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Engrenagens

Engrenagens

1. Introdução
2. Tipos de engrenagens
3. Trens de engrenagens
4. Nomenclatura
5. Lei Fundamental das Engrenagens
6. Perfil do dente
7. Ângulo de pressão
8. Geometria de contato
9. Interferência
10. Razão de contato
11. Pinhão e cremalheira
12. Alteração na distância entre centros
13. Engrenagens de dentes retos
14. Engrenagens de dentes helicoidais
15. Engrenagens cônicas
16. Engrenagens cônicas helicoidais
17. Engrenagens cônicas hipóides/espiróides
18. Parafuso sem-fim/coroa
19. Resistência em dentes de engrenagens cilíndricas retas
20. Tensões em engrenagem
21. Dimensionamento de Engrenagens - Fórmula Lewis
22. Rendimento de engrenagens
23. Materiais usados em engrenagens
24. Lubrificação de engrenagens

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Engrenagens

1 - Introdução

Engrenagens são usadas para transmitir torque e velocidade


angular em diversas aplicações. Existem várias opções de
engrenagens de acordo com o uso a qual ela se destina.

A maneira mais fácil de se transmitir rotação motora de um


eixo a outro é através de dois cilindros. Eles podem se tocar
tanto internamente como externamente. Se existir atrito suficiente
entre os dois cilindros o mecanismo vai funcionar bem. Mas a
partir do momento que o torque transferido for maior que o atrito
ocorrerá deslizamento.

Com o objetivo de se aumentar o atrito entre os cilindros,


fez-se necessária a utilização de dentes que possibilitam uma
transmissão mais eficiente e com maior torque. Nasce assim a
engrenagem.

Todo estudo da engrenagem estará concentrado no estudo de seus


dentes, iguais em uma mesma engrenagem, relativo à sua geometria e
resistência.

Neste capítulo de engrenagens, usaremos algumas variáveis que


estão definidas abaixo, as demais serão definidas ao longo do
texto:

W -Força aplicada
Wr -Componente radial da força W
Wt -Componente tangencial da força W
Wa -Componente axial da força W
N -Número de dentes de uma engrenagem
e -Relação de velocidades
m -módulo
P -passos diametrais
dp -diâmetro primitivo
mc -razão de contato
θ -ângulo de pressão
θn -ângulo de pressão normal
θt -ângulo de pressão transversal
-ângulo de hélice
ψ

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2 - Tipos de engrenagens

As engrenagens como elementos de transmissão de potência se


apresentam nos seguintes tipos básicos:

3 - Trem de engrenagens

Um trem de engrenagens é um acoplamento de duas ou mais


engrenagens. Um par de engrenagens é a forma mais simples de se
conjugar engrenagens e é freqüentemente utilizada a redução máxima
de 10:1.

Trens de engrenagens podem ser simples, compostos e


planetárias.

Trens de engrenagens simples

Trens de engrenagens simples são aqueles que apresentam apenas


um eixo para cada engrenagem. A relação entre as duas velocidades
é dada pela equação 1:

rent d N
e=± = ± ent = ± ent (1)
rsaida d saída N saida

A figura mostra um jogo de engrenagens com 5


engrenagens em série. A equação para a relação de
velocidades é:

 N 2  N 3  N 4  N 5  N2
e = −  −  −  − =+
 N 3  N 4  N 5  N 6  N6
(2)
Cada jogo de engrenagem influi na relação das
velocidades, mas no caso de trens simples, o valor
numérico de todas as engrenagens menos a primeira e
a última são cancelados. As engrenagens
intermediárias apenas influem no sentido de rotação
da engrenagem de saída. Se houver um número par de
engrenagens o sentido de rotação da última será
oposto ao da primeira. Havendo um número impar de

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Engrenagens

engrenagens, o sentido permanecerá o mesmo. É interessante notar


que uma engrenagem de qualquer número de dentes pode ser usada
para modificar o sentido de rotação sem que haja alteração na
velocidade, atuando como intermediária.

Trens de engrenagens compostos

Para se obter reduções maiores que 10:1 é necessário que se


utilize trens de engrenagens compostos. O trem composto se
caracteriza por ter pelo menos um eixo no qual existem mais de uma
engrenagem.

A figura acima mostra um trem composto de quatro engrenagens.


A relação das velocidades é:

 N 2  N 4  (3)
e = −  − 
 N 3  N 5 
Esta equação pode ser generalizada para qualquer número de
engrenagens no trem como:

e = ± produto do número de dentes das engrenagens motoras (4)


produto do número de dentes das engrenagens movidas

Note que as engrenagens intermediárias influem diretamente no


processo de determinação da velocidade de saída e de entrada.
Assim uma relação mais elevada pode ser obtida apesar da limitação
de 10:1 para trens individuais. O sinal positivo ou negativo na
equação depende do número e do tipo de disposição das engrenagens,
internas ou externas.

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Engrenagens

Trens de engrenagens planetária

São trens de engrenagem com dois graus de liberdade. Duas


entradas são necessárias para obter uma saída. Normalmente se usa
uma entrada, um sistema fixo e uma saída. Em alguns casos como em
diferencial de automóveis uma entrada é usada para se obter duas
saídas, uma para cada roda.

A relação de velocidades pode ser calculada pela fórmula:

N 3 − N1
e= (5)
N 2 − N1

Em uma forma mais gerais:

N ent − N braço
e= (6)
N saida − N braço

onde:
Nent = número de rotações por minuto da engrenagem de entrada
Nsaída = número de rotações por minuto da engrenagem de saída
Nbraço = número de rotações por minuto do braço

Trens planetários apresentam algumas vantagens, como relações


de velocidades maiores usando engrenagens menores, saídas
bidirecionais, concentricidade. Estas fatores fazem com que o
engrenamento planetário seja largamente utilizado em transmissões
de automóveis e caminhões.

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Engrenagens

4 - Nomenclatura

O círculo primitivo é a base do dimensionamento das


engrenagens e seu diâmetro caracteriza a engrenagem. As rodas
conjugadas usualmente têm seus círculos primitivos tangentes, se
bem que esta condição não seja necessária no caso de engrenagens
de perfil evolvental.

onde:
de = diâmetro externo c = folga
di = diâmetro interno F = largura
dp = diâmetro primitivo p = passo
a = addendum rf = raio do filete
d = deddendum

A circunferência externa também chamada de cabeça do addendum


ou externa, limita as extremidades externas dos dentes.

O addendum ou altura da cabeça do dente é a distância radial


entre as circunferências externa e primitiva.

O círculo da raiz é o círculo que passa pelo fundo dos vãos


entre os dentes.

O deddendum ou altura do pé do dente é a distância entre os


círculos primitivo e de raiz.

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Engrenagens

A folga do fundo é a distância radial entre o circunferência


de truncamento e a da raiz.

Espessura do dente é o comprimento do arco da circunferência


primitiva, compreendido entre os flancos do mesmo dente.

O vão dos dentes é a distância tomada em arco sobre o círculo


primitivo entre dois flancos defrontantes de dentes consecutivos.

A folga no vão é a diferença entre o vão dos dentes de uma


engrenagem e a espessura do dente da engrenagem conjugada. Quando
existe tal folga entre duas engrenagens, uma pode ser girada de um
ângulo bem pequeno enquanto a engrenagem conjugada se mantém
estacionária. Esta folga é necessária para compensar erros e
imprecisões no vão e forma do dente, para prover um espaço entre
os dentes para o lubrificante e para permitir a dilatação dos
dentes com um aumento de temperatura. Engrenagens de dentes
usinados devem ser montadas com uma folga no vão, de 0.04 ×
módulo. Para se assegurar tal folga, a ferramenta geralmente é
ajustada um pouco mais profundamente do que o normal na maior das
duas engrenagens.

A face do dente é a parte de superfície do dente limitada pelo


cilindro primitivo e pelo cilindro do topo.

A espessura da engrenagem é a largura da engrenagem medida


axialmente (é a distância entre as faces laterais dos dentes,
medida paralelamente ao eixo da engrenagem).

O flanco do dente é a superfície do dente entre os cilindros


primitivo e o da raiz.

O topo é a superfície superior do dente.

O fundo do vão é a superfície da base do vão do dente.

Quando duas engrenagens estão acopladas, a menor é chamada


pinhão e a maior simplesmente engrenagem ou coroa.

O ângulo de ação é o ângulo que a engrenagem percorre enquanto


um determinado par de dentes fica engrenado, isto é, do primeiro
ao último ponto de contato.

O ângulo de aproximação ou de entrada é o ângulo que a


engrenagem gira desde o instante em que um determinado par de
dentes entra em contato até o momento em que este contato se faz
sobre a linha de centros.

O ângulo de afastamento é o ângulo que a engrenagem gira desde


o instante em que um determinado par de dentes atinge o ponto
sobre a linha de centros, até que eles abandonem o contato. O

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Engrenagens

ângulo de aproximação somado com o ângulo de afastamento resulta


no ângulo de ação.

A razão ou relação de velocidades ou relação de transmissão é


a velocidade angular da engrenagem motora dividida pela velocidade
angular da engrenagem comandada. Para engrenagens de dentes retos
está razão varia inversamente com os diâmetros primitivos e com o
número de dentes.
N 1 D2 (7)
relação de velocidades = e = =
N 2 D1

Onde v é a velocidade angular, D o diâmetro e N o número de


dentes; o índice 1 se refere à engrenagem motora e o 2 à
comandada.

O módulo
Em toda engrenagem existe uma relação constante relacionando o
número de dentes (N) e o diâmetro primitivo (dp). No sistema
métrico esta relação é chamada de módulo m (em milímetro) e no
sistema inglês de passo diametral (número de dentes por polegada).
Por outro lado o passo é definido como o comprimento do círculo
dividido pelo número de dentes. Assim:

SISTEMA MÉTRICO SISTEMA INGLÊS


m = dp/N P = N/dp
p = π.dp/N p = π.dp/N
p = π.N p . P = π

A relação entre o passo diametral (Pd) e o módulo é definida


como:

25,4
Pd =
m
A tabela a seguir mostra os principais passos diametrais (P) e
módulos (m) padronizados, necessários, pois às ferramentas usadas
para usinar os dentes são também padronizados em função destes
números.

Módulo m 1 1.2 1. 2 2.5 3 4 5 6 8 10 12 16 20 25


[m] 5 5
Passo 2 2 ¼ 2 3 4 6 8 10 12 16 20 24 32 40 48
P [1/in] ½

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Engrenagens

Ë interessante lembrar que uma ferramenta padronizada em


módulo pode ser usada para gerar o dente no sistema métrico ou o
equivalente no sistema inglês e vice-versa. Por exemplo:

m = 1 mm ⇒ P = 25,4 1/in
M = 4 mm ⇒ P = 6.35 1/in
P = 2 1/in ⇒ m = 12.7 mm
P = 10 1/in ⇒ m = 2.54 mm

A utilização da relação P = 25,4/m amplia os padrões de cada


sistema.

5 - Teoria do dente de engrenagem

Lei Fundamental das Engrenagens

A velocidade angular v entre duas engrenagens deve ser


constante. Ela é igual tanto na engrenagem movida quanto na
motora.

ω mov r
v= = ± mov (8)
ϖ mot rmot

O torque transmitido T se relaciona com velocidade angular


pela fórmula:

1 ω mov r
T= = = ± mov (9)
e ϖ mot rmot

Assim, um engrenamento é essencialmente um dispositivo de


troca de torque por velocidade e vice-versa. Uma utilização comum
de engrenamento é reduzir velocidade e aumentar o torque para
grandes carregamentos, como em caixa de marchas em automóveis.
Outra aplicação requer um aumento na velocidade e uma conseqüente
redução no torque. Nos dois casos é geralmente desejável manter
uma razão constante entre as engrenagens enquanto elas giram.

Uma condição para que a lei fundamental das engrenagens ser


verdadeira é que o perfil do dente das duas engrenagens deve ser
conjugado ao outro. Uma maneira de se conjugar as engrenagem é
usando o chamado evolvental para lhes dar forma.

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Engrenagens

6 - Perfil do dente evolvental

O perfil do dente de engrenagem é definido por uma curva


conhecida como evolvente. Esta curva permite que o contato entre
os dentes das duas engrenagens aconteça apenas em um ponto,
permitindo uma ação conjugada, suave e sem muito deslizamento,
próximo a uma condição de rolamento. A medida que as engrenagens
giram, o ponto de contato muda nos dentes, mas permanece sempre ao
longo da linha de ação. A inclinação desta linha é definida pelo
ângulo de pressão.

7 - Ângulo de Pressão

O ângulo de pressão θ num engrenamento é definido como o


ângulo entre a linha de ação e a direção da velocidade angular, de
modo que a linha de ação está rotacionada a θ graus da direção de
rotação da engrenagem movida. As engrenagens são fabricadas
atualmente com ângulos de pressão padronizados para diminuir o
custo no processo de fabricação. Os ângulos de pressão são 14.5°,
20° e 25°, sendo o mais usado 20°.

8 - Geometria de contato entre engrenagens

A figura mostra um par de engrenagens imediatamente antes e


depois do contato entre os dentes. As normais destes dois pontos
de contato se encontram num chamado ponto primitivo. A relação
entre o raio da engrenagem motora e da movida permanece constante
durante o engrenamento.

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Engrenagens

Outra maneira de se enunciar a lei de engrenamento de uma


maneira mais cinemática é: as linhas normais ao perfil dos dentes
em todos os pontos de contato devem sempre passar por um ponto
fixo na linha do centro, chamado de ponto primitivo.

9 - Interferência em dentes evolventais

Os pontos de tangência da linha de ação e dos círculos de base


são chamados pontos de interferência. Quando o dente é
suficientemente longo para se projetar para dentro do círculo de
base do pinhão, a cabeça do dente da engrenagem tende a penetrar
no flanco do dente do pinhão (se a rotação for forçada), a menos
que tenham sido modificados os perfis caracterizando a
interferência. É uma desvantagem séria das engrenagens
evolventais, sendo máxima quando um pinhão de pequeno número de
dentes se engrena com uma cremalheira. A interferência diminui a
medida que a engrenagem diminui de tamanho.

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Engrenagens

Os dentes evolventais de engrenagem produzidos por ferramentas


cremalheiras são recortados automaticamente, no flanco, sendo
removida a parte que ocasionaria a interferência entre quaisquer
engrenagens. Entretanto, se isto resolve o problema da
interferência, o dente é consequentemente enfraquecido, e o grau
de engrenamento pode tornar-se indesejavelmente baixo. O melhor é
evitar a condição de interferência teórica, se possível.

10 - Razão de contato

Quando um dente inicia seu contato com o dente da outra


engrenagem e mantém este contato até o afastamento, a engrenagem
descreve um arco, que é definido como arco de ação. Entretanto,
antes que este arco seja completado para uma determinado dente,
outro dente inicia seu contato. Em outras palavras, existe em todo
engrenamento um curto espaço de tempo em que dois dentes estão
acoplados ou em contato ao mesmo tempo, um preste a concluir e
outro iniciando. Esta relação do número de dentes em contato ao
mesmo tempo é definida como razão de condução ou de contato, dado
pela relação:
q (10)
mc =
pb

onde q é comprimento do arco de ação

A razão de contato mc maior do que 1 é indispensável nas


engrenagens, evitando choques e ruídos nos acoplamentos sucessivos
dos dentes, pelo fato de antes de um dente desacoplar o outro já
estar em contato. Para as engrenagens de dentes retos, esta
relação é aproximadamente 1,2, podendo ser maior para outros tipos
de engrenagens.

11 - Pinhão e cremalheira

Se aumentarmos indefinidamente o raio de uma engrenagem ela se


transformará uma linha reta. Uma engrenagem linear é chamada de
cremalheira. O conjunto pinhão-cremalheira é geralmente usada na
transformação de movimento circular em movimento linear. Devido a
essa características é amplamente usado em automóveis, fazendo
parte da direção do veículo.

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Engrenagens

12 - Alteração da distância dos centros

Na fabricação de jogos de engrenagens, é praticamente


impossível por limitações técnicas no processo de se obter uma
distância entre os centros de forma que ela seja ideal.
Se o perfil do dente não for evolvente este erro na distância
entre os centros das engrenagens pode causar variações. A
velocidade angular de entrada não será mais igual a velocidade
angular de saída do engrenamento, violando assim a lei fundamental
das engrenagens. Entretanto, se o perfil dos dentes for evolvente,
este erro na distância dos centros não alterará a relação das
velocidades. Esta é a principal vantagem de dentes com perfil
evolvente e explica porque é o mais utilizado. Pela figura, nota-
se que as normais ao ponto de contato ainda passam por um único
ponto; somente o ângulo de pressão no engrenamento θ sofrerá alguma
mudança.

Aumentando-se a distância entre os centros o ângulo de pressão


aumenta e vice-versa.

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Engrenagens

13 - Engrenagens de dentes retos

Engrenagens de dentes retos, como mostrada na figura, tem


dentes paralelos ao eixo de rotação e é usada para transmitir
movimento de um eixo a outro. É a engrenagem mais simples.

As engrenagens de dentes retos tem certas limitações quanto às


suas aplicações, principalmente para larguras maiores de 25 mm.
Esta limitação é devido à dificuldade de contato uniforme ao longo
de toda a largura do dente, em todos os dentes, requerendo dentes
retificados e um perfeito alinhamento (paralelismo) dos eixos.

A figura mostra como o contato perfeito deve ocorrer, ao longo


da linha AB, na face e no flanco do dente.

Deve-se observar que qualquer desalinhamento nos eixos ou


imprecisão na usinagem do perfil dos dentes, acarreta um contato
não uniforme, ocasionando falha prematura dos dentes.

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Engrenagens

O quadro a seguir mostra as relações mais comuns para


engrenagens de dentes retos.

Descrição Fórmula
Sistema métrico Sistema inglês
[mm] [in]
Addendum m 1/P
Deddendum 1.25 × m 1.25 / P
Diâmetro do pinhão m × Np NP / P
Diâmetro da coroa m × Ng NG / P
Distância entre
(dg +dp)/2 ( dG + dP ) / 2
centros
Altura do dente 2.25 × m 2.25 / P
Diâmetro ext. do
dp + 2a = m (Np + 2) dP + 2a
pinhão
Diâmetro ext da coroa dg + 2a = m (Ng + 2) dG + 2a
Folga 0.25 × m 0.25 / P
Raio do filete 0.30 × m 0.30 / P
Diâmetro base Db = dp × cos θ db = dP × cos θ
Número mínimo de
12 a 15 12 a 15
dentes

13.1 - Relação cinemática

Em uma transmissão a ação do dente do pinhão sobre a coroa a


vice-versa promove a transmissão de torque e potência de um eixo
para outro. A direção da força e sua componentes estão mostradas a
seguir:

W = Força que a coroa faz no


pinhão na direção da linha de
ação

Wr = componente radial

Wt = componente tangencial

Os valores das componentes são determinadas pelas relações:

Wt = W ⋅ cosθ Wt = W ⋅ sen θ (11)

É a componente tangencial Wt responsável pela transmissão de


torque e potência.

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Engrenagens

14 -Engrenagens helicoidais

Engrenagens helicoidais tem dentes inclinados em relação ao


eixo central. São as mais usadas pois tem a vantagem de ser menos
barulhentas devido a um engrenamento mais gradual e progressivo.
Podem transmitir movimento entre eixos que não estão paralelos
entre si. Devido ao ângulo de hélice ψ de seus dentes, as
engrenagens helicoidais provocam uma força axial, na direção do
eixo, o que não acontece nas engrenagens de dentes retos.

O contato do dente reto acontece, como foi visto,


instantaneamente ao longo de toda a linha AC. No dente helicoidal,
o contato inicia em A, e a medida que a engrenagem vai girando, o
contato vai se formando gradualmente até atingir a linha AP,
diagonalizada em relação ao dente. Este contato gradual confere as
engrenagens helicoidais uma transmissão silenciosa, com pouca
vibração, mesmo sem o acabamento de retífica dos dentes. Devido a
este contato, estas engrenagens tem uma razão de contato bem maior
que as de dentes retos, de 1.3 a 1.7, proporcionando ao conjunto
transmissão de maior potência.

14.1 - Relação cinemática

A figura mostra uma vista de topo, onde a inclinação do dente


é definida pelo ângulo de hélice ψ. A seção AA' mostra uma vista
transversal, onde o ângulo de pressão é θt. Na vista normal, seção
BB', que corresponde olhar a engrenagem na direção do dente
(direção de ψ), o ângulo de pressão é definido como θn (ângulo de
pressão normal). É na direção perpendicular a esta, ao longo da
linha de ação, que a força W é transmitida do pinhão para a coroa.

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Engrenagens

Da figura pode-se deduzir as seguintes relações geométricas:

p n = pt ⋅ cos Ψ Pt = Pn ⋅ cos Ψ mn = mt ⋅ cos Ψ (12)

outra relação é a distância ad, que define o passo axial:

pt
px = (13)
cos Ψ

onde se tem que:


pn ⇒ passo normal mn ⇒ módulo normal
pt ⇒ passo transverssal mt ⇒ módulo transversal
Pn ⇒ passo diametral normal px ⇒ passo axial
Pt ⇒ passo diametral transversal

A tabela mostra as geometrias dos dentes das engrenagens


helicoidais mais usadas.
Descrição Fórmula
Sistema métrico [mm] Sistema inglês[in]
Addendum mn 1 / Pn
Deddendum 1.25 × mn 1.25 / Pn
Diâmetro do pinhão mt × Np NP / Pt
Diâmetro da coroa mt × Ng NG / Pt
Distância entre (dg +dp)/2 ( dG + dP ) / 2
centros
Altura do dente 2.25 × mn 2.25 / Pn
Diâmetro ext. do a
dp + 2 = mt (Np + 2.cos ψ) dP + 2a
pinhão
Diâmetro ext da dg + 2a = mt (Ng + 2. cos ψ) dG + 2a
coroa
Folga 0.25 × mn 0.25 / Pn
Diâmetro base Db = dp × cos θt db = dP × cos θt

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Engrenagens

A transmissão de força nas engrenagens helicoidais está


mostrada na figura.

Pode-se ver na figura que a força W que incide normal à face


do dente e na direção da linha de ação, pode ser decomposta nas
componentes:

Observe que, como nas engrenagens de dentes retos, a


componente Wt é a única responsável pela transmissão de torque e
potência. As componentes Wr e Wa não executam nenhum trabalho
útil. Estas duas componentes prejudicam, como no caso de Wa que
provoca no eixo uma componente axial no mancal sendo necessário o
uso de mancais (rolamento) especiais, mais caros para suportar
esta carga.

As componentes podem ser calculadas pelas fórmulas:

Wt = W . cosθ n . cosψ Wr = W .sinθ n Wa = W . cosθ n . senψ (14)

ψ- ângulo de hélice
θn - ângulo de pressão normal
θt - ângulo de pressão transversal
W - carga normal total de um dente sobre o outro
A relação entre o ângulo de pressão transversal θt, o ângulo
de pressão normal θn e o ângulo de hélice ψ é dado pela expressão:

tgθ n
tgθ t = (15)
cosψ

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Engrenagens

15 - Engrenagens cônicas

Engrenagens cônicas são usadas principalmente para a


transmissão entre eixos que se cruzam, principalmente
perpendiculares. Os dentes podem apresentar a forma reta ou
helicoidal. A figura mostra um conjunto pinhão/coroa cônicos:

O conjunto da figura tem eixos perpendiculares. Os dentes são


usinados na face do tronco, de tal forma que o dente tem geometria
variável, ou seja, como o diâmetro é variável, o passo diametral
ou módulo variam. Nas engrenagens cônicas de dentes retos ou
helicoidais o vértice dos cones são concorrentes, isto é,
convergem para um mesmo ponto. Nestes tipos, engrenagens cônicas
de dentes retos e dentes helicoidais, a interação dos dentes
ocorre da mesma forma que a já estudada para as engrenagens
cilíndricas de dentes retos e helicoidais. Isto quer dizer que os
conjuntos cônicos de dentes helicoidais tem também transmissões
mais suaves e silenciosas.
Devido ao ângulo do cone, a configuração geométrica destas
engrenagens apresenta novos parâmetros a serem definidos. A figura
ilustra um conjunto pinhão/coroa, mostrando estes novos
parâmetros.

19
Engrenagens

14.1 - Relação cinemática

Observa-se que para eixos perpendiculares, os ângulos δ1 e δ2


somam 90°:

δ1 + δ2 = 90° (16)

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Engrenagens

Algumas relações importantes para engrenagens cônicas de


dentes retos e θ = 20° (ângulo de pressão), eixo a 90°, são
mostrados na tabela a seguir:

Descrição Fórmula (Sistema Inglês)


Razão de transmissão mg = Ng/Np
Addendum da coroa Ag = 0.54 / P + 0.46 / (P.mn)
Altura do dente H = 2.0 / P
Folga C = 0.188 / P + 0.002 in
Largura do dente F = Ao / 3 ou 10 / P (usar
o menor)
Número mínimo de dentes Pinhão 16 15 14 13
Coroa 16 17 20 30

Nas engrenagens cônicas, mesmo de dentes retos, a força normal


W que o pinhão faz sobre a coroa, e vice-versa, pode ser
decomposta em três componentes, como mostrado na figura.

Wt = W . cosθ

Wr = W .sinθ . cos γ (17)

Wa = W . sen θ . sen γ

Sendo:

θ = ângulo de pressão
γ = ângulo do cone

Nas engrenagens cônicas, o torque T é calculado usando a raio


médio rm, ou seja:

T
Wt = (18)
rm

Assim, pode-se escrever também:

Wr = Wt.tgθ cos γ (19)


Wa = W .tgθ sen γ

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Engrenagens

16 - Engrenagens cônicas helicoidais

Estas engrenagens tem seus dentes usinados com uma ferramenta


de corte circular de maneira que forma um ângulo de hélice. A
figura mostra mais claramente:

Quando o ângulo de hélice ψ é igual a zero, a engrenagem


cônica helicoidal é chamada de zerol. Estas engrenagens tem apenas
os dentes curvos (forma circular) e são similares às cônicas de
dentes retos, mas não são mais precisas devido a facilidade de
usinagem com precisão dos dentes circulares. Nas cônicas
helicoidais, a carga Wt é também determinada pela expressão:

T
Wt = onde T é o torque e rm é o raio médio. (20)
rm

As componentes de força Wr e Wa depende se a hélice é esquerda ou


direita e a direção de rotação. Na figura a hélice é esquerda.
Assim, para hélice direita e rotação horária, tem-se que:

Wt
Wa = (tgθ n sen γ − sen γ cos γ ) (21a)
cos Ψ
Wt
Wr = (tgθ n cos γ + sen γ sen γ ) (21b)
cos Ψ

Para hélice esquerda e rotação horária, tem-se que:

Wt
Wa = (tgθ n sen γ + sen γ cos γ ) (22a)
cos Ψ

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Engrenagens

Wt
Wr = (tgθ n cos γ − sen γ sen γ ) (22b)
cos Ψ

onde ψ = ângulo de hélice


γ = ângulo de cone
θn = ângulo de pressão normal

17 - Engrenagens cônicas hipóides e espiróides

Estas engrenagens são parecidas com as cônicas helicoidais,


mas os eixos são deslocados de um determinado valor. Estas
engrenagens aparecem a partir da década de 50, devido a
necessidade de abaixar o centro de gravidade dos automóveis. São
muito usadas atualmente em diferenciais de veículos.
A figura mostra como acontece o acoplamento pinhão/coroa.
Quando o deslocamento do eixo é igual ao raio da coroa, tem-se o
acoplamento tangente, definindo o sistema sem-fim/coroa.

O deslocamento do eixo como mostrado na figura, não permite


uma ação conjugada perfeita entre os dentes (rolamento), sendo a
transmissão envolvida por deslizamentos entre os dentes, gerando
atrito e perda de potência. É por esta razão que as hipóides, e
mais ainda as espiróides, tem eficiência menor que os outros tipos
estudados. De uma forma geral, pode-se dizer que a eficiência das
engrenagens seque, aproximadamente os percentuais:

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Engrenagens

Por esta razão que todos os conjuntos hipóides, espiróides e


sem-fim/coroa funcionam imersos em lubrificantes.
Define-se eficiência em engrenagens como a relação da potência
útil ou potência transmitida pela potência total cedida ao
sistema. É claro que parte da potência é gasta para vencer o
atrito nos dentes, transformando-se em calor que é dissipado.
Assim:

HPútil
η= (23)
HPtotal

A razão de transmissão para engrenagens cilíndricas e cônicas


deve ser sempre inferior a 5.

18 - Parafuso sem-fim/coroa

O conjunto parafuso sem-fim/coroa é uma evolução das


engrenagens cônicas (espiróides), para o ângulo do cone do pinhão γ
= 0. É muito usado apesar de sua eficiência ser relativamente
baixa (η = 80%), pode-se conseguir grandes reduções com um só
conjunto. A figura ilustra este conjunto.

24
Engrenagens

Como pode ser visto, o parafuso sem-fim e coroa tem um ângulo


de hélice, que é chamado de ângulo de avanço designado por λ. A
figura mostra a nomenclatura usado neste conjunto.

As principais relações geométricas no sem-fim/coroa são:

N G × pt
dG = ⇒ diâmetro da coroa (24)
π

C 0.875
dw = ⇒ diâmetro do sem-fim, onde C é a distância entre
K
centros: (1.7≤ K≤ 3.0) (25)

dW + d G
C= ⇒ distância entre centros (26)
2

pt = px ⇒ passo transversal igual ao axial para eixos


perpendiculares (27)

NG
mG = ⇒ razão de transmissão, onde Nw é o número de dentes
NW
do sem-fim ou número de entradas (28)

25
Engrenagens

L = pt × N w ⇒ avanço (29)

L
tgλ . = ⇒ λ é o ângulo do avanço (30)
π × dw
Combinando sucessivamente estas expressões pode-se obter uma
única expressão, que relaciona os parâmetros mais importantes para
a definição do sem-fim/coroa:

8
 1 + mG tgλ 
C =  para os valores de 1.7 ≤ K ≤ 3.0 (31)
 K 

O valor de K está compreendido em 1.7 e 3.0, sendo recomendado


usar 2.2. Os ângulos de avanço mais usados variam entre 4° e 25°,
para ângulo de pressão normal θn de 14°30' e 20°. É mais recomendado
usar:

Para θn = 14°30' ⇒ λ = 0° a 15°


θn = 20° ⇒ λ = 15° a 30°

É possível construir uma transmissão sem-fim/coroa com C


(distância entre centros) variando de 2 in a 64 in, dependendo da
potência desejada.
Esta análise permite identificar a possibilidade geométrica do
sem-fim/coroa, antes do dimensionamento final para uma dada
potência.
Em um redutor sem-fim/coroa, o movimento ou potência entra
pelo sem-fim que solicita a coroa com força W, que pode ser
decomposta em três componentes, conforme figura.

26
Engrenagens

É importante observar que, devido ao atrito na direção do


dente ou da hélice do dente, aparecem componentes das forças de
atrito.

Wf = µ . ⋅ W (31)

onde µ é o coeficiente de atrito entre os materiais do sem-fim


(aço) e da coroa (bronze)

Observando a figura, tem-se:

a t
W x = −WG = WW (32a)
R R
W y = −WG = WW os sinais indicam direções contrárias (32b)
t a
W z = −WG = WW (32c)

Notar que WG é componente na coroa e, WW componente do sem-


fim. Os índices Wt, Wr e Wa e referem-se às componentes
tangenciais, axiais e radiais, respectivamente.

Assim as componentes são:

W x = W (cosθn sen λ + µ cos λ ) (33a)


W y = W sen θn (33b)
W z = W (cosθn cos λ − µ sen λ ) (33c)

Devido ao atrito provocado pelo deslizamento pelos dentes do


sem-fim e da coroa, estas partes são construídas com materiais
diferentes. Normalmente o sem-fim é de aço liga e a coroa de
bronze. Para estes materiais, o coeficiente de atrito µ, que
depende da velocidade e do tipo de bronze usado, assume valores um
pouco diferentes como mostrados na figura:

27
Engrenagens

A velocidade que aparece no gráfico, velocidade no ângulo de


avanço é calculada por:

Vw
Vs = Vw = velocidade do sem-fim (34)
cos λ

π × dw × nw
VW = [ft/min] (35)
12

dw = diâmetro do sem-fim
nw = rotação do sem-fim

Definindo a eficiência do sem-fim de outra forma, pela relação das


forças Wnt sem atrito e Wwt com atrito, obtém-se a relação:

cos θn − µtgλ
η= (36)
cos θn + µ cot gλ

19 - Resistência dos dentes de engrenagens cilíndricas retas

Sem atrito, a força resultante que atua sobre o dente da


engrenagem, cai sobre a geratriz nas engrenagens evolventais, e
seu ponto de aplicação move-se da parte superior (ou inferior) do
dente para a parte inferior (ou superior). Considerando o dente
como uma viga engastada, encontramos o máximo de tensão, quando um
dente suporta toda a carga na extremidade. Entretanto, se o grau
de engrenamento é maior que 1, outro dente provavelmente está
partilhando da transmissão de potência. À medida que o dente se
desloca do seu ângulo de ação, o ponto de aplicação de W se move
para baixo no perfil. Em algum instante deste movimento, com o
grau de engrenamento menor que 2, o dente suportará a carga toda.
Em projetos é comum utilizarmos a hipótese mais segura, com a
carga total aplicada à extremidade do dente.

28
Engrenagens

No ponto onde a linha de ação de W corta o eixo geométrico do


dente, W é substituída por suas componentes normal (radial) e
tangencial N e Wr. A força N produz uma tensão de compressão
uniforme sobre qualquer seção do dente, digamos em VE. A
componente Wr produz uma tensão de flexão: tração em E e
compressão em V. A compressão uniforme em E, devida a N, é
subtraída da tração decorrente da flexão em E, devida a Wr,
produzindo uma tensão resultante em E mais baixa e
consequentemente mais segura. A compressão uniforme em V, devida a
N, é somada à compressão decorrente da flexão em V, devida a Wr,
para dar uma tensão de compressão total maior. Se o material é
mais resistente à compressão que à tração, o efeito da força N
reforça o dente. Uma vez que a tensão de compressão é pequena,
comparada à tensão de flexão, ela é normalmente, porém nem sempre,
desprezada no cálculo. Assim, consideraremos apenas a tensão
devida a Wr.

Com Fr atuando em B, sendo h o braço de alavanca, o momento


fletor na seção VE é M = Wr.h. Sendo b a espessura, o módulo de
resistência da seção retangular em VC será de Z = bt2/6. De M = σZ,
obtemos que,
2
bt
Wr = σ (37)
6
A seção VE deve ser aquela em que a tensão produzida pela
carga Wr é máxima. É localizada do seguinte modo:
Tracemos por B a parábola VBE, passando pelos pontos V e E,
que define uma viga imaginária de resistência uniforme; isto é, se
o dente tivesse a forma da parábola, teria a mesma tensão em todas
as seções. A equação desta parábola é obtida em termos das
variáveis h e t, sendo σ uma constante na equação anterior.
Portanto:
σ b 2 2
h = .t e h = C .t (38)
6 Wr

que é a equação de uma parábola. Se esta parábola é traçada com o


vértice em B, verificamos que ela fica inteiramente no interior do
dente exceto nos pontos de tangência. Uma vez que o dente é maior
que a parábola a tensão no dente é, em qualquer lugar, menor que a
tensão hipotética na parábola, exceto na seção de tangência que,
por esta razão, deve ser a seção de tensão máxima no dente. Em
conseqüência, na seção VE, a parábola inscrita é tangente ao
perfil do dente.

Entretanto, as dimensões h e t são inconvenientes quando se


calcula. Consideremos os triângulos semelhantes BVG e GVH. Deles
obtemos a proporção:
t2 x t 2
h= = (39)
4x t 2 h

29
Engrenagens

Substituindo este valor de h na equação 37:

bt 2
Wr × h = σ (40)
6
obtemos:

2 2
Wrt bt 4x
=σ Wrr = σ .b (41)
4x 6 6

Multiplicando e dividindo o 2.° membro desta equação pelo


passo diametral Pd, encontramos:

σ .b  2 xPd 
Wr =   (42)
Pd  3 

Uma vez que 2xPd/3 é uma constante para uma determinada forma
de dente, podemos faze-la iqual a Y, conhecido como o fator de
forma de Lewis. A equação resultante é:

σ bY
Wr = (43)
Pd

Conhecida como equação de Lewis. Uma vez que Pd = π/Pc, a


equação de Lewis em termos do passo circular é:

σ bP c Y
Wr = = σ bP c y (44)
π

onde y = Y/π é outra constante.

20 - Tensões em engrenagem

A figura mostra um par de dentes de engrenagens. Um torque Tp


está sendo transmitido do pinhão para a engrenagem movida.

30
Engrenagens

No ponto primitivo, a única força transmitida, excluindo


atrito, é a força W atuando ao longo da linha de ação. Esta força
pode ser decomposta em duas componentes, Wr agindo na direção
radial e Wt da direção tangencial. A força Wt pode ser calculada
por:

Tp 2T p 2 pd T p (45)
Wt = = =
rp dp Np
onde Tp se refere ao torque que é aplicado no eixo do pinhão,
rp é o raio de ponto principal, dp é o diâmetro do ponto principal,
Np é o número de dentes e pd é o passo diametral do pinhão.

A componente radial Wt é:

Wr = Wt . tan(θ ) (46)

e a força resultante é:

Wt
W= (47)
cos(θ )

A força de reação R e suas componentes Rt e Rr tem o mesmo


módulo com sentidos opostos às forças diretas. As forças no pinhão
são as mesmas que atuam na engrenagem.

Dependendo do grau de engrenamento um dente pode receber toda


a carga transmitida em qualquer ponto do topo até o ponto perto do
círculo do deddendum. Obviamente, a situação mais crítica é aquela
que a força W age no topo do dente. Neste caso, a componente
tangencial Wt apresentará seu valor máximo agindo no dente.

Mesmo nas situações em que o torque Tp é constante, cada dente


sofrerá carga de forma alternada e repetitiva, criando uma
situação de fadiga.

Uma engrenagem em funcionamento está constantemente sendo


exigida em ciclos repetidos, que nos leva a pensar que certamente
a fadiga é um problema que tem de ser levado em consideração.

Existem dois problemas fundamentais que podem causar a danos a


uma engrenagem. Fratura por fadiga causada pelas cargas alternadas
e desgaste na superfície. Estes dois problemas devem ser levados
em consideração ao se projetar uma engrenagem. Fratura por fadiga
pode ser evitada utilizando a curva de Goodman, de modo que se
garanta o funcionamento sem fratura por um tempo indeterminado.
Como as engrenagens são geralmente feitas de ferro fundido, que
apresentam elevados limites de resistência a flexão, podemos
projetar uma engrenagem de maneira que ela tenha uma vida
infinita. Entretanto, é difícil se obter materiais que tem

31
Engrenagens

elevados limites resistência à pressões de contato. Então, é


impossível de se construir uma engrenagem de vida infinita contra
desgastes superficiais. Engrenagens devidamente projetadas nunca
devem fraturar um dente em funcionamento normal, mas deve ser
esperado desgastes superficiais que com o tempo são inevitáveis.

21 - Dimensionamento de Engrenagens

A equação de Lewis

A primeira equação para tensões de flexão foi desenvolvida por


Wilfred Lewis, em 1892. Ele considerou um dente como uma barra
engastada com a seção crítica na base:

M W p 6 .W t l
σ = = t d = ⇒ Equação de Lewis (48)
I FY Ft 2
c

onde l é a altura, t é o comprimento do dente, Wt é a


componente tangencial da força, pd é o passo diametral, F é a
espessura do dente e Y é um fator adimensional de forma para a
carga aplicada próxima à meia altura do dente e quando as cargas
dinâmicas máximas são bem avaliadas. Ele também é chamado de fator
de Lewis. É interessante notar que a componente radial Wr é
ignorada pois ela atua como força de compressão, o que tende a
reduzir o risco de quebra do dente.

A equação de Lewis é a base de uma versão mais moderna


utilizada pela norma AGMA. Os princípios utilizados na equação de
Lewis são ainda válidos, mas foram complementados por fatores
adicionais que só foram mais tarde realmente dimensionados. O
fator de forma Y foi suplantado pelo fator de geometria J, que
inclui os efeitos da concentração de tensões.

Equação AGMA para engrenagens


(American Gears Manufacturers Association)

Existem algumas condições para seu uso:


 A razão de contato deve estar entre 1 e 2. Razões de
contato maiores estão sujeitos a fatores como precisão e
dureza que são difíceis de prever, tornando o problema
indeterminado.
 Não deve haver interferência entre o topo e a raiz dos
dentes nem corte no topo dos dentes. Num projeto que se
precisa utilizar um conjunto pinhão-engrenagem de forma a
ocupar pouco volume, é comum modificações em partes do
dente de modo a diminuir o tamanho. O fator de forma J
necessita de dentes inteiros para se tornar válido,
impedindo assim qualquer variação no tamanho do dente.

32
Engrenagens

 Deve haver uma pequena folga entre as duas engrenagens. Sem


folga, as engrenagens correm o risco de não girarem
livremente, devido ao excesso de atrito.
 Os dentes devem ser padronizados e com bom acabamento
superficial.
 Forças de atrito desprezíveis.

São usadas atualmente duas equações AGMA, uma para tensão de


flexão e outra para desgaste superficial, que são as duas causas
de danos em engrenagens.
A equação AGMA para tensões de flexão tem duas versões, uma no
sistema internacional e outra no sistema inglês de unidades:

Wt K a Pd K s K m Wt K a 1.0 K s K m
σ= × × σ= × × (49)
Kv F J Kv Fm J

sendo:
σ - tensão de flexão
Wt - força tangencial transmitida
Ka - fator de aplicação
Kv - fator dinâmico
Pd - passo diametral
m - módulo
F - largura do dente
Ks - fator de forma
Km - fator de distribuição de carga
J - fator de geometria

Note que a equação foram dispostas em três parcelas. A


primeira trata de fatores de força, a segunda trata de fatores de
geometria e a terceira trata da forma do dente.

Fazer um correto dimensionamento de engrenagens pela tensão de


flexão consiste basicamente em projetar a engrenagem de modo que a
tensão de flexão atuante no dente seja menor que a tensão
admissível à flexão do dente:

σ ≤ σ adm (50)

A fórmula para o cálculo da tensão admissível à flexão é:

St K L
σ adm = (51)
KT K R

onde:
St - limite de resistência à tensão
KL - fator de vida
KT - fator de temperatura
KR - fator de confiabilidade

33
Engrenagens

A equação AGMA para desgaste superficial é:

1
W C C Cm C f  2
σ c = C p  t a × s ×  (52)
 Cv Fd I 

sendo:
σc - valor absoluto da tensão por desgaste
Cp - coeficiente elástico
Ca - fator de aplicação
Cv - fator dinâmico
d - diâmetro primitivo da engrenagem
Cm - fator de distribuição de carga
Kf - fator de acabamento da superfície
I - fator de geometria

Fazer um correto dimensionamento de engrenagens pelo desgaste


superficial consiste basicamente em projetar a engrenagem de modo
que a tensão de contato atuante no dente seja menor que a tensão
admissível ao contato:

σ c ≤ σ c ,adm (53)

A fórmula para o cálculo da tensão admissível ao contato é:

ScC LC H
σ c,adm = (54)
CT C R

onde:
Sc - limite de resistência à fadiga
CL - fator de vida
CH - fator de taxa de dureza
CT - fator de temperatura
CR - fator de confiabilidade

Como já foi citado anteriormente, o desgaste superficial é uma


situação mais crítica que a tensão de flexão. Engrenagens bem
projetadas normalmente não quebram um dente por fadiga causada
graças à tensão de flexão, mas desgastes superficiais são
inevitáveis.

34
Engrenagens

Fator de geometria J e I
A determinação de J e I dependem da razão de contato mc, que é
determinada pela fórmula:

F
mc = (55)
px

onde F é a largura do dente e px é o passo axial.

Este fator pode ser calculado através de complicadas fórmulas


definidas nas normas AGMA. Esta mesma norma apresenta uma tabela
do fator J para dentes fundos com ângulos de pressão de 20°:

Número de Y Número de Y
dentes dentes
12 0.245 28 0.353
13 0.261 30 0.359
14 0.277 34 0.371
15 0.290 38 0.384
16 0.296 43 0.397
17 0.303 50 0.409
18 0.309 60 0.422
19 0.314 75 0.435
20 0.322 100 0.447
21 0.328 150 0.460
22 0.331 300 0.472
24 0.337 400 0.480
26 0.346 Acima 0.485

Coeficiente Elástico Cp
O coeficiente elástico Cp é um fator de correção adimensional
que depende de fatores como coeficiente de Poisson e do módulo de
elasticidade do pinhão e da engrenagem.
Ele pode ser calculado pela fórmula definida pela norma AGMA
ou pela tabela que está em função do material do pinhão e da
engrenagem.

−1 2
  1 − vp 2 1 − vg 2

Cp = π  +   (56)
  Ep Eg 

onde:
vp = coeficiente de Poisson do pinhão
vg = coeficiente de Poisson da engrenagem
Ep = módulo de elasticidade do pinhão [Mpsi ou GPa]
Eg = módulo de elasticidade da engrenagem [Mpsi ou GPa]

35
Engrenagens

Material e módulo de elasticidade


da engrenagem Eg, lb/in2 (Mpa)
Módulo de Ferro Ferro Ferro Alumínio Ligas
elasticidade do Aço Maleável Nodular Fundido Bronze Cu-Sn
Material pinhão Ep, lb/in2 30 × 106 25 × 106 24 × 106 22 × 106 17,5 × 106 16 × 106
Do pinhão (Mpa) (2 × 105) (1.7 × 105) (1.7 × 105) (1.5 × 105) (1.2 × 105) (1.1 × 105 )

Aço 30 × 106 2300 2180 2160 2100 1950 1900


(2 × 105) (191) (181) (179) (174) (162) (158)

Ferro Maleável 25 × 106 2180 2090 2070 2020 1900 1850


(1.7 × 105) (181) (174) (172) (168) (158) (154)

Ferro Nodular 24 × 106 2160 2070 2050 2000 1880 1830


(1.7 × 105) (179) (172) (170) (166) (156) (152)

Ferro Fundido 22 × 106 2100 2020 2000 1960 1850 1800


(1.5 × 105) (174) (172) (166) (163) (154) (149)

Alumínio 17,5 × 106 1950 1900 1880 1850 1750 1700


Bronze (1.2 × 105) (162) (158) (156) (154) (145) (141)

Liga Cu-Sn 16 × 106 1900 1850 1830 1800 1700 1650


(1.1 × 105) (158) (154) (152) (149) (141) (137)

Coeficiente de Poisson de 0.30

Fator dinâmico Cv e Kv
O fator dinâmico corrige imprecisões na fabricação e no
acoplamento do conjunto. Estes erros na transmissão podem causar
vibrações excessivas, desgastes no perfil dos dentes,
desbalanceamento nas partes rotantes, desalinhamento linear e
radial nos eixos etc.
Uma maneira que a norma AGMA adotou para quantificar este
fator dinâmico é definindo um número Qv, chamado de número de
qualidade.
As equações a seguir para o cálculo de Cv e Kv são baseadas no
número de qualidade Qv:

B
 A 
K v = Cv =   V em ft/min (57)
 1 
 A +V 2 
B
 A 
K v = Cv =  1
 V em m/s (58)
 A + (200.V ) 2 

sendo A = 50 + 56(1 − B ) e
2
(12 − Qv) 3
B= .
4

36
Engrenagens

Fator de superfície Cf
A AGMA ainda não estabeleceu valores para o fator de superfície
Cf, portanto é recomendado o uso de valores maiores que 1 para
superfícies que claramente apresentam defeitos.

Fator de distribuição de carga Cm e Km


O fator de distribuição de carga corrige:
- Cargas causadas por deflexões elásticas de eixos e mancais.
- Eixos rotantes desalinhados.
- Desvio de passo

A tabela a seguir mostra como se calcular Cm e Km:

Largura da face F, in (mm)


≤ 2 (50) 6 (150) 9 (225) ≥ 16 (400)

Muita precisão na 1,3 1,4 1,5 1,8


montagem e nas (1.2) (1.4) (1.4) (1.7)
engrenagens

Média precisão na 1,6 1,7 1,8 2,0


montagem e nas (1.5) (1.6) (1.7) (2.0)
engrenagens

Pouca precisão na > 2.0 ( > 2.0)


montagem e nas
engrenagens

Fator de confiabilidade Cr e Kr
Em todo este capítulo foi utilizado a confiabilidade de R = 0,99,
que corresponde à 107 ciclos de vida. Para outras confiabilidades,
pode-se utilizar da tabela a seguir:

Confiabilidade Cr, Kr
0,90 0,85
0,99 1,00
0,999 1,25
0,9999 1,50

Pode-se também utilizar a fórmula:

Cr = 0.7 − 0.15 log(1 − R) 0.9 ≤ R < 0.99 (59)

Cr = 0.5 − 0.25 log(1 − R) 0.99 ≤ R < 0.9999 (60)

37
Engrenagens

Fator de taxa de dureza Ch


O pinhão geralmente apresenta um número de dentes menor que a
engrenagem e consequentemente vai estar sujeito a mais ciclos sob
tensões de contato. Se o pinhão e a engrenagem são endurecidas,
pode se obter uma superfície uniforme fabricando um pinhão mais
duro. Pode-se também conjugar uma engrenagem com um pinhão desde
que este passe por um processo de endurecimento superficial. O
fator de taxa de dureza Ch é usado somente para a engrenagem e é
calculado pela fórmula:

H 
Ch = 1.0 + A(mG − 1.0) onde A = 8.98 × 10 −3  BP  − 8.29 × 10 −3 (61)
 H BG 

Os termos HBP e HBG são a dureza Brinell do pinhão e da engrenagem,


respectivamente.

O fator mG é a razão de velocidades.

H 
A equação é valida somente para  BP  ≤ 1.70.
 H BG 

Fator de vida Cl e Kl
Utilizando o fator de vida Cl e Kl consegue-se estimar a vida
útil de engrenagens. As tabelas a seguir mostram o fator corretivo
de vida à partir do número de ciclos.

Fator de tamanho Cs e Ks
Estes fatores corrigem alguma alteração quanto à uniformidade
em relação às propriedades do material. A norma AGMA recomenda
utilizar para o fator Cs e Ks o valor 1.

Fator de aplicação Ca e Ka
A razão do fator de aplicação é compensar situações em que a
carga real excede a força tangencial nominal Wt. Este fator varia
entre 0.45 a 0.95. Quanto menor a velocidade de rotação e menor o
padrão de qualidade Qv maior é o fator de aplicação.

Fator de acabamento da superfície Cf


A norma AGMA ainda não estabeleceu valores para o fator Cf,
mas sugere valores maiores que 1 quando existirem defeitos na
superfície.

38
Engrenagens

22 - Rendimento de engrenagens

Um par de engrenagens helicoidais ou de dentes retos usinados deve


transmitir, no mínimo, 98% da potência em velocidades comuns, se
as engrenagens e os mancais de apoio estiverem bem lubrificados.
Para uma redução dupla, o rendimento é um pouco mais baixo, cerca
de 97%, e para uma redução tripla, ainda mais baixo, da ordem de
96%. Freqüentemente ele é mais alto que estes valores. As perdas
na partida, quanto os mancais são mancais de deslizamento, podem
ser altas, da ordem de 35% da carga sendo, assim, recomendável dar
partida em engrenagens em condições de pouca carga. Devem ser
esperados menores valores do rendimento em velocidades muito
elevadas acima de 1500 m/min.

23 - Materiais usados em engrenagens

Todos os tipos de material são usados para engrenagens. Um dos


mais utilizados é o ferro fundido cinzento, ASTM 20, que é um
material relativamente barato e satisfatório do ponto de vista de
desgaste. Aços especiais não são usados a menos que sejam tratados
termicamente. O aço fundido deve ser bem recozido e pode sofrer
tratamento térmico.
Para se escolher o aço leva-se em consideração o tratamento que se
pretende fazer. Os dentes temperados (0.35% a 0.50% de carbono)
são usados freqüentemente. Os dentes carbonetados cementados (0.15
a 0.20% de carbono) tem resistência ao desgaste excelente com uma
superfície de 58 HC ou melhor. Os aços de 0.40% a 0.45% de carbono
são endurecidos na superfície para 50 HC ou mais, por têmpera
superficial por maçarico, têmpera por indução ou cianetação. Os
aços especiais são melhores para o endurecimento superficial por
possuírem alta temperabilidade. O aço fundido pode ser também
endurecido, inteiramente ou superficialmente.
O tratamento de endurecimento produz certamente alguma distorção,
porém, os aços-liga podem ser endurecidos com muito menor
distorção que o aço carbono. Se a precisão do perfil é necessária
como no caso de altas velocidades, deve-se escolher um material
que apresente um mínimo de distorção, mesmo assim pode ser
necessário retificar ou polir os perfis, de modo a se obter a
precisão necessária. A indústria automobilística, por processos
cuidadosamente controlados para manter a distorção mínima, usa
ligas endurecidas superficialmente sem a operação de retificação
final.
Em situações severas de serviço, pode ser usado a nitretação, um
processo caro, somente justificável em certos casos. Não há muito
problema de distorção, porque o processo é conduzido em
temperaturas relativamente baixas.
Alguns materiais não-metálicos são usados em engrenagens para
transmitir potências relativamente significantes como, por
exemplo, o couro cru, produtos de fenol laminados (baquelita,
textolite, etc.) e nylon. Uma vantagem dos não-metálicos é o baixo
nível de ruído.

39
Engrenagens

24 - Lubrificação em engrenagens

Excetuando-se engrenagens plásticas pouco exigidas, todo conjunto


de engrenagens devem ser lubrificado para prevenir desgaste
superficial. Controlar a temperatura na interface é importante
porque se muito altas, podem diminuir a vida útil das engrenagens.
Lubrificante removem calor e separam as superfícies de um contato
direto, reduzindo atrito. Lubrificante suficiente deve ser
utilizado para transferir o calor gerado por atrito para o meio
ambiente sem permitir que o engrenamento se aqueça em demasia.
A maneira preferida para se lubrificar é colocando as engrenagens
em caixas, de modo que elas ficam parcialmente submergidas. A
rotação da engrenagem leva o lubrificante para regiões que não
estão submergidas. O óleo deve ser limpo de livre de
contaminações, sendo trocado periodicamente. Conjuntos de
engrenagens que não podem ficar em caixas, devem ser sempre
lubrificados usando graxa, que é recomendada somente para baixas
velocidades e cargas.

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