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ENFRENTAMENTO
da FEMINIZAÇÃO
da Epidemia de Aids
e outras DST
Março, 2007
© 2007. Ministério da Saúde
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.
1ª edição – tiragem: 1.000 exemplares
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva
Publicação financiada com recursos do Fundo de População das Nações Unidas -UNFPA
Organizadoras: Katia Guimarães e Ângela Donini
Colaboração: Simone Diniz – Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo
7
A P R E S E N TA Ç Ã O
8
I N T R O D U ÇÃO
13
A F E M I N I Z AÇÃO DA E P I D E M I A :
D E S A F I O S PA R A A S U P E R A Ç Ã O
DA S V U L N E R A B I L I DA D E S
20
P O L Í T I CA S I N T E R S E TO R I A I S
PA R A A S M U L H E R E S
23
O B J E T I VO G E R A L
DO PLANO
O B J E T I VO S E S P E C Í F I C O S
DO PLANO
DIRETRIZES
24
A Ç Õ E S E S T R AT É G I C A S
26
M E TA S
27
AT I V I D A D E S S U G E R I D A S
30
anexo
MARCOS QUE NORTEIAM
A S P O L Í T I CA S P Ú B L I CA S
B R A S I L E I R A S PA R A A S M U L H E R E S
7
A P R E S E N TA Ç Ã O
A Secretaria Especial de Políticas para as Mulhe- pectiva de gênero e a garantia dos di-
res e o Ministério da Saúde, por meio do Programa reitos humanos de todas as pessoas é
Nacional de DST e Aids e da Área Técnica de Saúde condição fundamental para a redução
da Mulher, apresentam às instituições que atuam das vulnerabilidades e da ocorrência
no campo dos direitos humanos, direitos sexuais de infecções provocadas por relações
e direitos reprodutivos das mulheres brasileiras o desprotegidas.
Plano Integrado de Enfrentamento à Feminização
da Epidemia da Aids e outras DST. Para a execução O Plano visa a nortear a implanta-
do Plano contamos com o apoio do Fundo de Po- ção e a implementação de ações nos
pulação das Nações Unidas (UNFPA), do Fundo das níveis federal, estadual e municipal.
Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e do Fundo Seu objetivo central é a promoção da
das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM). saúde sexual e da saúde reprodutiva,
por meio do desenvolvimento de ações
Resultado de uma parceria que intersetoriais com capacidade para
procurou reunir esforços e alçar vôo acelerar o acesso aos insumos de pre-
a partir da articulação intersetorial venção, ao diagnóstico e ao tratamen-
e da participação de parceiras/os da to das doenças sexualmente transmis-
sociedade civil, o Plano tem como síveis e da aids, para as mulheres das
elemento fundamental o enfrenta- diferentes regiões de nosso País.
mento das múltiplas vulnerabilidades
que contribuem para que as mulheres O cumprimento do Plano está as-
brasileiras estejam mais suscetíveis à sociado a uma agenda destinada a
infecção pelo vírus HIV e a outras do- ampliar o diálogo e a estruturação de
enças sexualmente transmissíveis. ações nos níveis estaduais e municipais.
O êxito das ações e a consolidação do
Nos últimos anos, o principal Plano dependem do compromisso dos
aprendizado no enfrentamento à epi- gestores, dos profissionais de saúde e
demia é o de que devemos considerar da participação ativa da comunidade
os componentes socioeconômicos e para que as diferentes necessidades
culturais que estruturam a desigual- das mulheres sejam contempladas nos
dade entre homens e mulheres. A planejamentos regionais.
violência doméstica e sexual contra
mulheres e meninas e a discriminação Finalmente, esperamos que este
e o preconceito relacionados à raça, Plano seja mais um instrumento na luta
à etnia e à orientação sexual são ex- pela conquista da igualdade e da cida-
pressões dessa desigualdade. dania plena das mulheres brasileiras.
INTRODUÇÃO
1
Keeping the Promise: An Agenda for Actions on
Women and AIDS. The Global Coalition on Women
and AIDS, UNAIDS, 2006.
11
GRÁFICO I
26,5
25
20
18,0
Razão de sexos (H:M)
15,1
15
12,0
10 9,0
6,3 6,0
5,3
4,7
5 3,9
3,5 3,2
2,8
2,4 2,1 1,9 1,8 1,7 1,6 1,6 1,5 1,5 1,4
0
1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Ano de diagnóstico
* Casos notificados no SINAN e registrados no SISCEL até 31/12/2005 e SIM de 2000 a 2004.
Fonte: MS/SVS/PN-DST/AIDS.
CASOS DE AIDS POR MUNICÍPIO
GRÁFICO IV GRÁFICO V
A FEMINIZAÇÃO DA EPIDEMIA:
D E S A F I O S PA R A A S U P E R A Ç Ã O
DAS VULNERABILIDADES
O principal desafio social e programático a ser Com efeito, esse poder diferencia-
considerado é traduzir as soluções para a supera- do entre mulheres e homens também
ção dos diferentes contextos de vulnerabilidade amplia a vulnerabilidade das mulhe-
das mulheres as DST e HIV/aids em ações concre- res, pois relega a sexualidade femini-
tas, que assegurem o acesso aos métodos de pre- na ao silêncio, sobretudo, no que diz
venção disponíveis nos sistema de saúde e, no caso respeito aos cuidados com o corpo e
de exposição a um determinado agravo, tenham a com a saúde sexual; e ainda pela vio-
garantia de assistência de qualidade. lência física e sexual contra mulheres
adultas, crianças e adolescentes2.
Nesse caso, um aspecto fundamen-
tal a ser considerado na análise tanto Na perspectiva dos papéis relacio-
da vulnerabilidade individual quanto nados ao exercício da masculinidade
da social são as relações desiguais de em nossa sociedade, noções como
gênero, isto é, as relações de poder a de que os homens devem iniciar a
existente entre homens e mulheres. vida sexual o mais cedo possível, ter
muitas parceiras sexuais, “controlar”
Em todas as sociedades, há dife- suas parceiras e que as práticas sexu-
renças entre os papéis sociais desem- ais sem o uso do preservativo são mais
penhados por homens e mulheres, no prazerosas, se constituem o centro
seu acesso aos recursos produtivos e da vulnerabilidade das mulheres no
na sua autonomia para tomar deci- que diz respeito à prevenção da in-
sões. Historicamente, essas diferen- fecção pelo HIV/aids e outras DST.
ças se expressam de forma desfavo- A reprodução de papéis tradicionais
rável às mulheres, transformando-se nas relações de gênero e das relações
em desigualdades que as prejudicam de poder entre os gêneros interfere
fortemente, por exemplo, no acesso na capacidade de negociação de prá-
ao emprego, à educação, à moradia e ticas de sexo mais seguro com seus
à renda. Essas desigualdades também parceiros2.
delineiam diferentes formas e níveis
de discriminação quanto ao exercício
da sexualidade feminina.
2
Diniz, S. Gênero e prevenção das DST/aids, 2001.
14
5
Diniz, S. Gênero e prevenção das DST/aids, 2001.
16
56
parceiro HIV+
43,8
11,4
parceiro UDI
34,1
23,2
múltiplos parceiros
19,8
9,3
parceiro com múltiplos parceiros
2,4
0 10 20 30 40 50 60 70
percentual
hetero UDI
FONTE:MS/SVS/PN-DST/AIDS
NOTA: (1) Casos notificados no SINAN até 30/06/06.
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POLÍTICAS
INTERSETORIAIS
PA R A A S M U L H E R E S
OBJETIVO GERAL
DO PLANO
Enfrentar a feminização da epidemia do HIV/aids e outras DST por meio da redução
das vulnerabilidades que atingem as mulheres, estabelecendo políticas de prevenção,
promoção e atenção integral.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS DO PLANO
DIRETRIZES
• Promover a defesa dos direitos humanos, direitos sexuais e direitos reprodutivos das
mulheres;
M E TA S
1. Ter reduzido, até 2008, a taxa 7. Ter aumentado de 35% para 70%
da transmissão vertical do HIV a proporção de mulheres que
de 4% para menos de 1%; relatam já terem sido testadas
para o HIV; (PCAP, 2004);
2. Ter eliminado a sífilis congêni-
ta; 8. Ter aumentado de 70% para 90%
a proporção de mulheres que
3. Ter integrado em 100% a rede referem ter realizados exam-
básica de atenção integral para es ginecológicos com preven-
mulheres em situação de vio- tivo nos últimos 3 anos (PCAP,
lência doméstica e sexual; 2004);
AT I V I D A D E S
SUGERIDAS
META ATIVIDADE EXECUTORES
Ter reduzido, até 2008, a taxa Divulgação dos manuais e Ministério da Saúde
da transmissão vertical do HIV protocolos;
de 4% para menos de 1%; Secretarias Estaduais
Capacitação de recursos e Municipais de Saúde
Ter eliminado a sífilis humanos para atendimento
congênita. especializados;
Operacionalização do
plano de redução da Trans-
missão Vertical do HIV e
sífilis no País;
Implantação de teste
rápido para o HIV e sífilis,
com aconselhamento,
em cenários específicos;
Realização de seminários
e oficinas para formula-
ção de políticas voltadas
para a qualidade de vida
das mulheres vivendo com
HIV/aids, a partir da linha
de base.
29
Implementação da política
de incentivo para o desen-
volvimento de pesquisas
em DST.
Realização de estudo de
aceitabilidade das várias
apresentações da matéria
prima;
• Convenção OIT nº 103, 1953- dispõe sobre • Convenção de Belém do Pará (1994) ou Con-
a igualdade de remuneração entre ho- venção Interamericana para Prevenir, Punir
mens e mulheres; e Erradicar a Violência contra a Mulher – fó-
• Pacto Internacional dos Direitos Civis e rum regional, no âmbito da OEA e define a
Políticos, 1966 – primeiro documento que violência contra a mulher estabelecendo
vincula legalmente direitos humanos, sua dimensão;
econômicos, sociais e culturais;
• IV Conferência Mundial sobre as Mulheres -
• Convenção Americana sobre Direitos Hu- Declaração de Beijing, 1995 - foram assina-
manos, 1969 - conhecida como Pacto de das a Declaração e a Plataforma Política;
San Jose da Costa Rica;
• Declaração do Milênio das Nações Unidas,
• I Conferência Mundial sobre a Mulher, 2000 – estabelece 8 Objetivos de Desenvol-
1975 – teve como ponto central de debate vimento, incluindo a promoção da igualdade
a igualdade entre sexos e a consolidação entre os sexos e autonomia das mulheres,
de mecanismos para a sua promoção; com metas a serem alcançadas até 2015;