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DOI: http://dx.doi.org/10.5212/TerraPlural.v.3i2.

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LEONEL BRIZOLA MONASTIRSKI

constituído através dos estratos do tempo, quanto coletiva (FREIRE; PEREIRA, 2002).
mas também, pelos “olhares” do presente Porém, mesmo com a a�rmação em Freire
que, associados, compõem diversos desdo- e Pereira, de H. ROUSSO 1 de que nunca
bramentos conceituais sobre ele e sobre o a demanda social da história – memória,
espaço em que está inserido. presença do passado - esteve tão forte, nun-
Esses componentes, denominados de ca foi parte tão integrante da cultura, nem
traços, compõem a coesão de tempos di- tão valorizada, experimenta-se também
ferentes no presente (LEPETIT, 2001) e um processo inverso, ao menos em países
formam o conjunto de fragmentos disso- periféricos, de uma verdadeira eliminação
nantes de que as cidades são feitas. O traço do passado, um desejo e uma expectativa
resulta de um distanciamento entre ritmos pelo novo. Essa ambivalência, que se dá em
de evoluções diferentes. cada lugar segundo uma lógica particular
A apropriação do espaço implica a de organização, pressupõe um confronto.
constante revivi�cação dos traços. Essa Com este paradoxo, o con�ito competi-
forma herdada atribui ao espaço uma tivo entre o velho e o novo, entre a ordem
funcionalidade que está em constante mo- herdada e a ordem projetada (SOJA, 1993),
vimento, pois o uso da herança é realizado sobre a valorização/participação da his-
pela sociedade vigente. Todas as formas tória na cultura - por desdobramento: da
de apropriação do espaço – delimitação, memória social e do patrimônio cultural –,
ocupação, expulsão, construção, destrui- rea�rma-se a necessidade de novos enfo-
ção, transformação etc – são realizadas ques intelectuais para o tema. Um objeto
basicamente em função dos mecanismos de conhecimento que só pode ser analisa-
de mercado e das decisões políticas - as do através de processos constitutivos das
práticas de poder da sociedade naquele ciências humanas e, neste caso, com uma
determinado momento. visão particular da Geogra�a.
A própria relação do espaço com a so-
ciedade, passando pela memória, torna-se
um traço a ser considerado. Há, portanto, MEMÓRIA SOCIAL
uma história/memória de um espaço, por
sua genealogia e o resultado da história das O reconhecimento do patrimônio cultu-
relações desse espaço com a sociedade. E ral se estabelece pela identi�cação dos seus
esses espaços associam-se à sociedade e se signi�cados. A percepção da carga simbó-
destacam no meio urbano especialmente lica contida em cada patrimônio auxilia a
por apresentarem um suporte patrimonial desvendar o signi�cado histórico-social
– seja ele material e/ou intangível. deste patrimônio. O valor simbólico que
As discussões a respeito do patrimô- é atribuído aos objetos decorre da impor-
nio cultural e da memória têm sido cada tância que lhes atribui a memória coletiva
vez mais pertinentes devido à ampliação (ARANTES, 1984). E é esta memória que
das relações estabelecidas com a cultura impele a ver o passado e a inventar o
na chamada era da indústria cultural e patrimônio dentro dos limites possíveis
da mundialização cultural. Há um novo estabelecidos pelo conhecimento.
fascínio pela história neste �nal/início de
século em função de que a velocidade das
mudanças que as sociedades experimen- 1 ROUSSO, H. Usos do passado na França de Hoje. In: SIM-
SON, V. MORAES, O. Os desa�os contemporâneos da história
tam nos últimos tempos, promovidas pela oral. Campinas: CMU/UNICAMP, 1997. ROUSSO, H. Usos do
globalização, causa impactos sobre a cons- passado na França de Hoje. In: SIMSON, V. MORAES, O. Os
desa�os contemporâneos da história oral. Campinas: CMU/
tituição da identidade, tanto individual UNICAMP, 1997.

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ESPAÇO URBANO: MEMÓRIA SOCIAL E PATRIMÔNIO CULTURAL

Com relação ao patrimônio histórico mecanismos sociais que nos vinculam às


cultural urbano, consideram-se as infor- gerações passadas” (HOBSBAWM, 1995,
mações históricas dadas, mas também, p. 13). A sensação da perda de referências
e principalmente, a memória (associada e o desligamento com o passado, diante da
ou diferenciada da história). Assim, a “aceleração do tempo”, levam à necessi-
memória utilizada como um instrumento dade de aproximação e recuperação deste
de construção cultural apresenta-se como passado. Este sentimento de desapareci-
método de análise. Não se trata de fazer mento rápido e de�nitivo está associado
uma história nova – impossível segundo à preocupação com o exato signi�cado
François Furet (1988) -, mas permitir que do presente e com a incerteza do futuro
a memória, ainda que possivelmente exa- (NORA, 1993).
gerada, desvirtuada ou mentirosa para a Manter a continuidade do presente
História, contribua para ampliar a apreen- com o passado – e com um devir futuro
são sobre o patrimônio cultural. – é uma tendência cultural ampliada no
�nal do século XX, porém, mais presente
nos países centrais. Essa sensação de his-
Está dada a ordem de lembrar tória acelerada já vem desde o início da
industrialização, quando se originou um
Até o século XIX – no Brasil, por exem- comportamento nostálgico, marcado pela
plo -, pode-se a�rmar que um cidadão ao moda retro, pelo gosto da história, arqueo-
envelhecer era tido como referência junto logia, do folclore, da fotogra�a e também o
aos seus descendentes e à sociedade na prestígio ao patrimônio (LE GOFF2 citado
qual estava inserido. Isso acontecia porque por FELIX, 1998, p. 54). A sensação de risco
as mudanças tecnológicas, sociais e cul- de perda das referências histórico-afetivas
turais não eram rápidas o su�ciente para aumenta gradativamente quando se au-
excluí-lo de um modelo de vida vigente, e a menta a sensação do “tempo rápido”.
sua participação efetivava-se por ele ainda A preservação da memória e do patri-
estar consciente e participativo das coisas mônio é uma tendência que se constitui
do seu espaço e do tempo presente, que nos países periféricos com algum atraso
eram praticamente as mesmas coisas do e em situação con�ituosa. No âmbito ge-
tempo e do espaço de toda a sociedade. ral, em nosso tempo e em nosso espaço
A partir do século XX, com o aumento – o brasileiro -, a memória dicotomiza-se
da velocidade das inovações tecnológicas, entre a sua participação na reconstrução
iniciou-se um descompasso entre o tem- histórica para manter vivo o vivido, a
po da sociedade capitalista industrial e o tradição e a genealogia identitária diante
tempo do indivíduo: “tempo da família à aceleração do tempo e o risco da perda
e tempo industrial” HAREVEN (1982), das referências, e na desconsideração e
“tempo rápido e tempo lento” SANTOS indiferença dada à memória, com a incons-
(2002). Acompanhando esse desalinho ciente valorização do novo em detrimento
temporal, há também, e associado a isto, ao velho, provocada pela irresistível lógica
um estranhamento espacial, experimenta- do “progresso” e do “desenvolvimento”
do em algum sentido, diante do processo social e econômico.
da globalização. De qualquer maneira, está dada a ordem
Esse panorama proporciona a desvin- de lembrar - uma característica pós-mo-
culação das gerações presentes com as
gerações passadas, ou “uma destruição dos 2 LE GOFF, J. Memória. In: Enciclopédia Einaudi. Lisboa, 1984.

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derna da virada do século – que enaltece A memória, por seus laços afetivos e de
a necessidade de (re)conhecer estágios pertencimento, é aberta e em permanente
passados no processo contínuo da história evolução e liga-se à repetição e à tradição,
e que gradualmente está se incorporando sacralizando o vivido do grupo social. A
às necessidades sociais da população bra- história, ao contrário, dessacraliza a me-
sileira e das políticas públicas. mória, constituindo-se tão somente em
representação do passado. A memória se
enraíza no concreto, no espaço, no gesto,
Memória e história na imagem, no objeto. A história liga-se
às continuidades temporais, às evoluções
Memória e história são antônimas e às relações das coisas. A memória é a
(NORA, 1993, p.23). A história como vida, sempre carregada por grupos vivos
relato, disciplina ou gênero, com regras, e, neste sentido, em permanente evolução,
instituições e procedimentos próprios, não aberta à dialética da lembrança e do esque-
pode suplantar a memória coletiva (FÉLIX, cimento, inconsciente de suas deformações
1998). Tradição, memória e história são as sucessivas, vulneráveis a todos os usos
três posições diferentes com que o presente e manipulações, susceptível de longas
vê o passado: a tradição santi�ca o passado latências e de repentinas revitalizações.
e justi�ca o status-quo, a memória petri�ca A história é a reconstrução sempre pro-
e estrati�ca este passado, enquanto a histó- blemática e incompleta do que não existe
ria é analítica e crítica a ele (RODRIGUES3 mais. A memória é um fenômeno sempre
citado por FELIX, 1998, p. 44). atual, um elo vivido no eterno presente,
História e memória possuem, portanto, enquanto que a história uma representação
signi�cados diferentes e se apresentam do passado. Porque é afetiva e mágica, a
eficazes metodologicamente ao serem memória não se acomoda a detalhes que a
usadas com distinção e/ou compiladas, confortam e se alimentam de lembranças
dependendo do sentido da pesquisa 4. vagas, telescópicas, globais ou �utuantes,
Enquanto a história permite sistematizar particulares ou simbólicas, sensível a to-
o passado, oferecendo dados pontuais, das as transferências, cenas, censuras ou
causas e conseqüências, a memória per- projeções. A história, porque operação
mite uma compreensão ora complementar intelectual e laicizante, demanda análise
ora diferenciada à história, por apresentar e discurso crítico. A memória instala a
laços afetivo-emotivos e de pertencimento lembrança no sagrado; a história a liberta
social. e a torna sempre prosaica. A memória
A associação das idéias entre “Memória emerge de um grupo que ela une, o que
e história: a problemática dos lugares” quer dizer, como Halbwachs o fez, que há
(NORA, 1993) e “História e memória: a tantas memórias quantos grupos existem;
problemática da pesquisa” (FÉLIX, 1998) que ela é, por natureza, múltipla e desace-
permite estabelecer as diferenças entre os lerada, coletiva, plural e individualizada.
conceitos, enquanto referencial metodoló- A história, ao contrário, pertence a todos
gico e de análise. e a ninguém, o que lhe dá uma vocação ao
universal. A memória é um absoluto e a
história só conhece o relativo. A memória
3 RODRIGUES J. H. A tradição, memória e história. Brasil tempo
e cultura 3, João Pessoa, 1980.
perdura-se em lugares, e a história, em
4 Distinção básica entre memória e história, iniciada por Hal- acontecimentos.
bawachs, também realizada pelos historiadores Nora (1984),
Le Goff (1988), Davis (1989), Rousso (1996; 1998) e Pomian
(1999).

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Lembrar e esquecer: o jogo da interface da cultura local e atender inicial-


memória mente aos interesses econômicos e/ou ide-
ológicos, para posteriormente efetivar-se
A análise das várias signi�cações que o como um instrumento de reconhecimento
patrimônio cultural, e neste caso, especial- identitário e educacional para o cidadão é
mente o patrimônio cultural histórico, pos- muito perigosa. Se a preservação do pa-
sa apresentar implica considerar também trimônio for realizada em função desses
as diferentes interpretações que o patrimô- interesses, poder-se-á ter uma lembrança
nio tem para os agentes interventores – e favorável, única, compatível e útil apenas
as ações que possam se desdobrar dessas para o processo de supervalorização da
interpretações. história e da função comercial prevista
Entre as forças de intervenção, as mais para o patrimônio.
efetivas estão relacionadas ao poder públi- Desta forma, não se pode falar de me-
co e com o poder do capital – associados na mória, articulando-a à identidade, sem
maioria dos casos. Em ambas, a determi- inseri-la num afrontamento de forças e sem
nação do que deve ser considerado patri- levar em conta que a memória é, antes de
mônio, e, posteriormente, como se realiza qualquer coisa, um instrumento de poder
o processo de preservação e uso passa por (GONDAR, 2000). Seria necessário, então,
uma seqüência de escolhas: a indicação do criar instituições capazes de preservar o
patrimônio a ser preservado, o conceito patrimônio cultural, protegendo as lem-
de preservação, a técnica de restauração branças e documentos do �uxo natural da
e a utilização. Contido neste processo e entropia e dos interesses do capital.
relativo à memória, determina-se também Portanto, se a memória social re�ete
essa mesma seqüência para o que será também a valorização que a sociedade dá
lembrado e o que não será. ao passado, ela será tão mais signi�cativa
Josaida Gondar (2000) contribui nesta quanto mais representar o que foi vivido
questão, ao apresentar uma interessante pelos diversos segmentos sociais, e, quanto
re�exão sobre o con�ito simbólico entre mais mobilizar o mundo afetivo dos indi-
a lembrança e o esquecimento, através víduos, vasculhando as suas lembranças
de Nietzsche e Freud, a�rmando que o particulares, o passado é reconstruído
esquecimento é necessário, não apenas plenamente. É necessário anteriormente
para a evocação da lembrança, mas para a entender o patrimônio como uma opor-
própria constituição da memória, ou seja, tunidade de identi�cação de cidadania,
a memória é construída através da escolha reconhecimento, continuidade histórica,
do que se quer esquecer.
possibilidade de vários olhares e várias
O ato de esquecer para construir uma
interpretações.
memória pode ser subjetivo, como, por
A sustentação do patrimônio cultural-
exemplo, o sentimento de orgulho que
histórico, em sentido amplo, faz parte
enaltece apenas a imagem favorável da
de um processo mais complexo do que a
representação de si mesmo (no plano do
simples conservação e recuperação deste
Estado, da sociedade ou do indivíduo),
patrimônio. É uma necessidade de sobre-
e objetivo, quando determinada faceta
vivência cultural, em face da globalização
da memória é mantida, enfatizada ou
(BARRETO, 2000, p32) e da tendência dos
distorcida para atender a objetivos prees-
moradores de muitas cidades brasileiras
tabelecidos.
médias e pequenas em considerar, num
A idéia de que a recuperação da me-
primeiro momento, que os bens patri-
mória, articulada para reproduzir uma

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moniais representam um entrave para a A memória coletiva transcende o indiví-


“modernização” e para o “progresso” e, duo ao apresentar uma ordem instituída,
numa outra fase, quando este patrimônio normativa à cultura local e às singularida-
torna-se fonte de renda e que a sua função des que a compõem. Este decurso auxilia
não deva ser contestada. na formação da consciência coletiva, que
Neste sentido, o direito à memória deve pode se moldar através de uma ordem
ser preservado, e o arranjo da cidade, atra- institucionalizada – geralmente pelo poder
vés das políticas públicas, deve contemplar público local – e/ou como um instrumento
este direito. Entretanto, este direito não é de defesa da autonomia cultural.
dado, mas necessita ser construído, pois, Neste sentido, o comentário de Émi-
se a memória articulada à identidade é le Durkheim5 , citado por Denys Cuche
um instrumento de poder, ela será um ele-
(2002), é apropriado ao a�rmar que existe
mento importante nas constantes disputas
em todas as sociedades uma consciência
que determinam os destinos das cidades
coletiva 6, feita de representações coletivas,
(SANTANA, 2000). O patrimônio cultural,
portanto, será em qualquer sociedade o dos ideais, dos valores e dos sentimentos
produto de uma escolha. comuns a todos os indivíduos. Ela precede
o indivíduo, impõe-se a ele, é exterior a ele.
Neste sentido, há descontinuidade entre
Memória e cidadania: memória consciência coletiva e a consciência indi-
coletiva e memória individual vidual, e a primeira é superior à segunda,
por ser mais complexa e indeterminada,
A associação da própria memória à me- além de ser a responsável pela unidade de
mória da sociedade na qual o indivíduo está coesão de uma sociedade.
inserido possibilita a ele o reconhecimento Com a consciência coletiva, a sociedade
da sua identidade, a sensação de aceitação mantém viva a memória coletiva, promove
e de participação social, por conseguinte, a disseminação da sua cultura e conser-
permeia o exercício da cidadania. va o seu patrimônio, e é com a memória
O pertencimento cultural advém da individual que o cidadão reconhece a si
mesmo neste contexto, pois através do
referência que a memória individual en-
reconhecimento individual cada cidadão
contra na história e na memória coletiva. A
sentir-se-á alentado em lutar pelo direito
memória coletiva é formada pela conver- à cidade – direito que não é dado e sim
gência e aglutinação das várias memórias conquistado, num campo aberto aos vários
singulares – sem necessariamente de haver interesses da sociedade capitalista.
equanimidade temporal – ao mesmo tem- A memória efetiva-se de forma subjeti-
po em que transcende ao singularismo. O va, porém se utiliza de objetos concretos
conceito de memória coletiva, de Maurice para a sua sustentação. O indivíduo ne-
Halbwachs (1990), refere-se a uma memó- cessita guardar, arquivar, registrar fatos,
ria social, exterior ao indivíduo, estendida momentos, sensações que possibilitem a
no tempo, que guarda eventos acontecidos percepção da identidade em um processo
há muito. Essa memória é o invólucro das que tem como orientação a continuidade e
memórias individuais e conserva os fatos a permanência da memória coletiva.
acontecidos na sociedade à qual o indiví-
duo pertence. 5 DURKHEIM, E. Les formes élémentaires de la vie religeuse.
Paris, 1960.
6 O autor também faz referência ao termo “personalidade
coletiva”.

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Um indivíduo sem memória – ou que, mória é poder parar o tempo, bloquear o


embora tenha registros e os traz de forma trabalho do esquecimento, �xar um estado
incompreensível até para ele mesmo – é de coisas, imortalizar a morte, materializar
um ser sem signi�cado. A luta pelo direito o material, prender o máximo de sentido
à cidade, que contém a luta pelo direito à num mínimo de sinais.
memória, tem então como ponto de partida O lugar de memória possui uma repre-
o reconhecimento da memória individual sentatividade própria, identidade única. É
na memória coletiva.
fechado em si mesmo, mas aberto às des-
Os destinos da cidade estão em constan-
cobertas de suas signi�cações. É dialético,
te disputa e cabe aos cidadãos orientarem
este movimento a partir de sua força orga- especialmente em relação às memórias indi-
nizativa e da de�nição de suas prioridades, viduais – o lugar tem um sentido das coisas
não em termos de sua desigualdade, mas que, muitas vezes, só é inteligível para os
de sua igualdade. Neste sentido, completa membros do grupo diretamente relacio-
Márcia Santana (2000, p. 52), a memória nados a ele. É desta forma que um lugar
pode e deve ser um elemento constante de memória, ao apresentar uma memória
nas preocupações e projetos dos atores coletiva, pode con�rmar ou reajustar uma
sociais. memória individual, sem que, necessaria-
mente, seja este um processo irrepreensível
e inquestionável, apesar de legítimo. Assim,
Memória e o espaço urbano – lugares se os lugares de memória necessitam de
de memória intenção para a sua existência, então eles
não existem por si mesmos, da mesma for-
“A memória perdura-se em lugares, ma que não podem ser considerados como
como a história em acontecimentos”
resultado de um processo espontâneo.
(NORA, 1993, p.25). Auterives Maciel (2000)8 contribui para
A a�rmação de Pierre Nora, que com- este raciocínio ao apresentar, nos estudos
pleta o rol de distinções entre história e sobre a nomadização dos espaços urba-
memória (supracitado), estabelece uma nos, que a organização do espaço urbano
relação estreita entre a memória e o lugar. acontece concomitantemente com o com-
O autor a�rma que os lugares de memó- portamento dos habitantes neste espaço.
ria são, antes de tudo, restos7. Tanto em A vida cotidiana, normatizada através de
Pierre Nora (1993), quanto em Bernard um comportamento que, invariavelmente
Lepetit (2001), traços ou restos são frag- é realizada por uma memória, estabelece a
mentos advindos de diversos momentos organização do espaço.
do passado, os quais o momento presente A sociedade toma para si o espaço,
invariavelmente classi�ca com a mesma ou adaptando-o à sua imagem, a partir das
nenhuma temporalidade. transformações impostas por ela na coti-
Para a determinação de um lugar de dianidade. Esses lugares especiais de me-
mória poderão transformar-se em lugares
memória, Nora (1993) aponta para a ne-
e�cazes, ou “regiões e�cazes”, onde “me-
cessidade de se manter a intenção de que
lhor se manifesta a realização, não mais da
o lugar seja um lugar de memória. A razão conservação sistemática dos objetos e dos
fundamental de ser de um lugar de me- lugares, mas das representações da gênese
das singularidades culturais” (JEUDY, 1990,
7 O conceito de Nora para restos assemelha-se ao de traços de
Lepetit (2001, p. 180) fragmentos herdados dissonantes de que 8 Fundamentado nos conceitos de espaços lisos e estriados de
as cidades são feitas. Deleuze e Guattari.

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p.41). E essa genealogia pode estar, como em cada lugar) têm-se uma idéia sobre o
indica CUCHE (2002, P. 180), na heredita- que deve ser preservado.
riedade, na língua, na cultura, na religião,
na psicologia coletiva e no vínculo com o Em cada época a sociedade e autoridades têm
território. uma idéia sobre o que deve ser preservado.
Antes dos anos 30, achava-se que nada tinha
Desta forma, todo lugar apresenta sedi-
para ser preservado. Depois passou-se a defen-
mentação histórica e, portanto, várias me- der a preservação do período colonial (cidades
mórias. A diferença entre os lugares, por este mineiras e igrejas barrocas). Atualmente, o
viés, é que a memória de cada lugar pode ser patrimônio arquitetônico está conectado não
mais ou menos privilegiada, enfatizada, con- só com o passado e a memória nacionais, mas
siderada segundo o resultado dos embates também com a vida dos moradores da cidade.
O conjunto urbanístico, assim como a paisagem
entre os atores sociais. O lugar é de�nido,
está fazendo parte do patrimônio cultural que se
segundo a memória “escolhida”. inter-relaciona com a noção de espaço turístico.
Todavia, se todos os lugares são lugares (OLIVEIRA , 2002, p. 11).
de memória, potencialmente tudo poderia
ser preservado. O excesso, a liberação in�- Desta forma, mesmo sendo a preserva-
nita de todas as memórias ameaça o êxito e ção9 do patrimônio cultural uma prática
a gestão da própria memória (JEUDY, 1990). social, em que o processo exige ser aceito e
É necessário, portanto, que as escolhas das constantemente reiterado pela sociedade,
memórias seja o resultado de um processo a sua constituição e defesa esbarram em
(democrático) que evite a banalização da me- questões ideológicas.
mória, ou a dessacralização do patrimônio, O patrimônio cultural, diretamente
como sugere (FONSECA, 1997). Neste sen-
relacionado à memória coletiva, é sempre
tido, obter-se-á maior luz sobre a memória,
o lugar de memória e o patrimônio. produto de uma escolha e, portanto, tem
um caráter arbitrário. Todas as ações polí-
ticas e sociais, resultado das lutas políticas
e ideológicas, conduzem para uma maior
PATRIMÔNIO CULTURAL:
ou menor intervenção no processo de res-
ESCOLHA, PRESERVAÇÃO E USO
signi�cação do patrimônio cultural.
A difusão do patrimônio cultural está O patrimônio passou a ser uma cons-
atrelada às nuances de interpretação que o trução social de extrema importância
patrimônio apresenta (especialmente com política, pois signi�ca a constituição de
relação à memória) e às interferências pos- algo que será a representação do passado
tas em curso por instituições que regulam histórico e cultural de uma sociedade e,
o processo de escolha, preservação e uso. neste sentido, a palavra patrimônio indica
Considerar a participação do Estado e das
escolhas o�ciais, que envolvem exclusões
forças do capital na ingerência do patri-
– num processo associativo e semelhante à
mônio cultural, tanto no tempo pretérito
quanto no tempo presente é imprescin- memória. O caráter sedutor que o assunto
dível, pois é a ação conjunta desses dois passa a ter revela-se perigoso, pois pode
agentes que melhor determina o caráter ocasionar inadequada apropriação política
do patrimônio cultural das cidades brasi-
9 Entende-se por “política de preservação” a reunião dos prin-
leiras. E nesse sentido há uma alteração das cípios especí�cos de preservação do patrimônio: conservação,
políticas públicas nacionais com relação ao documentação, aquisição, processamento técnico, pesquisa,
acesso, disseminação, treinamento, restauração e segurança do
patrimônio cultural, pois em cada época (e patrimônio (BARROS e PACHECO, 1995 citado por CHAGAS,
2003, p. 165).

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ESPAÇO URBANO: MEMÓRIA SOCIAL E PATRIMÔNIO CULTURAL

da questão, o que pode incorrer no desvio de um saber e de um discurso (investidos


de uma re�exão mais adequada e profunda na ideologia dominante ou constituídos a
(PINHEIRO, 2002). partir dela), em que as massas populares
Esta herança (memorial/patrimonial) à são excluídas (POULANTZAS, 1985).
medida que se articula com fatos, aconte- Nestes termos, por força da atuação do
cimentos e conjunturas políticas, torna-se Estado, determina-se a escolha do que deve
vulnerável às ações políticas em todas as ser lembrado/esquecido e a forma de uso
do patrimônio, em função de interesses
escalas. Neste sentido, a análise do patri-
ideológicos e econômicos, ainda que um
mônio cultural necessita de um desdobra-
dos momentos essenciais em todo o segui-
mento escalonar e a determinação da escala
mento de escolha, preservação e uso do
determina também a escolha de um sujeito, patrimônio cultural seja o da genealogia da
tanto quanto determina o modo e o campo memória, cujo processo apresenta-se como
de confrontação (VAINER, 2001). um campo de investigação permanente.
Associados à questão ideológica existem
ainda problemas estruturais de ordem
funcional e burocrática do poder público. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A falta de uniformidade de ação entre
as escalas de poder, quanto à política de O patrimônio cultural torna-se incor-
preservação do patrimônio, causam ações porado à sociedade quando, associada a
ele, a memória social é �xada através de
con�ituosas. Em alguns casos ocorrem in-
elementos que possuem signi�cado para
tervenções pontuais que di�cultam proje-
a vida coletiva.
tos mais amplos; em outros, a imposição de A importância do patrimônio cultural
projetos maiores aniquilam com a singula- para a sociedade está diretamente relacio-
ridade do patrimônio local/regional 10. nada à carga simbólica que este patrimônio
Mesmo existindo órgãos e programas representa e com o poder de pertencimento
nacionais que atendam ao patrimônio, é que ele proporciona. A vida social, além
impossível para eles determinarem sempre de basear-se em organizações hierárquicas
o que é signi�cativo para a localidade, e, institucionalizadas, implica, também, que
neste sentido, a participação das prefei- os indivíduos sintam-se pertencentes a
turas, câmara de vereadores e sociedade um mesmo conjunto cultural, através da
organizada são fundamentais. Além de história, da representatividade do patri-
apresentar esta desconexão, o Estado atua mônio histórico e cultural que, associado
na organização das relações ideológicas (a a uma base territorial, constrói a iden-
partir da ideologia dominante), que resulta tidade cultural (CLAVAL, 2002). “Com
na delimitação e reprodução das classes o neoliberalismo, há o desaparecimento
sociais. Isto consagra e legitima o processo progressivo dos universos autônomos de
produção cultural. [...] O patrimônio cul-
econômico e as relações de produção como
tural, já posto, é um resgate, con�rmação
poderes. A constituição de um “Estado-sá-
de uma cultura local” (BOURDIEU, 2001,
bio-locutor” implica a efetivação e domínio
p.144). A banalização e a estandardização
da cultura mundializada têm motivado
10 Discernimento adquirido pelo autor através da experiência maior preocupação pela conservação dos
como membro do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural conjuntos patrimoniais culturais. É uma
e Artístico de Ponta Grossa (representante da UEPG), entre
2004 e 2009. forma de defesa do lugar, através da ma-

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nutenção da cultura local (patrimônio cul- a um determinado ‘outro’. O resultado des-


tural) diante do processo da globalização ta atividade é precisamente a constituição
(ROCHA, 2009). de um patrimônio” (GONÇALVES, 2003,
No caso do espaço urbano e a sua vincu- p. 22).
lação especí�ca com o patrimônio cultural, No entanto, considerando-se o espaço
a identi�cação e interpretação dos elemen- fragmentado, não há sobre ele uma ação
tos descritíveis e quanti�cáveis que apre- que seja simultânea a todos os recortes.
sentam forma e caráter (acervo material) Mesmo que haja uma ação institucional
que procure atingi-los de forma plena,
necessitam buscar nos processos culturais
cada parte ainda apresentará as suas
da sociedade apoio para a sua completa
idiossincrasias, pois a prática política, os
apreensão 11. Considerar a interpretação interesses econômicos e o grau de compre-
subjetiva (memória, simbologia, senti- ensão sobre a importância da manutenção
mentos etc.) é permitir associar diferentes do patrimônio cultural são variáveis que
planos de percepção sobre a apropriação determinam o resultado das ações sobre
do espaço e do patrimônio. ele.
O espaço, neste contexto, é formado Considerando que os equipamentos
por formas visíveis que lhe conferem cer- patrimoniais urbanos são testemunhos
ta estabilidade temporal e pela subjetiva materiais importantes, tanto pelo que
estrutura social (cultural). Os movimentos representam para a sociedade, como do
da estrutura social, sua dinâmica, apresen- ponto de vista da ocupação e da perma-
tam, constantemente, necessidades novas, nência signi�cativa no espaço da cidade
é imprescindível que o direito à memória
novos valores e, com isso, rede�nem a
seja preservado e que se efetivem ações
organização do espaço.
especí�cas que considerem e legitimem
A designação ativa do espaço, a divi- esses “lugares-distintos”.
são e a reivindicação do espaço por uma Inicialmente, esse lugar deve apresentar
multidão de atores e instituições produ- um traço que seja considerado relevante
ziu o que denominou Henry Lefebvre 12, para a memória coletiva. Quanto mais
citado por Mark Gottdiener (1993, p.130), abrangente for o reconhecimento dessa
uma “explosão de espaços”, resultado da memória por parte da população, mais
articulação múltipla das relações sociais válidas serão as ações impetradas sobre
estrati�cadas com o espaço. Esses espaços ele. Depois, a relação deste traço com o
demarcam as distinções entre pessoas e ambiente construído deve possibilitar e in-
grupos da sociedade que, contraditórios, centivar a manutenção da sua integridade
constituem um con�ito sócio-espacial. simbólica e a percepção dos signi�cados
dos elementos que a compõem.
Assim, o conceito de marco e de limite
Com essas características, o lugar pos-
passa a ser uma referência à ordem esta-
sibilita ao indivíduo o (re)conhecimento
belecida. “Todo e qualquer grupo humano da sua participação na cultura local, pro-
exerce algum tipo de atividade de colecio- move o bem estar social e contribui para o
namento de objetos materiais, cujo efeito é exercício de cidadania e, assim constituído,
demarcar o domínio subjetivo em oposição oferece à sociedade local e visitante, um
espaço funcional para o desenvolvimento
11 Característica do “Humanismo” – uma das principais escolas
do marxismo ocidental de vocação dialética.
de ações educadoras e, conseqüentemente,
12 LEFEBVRE, H. Space: social product and use value. Nova turísticas.
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ESPAÇO URBANO: MEMÓRIA SOCIAL E PATRIMÔNIO CULTURAL

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Recebido em 14/10/2009
Aceito em 06/12/2009

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