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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS.......................................................... 9
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO À CINÉTICA DE REAÇÕES EM ALIMENTOS ........................................................... 9
CAPÍTULO 2
ESTUDOS DE VIDA DE PRATELEIRA............................................................................................ 15
CAPÍTULO 3
MONTAGEM EXPERIMENTAL..................................................................................................... 26
UNIDADE II
AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS.............................................................................. 32
CAPÍTULO 1
AVALIAÇÃO E DETERMINAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA........................................................... 32
CAPÍTULO 2
A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE SENSORIAL.................................................................................. 38
CAPÍTULO 3
INFLUÊNCIA DA EMBALAGEM NA VIDA DE PRATELEIRA DOS ALIMENTOS.................................... 49
UNIDADE III
TÉCNICAS DE DETERMINAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS................................................. 70
CAPÍTULO 1
TÉCNICAS ACELERADAS DE DETERMINAÇÃO DE VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS (TAVP)...... 70
CAPÍTULO 2
ESTUDOS DE CASO NA DETERMINAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS ..................... 79
CAPÍTULO 3
ARTIGOS SOBRE VIDA DE PRATELEIRA....................................................................................... 87
REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 93
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
5
Atenção
Saiba mais
Sintetizando
6
Introdução
A vida de prateleira (VP), shelf life, ou ainda vida útil de um alimento pode ser definida
como o tempo, sob determinada condição de estocagem, que o produto leva para atingir
uma condição inaceitável ou imprópria para consumo (FU; LABUZA, 1993). O ritmo
acelerado do cotidiano, que reduz o consumo de alimentos in natura, e a exigência
dos consumidores refletem cada vez mais na busca e desenvolvimento de alimentos de
elevada qualidade. Espera-se ainda que tal qualidade será também mantida em nível
elevado durante o período entre a compra e o consumo. Essas expectativas são uma
consequência não apenas da exigência de que o alimento deve permanecer seguro, mas
também da necessidade de minimizar as alterações indesejadas em suas qualidades
sensoriais. Tal rejeição do alimento pode estar relacionada a diversos aspectos como:
presença de micro-organismos patogênicos e deteriorantes, alterações organolépticas,
alterações físico-químicas, perda de valor nutricional e contaminantes provenientes
da embalagem, sendo ainda complicada pelo fato do conceito de “inaceitável” variar
bastante entre indivíduos.
7
mais frescos e saudáveis são crescentes. As necessidades de qualidade se refletem nos
requisitos de rotulagem que os fabricantes de alimentos devem respeitar; dependendo
dos países e do tipo de produto pode-se encontrar dizeres tais como “consumir antes
de”, “bom para consumo até”, e outras variantes, sempre seguidas de uma data.
Assim, os fabricantes devem ter os meios disponíveis para prever a data final da vida
de armazenamento, sob determinado conjunto de condições. Os critérios com base
nos números medidos de deterioração e micro-organismos patogênicos e seu padrão
de crescimento são capazes de oferecer uma definição relativamente clara. Critérios
não microbiológicos são mais difíceis de definir, embora critérios bem definidos de
composição química, tais como conteúdo de vitaminas, podem ser úteis. A definição
das características sensoriais desejadas é uma área especificamente problemática para
muitas empresas, mesmo quando se trata de produtos frescos; a definição seguida
das características sensoriais de armazenamento é ainda mais difícil (AZEREDO et al,
2012; WOJSLAW, s.d.).
Objetivos
»» Promover o conceito de vida de prateleira (VP) e o entendimento acerca
dos fatores gerais que o determinam.
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INTRODUÇÃO AO
ESTUDO DE VIDA UNIDADE I
DE PRATELEIRA DE
ALIMENTOS
CAPÍTULO 1
Introdução à cinética de reações em
alimentos
»» cor;
9
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
»» vitaminas;
A + B → C + D, (1)
Em que:
A = um composto de interesse.
C = um produto indesejável.
10
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE I
ou
∆[ A]
r=−
∆θ (3)
r = k[ A]n (4)
Assim:
d [ A]
r=
− k[ A]n
=
dθ (5)
As seguintes equações gerais podem ser usadas para descrever taxas de perda de
compostos desejáveis e de formação de compostos indesejáveis:
dA
Redução de atributos desejáveis (A) : − kA n
=
dθ (6)
dC
Aumento de atributos indesejáveis (C) : + k'C n'
=
dθ (7)
Os fatores de qualidade, definidos aqui como A e C, podem ser diferentes tipos de
atributos, como: físicos, químicos, microbiológicos ou sensoriais, mensuráveis e de
caráter específico ao alimento estudado;
dA
=k
dθ (8)
11
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
− ∫ dA =
∫ kdθ
A0 θ0
(9)
Assim:
A A0 − kθ (10)
=
Dessa forma, a vida de prateleira (θf), que representa o tempo de estocagem, desde o
tempo zero de estocagem (θ0) até que o atributo A de qualidade atinja um valor-limite
referente ao grau de qualidade crítico (Af) pode ser descrita pela equação 11. Grau de
qualidade crítico refere-se ao nível no qual o alimento é considerado impróprio ao
consumo.
A0 − A f
θ=
f =
VP
k (11)
12
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE I
dA
− =
kA
dθ (12)
Integrando-se (12):
Af θf
dA
−∫
A θ∫0
= kdθ
A0
(13)
Assim:
A
ln = − kθ
A0 (14)
e o tempo de vida de prateleira é representado por:
ln( A0 / A f )
θ=
f =
VP
k (15)
Figura 2. Representação gráfica de uma alteração de primeira ordem. Em A temos a redução do nível do
Um modelo de primeira ordem pode prever algumas alterações como (VAN BOEKEL,
2008; TAOUKIS; LABUZA, 1996):
13
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
»» perda de vitaminas;
»» oxidação de pigmentos;
»» crescimento microbiano.
Além das ordens anteriormente descritas, existem reações de ordem mais alta, contudo
mais raras. Podemos citar como exemplo a perda de lisina em leite esterilizado devido
à reação de Maillard, que segue um padrão de segunda ordem (VAN BOEKEL, 2008).
Tenha uma abordagem mais aprofundada acerca dos modelos cinéticos por
meio da revisão Kinetic Modeling of Food Quality: A Critical Review, disponível
em: <http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1541-4337.2007.00036.x/pdf>.
Bom estudo!
14
CAPÍTULO 2
Estudos de vida de prateleira
»» oxigênio disponível;
»» nutrientes;
Os fatores extrínsecos são os fatores que o produto final encontra à medida que ele se
move através da cadeia alimentar, incluindo:
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
»» manuseio do consumidor.
»» formulação;
»» processamento;
»» embalagem;
»» condições de estocagem.
Formulação
»» acidez (pH);
»» composição;
»» presença de catalisadores .
Nesta etapa deve-se garantir a qualidade dos insumos, utilizar aditivos adequados etc.
»» degradação microbiológica;
»» senescência;
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE I
»» reações enzímicas;
»» oxidação lipídica;
»» degradação de vitaminas;
»» mudanças de cor;
»» alterações sensoriais;
»» alterações físicas.
Processamento
»» branqueamento;
»» cozimento;
»» pasteurização;
»» esterilização.
»» resfriamento;
»» congelamento;
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
»» concentração;
»» secagem;
»» salga;
»» métodos combinados.
Embalagem
Função de proteger os alimentos do ambiente externo (luz, umidade relativa, gases
(oxigênio, gás carbônico, etileno etc.), pressão e danos mecânicos). Uma embalagem
adequada pode retardar a perda de qualidade do produto.
Condições de estocagem
Devem ser definidas em função das características de cada produto e respectivas
reações de transformação, cuja ocorrência e velocidade variam em função dos fatores
ambientais aos quais estes são expostos. Dentre os fatores ambientais que influenciam
a velocidade das reações de degradação dos alimentos, temperatura e umidade relativa
são os mais importantes.
Cada um dos fatores citados anteriormente pode operar de forma interativa e, muitas
vezes, imprevisível, assim, a possibilidade de interação deve ser investigada. Um
tipo particularmente útil de interação chamado de “efeito barreira”, ocorre quando
fatores como a temperatura reduzida, tratamento térmico brando, ação antioxidante
e atmosfera controlada de empacotamento, operam em conjunto para restringir o
crescimento microbiano. A conservação das propriedades sensoriais e nutricionais dos
produtos podem ser mantidas a partir do uso combinado de técnicas mais brandas de
processamento, uma vez que, individualmente, são incapazes de impedir o crescimento
microbiano, mas, em combinação, proporcionam uma série de obstáculos. A interação
de tais fatores, intrínsecos e extrínsecos, inibe ou estimula uma série de processos
que limitam a VP. Esses processos podem ser convenientemente classificados como
microbiológicos, químicos, físicos e relacionados à temperatura (WOJSLAW, s.d.).
Alterações
Alterações microbiológicas
Segundo Wojslaw (s.d.), elementos como a carga microbiana inicial no começo do
armazenamento, as propriedades físico-químicas dos alimentos, como teor de umidade,
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE I
19
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
Fermentação
Deterioração
Alterações de aparência
A atração visual é o primeiro fator que induz a escolha do cliente. Nesse sentido, mesmo
que o desenvolvimento de micro-organismos sobre os alimentos não cause alteração
específica senão a aparência, alterando-os sob o ponto de vista estético (atratividade),
torna-os refutáveis para o consumo humano.
Alterações químicas
As alterações deteriorantes podem ser tanto espontâneas como iniciadas por disrupção
mecânica ou ataque microbiano. Tais alterações podem advir de reações que ocorrem
dentro do alimento ou a partir da interação dos componentes dos alimentos com fatores
externos, por exemplo, o oxigênio ou o estanho das latas.
20
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE I
O principal sistema de atuação nesse caso são as reações químicas catalisadas por
enzimas existentes no próprio alimento. Pode-se incluir aqui também as alterações
químicas enzimáticas catalisadas por enzimas dos próprios micro-organismos.
A reação de escurecimento é uma das reações mais importantes que ocorrem nos
alimentos, dentre os alimentos que estão sujeitos, podemos citar: certas frutas e
hortaliças como a maçã, pera, banana, pêssego, batatinha. Outras frutas não apresentam
o fenômeno por não conterem a enzima ou o substrato exigido, ou ambos. Exemplos:
laranja, abacaxi e tomate.
Caruso e Camargo (1984) exemplificam esse tipo de alteração como aquelas que
ocorrem principalmente em óleos e gorduras, o ranço, caracterizando-se pelo odor e
aroma desagradáveis que confere a esses alimentos. Existem três tipos de ranço:
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
Alterações físicas
Incluem-se aqui: quebra, amassamento e cortes, ou seja, todas as danificações
mecânicas que os alimentos podem sofrer. Outros fatores não mecânicos como o ar,
a luz, a temperatura e outros agentes físicos podem ocasionar alterações em certas
características dos alimentos como a cor, sabor e aparência.
Segundo Caruso e Camargo (1984), uma das principais causas de alterações físicas
deteriorantes em alimentos é a migração de umidade. O fenômeno é facilmente
observado em produtos frescos, nos quais há a perda de umidade, ou então o fenômeno
contrário, em produtos secos, como cereais matinais e biscoitos, que podem perder a
sua crocância pela absorção de umidade. A migração pode ser observada também em
saladas, ocorrendo a deterioração pela migração de água dos componentes das hortaliças
para os molhos. Outros fenômenos de migração podem limitar a VP, particularmente em
alimentos compostos mais complexos, como a migração de gordura de um componente
para outro.
A VP sensorial também pode ser limitada por alterações físicas nos materiais das
embalagens com subsequente ocorrência de reações químicas. Por exemplo, efeitos
microbiológicos e químicos podem resultar do desequilíbrio da atmosfera no interior
da embalagem, decorrente das alterações de permeabilidade. Pode haver a migração de
compostos voláteis para o interior da embalagem, resultando no desenvolvimento de
manchas sobre os alimentos. Pode haver ainda a produção de impurezas pela migração
de componentes químicos do material da embalagem, afetando gravemente produtos
com uma VP longa (CARUSO; CAMARGO, 1984).
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE I
Segundo os mesmos autores, a classificação dos alimentos pode ser em três grandes
grupos, de acordo com a resistência que podem apresentar contra as alterações causadas
por micro-organismos: perecíveis, semiperecíveis e não perecíveis ou estáveis, e são
detalhados pelos autores como a seguir:
Perecíveis
Semiperecíveis
Alimentos com baixo teor de umidade são encontrados nesse grupo, sendo portanto
resistentes ao ataque dos micro-organismos. Exemplos desses alimentos são as farinhas,
os feijões, nozes, açúcar etc. O quadro 2 compara os diferentes graus de estabilidade
dos alimentos.
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
Temperatura
Alimento
0°C 22°C 37°C
O texto extraído da Revista Food Ingredients Brasil (2008) traz uma introdução
do mecanismo, a nível bioquímico, usado na conservação de alimentos que,
consequentemente, aumenta a VP. Acesso: <www.revista-fi.com>.
Conservação de alimentos
Pode-se definir como conservante toda a substância que impede ou retarda
a alteração dos alimentos provocada por micro-organismos ou enzimas.
Os conservantes e os agentes antimicrobianos têm um papel importante no
abastecimento de alimentos quimicamente estáveis e seguros. A demanda
crescente para alimentos de conveniência e o shelf life razoavelmente longo
exigido pelas cadeias de distribuição, tornam imperativo o uso de conservantes
em alimentos processados. Alguns deles, tais como os sulfatos, nitratos e outros
sais, já estão sendo usados há séculos em carnes processadas e vinhos. A escolha
de um agente de conservação deve ser baseada no conhecimento do seu
espectro antimicrobiano, nas propriedades químicas, físicas, tanto do alimento
quanto do conservante, nas condições de manuseio, processo e estocagem, e na
segurança de uma alta qualidade inicial do alimento a ser conservado.
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE I
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CAPÍTULO 3
Montagem experimental
»» atividade de água;
»» construção de isotermas;
Isotermas
A atividade de água define-se como a relação entre a pressão de vapor de um alimento
dado em relação com a pressão do vapor de água pura à mesma temperatura e varia de 0
a 1. É um dos parâmetros mais importantes para a indústria de alimentos, pois, a partir
desta, pode-se explicar a estabilidade do produto pela determinação da disponibilidade
de água existente em um determinado produto (água livre), visto que essa dissociação
permite a previsão das condições da participação dessa água em reações químicas e
enzimáticas ou do crescimento microbiano.
Assim, no equilíbrio, segundo Kurozawa et al, (2005), a atividade de água (aw) está
relacionada com a umidade relativa (%UR) do ambiente por meio da seguinte equação:
Pw UR
a=
w =
Pv 100
vapor ou umidade relativa, a uma dada temperatura. Diversos fatores influenciam essa
relação, tais como da estrutura física da superfície do material, composição química
e afinidade com a água. Portanto, faz-se necessária a determinação experimental das
curvas de sorção para cada tipo de produto, uma vez que cada alimento apresenta
características distintas de sorção de umidade (BRUNAUER et al, 1938; KUROZAWA
et al, 2005).
Zhang et al (1996), afirmam que as isotermas de sorção podem ser usadas para predizer
as mudanças na estabilidade do alimento e para selecionar o material de embalagem e
os ingredientes apropriados para a formulação de um produto alimentício, dessa forma
são importantes na análise e controle de vários processos na indústria de alimentos,
tais como preservação, secagem, definição de embalagem e misturas.
Uma isoterma pode ser de dois tipos: adsorção e dessorção (Figura 3). A primeira é
feita quando um material mais seco é colocado em várias atmosferas, aumentando a
umidade relativa e medindo o aumento de peso devido ao ganho de água. Na segunda, o
material inicialmente úmido é colocado sob as mesmas condições ambientais utilizadas
na adsorção, sendo medida a perda de peso, devido à saída de água (LABUZA, 1968).
A isoterma de dessorção possui valores de umidade de equilíbrio superiores aos da
isoterma de adsorção a uma dada atividade de água. A defasagem entre estas duas curvas,
denominada histerese, pode ocorrer devido a diversos fatores, tais como condensação
capilar, mudanças na estrutura física do material, impurezas na superfície e mudança
de fase (RAHMAN, 1995).
27
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
»» Tipo I (Langmuir)
»» Tipo II
»» Tipo III
Não são comuns, mas originam-se sob condições nas quais as moléculas
de gás têm maior afinidade umas pelas outras do que pela superfície do
adsorbente. Representa a isoterma de material cristalino como açúcares
e sais. O ganho de umidade é muito baixo até o ponto onde os cristais
começam a se dissolver na água absorvida na superfície do cristal.
»» Tipo IV
»» Tipo V
»» Tipo VI
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
−A
Halsey aw = exp B
Xe
B
a
Oswin Xe = A w
1 − aw
Henderson 1 − aw = exp( −kX en’ )
No qual: A, B, C BET, CGAB, K GAB, k, n, n’ = constantes das equações; Xe = umidade de equilíbrio expressa em base seca (g
*
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE I
aw em diferentes temperaturas
30°C 70°C
0,112 0,294
0,439 0,587
0,610 0,697
0,756 0,739
0,835 0,795
0,900 0,870
31
AVALIAÇÃO DA VIDA
DE PRATELEIRA DE UNIDADE II
ALIMENTOS
CAPÍTULO 1
Avaliação e determinação da vida de
prateleira
32
AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE II
»» análises químicas;
»» análise sensorial.
O quadro seguinte (Quadro 4) contém alguns exemplos que ilustram os testes específicos
usados para medir a VP baseados nos mecanismos de deterioração:
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UNIDADE II │ AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
Microbiologia preditiva
A modelagem matemática é de extrema importância para o planejamento, avaliação,
otimização e controle de qualquer processo. No caso mais particular de processos
alimentares, o desenvolvimento e aplicação de modelos, capazes de descrever de uma
forma precisa e exata o comportamento de uma variável em estudo, é fundamental
para a previsão de propriedades e/ou características finais dos produtos. Tal poderá
ser de importância extrema quando a garantia de segurança de um produto alimentar
é o objetivo a atingir. Nesta área, a abordagem matemática assume um papel de
crescente protagonismo, devido ao esforço conjunto que microbiólogos, matemáticos
e engenheiros alimentares têm dedicado a estes estudos. Microbiologia preditiva é o
termo vulgarmente utilizado para descrever os estudos de modelagem matemática
aplicados ao comportamento de micro-organismos (MILLER et al, 2004).
Segundo Azeredo et al, (2012), uma vez que as respostas microbianas aos diversos fatores
ambientes são conhecidas, uma previsão e avaliação sobre a segurança e qualidade nas
etapas de distribuição, processamento e armazenamento pode ser obtida com maior
precisão. As respostas já conhecidas dos micro-organismos a tais fatores podem gerar
modelos empíricos, usados na microbiologia preditiva.
Modelos primários
34
AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE II
logN=a-kt
Função logística
c
logN =
1 + e k ( t −l )
(
= b. 1 − e − e
logN
k ( L −t )+1
)
onde:
c, b = constantes do modelo;
Modelos secundários
Segundo Miller et al, (2004), tais modelos relacionam a dependência dos parâmetros
cinéticos, estimados previamente com modelos primários, com os fatores ambientais.
O modelo mais frequentemente utilizado é o de Arrhenius (ou a sua forma linearizada),
que relaciona o logaritmo da taxa de crescimento com a temperatura de estocagem:
35
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
E
=k k0exp − a
RT
ou
Ea
= lnk0 −
lnk
RT
onde,
k0 = fator pré-exponencial;
Ea = energia de ativação;
T = temperatura;
onde,
C1 C2
lnk = C 0 + + 2 + C 3 aw + C 4 aw2
T T
onde,
Modelos terciários
36
AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE II
»» ComBase
<http://www.combase.cc/>.
<http://www.ars.usda.gov/Services/docs.htm?docid=6786>.
<http://www.ifr.ac.uk/Safety/GrowthPredictor/>.
»» Sym’Previus
<http://www.symprevius.net/>.
Bom estudo!
37
CAPÍTULO 2
A importância da análise sensorial
Segundo Silva (2000), um novo produto deve ter uma otimização dos diferentes padrões
como forma, cor, aparência, odor, sabor, textura, consistência além de manter seu valor
nutritivo e ser atrativo para os consumidores, sendo portanto resultante do equilíbrio
dos diferentes atributos de qualidade sensorial.
Propriedades sensoriais
A análise sensorial é uma resposta de avaliação feita por meio dos nossos sistemas dos
sentidos: olfativo, gustativo, tátil, auditivo e visual, os quais aferem os atributos dos
alimentos, ou seja, suas propriedades sensoriais (ANZALDÚA-MORALES, 1994).
38
AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE II
Cor
Odor
Segundo a ABNT, odor é a propriedade sensorial perceptível pelo órgão olfativo quando
certas substâncias voláteis são aspiradas (ABNT, 1993).
39
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
Gosto
É a identificação, através das papilas gustativas, das características básicas (ou gostos
primários) dos alimentos, ou seja, os gostos ácidos, amargos, doces e/ ou salgados.
É importante ressaltar que existem pessoas com adequada percepção para algum(s)
desses gostos básicos que pode(m) apresentar percepção pobre ou nula para outro(s).
Textura
40
AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE II
Som
Métodos afetivos
Esse método caracteriza-se pela subjetividade do juiz, uma vez que seu resultado provém
de uma manifestação pessoal, sendo, portanto, de difícil interpretação e apresentando
grande variabilidade. O método demonstra se tal produto agrada ou desagrada, se é
aceito ou não, se é preferido a outro. São provas realizadas com o objetivo de verificar a
preferência e o grau de satisfação com um novo produto (testes de preferência), e/ou a
probabilidade de adquirir o produto testado (teste de aceitação).
Teste de preferência
41
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
Pode-se empregar os métodos pareados, por ordenação ou por escala hedônica para
se determinar a preferência (ANZALDÚA-MORALES, 1994; PEDRERO; PANGBORN,
1989; MORAES, 1988; TEIXEIRA et al, 1987; TEIXEIRA, 2009).
Teste de aceitação
Esses métodos indicam a existência ou não de diferença entre amostras. São testes
objetivos e podem ser empregados em controle de qualidade, desenvolvimento de
novos produtos e para testar a precisão e a confiabilidade dos provadores (TEIXEIRA
et al, 1987; CHAVES, 2001; TEIXEIRA, 2009).
Teste pareado
A metodologia desse teste consiste-se na análise de amostras aos pares, para comparação
e detecção de diferenças ou preferências. Se duas amostras são apresentadas e o
degustador é solicitado para identificar uma diferença entre elas, o teste é denominado
de pareado simples. Contudo, se for solicitada a identificação de qual das amostras
apresenta a característica testada mais intensamente, o teste passa a denominar-se
comparação pareada. Pode-se usar também uma amostra padrão para cada par, sendo
o grau de diferença entre amostras e padrão indicados em pontuação de 0 a 5 (nenhuma
diferença até diferença extremamente grande). No mínimo, 7 juízes, treinados e
experientes, são requeridos para a realização deste teste. Ou 20 juízes treinados ou
30 juízes não treinados. A principal vantagem desse teste é sua simplicidade e menor
fadiga sensorial (TEIXEIRA et al, 1987; CHAVES, 2001; TEIXEIRA, 2009).
Teste duo-trio
A metodologia desta prova consiste-se em apresentar três amostras ao juiz, das quais
uma é identificada como referência, e as outras duas são codificadas aleatoriamente,
pedindo-se para identificar qual das amostras é igual à referência. As amostras
podem ser apresentadas juntamente com a referência, devendo esta ser provada
primeiramente, ou separadamente, sendo a amostra referência apresentada primeiro
42
AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE II
Teste triangular
Teste de ordenação
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UNIDADE II │ AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
Os parâmetros do produto avaliados nesse teste são: a aparência, cor, odor, sabor e
textura, sendo a análise feita por meio de pontuação. Para tal, faz-se uso de uma escala
especial de valores com pontuação, de 1 a 5, onde um representa péssimo, três representa
bom e cinco representa excelente. Este tipo de teste requer mais de cinco juízes treinados
e experientes, pois exige muita habilidade e perspicácia para poder diferenciar as várias
características presentes. É amplamente recomendado para o desenvolvimento de
novos produtos, para controle de qualidade, para correlacionar dados sensoriais e
instrumentais, além de ser excelente treinamento para juízes. A análise do teste
faz-se pela soma e as médias das pontuações dadas pelos juízes para cada atributo do
produto analisado (CHAVES, 1980; TEIXEIRA et al, 1987; ANZALDÚA-MORALES,
1994; TEIXEIRA, 2009). Esse método pode ser representado graficamente como na
figura 1 a seguir:
44
AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE II
Figura 4. Exemplo de uma representação gráfica da intersecção entre parâmetros sensoriais. (——) amostra 1,
Testes de escalas
Os testes de escala podem ser divididos em três tipos principais (TEIXEIRA et al, 1987;
MORAES, 1988; ANZALDÚA-MORALES, 1994; TEIXEIRA, 2009):
»» Escalas hedônicas
»» Escalas numéricas
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UNIDADE II │ AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
A aplicação dessas escalas pode ser de forma escrita, para o degustador preencher ou
podem ser verbais, do qual o degustador expressa verbalmente sua apreciação sobre o
produto para o coordenador do teste. As escalas verbais são mais simples de se aplicar,
porém não é recomendado o uso dessas com mais de cinco descrições de apreciação ou
com mais de duas amostras.
Métodos de sensibilidade
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AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE II
»» Limite absoluto
»» Limite de reconhecimento
»» Limite de diferença
O quadro 5, a seguir resume os tipos de testes que podem ser aplicados durante
a avaliação sensorial.
47
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
48
CAPÍTULO 3
Influência da embalagem na vida de
prateleira dos alimentos
Introdução
Atualmente, verifica-se crescente demanda dos consumidores por alimentos de melhor
qualidade, de preferência frescos, naturais e práticos para seu preparo. Este interesse
tem contribuído para o desenvolvimento de novos métodos para prolongar a vida útil
dos produtos, associado à redução dos aditivos e conservantes artificiais, vistos com
desconfiança pelos consumidores, e ao melhoramento de técnicas de empacotamento e
embalagens (BRESSAN et al, 2007; WOJSLAW, s.d.).
Conforme a resolução RDC no 91/2001, embalagens para alimentos é o artigo que está
em contato direto com alimentos, destinado a contê-los, desde a sua fabricação até
a sua entrega ao consumidor, com a finalidade de protegê-los de agente externos, de
alterações e de contaminações, assim como de adulterações.
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UNIDADE II │ AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
Segundo Azeredo et al (2012), várias funções podem ser desempenhadas pelos sistemas
de embalagem, destacando-se:
›› identificação do conteúdo;
›› instruções de preparo;
›› apelo ambiental;
›› venda.
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AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE II
Ainda segundo Azeredo et al (2012), a redução das interações pode ser atingida pela
adequação da embalagem ao alimento, mas não necessariamente as evita. O uso
crescente de materiais poliméricos (plásticos) para embalagem de alimentos tem se
destacado nas últimas décadas em favor dos fatores mercadológicos, como:
»» transparência;
»» leveza;
»» resistência a quebras;
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UNIDADE II │ AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
Regulamento Descrição
Regulamento geral sobre embalagens e materiais em contato com alimentos
Aprova o Regulamento Técnico “Critérios Gerais e Classificação de
Resolução - RDC no 91, de 11 de maio de 2001.
Materiais para Embalagens e Equipamentos em Contato com Alimentos”.
Adesivos para contato com alimentos
Aprova o Regulamento Técnico “Critérios Gerais e Classificação de
Resolução - RDC no 91, de 11 de maio de 2001.
Materiais para Embalagens e Equipamentos em Contato com Alimentos”.
Ceras e parafinas
Aprova o Regulamento Técnico sobre Ceras e Parafinas em Contato com
Resolução no 122, de 19 de junho de 2001.
Alimentos.
Embalagens celulósicas
Aprova o Regulamento Técnico “Disposições Gerais Para Embalagens e
Portaria no 177, de 4 de março de 1999
Equipamentos Celulósicos em Contato com Alimentos”.
Altera o subitem 2.10 do item 2 da Portaria no 177/1999, de 4 de
Resolução - RDC no 130, de 10 de maio de 2002
março de 1999.
Resolução - RDC no 129, de 10 de maio de 2002 Aprova o Regulamento Técnico sobre Material Celulósico Reciclado.
Aprova o Regulamento Técnico sobre Películas de Celulose Regenerada
Resolução - RDC no 217, de 1o de agosto de 2002
em Contato com Alimentos.
Aprova o Regulamento Técnico sobre Tripas Sintéticas de Celulose
Resolução - RDC no 218, de 1o de agosto de 2002
Regenerada em Contato com Alimentos.
Embalagens elastoméricas
Aprova o Regulamento Técnico sobre Embalagens e Equipamentos
Resolução no 123, de 19 de junho de 2001
Elastoméricos em Contato com Alimentos.
Embalagens metálicas
Proíbe o uso industrial de embalagens metálicas soldadas com liga de
Lei no 9.832, de 14 de setembro de 1999 chumbo e estanho para acondicionamento de gêneros alimentícios,
exceto para produtos secos ou desidratados.
Aprova o Regulamento Técnico sobre Disposições para Embalagens,
Resolução RDC no 20, de 22 de março de 2007 Revestimentos, Utensílios, Tampas e Equipamentos Metálicos em Contato
com Alimentos.
Embalagens plásticas
Aprova o Regulamento Técnico para embalagens descartáveis
Portaria no 987, de 8 de dezembro de 1998 de polietileno tereftalato - PET - multicamada destinadas ao
acondicionamento de bebidas não alcóolicas carbonatadas.
Aprova o Regulamento Técnico “Disposições Gerais para Embalagens e
Resolução no 105, de 19 de maio de 1999
Equipamentos Plásticos em contato com Alimentos”.
Aprova o Regulamento Técnico sobre Preparados Formadores de
Resolução no 124, de 19 de junho de 2001 Películas a base de Polímeros e/ou Resinas destinados ao revestimento
de Alimentos.
Aprova o processo de deposição de camada interna de carbono amorfo
em garrafas de polietileno tereftalato (PET) virgem via plasma, destinadas
Resolução no 146, de 6 de agosto de 2001 a entrar em contato com alimentos dos tipos de I e VI, da temperatura
de congelamento à temperatura ambiente por tempo prolongado, e
temperatura máxima de processamento do alimento de 121°C
Aprova o Regulamento Técnico que dispõe sobre o Regulamento Técnico
sobre embalagens de polietilenotereftalato (PET) pós-consumo reciclado
Resolução RDC no 20, de 26 de março de 2008
grau alimentício (PET-PCR grau alimentício) destinados a entrar em
contato com alimentos.
Dispõe sobre migração em materiais, embalagens e equipamentos
Resolução RDC no 51, de 26 de novembro de 2010
plásticos destinados a entrar em contato com alimentos.
Dispõe sobre corantes em embalagens e equipamentos plásticos
Resolução RDC no 52, de 26 de novembro de 2010
destinados a estar em contato com alimentos.
Dispõe sobre a lista positiva de monômeros, outras substâncias
Resolução RDC no 56, de 16 de novembro de 2012 iniciadoras e polímeros autorizados para a elaboração de embalagens e
equipamentos plásticos em contato com alimentos.
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AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE II
Interações alimento-embalagem
»» devem estar incluídos nas listas positivas que são relações taxativas de
substâncias que provaram ser fisiologicamente inócuas em ensaios com
animais e cujo uso está autorizado para a fabricação de materiais em
contato com alimentos;
Processos de transferência
Pode haver ainda uma ação conjunta entre os tipos de interação, inclusive afetando
uns aos outros. A cinética dos processos de migração pode ser afetada pelo aumento
da permeabilidade em função da sorção, além de comprometer a resistência química e
mecânica do material de embalagem (AZEREDO et al, 2012).
Categorias de embalagens
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AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE II
Embalagens de vidro
Segundo a portaria no 27/1996 da ANVISA, vidros são materiais sólidos que possuem uma
estrutura atômica molecular não cristalina, obtidos, de modo geral, pelo resfriamento
de uma massa fundida em condições controladas que impeçam sua cristalização. Podem
ser incolores ou coloridos. São identificados os seguintes tipos de vidro:
»» vidro borossilicato;
»» vidro sódio-cálcico;
De acordo com Yam et al (1999), o vidro é basicamente constituído por sílica (SiO2)
combinada a vários outros óxidos inorgânicos, sendo que sua composição pode ser
modificada para alteração de algumas de suas propriedades físicas, como resistência,
transparência e moldabilidade (WOJSLAW, s.d.).
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UNIDADE II │ AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
Diferentemente dos outros materiais, o vidro é o único material de embalagem que não
transfere sabores estranhos ao alimento. Porém os sistemas de fechamento podem ser
de material plástico ou metálico, o que pode resultar em algum grau de migração.
Embalagens metálicas
O alumínio reúne várias características mais favoráveis que o aço: mais leve e flexível,
menos suscetível ao processo de corrosão, além de facilmente reciclável. Contudo,
apresenta maior custo de produção e apresenta baixa resistência a danos mecânicos
(AZEREDO et al, 2012).
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AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE II
O fenômeno da migração pode ser observado, uma vez que a superfície interna de
embalagens metálicas (tanto de aço quanto de alumínio) é revestida com vernizes à
base de resinas orgânicas, os componentes podem chegar até o alimento. Caso o verniz
esteja danificado por meio de poros ou riscos, pode haver interação entre o alimento e os
metais da embalagem, aumentando a chance de processos de corrosão ou de sulfuração
(ALMEIDA et al, 2004; AZEREDO et al, 2012; JORGE, 2013; WOJSLAW, s.d.).
Corrosão
Segundo Jorge (2013), a folha de flandres, por possuir heterogeneidade física e química,
está altamente sujeita à corrosão. Sua estrutura constitui-se de aço com baixo teor
de carbono e de elementos diversos (manganês, fósforo, enxofre etc.) revestido, nas
duas faces, por uma fina camada de estanho, funcionando, portanto como uma pilha
galvânica. Durante a corrosão ocorre uma reação de oxidação-redução formada entre o
aço e o estanho das latas.
Nesse caso, o ânodo passa a ser o estanho. Já, o aço, comporta-se como cátodo e ele
torna-se responsável pela libertação de hidrogênio. Além de acarretar modificação
na aparência interna da lata, o gás hidrogênio produzido pela reação catódica pode
gerar estufamento. Essa alteração de aparência compromete a sua aceitação, já que o
consumidor associa o fenômeno com as alterações microbiológicas, embora o H2 seja
atóxico e não afete sensorialmente o alimento (ANJOS et al, 1989).
Outros metais também são sensíveis à corrosão, como o alumínio, e seu comportamento
depende da natureza do meio. O pH é um dos fatores com papel preponderante sobre o
comportamento do alumínio ou de suas ligas, em meio aquoso. A zona de passivação ou
a formação de um filme contínuo de óxido de alumínio anidro ou hidratado que protege
o metal, formando uma barreira na interface metal-meio aquoso tem pH entre 4,0 e
8,5. A estabilidade desta camada é mais estável quando o pH do meio está próximo
da neutralidade e diminui gradualmente quando o pH torna-se mais ácido ou mais
alcalino (JORGE, 2013).
Sulfuração
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UNIDADE II │ AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
Embalagens de celulose
Segundo Jorge (2013) e Wojslaw (s.d.) os principais materiais celulósicos usados para
embalagem de alimentos são:
Papel
Celofane
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AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE II
Papelão
O fenômeno da migração não é muito recorrente nesse tipo de material, pois os mesmos
raramente ficam em contato direto com o alimento. Pode haver contudo uma migração
eventual dos solventes e adesivos usados na fabricação de embalagens celulósicas, assim
como componentes das tintas aplicadas na impressão das embalagens (AZEREDO
et al, 2012).
Embalagens plásticas
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UNIDADE II │ AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
As embalagens plásticas, por sua vez, possuem características que dependem do tipo
de material e de sua composição estrutural. Existem, portanto, filmes plásticos simples
com limitadas características de proteção, como alta permeabilidade aos gases, ao
vapor de água e irradiações luminosas, e ainda, as embalagens convertidas, ou seja,
os laminados com propriedades de proteção semelhantes às dos recipientes de vidros
e metálicos, isto é, quando uma folha de alumínio faz parte da estrutura do laminado
(JORGE, 2013; AZEREDO et al, 2012; WOJSLAW, s.d.).
»» resistência mecânica;
»» rigidez;
»» flexibilidade;
»» resistência química;
»» termossoldabilidade.
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AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE II
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UNIDADE II │ AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
A característica de uma embalagem desejável é que não exista interação entre a mesma e
o alimento, ou então que essa interação seja mínima, evitando os fenômenos discutidos
anteriormente. Contudo, o desenvolvimento de novas embalagens que justamente tem
a função de interagir positivamente causando alterações desejáveis, como por exemplo,
o aumento da VP, tem sido promissor.
Dessa forma, são sistemas em que as atribuições vão além das funções de barreira
contra o ambiente externo ao produto, acumulando funções adicionais, entre as quais
podem ser destacadas: absorção de compostos que favorecem a deterioração, liberação
de compostos que monitoram e aumentam a VP. Isso pode ser obtido pela incorporação
de ingredientes ou materiais ativos aos materiais de embalagens, ou por incorporação
de sachês aos sistemas (AZEREDO et al, 2000).
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AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE II
país foi em 2008, na estreia do Greendex, quando ganhou o título de país mais
preocupado com o consumo consciente.
Azeredo et al, (2000) e Wojslaw, (s.d.) listam algumas das aplicações das embalagens
ativas, como a seguir:
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UNIDADE II │ AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
Nesse sistema de atmosfera modificada, também conhecido pela sigla MAP (do
inglês, Modified Atmosphere Packaging), os alimentos, ainda em respiração, em
especial frutas e hortaliças in natura, são colocados em uma embalagem cuja taxa
de O2 reduz-se em detrimento do aumento de CO2. Consequentemente há redução
da respiração e da produção do gás etileno, responsável principalmente pelo
amadurecimento dos frutos. A modificação da atmosfera pode ser feita de forma
ativa e passiva.
Absorção de O2
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AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE II
Algumas rotas metabólicas que ainda estão em atividade nos alimentos recém
colhidos, em especial carboidratos e gorduras, apresentam como produto a água. Essa
água acumulada dentro da embalagem pode alterar a atividade de água, promovendo:
o crescimento microbiano e atrapalhando a difusão dos gases em embalagens que
sejam hidrofílicas. A remoção dessa umidade pode ser feita através de umectantes
(ex.: poliálcoois) entre duas camadas de um filme plástico de alta permeabilidade a
umidade ou pela utilização de sachês, contendo compostos dissecantes, como a sílica.
Etanol
O etanol, conhecido por sua propriedade antimicrobiana, pode ser usado como artifício
no controle dos alimentos embalados. Nesse tipo de sistema o etanol liberado condensa-se
na superfície do alimento e inibe o crescimento microbiano, podendo ser usado para
produtos de panificação e queijos. No caso dos sachês, a mistura de sílica gel e etanol é
exposta ao vapor de água no interior da embalagem. O etanol acaba dando lugar à água,
que se liga mais fortemente à sílica, sendo então liberado para o meio.
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UNIDADE II │ AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
Aditivos
A VP dos alimentos pode ser aumentada a partir da liberação ativa de aditivos químicos
sobre sua superfície. A embalagem pode liberar controladamente os conservantes via
evaporação e/ou difusão ou por meio de reações químicas ou enzimáticas, em especial
ácidos orgânicos, peróxidos e antioxidantes, controlando o crescimento microbiano.
Essa prática é aconselhada principalmente em casos nos quais a temperatura apresenta
efeitos não desejáveis, como a pasteurização em frutas, por exemplo. Tais aditivos
aumentam a segurança do consumidor, uma vez que estão presentes apenas na
superfície do alimento, local que a maioria das reações de deterioração acontecem.
Radiação
Manutenção da cor
Alguns sistemas são compostos por filmes que liberam metais que auxiliam na
preservação da cor, como por exemplo, zinco ou magnésio, que promovem a manutenção
da cor verde conferida pela clorofila, no caso de hortaliças enlatadas.
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AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE II
Embalagens inteligentes
Indicadores de crescimento
Alimentos perecíveis (carnes,
microbiano e frescor (internos e Corantes. Qualidade microbiana.
peixes e aves).
externos).
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UNIDADE II │ AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
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AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE II
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TÉCNICAS DE
DETERMINAÇÃO DA UNIDADE III
VIDA DE PRATELEIRA
DE ALIMENTOS
CAPÍTULO 1
Técnicas aceleradas de determinação
de vida de prateleira de alimentos
(TAVP)
Diante da crescente lista de novos produtos que se tornam acessíveis aos consumidores,
os testes acelerados representam um recurso muito útil diante da escassez de dados
cinéticos de degradação de sistemas complexos, como os alimentos. Como a maioria
das reações de degradação em alimentos seguem o modelo de Arrhenius, no qual as
temperaturas mais elevadas ocasionam o aumento na velocidade de degradação, o uso
70
TÉCNICAS DE DETERMINAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE III
de altas temperaturas é adotado com frequência nos ensaios, fazendo com que a VP do
produto seja alcançada mais rapidamente.
Outros fatores podem ser usados como condições aceleradas, como altas pressões
parciais de O2 em reações de oxidação, umidade relativa ou remoção de um fator
inibitório da alteração, Por exemplo, remoção de NaCl, para avaliar a VP de carnes
(AZEREDO et al, 2012; OLIVEIRA, 2010; MARTINS, 2009).
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UNIDADE III │ TÉCNICAS DE DETERMINAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
»» duas reações podem apresentar diferentes valores de Q10. Como seu valor
é dependente da temperatura, aquela com maior Q10 poderão predominar
em altas temperaturas, enquanto a de menor Q10 pode predominar sob
condições normais de estocagem, causando erros na predição da vida de
prateleira;
Metodologia
O procedimento detalhado a seguir é uma das formas de se estimar a VP a partir de
testes acelerados. Usaremos como exemplo dados obtidos por Moura et al (2007) em
seu trabalho com maçãs-passa. A ordem das reações de deterioração, a constante de
velocidade da reação (k), a energia de ativação e o fator de aceleração da temperatura
Q10 podem ser determinados de acordo com a metodologia descrita por vários autores
(TEIXEIRA NETO, 2004; AZEREDO et al, 2012; MOURA et al, 2007; MARTINS,
2009), seguindo o seguinte protocolo:
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TÉCNICAS DE DETERMINAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE III
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UNIDADE III │ TÉCNICAS DE DETERMINAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
Pela análise do R2, os autores portanto concluíram que a ordem da reação seria zero.
Dessa forma, como vimos no Capítulo 1, a equação relacionada com reações de ordem
zero é:
= C 0 − kt (1)
C
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TÉCNICAS DE DETERMINAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE III
C =C 0 − kt ↔ y = a + bx (2)
− Ea 1 1
=
lnk − + lnk0
R T T0
(3)
− Ea 1 1
lnk = − + lnk0 ↔ y = bx + a
R T T0
(4)
− Ea
b=
R (5)
Ea = 1,987.b (6)
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UNIDADE III │ TÉCNICAS DE DETERMINAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
Isso implica dizer que, a cada diminuição da temperatura em 10°C, a VP aumenta 1,6
vezes, ou então, que a cada aumento de 10°C na temperatura, a VP diminui 1,6 vezes.
Essa correlação pode ser observada na equação (8).
VP (t − 10)
Q10 =
VP (8)
Voltando ao nosso ponto de partida, Moura et al, (2007) encontraram, pelos dados
de cor coletados, que a VP do alimento estudado era de 100 dias a 35°C. A partir do
Q10, podemos predizer então que, em condições normais de armazenamento, supondo
25°C, a VP seria 1,6 vezes maior, ou seja, de 160 dias.
Muitas vezes a diferença entre os coeficientes de correlação é muito sutil e pode haver
dúvida sobre qual a ordem de reação seria mais correta. No caso de uma escolha
errônea, a energia de ativação e o Q10 calculados futuramente apresentariam valores
incompatíveis com a realidade. Por exemplo, segundo Lund (1979), para alterações de
cor, textura e sabor de produtos alimentícios, o valor da Ea deve estar na faixa de 10-30
kcal.mol-1.
76
TÉCNICAS DE DETERMINAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE III
A tabela a seguir traz as notas que um novo alimento recebeu com relação ao
quesito cor. Considerando que os alimentos que obtiveram notas a partir de 5,6
(35°C) foram considerados impróprios para o consumo e, baseando-se nos itens
1 a 5 do texto, calcule:
4. Q10;
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UNIDADE III │ TÉCNICAS DE DETERMINAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
Dica: a plotagem dos gráficos e a regressão linear dos mesmos pode ser feita a
partir de um editor de planilhas. As respostas estimadas podem ser conferidas
a seguir:
Respostas estimadas
Ordem da reação 1a
K
5°C 0,00174
25°C 0,00670
35°C 0,00686
Ea 8,33 kcal.mol-1
Q10 1,62
VP (25°C) 170 dias
78
CAPÍTULO 2
Estudos de caso na determinação da
vida de prateleira de alimentos
»» Medidas:
›› Análise sensorial:
·· Q10.
›› determinação de fibra;
›› avaliações microbiológicas.
O cálculo usado para Q10, baseou-se na equação abaixo (1), na qual os valores de k
utilizados foram os obtidos diretamente pela regressão linear dos dados coletados em
30 e 40°C.
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UNIDADE III │ TÉCNICAS DE DETERMINAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
Cabe aqui, ressaltar que, a coleta de dados torna-se mais precisa quanto maiores forem
as variáveis. Nesse estudo os autores poderiam valer-se de mais uma temperatura para
uma avaliação mais correta, uma vez que durante a cadeia de distribuição pode haver
uma flutuação de temperaturas.
k(T )
Q10 =
k(T + 10°C ) (1)
O valor de Q10 obtido foi igual a 1,9. A vida de prateleira em condição acelerada foi
estimada em 77 dias por meio dos dados obtidos da regressão linear dos valores da
qualidade global, avaliada pelo painel sensorial e pelo tempo de estocagem.
A vida de prateleira do produto a 30°C foi de 144 dias. Também foi possível concluir
que não houve perda significativa da qualidade global do produto durante os 90 dias
de armazenamento, segundo a percepção tanto de provadores treinados, quanto de
consumidores comuns de barras de cereais.
›› ordem de reação;
›› Ea;
›› Q10.
A polpa de morango sem açúcar mostrou-se mais sensível a alterações na cor, com
relação à temperatura, que a polpa de morango com açúcar.
·· vitamina C.
›› Microbiológicas;
›› Sensoriais:
·· aparência;
·· textura;
81
UNIDADE III │ TÉCNICAS DE DETERMINAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
·· aroma;
·· sabor;
·· gosto residual.
Por meio da ADQ, verificou-se que os atributos sabor, aroma e cor foram alterados
significativamente durante o armazenamento a 35°C e 45°C. Observou-se que o atributo
cor foi o menos dependente da temperatura.
Cabe ressaltar aqui que, a escolha da ordem da reação não é uma regra aplicada
invariavelmente a todos os atributos medidos. Como dissemos anteriormente, os
alimentos são sistemas complexos que, dependendo de sua composição, temperatura
ou atributo medido, comporta-se de maneira particular. O quadro 9 mostra alguns
exemplos característicos de alterações associadas às reações de ordem zero ou primeira
ordem:
Quadro 9. Importantes alterações nos alimentos que seguem cinéticas de ordem zero ou primeira ordem.
»» Perda de vitaminas;
»» Morte/crescimento de micro-organismos;
Primeira
»» Oxidação de pigmentos;
»» Alteração da textura em processamento térmico.
82
TÉCNICAS DE DETERMINAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE III
Parâmetros cinéticos
Atributos
Q10 Ea (kcal.mol-1)
Sensoriais
Sabor 3,61 22,80
Cor 2,71 17,70
Aroma 4,16 25,31
Físico-químicos
Luminosidade 2,60 17,00
ΔE 3,51 22,30
Vitamina C 2,13 13,41
Fonte: Adaptada de Oliveira (2010).
Note que o autor valeu-se dos parâmetros cinéticos para realizar uma análise em
função da influência da temperatura, e que cada atributo é afetado diferentemente.
A correlação feita aqui é, quanto maior o valor de Q10 e Ea, maior será a degradação
acelerada pela temperatura. Dessa forma, a escolha do atributo que será o índice de
qualidade é muito importante e a predição da VP pode basear-se tanto nos atributos
sensoriais (qualitativos) quanto nos físico-químicos (quantitativos).
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UNIDADE III │ TÉCNICAS DE DETERMINAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
›› pH.
›› acidez.
›› A;firmeza.
»» Análises sensoriais:
·· aparência;
·· gosto;
·· textura;
·· qualidade global.
»» Análises microbiológicas:
Na condição acelerada (35 °C), o produto foi considerado próprio para consumo até
56 dias de armazenamento, quando atingiu a nota 4,5 (não gostei/nem desgostei) da
escala de qualidade global do teste sensorial.
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TÉCNICAS DE DETERMINAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE III
o resultado obtido. Usando a nota de corte de corte de 4,5 (y) pode-se avaliar a VP em
dias (x). O resultado encontrado foi de 154 dias, sendo considerado coerente e próximo
aos 168 dias, segundo os autores.
»» tempos: 0, 20, 40, 60, 80, 100, 120, 140, 160 e 180 minutos;
»» obtenção de Ea;
A análise cinética dos dados sugere que a degradação foi significativamente representada
pelos modelos cinéticos de zero e primeira ordem.
85
UNIDADE III │ TÉCNICAS DE DETERMINAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
86
CAPÍTULO 3
Artigos sobre vida de prateleira
Artigo científico: parte de uma publicação com autoria declarada, que apresenta
e discute ideias, métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do
conhecimento.
É hoje prática corrente veicular as informações por meio de artigos que tenham
respaldo científico. Contudo, você já se perguntou de que forma isso pode ser
feito? Como escrever um bom artigo? Qual a contribuição que ele trará à área de
conhecimento na qual está inserido? Qual foi o caminho percorrido até ali para
que o autor, em sua conclusão, atingisse seu objetivo?
Nesse capítulo, listaremos uma série de artigos divulgados nas mais diversas revistas
científicas. O intuito é que sejam usados como forma de agregar e consolidar o
conhecimento obtido até aqui, uma vez que apresentam diversas metodologias, e
também como um pequeno índice de consulta.
88
TÉCNICAS DE DETERMINAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS │ UNIDADE III
89
UNIDADE III │ TÉCNICAS DE DETERMINAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE ALIMENTOS
Muitos outros artigos podem ser acessados por meio dos portais:
»» Science Direct
<http://www.sciencedirect.com/>
<http://www.periodicos.capes.gov.br/>
<http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed>
90
Para (não) Finalizar
91
PARA (NÃO) FINALIZAR
92
Referências
ALMEIDA, E.; COSTA, M. R.; DE CRISTOFARO, N.; MORA, N.; BASTIDAS, J. M.;
PUENTE, J. M. Environmentally friendly coatings for tinplate cans in contact
with synthetic food media. Journal of Coating Technology and Research, New York,
v. 1, 2004.
ALMEIDA, E.; COSTA, M. R.; DE CRISTOFARO, N.; MORA, N.; CATALÁ, R.; PUENTE,
J. M.; BASTIDAS, J. M. Titanium passivated lacquered tinplate cans in contact
with foods. Corrosion Engineering Science and Technology, London, v. 40, n. 2, 2005.
93
REFERÊNCIAS
BRESSAN, M. C.; LODI, F.; FERREIRA, M. W.; ANDRADE, P. L.; BOARI, C. A.;
PICCOLI, R. H. Influência da embalagem na vida útil de presuntos fatiados.
Ciênc. Agrotec., v. 31, 2007.
CHAVAN, R. S.; CHAVAN, S. R.; KHEDKAR, C. D.; JANA, A. H. UHT milk processing
and effect of plasmin activity on shelf life: A review. Comprehensive Reviews in
Food Science and Food Safety, v. 10, 2011.
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REFERÊNCIAS
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18, 2011. Disponível em <http://www.revista-fi.com>. Acesso em: 30 dez. 2014.
FU, B.; LABUZA, T. Shelf life prediction: theory and application. Food Control.
Guildford, v. 4, 1993.
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