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Desenvolvimento

Sustentável
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permissão escrita da Universidade Paulista.
APRESENTAÇÃO

Caro aluno,

Seja bem-vindo ao sistema EAD.

Introdução/Objetivos

Nesta disciplina trataremos do conceito de desenvolvimento sustentável na doutrina nacional e


estrangeira. Do desenvolvimento sustentável e das novas dimensões a serem compreendidas: saúde,
educação, expectativa de vida, coesão social, condições materiais de existência, diversidade cultural e meio
ambiente. Por fim, serão abordados o problema do desenvolvimento sustentável e os problemas ambientais.

Considerando-se que será você quem administrará seu próprio tempo, nossa sugestão é que se
dedique, ao menos, quatro horas por semana para esta disciplina, estudando os textos sugeridos e
realizando os exercícios de autoavaliação. Uma boa forma de fazer isso é já ir planejando o que estudar,
semana a semana.

Para facilitar seu trabalho, apresentamos na tabela abaixo os assuntos que deverão ser estudados
e, para cada assunto, a leitura fundamental exigida e a leitura complementar sugerida. No mínimo,
você deverá buscar entender muito bem o conteúdo da leitura fundamental, só que essa compreensão
será maior se você acompanhar também a leitura complementar. Você mesmo perceberá isso ao
longo dos estudos.

Conteúdo/leituras sugeridas

Conteúdo de estudo Bibliografia básica Bibliografia complementar


CARVALHO, Isabel Cristina de Moura;
GUIMARÃES, Leandro Belinaso.
Módulo 1 GUIMARÃES, Leandro Belinaso; SCOTTO, Desenvolvimento sustentável. Petrópolis:
Gabriela. Desenvolvimento sustentável. 3. Vozes, 2007.
ed. Petrópolis: Vozes, 2008.
CARVALHO, Isabel Cristina de Moura;
GUIMARÃES, Leandro Belinaso.
Módulo 2 GUIMARÃES, Leandro Belinaso; SCOTTO, Desenvolvimento sustentável. Petrópolis:
Gabriela. Desenvolvimento sustentável. 3. Vozes, 2007.
ed. Petrópolis: Vozes, 2008.
CARVALHO, Isabel Cristina de Moura;
GUIMARÃES, Leandro Belinaso.
Módulo 3 GUIMARÃES, Leandro Belinaso; SCOTTO, Desenvolvimento sustentável. Petrópolis:
Gabriela. Desenvolvimento sustentável. 3. Vozes, 2007.
ed. Petrópolis: Vozes, 2008.
VEIGA, Jose Eli da. Desenvolvimento GUIMARÃES, Leandro Belinaso.
Módulo 4 sustentável: o desafio do século XXI. 3. ed. Desenvolvimento sustentável. Petrópolis:
São Paulo: Garamond, 2008. Vozes, 2007.
VEIGA, Jose Eli da. Desenvolvimento GUIMARÃES, Leandro Belinaso.
Módulo 5 sustentável: o desafio do século XXI. 3. ed. Desenvolvimento sustentável. Petrópolis:
São Paulo: Garamond, 2008. Vozes, 2007.

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VEIGA, Jose Eli da. Desenvolvimento GUIMARÃES, Leandro Belinaso.
Módulo 6 sustentável: o desafio do século XXI. 3. ed. Desenvolvimento sustentável. Petrópolis:
São Paulo: Garamond, 2008. Vozes, 2007.
THEODORO, Suzi Huff; ZANETI, Izabel;
GUIMARÃES, Leandro Belinaso.
Módulo 7 BATISTA, Roberto Carlos. Direito ambiental Desenvolvimento sustentável. Petrópolis:
e desenvolvimento sustentável. Rio de Vozes, 2007.
Janeiro: Lúmen Júris, 2008.
THEODORO, Suzi Huff; ZANETI, Izabel;
GUIMARÃES, Leandro Belinaso.
Módulo 8 BATISTA, Roberto Carlos. Direito ambiental Desenvolvimento sustentável. Petrópolis:
e desenvolvimento sustentável. Rio de Vozes, 2007.
Janeiro: Lúmen Júris, 2008.

Nota: ver a seguir as referências bibliográficas para maior detalhamento das fontes de consulta indicadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bibliografia básica

CARVALHO, Isabel Cristina de Moura; GUIMARÃES, Leandro Belinaso; SCOTTO, Gabriela.


Desenvolvimento sustentável. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2008.

THEODORO, Suzi Huff; ZANETI, Izabel; BATISTA, Roberto Carlos. Direito ambiental e desenvolvimento
sustentável. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2008.

VEIGA, Jose Eli da. Desenvolvimento sustentável: o desafio do século XXI. 3. ed. São Paulo:
Garamond, 2008.

Bibliografia complementar

ANDRADE, R. O. B. de.; TACHIZAWA, T.; CARVALHO, A. B. de. Gestão ambiental: enfoque estratégico
aplicado ao desenvolvimento sustentável. São Paulo: Makron, 2002.

BERCOVICI, G. Constituição econômica e desenvolvimento: uma leitura a partir da constituição de


1988. São Paulo: Malheiros, 2005.

IBGE. Indicadores de desenvolvimento sustentável. São Paulo: IBGE, 2008.

GUIMARÃES, Leandro Belinaso. Desenvolvimento sustentável. Petrópolis: Vozes, 2007.

SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. 4. ed. Rio de Janeiro: Garamond, 2007.

TARREGA, Maria Cristina Vidotte Blanco. Direito ambiental e desenvolvimento sustentável. São
Paulo: RCS Editora, 2007.

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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Unidade I
MÓDULO 1 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: UM PARADIGMA EM
CONSTRUÇÃO

O termo sustentabilidade traz em si conceitos múltiplos, daí a dificuldade para ser definido. Somente
com uma reflexão crítica sobre o ambiente em que o indivíduo está inserido é que ele pode identificar
os problemas existentes e intervir na sua própria realidade na busca por melhores condições de vida.

Inicialmente, Sachs (1993) classificou em cinco as dimensões da sustentabilidade: social, econômica,


ecológica, espacial e cultural. Por meio do desdobramento dessas dimensões, o mesmo autor, em artigo
recente, apresentou oito pilares da sustentabilidade (SACHS, 2000, p. 54). Segundo ele, “Quer seja denominado
ecodesenvolvimento ou desenvolvimento sustentável, a abordagem fundamentada nos objetivos sociais,
ambientais e econômicos não se alterou desde o encontro de Estocolmo, na Suécia, em 1972”.

Há uma crescente preocupação da sociedade com as questões relacionadas à sustentabilidade que


são diretamente ligadas ao meio ambiente. Com isso, aumentou a importância de uma atuação efetiva
para o equacionamento da sua problemática tornando, então, indispensável à condução sistematizada
de um conjunto de ações visando a se promover a melhoria ambiental.

Para atender às suas necessidades básicas, a sociedade acaba interferindo no ambiente alterando
as condições de qualidade ambiental. Assim, as demandas sociais levam a determinadas interações e
justificam intervenções que podem resultar em diferentes impactos ambientais (AGRA FILHO, 2010).

Ainda segundo o mesmo autor, a concretização da melhoria ambiental consiste na condução


harmoniosa dos diversos processos de intervenções humanas, visando à sustentabilidade. Para isso,
é preciso que haja uma efetiva influência ou interferência nas diversas atividades que constituem os
modos de interação humana com o ambiente, mediante formas e instrumentos que implementem um
processo de desenvolvimento compatível com as capacidades ecológicas do ambiente natural e com as
pretensões de qualidade de vida da população. Portanto, a educação ambiental deve compreender tanto
ações destinadas a assegurar a manutenção das condições indispensáveis a um ambiente sadio, quanto
ações que promovam a condução de alternativas de desenvolvimento social sustentável.

A despeito dos avanços tecnológicos do ser humano, a ciência também trouxe em seu bojo
inúmeros questionamentos que vão muito além dos benefícios. Umas das consequências da revolução
tecnocientíficas ocorrida nos meados do século XX proporcionou que os sistemas de informação criassem
inúmeras bases de dados via satélite que puderam constatar mundialmente a destruição da natureza e
consequente danos aos recursos naturais, bem como permitiu ter uma visão global por meio de fotos
sobre os efeitos da poluição do ar e da água, as queimadas, o degelo dos polos e o avanço da degradação
ambiental de modo geral. Isso contribuiu ao lado das conferências internacionais muito para se politizar
tais questões que transcenderam da esfera científica para a midiática e dessa para a esfera internacional.
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Unidade I

Sustentabilidade – distribuição de custos – natureza ecológica

Linha do tempo da sustentabilidade

• Fim do século 19: donas de casa dos EUA criam a “New York Consumers League”.

• 1906: EUA lançam a regulamentação para inspeção de carnes e a lei de alimentos e medicamentos.

• 1911: estabelecida a primeira reserva florestal do Brasil, no então território do Acre.

• 1927: fundado o Food and Drugs Administration (FDA), órgão que normatiza a venda de alimentos
e medicamentos nos Estados Unidos.

• 1934: o Código Florestal Brasileiro e o Código de Águas são sancionados.

• 1937: criado o Parque de Itatiaia (RJ), o primeiro parque nacional do Brasil.

• 1938: o FDA normatiza a produção e a venda de cosméticos (nos EUA).

• 1948: surge a IUPN, nos EUA, depois chamada de IUCN (Internacional Union for Conservation of
Nature and Natural Resources), cuja lista vermelha de espécies em extinção se tornaria padrão
mundial em 1994.

• 1960: fundação da Organização Internacional das Uniões de Consumidores, atual Consumidores


Internacional.

• 1961: é criada a World Wildlife Fund (WWF), em Zurique, Suíça, por um grupo de cientistas.

• 1962: a bióloga marinha Rachel Carson lança o livro “Primavera Silenciosa”, provando que
pesticidas e inseticidas contaminam o ambiente.

• 1962: o presidente John Kennedy (EUA) reconhece, no dia 15 de março, os direitos básicos dos
consumidores. Nasce o Dia Mundial do Consumidor.

• 1964: o presidente norte-americano Lyndon Johnson designa Esther Peterson como assistente
presidencial para assuntos dos consumidores. É um marco dentro da perspectiva produção-consumo.

• 1965: criada a primeira organização de consumidores de um país em desenvolvimento, a


Associação de Consumidores dos Territórios Federais e de Selangor, na Malásia.

• 1967: no Brasil são editados os Códigos de Caça, de Pesca, de Mineração e a Lei de Proteção à Fauna.

• 1968: Paris sedia a Conferência da Biosfera, que debate os aspectos científicos da conservação do
ambiente natural.
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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

• 1972: Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, em Estocolmo (Suécia). O termo
“sustentabilidade” começa a ser delineado.

• 1975: o Brasil adere à Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna
Selvagens em Perigo de Extinção (Cites), assinada, atualmente, por 175 países.

• 1980: o termo “diversidade biológica” é usado pela primeira vez pelo biólogo americano
Thomas Lovejoy.

• 1981: é editada a lei que estabelece no Brasil a Política Nacional de Meio Ambiente.

• 1985 a 1995: a Mata Atlântica perde mais de 1 milhão de hectares entre São Paulo e Santa Catarina.

• 1986: o termo “biodiversidade” é usado pela primeira vez, em um fórum americano sobre
diversidade biológica.

• 1987: surge, no Brasil, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).

• 1987: definido oficialmente no âmbito da ONU o conceito de “desenvolvimento sustentável”


no Relatório “Nosso Futuro Comum”, elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento, que ficou conhecido como Relatório Brundtland: “O desenvolvimento que
procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações
futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas, agora
e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização
humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando
as espécies e os habitats naturais”.

• 1988: é instituída a Comissão de Defesa do Consumidor da OAB/SP.

• 1989: nasce o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

• 1990: promulgado no Brasil o Código de Defesa do Consumidor.

• 1990: são instituídas as seis primeiras unidades de conservação estaduais no Amazonas.

• 1992: Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92), no Rio,
lança as bases da Agenda 21, que propõe “mudanças nos padrões de consumo”.

• 1992: criação da Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS) pela Assembleia Geral da ONU.

• 1994: realizada a primeira Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica
(COP), nas Bahamas.

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Unidade I

• 1995: a Comissão de Desenvolvimento Sustentável da ONU documenta o conceito de consumo


sustentável: “É o uso de serviços e produtos que respondem às necessidades básicas de toda a
população e trazem a melhoria na qualidade de vida, ao mesmo tempo em que reduzem o uso dos
recursos naturais e de materiais tóxicos, a produção de lixo e as emissões de poluição em todo o
ciclo de vida, sem comprometer as necessidades das futuras gerações”.

• 1997: é ratificado o Protocolo de Kyoto, que estabelece metas de redução das emissões de gases
de efeito estufa pelas nações industrializadas. Os EUA não assinam.

• 1998: no Brasil, é publicada a Lei Federal n. 9.605, que dispõe sobre crimes ambientais.

• 1998: a Eslováquia abriga a COP4 sobre biodiversidade. O encontro estabelece os próximos passos
em relação à biossegurança e trata de questões da diversidade no ambiente aquático.

• 2000: Assembleia Geral da ONU adota 22 de maio como o Dia Internacional da Biodiversidade.

• 2000: com 50 milhões de assinaturas, o Manifesto 2000 para uma Cultura de Paz e de Não
Violência defende o “consumo responsável”.

• 2000: surge a Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc), que prevê mecanismos
para a defesa dos ecossistemas e de preservação dos recursos naturais.

• 2002: a COP6, na Holanda, estabelece metas de preservação da biodiversidade para 2010.

• 2002: o Governo Federal cria o programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa) para proteger 50
milhões de hectares na região e conservar a biodiversidade.

• 2003: entra em vigor o Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, com o objetivo de garantir
a segurança de manuseio, transporte e uso de organismos vivos modificados.

• 2006: Curitiba sedia a COP 8 da biodiversidade.

• 2008: a ONU e o governo da Noruega inauguram a Caixa-Forte de Sementes, com capacidade de


armazenar 4,5 milhões de amostras.

• 2008: o Ministério do Meio Ambiente do Brasil publica o livro vermelho das espécies ameaçadas,
com 627 nomes.

• 2009: o Ministério do Meio Ambiente do Brasil institui 15 de outubro como o Dia Nacional do
Consumidor Consciente.

• 2010: é declarado o Ano Internacional da Biodiversidade pela ONU.

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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Distribuição de custos e benefícios ambientais

Quanto aos recursos e quanto à distribuição de custos e benefícios. Na sua essência: “é um processo
de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do
desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente
e futuro, a fim de atender às necessidades e às aspirações humanas” (WCED, 1991, p. 49).

Além de ter aumentado a percepção do mundo em relação aos problemas ambientais, a comissão
de Gro Harlem Brundtland não se restringiu somente a estes aspectos. O relatório mostrou que a
possibilidade de um estilo de desenvolvimento sustentável está intrinsecamente ligado aos problemas
de eliminação da pobreza, da satisfação das necessidades básicas de alimentação, saúde e habitação
e, aliado a tudo isto, à alteração da matriz energética, privilegiando fontes renováveis e o processo de
inovação tecnológica.

Os pontos centrais do conceito de desenvolvimento sustentável elaborados pela CMMAD e contidos


no relatório Nosso Futuro Comum (WCED, 1991) e que se tornaram a linha mestra da Agenda 21: “[...] tipo
de desenvolvimento capaz de manter o progresso humano não apenas em alguns lugares e por alguns
anos, mas em todo o planeta e até um futuro longínquo. Assim, o ‘desenvolvimento sustentável’ é um
objetivo a ser alcançado não só pelas nações ‘em desenvolvimento’, mas também pelas industrializadas”.

“[...] atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras


atenderem suas próprias necessidades. Ele contém dois conceitos chaves: i) o conceito de ‘necessidades’,
sobretudo as necessidades essenciais dos pobres do mundo, que devem receber a máxima prioridade e ii)
a noção das limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõem ao meio ambiente,
impedindo-o de atender às necessidades presentes e futuras.”

“Em essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a exploração


dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança
institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades
e aspirações humanas.”

A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – CNUMAD (mais
conhecida por Rio-92 ou Eco-92) buscou o consenso internacional para a operacionalização do conceito
do desenvolvimento sustentável. A partir dessa conferência, o termo desenvolvimento sustentável
ganhou grande popularidade e vem sendo alvo de muitos estudos e tentativas de estabelecimento de
políticas de gestão que buscam contemplar os seus princípios centrais.

O processo histórico relativo à preservação do meio ambiente implica simultaneamente


transformações no Estado e no comportamento das pessoas. Essas transformações têm a ver com
alguns fatores, tais como o crescimento da importância da esfera institucional do meio ambiente entre
os anos 1970 e o final do século XX.

Os conflitos sociais em nível local e seus efeitos na interiorização de novas práticas, a educação
ambiental como novo código de conduta individual e coletiva, a questão da participação e, finalmente,
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Unidade I

a questão ambiental como nova fonte de legitimidade e de negociação nos conflitos. Esse conjunto de
fatores implica na necessidade de se estabelecer uma nova ordem moral.

Economia e natureza ecológica

As questões que envolvem o homem e a natureza foram potencializadas a partir da Revolução


Industrial, ou seja, a partir do século XVIII. No ano de 1972, Dennis L. Meadows e um grupo de
pesquisadores publicaram o estudo “Limites do crescimento”, no mesmo ano aconteceu a conferência
de Estocolmo sobre ambiente humano. Nem a publicação do Clube de Roma, nem a conferência de
Estocolmo caíram do céu.

Elas foram a consequência de debates sobre os riscos da degradação do meio ambiente que, de
forma esparsa, começaram nos anos 1960 e ganharam no final dessa década e no início dos anos
1970 uma certa densidade, que possibilitou a primeira grande discussão internacional culminando na
Conferência de Estocolmo em 1972. O estudo do Clube de Roma reconhece a importância dos trabalhos
anteriores e escreve: “As conclusões que seguem emergiram do trabalho que empreendemos até agora”.

Não somos, de forma alguma, o primeiro grupo a formulá-las. Nesses últimos decênios, pessoas
que olharam para o mundo com uma perspectiva global e a longo prazo, chegaram a conclusões
semelhantes” (MEADOWS, 1972, p. 19).

As teses e as conclusões básicas do grupo de pesquisadores coordenado por Dennis Meadows


(1972, p. 20) são: se as atuais tendências de crescimento da população mundial, como industrialização,
poluição, produção de alimentos e diminuição de recursos naturais continuarem imutáveis, os limites de
crescimento neste planeta serão alcançados algum dia dentro dos próximos cem anos. O resultado mais
provável será um declínio súbito e incontrolável, tanto da população quanto da capacidade industrial.

É possível modificar essas tendências de crescimento e formar uma condição de estabilidade


ecológica e econômica que se possa manter até um futuro remoto. O estado de equilíbrio global poderá
ser planejado de tal modo que as necessidades materiais básicas de cada pessoa na Terra sejam satisfeitas
e que cada pessoa tenha igual oportunidade de realizar seu potencial humano individual.

Se a população do mundo decidir empenhar-se em obter esse segundo resultado, em vez de


lutar pelo primeiro, quanto mais cedo ela começar a trabalhar para alcançá-lo, maiores serão suas
possibilidades de êxito.

Para alcançar a estabilidade econômica e ecológica, Meadows et al. propõem o congelamento do


crescimento da população global e do capital industrial; mostram a realidade dos recursos limitados e
rediscutem a velha tese de Malthus do perigo do crescimento desenfreado da população mundial. A
tese do crescimento zero, necessário, significava um ataque direto à filosofia do crescimento contínuo
da sociedade industrial e uma crítica indireta a todas as teorias do desenvolvimento industrial que se
basearam nela.

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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

As respostas críticas às teses de Meadows et al. surgiram consequentemente entre os teóricos que
se identificaram com as teorias do crescimento. O prêmio Nobel em Economia, Solow, criticou com
veemência os prognósticos catastróficos do Clube de Roma (SOLOW, 1973 e 1974).

Também intelectuais dos países do sul manifestaram-se de forma crítica. Assim Mahbub ul Haq
(1976) levantou a tese de que as sociedades ocidentais, depois de um século de crescimento industrial
acelerado, fecharam esse caminho de desenvolvimento para os países pobres, justificando essa prática
com uma retórica ecologista. Essa foi uma argumentação frequentemente formulada na UNCED no Rio,
em 1992, mostrando a continuidade de divergências e desentendimentos no discurso global sobre a
questão ambiental e o desequilíbrio socioeconômico.

MÓDULO 2 – PREMISSAS DA SUSTENTABILIDADE

Inicialmente, Sachs (1993) classificou em cinco as dimensões da sustentabilidade: social, econômica,


ecológica, espacial e cultural (que serão tratadas detalhadamente no Módulo 2.1). Por meio do
desdobramento dessas dimensões, o mesmo autor, em artigo recente, apresentou oito pilares da
sustentabilidade (SACHS, 2000, p. 54). Segundo ele, “Quer seja denominado ecodesenvolvimento ou
desenvolvimento sustentável, a abordagem fundamentada nos objetivos sociais, ambientais e econômicos
não se alterou desde o encontro de Estocolmo, na Suécia, em 1972, e é válida a recomendação da
utilização dos oito critérios distintos de sustentabilidade”, que são:

1. Sustentabilidade social

2. Sustentabilidade cultural

3. Sustentabilidade ecológica

4. Sustentabilidade ambiental

5. Sustentabilidade territorial

6. Sustentabilidade econômica

7. Sustentabilidade da política nacional

8. Sustentabilidade da política internacional

Há outras definições que envolvem sustentabilidade, a primeira refere-se ao desenvolvimento


sustentável apresentada pela “Relatório Brundtland – nosso futuro comum”, publicado em 1987,
que diz que desenvolvimento sustentável é “suprir as necessidades da geração presente sem afetar a
habilidade das gerações futuras de suprir as suas”, ou seja, defendia a necessidade de se harmonizar
o crescimento econômico e global com o equilíbrio natural, buscando mecanismos de produção mais
limpos, racionalizando o consumo e priorizando ao máximo a erradicação da pobreza global.

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Unidade I

Já segundo Pelicioni (1998), o conceito de desenvolvimento sustentável vem sendo discutido e


aplicado a partir de diferentes enfoques, servindo, inclusive, para manter as desigualdades sociais e
econômicas vigentes no mundo. De acordo com vários autores, entre eles, Pelicioni (1998), Reigota
(2001) e Jacobi (2005), há inúmeras representações sociais sobre sustentabilidade, nos meios políticos
e econômicos (como vimos acima), porém entre esses mesmos autores há consenso na necessidade de
realizar uma ação imediata sobre os problemas ambientais que afetam e levam a riscos concretos para
a saúde da população, seja pela poluição do ar que produz problemas respiratórios, ou pela qualidade
da água, cada vez mais comprometida em suas propriedades essenciais, pela terra contaminada com
adubos e inseticidas químicos, pelos gases do efeito estufa e pelo aquecimento global que também geram
consequências nefastas: a desertificação, o aumento do nível dos oceanos, as inundações, os tornados e
os furacões, as secas, entre tantos outros danos causados pelo descontrole das ações antrópicas.

Em qualquer caso, há a necessidade de reconstruir valores para que haja mudança de atitudes nas
relações socioculturais de produção e consumo, nesse mesmo sentido, a educação ambiental mostra-se
como importante instrumento capaz de promover tais transições. As potencialidades fundamentais da
educação ambiental se referem, dentre as diversas articulações culturais, a desconstruir e reconstruir em
bases mais justas as representações sociais a respeito do ambiente e do desenvolvimento econômico.

É por meio da educação ambiental que os indivíduos e a coletividade poderão dispor de instrumentos
que lhes possibilitem a compreender a complexidade ambiental, que resulta de diversos fatores que vão
além dos biofísicos. A cultura, a economia e a política, entre outros, devem ser considerados nesse
contexto. Os problemas ambientais têm se apresentado decorrentes de múltiplos fatores causais. O
pensamento complexo de Edgar Morin (2002) é no mesmo sentido: as ciências fracionadas não possuem
capacidade para indicar soluções. A integração das especificidades pode conduzir a uma melhor
compreensão cientifica.

Atualmente, o olhar sistêmico se faz necessário contra a fragmentação que envolve o saber e o fazer
científico. Morin (1995) propõe uma solução: a reconstrução do pensamento racional alicerçado em
novas bases, de modo sistêmico e abrangente. O mesmo autor, refletindo sobre a sociedade ao exaltar
as especificidades do conhecimento, afirma que nela se segmenta tanto que se perde o referencial maior
integrado ao conjunto, ao todo. “Nos ensinam a isolar os objetos (de seu meio ambiente), a separar as
disciplinas (em vez de reconhecer suas correlações), a dissociar os problemas, em vez de reunir e integrar,
obrigam-nos a reduzir o complexo ao simples, isto é, a separar o que está ligado; a decompor, e não a
recompor; e a eliminar tudo que causa desordens ou contradições em nosso entendimento” (MORIN, 1995).

Em Capra (1996) encontram-se os questionamentos dos diversos pensadores articuladores precursores


do pensamento sistêmico. Varela (1974), Bertalanfly (1950), entre outros autores, estabelecem conexões
entre os mais diversos campos do conhecimento.

Premissas da sustentabilidade II

Conforme exposto no módulo 2, Sachs (1993) classificou em cinco as dimensões da sustentabilidade:


social, econômica, ecológica, espacial e cultural; sendo que, a partir do desdobramento dessas dimensões,
o mesmo autor, apresenta oito pilares da sustentabilidade (SACHS, 2000, p. 54).
12
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Nesse sentido, segundo ele, “quer seja denominado ecodesenvolvimento ou desenvolvimento


sustentável, a abordagem fundamentada nos objetivos sociais, ambientais e econômicos não se alterou
desde o encontro de Estocolmo, na Suécia em 1972 e é válida a recomendação da utilização dos oito
critérios distintos de sustentabilidade”, que são:

1. Sustentabilidade social: se entende como a distribuição de renda justa e igualdade no acesso


aos recursos e aos serviços sociais, reduzindo a pobreza e as desigualdades sociais e promovendo
a justiça e a equidade.

2. Sustentabilidade cultural: prevê o equilíbrio entre o respeito à tradição e à inovação,


desenvolvendo a capacidade para elaboração de um projeto nacional integrado e endógeno.
Esse pilar deve ser sustentável na conservação de um sistema de valores, de práticas e de
símbolos de identidade.

3. Sustentabilidade ecológica: consiste na preservação do potencial do capital natural, por meio


da produção de recursos renováveis e da limitação do uso dos recursos não renováveis.

4. Sustentabilidade ambiental: deve respeitar e realçar a capacidade de autodepuração dos


ecossistemas naturais e preservar a biodiversidade.

5. Sustentabilidade territorial: procura a melhoria do ambiente urbano com o emprego de


estratégias de desenvolvimento ambientalmente seguras para áreas ecologicamente frágeis.
Elaboração de projetos que respeitem as características urbanas e rurais locais e também busquem
a superação das disparidades regionais.

6. Sustentabilidade econômica: desenvolvimento econômico intersetorial equilibrado, segurança


alimentar, capacidade de modernização contínua dos instrumentos de produção e razoável nível
de autonomia na pesquisa científica e tecnológica.

7. Sustentabilidade da política nacional: democracia definida em termos de respeito universal


dos direitos humanos, desenvolvimento da capacidade do Estado para implementar um projeto
nacional, em parceria com todos os empreendedores, com razoável nível de coesão social.

8. Sustentabilidade da política internacional: eficácia do sistema de Prevenção de Guerras da


Organização das Nações Unidas, na garantia da paz e na promoção da cooperação internacional;
controle efetivo do sistema internacional financeiro e de negócios, e do princípio de precaução,
na gestão do meio ambiente e dos recursos naturais; um pacote Norte-Sul de codesenvolvimento,
baseado no princípio da igualdade. Prevenção das mudanças globais negativas e proteção da
diversidade biológica e cultural. Inclui também um efetivo sistema internacional de cooperação
científica e tecnológica, e a eliminação parcial do caráter de commodity da ciência e da tecnologia,
considerando-a como propriedade da herança comum da humanidade” (SACHS 2000, p. 54).

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Unidade I

MÓDULO 3 – O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O termo sustentabilidade traz em si conceitos múltiplos, daí a dificuldade para ser definido. Somente
com uma reflexão crítica sobre o ambiente em que o indivíduo está inserido é que ele pode identificar
os problemas existentes e intervir na sua própria realidade na busca por melhores condições de vida.

A definição que tem sido mais aceita no meio científico sobre desenvolvimento sustentável foi
apresentada pela “Relatório Brundtland – nosso futuro comum” publicado em 1987, que diz que
desenvolvimento sustentável é “suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das
gerações futuras de suprir as suas”, ou seja, defendia a necessidade de se harmonizar o crescimento
econômico e global com o equilíbrio natural, buscando mecanismos de produção mais limpos,
racionalizando o consumo e priorizando ao máximo a erradicação da pobreza global.

Direito do Desenvolvimento e Direito Internacional Ambiental – Educação Ambiental

Direito do Desenvolvimento e Direito Internacional Ambiental

Nesse ponto devemos ter presente a convergência doutrinal registada ao longo da década de 1990
em torno de um conceito de “desenvolvimento sustentável”, que esteve no cerne das discussões das
Conferências das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento do Rio de Janeiro e de Joanesburgo,
e o seu acolhimento em fontes de natureza convencional, como o preâmbulo do Acordo OMC. Assim,
a principal justificação para a autonomia do Direito Internacional do Desenvolvimento parece ser a
consideração de dimensões sociais e culturais do desenvolvimento, as quais serão de difícil apreensão
por um direito dirigido aos mercados internacional.

A Declaração na sessão de Estrasburgo em 04/09/1997 do Instituto de Direito Internacional afirmou


igualmente que todo o ser humano tem o direito de viver em um ambiente sadio. Luigi Bravo (1998, p.
303), a esse respeito, declarou “A tendência preponderante dos membros do Instituto foi a de considerar
o direito a um meio sadio como direito individual a gestão coletiva”.

Assim, a institucionalização das questões ambientais atinge toda a sociedade direta ou indiretamente.
A universidade precisa organizar-se frente aos desafios que despontaram desde a Conferência de
Estocolmo, 1972. Há uma necessidade crescente de formação de recursos humanos em que em todas
áreas que tenham capacidade de lidar com as recentes descobertas da amplitude e complexidade da
temática ambiental; principalmente os estudantes área do Direito que em breve se tornarão profissionais
e deverão lidar com causas de diversas origens dentro da temática ambiental.

A falta de preparo dos profissionais é, dentre outros, reflexo das políticas públicas em relação
à educação no país que não inclui a obrigatoriedade da temática ambiental transversal de forma
multidisciplinar. Não há sequer a exigência que ela exista nos diversos níveis de ensino, seja público
ou privado.

Desde agosto de 1981, foi sancionada a Lei Federal n. 6.938, que dispõe sobre a Política Nacional
de Meio Ambiente, incluindo as finalidades e os mecanismos de formulação e execução. A educação
14
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

ambiental foi considerada como um de seus alicerces, devendo se voltar a todos os níveis de ensino,
inclusive para a educação da comunidade, a fim de capacitá-la para a participação ativa na defesa do
meio ambiente (BRASIL, 1981).

Educação Ambiental

Segundo Pelicioni e Philippi Jr. (2005, p. 4), “conforme a Lei Federal n. 9.795 de 1999, que dispõe
sobre a política nacional de educação ambiental, todos têm direito à educação ambiental, componente
essencial e permanente da educação nacional, que deve ser exercida de forma articulada em todos
os níveis e modalidades de ensino, sendo de responsabilidade do Sistema Nacional de Meio Ambiente
(SISNAMA), do Sistema Educacional, dos meios de comunicação, do Poder Público e da Sociedade em
geral (BRASIL, 1999)”.

Em seu art. 5o, a lei estabelecia entre seus objetivos fundamentais: o incentivo à participação individual
e coletiva, permanente e responsável na preservação do equilíbrio do meio ambiente, estendendo-se a
defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania (IV).

Conforme Zioni in Pelicioni e Phillip Jr. (2005, p. 56): “Diante do impasse gerado para conjuntura
social, faz-se extremamente urgente uma rediscussão sobre normas, valores, orientações culturais e
formas de conhecimento em todas as sociedades. A crise ambiental é a maior razão para que isso ocorra
com amplitude e profundidade”.

Santos (2000, p. 26) considera que parte dos problemas da sociedade decorre do paradigma
científico da modernidade no que se refere à elaboração de uma teoria crítica moderna que pode
ser considerada subparadigmática, isto é, procura desenvolver possibilidades emancipatórias dentro
do paradigma dominante. Para o autor, “isso é impossível: essa teoria só acredita em emancipação
rompendo o paradigma moderno [...]”.

Segundo Pelicioni e Phillip Jr. (2005, p. 7), o modelo de desenvolvimento econômico e tecnológico da
sociedade capitalista urbano-industrial ocorre desigualmente em países com realidades socioeconômicas
distintas. Nesse sentido, segundo os mesmos autores (2005, p. 8) “a redução da desigualdade é primordial
para atingir plenamente a sustentabilidade em todas as suas dimensões [...]”.

A educação ambiental se apresenta nesse contexto, portanto, como um processo educativo que
conduz a um saber ambiental baseado nos valores éticos e nas regras políticas de convívio social e que vai
contribuir para a redução de desigualdade. Tem a responsabilidade de construir uma cultura ecológica que
compreenda natureza e sociedade como dimensões intrinsecamente relacionadas e que não podem ser
pensadas de forma separada, independente ou autônoma (SORRENTINO et al., 2005, p. 142).

Nesse sentido, Mousinho (2003, p. 88) define educação ambiental como o processo em que se
busca despertar a preocupação individual e coletiva para a questão ambiental, garantindo o acesso à
informação em linguagem adequada, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência crítica
e estimulando o enfrentamento das questões ambientais e sociais.

15
Unidade I

Desenvolve-se em um contexto de complexidade, procurando trabalhar não apenas a mudança cultural,


mas também a transformação social, assumindo a crise ambiental como uma questão ética e política.

Um dos objetivos da Educação Ambiental é melhorar a gestão dos recursos naturais e reduzir os danos
ao ambiente. Philippi Jr. (2002), Pelicioni (2001) e Coimbra (2000) lembram que “a Educação Ambiental
é muito mais do que o ensino ou a defesa da Ecologia, é um processo voltado para a apreciação crítica
da questão ambiental sob a perspectiva histórica, antropológica, econômica, social, cultural, política e,
naturalmente, ecológica, isto exige, portanto, uma abordagem interdisciplinar” (p. 182).

A Educação Ambiental trata da urgente transformação social que visa à superação das injustiças ambientais,
da desigualdade social, da apropriação capitalista e funcionalista da natureza e da própria humanidade.
Compete a ela promover processos que impliquem no aumento do poder das minorias, hoje submetidas a
uma ampla degradação ambiental socializada, de sua capacidade de autogestão e o fortalecimento de sua
resistência à dominação de suas vidas e de seus espaços (SORRENTINO et al., 2005, p. 144).

A Educação Ambiental tem um caráter formador que favorece a compreensão e mostra as


determinações da realidade humana. O indivíduo torna-se capaz de compreender e agir de forma
autônoma sobre sua própria realidade histórica, construída pelas relações sociais. Portanto, a Educação
Ambiental tem como objetivo contribuir para a formação de indivíduos críticos e reflexivos capazes de
(re)pensar sua própria prática social (JANKE e TOZONI-REIS, 2008, p. 48).

A atual crise ambiental exige, para seu enfrentamento, maior dinamismo da Educação Ambiental,
aumentando a urgência de se promover a mobilização coletiva para a alteração de valores e atitudes
sociais (SISNEA, 2008). No entanto, nem sempre é preciso alterar os valores, mas, muitas vezes, reforçá-
los ou resgatá-los.

Quando nos referimos à Educação Ambiental, é importante destacarmos um de seus principais objetivos
que é a educação para a cidadania. Assim, ela passa a ser um elemento determinante para a consolidação
de sujeitos – cidadãos. É preciso que haja o fortalecimento da cidadania para a população como um todo,
e não para um grupo restrito, concretizando-se pela possibilidade de cada pessoa ser portadora de direitos
e deveres, e de se tornar ator corresponsável na defesa da qualidade de vida (JACOBI, 2003).

MÓDULO 4 – CONFERÊNCIA DE BANDUNG

16
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Entre 18 e 24 de abril de 1955, reuniram-se na Conferência de Bandung, na Indonésia, os líderes


de vinte e nove Estados asiáticos: Afeganistão, Arábia Saudita, Birmânia, Camboja, Laos, Líbano,
Ceilão, República Popular da China, Filipinas, Japão, Índia, Paquistão, Turquia, Síria, Israel, República
Democrática do Vietnã, Irã, Iraque, Vietnã do Sul, Nepal e o Iêmen do Norte, bem como os seguintes
países africanos: Etiópia, Líbia, Libéria e Egito; perfazendo uma população total de 1350 bilhões de
habitantes. O patrocínio dessa Conferência foi da responsabilidade da Indonésia, Índia, Birmânia, Sri
Lanka e do Paquistão. O objetivo era a promoção da cooperação econômica e cultural afro-asiática,
como forma de oposição ao que era considerado colonialismo ou neocolonialismo dos Estados Unidos,
da União Soviética ou de outra nação considerada imperialista.

Foi a primeira conferência a falar e a afirmar que o imperialismo e o racismo são crimes. Transmitiram
a ideia de criar o Tribunal da Descolonização para julgar os culpados desse grotesco crime contra a
humanidade, o imperialismo, mas a iniciativa foi abafada pelos países centrais. Falaram também sobre as
responsabilidades dos países imperialistas, que existem até hoje. Responsabilidade que significa ajudar
a reconstruir os estragos que os antigos colonos fizeram no passado.

Também foi apresentada nessa conferência a noção de terceiro mundo e os princípios básicos dos
países não alinhados, ou seja, uma postura diplomática e geopolítica de equidistância das superpotências.
Apesar do não alinhamento, todos os países declararam que eram socialistas, mas não se iriam alinhar
ou sofrer influência soviética. O não alinhamento não foi possível no contexto da Guerra Fria, em que
a URSS e os EUA cada vez mais procuraram expandir as suas áreas de influências. No lugar do conflito
leste-oeste, Bandung criou o conceito de conflito norte-sul, expressão de um mundo dividido entre
países ricos e industrializados e países pobres exportadores de produtos primários.

Os dez princípios da Conferência de Bandung

1. Respeito aos direitos fundamentais, de acordo com a Carta da ONU.

2. Respeito à soberania e à integridade territorial de todas as nações.

3. Reconhecimento da igualdade de todas as raças e as nações, grandes e pequenas.

4. Não intervenção e não ingerência nos assuntos internos de outro país.

17
Unidade I

5. Respeito pelo direito de cada nação defender-se, individual e coletivamente, de acordo com a
Carta da ONU.

6. Recusa na participação dos preparativos da defesa coletiva destinada a servir os interesses


particulares das superpotências.

7. Abstenção de um ato ou ameaça de agressão, ou do emprego da força, contra a integridade


territorial ou a independência política de outro país.

8. Solução de todos os conflitos internacionais por meios pacíficos, de acordo com a Carta da ONU.

9. Estímulo aos interesses mútuos de cooperação.

10. Respeito pela justiça e pelas obrigações internacionais.

O Clube de Roma – limites do crescimento – Educação Ambiental

O conceito de desenvolvimento sustentável surge para enfrentar a crise ecológica, sendo que pelo menos
duas correntes alimentaram o processo. Uma primeira, centrada no trabalho do Clube de Roma, reúne suas
ideias, publicadas sob o título de “Limites do crescimento em 1972”, segundo as quais, para alcançar a
estabilidade econômica e ecológica propõe-se o congelamento do crescimento da população global e do
capital industrial, mostrando a realidade dos recursos limitados e indicando um forte viés para o controle
demográfico (ver Meadows et al., 1972). Uma segunda está relacionada com a crítica ambientalista ao modo
de vida contemporâneo e se difundiu a partir da Conferência de Estocolmo, em 1972.

Tem como pressuposto a existência de sustentabilidade social, econômica e ecológica. Essas


dimensões explicitam a necessidade de tornar compatível a melhoria nos níveis e na qualidade de vida
com a preservação ambiental. Surge para dar uma resposta à necessidade de harmonizar os processos
ambientais com os socioeconômicos, maximizando a produção dos ecossistemas para favorecer as
necessidades humanas presentes e futuras. A maior virtude dessa abordagem é que, além da incorporação
definitiva dos aspectos ecológicos no plano teórico, ela enfatiza a necessidade de inverter a tendência
autodestrutiva dos processos de desenvolvimento no seu abuso contra a natureza (JACOBI, 1997).

Dentre as transformações mundiais das duas últimas décadas, aquelas vinculadas à degradação
ambiental e à crescente desigualdade entre regiões assumem um lugar de destaque no reforço à adoção
de esquemas integradores.

Articulam-se, portanto, de um lado, os impactos da crise econômica dos anos 1980 e a necessidade
de repensar os paradigmas existentes; e, de outro, o alarme dado pelos fenômenos de aquecimento
global e a destruição da camada de ozônio, dentre outros problemas.

A partir de 1987, a divulgação do Relatório Brundtlandt, também conhecido como “Nosso futuro
comum”, defende a ideia do “desenvolvimento sustentável”, indicando um ponto de inflexão no debate
sobre os impactos do desenvolvimento. Não só reforça as necessárias relações entre economia, tecnologia,
18
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

sociedade e política, como chama a atenção para a necessidade do reforço de uma nova postura ética
em relação à preservação do meio ambiente, caracterizada pelo desafio de uma responsabilidade tanto
entre as gerações quanto entre os integrantes da sociedade dos nossos tempos. Na Rio 92, o Tratado
de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global coloca princípios e
um plano de ação para educadores ambientais, estabelecendo uma relação entre as políticas públicas
de educação ambiental e a sustentabilidade. Enfatizam-se os processos participativos na promoção do
meio ambiente, voltados para a sua recuperação, conservação e melhoria, bem como para a melhoria
da qualidade de vida.

Quando nos referimos à Educação Ambiental, é importante destacarmos um de seus principais


objetivos que é a educação para a cidadania. Assim, ela passa a ser um elemento determinante para a
consolidação de sujeitos – cidadãos. É preciso que haja o fortalecimento da cidadania para a população
como um todo, e não para um grupo restrito, concretizando-se pela possibilidade de cada pessoa ser
portadora de direitos e deveres, e de se tornar ator corresponsável na defesa da qualidade de vida
(JACOBI, 2003).

Segundo Pellicioni e Phillip Jr. (2005), educar no comando da cidadania responsável exige novas
estratégias de fortalecimento da consciência crítica a fim de habilitar grupos de pressão para uma ação
social comprometida com a reforma do sistema capitalista. A educação ambiental ao formar para a
cidadania poderia contribuir para formar uma coletividade que é responsável pelo mundo que habita
(SORRENTINO et al., 2005). Isso envolve numerosas variáveis ligadas por diferentes tipos de relações,
além de ser baseada em uma nova ética, que pressupõe outros valores morais e uma forma diferente de
ver o mundo e os homens.

A problemática ambiental exige que a educação ambiental seja incorporada às políticas


governamentais, o que significará contribuir para o exercício da cidadania, para criação de espaços
participativos e para o despertar de valores éticos na busca da reversão do atual estado de exploração
do meio ambiente, que foi transformado e degradado pelo homem (BUSTOS, 2003; JACOBI, 2003).

Educar para o enfrentamento da complexidade ambiental é uma grande oportunidade de


mobilizar novos atores sociais para a apropriação da natureza, para um processo educativo articulado
e compromissado com a sustentabilidade e a participação, apoiado em uma lógica que privilegia o
diálogo e a interdependência de diferentes áreas do saber. Além disso, a reflexão aí proporcionada
vai permitir também questionar valores e premissas que norteiam as práticas sociais, levando às
mudanças na forma de pensar, transformação no conhecimento e em práticas educativas inovadoras
(JACOBI, 2003, p. 193).

Existe, portanto, segundo Jacobi (2003, p. 194), a necessidade de melhorar os meios de informação e o
acesso a eles. Ademais, é preciso também repensar o papel do poder público nos conteúdos educacionais,
como caminhos possíveis para alterar o quadro atual de degradação socioambiental. Trata-se de
promover o crescimento da consciência ambiental para fortalecer a corresponsabilidade da população
na fiscalização e no controle dos agentes de degradação ambiental ao expandir a possibilidade da
população participar em um nível mais alto no processo decisório, a partir de seu empowerment.

19
Unidade I

A educação ambiental é um aprendizado social, baseado no diálogo e na interação, em um processo


constante de recriação e reinterpretação de informações, conceitos e significados, que podem se originar
do aprendizado em sala de aula ou da experiência pessoal do aluno. É importante ressaltar que ela não
poderá superar uma relação pouco harmoniosa entre os indivíduos e o ambiente mediante práticas
localizadas e pontuais, muitas vezes distantes da realidade social de cada cidadão (JACOBI, 2003, p. 194).

Segundo Quintas (2004), “a Educação no processo de gestão ambiental, é uma outra concepção
de educação que toma o espaço da Gestão Ambiental como elemento estruturante na organização do
processo de ensino-aprendizagem, construído com os sujeitos nele envolvidos, para que haja de fato
controle social sobre as decisões que afetam o destino de muitos, senão de todos, destas e de futuras
gerações” (p. 115).

O desenvolvimento da Educação Ambiental pode ser considerado prioritário no momento atual da


história da humanidade. A retomada de consciência deve acontecer com o apoio de profissionais das
diversas áreas de conhecimento, uma vez que se deve considerar a inter-relação existente nos diversos
elementos da natureza, assim como a conexão entre os saberes na promoção de mecanismos, meios e
ações baseadas em racionalidade ambiental (BUSTOS, 2003; SILVA e PESSOA, 2010).

É importante na educação ambiental trabalhar os problemas específicos de cada grupo social. Os


grupos possuem peculiaridades ligadas às diferentes realidades, ambientes e modos de vida, assim
como formas diferentes de interagir com o outro e a perceber qualitativamente dos problemas. Exige
profissionais habilitados que dominem conhecimentos e metodologias específicas para o desenvolvimento
de processos de ensino-aprendizagem com pessoas pertencentes a contextos sociais diferentes (IBAMA,
2003; QUINTAS, 2004).

Dentro da problemática ambiental, busca-se um modo de conhecer a realidade que supere o olhar
fragmentado sobre o mundo real, é preciso organizar uma prática educativa em que o ato pedagógico
seja um ato de construção do conhecimento sobre este mundo, fundamentado na unidade dialética
entre teoria e prática. Portanto, o reconhecimento da complexidade do conhecer implica em assumir
a complexidade do aprender. A questão ambiental ao exigir outro modo de conhecer coloca também
o desafio de organizar processos de ensino-aprendizagem, em que o ato pedagógico seja um ato de
construção coletiva do conhecimento sobre a realidade em um processo dialético de ação-reflexão
(QUINTAS, 2004, p. 133).

Segundo Quintas (2004, p. 133), “o reconhecimento da complexidade do ato de conhecer implica


necessariamente no reconhecimento da complexidade do ato de aprender-ensinar. Trata-se da criação
de processos de ensino-aprendizagem que, como alerta Paulo Freire, superem a contradição entre
educadores e educandos”. Portanto, nesse sentido, teoria e prática são indissociáveis, são faces de uma
mesma moeda. Os elementos conformadores da prática consciente e a unidade dialética entre teoria
e prática, na construção do conhecimento sobre a realidade para transformá-la com a mediação de
critérios éticos, são elementos fundamentais.

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