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LICENCIATURA EM CIÊNCIAS
NATURAIS E MATEMÁTICA
A ORIGEM DO UNIVERSO
2017
Universidade Federal de Mato Grosso
Secretaria de Tecnologia Educacional
A ORIGEM DO UNIVERSO
Origem dO UniversO
Cuiabá , 2009
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
Ministro da Educação
José Mendonça Bezerra Filho
Reitora UFMT
Myrian Thereza de Moura Serra
Vice-reitor
Evandro Aparecido Soares da Silva
Pro-reitor Administrativo
Bruno Cesar Souza Moraes
Pro-reitora de Planejamento
Tereza Mertens Aguiar Veloso
Pro-reitor de Pesquisa
Germano Guarim Neto
Secretário da SETEC/UFMT
Coordenador da UAB/UFMT
Alexandre Martins dos Anjos
Autores
COrpO editOrial
• D e n i s e Va r g a s
• C a r l o s r i n a l D i
• i r a m a i a J o r g e C a b r a l D e Pa u l o
• m a r i a l u C i a C a Va l l i n e D e r
P r o J e t o g r á f i C o : PA U L o H . Z . A R R U d A / E d U A R d o H . Z . A R R U d A
r e V i s ã o : d E N I S E V A R g A S
s e C r e ta r i a : N E U Z A M A R I A J o R g E C A B R A L
a P a: :
C apa Carlos
i l u s tGrontijo
a ç ã o P a r a o P e q u e n o P r í n C i P e , D e a n t o i n e D e s a i n t - e x u P e r y .
FICHA CATALOGRÁFICA
Bibliografía: p. 73-74.
CDU – 524.85
ISBN: 978-85-61819-64-4
No segundo módulo do curso de Licenciatura
em Ciências Naturais e Matemática vamos empreen-
der uma nova aventura. Desta vez, não através da história
da aventura humana na Terra, mas através do espaço, desde o
extremamente grande até o extremamente pequeno. Visitaremos o início
do Universo e a origem da matéria, descobrindo verdades surpreendentes e,
eventualmente, difíceis de serem aceitas diante de nossas percepções do dia-
a-dia, como a expansão do Universo em quatro dimensões. Há muito que se
aprender sobre o Cosmos, o Sistema Solar e a estrutura da Terra, afinal,
trata-se de onde estamos. Quanto mais compreendermos sobre o nosso lócus,
mais entenderemos sobre nós mesmos, de onde viemos, para onde vamos, e o
que devemos fazer (ou deixar de fazer) para sermos mais felizes.
genesis 1
O r e l at i v O X O absOlUtO 9
n Oçõ esd e g r a n d e z a s t e m p O r a i s e e s pa C i a i s 21
e Unidades de medida
esCalas de te m p O 29
a s n Oçõ es de e s pa ç O -t e m p O 35
Os fat O r e s O r g a n i z a d O r e s d O UniversO: 61
as q U at r O f O r ç a s n at U r a i s
referênCias bibliOgráfiCas 73
O q U e é U m a g a l á X i a?
A distribuição de matéria
no Universo não é homogênea. A
força gravitacional faz com que a
matéria se auto-organize em es-
truturas. Assim, as rochas e outros
materiais formam os planetas que,
por sua vez, orbitam em torno de
estrelas, formando os sistemas so-
lares e esses, por seu turno, orbi-
tam em torno de um centro gravi-
tacional, constituindo as galáxias.
As galáxias, então, são estruturas
constituídas por muitas (em geral
centenas de bilhões) estrelas e pla-
netas.
A distribuição espacial de
sistemas solares em uma galáxia é
Segundo um velho provérbio, uma imagem vale por mil palavras. Freqüente-
mente, os cientistas fazem juz a esse provérbio utilizando de representações gráficas
para expor de forma condensada e precisa um conjunto de conhecimentos adquiridos.
Comumente, um gráfico corresponde a uma representação gráfica bidimensional que
relaciona duas quantidades, uma das quais com os seus valores expressos no eixo ho-
rizontal do gráfico e outra no eixo vertical. Em termos práticos, tal representação é
útil para expressar a relação entre essas duas quantidades.
No caso do gráfico que vemos nesta página, explicita-se a relação entre os
valores medidos da velocidade (v) de afastamento das galáxias em função da sua dis-
tância (d) até a Terra. v é representada no eixo vertical e d no horizontal. Os pontos
representam, como normalmente acontece com gráficos na ciência, dados experi-
mentais. Cada ponto, portanto, representa um conjunto compreendendo a medida da
velocidade de deslocamento de uma galáxia e a medida da sua distância. Por exemplo,
o ponto situado mais à direita no gráfico corresponde a uma galáxia cuja velocidade
de afastamento é aproximadamente
30.000 quilômetros por segundo e
uma distância de aproximadamente
450 mega parsecs (um mega parsec
é uma unidade astronômica que cor-
responde a aproximadamente 3 x 1022
metros).
A leitura de um gráfico se
processa, normalmente, consideran-
do-se que os valores da variável do
eixo horizontal crescem da esquerda
para a direita, e os valores da variável
do eixo vertical, de baixo para cima.
A seqüência de valores numéricos nos
eixos é chamada escala. Assim, a es-
cala da distância no gráfico vai de 0 a
500 Mpc de 100 em 100. Já a escala gráFiCo rEprEsEntando a rElação EntrE a vE-
da velocidade, de 0 a 40.000 km/s de loCidadE MEdida das galáxias E sua distânCia.
10.000 em 10.000. Embora o proce-
dimento padrão é colocar valores “redondos” nos eixos, não significa que não pode-
mos representar no gráfico valores “quebrados”. Então, não seria de se espantar que o
segundo ponto, da direita para a esquerda, desse gráfico, correspondesse aos valores
v = 21.572 km/s e d = 374 Mpc.
Agora, note a linha reta que passa próxima dos pontos. As linhas contínu-
as representadas nos gráficos normalmente representam uma tentativa humana de
generalização, ou seja, os pontos experimentais parecem se alinhar ao longo de uma
pois i2 = -1.
Get = 8rG T
c4
2GM
rc2
Vamos, agora, utilizar outra analogia, mas, desta vez, uma bas-
tante conhecida pelos cientistas: imagine um balão inflável com umas
manchas pintadas em sua superfície. Imagine, também, que o balão está
sendo inflado, ou seja, seu tamanho está crescendo. Sendo feito de borracha,
sua superfície se expandirá e as manchas se afastarão umas das outras. As
galáxias seriam análogas a essas manchas e o balão, ao espaço-tempo.
A diferença é que, em vez de termos um objeto que se expan-
de em três dimensões com manchas inseridas numa super-
fície bidimensional, o Universo se expande em quatro
dimensões com galáxias inseridas num espaço tri-
dimensional. Da mesma forma, a radiação deve
se espalhar pelo Universo em todas as direções.
Assim, uma certa quantidade de radiação em
movimento espalhada pela superfície do
balão deve chegar continuamente a todas
as manchas de todas as direções.
Se um observador minúsculo es-
tiver situado sobre uma das manchas, ele
verá todas as outras se afastando dele, da uM balão inFlan-
mesma forma que vemos as galáxias se do CoM ManCHas EM
sua supErFíCiE. Con-
afastando da Terra. Nessa perspectiva, vemos ForME ElE sE ExpandE,
que a Terra não tem uma importância central no as ManCHas sE aFastaM
Universo. Em qualquer outro planeta do Universo, uMas das outras.
O s i g n i f i C a d O d e U m a e X p r e s s ã O m at e m át i C a
mM
Fg = G 2
r As grandezas cujos símbolos estão no de-
nominador da expressão influenciam inver-
samente a grandeza em destaque (no caso a
força gravitacional Fg). Assim, quanto maior
for o valor da distância (r), menor será a in-
tensidade da força gravitacional. Há que se
destacar que, nesse caso, r está elevado ao
quadrado, o que significa que a força gravi-
tacional diminui com o quadrado da distân-
cia: se a distância duplica, Fg fica reduzida a
um quarto; se a distância triplica, Fg se reduz
a 1/9.
a evOlUç ãO dO UniversO
1021 m
v ia láCtEa
A teoria do Big Bang de Gamov, pu-
blicada em 1948, prevê que a história do
Universo passou por estágios numa escala
1013 m de tempo bastante peculiar: Aconteceram
sistEMa solar muitas coisas numa escala de tempo ex-
tremamente curta após o momento em
que o Universo surgiu e, conforme ele foi
se expandindo (lembre-se que a expansão
se dá em quatro dimensões!), novos even-
107 m tos foram se processando mais lentamen-
tErra
te.
105 Hz 103 m
rádio, tv, FM
1017 Hz 10-9 m
u ltraviolEta
1020 Hz 10-12 m
raios-x
1024 Hz 10-16 m
gaMa
G randeza é tudo aquilo que pode ser medido. Como exemplo, temos o tempo, comprimento, vo-
lume, massa, densidade, velocidade. Medir significa comparar quantitativamente uma grande-
za física com uma unidade através de uma escala pré-definida. Nas medições as grandezas sempre devem
vir acompanhadas de unidades.
Espaço e tempo são grandezas físicas. E, como grandezas físicas, devemos atribuir-lhes um valor
numérico e uma unidade. Existem muitas e diferentes (e arbitrárias) unidades de medidas. Fez-se então
necessário a adoção de um sistema de unidades.
Um sistema de unidades se caracteriza por um conjunto amplo de unidades de medida, bem como
as regras que as definem e as relacionam. O Sistema Internacional de Unidades (SI), oficial no Brasil, foi
adotado pela 11ª. Conferência Geral de Pesos e Medidas, realizada em 1960 pelos países membros da
Convenção do Metro.
As unidades SI estão divididas em três classes: unidades de base, unidades derivadas e unidades
suplementares.
Na tabela a seguir se encontram as unidades de base. Compreendem um conjunto de sete unidades
perfeitamente definidas, as quais são consideradas dimensionalmente independentes.
10 24
yotta Y 10 -24
yocto y
bilhões e bilhões...
Você já deve ter notado que, ao olharmos para o espaço profundo, estamos lidan-
do com números muito grandes. Quantos metros teria, por exemplo, o tamanho da Via
Láctea? Sabemos que a nossa galáxia tem cerca de 100.000 anos-luz de comprimento.
Sendo um ano-luz a distância que a luz percorre num ano e sabendo que a velocidade
da luz é aproximadamente 300.000 quilômetros por segundo, o diâmetro da Via Lác-
at i v i d a d e s :
• o tempo médio mensal, em minutos, que você dedica ao estudo desse Curso;
• a distância, em metros, do seu município até a cidade de Cuiabá (MT);
• a sua altura, em quilômetros.
Vamos iniciar uma outra reflexão perguntando: podemos nomear essas medidas
como 0,94608 zetta metros e 0,95 zetta metros (utilize da tabela dos prefixos SI ) ?
Ao analisarmos estas medidas, podemos observar com maior clareza que 0,94608
zetta metros é mais precisa que 0,95 zetta metros, já que a primeira nos fornece até
centésimo de milésimo de zetta metro, enquanto a segunda até centésimo de zetta me-
tros. Para a precisão de cada medida tiveram significados os algarismos após a vírgula.
Logo, em 0,95 temos dois algarismos significativos: o 9 e o 5. Em 0,94608 temos cinco
algarismos significativos: o 9, 4, 6, 0, e 8. O zero desse número é significativo, pois não
é apenas um indicador decimal, mas um numeral da medida.
80 – 2,13 = 77,87
m U lt i p l i C a ç ã O e d ivisãO :
6 x 1,5 = 9,0 = 9
6200/3,10 = 2,00 x 103 (repare que nesse exemplo temos como resultado 2000, mas
que deverá aparecer com três algarismos significativos, logo o ideal é que coloquemos
em notação científica).
at i v i d a d e
N o Universo nos deparamos com distâncias astronômicas e com distâncias infimamente pe-
quenas. Também com tempos consideravelmente diferentes entre si. Podemos afirmar que os
fenômenos ocorrem em diferentes escalas de tempo. A seguir, é apresentada uma tabela com os tempos
respectivos, numa escala decimal, de diversos eventos:
tEMpo
EvEntos
EM sEgundos
1018 “Idade do Universo”
1015 Época do desaparecimento dos dinossauros
1014 Aparecimento do homem na Terra
109 Duração média da vida humana
106 O maior tempo possível que uma pessoa sobrevive sem comida
104 Período de rotação da terra
103 Tempo levado pela luz do Sol até a Terra
100 Período de um batimento cardíaco
10-1 um piscar de olhos
10-6 Período típico de ondas de rádio
Tempo que um computador demora para executar as instruções de
10-9
um software
10-12 Pulsos mais curtos produzidos por laser
10-15 Período da luz visível
10-18 Tempo que a luz leva para atravessar um átomo
10-20 Período de vibrações nucleares
10-25 Tempo levado pela luz para atravessar um núcleo
q U a n ta s h O r a s t e m 2 , 25 x 10 9 s ?
Sendo 1 hora = 3600 segundos, podemos dizer que o fator de conversão h/s é
1h /3600 s. Logo: 2,25 x 109 s = 2,25 x 109 s x 1h / 3600 s = 6,25 x 10 5 h.
q U a n t O s d i a s e q U i va l e m a 6 ,1 x 10 5 h ?
Tendo 1 dia 24 horas, podemos dizer que o fator de conversão dia/h é
1dia /24 h. Então 6,25 x 105 h = 6,25 x 105 h x 1dia /24 h = 2,60 x 104 dia.
at i v i d a d e s
tErra s
sol
vEnus
rigEl
Q uestões relativas ao espaço e tempo aparecem, muitas vezes, como sendo do âmbito dos físicos
e dos metafísicos e, desse modo, para os educadores, cria-se uma grande dificuldade ao se
analisar fenômenos espaços-temporais.Por outro lado, para entender tais fenômenos bastaria partir da con-
sideração que o tempo é um elemento da psicologia, da filosofia, da história, da geografia, ou da sociologia?
afinal, a l g U é m p O s s U i U m a n O ç ã O m a i s a C e i ta
d e t e m p O e d e e s pa ç O ?
Como você define o tempo? E o espaço? Escreva o que pensa sobre isso e de-
pois re-escreva a partir do texto abaixo.
va m O s r efletir Um pOUCO. . .
Uma breve revisão na literatura permite encontrar o elemento tempo nas mais diversificadas vesti-
mentas, como: tempo social, tempo geográfico, tempo psicológico, tempo religioso, tempo geo-
lógico, tempo histórico, tempo físico; e assim por diante. O tempo com maior visibilidade na era das
tecnologias da informação e da comunicação é o tempo virtual também chamado de tempo real1.
Desse modo, para cada área, criou-se uma noção de tempo: para a física, criou-se um tempo físico;
para filosofia, um tempo filosófico; para história, um tempo histórico; e assim por diante. Isso demonstra
que diferentes noções de tempo são utilizadas em todas as partes do conhecimento, mas que essencial-
mente é o mesmo tempo2. Para o autor Prigogine3, as noções de passado e futuro desempenham papéis
diferentes em cada área do saber. Assim, os entendimentos são, algumas vezes, divergentes e aplicados nas
mais diversas situações.
1 Lévy, 1996; Mello, 2003.
2 Mello, 2003.
3 PRIGOGINE, Ilya. O fim das certezas: tempo, caos e as leis da natureza. São Paulo: Editora da UNESP, 1996.
Isso se deve ao fato de que a especulação dos filósofos desse período é voltada
para o mundo exterior, julgando-se encontrar aí também o princípio unitário de todas
as coisas. Nessa filosofia antiga, revela-se um processo de embate entre a natureza e a
linguagem; entre os quais as coisas são por si mesmas e são ditas em uma linguagem
que apresenta problemas tendo em vista sua convencionalidade. Assim, se aquilo que
se problematiza, a natureza, não tem um caráter estável, mas trata-se de algo em cons-
tante mudança, pode-se entender que o tempo se apresenta sempre como algo ligado a
esse devir dos acontecimentos e o que se pretende com a linguagem é mencioná-lo em
sua permanente transformação.
O filósofo que bem representa esse período naturalista é Heráclito de Efeso, que
disse: “Tudo flui, nada persiste, nem permanece o mesmo”. Tudo seria devir; e esse devir
seria o princípio. E o tempo seria a primeira forma de devir. Considerava o tempo um
processo abstrato, um ser sensível, a essência verdadeira. Como devir, o tempo seria, para
ele, puro transformar-se, um puro conceito, algo simples, harmônico a partir de opos-
tos. Isto é, sua essência seria o ser e o não-ser, colocados em uma mesma unidade e ao
mesmo tempo separados. Assim, seria como se o tempo fosse e não fosse. O tempo
não poderia ser passado e futuro, somente presente, o agora.
Anaximandro de Mileto relacionava a pergunta da totalidade do exis-
tente com o tempo. Para ele, o tempo impõe a ordem, ou seja, permite a exis-
tência do cosmos. Esse filósofo postulava uma teoria da origem do universo
que defendia que este era o resultado da separação de matéria primária.
Sustentava ainda que todas as coisas voltariam com o tempo ao elemento que as
originou.
Entre os pré-socráticos que discorreram sobre o tempo, pode-
mos ainda citar Parmênides de Eléia, que fundou a metafísica ociden-
tal com sua distinção entre ser e não ser. Postulou que a eternidade do
ser não se concebe como um devir infinito, mas precisamente como a
ausência de todo devir, a ausência, em definitiva, do tempo. Parmêni-
des formulou a primeira noção de eternidade quando declarou que o tempo era
contínuo e inteiro. Enquanto, Melisso de Samos, declarou que o ser sempre
é, sempre foi e sempre será, formulando a noção de infinito. (parece que
falta alguma palavra)
Tanto em Parmênides como em Melisso é notório que o problema
parMênidEs dE Eléia do ser aparece juntamente com a questão do tempo e, subjacente a isso,
(530 a.C. - 4 6 0 a.C) aflora a noção de substância que pode ser considerada como presença. Veri-
1 Ilya Prigogine é premio Nobel de Química, professor da Universidade Livre de Bruxelas e da Universidade do Texas, EUA.
eXemplO:
O que claramente é descrito por Santo Agostinho é que não há tempo futuro, nem
pretérito. O que tornaria impróprio afirmar que os tempos são três: passado, presente
e futuro. Para ele, o correto seria dizer que os tempos são os seguintes: “presente
das coisas passadas; presente das coisas presentes; presentes das coisas futuras.”
Dessa forma, para Santo Agostinho, o tempo cíclico seria sinônimo de desespero,
porque somente o modelo de tempo linear e progressivo poderia fundamentar a
esperança que, juntamente com a fé, remeteria ao futuro, o que não existiria se os
at i v i d a d e s
6
(Hawking, 2001).
7
(Hawking, 2001).
eXemplO:
Como descrever o computador? Como é que, ao vê-lo, sabemos que é
um computador? O que se passa precisamente neste ato de conhecimento? O
que é que está subentendido nesse reconhecimento, pelo qual podemos dar a
um fenômeno particular o nome de uma essência geral? O que se passa precisa-
mente quando se formula um juízo, quando se diz que isto é aquilo? A fenomeno-
logia só se ocupa das essências, entendidas como o objeto do ato de conhecimento.
13
Chauí, 2002; Merleau-Ponty, 1975.
14
Chauí, 2002.
algUns d e f i n i ç õ e s p O s s í v e i s d e e s pa ç O :
at i v i d a d e s
17
Sociólogo e comunicólogo canadense (1911-1980).
(d)
A s forças naturais são responsáveis por todos os processos dinâmicos observáveis no Universo e
também a formação da estrutura da matéria. Os cientistas classificam as forças naturais em qua-
tro categorias: gravitacional, eletromagnética, nuclear forte e nuclear fraca (embora a teoria de Weinberg-
Salam classifique as forças eletromagnética e nuclear fraca dentro de uma mesma categoria unificada). Tais
forças se diferenciam em suas características principais e quais são os tipos de fonte (ver tabela).
Todas as forças presentes no mundo e no Universo podem ser classificadas numa dessas categorias.
Por exemplo, a força que sentimos quando alguém aperta nossa mão ou pisa em nosso pé. Mas qual dessas
quatro forças corresponde à dor que sentimos devido ao pisão?
Vamos primeiro, analisar as características das quatro forças antes de responder essa questão.
Fg = G mM
r2
onde m e M são duas massas que se atraem, r é a distância entre elas e G é a constante
gravitacional universal (= 6,67 x 10-11 m3kg-1m-2).
Assim, quanto maiores forem as massas (ou seja, quanto mais “quilos” corres-
ponderem os corpos) e quanto menor a distância entre elas, maior a força gravitacional.
Contudo, esta força tem uma intensidade relativamente pequena (o valor de G é peque-
no) o que requer grande quantidade de massa para que os seus efeitos sejam perceptí-
veis. Por exemplo, a gravidade da Terra é perceptível devido à sua grande massa (5,97 x
1024 kg). A gravidade na Lua, devido a sua massa menor, é menos intensa que na Terra.
Se a constante gravitacional fosse maior e, conseqüentemente, a força gravitacional fos-
se mais intensa, corpos de menor massa, como duas pessoas que sentam uma do lado da
outra sofreriam uma atração perceptível. Contudo, pela equação da força gravitacional,
a atração entre duas pessoas de 60 kg situadas a 1 metro uma da outra é de apenas 2,4
x 10-7 Newtons (1 Newton equivale à força necessária para erguer um objeto de 100
gramas), ou seja, desprezível.
Entretanto, apesar de menos óbvia, é a força eletromagnética que rege a maior
parte dos fenômenos que influenciam a nossa vida. Como o nome já diz, ela se compõe
de forças elétricas e magnéticas. As características fundamentais da força elétrica foram
“decifradas” por Charles Augustin de Coulomb (1736 - 1806): cargas de mesmo sinal
se repelem e cargas de sinais opostos se atraem com uma intensidade proporcional ao
produto das cargas e inversamente ao quadrado da distância que as separam:
Fe = K qQ
r2
Neste caso, a constante de proporcionalidade, K, é a constante de Coulomb,
igual a aproximadamente 9 x 109 Nm2/c2.
Note que o valor da constante de Coulomb é bem maior que o da constante
gravitacional universal. Isso aliado ao fato de que os valores das massas das partículas
fundamentais, como os elétrons, é menor que o valor de suas cargas faz com que, por
exemplo, a intensidade da força elétrica entre dois elétrons seja 1042 maior que a força
gravitacional entre eles (verifique isso comparando os valores de Fe e Fg calculados pe-
las equações acima, levando-se em conta que a carga do elétron é 1,6 x 10-19 Coulomb
e sua massa 9,1 x 10-31 kg).
Já a força magnética aparece quando cargas elétricas estão em movimento. O
movimento dos elétrons em torno do núcleo pode fazer surgir um campo magnético
em torno de cada átomo, formando um pólo norte e um pólo sul magnéticos em cada
n " p+ + e-
p+ " n + e +
e + + e- " c
E = mc2
1. Considere que, num determinado instante, dois elétrons estão a uma distân-
cia um do outro de 10-10 m, calcule as intensidades das forças gravitacional
e elétrica entre eles, levando-se em conta que a carga elétrica de cada um é
1,6 x 10-19 C e a massa, 9 x 10-31 kg. Qual é a força de maior intensidade? Qual
é a razão entre as intensidades das duas forças? Cuidado com os algarismos
significativos.
Logo após o Big Bang, surgem os prótons, nêutrons e elétrons que podem
se agrupar para formar todos os elementos da Tabela Periódica. Contudo, para que
um átomo seja constituído, é necessário que a densidade de energia do Universo não
seja tão alta – pois as partículas teriam uma energia tão alta que não se manteriam
juntas – e, ao mesmo tempo, as partículas não estejam tão separadas umas das ou-
tras, tornando uma aproximação aleatória um evento extremamente raro. Acontece
que a expansão do Universo foi um processo muito rápido. Na fase de combinação
de prótons, nêutrons e elétrons, o Universo já era tão grande que não permitia mais
um encontro casual de um número grande partículas para formar átomos com vários
prótons e neutrons. De fato, segundo a teoria desenvolvida por George Gamow,
em 1946, apenas se formaram, no Big Bang, átomos de hidrogênio, hélio e porções
extremamente pequenas (numa proporção de 1 para 10 bilhões) de lítio e berílio.
Então, como se formaram os outros átomos, como o de carbono, nitrogênio e oxigê-
nio, que são tão abundantes na Terra ou como os átomos de urânio, que contêm 92
protons?
A resposta a essa questão aponta para o interior das estrelas.
Conforme o texto deste fascículo, o processo de liberação de energia de uma
estrela é provocado pelo fenômeno da fusão nuclear, que, por sua vez, advém da
grande compressão oriunda da atração gravitacional da sua massa. Estrelas de massa
semelhante ao Sol são capazes de fundir núcleos de átomos de hélio. Contudo, exis-
tem estrelas muito maiores que o Sol, capazes de fundir elementos de maior número
atômico (o processo é denominado nucleossíntese), incluindo o urânio (o elemento
estável de maior número atômico), que é gerado em estrelas de primeira grandeza.
Mas é necessário explicar também como tais elementos podem estar presentes
em partes do Universo que não sejam o interior de uma estrela, como na Terra, por
exemplo.
A estrutura de uma estrela não é algo que possa propriamente ser classificada
como em equilíbrio. Ela é constituída por fenômenos complexos em que duas ten-
dências principais estão em contraposição: a gravidade provocada pela massa da es-
trela que comprime toda a sua matéria para o seu centro de massa e a energia liberada
pelo processo de fusão que provoca uma pressão de dentro para fora que se contrapõe
à compressão gravitacional.
Normalmente, numa estrela qualquer, essas duas tendências variam de forma
que o seu tamanho também varia com uma periodicidade não muito regular. Em
alguns momentos, a força gravitacional supera a pressão da radiação e a estrela dimi-
nui ligeiramente de tamanho. Isso provoca o aumento da taxa de fusão, aumentando
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