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1 — A presente lei entra em vigor no primeiro dia do a) Ao regime de exercício do direito dos cidadãos a
serem informados pela Administração Pública sobre o
mês seguinte ao da sua publicação.
andamento dos processos em que sejam diretamente inte-
2 — As alterações aos artigos 8.º e 39.º, introduzidas ressados e a conhecer as resoluções definitivas que sobre
pela presente lei, entram em vigor na data de início de eles forem tomadas, que se rege pelo Código do Procedi-
vigência do diploma referido no artigo anterior. mento Administrativo;
Aprovada em 20 de julho de 2016. b) Ao acesso a informação e a documentos relativos à
segurança interna e externa e à investigação criminal, ou à
O Presidente da Assembleia da República, Eduardo instrução tendente a aferir a responsabilidade contraordena-
Ferro Rodrigues. cional, financeira, disciplinar ou meramente administrativa,
Promulgada em 29 de julho de 2016. que se rege por legislação própria;
c) Ao acesso a documentos notariais e registrais, a do-
Publique-se. cumentos de identificação civil e criminal, a informação e
O Presidente da República, MARCELO REBELO DE SOUSA. documentação constantes do recenseamento eleitoral, bem
como ao acesso a documentos objeto de outros sistemas
Referendada em 10 de agosto de 2016. de informação regulados por legislação especial;
O Primeiro-Ministro, António Luís Santos da Costa. d) Ao acesso a informação e documentos abrangidos
pelo segredo de justiça, segredo fiscal, segredo estatís-
tico, segredo bancário, segredo médico e demais segre-
Lei n.º 26/2016 dos profissionais, bem como a documentos na posse de
inspeções-gerais e de outras entidades, quando digam
de 22 de agosto
respeito a matérias de que resulte responsabilidade finan-
ceira, disciplinar ou meramente administrativa, desde que
Aprova o regime de acesso à informação administrativa e ambiental o procedimento esteja sujeito a regime de segredo, nos
e de reutilização dos documentos administrativos, transpondo termos da lei aplicável.
a Diretiva 2003/4/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de
28 de janeiro, e a Diretiva 2003/98/CE, do Parlamento Europeu
e do Conselho, de 17 de novembro. Artigo 2.º
Princípio da administração aberta
A Assembleia da República decreta, nos termos da
alínea c) do artigo 161.º da Constituição, o seguinte: 1 — O acesso e a reutilização da informação administra-
tiva são assegurados de acordo com os demais princípios
da atividade administrativa, designadamente os princípios
CAPÍTULO I da igualdade, da proporcionalidade, da justiça, da impar-
Disposições gerais cialidade e da colaboração com os particulares.
2 — A informação pública relevante para garantir a
Artigo 1.º transparência da atividade administrativa, designadamente
a relacionada com o funcionamento e controlo da atividade
Objeto pública, é divulgada ativamente, de forma periódica e
1 — A presente lei regula o acesso aos documentos atualizada, pelos respetivos órgãos e entidades.
administrativos e à informação administrativa, incluindo 3 — Na divulgação de informação e na disponibilização
em matéria ambiental, transpondo para a ordem jurídica de informação para reutilização através da Internet deve
interna a Diretiva 2003/4/CE, do Parlamento Europeu e assegurar-se a sua compreensibilidade, o acesso livre e
universal, bem como a acessibilidade, a interoperabilidade,
do Conselho, de 28 de janeiro de 2003, relativa ao acesso
a qualidade, a integridade e a autenticidade dos dados
do público às informações sobre ambiente e que revoga a publicados e ainda a sua identificação e localização.
Diretiva 90/313/CEE do Conselho.
2 — A presente lei regula ainda a reutilização de docu- Artigo 3.º
mentos relativos a atividades desenvolvidas pelos órgãos e
entidades referidas no artigo 4.º, transpondo para a ordem Definições
jurídica interna a Diretiva 2003/98/CE, do Parlamento Eu- 1 — Para efeitos da presente lei, considera-se:
ropeu e do Conselho, de 17 de novembro de 2003, relativa
à reutilização de informações do setor público, alterada a) «Documento administrativo» qualquer conteúdo,
pela Diretiva 2013/37/UE, do Parlamento Europeu e do ou parte desse conteúdo, que esteja na posse ou seja de-
Conselho, de 26 de junho de 2013. tido em nome dos órgãos e entidades referidas no artigo
3 — O acesso a informação e a documentos nomina- seguinte, seja o suporte de informação sob forma escrita,
tivos, nomeadamente quando incluam dados de saúde, visual, sonora, eletrónica ou outra forma material, neles se
produzidos ou detidos pelos órgãos ou entidades referidos incluindo, designadamente, aqueles relativos a;
no artigo 4.º, quando efetuado pelo titular dos dados, por i) Procedimentos de emissão de atos e regulamentos
terceiro autorizado pelo titular ou por quem demonstre administrativos;
ser titular de um interesse direto, pessoal, legítimo e cons- ii) Procedimentos de contratação pública, incluindo os
titucionalmente protegido na informação, rege-se pela contratos celebrados;
presente lei, sem prejuízo do regime legal de proteção de iii) Gestão orçamental e financeira dos órgãos e enti-
dados pessoais. dades;
2778 Diário da República, 1.ª série — N.º 160 — 22 de agosto de 2016
iv) Gestão de recursos humanos, nomeadamente os dos b) Os documentos cuja elaboração não releve da ativi-
procedimentos de recrutamento, avaliação, exercício do dade administrativa, designadamente aqueles referentes
poder disciplinar e quaisquer modificações das respetivas à reunião do Conselho de Ministros e ou à reunião de
relações jurídicas. Secretários de Estado, bem como à sua preparação;
c) Os documentos produzidos no âmbito das relações
b) «Documento nominativo» o documento administra- diplomáticas do Estado português.
tivo que contenha dados pessoais, definidos nos termos do
regime legal de proteção de dados pessoais; Artigo 4.º
c) «Formato aberto» um formato de ficheiro disponi-
bilizado ao público e reutilizável independentemente da Âmbito de aplicação subjetivo
plataforma utilizada, nos termos do regime jurídico que 1 — A presente lei aplica-se aos seguintes órgãos e
regula a adoção de normas abertas para a informação em entidades:
suporte digital na Administração Pública;
d) «Formato legível por máquina» um formato de fi- a) Órgãos de soberania e os órgãos do Estado e das
cheiro estruturado de modo a ser possível, por meio de regiões autónomas que integrem a Administração Pública;
aplicações de software, nele identificar, reconhecer e extrair b) Demais órgãos do Estado e das regiões autónomas,
dados específicos, incluindo declarações de facto, bem na medida em que exerçam funções materialmente admi-
como a sua estrutura interna; nistrativas;
e) «Informação ambiental» quaisquer informações de c) Órgãos dos institutos públicos, das entidades admi-
natureza administrativa, sob forma escrita, visual, sonora, nistrativas independentes e das associações e fundações
eletrónica ou outra forma material, relativas: públicas;
i) Ao estado dos elementos do ambiente, como o ar e d) Órgãos das empresas públicas;
a atmosfera, a água, o solo, a terra, a paisagem e as áreas e) Órgãos das autarquias locais, das entidades intermu-
de interesse natural, incluindo as zonas húmidas, as zonas nicipais e de quaisquer outras associações e federações
litorais e marinhas, a diversidade biológica e seus compo- públicas locais;
nentes, incluindo os organismos geneticamente modifica- f) Órgãos das empresas regionais, municipais, intermu-
dos, e a interação entre esses elementos; nicipais ou metropolitanas, bem como de quaisquer outras
ii) A fatores como as substâncias, a energia, o ruído, as empresas locais ou serviços municipalizados públicos;
radiações ou os resíduos, incluindo os resíduos radioativos, g) Associações ou fundações de direito privado nas
emissões, descargas e outras libertações para o ambiente, quais os órgãos e entidades previstas no presente número
que afetem ou possam afetar os elementos do ambiente exerçam poderes de controlo de gestão ou designem, di-
referidos na alínea anterior; reta ou indiretamente, a maioria dos titulares do órgão de
iii) A medidas políticas, legislativas e administrativas, administração, de direção ou de fiscalização;
designadamente planos, programas, acordos ambientais e h) Outras entidades responsáveis pela gestão de arquivos
ações que afetem ou possam afetar os elementos ou fatores com caráter público;
referidos nas subalíneas anteriores, bem como medidas ou i) Outras entidades no exercício de funções material-
ações destinadas à sua proteção; mente administrativas ou de poderes públicos, nomeada-
iv) A relatórios sobre a implementação da legislação mente as que são titulares de concessões ou de delegações
ambiental; de serviços públicos.
v) A análises custo-benefício e outras avaliações e ce-
nários económicos utilizados no âmbito das medidas e ati- 2 — As disposições da presente lei são ainda aplicáveis
vidades, em matéria ambiental, referidas na subalínea iii); aos documentos detidos ou elaborados por quaisquer enti-
vi) Ao estado da saúde e à segurança das pessoas, in- dades dotadas de personalidade jurídica que tenham sido
cluindo designadamente a contaminação da cadeia alimen- criadas para satisfazer de um modo específico necessidades
tar, as condições de vida, os locais de interesse cultural e de interesse geral, sem caráter industrial ou comercial, e
construções, na medida em que sejam ou possam ser afe-
em relação às quais se verifique uma das seguintes cir-
tados pelo estado dos elementos referidos na subalínea i),
cunstâncias:
ou, através desses elementos, pelos fatores ou medidas
referidas nas subalíneas ii) e iii); a) A respetiva atividade seja maioritariamente financiada
por alguma das entidades referidas no número anterior ou
f) «Norma formal aberta» uma norma estabelecida em no presente número;
forma escrita, que pormenoriza especificações no que diz b) A respetiva gestão esteja sujeita a um controlo por
respeito aos requisitos para assegurar a interoperabilidade parte de alguma das entidades referidas no número anterior
de software; ou no presente número;
g) «Reutilização» a utilização, por pessoas singulares ou c) Os respetivos órgãos de administração, de direção ou
coletivas, de documentos administrativos, para fins comer- de fiscalização sejam compostos, em mais de metade, por
ciais ou não comerciais diferentes do fim inicial de serviço membros designados por alguma das entidades referidas
público para o qual os documentos foram produzidos. no número anterior ou no presente número.
2 — Não se consideram documentos administrativos, 3 — Ainda que já não integrem o seu âmbito de aplica-
para efeitos da presente lei: ção subjetivo, a presente lei aplica-se ainda às entidades
a) As notas pessoais, esboços, apontamentos, comuni- que preencheram os requisitos referidos nos números ante-
cações eletrónicas pessoais e outros registos de natureza riores em momento anterior, relativamente aos documentos
semelhante, qualquer que seja o seu suporte; correspondentes a esse período.
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2 — Os documentos nominativos comunicados a ter- 3 — A informação referida no presente artigo deve ser
ceiros não podem ser utilizados ou reproduzidos de forma disponibilizada em formato aberto e em termos que per-
incompatível com a autorização concedida, com o funda- mitam o acesso aos conteúdos de forma não condicionada,
mento do acesso, com a finalidade determinante da recolha privilegiando-se a disponibilização em formatos legíveis
ou com o instrumento de legalização, sob pena de respon- por máquina, que permitam o seu ulterior tratamento au-
sabilidade por perdas e danos e responsabilidade criminal, tomatizado.
nos termos legais. 4 — A informação administrativa referida na alínea c)
do n.º 1 deve permanecer disponível durante dois anos ou,
Artigo 9.º no caso das autarquias locais, pelo período correspondente
à duração de cada mandato, excluindo o período de vigên-
Responsável pelo acesso
cia, quando seja o caso, ou durante o tempo adequado à
Cada órgão ou entidade referida no n.º 1 do artigo 4.º divulgação satisfatória dos seus conteúdos, se superior.
deve designar um responsável pelo cumprimento das dis- 5 — A divulgação ativa da informação deve acautelar
posições da presente lei, a quem compete nomeadamente o respeito pelas restrições de acesso previstas na presente
organizar e promover as obrigações de divulgação ativa lei, devendo ter lugar a divulgação parcial sempre que
de informação a que está vinculado o órgão ou a entidade, seja possível expurgar a informação relativa à matéria
acompanhar a tramitação dos pedidos de acesso e reutili- reservada.
zação e estabelecer a articulação necessária ao exercício 6 — A aplicação do disposto no presente artigo é facul-
das competências da Comissão de Acesso aos Documentos tativa para as freguesias com menos de 10 000 eleitores,
Administrativos, doravante designada por CADA. com exceção do previsto na alínea c) do n.º 1.
1 — Os órgãos e entidades a quem se aplica a presente 1 — Os órgãos e entidades a quem se aplica a presente
lei publicitam nos seus sítios na Internet, de forma perió- lei recolhem e organizam a informação ambiental no âm-
dica e atualizada, no mínimo semestralmente: bito das suas atribuições e asseguram a sua divulgação ao
público de forma sistemática e periódica, nomeadamente
a) Os documentos administrativos, dados ou listas que de forma eletrónica, devendo assegurar a sua disponibili-
os inventariem que entendam disponibilizar livremente zação progressiva em bases de dados facilmente acessíveis
para acesso e reutilização nos termos da presente lei, sem através da Internet.
prejuízo do regime legal de proteção de dados pessoais; 2 — A informação a que se refere o presente artigo
b) O endereço eletrónico, local e horário para consulta deve ser atualizada no mínimo semestralmente, e incluir,
presencial, modelo de requerimento ou outro meio ade- pelo menos:
quado através do qual podem ser remetidos os pedidos de
acesso e reutilização da informação e documentos abran- a) Textos de tratados, convenções ou acordos interna-
gidos pela presente lei; cionais e da legislação nacional e europeia sobre ambiente
c) A informação cujo conhecimento seja relevante para ou com ele relacionada;
garantir a transparência da atividade relacionada com o seu b) Políticas, planos e programas relativos ao ambiente;
funcionamento, pelo menos, a seguinte: c) Relatórios sobre a execução dos instrumentos refe-
ridos nas alíneas anteriores;
i) Planos de atividades, orçamentos, relatórios de ati- d) Um relatório nacional sobre o estado do ambiente,
vidades e contas, balanço social e outros instrumentos de nos termos do número seguinte;
gestão similares; e) Dados ou resumos dos dados resultantes do controlo
ii) Composição dos seus órgãos de direção e fiscaliza- das atividades que afetam ou podem afetar o ambiente;
ção, organograma ou outro modelo de orgânica interna; f) Licenças e autorizações com impacto significativo
iii) Todos os documentos, designadamente despachos sobre o ambiente, acordos sobre ambiente ou referência
normativos internos, circulares e orientações, que com- ao local onde tais informações podem ser solicitadas ou
portem enquadramento estratégico da atividade adminis- obtidas;
trativa; g) Estudos de impacte ambiental e avaliações de risco re-
iv) A enunciação de todos os documentos que com- lativas a elementos ambientais mencionados na subalínea i)
portem interpretação generalizadora de direito positivo da alínea e) do n.º 1 do artigo 3.º, ou referência ao local
ou descrição genérica de procedimento administrativo, onde tais informações podem ser solicitadas ou obtidas.
mencionando designadamente o seu título, matéria, data,
origem e local onde podem ser consultados. 3 — O relatório nacional sobre o estado do ambiente,
cuja elaboração e publicação anual compete ao membro
d) As regras e as condições de reutilização da informa- do Governo responsável pela área do ambiente, inclui
ção aplicáveis em cada caso. informação sobre a qualidade do ambiente e as pressões
sobre ele exercidas.
2 — A informação administrativa disponível nos sítios 4 — Os órgãos e entidades públicas competentes devem
na Internet a que se refere o número anterior é indexada garantir que, em caso de ameaça iminente para a saúde
no sistema de pesquisa online de informação pública, nos humana ou o ambiente, causada por ação humana ou por
termos do artigo 49.º do Decreto-Lei n.º 135/99, de 22 de fenómenos naturais, sejam divulgadas imediatamente todas
abril, alterado pelos Decretos-Leis n.os 29/2000, de 13 de as informações ambientais que permitam às populações
março, 72-A/2010, de 18 de junho, e 73/2014, de 13 de em risco tomar medidas para evitar ou reduzir os danos
maio. decorrentes dessa ameaça.
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4 — Para além do disposto nos números anteriores, um 3 — As disposições da presente secção não são aplicá-
pedido de acesso a documentos administrativos que con- veis aos documentos detidos ou elaborados por:
tenham informação ambiental apenas pode ser indeferido a) Empresas de radiodifusão de serviço público, suas
nos seguintes casos: filiais e outras entidades que cumpram funções de radio-
a) Quando o pedido for manifestamente abusivo ou difusão de serviço público;
tiver por referência documentos ou dados errados ou in- b) Estabelecimentos de ensino e investigação, incluindo
organizações criadas com vista à transferência de resul-
completos; tados de investigação, escolas e instituições de ensino
b) Quando não seja possível sanar a deficiência a que superior, com exceção das respetivas bibliotecas;
se refere o n.º 6 do artigo 12.º; c) Pessoas coletivas públicas ou privadas que se dedi-
c) Quando a divulgação dessa informação prejudicar: quem à prestação de serviços e atividades culturais, exceto
i) A confidencialidade do processo ou da informação, bibliotecas, museus e arquivos.
quando essa confidencialidade esteja prevista na lei, desig- 4 — A troca de documentos administrativos entre os
nadamente em caso de segredo bancário, segredo estatístico órgãos e entidades referidos no artigo 4.º, exclusivamente
e sigilo fiscal; no âmbito do desempenho das suas funções e dos fins de
ii) As relações internacionais, a segurança pública ou interesse público que lhes compete prosseguir, não cons-
a defesa nacional; titui reutilização.
iii) O segredo de justiça, o segredo em sede de procedi- 5 — Salvo acordo da entidade que os detenha, quem
mentos contraordenacionais, disciplinares, financeiros ou reutilizar documentos administrativos não pode alterar a
meramente administrativos, desde que previstos na lei, o informação neles vertida, nem deve permitir que o seu sen-
acesso à justiça ou o seu bom funcionamento; tido seja desvirtuado, devendo mencionar sempre as fontes,
iv) A confidencialidade das informações comerciais bem como a data da última atualização da informação.
6 — Os documentos são disponibilizados no formato ou
ou industriais, sempre que essa confidencialidade esteja linguagem em que já existam e, se adequado, em formatos
legalmente prevista para proteger um interesse económico abertos e legíveis por máquina, com os respetivos meta-
legítimo, bem como o interesse público no segredo esta- dados, devendo ambos respeitar normas formais abertas.
tístico, fiscal e bancário; 7 — O disposto no número anterior deve ser cumprido
v) Direitos de autor ou direitos conexos e direitos de na medida do possível, não implicando, para a entidade
propriedade industrial; detentora, o dever de criar ou adaptar documentos ou de
vi) Os interesses ou a proteção de quem tenha fornecido fornecer extratos, caso isso envolva um esforço despro-
voluntariamente a informação, sem que esteja ou venha a porcionado que ultrapasse a simples manipulação dos
estar legalmente obrigado a fazê-lo, exceto se essa pessoa mesmos.
tiver autorizado a divulgação dessa informação; Artigo 20.º
vii) A proteção do ambiente a que a informação se refere, Documentos excluídos
designadamente a localização de espécies protegidas.
Não podem ser objeto de reutilização:
5 — Os fundamentos de indeferimento e respetivos a) Documentos elaborados no exercício de uma ativi-
interesses protegidos devem ser interpretados de forma dade de gestão privada da entidade em causa;
restritiva face ao interesse público subjacente à divulgação b) Documentos cujos direitos de autor ou direitos co-
da informação, sendo que os referidos nas subalíneas i), nexos pertençam a terceiros ou cuja reprodução, difusão
iv), vi) e vii) do número anterior não podem ser invoca- ou utilização possam configurar práticas de concorrência
dos quando o pedido incidir sobre informação relativa a desleal;
c) Documentos nominativos, salvo autorização do ti-
emissões para o ambiente.
tular, disposição legal que a preveja expressamente ou
6 — A informação ambiental solicitada deve ser parcial- quando os dados pessoais possam ser anonimizados sem
mente disponibilizada sempre que seja possível expurgar possibilidade de reversão, devendo nesse caso aplicar-se,
a informação que fundamentou o indeferimento. no âmbito da autorização concedida e nos termos do n.º 1
do artigo 23.º, a previsão de medidas especiais de segu-
rança destinadas a proteger os dados sensíveis, de acordo
SECÇÃO III
com o regime legal de proteção de dados pessoais;
Da reutilização de documentos d) Partes de documentos que contêm apenas logótipos,
brasões e insígnias.
Artigo 19.º Artigo 21.º
Princípios gerais Pedido de reutilização
o direito exclusivo diz respeito à digitalização de recursos 2 — A CADA dispõe de orçamento anual, cuja dotação
culturais e dos casos em que a constituição de um direito é inscrita no orçamento da Assembleia da República.
exclusivo é necessária para a prestação de um serviço de
interesse público. Artigo 29.º
2 — Os acordos exclusivos celebrados ao abrigo do
Composição
número anterior, bem como a respetiva fundamentação,
devem ser transparentes e publicitados, sempre que pos- 1 — A CADA é composta pelos seguintes membros:
sível por via eletrónica.
3 — Os motivos subjacentes à constituição de um di- a) Um juiz conselheiro do Supremo Tribunal Adminis-
reito exclusivo devem ser objeto de um exame periódico, trativo, designado pelo Conselho Superior dos Tribunais
a realizar pelo menos de três em três anos, com exceção Administrativos e Fiscais, que preside;
dos direitos exclusivos relativos à digitalização de recur- b) Dois deputados eleitos pela Assembleia da República,
sos culturais, cujo período de exclusividade não deve, sendo um sob proposta do grupo parlamentar do maior
em regra, exceder 10 anos, devendo o referido exame ser partido que apoia o Governo e o outro sob proposta do
realizado no 11.º ano e, posteriormente, se aplicável, de maior partido da oposição;
sete em sete anos. c) Um professor de Direito designado pelo Presidente
4 — Nos casos em que exista um direito exclusivo para da Assembleia da República;
digitalização de recursos culturais, o respetivo acordo prevê d) Duas personalidades designadas pelo Governo;
necessariamente a disponibilização à entidade pública em e) Uma personalidade designada por cada um dos Go-
causa, a título gratuito, de uma cópia dos recursos culturais vernos Regionais;
digitalizados, a qual deve estar disponível para reutilização f) Uma personalidade designada pela Associação Na-
no termo do período de exclusividade. cional de Municípios Portugueses;
g) Um advogado designado pela Ordem dos Advogados;
Artigo 26.º h) Um membro designado, de entre os seus vogais, pela
Comissão Nacional de Proteção de Dados.
Intimação para a reutilização de documentos
Quando o pedido de reutilização formulado nos termos 2 — Os titulares são substituídos por um suplente, de-
da presente secção seja total ou parcialmente indeferido, signado pelas mesmas entidades.
o interessado pode apresentar queixa à CADA nos ter- 3 — Os membros da CADA tomam posse perante o
mos do artigo 16.º, aplicando-se as suas correspondentes Presidente da Assembleia da República nos 10 dias se-
disposições quanto à petição de intimação da entidade guintes à publicação da sua designação na 1.ª série do
requerida para autorização da reutilização, que pode ser Diário da República.
apresentada junto do tribunal administrativo competente, 4 — Os mandatos dos titulares são de três anos, sem
nos termos previstos no Código de Processo nos Tribunais prejuízo do disposto no número seguinte, cessando apenas
Administrativos. com a posse dos novos titulares.
5 — A Assembleia da República elege no início de cada
Artigo 27.º legislatura e pela duração desta os membros referidos na
alínea b).
Divulgação de documentos disponíveis para reutilização 6 — Os mandatos são renováveis duas vezes.
1 — As entidades abrangidas pelas disposições da pre-
sente secção devem disponibilizar, no seu sítio na Inter- Artigo 30.º
net, listas atualizadas dos documentos disponíveis para Competência
reutilização.
2 — Sempre que possível, devem prever-se inventários 1 — Compete à CADA:
dos documentos mais importantes, juntamente com os a) Elaborar a sua regulamentação interna, a publicar na
metadados conexos acessíveis, e deve poder ser realizada 2.ª série do Diário da República;
uma pesquisa multilingue de documentos e dados. b) Apreciar as queixas que lhe sejam apresentadas nos
3 — As informações previstas nos números anteriores termos dos artigos 16.º e 26.º;
devem ser organizadas num portal de existências descen- c) Emitir parecer sobre o acesso aos documentos admi-
tralizadas, com vista a facilitar a procura de documentos nistrativos, nos termos da alínea e) do n.º 1 do artigo 15.º;
e dados disponíveis para reutilização. d) Emitir parecer sobre a comunicação de documentos
4 — A aplicação do disposto no presente artigo é facul- entre serviços e organismos da Administração Pública,
tativa para as freguesias com menos de 10 000 eleitores. a pedido da entidade requerida ou da interessada, a não
ser que se anteveja risco de interconexão de dados, caso
CAPÍTULO III em que a questão é submetida à apreciação da Comissão
Nacional de Proteção de Dados;
Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos e) Pronunciar-se sobre o sistema de registo e de classi-
ficação de documentos;
Artigo 28.º f) Emitir parecer sobre a aplicação da presente lei, bem
como sobre a elaboração e aplicação de diplomas comple-
Natureza
mentares, por sua iniciativa ou a solicitação da Assembleia
1 — A CADA é uma entidade administrativa indepen- da República, do Governo e dos órgãos e entidades a que
dente, que funciona junto da Assembleia da República, e se refere o artigo 4.º;
a quem cabe zelar pelo cumprimento das disposições da g) Elaborar um relatório anual sobre a aplicação da
presente lei. presente lei e a sua atividade, a enviar à Assembleia da
2786 Diário da República, 1.ª série — N.º 160 — 22 de agosto de 2016
República para publicação e apreciação e ao Primeiro- 6 — Perdem o mandato os membros da CADA que
-Ministro; venham a ser abrangidos por incapacidade ou incompati-
h) Elaborar um relatório, de três em três anos, sobre a bilidade prevista na lei ou que faltem, no mesmo ano civil,
disponibilidade de informações do setor público para reu- a três reuniões consecutivas ou a seis interpoladas, salvo
tilização e sobre as condições da sua disponibilização, em motivo justificado.
particular no que respeita às taxas devidas pela reutilização 7 — A perda do mandato é objeto de deliberação a pu-
de documentos que sejam superiores aos custos marginais, blicar na 2.ª série do Diário da República.
bem como sobre as práticas no que diz respeito a vias de
recurso, o qual deve ser enviado à Assembleia da Repú- Artigo 33.º
blica, para publicação e apreciação, e ao Primeiro-Ministro,
Estatuto remuneratório
com vista ao seu envio à Comissão Europeia;
i) Contribuir para o esclarecimento e divulgação das 1 — O presidente aufere a remuneração e outras rega-
diferentes vias de acesso aos documentos administrativos lias a que tem direito como juiz conselheiro do Supremo
no âmbito do princípio da administração aberta; Tribunal Administrativo, bem como um abono mensal para
j) Emitir deliberações sobre aplicação de coimas nos despesas de representação no valor de 20 % do respetivo
processos de contraordenação previstos na presente lei. vencimento base.
2 — À exceção do presidente, todos os membros po-
2 — Os projetos de pareceres e deliberações são elabo- dem exercer o seu mandato em acumulação com outras
rados pelos membros da CADA, com o apoio dos serviços funções e auferem um abono correspondente a 25 % do
técnicos. valor do índice 100 da escala salarial do pessoal dirigente
3 — Os pareceres são publicados nos termos do regu- da função pública.
lamento interno. 3 — À exceção do presidente, todos os membros aufe-
rem um abono correspondente a 5 % do valor do índice 100
Artigo 31.º
da escala salarial do pessoal dirigente da função pública
Cooperação da administração por cada sessão da CADA em que participem.
4 — Todos os membros têm direito a ajudas de custo e
1 — Todos os dirigentes, funcionários e agentes dos
ao reembolso de despesas com transportes e com teleco-
órgãos e entidades a quem se aplique a presente lei têm o
dever de cooperação com a CADA, sob pena de respon- municações nos termos previstos para o cargo de diretor-
sabilidade disciplinar ou de outra natureza, nos termos -geral.
da lei. 5 — Nas deslocações das personalidades designadas
2 — Para efeitos do número anterior devem ser comuni- pelos Governos Regionais o abono das ajudas de custo
cadas todas as informações relevantes para o conhecimento é processado segundo o regime vigente nas respetivas
das questões apresentadas à CADA no âmbito das suas administrações regionais.
competências.
Artigo 34.º
Artigo 32.º Competência do presidente
Estatuto dos membros da CADA 1 — No quadro das orientações dadas pela CADA, o
1 — Não podem ser membros da CADA os cidadãos presidente exerce, com possibilidade de delegação no se-
que não se encontrem no pleno gozo dos seus direitos cretário, as competências fixadas na lei para o cargo de
civis e políticos. dirigente máximo de organismo autónomo em matéria
2 — São deveres dos membros da CADA: de gestão de pessoal, financeira, patrimonial e adminis-
trativa.
a) Exercer o cargo com isenção, rigor e independência; 2 — A CADA pode delegar no presidente poderes para
b) Participar ativa e assiduamente nos trabalhos da apreciar e decidir:
CADA.
a) Queixas manifestamente infundadas ou extempo-
râneas;
3 — Os membros da CADA não podem ser prejudicados
b) Desistências;
na estabilidade do seu emprego, na sua carreira profis-
c) Casos de inutilidade superveniente;
sional, nomeadamente nas promoções a que entretanto
d) Queixas sobre questões que já tenham sido apreciadas
tenham adquirido direito, nem nos concursos públicos a
pela CADA de modo uniforme e reiterado.
que se submetam e no regime de segurança social de que
beneficiem à data do início do mandato.
4 — Os membros da CADA são inamovíveis, não po- Artigo 35.º
dendo as suas funções cessar antes do termo do mandato, Serviços de apoio
salvo nos seguintes casos:
A CADA dispõe de serviços próprios de apoio técnico
a) Morte; e administrativo, previstos em regulamento orgânico apro-
b) Impossibilidade física permanente ou com uma dura- vado em diploma próprio.
ção que se preveja ultrapassar a data do termo do mandato;
c) Renúncia ao mandato; Artigo 36.º
d) Perda do mandato.
Impugnação judicial
5 — A renúncia ao mandato torna-se eficaz com a apre- 1 — A impugnação de deliberações da CADA reveste
sentação da respetiva declaração escrita ao presidente da a forma de reclamação, a apresentar no prazo de 10 dias
CADA e é publicada na 2.ª série do Diário da República. a contar da respetiva notificação.
Diário da República, 1.ª série — N.º 160 — 22 de agosto de 2016 2787
2 — Em face dessa impugnação, a CADA pode modi- 3 — A infração prevista na alínea b) do n.º 1 é punível
ficar ou revogar a sua decisão, notificando os arguidos da com as seguintes coimas:
nova deliberação final. a) Tratando-se de pessoa singular, no mínimo de € 150
3 — Caso mantenha a anterior deliberação, a CADA e no máximo de € 1 750;
remete a reclamação, no prazo de 10 dias, ao Ministério b) Tratando-se de pessoa coletiva, no mínimo de € 1 250
Público junto do Tribunal Administrativo de Círculo de e no máximo de € 12 500.
Lisboa.
4 — A tentativa é punível.
Artigo 37.º
Decurso do processo judicial Artigo 40.º
1 — Compete à CADA remeter toda a informação ne- Aplicação das coimas
cessária e relevante para o processo ao Ministério Público, 1 — A instrução do processo de contraordenação com-
para que este conclua os autos e os apresente ao juiz. pete aos serviços da Administração Pública que tenham
2 — O juiz pode decidir a questão nos termos da pre- detetado a infração, podendo ser completada pelos serviços
sente lei por simples despacho, se a tal não se opuserem a de apoio da CADA.
defesa, o Ministério Público ou a CADA. 2 — A aplicação de coimas é competência exclusiva da
3 — Se houver audiência, as respetivas formalidades CADA e a respetiva deliberação constitui título executivo
são reduzidas ao mínimo indispensável, não havendo lu- bastante, caso não seja impugnada no prazo legal.
gar à gravação de prova, nem à audição de mais de três
testemunhas por cada contraordenação imputada. Artigo 41.º
4 — O juiz tem sempre competência para arbitrar uma
Destino das receitas cobradas
indemnização a quem entenda ter a ela direito.
5 — Da decisão final do juiz cabe recurso per saltum O montante das importâncias cobradas, em resultado
para o Supremo Tribunal Administrativo, que decide de da aplicação das coimas, reverte:
direito.
a) Em 40 % para a CADA;
b) Em 40 % para o Estado;
CAPÍTULO IV c) Em 20 % para a entidade lesada com a prática da
infração.
Regime sancionatório Artigo 42.º
Artigo 38.º Omissão de dever