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06/02/2018 Mises Brasil - A geração e o estouro da bolha imobiliária nos EUA - e suas lições para o Brasil

A geração e o estouro da bolha imobiliária nos EUA - e


suas lições para o Brasil

economia

George Reisman quarta-feira, 22 set 2010

N. do T.: com as notícias cada vez mais constantes sobre fartura de crédito
aqui no Brasil para o setor imobiliário, preços em constante ascensão e, agora, a possibilidade de
utilizar o próprio imóvel para garantir mais empréstimos (ver aqui e aqui), vale a pena rever como
se deu a bolha imobiliária nos EUA, e tentar aprender com suas lições.

Toda a turbulência gerada nos mercados de crédito americano e mundial, causada pelo colapso da
bolha imobiliária americana, pode ser entendida à luz da teoria dos ciclos econômicos
desenvolvida por Ludwig von Mises e F.A. Hayek. Esses autores mostraram que a expansão do
crédito distorce o padrão de gastos e de investimentos no sistema econômico. Essa distorção, por
sua vez, leva a um desperdício de capital (materiais e equipamentos) em larga escala, gerando
prejuízos e, consequentemente, preparando o terreno para uma subsequente contração do crédito,
exatamente o que ocorreu no segundo semestre de 2007 e que gerou toda a crise em 2008. (Em
prol dos leitores não familiarizados com a expressão, expansão do crédito é a criação de dinheiro
pelo sistema bancário e seu consequente empréstimo a juros artificialmente baixos).

A origem de todo esse problema remonta ao estouro da bolha formada na bolsa de valores
americana no início da década de 2000. Em um esforço para evitar as inevitáveis consequências
deflacionárias de todo estouro de bolha, o Banco Central americano (o Fed) cortou a taxa básica de
juros, reduzindo-a de 6,25% no final de 2000 para apenas 1% já em 2003.

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Esses cortes nos juros foram feitos por meio de várias injeções de dinheiro criado do nada pelo
Banco Central no sistema bancário. A taxa básica de juros é a taxa que os bancos cobram entre si
no mercado interbancário para tomar e conceder empréstimos de dinheiro que compõe suas
reservas monetárias, reservas essas que eles são obrigados pelo BC a manter em determinado
percentual do total de suas contas-correntes. (Ver mais sobre esse mecanismo aqui).

O dinheiro criado pelo BC cai direto na conta que os bancos têm junto ao BC. Essa conta forma
suas reservas. Esse contínuo influxo de novas e adicionais quantidades de dinheiro nas reservas do
sistema bancário possibilitou aos bancos criarem mais contas-correntes, para benefício dos
tomadores de empréstimos. Essas novas contas-correntes foram criadas em um múltiplo de dez ou
mais vezes a quantidade de novas reservas criadas pelo BC, e possibilitaram a concessão de mais
empréstimos em uma escala correspondentemente maior.

Essa acentuada queda nas taxas de juros particularmente encorajou os americanos a pegarem
empréstimos para financiar a compra de imóveis. A razão para tal foi o forte declínio no valor do
pagamento mensal das hipotecas, resultado do substancial declínio nas taxas de juros. Veja o
gráfico do declínio nos juros das hipotecas:

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As novas contas-correntes criadas eram formadas por dinheiro criado do nada pelo sistema
bancário de reservas fracionárias, e que foi emprestado para tomadores de empréstimo de histórico
duvidoso. O colateral utilizado nesses empréstimos era o imóvel que o tomador estava adquirindo.
Enquanto esse dinheiro recém-criado ia sendo jogado no mercado imobiliária a taxas crescentes, os
preços dos imóveis subiram e a maioria das pessoas parecia estar prosperando.

Porém, começando em 2004, e continuando durante todo o ano de 2005 até a primeira metade de
2006, por medo das consequências inflacionárias de sua política, o Fed começou a aumentar
gradualmente a taxa básica de juros. Ele fez isso reduzindo a injeção de dinheiro nas reservas do
sistema bancário. Veja a escalada da taxa básica de juros americana:

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Assim que essa política teve êxito em estancar a aceleração da expansão do crédito que até então
estava indo para o mercado imobiliário, os fundamentos para um aumento contínuo nos preços dos
imóveis foram removidos — pois a redução da expansão do crédito significou uma redução na
demanda por imóveis. Ademais, a redução da expansão do crédito provocou um aumento nos
juros das hipotecas:

Como houve de fato uma queda na expansão do crédito, a demanda por imóveis inevitavelmente
teve de cair. Isso porque um dos principais componentes da demanda por imóveis eram
exatamente os fundos gerados pela expansão do crédito. Um declínio nesse componente gerou um
equivalente declínio na demanda geral por imóveis. O declínio na demanda por imóveis foi,
obviamente, seguido de um declínio nos preços dos imóveis.

Os preços dos imóveis também tiveram de cair simplesmente por causa do repentino aumento da
oferta de imóveis a venda: como vários imóveis haviam sido comprados na expectativa de que seus
preços iriam aumentar continuamente, tão logo ficou comprovado que isso não mais iria acontecer,
seus moradores trataram rapidamente de colocá-las a venda e lucrar o que fosse possível.

Essa queda na demanda e nos preços dos imóveis deixou a mostra algo assustador: uma massa de
dívida hipotecária que era literalmente impagável. Ela também revelou uma correspondente massa
de capital mal investido e desperdiçado: o capital utilizado para conceder os impagáveis
empréstimos hipotecários. Não apenas, dinheiro, mas também recursos, materiais, mão-de-obra,
ferramentas — coisas naturalmente escassas — foram retirados de outros setores e empregados em
uma área que se revelou um completo erro. Houve desperdício de bens que não mais poderão ser
utilizados produtivamente.

A perda dessa vasta quantia de capital acabou por solapar todo o resto do sistema econômico
americano.

Os bancos e outras entidades que concederam tais empréstimos tornaram-se imediatamente


incapazes de continuar com suas operações de empréstimo na mesma escala de antes — e, em
alguns casos, em escala nenhuma. Como seus devedores não mais tinham condições de quitar seus

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empréstimos, os bancos ficaram sem fundos com os quais conceder mais empréstimos ou mesmo
renovar os empréstimos pendentes. Pra continuarem operando, os bancos não apenas não mais
podiam continuar concedendo empréstimos no mesmo volume de antes, como também, em muitos
casos, eles próprios tiveram de começar a pedir empréstimos, com o intuito de cumprir
compromissos financeiros assumidos anteriormente e que agora estavam vencendo.

Consequentemente, gerou-se uma situação em que havia tanto uma redução da oferta de fundos
disponíveis para empréstimo quanto um aumento na demanda por fundos para empréstimo,
situação essa que foi apropriadamente descrita pela expressão "sufocamento do crédito" (credit
crunch).

O fenômeno do sufocamento do crédito foi reforçado pelo fato de que a expansão do crédito, assim
como qualquer outro aumento na quantidade de dinheiro, acaba por elevar os salários e os preços
das matérias-primas. A expansão do crédito, portanto, reduz o poder de compra de todos os fundos
de capital da economia. Isso também gera os mesmos resultados de um sufocamento tão logo as
torneiras da expansão do crédito sejam fechadas. Isso ocorre porque as empresas agora precisam
de mais fundos do que imaginavam precisar para completar seus projetos e, por isso, precisam
pegar mais empréstimos (ou emprestar menos para os bancos) a fim de obter esses fundos.

(O mesmo fenômeno ocorre em projetos de infraestrutura, para os quais os custos aumentaram


dramaticamente ao longo dos anos, o que fez com somas correspondentemente maiores de capital
passassem a ser necessárias para completar os mesmos projetos.)

Ademais, o declínio que inevitavelmente ocorre no mercado de ações e no mercado de títulos


privados após a expansão do crédito ser interrompida gera uma redução nos ativos disponíveis para
o financiamento de atividades empreendedoriais, o que só faz aumentar o fenômeno do
sufocamento do crédito.

A situação americana foi essencialmente similar a todos os episódios anteriores de ciclos


econômicos criados pela expansão do crédito. A única diferença é que, no caso americano, a
expansão do crédito alimentou um aumento da demanda por imóveis e, ao mesmo tempo, a maioria
dos fundos de capital criados por essa expansão do crédito foi investida em imóveis. Tão logo a
demanda por imóveis caiu — como resultado da redução da expansão do crédito —, a maior parte
dos fundos de capital investidos no setor imobiliário revelou-se um investimento errôneo.

Na maioria dos ciclos econômicos anteriores, a expansão do crédito alimentava uma demanda
adicional por bens de capital, e grande parte dos fundos de capital criados pela expansão do crédito
era investida na produção de bens de capital. Quando a expansão do crédito se reduzia, a demanda
por bens de capital caía, e grande parte dos fundos de capital investidos na produção de bens de
capital acabava se revelando um investimento errôneo.

Em todos os exemplos de expansão do crédito, o fator que está sempre presente é a introdução no
sistema econômico de uma grande massa de fundos de capital que, enquanto dura, tem a aparência
de riqueza real e fornece a base para um acentuado aumento no poder de compra e um
correspondente aumento nos preços dos ativos. Infelizmente, assim que a expansão do crédito que
criou esses fundos de capital diminui, as bases para a lucratividade dos fundos até então criados
pela expansão do crédito são extintas. Isso ocorre porque esses fundos são normalmente investidos
em projetos cuja lucratividade depende de uma demanda que só pode ser mantida pela contínua
expansão do crédito.

Após a expansão do crédito ser interrompida, tanto hoje quanto no passado, o sistema econômico
sofre uma real implosão do crédito e dos gastos. A massa de fundos de capital jogada no sistema
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econômico pela expansão do crédito rapidamente começa a se evaporar (os hedge funds da Bear
Stearns e o Lehman Brothers foram um ótimo exemplo), com o potencial de aniquilar outros
fundos de capital já existentes na economia.

Como consequência do sufocamento do crédito, empresas com dívidas vincendas simplesmente se


tornam incapazes de pagá-las. Elas não conseguem renovar os empréstimos que pegaram e nem
substituí-los. Essas empresas se tornam insolventes e vão à falência. Tentativas governamentais
de se aliviar as condições de tais empresas podem facilmente precipitar um processo de contração
financeira e deflação.

Isso ocorre porque a iminência da incapacidade de se honrar as dívidas leva a um aumento na


demanda por dinheiro em caixa. As empresas precisam elevar seu efetivo em caixa com o intuito
de ter os fundos necessários para quitar as dívidas que estão para vencer. Elas não mais podem
contar com a facilidade de obter tais fundos de maneira fácil e lucrativa por meio de empréstimos
junto ao sistema bancário — o que elas faziam durante o período da expansão do crédito.
Tampouco elas serão capazes de lucrativamente obter fundos vendendo títulos ou outros ativos em
sua posse. Assim, além da quantidade qualquer de fundos que elas venham a obter de tal forma,
elas devem também tentar acumular fundos reduzindo seus gastos. Essa redução nos gastos,
entretanto, gera uma redução nas receitas e nos lucros de todo o sistema econômico, o que reduz
ainda mais — e agora de forma generalizada — a capacidade de pagamento das dívidas de toda a
economia.

Se tal processo de insolvência gerar um processo de falências bancárias — como houve nos EUA
—, a quantidade de dinheiro no sistema econômico será reduzida, pois o dinheiro eletrônico criado
pelo sistema bancário de reservas fracionárias desaparece junto com os bancos. É como se tal
dinheiro assumisse a forma de títulos podres que ninguém aceita como pagamento em troca de
bens e serviços.

Declínios na quantidade de dinheiro, e no volume de gastos que depende em parte da quantidade


de dinheiro que sumiu, resultam em mais falências e mais quebras bancárias, o que por sua vez
gera ainda mais declínios na quantidade de dinheiro, bem como mais aumentos na demanda por
dinheiro em caixa. Foi assim que ocorreu na Grande Depressão de 1929-1933.

Dados os poderes ilimitados que o Fed tem hoje para a criação de dinheiro, tal deflação da oferta
monetária foi evitada, ao custo de uma injeção de mais de um trilhão de dólares no sistema
bancário, o que dobrou a base monetária. Como explicou Gary North,

Isso significa que os bancos comerciais americanos estão hoje legalmente autorizados
a dobrar seu número de empréstimos, algo que iria dobrar a oferta monetária. Mas
os banqueiros estão tão assustados com o atual estado da economia que eles têm se
recusado a emprestar. Eles voluntariamente têm preferido deixar todo o seu excesso
de reservas depositado junto ao Fed, valor esse que chega a US$ 1,2 trilhão. É isso
que tem contrabalanceado o aumento da base monetária feito pelo Fed.

O provável resultado futuro, tão logo esse dinheiro começar a ser liberado pelo sistema bancário,
será um aumento nos gastos e nos preços de todos os bens, em um grau de magnitude suficiente
para superar mesmo o extremante poderoso ímpeto de contração e deflação gerado como resultado
do estouro da bolha imobiliária.
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Outro resultado do estouro da bolha, este já implementado quase que em sua totalidade, foi a
promulgação de ainda mais leis e regulamentações sobre a atividade financeira. Ignorantes em
relação ao papel essencial desempenhado pela expansão do crédito e ao papel do governo na
ocorrência dessa expansão creditícia, os políticos e a mídia iniciaram uma implacável campanha
acusatória, culpando a débâcle nos poucos aspectos da atividade econômica e financeira que ainda
estavam livres do total controle do governo.

Uma enorme depressão só foi evitada pela criação de mais de um trilhão de dólares pelo Fed, algo
que inevitavelmente cobrará seu preço futuro. Se algum dia o mundo quiser se ver livre dessa
montanha-russa econômica, com seus altos e baixos, gerada pelo papel-moeda fiduciário e de curso
forçado, livremente manipulado por burocratas, a única solução é a adoção de uma moeda livre de
manipulações e ingerências, uma moeda que seja escassa por natureza e de difícil criação: o ouro.

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