorar o imp acto desse comp ortamento
a dia. Através de uma metodologia exp eri nas p essoas de seu contexto interacional
mental sofisticada realizada em ambiente (neste caso, o terap euta deve reconhecer
de laboratório, os autores têm confirmado a o p róp rio p ap el na relação como p arte da
existência da exp eriência transferenciai nas transferência);
relações sociais e, na relação terap êutica, 5. agir de forma não comp lementar ao
sugere-se que esta acontece inevitavelmen esquema do cliente, evitando o ciclo
te, tanto com o cliente quanto com o tera cognitivo-interp essoal e ajudando o mes
p euta (neste último caso, a contratransfe- mo a refutar as crenças negativas sobre
rência) (Miranda e Andersen, 2007). os outros, p ercebendo a sua p articip ação
Liotti (1989) p rop õe que os terap eu nos conflitos interp essoais.
tas de orientação cognitivo-comp ortamental
costumam abordar a resistência esquemá- Tais p rocedimentos contribuem p ara
tica dos clientes identificando crenças irra “normalizar” as dificuldades do cliente, au
cionais, bloqueios cognitivos ou ansiedades mentando a autoconsciência deste e p rop i
subjacentes às falhas dos mesmos em aderir ciando uma op ortunidade segura p ara lidar
a um deteminado p rocedimento terap êu com as questões interp essoais de forma ma
tico. Entretanto, como afirma o autor, tais dura e saudável, além de contribuir p ara o
p rocedimentos são limitados, baseados no enfraquecimento do esquema.
“aqui-e-agora” e negligenciam investigação Concluindo, as habilidades p ara lidar
sobre quando, como e p or que essas cren com a resistência esquemática do cliente de
ças, bloqueios e ansiedades foram adquiri mandam maior esforço do terap euta, tanto
PSICOTERAPIAS COGNITIVO- COMPORTAMENTAIS: UM DIÁLOGO COM A PSIQUIATRIA 15 1