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Legislação básica: Convenção de Viena sobre Direitos dos Tratados de 1969 (Decreto 7030, de 14 de dezembro de 2009),
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados entre Estados e Organizações Internacionais ou entre Organizações Internacionais
de 1986 (o Brasil assinou a Convenção em 1986, mas ainda não foi aprovada pelo Congresso Nacional).
INTRODUÇÃO A CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE DIREITOS DOS TRATADOS DE 1969 3/25
OBS 4: Não basta que a parte seja capaz, mas também que o agente
encarregado de representa-la tenha o chamado treaty making power, ou seja, o
poder de celebrar tratados.
Em todo caso, a maioria dos Estados estabelece interlocutores similares. A
convenção de Viena de 1969, em seu art. 7, fixa o rol dos agentes capazes de celebrar
tratados, independentemente de comprovação de que reúnem poderes para tal.
Confira-se:
O Chefe de Estado, Chefe de Governo, Ministro das Relações Exteriores,
para todos os atos;
Os Chefes de missão diplomática (Embaixadores), para a adoção do texto
de um tratado entre o Estado acreditante e o Estado junto ao qual estão acreditados;
Os Chefes de missões permanentes junto a organismos internacionais para
a adoção do texto de um tratado entre o Estado que representa e essa organização.
Os representantes acreditados pelos Estados perante uma conferência ou
organização internacional ou um de seus órgãos, para a adoção do texto de um
tratado em tal conferência, organização ou órgão.
Outros agentes também podem celebrar tratados (ex.: governador de um
estado), desde que investido de plenos poderes para tal.
No Brasil, a investidura é feita através de Carta de Plenos Poderes,
documento pelo qual são designadas uma ou várias pessoas para representar o ente
estatal na negociação, adoção ou autenticação do texto.
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Características Principais:
b) o termo “tratado” é gênero, que incorpora várias espécies (convenção, acordo, pacto,
protocolo, etc.);
e) Torna o DIP mais democrático e legítimo (como a maior parte das normas de DIP estão hoje
consagradas em Tratados, esse esforço que envolve diretamente a vontade dos atores internacionais
concede maior legitimidade e torna o Direito das Gentes mais democrático e representativo dos
anseios da sociedade).
Acordo de vontades;
Forma escrita;
Elaboração por estados e
organizações internacionais;
Regulação pelo direito
ELEMENTOS DOS internacional público,
TRATADOS
Regulação de temas em
comum e obrigatoriedade.
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Sua principal característica é a imperatividade de seus preceitos, ou seja, a impossibilidade de suas normas serem
confrontadas ou derrogadas por qualquer outra norma internacional.
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TERMINOLOGIA DA CV DE 1969
Artigo 2
Expressões Empregadas
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CV 69 Art. 2º “2. As disposições do parágrafo 1 relativas às expressões empregadas na presente Convenção não prejudicam o emprego
dessas expressões, nem os significados que lhes possam ser dados na legislação interna de qualquer Estado.”
INTRODUÇÃO A CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE DIREITOS DOS TRATADOS DE 1969 6/25
CV 69 - Artigo 7
Plenos Poderes
e)“Estado negociador”
significa um Estado que participou Estado negociador significa um Estado que participou na
ESTADO na elaboração e na adoção do elaboração e na adoção do texto do tratado;
NEGOCIADOR
texto do tratado;
f)“Estado contratante ”
Estados contratantes são aqueles que se vincularam
significa um Estado que consentiu
ESTADO definitivamente ao texto de um tratado, esteja ou não este em
em se obrigar pelo tratado, tenha
CONTRATANTE
ou não o tratado entrado em vigor; vigor.
TERCEIRO
ESTADO h)“terceiro Estado” significa um Estado que não é parte no tratado;
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CV 69 Artigo 5
Confira-se:
O Chefe de Estado, Chefe de Governo, Ministro das Relações Exteriores, para todos os atos;
HABILITAÇÃO DOS Os Chefes de missão diplomática (Embaixadores), para a adoção do texto de um tratado
AGENTES entre o Estado acreditante e o Estado junto ao qual estão acreditados;
SIGNATÁRIOS
Outros agentes também podem celebrar tratados (ex.: governador de um estado), desde que
investido de plenos poderes para tal.
No Brasil, a investidura é feita através de Carta de Plenos Poderes, documento pelo qual são
designadas uma ou várias pessoas para representar o ente estatal na negociação, adoção ou
autenticação do texto de um tratado.
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CAPACIDADE DAS
PARTES No Brasil, os Estados, Distrito
CONTRATANTES
Federal e Municípios não podem
celebrar tratados internacionais.
Contudo, a esses entes é facultada a
celebração de operações externas de
natureza financeira mediante
autorização do Senado Federal (CRFB
art. 52,V4).
Ex.: empréstimos obtidos
junto ao BIRD (Banco Internacional de
Reconstrução e Desenvolvimento) e ao
BID (Banco Interamericano de
Desenvolvimento).
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Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
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CV 69 Artigo 53
É nulo5 um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma
imperativa de Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma
norma imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela
comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma
derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito
Internacional geral da mesma natureza.
Artigo 64
Tratados internacionais devem ter um objeto lícito e possível: seu conteúdo não pode violar
normas jus cogens. Não há hierarquia entre as fontes de DIP, mas há hierarquia entre normas.
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CV 69 art. 65 1. Uma parte que, nos termos da presente Convenção, invocar quer um vício no seu consentimento em obrigar-se por um tratado, quer
uma causa para impugnar a validade de um tratado, extingui-lo, dele retirar-se ou suspender sua aplicação, deve notificar sua pretensão às outras partes. A
notificação indicará a medida que se propõe tomar em relação ao tratado e as razões para isso.
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CV 69 Artigo 26
Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa fé.
a) ERRO: há falta de informação sobre o objeto do tratado ou quando esse objeto não condiz
com a verdade.
Para que torne o tratado inválido, o erro deve atingir a essência do ato. O erro não se configura
se o Estado contribuiu para o fato com a sua conduta e se, pelas circunstâncias, o Estado tivesse
possibilidade de perceber o erro;
são os tratados que possuem apenas duas partes contratantes, que podem
TRATADOS BILATERAIS
ser Estados ou organizações internacionais.
São os tratados que possuem mais de duas partes contratantes.
OBS: Conforme explica o Porf. Ricardo Vale – “Para que
possa classificar um tratado em bilateral ou plurilateral
(multilateral), deve-se analisar quais personalidades jurídicas estão
atuando na celebração do tratado. Explico: um tratado celebrado
entre Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e México deve ser
QUANTO AO considerado um tratado multilateral; já um tratado celebrado entre
NÚMERO DE
MERCOSUL e México será bilateral.”
TRATADOS
PARTES PLURILATERAIS OU Tratados cujo descumprimento por uma parte não
Tratados
MULTILATERAIS compromete a execução do acordo como um todo.
mutalizáveis
Ex.: acordos celebrados no âmbito da OMC.
Sua execução é comprometida caso sejam
descumpridos por uma ou algumas partes.
Tratados não- Se um Estado-parte viola o tratado,
mutalizáveis todos os demais sofrem os efeitos da violação.
CLASSIFICAÇÃO DOS TRATADOS 14/25
CV 69 Artigo 29
TRATADOS DE
QUANTO À A não ser que uma intenção diferente se evidencie do tratado, ou
APLICAÇÃO INTEGRAL
EXECUÇÃO NO seja estabelecida de outra forma, um tratado obriga cada uma da partes
ESPAÇO em relação a todo o seu território .
Aplicam se sobre a integralidade do território dos seus Estados-parte
TERMINOLOGIA DE PORTELA
Sinônimo de tratado. É expressão usada pelo Ministério das Relações exteriores.
1. ATO INTERNACIONAL
Tratado que estabelece regras de Direito. Também serve para denominar atos
5. ATO que têm mera força política e moral.
Celebrado não por Estados, mas por autoridades de alto nível, regulado por normas
morais. Não são vinculantes e, tecnicamente, não são considerados tratados.
OBS: Gentlemen’s agreement: não contém um compromisso entre
Estados, constituindo um pacto pessoal entre estadistas, fundados na honra e
condicionados, no tempo, à permanência de seus atores no poder.
São exemplos: a Carta do Atlântico de 1941 (firmada pelo presidente
americano Roosevelt e o primeiro-ministro britânico Churchill); o acordo de Yalta
e a Proclamação de Potsdam, ambos de 1945 (ligados ao desfecho da Segunda
Guerra, tendo a qualidade de gentlemen’n agreement assentada em documentos
oficiais).
OBS 2: Declarações ou comunicados comuns: são variantes dos
gentlemen’s agreements, expedidos nas ocasiões de visitas oficiais ou de outros
eventos em que se encontram dois ou mais chefes de Estado ou de governo ou
em encontros de trabalho entre Ministros de relações exteriores.
Comumente não possuem teor de relevante significação, exceto se
exprimirem opção política, uma forma de alinhamento, uma postura diante de
certa questão tópica, quando nenhum vínculo jurídico formam para os Estados
envolvidos, mas um compromisso moral a operar enquanto durarem os
governos dos respectivos signatários.
Exemplo: a Declaração de Quadros-Frondizi, de 1961 (resposta positiva
19. ACORDO DE dos presidentes do Brasil e da Argentina às proposições norte-americanas na
CAVALHEIROS Aliança para o progresso).
ESTRUTURA DOS TRATADOS 20/25
A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969 (CV/69) foi incorporada pelo
direito brasileiro, por meio do Decreto nº 7.030/2009. Segundo consta na convenção, “tratado
significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito
Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos,
qualquer que seja sua denominação específica” (art. 2º, 1, a).
Observe-se que a Convenção de Viena de 1969 não tratou das fases internas de celebração
dos tratados. Ela veda, inclusive, que um Estado invoque o fato de que seu consentimento em se
obrigar por um tratado tenha sido expresso em violação de uma disposição de seu direito interno
sobre sua competência para concluir tratados (ressalvado o caso da inobservância manifesta e que
diga respeito a uma norma de seu direito interno de importância fundamental – art. 46, §1º, CV/69).
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Artigo 12
Consentimento em Obrigar-se por um Tratado Manifestado pela Assinatura
1. O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado manifesta-se pela assinatura do representante desse Estado:
a) quando o tratado dispõe que a assinatura terá esse efeito;
b) quando se estabeleça, de outra forma, que os Estados negociadores acordaram em dar à assinatura esse efeito; ou
c) quando a intenção do Estado interessado em dar esse efeito à assinatura decorra dos plenos poderes de seu representante ou tenha sido manifestada
durante a negociação.
2. Para os efeitos do parágrafo 1:
a) a rubrica de um texto tem o valor de assinatura do tratado, quando ficar estabelecido que os Estados negociadores nisso concordaram;
b) a assinatura ad referendum de um tratado pelo representante de um Estado, quando confirmada por esse Estado, vale como assinatura definitiva do
tratado.
CONCLUSÃO E ENTRADA EM VIGOR DOS TRATADOS 24/25
A segunda fase é interna, consiste no referendo congressual (art. 49, I, CRFB/88), de competência
exclusiva do congresso nacional (a votação é separada, ocorre primeiro na Câmara e depois no Senado),
o que se faz por meio de decreto legislativo, o qual é aprovado por 3/5 em dois turnos, se seguir o rito do
art. 5º, §3º, nos tratados de direitos humanos, ou por maioria simples nos demais tipos de tratados.
O referendo congressual autoriza o Presidente da República a ratificar o tratado no plano
REFERENDO internacional. (mas não vincula, pois o Presidente ratifica se quiser. Apenas a negativa do referendo
PARLAMENTAR congressual vincula o Presidente, que, nesse caso, não poderá ratificar).
Portanto, embora o inciso I do art. 49, CF diga que é da competência exclusiva do Congresso
Nacional resolver definitivamente, ele só o faz de forma definitiva quando rejeita o projeto de tratado,
pois quando o aprova ainda será necessária a ratificação e promulgação pelo Presidente da República
(“teoria do efeito útil”), que é um ato discricionário do chefe do Executivo (ou seja: é um ato complexo,
pois demanda duas vontades).
A terceira fase é a ratificação, que é o ato unilateral com que a pessoa jurídica de direito
internacional, signatária de um tratado, exprime definitivamente, no plano internacional, sua vontade de
obrigar-se (Rezek, pág. 74).
Ocorre no plano internacional, sendo o ato administrativo discricionário e indelegável, pelo qual
o Presidente da República confirma a assinatura anteriormente aposta, declarando a vontade do Estado
em definitivamente fazer parte do tratado. Esta é a fase do consentimento, que dá eficácia ao tratado no
plano internacional.
RATIFICAÇÃO OBS.: Prazo para Ratificação - Por ser um ato discricionário, não há, em regra, um
prazo para que o Estado ratifique o tratado. É possível, todavia, em situações
excepcionais, que um tratado preveja um lapso temporal dentro do qual os Estados
poderão proceder à ratificação. Nesse caso, passado o prazo previsto, o Estado não
poderá ratificar o tratado. O caminho mais adequado para ingressar no domínio jurídico
da norma convencional será, então, a adesão.
Fundamenta-se na premissa de que existe apenas uma ordem jurídica, com normas
internacionais e internas.
MONISMO
Destarte, não é necessária a feitura de novo diploma legal que transforme o direito
internacional em norma nacional.
Dualismo
Monismo
Na ADI 1480-DF, o Min. Celso de Mello teceu observação que se tornou famosa: “É na Constituição
POSIÇÃO DO da República – e não na controvérsia doutrinária que antagoniza monistas e dualistas – que se deve buscar
STF a solução normativa para a questão da incorporação dos atos internacionais ao sistema de direito positivo
interno brasileiro”.