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[...] A sociedade global aparece então como modelo de valores, e modelo da própria
estrutura religiosa umbandista...
[...] Visto que nossa tese coloca o problema da integração da religião umbandista na
sociedade brasileira, pareceu-nos interessante comparar a Umbanda com as práticas do
Candomblé... Com efeito, pode-se o por Umbanda e Candomblé como se fossem dois
polos: um representando o Brasil, o outro a África. A Umbanda corresponde à integração
das práticas afro-brasileiras na moderna sociedade brasileira; o Candomblé significaria
justamente o contrário, isto é, a conservação da memória coletiva africana no solo
brasileiro... O que nos parece importante é sublinhar que, para o Candomblé, a África
conota a ideia de terra-Mãe, significando um retorno nostálgico a um passado negro. Sob
este ponto de vista a Umbanda difere-se radicalmente dos cultos afro-brasileiros; ela tem
consciência de sua brasilidade, ela se quer brasileira. A Umbanda aparece desta forma
como uma religião nacional que se opõe às religiões de importação: protestantismo,
catolicismo e espiritismo. Não nos encontramos mais na presença de um sincretismo afro-
brasileiro, mas diante de uma síntese brasileira, de uma religião endógena.