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Tresidentes
da
igreja
PRESTON NIBLEY
Tresidentes
da
igreja
OS PRESIDENTES DA IGREJA

Preston Nibley

"Um conforto é que, encarados sob qualquer


aspecto, os grandes homens são companhia
proveitosa . Não podemos examinar a vida de
um grande homem, por mais superficial-
mente que seja, sem dela obter algo . Ele é a
viva fonte de luz cuja proximidade é boa e
agradável."
Anônimo
PREFÁCIO

0 presente volume contém rápidas biografias dos doze


grandes homens que presidiram a Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias, desde a sua organização em abril de
1830, até os dias atuais . Estas biografias destinam-se aos lei-
tores que estão travando seu primeiro contato com a vida e as
atividades dos presidentes e que não têm tempo ou oportuni-
dade para leitura e investigação mais extensas.
Houve o máximo empenho para apresentar informes his-
tóricos exatos e, sempre que possível, foram citadas as pala-
vras dos próprios líderes.
Ao escrever estas biografias, fiquei profundamente im-
pressionado com a fé e devoção, o heroismo e grandeza desses
homens que presidiram sobre a Igreja . Homens assim viveram
raramente na terra ; homens devotados ao propósito de fazer a
palavra de Deus tornar-se uma realidade na própria vida e na
vida de seus seguidores ; homens que labutaram com o sublime
objetivo de edificar o reino de Deus na terra, em que prevale-
cesse unicamente a retidão . Eles são os homens eleitos na ter-
ra ; os autênticos benfeitores da humanidade . 0 tempo há de
conferir-lhes um lugar de honra entre os luminares da his-
tória .

Preston Nibley, Cidade do Lago Salga-


do, Utah .
INDICE

1. Joseph Smith 1
2. Brigham Young 31
3. John Taylor 63
4. Wilford Woodruff 91
5. Lorenzo Snow 123
6. Joseph F. Smith 159
7. Heber J . Grant 193
8. George Albert Smith 235
9. David 0 . Mckay 273
10. Joseph Fielding Smith 367
11 . Harold B . Lee 383
12 . Spencer W. Kimball 413
Índice remissivo 425
JOSEPH SMITH
PRIMEIRO PRESIDENTE

JOSEPH SMITH - O PROFETA


(1805-1844)

Joseph Smith, o Profeta, destaca-se de todos os outros


homens por sua vida e obra, e pela natureza de suas grandes
realizações . Veio ao mundo numa época em que era crença
geral que profetas eram seres de "outras eras" e que a pala -
vra escrita de Deus estava completa, conforme consta do Li-
vro Sagrado (Bíblia) . Essas crenças seriam negadas e cabal-
mente desacreditadas por ele e, antes de sua morte prematu-
ra, iria lançar os fundamentos de uma "igreja e reino" que,
conforme declarou em numerosas ocasiões, crèsceria e flores-
ceria "até encher a terra inteira" . O tempo vem paulatina-
mente confirmando suas afirmações ; seus seguidores conside-
ram-no um dos maiores profetas nos anais da humanidade.
As atividades desse notável homem têm início na Nova
Inglaterra, em princípios do século dezenove . Os pais, Joseph
Smith e Lucy Mack Smith, eram agricultores que se haviam
estabelecido no Condado de Orange, Vermont . Ali nasceram-
lhes três filhos, sendo que, por algum tempo, prosperaram nas
lides agrícolas . Quando surgiram os reveses, transferiram-se
para o Condado de Windsor, onde arrendaram uma fazendola
do pai da sra . Smith . Ali, a 23 de dezembro de 1805, nascia-
lhes o quarto filho e terceiro menino, ao qual deram o nome de
Joseph Jr.
Durante sua primeira infância, a família foi perseguida
pelo infortúnio . O pai, homem justo, tentou a lavoura em vá-
rias localidades, sem, contudo, conseguir muito resultado.
Quando o menino tinha seis anos, ele e os irmãos (tendo nasci-
do mais dois) foram acometidos de febre tifóide . Joseph Jr.
logo se recuperou, porém ficou com uma infecção que logo
atingiu os ossos da perna entre o tornozelo e o joelho . Os médi-

2 OS PRESIDENTES DA IGREJA

cos consultados acabaram decidindo operar e remover os os-


sos infectados . Naqueles tempos, clorofórmio ou anestésicos
eram coisa desconhecida . Quiseram dar aguardente ou vinho
ao menino para amenizar a dor, mas ele recusou-se, dizendo:
"Se meu pai sentar-se na cama e me segurar em seus braços,
eu farei tudo o que for preciso para que possam extrair o os-
so" . E assim procedeu-se à primitiva operação . Por mais es-
tranho que possa parecer, não houve complicações . Com os
ternos cuidados da mãe, a ferida logo cicatrizou, embora o
garoto continuasse manco por alguns anos.
Em 1816, quando Joseph Jr . tinha dez anos, o pai, pre-
tendendo melhorar sua sorte, abandonou Vermont, mudando-
sé para a parte oeste de Nova York, onde se estabeleceu no
vilarejo de Palmyra. Ali, ele e os filhos aceitaram todo e qual-
quer trabalho para se manterem . Eram pobres, porém hones-
tos e honrados cristãos.
Por volta de 1818, o pai comprou quarenta hectares de
matas localizadas a uns três quilômetros e meio ao sul de Pai-
myra . Pai e filhos logo construíram uma cabana de troncos
para abrigar a família . Pretendiam estabelecer-se permanen-
temente nessa propriedade e tornarem-se independentes . Em
pouco tempo, desmataram uma gleba considerável, plantaram
trigo e milho, e bordos sacarinos.
Em 1820 a família Smith começou a interessar-se viva-
mente por questões religiosas . Em Palmyra, realizavam-se
reuniões para despertar o fervor religioso, com várias igrejas
empenhando-se em arranjar conversos . A sra. Smith e seus
filhos Hyrum e Sophronia filiaram-se à Igreja Presbiteriana . O
garoto, Joseph Jr ., travou conhecimento com o ministro meto-
dista e simpatizava com esta seita, embora nunca a ela se
filiasse formalmente . Então aconteceu algo na vida do jovem,
cujo relato, passados mais de cem anos, ainda é capaz de emo-
cionar e inspirar — algo que continuará emocionando e inspi-
rando o coração dos crentes pelos séculos vindouros . Joseph
Jr. conta que resolveu ir até um bosque existente no sítio do
pai e, ajoelhado, pedir a Deus que o fizesse saber qual das
igrejas era a verdadeira e a qual delas deveria filiar-se.
E assim fez ; então apareceram, à plena luz do dia, "em
pé, acima de mim, no ar", "dois Personagens cujo resplendor
e glória desafiam qualquer descrição . . . Um deles falou-me,

JOSEPH SMITH—O PROFETA 3

chamando-me pelo nome, e disse, apontando para o outro : —


Este é o meu Filho Amado . Ouve-o!"
Joseph perguntou aos dois seres celestiais qual das igrejas
estava certa e a qual delas deveria filiar-se . Foi informado de
que a verdadeira igreja não estava sobre a terra . " . . . proibiu
que me unisse a qualquer delas ; e muitas outras coisas me
disse que não posso, no momento, escrever ."
Os adeptos de Joseph Smith, conhecidos como santos dos
últimos dias, atualmente somando milhões espalhados por to-
das as partes do mundo, aceitam essa visão como o mais im-
portante evento da história moderna . Essa visão restituiu
Deus ao mundo! Numa época em que a própria existência de
Deus era negada, a visão revelou os personagens do Pai e do
Filho, fazendo a humanidade saber que eles governam e rei-
nam nos céus, e que se importam com aqueles que os pro-
curam.
Depois dessa sublime visão, , por mais de três anos não
ocorreu nada de especial na vida do rapaz Joseph Jr . Conti-
nuou trabalhando com os pais e irmãos na lavoura . A família
estava construindo uma casa nova para morar, o que era uma
luta e tanto . Contudo, conseguiram concluí-la, e ela existe até
hoje
Na noite de 21 de setembro de 1823, Joseph Jr . havia-se
retirado para seu quarto e estava imerso em oração, quando
ocorreu a segunda de suas notáveis visões . "O quarto ficou
todo iluminado, e vi um mensageiro celestial diante de mim o
qual disse chamar-se Morôni, que vinha da presença de Deus,
que Deus tinha um importante trabalho a ser feito por mim, e
que meu nome seria conhecido por bem ou por mal entre todas
as nações ." Prosseguindo, "disse que havia um livro deposita-
do [numa colina das imediações], escrito sobre placas de ouro,
dando conta dos antigos habitantes deste continente, assim
como o relato de sua procedência . Declarou também que nele
se encerrava a plenitude do Evangelho eterno, como foi entre-
gue pelo Salvador aos antigos habitantes ; disse mais, que ha-
via duas pedras em arcos de prata — e estas pedras presas a
um peitoral constituíam o que é chamado de Urim e Tumim __
depositadas com as placas ; e que a posse e uso destas pedras
era o que denominavam os "videntes" nos tempos antigos ou

4 OS PRESIDENTES DA IGREJA

primitivos ; e que Deus as tinha preparado com o fim de tradu-


zir o livro".
Esta é a história correta da origem do Livro de Mórmon,
segundo nos é dada pelo próprio Profeta . Após uma espera de
quatro anos, durante os quais procurou preparar-se para seu
grande trabalho, as placas finalmente foram entregues nas
mãos de Joseph Jr ., no dia 22 de setembro de 1827, pelo mes-
mo mensageiro que o informara a respeito delas.
No meio tempo, a 18 de janeiro de 1827, Joseph casara-
se com a srta . Emma Hale, de Harmony, Pennsylvania . Depois
de receber as placas, Joseph transferiu-se para a casa do so-
gro, em Harmony, onde iniciou, em abril de 1828, a tradução
do registro sagrado, tendo como escrevente um morador de
Palmyra chamado Martin Harris . Tendo eles completado cen-
to e dezesseis páginas do manuscrito, Martin Harris pediu per-
missão a Joseph para voltar para Palmyra e mostrá-las a pa-
rentes e amigos. O precioso documento nunca voltou às mãos
do jovem Profeta, sendo perdido ou destruído pela traição dos
que não acreditavam no seu chamado divino . Joseph, profun-
damente desencorajado por essa perda, só retomou o trabalho
de tradução em abril de 1829, quando chegou de Palmyra o
jovem mestre-escola Oliver Cowdery, que se ofereceu para
ajudá-lo . O trabalho agora progredia rapidamente, sendo ter-
minado em junho de 1829, na casa de Peter Whitmer, em
Fayette, Nova York.
Para aumentar ainda os maravilhosos prodígios ocorridos
em sua vida, Joseph informou a parentes e amigos que, duran-
te o trabalho de tradução, ele e Oliver Cowdery haviam sido
visitados por João Batista que os ordenara ao Sacerdócio Aa-
rônico e mandara que se batizassem mutuamente por imersão
num rio próximo . Foram visitados igualmente pelos antigos
apóstolos Pedro, Tiago e João, os quais os ordenaram ao apos-
tolado no Sacerdócio de Melquisedeque.
Além disso, em junho de 1829, deu-se a visão das Três
Testemunhas — segundo consta no Livro de Mórmon, em que
as placas sagradas foram mostradas a Oliver Cowdery, David
Whitmer e Martin Harris pelo Anjo Morôni, e eles ouviram a
voz de Deus declarar que a tradução feita era correta.
Joseph encontrou muita dificuldade para arranjar quem
publicasse seu manuscrito sagrado . Ele estava só, sem dinhei-

JOSEPH SM!TH—0 PROFETA 5

ro e era ridicularizado aonde fosse, por causa de suas afirma-


ções aparentemente pretensiosas . A lealdade de Martin Har-
ris, seu vizinho de Palmyra, provou-se mais uma vez . Ele ofe-
receu-se para hipotecar seu sítio em favor da impressão do
livro. Com tal garantia, E . B . Grandin, de Palmyra, logo ace-
deu em imprimir uma edição de cinco mil volumes, pelo soma
de US$ 3 .000 . Em março de 1830, o trabalho estava con-
cluído.
O Livro de Mórmon poderia ser chamado de Escritura
americana, de importância igual à Bíblia . A princípio, não foi
bem recebido pelos cidadãos de Palmyra que se recusavam a
comprá-lo, achando tratar-se de uma fraude e trapaça . Paula-
tinamente, porém, o livro abriu caminho por seu próprio méri-
to. Nos anos decorridos desde sua primeira edição em 1830,
numerosas outras edições têm sido publicadas nos Estados
Unidos e outros países . Os santos dos últimos dias crêem que o
Livro de Mórmon comprovou agora o que Joseph Smith afir-
mava a seu respeito em 1830 — que é um registro autêntico
de povos antigos que habitaram este continente ; que foram
visitados por Cristo aqui, após seu ministério na Palestina,
quando estabeleceu a sua igreja entre eles.
Umas poucas semanas depois da publicação do Livro de
Mórmon, no dia 6 de abril de 1830, Joseph reuniu-se com
cinco moços na casa de Peter Whitmer, em Fayette, Nova
York, e organizou oficialmente a Igreja de Jesus Cristo . Esses
primeiros membros foram : Oliver Cowdery, David Whitmer,
Peter Whitmer Jr . e dois irmãos de Joseph, Hyrum e Samuel
Smith ; Hyrum Smith era o mais velho do grupo, tendo justa-
mente completado trinta anos, e o mais jovem era Samuel
Smith, que três semanas antes atingira os vinte e dois . Portan-
to, era nitidamente uma igreja de moços.
Após a . organização da Igreja, Joseph via claramente o
curso a seguir, e o trabalho que devia fazer estava definido em
sua mente . Primeiro, o recém-revelado Evangelho conforme
exposto no Livro de Mórmon e nas revelações que recebia de
tempos em tempos, devia ser pregado em todo o mundo . Então
os que realmente acreditavam e rendiam obediência aos prin-
cípios e ensinamentos, deviam congregar-se num lugar ainda
a ser indicado nas terras da América e construir uma cidade
santa, um lugar onde pudessem adorar o Senhor em retidão e

6 OS PRESIDENTES DA IGREJA

paz. Era um objetivo glorioso ainda assim, os jovens cha-


mados a empreender a obra eram pouco instruídos e pobres
em posses terrenas . Joseph, porém, estava firmemente decidi-
do a executar os mandatos recebidos de Deus . Não havia co-
mo desencorajá-lo .
II

Todos os miraculosos acontecimentos relacionados ao


surgimento da Igreja deram-se na parte ocidental de Nova
York ; todavia, Joseph obteve pouca reação por parte dos mo-
radores dali e pouco incentivo ou sucesso, excetuando a pró-
pria família e uns raros amigos . O povo em geral não o com-
preendia, ridicularizando-o e perseguindo-o, mesmo a ponto
de causar-lhe danos físicos . Os missionários que foram para
Ohio, Oliver Cowdery, Parley P . Pratt e outros, tiveram mais
sucesso em fazer conversões do que Joseph em Nova York.
Durante a última parte de 1830 e os primeiros meses de
1831, perto de mil conversos haviam sido batizados na região
de Mentor, Ohio . Então, em data de 2 de janeiro de 1831, veio
a palavra do Senhor ao jovem Profeta : " . . vos dei o manda-
mento, dizendo que devereis ir a Ohio ; e lá vos darei a minha
lei ; e lá sereis dotados com o poder do alto ; e daí por diante, os
que eu escolher sairão entre as nações, e a eles será dito o que
deverão fazer ; eis que tenho um grande trabalho em reserva,
pois Israel será salva, e a guiarei para onde quer que eu dese-
jar, e nenhum poder impedirá a minha mão " . (D&C 38 :32-33)
Assim, Ohio tornou-se o primeiro lugar indicado para a
congregação dos santos ; em poucas semanas, o Profeta trans-
feriu sua residência para lá, fazendo a viagem de trenó e che-
gando em Kirtland em princípios de fevereiro . Praticamente
todos os membros de Nova York seguiram-no durante a pri-
mavera e verão de 1831 . Constantemente faziam-se novos
prosélitos em Ohio, e a 1° de junho de 1831 a congregação da
Igreja somava perto de duas mil almas.
A 6 de junho de 1831, realizava-se em Kirtland uma con-
ferência geral da Igreja . Enquanto estavam ainda em sessão, o
Profeta recebeu uma revelação de que a conferência seguinte
deveria realizar-se no Missouri, "na terra que consagrarei ao
meu povo ; a terra de vossa herança " . Assim estava designado

JOSEPH SMITH—0 PROFETA 7

o lugar de congregação permanente dos santos ; devia ser na


parte ocidental do Missouri, "nas fronteiras, próximo aos la-
manitas" (na época, a civilização terminava no Missouri; a
oeste de lã, só havia índios . N. do T .)
No dia 19 de junho, Joseph, Sidney Rigdon, Martin Harris
e outros irmãos partiram de Kirtland para o Missouri, a fim de
verem pela primeira vez "a terra de nossa herança, o local da
cidade de Nova Jerusalém" . A viagem foi feita de carroção,
diligência e barco até St . Louis . A partir dali, Joseph, Martin
Harris, William W . Phelps e outros foram a pé até Independen-
ce, um trajeto de quase quinhentos quilômetros . Um dia após
chegarem ao destino, Joseph recebeu uma revelação desig-
nando Independence e as terras circunvizinhas como o lugar
de congregação, "e o Senhor designou o ponto exato em que
um templo devia ser erigido à sua glória".
Quase que imediatamente depois desta revelação, os san-
tos começaram a reunir-se no Condado Jackson, e por volta do
outono, várias centenas deles estavam ali estabelecidos . Em
Independence, iniciou-se a publicação de um jornal intitulado
Evening and Morning Star.
Entrementes, Joseph havia voltado para Kirtland, onde
retomou sua tarefa de revisar e elucidar a Bíblia . Este e outros
deveres pertencentes ao seu cargo de presidente da Igreja
ocuparam-lhe o tempo durante o inverno de 1831/32 . Em
março de 1832, enquanto residia na casa de John Johnson em
Hiram, Ohio, Joseph foi arrancado da cama, à noite, pelo po-
pulacho, arrastado para um campo próximo, onde o cobriram
de alcatrão e penas e o largaram espancado e ferido . Foi obra
de certos apóstatas da Igreja e clérigos sectários que haviam
jurado destruí-lo.
Recuperando-se sem demora dos efeitos do tratamento
infligido pelo populacho, Joseph passou a primavera e parte
do verão de 1832 visitando mais uma vez os santos radicados
no Missouri . Para estes, foi uma grande alegria contar com a
presença do Profeta . Ele era sempre uma inspiração para o
seu povo.
Voltando para Kirtland no fim do verão, Joseph retomou
o trabalho de "traduzir" as Escrituras . Entrementes, a Igreja
em Kirtland fortalecia-se constantemente com a chegada de
novos conversos . Em novembro, Brigham Young e Heber C .

8 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Kimball fizeram a viagem do oeste de Nova York até lá, encon-


trando o Profeta pela primeira vez . Por ocasião desse encon-
tro, Brigham Young tinha trinta e um anos de idade, e ao Pro-
feta faltavam uns poucos meses para completar os vinte e se-
te . Consta que já então Joseph comentou que algum dia Bri-
gham Young viria a presidir a Igreja.
No início de 1833, em Kirtland, o Profeta tornou pública
uma revelação conhecida como a Palavra de Sabedoria, . Esta
revelação que adverte contra o uso de tabaco, bebidas alcoóli-
cas e bebidas quentes de todo o tipo, tem exercido importante
papel na moldagem da vida dos santos dos últimos dias, tor-
nando-os um povo sóbrio e trabalhador.
Em princípios do verão de 1833, um grupo de moradores
do Missouri, consta que uns trezentos, reuniram-se em Inde-
pendence, com o propósito de traçar planos para impedir os
mórmons de se estabelecerem na região oeste do Missouri e
expulsar os que já estavam lá . Eles temiam principalmente
que os santos dos últimos dias ali se estabelecessem em tal
número, a ponto de dominar as eleições e apossar-se dos vá-
rios postos oficiais do condado . Esse temor talvez não fosse
infundado, pois os santos chegavam continuamente a Inde-
pendence e vizinhanças, e por volta de julho, estimava-se que
uns mil e duzentos estavam estabelecidos no Condado de
Jackson.
Durante os últimos dias de julho, um populacho de qui-
nhentos homens, liderados por políticos e clérigos sectários,
reuniu-se em Independence e emitiu uma proclamação, orde-
nando aos santos que abandonassem imediatamente o conda-
do . Os santos pediram um prazo de dez dias para estudar a
proclamação, sendo-lhes respondido que "quinze minutos"
bastavam . O populacho, então, pôs-se a queimar as casas dos
santos, espancar os homens, roubar o gado e destruir as plan-
tações . Todos os santos receberam ordem de abandonar o con-
dado e não voltar nunca mais . Se voltassem, avisaram, seriam
mortos.
Na ocasião da violência do populacho no Missouri, o Pro-
feta Joseph éstava em Kirtland . Foram realmente notícias pe-
nosas para ele ouvir que os santos haviam sido expulsos do
Condado de Jackson . Escreveu-lhes, instando que suportas-
sem as aflições com paciência . Disse que aqueles chamados a

JOSEPH SMITH—0 PROFETA 9

dar a vida pela causa de Cristo, seriam recompensados com a


vida eterna . "Após muita tribulação, vêm as bênçãos . - Prome-
teu-lhes também que algum dia, no futuro, "Sião seria redimi-
da em poder".
Em princípios de 1834, o Profeta organizou em Kirtland
um grupo de homens (duzentos e cinco ao todo), conhecido
como Acampamento de Sião, dispostos a irem com ele para o
Missouri, a fim de socorrer, na medida do possível, os santos
perseguidos . Depois de uma longa jornada de mil e seiscentos
quilômetros, os componentes do Acampamento de Sião chega-
ram na parte oeste do Missouri em fins do mês de junho . En-
quanto esteve no Missouri, o Profeta empenhou-se ao máximo
para aliviar o sofrimento dos santos e reaver seus bens espo-
liados . Descobriu, entretanto, que os oficiais do governo do
Missouri estavam mancomunados com o populacho, e que os
santos eram numericamente muito fracos para resistir aos
perseguidores . Em julho, Joseph e vários dos irmãos puseram-
se a caminho de volta à sede da Igreja, em Kirtland, depois de
aperfeiçoada a organização dos santos.
Os meses restantes de 1834, Joseph dedicou principal-
mente aos trabalhos de construção do Templo de Kirtland.
Labutou na pedreira e ajudou a transportar as pedras até o
local da obra . Este templo, .o primeiro erguido pelos santos dos
últimos dias, seria cena de muitos acontecimentos maravilho-
sos e gloriosas visões que desvendaram e tornaram patente a
grandeza da obra dos últimos dias.
Por volta dos meados de fevereiro de 1835, Joseph convo-
cou para que se reunissem todos os irmãos que integraram o
Acampamento de Sião . Solicitou às três testemunhas do Livro
de Mórmon, Oliver Cowdery, David Whitmer e Martin Harris,
que escolhessem dentre eles doze irmãos que seriam conheci-
dos como o Quorum dos Doze Apóstolos . Os irmãos foram es-
colhidos e ordenados, contando-se entre eles Rrigham Young;
Heber C . Kimball, Parley P . Pratt e Orson Pratt . 0 dever des-
ses doze era ser " testemunhas especiais do nome de Cristo no
mundo todo" . 0 labor e sacrifícios desses homens compõem
grande parte da história da Igreja, nos trinta ou quarenta anos
seguintes.
Os trabalhos no Templo de Kirtland prosseguiram duran-
te todo o ano de 1835, e no início da primavera de 1836, o

10 OS PRESIDENTES DA IGREJA

edifício estava pronto para a dedicação . Esta solene cerimônia


realizou-se no domingo, 27 de março de 1836 . O próprio Pro-
feta ofereceu a oração dedicatória, que terminou com as se-
guintes palavras:
. . . ouve-nos, ó Senhor! e responde a estas petições, e
aceita para ti a dedicação desta casa, o trabalho das nossas
mãos, que construímos para o teu nome;
"E também esta igreja, para pôr sobre ela o teu nome . E
ajuda-nos, pelo poder de teu Espírito, para que possamos mes -
clar as nossas vozes com as dos claros e resplandescentes se-
rafins que cercam teu trono, com aclamações de louvor, can-
tando : Hosana a Deus e ao Cordeiro!
"E que estes, os teus ungidos, sejam vestidos com a salva-
ção, e os teus santos bradem com alegria . Amém e amém ."
(D&C 109 :78-80)
Pelo voto unânime da congregação, Joseph foi apoiado
profeta e vidente da Igreja . Para encerrar, "o Profeta fez uma
breve exortação em línguas, e depois abençoou a congregação
e dispensou-a em nome do Senhor ."
Uma semana após essa reunião, Joseph e Oliver Cowdery,
estando sozinhos no templo, ajoelharam-se para orar e, a se-
guir, tiveram uma gloriosa visão . Eles testificaram que viram
o Senhor "de pé no parapeito do púlpito" . Depois "Moisés apa-
receu diante de nós e conferiu-nos as chaves da coligação de
Israel . . . Depois disto, Elaías apareceu e nos conferi a dis-
pensação do Evangelho de Abraão" . Terminada esta visão,
"Elias, o Profeta ; que foi trasladado aos céus sem ter experi-
mentado a morte" apareceu diante deles, testificando que che-
gara o tempo exato referido por Malaquias, quando o coração
dos pais converter-se-ia aos filhos, e o dos filhos aos pais, para
que a terra não seja ferida com uma maldição.
As gloriosas manifestações concedidas a Joseph e Oliver
nesse dia serão uma inspiração para o povo de Deus por todos
os tempos vindouros.
Em julho de 1836, Joseph, acompanhado de seu irmão
Hyrum, Sidney Rigdon e Oliver Cowdery, partiu de Kirtland
para uma missão nos estadas do leste . Esta viagem estendeu -
se até Salem, Massachusetts, e contribuiu em muito para esti-
mular os membros dos ramos que visitaram .

JOSEPH SMITH—O PROFETA 11

III

1837 foi um ano difícil para o Profeta . Devido a mal-en-


tendidos e motivos alheios à sua vontade, tal como a falência
do Banco Sociedade de Segurança de Kirtland, alguns santos
tornaram-se rancorosos e afastaram-se da Igreja . Até mesmo
membros dos Doze ficaram tão desgostosos, a ponto de torna-
ram-se inimigos declarados de Joseph . Certa vez, durante esse
ano, realizou-se uma reunião "na sala superior do Templo de
Kirtland" a que compareceram "vários dos Doze, as testemu-
nhas do Livro de Mórmon e outras autoridades da Igreja" . A
reunião objetivava determinar uma forma de depor o Profeta
Joseph Smith e nomear David Whitmer presidente da Igreja.
Brigham Young, que estava presente, relata o acontecido como
segue : "Pai John Smith, (patriarca presidente, tio do Profeta
Joseph Smith) os irmãos Heber C . Kimball e outros presentes
opuseram-se a tais medidas . Levantei-me e disse-lhes, em ter-
mos claros e vigorosos, que Joseph era um profeta, eu o sabia,
e que por mais que o injuriassem e difamassem, a única coisa
que conseguiriam era destruir a sua própria autoridade, cor-
tar os laços que os ligavam ao Profeta de Deus e se afundarem
no inferno".
Vinte e sete anos mais tarde, o Presidente Brigham Young
teve ocasião de referir-se novamente ao duro ano de 1837, em
Kirtland . "Alguns dos homens dirigentes em Kirtland eram
contrários a que Joseph, o Profeta, se imiscuísse em assuntos
temporais . Acreditavam que não era capaz de dirigir o povo
em negócios temporais, achando que seu dever abrangia so-
mente as coisas espirituais, e que se devia permitir ao povo
cuidar de seus negócios temporais sem qualquer interferência
de profetas ou apóstolos . Homens com autoridade discorda-
vam de Joseph nesse ponto, não abertamente, mas nos seus
conselhos . Depois de algum tempo, a questão tornou-se de do-
mínio público, na verdade tão público, que andava na boca de
todo mundo . Numa reunião pública dos santos, eu disse : 'Vós,
élderes de Israel : Alguém quer traçar a linha de demarcação
entre o temporal e espiritual do Reino de Deus, para que eu
consiga entendê-lo1' Nenhum deles pôde fazê-lo . Quando via
um homem interpor-se no caminho do Profeta, eu tinha vonta-
de de arremessá-lo longe, tachando-o de idiota ."

12 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Alguns partidários leais como Brigham Young, mantive-


ram-se firmes ao lado do Profeta, mas eram bem poucos para
enfrentar a oposição . Em dezembro, Joseph e Brigham tive-
ram que fugir de Kirtland, pois a turba ameaçava "pública e
secretamente" tomar-lhes a vida . Por isso, o Profeta de Deus
foi forçado a deixar seu próprio lar, o belo templo que ajudara
a construir, seus amigos e parentes, e muitos santos que ainda
lhe eram leais para, em pleno inverno, fazer a viagem em
busca das esparsas colônias de santos no Missouri . Ele devia
sentir-se, sem dúvida, desanimado e deprimido, ainda que sua
determinação de prosseguir fosse invencível.
Chegando a Far West, "quartel-general" dos santos no
Missouri, a 14 de março de 1838, após uma viagem difícil e
penosa, Joseph descobriu com assombro que "o mesmo espíri-
to maligno que conseguira tamanho domínio em Kirtland co-
meçara a manifestar-se também no Missouri" . 0 espírito de
descontentamento existia também ali, e alguns dos homens de
destaque na Igreja eram culpados de agir e falar mal, tornan-
do-se, assim, membros indesejáveis . Um mês depois de Joseph
chegar ao Missouri, foi realizado um julgamento durante o
qual Oliver Cowdery, David Whitmer, Luke Johnson, Lyman
E. Johnson, John F . Boynton e outros foram excomungados da
Igreja . Os dois primeiros haviam sido testemunhas do Livro de
Mórmon, e os últimos três, membros do Quorum dos Doze
Apóstolos . Foi um dia triste para Joseph, quando perdeu a
amizade desses homens, alguns dos quais estiveram ao seu
lado e ajudaram-no desde o principio. Porém, não podia per-
mitir que tomassem um caminho errado ou fizessem alguma
coisa que impedisse a grande obra que lhe fora confiada . E,
agora, reflita o leitor : Tivesse havido qualquer fraude ligada
ao aparecimento do Livro de Mórmon, nessa hora Oliver Cow-
dery e David Whitmer não a teriam revelado? A história mos-
tra que ambos mantiveram firmemente seus testemunhos da
origem divina do registro sagrado . Dez anos após ser exco-
mungado, Oliver Cowdery voltou à Igreja, solicitando admis-
são ao batismo . David Whitmer não se filiou novamente à
Igreja, mas nunca negou seu testemunho conforme aparece no
Livro de Mórmon . Ele o reafirmou durante a vida inteira, e no.
leito de morte, quase quarenta anos depois dos acontecimen-

JOSEPH SMITH—0 PROFETA 13

tos de que falamos, deu sua palavra de honra de que seu teste-
munho era verdade.
A 4 de julho de 1838, Joseph ajudou a lançar a pedra
fundamental de "uma casa do Senhor" a ser construída em
Far West, e no dia 8 recebeu uma revelação na qual John
Taylor, John E . Page, Wilford Woodruff e Willard Richards
eram designados membros dos Doze no "lugar daqueles que
caíram".
Por alguns meses, na primavera e verão de 1838, as coi-
sas andaram pacíficas e calmas para os santos no Missouri,
mas agora negras nuvens de perseguição toldavam o horizon-
te . Mais uma vez a principal oposição partia dos clérigos sec-
tários e políticos, com seu grito de guerra de que os santos
estavam-se tornando tão numerosos, que passariam a contro-
lar os cargos eletivos dos condados e estado, e a perseguir e
expulsar os moradores do Missouri . Numa eleição realizada
no Condado de Daviess, no dia 6 de agosto, houve uma tentati-
va concreta de impedir o voto dos santos . Isto provocou um
confronto aberto no qual alguns dos irmãos foram feridos.
Tentaram também prender o Profeta, acusando-o de ser o ins-
tigador da "insurreição" . Esse tumulto e o "perjúrio de arrua-
ceiros desapontados" levaram Lilburn W . Boggs, governador
do estado, a convocar parte da milícia estadual, em número
de quatrocentos homens, "armados e equipados", para pre-
servar a ordem pública . Os acontecimentos subseqüentes pro-
varam que isto foi o começo de um movimento- deliberado pa-
ra expulsar os santos do Missouri.
Não é necessário, neste breve esboço, entrar em todos os
pormenores ligados aos excessos no Missouri . Basta dizer que,
a 27 de outubro de 1838, o Governador Boggs emitia sua infa-
me "ordem de extermínio" contra os santos, nos seguintes ter-
mos : "Os mórmons devem ser tratados como inimigos, e têm
que ser exterminados ou expulsos do estado, se necessário,
para o bem público . Seus desmandos são indescritíveis" : O
governador descrevia os santos como gente extremamente
malvada e diabólica, cuja presença punha em perigo a moral e
vida dos moradores do Missouri . Boggs publicou pessoalmente
as mais infames mentiras a respeito dos santos, fazendo tudo o
que podia para incitar o populacho a roubar, saquear e "exter-
miná-los" .

14 OS PRESIDENTES DA IGREJA

No dia 20 de outubro, aparecia em Far West uma milícia


de dois mil homens, composta de arruaceiros, exigindo que
lhes fossem entregues o Profeta, Sidney Rigdon, Parley P.
Pratt, Lyman Wight e George W . Robinsons . Joseph e seus
companheiros, vendo a situação insustentável dos santos, en-
tregaram-se à milícia, embora sabendo que suas vidas cor-
riam grave perigo.
No dia seguinte, 1° de novembro, realizou-se uma corte
marcial no quartel-general do General Lucas . Após poucos mi-
nutos de deliberações, foi pronunciado o veredicto de que Jo-
seph e seus companheiros deviam ser "fuzilados às nove horas
da manhã seguinte, 2 de novembro de 1838, na praça pública
de Far West" . O veredicto teria sido executado, não fosse pelo
General Doniphan, um dos comandantes da milícia . "Eu lavo
minhas mãos nesta coisa", disse ele, "é assassínio" . A ordem
foi reconsiderada, decidindo-se levar os irmãos (aos quais ha-
viam sido juntados Hyrum Smith e Amasa M . Lyman) a Inde-
pendence como prisioneiros . Ali foram mantidos por quatro
dias, enquanto os oficiais se esforçavam por encontrar do que
poderiam acusá-los . Depois, foram conduzidos para Rich-
mond, Missouri, e acorrentados para evitar sua fuga . De Rich-
mond, foram transferidos para a cadeia de Liberty, no Conda-
do de Clay, onde foram acusados de "assassinato e traição".
Joseph, Hyrum e seus companheiros foram mantidos na
cadeia de Liberty durante todo o inverno de 1838/39, confina-
dos numa única cela com duas pequenas janelas. Não havia
meios de aquecimento, pois não existia chaminé para a saída
da fumaça . Dormiam no chão sobre montes de palha . A comi-
da era da pior espécie . Todavia, daquela prisão saíram alguns
dos mais belos pensamentos e escritos que Joseph Smith legou
ao mundo . As seções 121, 122 e 123 de Doutrina & Convênios
perdurarão para sempre entre os escritos sagrados da Igreja.
A 16 de abril de 1839, enquanto os irmãos estavam sendo
transferidos para o Condado de Boone para julgamento, os
guardas da escolta se embebedaram, e Joseph disse aos com -
panheiros que era uma boa oportunidade para escaparem.
Viajando durante a noite e sofrendo toda sorte de privações,
em poucos dias chegaram a Quincy, Illinois, onde se reuniram
aos familiares e amigos . "Foi um dos momentos mais felizes
da minha vida", conta Brigham Young, "de poder mais uma

JOSEPH SMITH—0 PROFETA 15

vez apertar as mãos dos profetas e vê-los libertos das mãos de


seus inimigos . Joseph conversava conosco como um homem
que acabara de escapar de mil opressões e agora estava livre
entre seus filhos " .

IV

Agora, o objetivo imediato do Profeta era encontrar um


outro local de coligação para seu povo dispersado e persegui-
do. Poucos dias depois de chegar a Quincy, ele e alguns dos
irmãos dirigentes da Igreja foram uns sessenta quilômetros
para o norte, até uma aldeia chamada Commerce, onde uma
extensa gleba de terra fora posta à venda . Joseph adquiriu ali
uma propriedade, e foi onde passou os poucos anos de vida
que lhe restavam.
O nome da aldeia foi logo mudado para Nauvoo (isto é, a
clara ou bela), notificando-se os santos espalhados pelo mundo
que ali seria a sede da Igreja . Em pouco tempo, centenas de
famílias que haviam sido expulsas do Missouri, estavam a ca-
minho do novo local de congregação . A maioria encontrava-se
em condições lastimáveis, pois tinham perdido todos os seus
bens ; entretanto, sua fé na Igreja e no chamado divino de seu
líder não enfraquecera . Quando uma onda de doenças acome-
teu os membros reunidos em Nauvoo, Joseph andava entre
eles e os abençoava como fazia o Salvador com seus seguido-
res durante ó ministério da Palestina . Era sempre uma fonte
de força para os santos ; inspirava-os e encorajava-os a prosse-
guir e a edificar vigorosamente o reino.
No outono de 1839, enquanto os santos se empenhavam
em reconstruir a vida em Nauvoo, Joseph solicitou aos Doze
que partissem para a Inglaterra, a fim de proclamar o Evange-
lho naquele país . Como cumprir essa tarefa? A maioria deles
estava doente, e todos eram desesperadamente pobres . Ne-
nhum deles tinha dinheiro ou roupas adequadas para iniciar a
viagem. Mas todos possuíam uma fé intensa ; e, sem hesitar,
por ordem e com as bênçãos do Profeta, eles partiram para a
difícil missão . Deixarei de lado a luta para chegarem f Ingla-
terra, mas não consigo resistir de dar um breve relato dos seus
sucessos, que foram os maiores já obtidos por igual número de
missionários na história da Igreja . Cito este trecho do diário de

16 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Brigham Young, sob data de 20 de abril de 1841, quando esta-


va para partir de Liverpool em sua viagem de volta aos Esta-
dos Unidos:
"Eu estava com a alma repleta de gratidão a Deus, meu
Pai Celestial, ao refletir sobre seu procedimento comigo e com
meus irmãos dos Doze durante o último ano de minha vida
que passamos na Inglaterra . Ver o contraste entre nossa che-
gada e a partida de Liverpool parece de fato um milagre . De-
sembarcamos na primavera de 1840, estranhos, e sem um
níquel numa terra estranha ; mas, pela graça de Deus, conse-
guimos muitos amigos, estabelecemos igrejas em praticamente
toda cidade que estivemos no Reino da Grã-Bretanha, batiza-
mos entre sete e oito mil, imprimimos cinco mil Livros de Mór-
três mil hinários, dois mil e quinhentos números do Mil-
lennial Star e sessenta mil folhetos ; e ajudamos mil almas a
emigrarem para Sião, criando uma agência permanente de
embarque que será uma grande bênção para os santos ; e lan-
çamos no coração de muitos milhares, as sementes da verdade
eterna, as quais darão frutos para a honra e glória de Deus, e
ainda assim nunca nos faltou nada de comer, beber ou vestir:
em tudo isto reconheço a mão de Deus . "
A sabedoria e inspiração do Profeta em mandar esses ir-
mãos dos Doze para a Inglaterra, estava plenamente justi-
ficada.
A 29 de outubro de 1839, Joseph, acompanhado de Sid-
ney Rigdon e Elias Higbee, partiram de Nauvoo para uma via-
gem a Washington D .C . Pretendiam expor ao presidente dos
Estados Unidos e ao Congresso as injustiças sofridas pelos san-
tos nas mãos do populacho de Missouri e ver se conseguiam
alguma compensação . Viajando de diligência e barco, em um
mês chegaram a Washington . Poucos dias depois, foram admi-
tidos na Casa Branca para uma entrevista com o presidente
dos Estados Unidos, Martin Van Buren . Este ouviu atentamen-
te a descrição de Joseph dos problemas e desmandos no Mis-
souri, respondendo depois calmamente : "Senhores, vossa cau-
sa é justa, mas não há nada que eu possa fazer por vós" . E,
mais adiante, durante a conversa, acrescentou : " Se eu tomar
o vosso partido, perderei os votos do Missouri".
Joseph ficou desapontado e desgostoso com a recepção
que tivera da parte do presidente e dos membros do Congresso

JOSEPH SMITH—O PROFETA 17

com quem falou. Depois de permanecer em Washington umas


poucas semanas, ele deixou o Juiz Higbee encarregado de in-
sistir nas reclamações dos santos e partiu para casa . Chegan-
do em Nauvoo, fez este registro na sua história : "Cheguei bem
em Nauvoo, após uma cansativa viagem através de alternada-
mente neve e lama, tendo presenciado numerosos atos vexató-
rios por parte de funcionários governamentais, cujo único ob-
jetivo deveria ser a paz, progresso e felicidade de todo o povo;
mas . . . descobri que o clamor popular e engrandecimento
pessoal são os princípios governantes das autoridades ; e meu
coração desfalece quando percebo, pelas visões do Onipotente,
o fim desta nação, se ela continuar a desdenhar os brados e
petições dos cidadãos virtuosos . . ."
Durante o resto de 1840, Joseph ficou em Nauvoo e cir-
cunvizinhanças, dirigindo os negócios da Igreja, que agora,
com aproximadamente vinte mil membros, estavam-se tor-
nando bastante extensos . Núcleos de santos formavam-se em
todas as direções de Nauvoo . A cidade crescia mais rapida-
mente que qualquer outra em Illinois . Os missionários nos Es-
tados Unidos e Inglaterra estavam obtendo resultados sem
precedentes ; milhares de almas honestas se preparavam para
emigrar para Sião . Foi durante esse e uns poucos anos subse-
qüentes que o Profeta teve oportunidade de demonstrar de que
obra maravilhosa era capaz, desde que o deixassem trabalhar
sossegado . Mas o reino florescente e seu inspirado líder não
haveriam de encontrar paz neste mundo.
No dia 14 de setembro de 1840, falecia em sua casa de
Nauvoo o pai do Profeta, Joseph Smith Sr . Tinha então sessen-
ta e nove anos ; sempre estivera são e forte até sofrer as perse-
guições da turba no Missouri . O Profeta escreve a respeito do
pai :
"Ele foi a primeira pessoa que aceitou meu testemunho,
depois de eu ter visto o anjo, e exortou-me a ser fiel e diligente
à mensagem que eu havia recebido . Foi batizado no dia 6 de
abril de 1830.
"Em agosto de 1830, fez, em companhia de meu irmão
Don Carlos, uma missão no Condado de St . Lawrence, Nova
York, aportando na viagem em diversos portos canadenses,
nos quais distribuiu alguns exemplares do Livro de Mórmon.
Visitou também seu pai, irmãos e irmãs residentes no Condado

18 OS PRESIDENTES DA IGREJA

de St . Lawrence, prestando seu testemunho da verdade, o que


resultou eventualmente no ingresso de toda a família na Igre-
ja, exceto seu irmão Jesse e irmã Susan . . .
"Era homem de extrema benevolência, abrindo sua casa
a todos os necessitados ."
Na conferência de outubro de 1840, em Nauvoo, o Profe-
ta apresentou a proposta de construir um templo "nesta cida-
de" . Devia ser construído, tanto quanto possível, com trabalho
voluntário, todo indivíduo doando "cada décimo dia de traba-
lho" . A obra foi logo iniciada e progredia rapidamente, embo-
ra Joseph não chegasse a ver, em vida, o término desse belo
edifício.
Nessa conferência, Joseph expressou seu agradecimento
pela situação favorável dos santos : "Dois anos atrás, as turbas
estavam ameaçando, saqueando, perseguindo e assassinando
os santos . Nossas casas incendiadas iluminavam o firmamen-
to . Nossas mulheres e crianças, sem teto, miseráveis, eram
obrigadas a andar de lugar em lugar procurando abrigo da
fúria dos inimigos perseguidores . Agora gozamos de paz, e po-
demos adorar o Deus dos céus e da terra sem ser molestados,
e esperamos ser capazes de seguir avante e realizar a grande e
gloriosa obra para qual fomos chamados".
Mas o Profeta não iria gozar paz por muito tempo . No dia
5 de-junho de 1841, enquanto voltava de Quincy, onde fora
codiversar com Thomas Carlin, governador de Illinois, Joseph
foi surpreendido pelo xerife do Condado de Adams que lhe
apresentou um ordem de prisão, alegando que era fugitivo da
justiça do estado de Missouri . Voltando com os policiais para
Quincy, obteve uma audiência perante o Juiz Stephen A . Dou-
glas . Joseph contratou para defendê-lo o advogado O . H.
Browning, que posteriormente veio a ser Secretário do interior
no gabinete do Presidente Andrew Johnson . O advogado plei-
teou para Joseph proteção de seus inimigos do Missouri, fa-
zendo um claro relato das perseguições dos santos nas mãos
das turbas do Missouri . A sentença do Juiz Douglas libertou o
Profeta da ordem de prisão . Retornando a Nauvoo, ,Joseph foi
recebido por numeroso grupo de santos que lhe deram jubilo-
sas boas-vindas.
Na conferência de outubro de 1841, Joseph deu aos san-
tos instruções sobre o "batismo pelos mortos " . Suas palavras

JOSEPH SMITH—0 PROFETA 19

foram um conforto para aqueles que lamentavam que seus


antepassados não tinham podido ouvir as verdades do Evan-
gelho.
A 17 de março de 1842, o Profeta organizava em Nauvoo
a "Sociedade de Socorro Feminina", uma organização das ir-
mãs destinada a dedicar-se a trabalhos caritativos . Esta socie-
dade realizou um bem incalculável durante os anos de sua
existência.
Em 1842, com apenas trinta e seis anos de idade, Joseph
começou a falar de sua morte prematura . A 9 de abril, numa
reunião pública, dizia ele : "Alguns dos santos supõem que o
Irmão Joseph não pode morrer, o que é um erro ; é verdade
que houve vezes em que a continuação de minha vida me foi
prometida para realizar certas coisas, mas, depois de realizá-
las, já não tenho nenhuma segurança de vida ; estou tão sujeito
a morrer como qualquer outro homem".
A 6 de agosto de 1842, durante uma conversa com diver-
sos irmãos em Montrose, Iowa, Joseph declarou significativa-
mente "que os santos seguiriam padecendo muita aflição, e
que seriam expulsos para as Montanhas Rochosas ; que muitos
apostatariam, outros morreriam nas mãos de nossos persegui-
dores, ou por causa dos rigores do tempo ou enfermidades ; e
que alguns deles viveriam para ir e ajudar a estabelecer colô-
nias e edificar cidades, e ver os santos chegarem a ser um
povo forte e poderoso entre as Montanhas Rochosas".
Durante a vida inteira, Joseph foi atormentado por inimi-
gos, tanto de dentro como de fora da Igreja . O verão e outono
de 1842 foi nublado para os santos de Nauvoo pela apostasia
de John C . Bennett, prefeito da cidade e pessoa altamente con-
ceituada nos conselhos dos irmãos presidentes . Jamais um ini-
migo mais rancoroso e vingativo derramou tantas calúnias e
vitupérios sobre um povo inocente . Esse homem parecia ser a
própria encarnação de Satanás. Passou a escrever para a im-
prensa, repreender verbal e efetivamente, envenenar a opi-
nião pública contra o Profeta e os santos . Consideramos o livro
dele, Mormonism Exposed como o mais implacável ataque já
feito à Igreja, mesmo até o dia de hoje.
Joseph sentiu profundamente tal ataque, porém isto não o
deteve absolutamente de prosseguir na sua grande obra de
fundar o reino . Numa reunião pública em Nauvoo, no dia 26

20 OS PRESIDENTES DA IGREJA

de agosto, dirigiu-se ao povo "com todo seu usual entusiasmo,


aconselhando-os a respeito de todas as necessidades imediatas
da situação . Lembrou-lhes que as falsidades de John C . Ben-
nett estavam sendo divulgadas pelo pais, e solicitou que élde-
res saíssem a declarar a verdade e refutar as calúnias espa-
lhadas pelos inimigos da Igreja e do Profeta" . "Enquanto ele
falava", conta George Q . Cannon, "um indescritível transpor-
te de alegria manifestou-se na assembléia ; e quando terminou,
trezentos e oitenta élderes se prontificaram a partir imediata-
mente para o leste, cumprindo a proposta missão de esclareci-
mento " .
Durante o verão de 1842, houve nova tentativa por parte
dos oficiais de justiça de Missouri de prender Joseph, forçan-
do-o a ocultar-se por algum tempo . De seu esconderijo na casa
de Edward Hunter, dirigiu uma "Epístola aos Santos", da qual
segue um trecho, revelando seu espírito sempre otimista e co-
rajoso.
"Agora, o que ouvimos nós no Evangelho que recebemos?
'Uma voz de alegria! Uma voz de misericórdia dos céus ; e uma
voz de verdade saindo da terra ; novas alegres para os mortos;
uma voz de alegria para os vivos e mortos ; novas alegres de
grande gozo . . ."'
"Irmãos, não prosseguiremos em tão grande causa? Ide
avante e não para trás . Coragem, irmãos, e avante, avante
para a vitória! Regozijem-se vossos corações, e sede muito ale -
gres. Prorrompa a terra em canto . . . que o sol, a lua, e as
estrelas da manhã cantem juntamente, e que todos os filhos de
Deus gritem em regozijo . E que as eternas criações declarem o
seu nome para todo o sempre . E novamente digo, quão glorio-
sa é a voz que ouvimos dos céus, proclamando aos nossos
ouvidos glória, e salvação, e honra, e imortalidade, e vida
eterna ; reinos, principados e poderes! Eis que o grande dia do
Senhor está perto ; e quem suportará o dia de sua vinda, e
quem subsistirá quando ele aparecer? "
A 26 de dezembro de 1842, Joseph submetia-se volunta-
riamente ao mandado de prisão do Missouri, sendo levado pa-
ra ser julgado em Springfield . O caso foi apresentado diante do
Juiz Pope que, após ouvir as evidências e calmamente pesá-
las, absolveu o Profeta . Isto foi mais um motivo de grande
alegria para os santos de Nauvoo .

JOSEPH SMITH—O PROFETA 21

Na quarta-feira, 18 de janeiro de 1843, Joseph e sua es-


posa recebiam em sua casa de Nauvoo um grande núméro de
irmãos e irmãs, em honra de seu décimo quinto aniversário de
casamento e em celebração de Joseph estar livre do "manda-
do do Missouri" . Foi um dos dias mais alegres da sua vida,
uma existência tão cheia de problemas e preocupações.
Quatro dias mais tarde, falando numa reunião pública em
Nauvoo, Joseph voltava a fazer uma previsão sinistra de sua
morte : "Deus Todo-poderoso é meu escudo ; e o que poderá o
homem fazer, se Deus é meu amigo? Não serei sacrificado até
que chegue a hora ; então serei entregue livremente".
De acordo com o Presidente Brigham Young, foi nesse
ano, 1843, que o Profeta deu-se conta de que a grande obra de
sua vida estava terminada. Numa carta do Presidente Young
dirigida a Orson Spencer, datada de 23 de janeiro de 1848,
encontramos o seguinte:
"Joseph disse aos Doze, um ano antes de sua morte ; 'Não
falta conferir nenhuma chave ou poder a esta Igreja para con-
duzir o povo ao portão celestial, além dos que vos tenho dado,
mostrado e explicado ; o Reino está estabelecido, e vós tendes o
modelo perfeito, e podeis ir avante e edificar o Reino, e entrar
pelo portão celestial, levando convosco o vosso cortejo' ."
Joseph, sem dúvida, tinha grande satisfação em suas rea-
lizações . Havia conseguido grande número de adeptos durante
os anos de seu ministério, estimado em cerca de cinqüenta
mil, localizados em várias partes do mundo civilizado . Em cin-
co anos, Nauvoo tornara-se a maior cidade do Illinois, com
vinte mil habitantes . 0 reino prosperava tanto nos Estados
Unidos como no estrangeiro . Joseph chegara a ver o sucesso
da obra de sua vida . E em sua alta posição, era amado e
apoiado pelo povo . Na conferência de abril de 1843, Brigham
Young apresentara a moção de apoiar Joseph Smith como pre-
sidente da Igreja inteira, e "levantou-se um vasto mar de
mãos", aprovando-a unanimemente.
Outra ação dessa conferência foi enviar cento e quinze
missionários a "sair pelas vinhas e edificar igrejas" . Até sua
morte, Joseph não cessou seu empenho de ter missionários
proclamando o Evangelho "em todo o mundo".
No verão e outono de 1843, os santos de Nauvoo foram
submetidos a mesma provação que lhes causara tantos proble

22 OS PRESIDENTES DA IGREJA

mas no Missouri . Em agosto, vários irmãos que haviam sido


eleitos para cargos oficiais no condado, foram até Carthage
para depositar as cauções e serem juramentados . "Enquanto
estes homens estavam diante da corte, entrou um turba com-
posta pelo delegado Harmon T . Wilson e mais uns quinze ho-
mens armados com cacetes de nogueira, facas e pistolas, pra-
guejando que as cauções não deviam ser aprovadas, nem em-
possados os homens de Nauvoo ." No dia 19 de agosto, uma
turba de várias centenas de homens do Condado de Hancock
reuniu-se no tribunal de Carthage, tomando a resolução de
que os mórmons deviam ser expulsos do Illinois como haviam-
no sido do Missouri . Isto foi o início de uma enfiada ilegal de
invectivas e campanha de odiosa perseguição, que excederam
a tudo a que os santos haviam sofrido anteriormente, e resul-
tou no grande êxodo para o Oeste.
Joseph temia menos os atos do populacho do que daque-
les que se provariam traidores entre o próprio povo . Em de-
zembro de 1843, ele fez esta significativa declaração perante
a câmara de vereadores : "Estou exposto a muito maior perigo
por parte de traidores entre nós do que de inimigos de fora . . .
Todos os inimigos sobre a face da terra podem urrar e exercer
todo o seu poderio para provocar minha morte, mas nada con-
seguirão, a menos que alguns que estão entre nós, que partici-
param de nossa sociedade, de nossos conselhos, mereceram
nossa confiança, apertaram nossa mão, chamaram-nos de ir-
mão, cumprimentaram-nos com um beijo, juntem-se a nossos
inimigos, transformem nossas virtudes em defeitos e, por meio
de falsidades e artifícios, incitem contra-nós sua ira e indigna-
ção e tragam sobre nossas cabeças sua . vingança conjunta".
A . história dos poucos meses seguintes mostra claramente
que Joseph tinha razão em temer que traidores entre as pró-
prias fileiras o prejudicassem . Um de seus próprios conselhei-
ros, William Law, ajudou a entregá-lo nas mãos de seus ini-
migos.
Os políticos desempenharam importante papel na vida de
Joseph durante os primeiros meses de 1844 . Era ano de elei-
ção presidencial, e discutiam-se os assuntos da campanha
eleitoral por toda parte . Numa reunião dos irmãos dirigentes,
realizada em Nauvoo a 29 de janeiro, ficou decidico que os
santos não poderiam apoiar nenhum dos dois candidatos pre

JOSEPH SMITH—O PROFETA 23

sidenciais, Martin Van Bureh e Henry Clay : ambos haviam-se


recusado a ajudá-los a obter compensação pelas injustiças so-
fridas no Missouri . A resposta de Clay foi : "E melhor que pe-
çais compensação ao Oregon" . Conseqüentemente, era natural
que Willard Richards apresentasse uma moção aos irmãos.
"Que teremos uma chapa eleitoral independente, e Jo-
seph Smith será candidato à próxima presidência ; e que lan-
çaremos mão de todos os meios honestos ao nosso alcance
para assegurar sua eleição."
Na conferência de abril, duzentos e quarenta e quatro
élderes se apresentaram como voluntários para percorrer os
estados e apresentar ao povo o nome do Profeta e seus "pontos
de vista a respeito dos poderes e política do governo dos Esta-
dos Unidos" . Brigham Young supervisionava diretamente as
atividades desses élderes e suas designações para os respecti-
vos campos de trabalho . Em suas instruções, disse-lhes que
deviam procurar diligentemente conseguir eleitores que votas-
sem em Joseph para presidente ; deviam ser fiéis "em pregar o
Evangelho em sua simplicidade e beleza, com toda mansidão,
humildade, firmeza e piedade ; e que os Doze dedicariam a
temporada a viagens, comparecendo a tantas conferênciais
quanto possível".
A conferência de abril de 1844 em Nauvoo 'foi :a maior
jamais realizada pela Igreja. Estimou-se que havia perto de
vinte mil pessoas presentes . Joseph falou à grande congrega-
ção sobre o assunto da "morte do Elder King Follett" que fale-
cera acidentalmente poucos dias antes . "Nesse discurso", re-
lata George Q . Cannon, que estava presente, "ele elevou as
almas da . congregação a um maior entendimento da gloria ob-
tida pelos fiéis após a morte . Seu discurso deixou de ser mero
panegírico a um indivíduo, tornando-se numa revelação de
verdades eternas concernentes às glórias da imortalidade . O
sermão levou três horas e meia, e a multidão ficou fascinada
por seu poder . 0 Profeta pareceu elevar-se acima do mundo.
Era como se a luz dos céus envolvesse sua pessoa física" . Hoje
em dia, decorridos quase cem anos, o "Sermão King Follett" é
considerado um clássico na literatura da Igreja.
Durante as primeiras semanas de maio de 1844, um pe-
queno grupo de moradores de Nauvoo que eram ou haviam
sido membros da Igreja, e que foram repreendidos em particu-

24 OS PRESIDENTES DA IGREJA

lar ou publicamente pelo Profeta devido à sua má conduta,


iniciaram preparativos para publicar um jornal no qual espe-
ravam expor o Profeta e os santos e prejudicá-los de toda ma-
neira possível . Um deles era William Law, ex-conselheiro de
Joseph na Primeira Presidência . No dia 7 de junho, saiu o
primeiro e único número do The Nauvoo Expositor. Estava
repleto de malévolas falsidades, e todo seu conteúdo visava
incitar os cidadãos do Illinois contra o Profeta e sua gente.
Três dias depois, numa reunião da câmara dos vereadores, na
qual Joseph presidia como prefeito, o Expositor foi declarado
um despropósito público, ordenando-se sua extinção . O chefe
de policia John P . Greene, com seus assistentes, dirigiram-se
para as oficinas do jornal e destruíram a prensa e os tipos . Os
donos imediatamente fugiram para Carthage, onde requere-
ram a detenção de Joseph e dos membros da câmara de ve-
readores de Nauvoo . No dia 12 de junho, chegava nesta cida-
de o delegado David Bettisworth, de Carthage, com mandados
de prisão desses homens . Os mandados haviam sido emitidos
de acordo com uma queixa "juramentada por Francis M . Hig-
bee [um ex-membro da Igreja], acusando as partes nomeadas
do crime de motim".
Então os acontecimentos se precipitaram . Inflamados pe-
los apelos dos agitadores, reuniu-se em Carthage uma turba de
várias centenas de homens . Armas foram trazidas de Warsaw
e Quincy ; os jornais dessas cidades estavam cheios de man-
chetes apaixonadas, incitando o povo do Illinois a expulsar ou
exterminar os mórmons.
Joseph sentiu que se aproximava sua hora final . Disse ao
irmão Hyrum : "Hyrum, leve sua família no próximo barco
para Cincinati. Quero que viva para me vingar " . Hyrum repli-
cou : "Joseph, eu não o deixarei".
A 21 de junho chegava a Carthage, Thomas Ford, gover-
nador do Illinois, cuja presença fora solicitada pelo populacho.
Ele haveria de atrair o Profeta para a morte . Mandou avisá-lo
de que lhe garantia toda a proteção do estado de Illinois, se
fosse a Carthage e se submetesse a julgamento . Concordando
com a proposta, Joseph informou Ford de que chegaria em
Carthage na segunda-feira, 24 de junho . Ao enviar essa notí-
cia, Joseph comentou com o irmão : "Estamos voltando para
ser massacrados" .

JOSEPH SMITH—0 PROFETA 25

A caminho de Carthage, observou para os irmãos : "Vou


como o cordeiro ao matadouro, mas estou calmo como uma
manhã de verão ; para com Deus e os homens, tenho a cons-
ciência limpa".
No dia seguinte à sua chegada a Carthage, Joseph apre-
sentou-se, juntamente com os irmãos que estavam detidos, ao
Delegado Bettisworth, detentor do mandado original contra
eles . As quatro da tarde, os irmãos foram levados à presença
do Juiz Robert F . Smith, que lhes estipulou a fiança de
US$ 7 .500 . Imediatamente após, Joseph e Hyrum foram no-
vamente detidos com mandados emitidos pelo Juiz Smith,
acusando-os de traição . A turba havia decidido que Joseph e
Hyrum não haveriam de escapar-lhes das garras cruéis e mor-
tíferas, não importando qual o método aplicado para detê-los.
Consta que, na ocasião, um dos componentes do populacho
comentou : "Não existe nada contra esses homens ; a lei não
pode'atingi-los, mas pólvora e balas sim . Nunca sairão vivos
de Carthage ."
Logo após a segunda detenção, Joseph e Hyrum foram
levados para o cárcere do condado a umas poucas quadras do
tribunal . Diversos irmãos acompanharam-nos, entre eles os
élderes John Taylor e Willard Richards, do Quorum dos Doze.
Estes homens não estavam detidos, mas agiam prazerosamen-
te como guardas para -proteger, se possível, a vida de seus
queridos líderes.
Os irmãos passaram o dia seguinte, 26 de junho, na "cela
de cima" da cadeia de Carthage . Por volta das nove da ma-
nhã,, chegava à prisão o Governador Ford, atendendo a um
pedido urgente de Joseph, tendo longa entrevista com os ir-
mãos . A entrevista não resultou em grande coisa, mas, ao par-
tir, o governador prometeu a Joseph e Hyrum "empenhan-
do sua fé, a honra de seus oficiais e o bom nome do estado de
Illinois" — de que iria protegê-los . Os acontecimentos subse-
qüentes provaram que esta e todas as demais promessas do
governador do Illinois foram frívolas, desleais e traiçoeiras.
Durante a noite, "Hyrum leu trechos do Livro de Mórmon
a respeito dos sofrimentos e libertação dos servos de Deus das
mãos de seus inimigos . Joseph, levantando-se, prestou forte
testemunho da 'divindade do livro aos guardas ; declarou que o
Evangelho havia sido restaurado e que o Reino de Deus tainha

26 OS PRESIDENTES DA IGREJA

sido restabelecido na terra, e que, por causa dele, estava en-


carcerado e não por ter violado alguma lei de Deus ou dos
homens" . Os irmãos retiraram-se tarde da noite para repou-
sar, e diversos deles dormiram no chão.
0 dia 27 de junho amanheceu belo e claro em Carthage,
mas havia uma atmosfera tensa entre a soldadesca miliciana
que vadiava pela praça pública e na pequena cadeia do conda-
do, onde o maior e mais dotado homem da idade moderna
aguardava seu destino incerto.
No decorrer da manhã, o Governador Ford, acompanha-
do de parte das tropas, partiu para Nauvoo . Chegando lá à
tarde, dirigiu-se a uma assembléia de santos, quando consta
ter dito : "Destruindo a prensa do Expositor e decretando a lei
marcial na cidade, cometeram um crime . Será preciso fazer
uma severa reparação ; portanto, preparem-se para a emer-
gência".
Durante a tarde, na cadeia, John Taylor cantou um plan-
gente hino, há pouco introduzido em Nauvoo e que levava o
título "A Poor Wayfaring Man of Grief" (Um Pobre e Aflito
Viajor), com muitas estrofes . Quando terminou o hino, o Profe-
ta pediu-lhe que o cantasse de novo, o que o Irmão Taylor fez
um pouco relutante, pois não tinha vontade de cantar.
Pouco depois das cinco horas, John Taylor, que olhava
por uma das janelas da frente, viu um grupo de homens arma-
dos e caras pintadas dobrar o canto da cadeia . Diante dessa
aparição, a guarda fugiu, e tantos rufiões quantos puderam
subiram a escada para o cômodo onde os irmãos estavam con-
finados. " Os quatro prisioneiros jogaram-sé contra a porta " ,
conta George Q . Cannon que estava em Nauvoo na ocasião do
assassinato e conhecia todos os detalhes, "mas os assassinos
conseguiram abri-la parcialmente e enfiar o cano das armas
no cômodo . John Taylor e Willard Richards, cada um com um
bastão, tentaram afastar as armas . Uma chuva de balas atra-
vessou a porta vindo da escada . Hyrum estava diante da por-
ta, quando foi atingido por uma bala no rosto e caiu de costas,
dizendo:
—Sou um homem morto .'
"Ao cair, uma bala vinda do lado de fora atravessou-lhe o
corpo vacilante, e momentos mais tarde, foi atingido por mais
duas disparadas da escada . Quando Hyrum caiu, Joseph ex-

JOSEPH SMITH—0 PROFETA 27

clamou : ' Oh, meu querido irmão Hyrum!' e, abrindo um pou-


qinho a porta, disparou sua pistola escada abaixo — mas por
duas ou três vezes, a arma negou fogo.
"Quando não conseguiram mais segurar a porta e nem
mais desviar as armas, o Elder Taylor correu para a janela,
sendo atingido na coxa esquerda por um tiro vindo da porta.
Paralisado e indefeso, caiu sobre o parapeito da janela e sen-
tiu-se despencar por ela, quando foi atirado de volta para den-
tro por algum meio que não entendeu no momento . Um tiro
disparado do lado de fora acertara seu relógio, que lhe salvou
a vida de duas maneiras — aparou a bala que provavelmente
o teria matado, e o impacto lançou-o de volta ao cômodo . 0
relógio parou dezesseis minutos e vinte e seis segundos depois
das cinco horas . Depois de caído no chão, foi atingido por mais
três balas que espalharam sangue seu pelas paredes e soalho.
"Joseph viu que não havia mais salvação ali e, pensando
que pouparia a vida de Willard Richards, caso ele próprio se
jogasse pela jenela, afastou-se da porta, deixou cair a pistola e
pulou para a janela . Nesse instante, foi atingido por duas balas
disparadas da porta, e um tiro vindo de fora atravessou-lhe o
lado direito do peito, fazendo-o cair para fora nas mãos dos
assassinos, enquanto exclamava:
"'O Senhor, meu Deus!'
"Quando o seu corpo atingiu o chão, rolou instantanea-
mente sobre o rosto — morto ."

V
No dia seguinte à chacina, os corpos de Joseph e Hyrum
foram transportados vinte e nove quilômetros pelas campinas
até Nauvoo, onde, recebidos por parentes e amigos enlutados,
foram preparados para o sepultamento e velados por milhares
de santos . Os mártires foram depois sepultados no solo da ci-
dade que haviam fundado e feito famosa.

VI
Segue uma descrição do Profeta e tributo a seus feitos, de
autoria de George Q . Cannon, que chegara a Nauvoo em 1842,
como jovem emigrante da Inglaterra.

28 OS PRESIDENTES DA IGREJA

"Joseph Smith era um jovem tímido e modesto —•o Espí-


rito tornou-o destemido para declarar a governantes e poten-
tados e a toda a humanidade o Evangelho novamente revela-
do . Era um humilde jovem camponês a autoridade divina
lhe assentou tão bem, que "era olhado pelos homens com reve-
rente assombro . Era ignorante nas grandes coisas da arte e
ciência — andou com Deus até que o conhecimento humano se
tornou um livro aberto aos seus olhos ; a luz celeste aclarava-
lhe a mente . Sua alma sublime compreendia a grandeza da
sua missão na terra ; e com divina fortaleza, cumpriu o destino
que Deus lhe ordenara.
"Quando atingiu a plenitude da sua masculinidade, pare-
cia combinar todos os atrativos e excelência . Sua pessoa física
era morada adequada ao seu: espírito excelso . Tinha mais de
um metro e oitenta de altura, tórax largo e membros bem
conformados — uma figura forte e graciosa . Sua Cabeça, co-
roada de cabelos sedosos e ondulados, possuía um porte no-
bre . Seu rosto tinha uma tez tão clara e translúcida, que pare-
cia deixar transparecer-lhe a alma . Não usava-barba, e o ple-
no vigor e beleza de suas feições impressionavam todo mundo
à primeira vista . Tinha olhos que pareciam ler no coração dos
homens . Sua boca combinava força e doçura. A majestade de
sua postura era natural, não estudada . Embora repleto de dig-
nidade pessoal e profética, sempre que a ocasião o requeria,
em outras horas sabia relaxar e mostrar-se tão alegre e des-
contraído quanto um menino . Esta era uma de suas roais notá-
veis características .
"Porém, não importa se praticando esportes viris, duran-
te horas de lazer ou proclamando palavras de sabedoria do
púlpito, mostrava-se sempre o -líder . Seu magnetismo era ma-
gistral e seus dotes heróicos granjeavam-lhe a admiração de
todos. Em qualquer de seus movimentos, todas as classes de
pessoas eram forçadas a reconhecer nele um homem de pode-
rio . Estranhos, vindos de longe para vê-lo à distância, reco-
nheciam-no no momento em que os olhos o encontravam . Ho-
mens cruzavam o oceano e o continente para encontrá-lo, des-
cobrindo-o instantaneamente entre a multidão . . .
"A vida do Profeta foi nobre e abnegada . Sua morte, um
martírio com que selou seu testemunho ."

JOSEPH SMITH—0 PROFETA 29

VII

Quero encerrar este esboço com o seguinte tributo tirado


da seção 135 de Doutrina & Convênios, uma das obras-padrão
da Igreja. Foi escrito pouco após a morte do Profeta:
"Joseph Smith, o Profeta e Vidente do Senhor, excetuan-
do apenas Jesus, fez mais pela salvação dos homens neste
mundo do que qualquer outro ser que jamais viveu nele . No
curto espaço de vinte anos, trouxe à luz o Livro de Mórmon,
que traduziu pelo dom e poder de Deus, e fez com que fosse
publicado em dois continentes ; enviou a plenitude do Evange-
lho eterno, nele contido, aos quatro cantos da terra ; recebeu e
publicou as revelações e mandamentos que compõem este li-
vro de Doutrina & Convênios, e muitos outros sábios documen-
tos e instruções para o benefício dos filhos dos homens ; ajun-
tou muitos milhares de sántos dos últimos dias, fundou uma
grande cidade, e deixou fama e nome que não podem ser des-
truídos . Viveu grande e morreu grande aos olhos de Deus e de
seu povo ; e como a maior parte dos ungidos do Senhor dos
tempos antigos, com o seu próprio sangue selou a sua missão e
suas obras . . ." (DErC 135 :3)
BRIGHAM YOUNG
SEGUNDO PRESIDENTE

BRIGHAM YOUNG

(1801-1877)

No dia da tragédia em Carthage, 27 de junho de 1844


Brigham Young encontrava-se em Boston, Massachusetts, fa
zendo trabalho missionário para a Igreja . Havia partido de
Nauvoo cinco semanas antes, a pedido do Profeta Joseph
Smith, a fim de supervisionar o trabalho de numeroso grupo
de missionários enviados para, durante o verão, apresentar ao
povo o ponto de vista do Profeta "a respeito dos poderes e
política do governo dos Estados Unidos", e fazer pregação
missionária onde e quando houvesse oportunidade.
No dia primeiro de junho, enquanto viajava para o Leste,
Brigham comemorou seu quadragésimo terceiro aniversário.
Era forte, vigoroso, são de corpo e mente . Era homem de bom
senso ; homem de raciocínio claro, previdente, decidido ; sabia
aonde queria ir e o que desejava fazer . As lições que aprende-
ra na vida foram-lhe ensinadas unicamente pela vida, pela
própria natureza ; um homem natural, educado na dura escola
da experiência ; um homem bem sucedido que entendeu os
princípios que fazem prosperar neste mundo e aplicava-os
com todo seu vigor. De cultura livresca, instrução escolar ti-
nha pouca ; ou, poder-se-ia dizer, nenhuma, apenas "onze
dias" em alguma escola de roça durante a meninice.
Sua ocupação atual, que apreciava e entendia profunda-
mente e à qual se dedicava de todo o coração, era a de missio-
nário e apóstolo da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últi-
mos Dias . Ele era um oficial da Igreja, o presidente do Quo-
rum dos Doze Apóstolos . Estando logo abaixo do Profeta Jo-
seph Smith, Brigham indubitavelmente arcava com maior res-
ponsabilidade que qualquer outro homem na organização
Não recebia nenhuma compensação material por esse traba-
lho, mas sentia na` alma que era por mando de Deus que nele
devia labutar com todo seu vigor .

32 OS PRESIDENTES DA IGREJA

A tragédia de Carthage mudou o rumo da vida de Bri-


gham Young . Fosse o Profeta vivo, Brigham certamente teria
continuado a servir com lealdade seu amigo e líder, pois era
um servo sincero e dedicado . Mas agora, subitamente, coube-
ra=lhe a responsabilidade de liderar um grande povo religioso.
Como se desincumbiu dessa responsabilidade e com que grau
de êxito guiou os santos dos últimos dias durante os trinta e
três anos que se seguiram, é uma história bastante conhecida.
Para o alvorecer da vida desse homem notável, como no
caso de Joseph , Smith, devemos olhar para a Nova Inglaterra
nos primeiros anos do século dezenove. John Young, o pai,
fora soldado na Guerra da Independência sob o comando do
General Washington . Terminada a guerra casou-se com Abi-
gail Howe, em Hopkinton, Massachusetts, em 1785, estabele-
cendo-se como homem do campo . O casal teve vários filhos
nascidos em Hopkinton . Por volta do inicio do século, procu-
rando melhores oportunidades, John Young transferiu-se com
a família para Vermont, onde se estabeleceu num sítio em
Whittingham . Ali nascia-lhes em junho de 1801 o nono filho,
ao qual os pais deram o nome de Brigham.
Quando Brigham tinha dois anos, os pais foram novamen-
te mais para o oeste, estabelecendo-se no Condado de Chenan-
go, Nova York, onde estava-se formando uma colônia chama-
da Smyrna . Ali a família permaneceu até Brigham ter catorze
anos . O rapaz teve poucas oportunidades na juventude . Ele
conta que não teve "nenhuma oportunidade para as letras",
mas "tinha o privilégio de limpar mato, derrubar árvores, ro-
lar troncos e trabalhar entre as raízes, machucando as cane-
las, pés e artelhos" . Ainda assim, sua educação foi prática:
"Aprendi como se fazer pão, lavar a louça, ordenhar vacas e
fazer manteiga . . . Estas foram praticamente todas as vanta-
gens que tive na minha juventude . Aprendi a economizar, pois
meu pai era obrigado a isso".
Aos catorze anos, a vida do rapaz foi atingida pela tragé-
dia. Ele perdeu sua nobre e esplêndida mãe . Ela fora seu prin-
cipal esteio e apoio e, nos anos futuros, ele sempre falava dela
com grande reverência . "De minha mãe — aquela que me deu
à luz — posso dizer que nunca viveu no mundo mulher melhor
do que ela", dizia ele num sermão na Cidade de Lago Salgado,
a 15 de agosto de 1852 . "Enquanto viveu, ensinava sempre

BRIGHAM YOUNG 33

aos filhos que honrassem o nome do Pai e do Filho e reveren-


ciassem o Livro Sagrado . A índole profundamente religiosa de
Brigham foi, sem dúvida, herdada em grande parte da mãe
temente a Deus.
Após a morte da mãe, Brigham foi trabalhar para os vizi-
nhos em troca de sustento, e desde aí seguiu seu próprio cami-
nho . Mas ele já aprendera a trabalhar, e a trabalhar em coisas
úteis e necessárias . Logo achou que podia cuidar de si . De
alguma forma, aprendeu o oficio de carpinteiro, e aos vinte e
dois anos, encontramo-lo em Port Byron, Nova York, no Canal
Erie, capaz de intitular-se "carpinteiro, marceneiro, pintor : e
vidraceiro" . Como garoto, ele parece ter sido tão sério e res -
ponsável quanto mais tarde na idade adulta.
Em Port Byron, Brigham filiou-se à Igreja Metodista Re-
formada . Três dos seus irmãos mais velhos e um cunhado,
John P . Greene, eram pregadores itinerantes dessa organiza-
ção, porém Brigham nunca se mostrou muito entusiasmado
por ela ; não possuía suficiente poder para estimular-lhe a
alma.
No dia 8 de outubro de 1824, na localidade de Aurelius,
Condado de Cayuga, Nova York, Brigham desposou Miriam
Works . Ele completara vinte e três anos no mês de junho e já
atingira certa prosperidade em sua ocupação de carpinteiro.
Dois de seus amigos de mocidade na época eram Henry Wells,
fundador da Wells-Fargo Express Company, e Isaac Singer,
inventor da máquina de costura Singer . D . B . Smith do Conda-
do de Cayuga que o conhecia bem nessa época, disse mais
tarde : "Brigham Young foi o melhor tipo de moço que já co-
nheci e teria deixado sua marca em qualquer comunidade na
qual o destino o lançasse".
Na primavera de 1829, Brigham mudou-se para Mendon,
Condado de Monroe, Nova York, onde residia a maior parte de
seus irmãos e irmãs . Foi ali que, um ano depois, ouviu estra-
nhos rumores a respeito de uma "Bíblia de ouro" que um jo-
vem descobrira na colina de Palmyra, no Condado de Wayne,
e que o registro fora traduzido e publicado sob o nome de
Livro de Mórmon . Poucas semanas depois de surgirem tais
rumores, um exemplar desse livro veio às mãos de Brigham.
Foi um acontecimento insignificante e que, no entanto, iria
modificar sua vida e talvez a história da América. O destino

34 OS PRESIDENTES DA IGREJA

depende de pequenos eventos . Brigham leu o livro e ficou pro-


fundamente impressionado . Seu irmão Phinehas conta na sua
história que "mais ou menos nessa época, meu irmão Brigham
veio visitar-me, e logo me disse que estava convencido de que
havia algo no 'mormonismo"'.
Até então, Brigham não vira nem ouvira missionário al-
gum da Igreja, mas no ano seguinte, conta ele, "chegaram a
Mendon os élderes Alpheus Gifford, Elial Strong e outros para
pregar o Evangelho eterno, conforme foi revelado a Joseph
Smith, o profeta, o qual ouvi e nele acreditei".
Foi uma felicidade para Brigham ter a mente confiante.
"O homem vive crendo em algo", escreve Thomas Carlyle,
(ensaísta e historiador escocês (1795-1881)) "não debatendo e
discutindo sobre muitas coisas . . . A mente foi-nos dada não
para sofismar e discutir, mas para examinar alguma coisa,
dar-nos clara crença e entendimento sobre alguma coisa,
quando então estamos prontos para agir".
Brigham foi batizado em Mendon e tornou-se membro da
Igreja no dia 14 de abril de 1832, pelo Élder Eleazar Miller.
"Voltamos para casa", conta ele, "umas duas milhas, com
tempo frio e nevoso, e antes de minhas roupas secarem sobre o
corpo, ele colocou suas mãos sobre mim e ordenou-me um
élder, com o que fiquei maravilhado" . Dessa data em diante,
até o dia da sua morte, Brigham Young dedicou-se quase que
inteiramente a promover a religião escolhida . Poucos homens
já trabalhavam com maior coerência de propósitos.
Em setembro de 1832, Brigham, acompanhado pelo ir-
mão Joseph e Heber C . Kimball, partia para Kirtland, Ohio, a
fim de visitarem o Profeta Joseph Smith que para lá se muda-
ra no ano anterior e com quem nunca se haviam encontrado.
Brigham conta que, ao chegarem, "fomos até a casa do seu pai
e soubemos que estava na mata, cortando lenha ; fomos ime-
diatamente até lá e encontramos o Profeta e dois ou três de
seus irmãos partindo lenha . Minha alegria foi então completa
ao ter o privilégio de apertar a mão do Profeta de Deus e de
receber o testemunho firme, pelo espírito de profecia, de que
ele era o que um homem poderia esperar dele como autêntico
profeta . Ele ficou contente de nos ver e deu-nos as boas-vin-
das . Logo voltamos para a casa dele em sua companhia" .

BRIGHAM YOUNG 35

Foi um encontro histórico . Na minha opinião, Joseph


Smith e Brigham Young eram, na época, os dois homens vivos
mais importantes no mundo . Todavia, vejam a condição hu-
milde deles! Na verdade, o Todo-poderoso escolhe as coisas
humildes do mundo para confundir as sábias e poderosas.
Na mesma noite da chegada deles, conta Brigham, Joseph
reuniu alguns dos irmãos e "conversamos sobre as coisas do
reino . Ele [Joseph] me pediu que orasse ; na minha oração, eu
falei em línguas. Tão logo nos levantamos dos joelhos, os ir-
mãos rodearam-no e pediram sua opinião sobre o dom das
línguas que me fora dado . Ele disse-lhes que era o puro idioma
adâmico . Alguns disseram-lhe que esperavam que condenasse
o dom do Irmão Brigham, mas ele respondeu : 'Não, é um dom
de Deus, e tempo virá em que o Irmão Brigham Young presidi-
rá esta Igreja"'.
O Profeta Joseph Smith nunca ouvira antes o dom das
línguas até escutá-lo de Brigham nesse dia, e pelo dom da
profecia, soube que um grande homem e grande líder se junta-
ra ao seu estandarte .

II

Em setembro de 1833, Brigham mudou-se de Mendon,


onde vivera por quatro anos, para Kirtland, Ohio, lar do Profe-
ta e sede da Igreja . No ano anterior, falecera-lhe a esposa.
Miriam, deixando-o com duas filhinhas, Elizabeth de sete
anos, e Vilate de dois . Poucos meses depois de sua chegada a
Kirtland, em fevereiro de 1834, Brigham desposava Mary Ann
Angell, (este nome significa "anjo") moça, fiel e devota que se
provou realmente um anjo no seu lar . Logo Brigham estava
estabelecido na cidade, tornando-se conhecido por sua diligên-
cia, lealdade para com os irmãos e a Igreja, e devoção ao
reino, conforme mostra este exemplo do seu diário:
"No outono de 1833 numerosos irmãos haviam chegado a
Kirtland ; não encontrando colocação adequada e tendo difi-
culdade de receber o pagamento depois de haverem trabalha-
do, diversos deles foram para Willoughby, Painesville e Cleve-
land . Eu disse-lhes que viera para Kirtland a conselho do Pro-
feta de Deus e que não iria embora para Willoughby, Paines
ville, Cleveland, nem outra parte qualquer contribuindo para o

36 OS PRESIDENTES DA IGREJA

estabelecimento dos gentios ; mas ia ficar ali e buscar as coisas


pertencentes ao Reino de Deus ouvindo os ensinamentos dos
seus servos, e trabalharia para meus irmãos, confiando em
Deus e neles quanto ao pagamento . Trabalhei para o Irmão
Cahoon terminando sua casa e, embora ele não soubesse como
pagar-me quando comecei, antes de terminar o trabalho me
havia pago tudo . Depois fui trabalhar para Pai John Smith e
outros que me pagaram, e pude assim sustentar-me em Kir-
tland ; e quando os irmãos que foram trabalhar fora para os
gentios voltaram, eu dispunha de meios enquanto alguns deles
estavam curtos de dinheiro."
Em fevereiro de 1835, foi organizado o primeiro Quorum
dos Doze Apóstolos, sendo Brigham Young um de seus mem-
bros . Era uma grande honra para um homem jovem, que esta-
va na Igreja há menos de três anos . Mas sua dedicação e ca-
pacidade haviam sido notadas . Sua nova posição fazia-o um
dos oficiais da Igreja, e desde esse momento, ele foi capaz de
contribuir esplendidamente para seu progresso ..
Durante os verões de 1835 e 1836, Brigham trabalhou
como missionário da Igreja nos estados do Leste . Nos meses de
inverno, voltava para a casa e mantinha a si mesmo e a famí-
lia trabalhando em seu oficio de carpinteiro.
0 ano de 1837 foi difícil para o Profeta Joseph e todos os
que lhe eram leais em Kirtland . Devido à falência do Banco
Sociedade de Segurança de Kirtland e perseguição de clérigos
e apóstatas, muitos membros tornaram-se rancorosos e procu-
ravam destruir o Profeta . Brigham ficou firme e fiel ao seu
líder, mas a perseguição finalmente chegou a tal ponto, que
ambos tiveram que fugir para salvar a vida . Partiram de Kir-
tland em fins de dezembro, a cavalo, em busca das colônias
esparsas dos santos no Missouri . Após uma jornada penosa de
quase três meses, eles chegaram a Far West, principal ponto
de reunião . Ali foram bem recebidos pelos santos do Missouri
e por algum tempo tudo correu bem . No outono de 1838, po-
rém, começaram a surgir perseguições no Missouri, havendo
um esforço determinado por parte de ministros, políticos e ofi-
ciais estaduais descontentes para expulsar os mórmons do es-
tado . Espalhados como estavam, os mórmons não tinham con-
dições de defender-se, e por volta da metade do inverno, entre
doze e quinze mil pessoas procuravam salvar a vida fugindo

BR(GHAM YOUNG 37

da turba malvada e assassina . O Profeta Joseph Smith e vários


oficiais da Igreja haviam sido detidos e postos na Cadeia de
Liberty . Brigham conseguiu sair do Missouri em princípios de
março de 1839, chegando a Quincy, no Illinois . Ali trabalhou
com todas as forças para ajudar a salvar os "pobres santos"
dos desmandos do populacho do Missouri . Não descansou, até
que todos eles haviam-se transferido para estados vizinhos.
Em abril de 1839, conseguindo escapar de seus persegui-
dores, o Profeta chegava ao Illinois, onde foi bem recebido
pelos santos . Poucas semanas mais tarde, ele estabeleceu-se
em Commerce, Illinois, dando início a outro lugar de congre-
gação ou sede da Igreja . Brigham Young e muitos outros jun-
taram-se a ele ali, pondo-se a formar um próspero núcleo a
que deram o nome de Nauvoo.
No outono de 1839, antes de ter tido tempo de construir
uma casa ou estabelecer-se, Brigham iniciou preparativos pa-
ra partir em missão para a Inglaterra, conforme havia sido
ordenado a ele e a outros membros dos Doze, na revelação de
julho de 1838 . Sua fé dizia-lhe que, embora estivesse doente e
sem dinheiro, devia ser obediente às revelações do Pai Celes-
tial dadas a conhecer ao Profeta . Heber C . .Kimball registra o
seguinte a respeito das condições de Brigham : "No dia 14 de
setembro, o Presidente Brigham Young deixou seu lar em
Montrose, a fim de iniciar sua missão na Inglaterra . Estava
tão doente, que não tinha forças para chegar até o Mississipi,
uma distância de cento e cinqüenta metros, sem ajuda . Depois
de cruzado o rio, cavalgou na garupa do cavalo de Israel Bar-
low até a minha casa, onde continuou enfermo até o dia 18.
Deixou sua esposa com um bebê de apenas dez dias de idade,
e com todos os outros filhos doentes, incapazes de se ajudarem
um ao outro . Nenhum deles conseguia nem mesmo ir até o
poço para tirar um balde de água, nem tinham uma segunda
muda de roupa para vestir, pois as turbas do Missouri ha-
viam-lhes roubado quase tudo".
Enquanto a família não tinha "uma segunda muda de
roupa para vestir", Brigham mal tinha o que vestir . O gorro
que usava tinha sido feito de um "par de calças velhas" ; além
disso, "não tinha nem mesmo um sobretudo ; viajei enrolado
num pequeno acolchoado que tirei da cama reserva (cama bai-
xa de rodas que encaixa debaixo de outra . N. do T.) até Nova

38 OS PRESIDENTES DA IGREJA

York, onde me deram um sobretudo de cetineta ordinária".


Assim, Brigham Young partiu para sua missão na Inglaterra,
doente, sem dinheiro, de roupas maltrapilhas ; mas dentro do
peito tinha um coração de leão, determinado a realizar ou
morrer.
Não dispomos de espaço para entrar em detalhes da sua
missão na Inglaterra . Os irmãos dos Doze ficaram na Inglater-
ra "um ano e dezesseis dias", e pode-se afirmar seguramente
que, nesse tempo, realizaram muito mais do que desde aí fora
conseguido por um grupo semelhante de missionários . A Igreja
foi alicerçada solidamente na Inglaterra ; organizaram-se ra-
mos em quase todas as cidades de nota ; e foram batizados
entre sete e oito mil conversos . Esse grande êxito foi devido
em parte à excelente liderança de Brigham, à sua fé, devoção
e incessante energia e labuta . Nunca um homem se entregou
com maior disposição e amor a uma causa justa.
Acompanhado de vários irmãos, Brigham embarcou de
volta à pátria em Liverpool, a 20 de abril de 1841 . Trinta dias
mais tarde, o navio Rochester aportava na cidade de Nova
York ; e, após uma viagem normal de diligência e barco, Bri-
gham chegava a Nauvoo a 1° de julho, sendo calorosamente
recebido pela família e amigos . Entre os primeiros a apertar-
lhe a mão, quando o barco atracou em Nauvoo, estava o Pro .-
feta Joseph Smith.
A primeira tarefa que esperava Brigham quando chegou
em casa era providenciar uma moradia confortável para a
família. Ele conta : "Chegando da Inglaterra, encontrei minha
família morando numa pequena cabana inacabada, de troncos
feita num terreno baixo, úmido, tão encharcado que na pri-
meira tentativa de ará-lo, os bois atolaram" . Pôs mãos à obra,
e quase que sozinho, construiu uma confortável casa de alve-
naria que resiste até hoje . Brigham mantinha-se constante-
mente à disposição da Igreja, o que significa que tinha que
prover seu sustento nas horas vagas . Da Igreja, não recebia
nenhuma contribuição material . Num sermão proferido anos
depois na Cidade do Lago Salgado, encontrei o seguinte:
"Entrei nesta Igreja na primavera de 1832 . Antes de ser
batizado, fiz uma missão no Canadá às minhas próprias cus-
tas ; e da hora do meu batismo até o dia de nossa dor e aflição
pelo martírio de Joseph e Hyrum, não passou um verão sobre

BRIGHAM YOUNG 39

minha cabeça que eu não estivesse viajando e pregando, e a


única coisa que recebi da Igreja durante mais de doze anos, a
única coisa que me deu o Profeta, pelo que me lembro, foi em
1842, quando o Irmão Joseph me entregou metade de um pe-
queno porco com que fora presenteado ."
Durante os anos de 1842 e 1843, Brigham trabalhou prin-
cipalmente em Nauvoo e vizinhanças . Em agosto de . 1841, o
Profeta anunciou que "tinha chegado a hora de chamar os
Doze para colocarem-se sob as ordens da Primeira Presidên-
cia, e encarregarem-se do estabelecimento dos imigrantes, as-
sim como dos assuntos da Igreja nas estacas, e ajudar a esten-
der o reino vitoriosamente às nações ; e em vista de terem sido
fiéis e suportado o fardo durante o calor do dia, era justo que
tivessem a oportunidade de prover algo para si e para suas
famílias".
Nauvoo crescia com rapidez durante esses anos . Estima-
va-se que, em 1842, a população atingira aproximadamente
dez mil habitantes . Já ultrapassara Chicago em número de
habitantes, e logo passou a ser a maior cidade do Illinois.
Durante o ano de 1843, Brigham empreendeu uma via-
gem missionária para o Leste . Foi até a cidade de Nova York,
visitando os vários ramos da Igreja no caminho . Seu principal
objetivo era levantar dinheiro para ajudar na construção do
templo em Nauvoo.
Na conferência de abril de 1844, o Profeta solicitou que
certo número de irmãos percorresse os estados do Leste para
apresentar ao povo seus "pontos de vista sobre o poder e polí-
tica do governo dos Estados Unidos" . Duzentos e quarenta e
quatro élderes apresentaram-se como voluntários para essa
missão, sendo que Brigham Young ficou encarregado das suas
atividades . Ele estava no Leste, dedicando-se a este trabalho,
quando soube da morte do Profeta.
A primeira reação do Presidente Young diante da notícia
da morte do Profeta foi : "Teria Joseph levado consigo as cha-
ves do reino"? Ele próprio deu a resposta ao dirigir-se àqueles
que se encontravam com ele na casa do "Irmão Bement", em
Petersboro, Nova Hampshire, onde recebeu a primeira notícia
concreta da tragédia . "Batendo com a mão no joelho, eu disse:
'As chaves do reino estão bem aqui com a Igreja!"' Para mui-
tos outros, a situação da Igreja após a morte do Profeta Jo-

40 OS PRESIDENTES DA IGREJA

seph não estava clara, mas Brigham sabia que o Profeta con-
ferira aos Doze as "chaves do reino" e, naquele instante, de-
ve-lhe ter ocorrido que o fardo da liderança cabia a ele . Dava-
se conta de que, na ausência da Primeira Presidência, o Quo-
rum dos Doze era o organismo governante da Igreja.
Brigham convocou para Boston todos os Doze que se
achavam no Leste, donde partiram juntos para Nauvoo, che-
gando lá na noite de 6 de agosto . A chegada deles foi afortuna-
da, visto que Sidney Rigdon, o conselheiro do Profeta, convo-
cara uma reunião dos santos para o dia seguinte, a fim de
reivindicar para si o encargo de guardião da Igreja . Brigham
foi à tal reunião e falou em linguagem tão clara e inequívoca,
que os santos logo se convenceram de que Sidney Rigdon não
era o homem certo para guiar a Igreja. "Joseph conferiu sobre
nossas cabeças", disse ele, falando em nome dos Doze e de si
mesmo, "todas as chaves e poderes pertencentes ao apostola-
do que ele próprio possuía antes de nos ser arrebatado, e ne-
nhum homem ou grupo de homens pode interpor-se entre Jo-
seph e os Doze, seja neste mundo ou no mundo vindouro.
Quantas vezes Joseph não disse aos Doze : 'Lancei os alicerces
e deveis construir sobre eles, pois sobre os vossos ombros re-
pousa o reino"'.
No dia seguinte, reuniu-se novamente uma numerosa
congregação dos santos, e todos votaram . Foi rejeitada a pre-
tensão de Sidney Rigdon de tornar-se guardião da Igreja,
apoiando o Quorum dos Doze como a presidência da Igreja . A
partir desse dia, por mais de trinta e três anos, Brigham Young
ficou à testa da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias .
Depois de Brigham ser Apoiado líder dos santos, o rumo
estava claramente traçado diante dele, pois tinha objetivos de-
finidos em mente . "Executaremos todas as medidas de Jo-
seph", afirmou . Não tentava introduzir nada de novo . Manti-
nha que o Evangelho fora revelado ao Profeta em toda sua
pureza e plenitude, e que o fundamento do reino estava lança-
do. Ele e seus sucessores iriam construir sobre esse funda-
mento.
O primeiro projeto que o Presidente Yoüng enfrentava era
o de acabar a construção do Templo de Nauvoo, de acordo
com o que o Profeta pedira aos santos . Brigham sabia que

BRIGHAM YOUNG 41

estava iminente a transferência dos santos para o Oeste, e não


queria que eles fossem para o deserto "sem as suas bençãos"
Portanto, foi feito o máximo sacrifício' para concluir o grande
edifício e, a 24 de maio de 1845, "entre brados de hosana dos
santos", assentava-se a pedra de cúpula . . Nunca um povo exe-
cutou um grande trabalho com maior disposição do que ao
construir o Templo de Nauvoo.
A segunda tarefa seria a de preparar o povo para seu
grande êxodo para o Oeste, pois ele e os irmãos haviam chega-
do à conclusão de que não haveria paz para os santos entre o
povo de Illinois . Ele não demorou a iniciar este trabalho, e a
30 de novembro de 1845, podia comunicar que "cada centena
(referindo-se a grupos de santos) montou uma ou mais oficinas
de carroções ; marceneiros, carpinteiros e construtores de ro-
das são quase todos ex-fabricantes de carroça,e muitos não-ar-
tífrces estão ocupados em todos os cantos da cidade preparan-
do madeira para a confecção de cá-noções . Parelhas estão
sendo mandadas a todas as partes do país para adquirir ferro;
ferreiros trabalham dia e noite, e todas as mãos estão atarefa-
das, preparando nossa partida rumo ao Oeste o mais cedo pos-
sível".
No último dia de 1845, Brigham registra isto na sua histó-
ria : "O Élder Heber C . Kimball e eu superintendemos os traba-
lhas no templo, examinamos mapas com vistas à escolha de
um local para estabelecer os santos a oeste das Montanhas
Rochosas, e lemos vários trabalhos escritos por viajantes na-
quelas regiões" .

III
No dia 1, 5 de fevereiro de 1846, Brigham, levando a famí-
lia num cãrroção, suas 'parelhas e gado, e todas as posses que
podia carregar, deixava sua confortável casa de alvenaria de
Nauvoo, sua fazenda, seus armazenamentos e lotes urbanos, o
belo templo que quase lhe custara a vida, os túmulos de seus
queridos amigos, o Profeta e o Patriarca, atravessando o rio,
de balsa, para o lado de Iowa . Era um dia de frio intenso.
Diante dele estava o vasto Oeste, estendendo-se mais de três
mil quilômetros até o Oceano Pacífico, com suas imensas pla-
nícies e montanhas, seus desertos e ermos inabitáveis, suas

42 OS PRESIDENTES DA IGREJA

tribos errantes de índios, seus répteis e animais selvagens;


uma região pouco conhecida e explorada, exceto pelos espíri-
tos temerários que andam em busca de peles de animais sil-
vestres . Em alguma parte daquela vasta região, ele esperava
encontrar um lugar seguro, um lugar de repouso para seu po-
vo há tanto tempo maltratado e perseguido . Pelos mapas, car-
tas e relatos que havia lido e estudado, ele se fixara um tanto
vagamente no Vale do Lago Salgado, logo além das Monta-
nhas Rochosas, no centro da Grande Bacia . Era só o que sabia
do seu destino . Mas Brigham encarava o futuro sem temor;
sua fé lhe dizia que tudo estava bem . Não sei de figura mais
sublime para mim do que a desse rude homem de fé, esse forte
homem de Deus, entrando no deserto à frente de seu pequeno
bando de santos para fundar um império.
Em poucas semanas, calculava-se, cerca de três mil pes-
soas haviam abandonado suas casas em Nauvoo e se juntado
à caravana . Então principiou a jornada através de Iowa em
direção a Council Bluffs . Não existia nenhuma estrada, apenas
as trilhas deixadas na lama pelos que iam na frente . Eram
atrasados por freqüentes e pesadas chuvas, de modo que mui-
tas vezes conseguiam vencer apenas de três a oito quilômetros
num dia . As vezes, fazia muito frio durante a noite, e ocasio-
nalmente caía neve formando uma camada de várias polega-
das . Muitos partiram sem provisões suficientes ; alguns mor-
riam e eram enterrados à beira do caminho . Foi somente no
dia 14 de junho que Brigham chegou à vista de Council Bluffs,
no Rio Missouri . Fazia quatro meses que vinha atravessando
Iowa.
Não poderemos entrar em detalhes a respeito do grande
acampamento formado pelos santos em ambas as margens do
Rio Missouri durante o verão e outono de 1846 ; apenas dire-
mos que se calculava haver doze mil "refugiados reunidos ali
ou ainda nas planícies de Iowa . Das provações que sofreram
preferimos não falar, pois foram motivo de muita dor e sofri-
mento . Mas, sob a liderança do Presidente Brigham Young e
dos membros dos Doze, os santos tinham constante incentivo e
inspiração . Jamais um povo foi mais afortunado quanto à sua
liderança.
Não devemos esquecer de mencionar aqui que, enquanto
estavam em Council Bluffs, os santos foram solicitados pelo

BRIGHAM YOUNG 43

General Kearney, do Exército dos Estados Unidos, a fornecer


quinhentos homens para as tropas empenhadas na guerra con-
tra o México.
O Capitão James Allen do Forte Leavenworth foi manda-
do entrevistar-se com o Presidente Young . Este, após pesar
cuidadosamente o assunto, fez reunir os santos e concordou
com o pedido, declarando : "Proponho que se alistem quinhen-
tos voluntários, e eu farei todo empenho cuidando que suas
famílias sigam avante, tão longe chegue minha influência, e as
alimentarei, mesmo quando eu próprio não tenha nada para
comer" . A história dos soldados do Batalhão Mórmon e sua
inigualável marcha para a Califórnia é uma das mais emocio-
nantes na história da Igreja.
Em princípios de abril de 1847, partia de Winter Quarters
pequeno grupo de pioneiros composto de cento e quarenta e
três homens, três mulheres e duas crianças, a fim de descobrir
um lar permanente para os santos em algum ponto a oeste das
Montanhas Rochosas . A frente do grupo, ia o Presidente Bri-
gham Young . Dirigia a companhia segundo regras militares, e
toda a jornada foi feita com segurança e precisão . No que
agora é a parte oeste do Wyoming, os irmãos encontraram
James Bridger, talvez o mais famoso dos batedores do Oeste.
Ele fez tudo que pôde para dissuadir Brigham Young de tentar
estabelecer uma colônia na Grande bacia, afirmando que da-
ria mil dólares pelo primeiro alqueire de milho ali cultivado.
Ao que o Presidente Young replicou : "Espere um ano ou dois e
havemos de mostrar-lhe o que se pode fazer".
Depois de uma viagem de quatro meses e muitas priva-
ções, a companhia entrou no Vale do Lago Salgado . Ao avistar
o vale pela primeira vez, no dia 24 de julho, Brigham excla-
mou : "Este é o lugar".
Depois de permanecer no vale umas poucas semanas,
dando instruções quanto à localização da cidade e de que for-
ma as terras deviam ser divididas, o Presidente Young e parte
da companhia pioneira iniciaram sua volta para Winter Quar-
ters . Embora passando por consideráveis dificuldades, como a
perda de vinte e oito cavalos roubados pelos índios, os irmãos
fizeram uma viagem segura até Winter Quarters, onde chega-
ram a 31 de outubro . 0 Presidente Young escreveu mais tarde:
"Entramos na cidade mais ou menos uma hora antes do pôr

44 OS PRESIDENTES DA IGREJA

do sol . As ruas estavam apinhadas de gente que queria aper-


tar-nos a mão, enquanto passávamos . Ficamos realmente sa-
tisfeitos de rever nossas mulheres, filhos e amigos após uma
ausência de mais de seis meses, tendo viajado mais de três mil
e duzentos quilômetros, escolhido um local para os santos vi-
verem em paz e realizado a mais interessante obra nesta últi-
ma dispensação . Nem uma só alma do nosso grupo morreu, e
ninguém, teve um acidente sério, pelo que louvamos o Se-
nhor".
O principal açontecimento do inverno de 1847 foi uma
reunião dos Doze realizada na casa de Orson Hyde, na mar-
gem do rio, Iowa no dia 5 de dezembro . Nessa noite, foi efe-
tuada a reorganização da Primeira Presidência, tendo corno
presidente Brigham Young, que escolheu como conselheiros os
irmãos Heber C . Kimball e Willard Richards.
Durante os meses de fevereiro, março e abril de 1848,
fizeram-se os preparativos para o êxodo geral dos santos de
Winter Quarters . Três grandes caravanas dirigidas por Bri-
gham Young, Heber C . Kimball e Willard Richards deveriam
empreender a jornada . Em fins de maio, a companhia do Pre-
sidente Young, que devia sair na frente, estava pronta . Com-
punha-se de "397 carroções, 1229 almas, 74 cavalos, 19 mu-
las, 1275 bois, 699 vacas e 184 cabeças de gado de corte, 411
ovelhas, 141 porcos, 605 galinhas, 37 gatos, 82 cães, 3 ca-
bras, 10 gansos, 2 colmeias, 8 pombos e 1 gralha" . Assim, os
pioneiros de Utah, como os israelitas de antigamente, parti-
ram para o deserto com mulheres e crianças, rebanhos ema-
nadas. A frente deles, seguia um Moisés moderno, pronto e
capaz de conduzi-los à "terra prometida".
Esta segunda jornada pelas planícies provou-se mais can-
sativa e difícil que a primeira . A companhia era grande e ler-
da, e progredia lentamente . Quando alcançaram o Rio Sweet-
water, na atual parte oeste de Wyoming, Brigham escreveu
para Orson Hyde, em Kanesville : "Estivemos viajando sessen-
ta e três . dias do Elkhorn até a última travessia do Sweetwa-
ter, fazendo uma média de dezenove quilômetros por dia ; des-
cansamos vinte e dois, incluindo os domingos, para recuperar
e fortalecer nosso gado : A estação extremamente seca, a falta
de capim, as estradas ruins, cansativas e poeirentas, e a inges-

BRIGHAM YOUNG 45

tão de tanto álcali por inalação, no comer e beber, tem sido a


causa de perdermos muitos animais de corte".
A 28 de agosto, os olhos e coração de Brigham foram
alegrados pela oportuna chegada ao vale de seu irmão Loren-
zo e Abraham 0. Smoot, acompanhados de quarenta e sete
carroções e cento e vinte e quatro juntas de bois, "para pres-
tar ajuda na travessia das montanhas " . Agora o progresso se
fazia mais rápido, e a 7 de setembro, a companhia alcançava
o Rio Green . No dia 12 do mesmo mês, chegavam ao Forte
Bridger, onde acamparam para pernoitar . No dia 19, seguindo
com seu irmão Lorenzo de coche, Brigham "cruzou o topo do
Big Moutain ; e no dia seguinte, da boca do Emigration Ca-
nyon, ele pôde contemplar sua pequena-cidade crescendo no
deserto . Havia cento e dezesseis dias que partira de Winter
Quarters .

IV
Durante os primeiros anos no Vale do Lago Sagrado, mui-
tos santos sentiam-se insatisfeitos com a nova localização .. A
terra era seca, estéril, e as culturas não vingavam sem irriga-
ção. Não havia madeira no vale ; esta precisava ser extraída
nos desfiladeiros rochosos e praticamente intransitáveis . Os
suprimentos eram escassos, e alguns dos colonos eram força-
dos a valer-se de raízes e carne de caça para sua subsistência.
Cresceu o sentimento entre os santos de que estariam melhor
mudando-se para a Califórnia ou algum outro lugar mais favo-
rável. "Nessa época de desânimo", conta James Brown, um
dos pioneiros, "o Presidente Young postou-se diante de todo o
povo e disse, em resumo, que alguns tinham dúvidas e alguns
murmuravam e não tinham fé para pôr mãos à obra e cuidar
do conforto da família ; haviam pego a febre do ouro e estavam
indo para a Califórnia . Disse ele : 'Alguns me consultaram a
respeito . Expliquei-lhes que Deus designou este lugar para a
coligação dos seus santos, e vocês estarão melhor aqui, mesmo
do que indo para as minas de ouro . Alguns pensaram em ir
para lá, suprir-se do necessário e voltar para cá ; mas eu lhes
disse que ficassem e se suprissem aqui . Aqueles que ficarem
aqui e forem fiéis a Deus e seu povo farão mais dinheiro e
ficarão mais ricos do que vocês que correm atrás do Deus

46 OS PRESIDENTES DA IGREJA

deste mundo ; e eu lhes prometo, em nome do Senhor, que


tantos quantos forem, pensando enriquecer e voltar, desejarão
nunca ter saído daqui e ansiarão por voltar, mas não serão
capazes de fazê-lo . Alguns voltarão, mas os amigos que fica-
ram aqui terão que ajudá-los ; e o resto de vocês que não preci-
sam voltar, não ganharão tanto dinheiro quanto os irmãos que
ficam, ajudando a edificar a Igreja e o Reino dr . Deus ; eles
prosperarão e terão o dobro de vocês . Aqui é o lugar que Deus
designou para o seu povo"'.
Com sua grande força de personalidade e palavras inspi-
radas que fluíram de seus lábios naquela ocasião, Brigham foi
capaz de deter a maré de descontentamento e manter os san-
tos no Vale do Lago Salgado.
Em princípios de 1849, passou-se a dar atendimento à
questão do governo civil . Numa convenção realizada na Cida-
de do Lago Salgado, foi elaborado um memorial, solicitando
ao Congresso dos Estados Unidos que criasse um governo ter-
ritorial, território esse a "ser conhecido pelo nome de Dese-
ret" . O Dr . John M . Bernhisel foi encarregado de levar o me-
morial a Washington. O Congresso não se pronunciou a respei-
to até setembro de 1850, quando foi aprovada uma lei pelas
duas casas e assinada pelo Presidente Millard Fillmore, (13 0
presidente dos Estados Unidos (1850-1853)) criando o Territó-
rio de Utah . O presidente nomeou Brigham Young como pri-
meiro governador do novo território . Naquela época, as notí-
cias andavam tão devagar, que Brigham só soube das resolu-
ções do Congresso e . de sua nomeação para governador em
janeiro de 1851, quando voltava de uma visita aos colonos de
Ogden . Desnecessário dizer que houve regozijo entre os santos,
e o Presidente Young estava satisfeito com a honra a ele con-
ferida.
Durante o verão de 1851, foi escolhido o local para o
capitólio do novo território, a duzentos e quarenta quilômetros
para o sul da Cidade do Lago Salgado . Foi chamado de Fillmo-
re, em homenagem ao presidente . O Dr. Bernhisel foi nomeado
representante do povo do território em Washington.
Os anos de 1850 a 1854 foram de progresso em TJtah.
Milhares de imigrantes cruzavam as planícies para comparti-
lhar a sorte dos santos nos vales, criando-se muitos novos nú-
cleos de colonização . No exterior, os missionários da Igreja

BRIGHAM YOUNG 47

pregavam o Evangelho com grande entusiasmo . O Presidente


Young era um sucesso em tudo o que se propunha a fazer na
sua dupla capacidade de presidente da Igreja e governador
territorial . Raramente o mundo viu um executivo mais capaz.
Ele possuía profunda compreensão da natureza humana, e sa-
bia o que as pessoas deviam fazer para ter êxito e prosperar.
A 6 de abril de 1853, foram lançadas as pedras angulares
do grande Templo de Salt Lake, em cerimônia presidida pelo
Presidente Brigham Young . "Sete anos atrás", disse ele, "cru-
zei com meus irmãos o Rio Mississipi, sem saber então para
onde iríamos, mas crendo firmemente que o Senhor nos reser-
vara um bom lugar nas montanhas, e que ele nos guiaria dire-
tamente até lá . Faz só sete anos que abandonamos Nauvoo e
agora estamos prontos para construir outro templo" . O Presi-
dente Young não viveu o suficiente para ver o Templo de Salt
Lake terminado, mas a obra foi planejada e executada sob sua
orientação genial até o ponto em que pôde ser concluída com
êxito pelos que vieram depois dele.
Em 1854, quando estava para expirar seu primeiro man-
dato como governador, o Presidente Franklin Pierce (14" pre-
sidente dos Estados Unidos (1853-1857)) ofereceu o cargo a
Edward J . Steptoe, um coronel do Exército dos Estados Uni-
dos . O coronel veio a Utah, conversou com o povo e fez urna
investigação das condições . A seguir, recomendou que Bri-
gham Young fosse mantido no cargo, "por possuir em alto
grau todas as qualificações necessárias para o desempenho de
seus deveres oficiais e é decididamente a pessoa mais indicada
que poderia ser escolhida para esse posto" . Diante disso, o
presidente nomeou o Governador Young para um segundo
mandato de quatro anos.
Entre as nomeações federais feitas pelo Presidente Pierce
nessa época, estava a de William W . Drummond, de Illinois,
para o cargo de juiz adjunto da suprema corte territorial . Este
homem iria causar uma porção de problemas ao Presidente
Young e os santos . Drummond é descrito como sujeito "deso-
nesto e licencioso" . "Largou a mulher e família no Illinois sem
meios de sustento, trazendo consigo para o território uma sim-
ples cortesã que apresentou como sua esposa ." Ouando o fato
se tornou conhecido, Drummond partiu para Nevada, a fim de
presidir julgamentos e não retornou . Prosseguiu para Wa-

48 OS PRESIDENTES DA IGREJA

shington, onde fez graves acusações contra o Presidente


Young e os santos . Declarou que " os registros da corte supre-
ma de Utah haviam sido destruídos ; que Brigham Young dera
sua aprovação a esse feito traiçoeiro, e que se realizara com o
seu conhecimento ; que Brigham Young, como governador,
perdoara criminosos mórmons e aprisionara gentios inocen-
tes ; que havia insultado juizes federais ; que o Governo Ameri-
cano fora insultado e homens inocentes maltratados e assassi-
nados por cumprirem seu dever" . Estas e outras acusações
levantadas pelo Juiz Stiles, (George P . Stiles, ex membro da
Igreja, excomungado por imoralidade) pelo agente para os ín-
dios, Garland Hurt, e por W . M . Magraw (que havia perdido.
um contrato postal para um membro da Igreja) induziram o
Presidente James Buchanan (15° presidente dos Estados Uni-
dos (1857-1861)) a agir sem mais investigação . Determinou a
destituição de Brigham Young do cargo de governador de
Utah, e nomeou um novo governador e novos juízes para a
suprema corte territorial . "Ordenou ainda que os recém-no-
meados fossem acompanhados por tropas para apoiá-los e su-
primir a rebelião entre o povo mórmon ." Essa ação precipita-
da iria custar ao governo milhões de dólares, e ficar conhecida
como o "fiasco de Buchanan".
Brigham Young e numeroso grupo de santos encontra-
vam-se no Lago Silver, nos altos do Big Cottonwood Canyon,
no dia 24 de julho, de 1857, comemorando o Dia dos Pioneiros,
quando souberam da vinda das tropas e nomeação de um no-
vo governador . 0 Presidente Young ficou surpreso, mas não
precisou de muito tempo para resolver que rumo seguir . Quan-
to ao caso do governador, ele não ligava muito se ele ou outra
pessoa ocupassem o cargo ; mas haveria de opor-se com todas
as suas forças à entrada de tropas em Utah . Falando aos san-
tos na Cidade do Lago Salgado, no domingo, 14 de setembro,
dizia ele:
"Estou neste reino há um bom tempo para mais de
vinte e cinco anos — fui sendo expulso de lugar para lugar,
meus irmãos foram dispersados e despidos, e sempre sem pro-
vocação de nossa parte, apenas por sermos unidos, obedientes
às leis do país, .procurando adorar a Deus . Populachos investi-
ram repetidamente contra este povo, mas nunca foram capa-
zes de prevalecer, até que governadores emit.i5sèm ordens e

BRIGHAM YOUNG 49

convocassem uma força, sob a letra da lei, para segurar os


mórmons enquanto facínoras infernais lhes cortavam a gar-
ganta . Revivi tudo isso durante a noite passada o que me dei-
xou zangado demais para pregar . Também verificar que esta-
mos num governo cujos administradores estão sempre tentan-
do prejudicar-nos, enquanto nós enfrentamos constantemente
o inferno inteiro para provar que não há motivos justos para
sua hostilidade para conosco ; e contudo, estão organizando
suas forças para virem aqui e protegerem facínoras infernais
que estão ansiosos por vir e matar a quem bem lhes parecer,
destruir o que quiserem e finalmente exterminar-nos ."
"Este povo é livre . Não se curva em servidão a nenhum
governo do escabelo de Deus . Não transgredimos lei alguma,
não temos ocasião de fazê-lo, tampòuco o pretendemos ; po-
rém, quanto a qualquer nação vir aqui para destruir este po-
vo, valha-me Deus, não poderão ."
No dia 15 de setembro, o Governador Young emitiu uma
proclamação, colocando o território sob lei marcial, "proibin-
do a entrada de todas e quaisquer forças armadas no territó-
rio, sob pretexto algum" . 0 General Wells (Daniel Hanmer
Wells (1814-1891), ordenado apóstolo e designado segundo
conselheiro na Primeira Presidência a 4 de janeiro de 1857)
da Legião de Nauvoo, estabeleceu seu quartel-general no Echo
Canyon, localizado entre o Forte Bridger e o Vale do Lago Sal-
gado, instruindo seus homens a que fizessem todo o possível
para impedir o avanço das tropas : "Estourem as boiadas ; bo-
tem fogo nos comboios ; queimem toda a área à frente deles e
em seus flancos ; impeçam que durmam com ataques noturnos
de surpresa ; bloqueiem as estradas ; mas evitem estritamente
o sacrifício de vidas".
Em novembro, com a chegada do frio, o General Albert
Sidney Johnston decidiu sabiamente que as tropas, então na
parte oeste de Wyoming, passassem o inverno no Forte Brid-
ger, não tentando prosseguir a marcha senão na primavera.
Esse feliz adiamento deu margem a que as dificuldades entre
os santos e o governo fossem debatidas e resolvidas.
Em fevereiro de 1858, chegava à Cidade de Lago Salgado,
"pela rota sul", o Coronel Thomas L . Kane, de Filadelfia, ami-
go do Presidente Young, trazendo instruções do presidente dos
Estados Unidos e oferecendo seus préstimos como mediador

50 OS PRESIDENTES DA IGREJA

entre os santos e os oficiais civis e militares . Depois de passar


diversos dias na Cidade de Lago Salgado e conversar com o
Presidente Young e os irmãos, ele dirigiu-se ao encontro de
Alfred Cumming, o novo governador, e do General ,Johnston,
no Forte Bridger . Conciliando as partes, induziu o Governador
Cumming a ir à Cidade de Lago Salgado, para ser juramentado
e empossado no novo cargo . Lá chegando mostraram-lhe os
registros do tribunal que o juiz Drummond afirmara terem
sido queimados. O novo governador verificou que os santos e o
Presidente Young haviam sido caluniados diante do Presidente
Buchanan, e tanto ele quanto o Coronel Kane informaram o
presidente, pedindo o envio de uma comissão de paz a Utah
para investigar as condições e restabelecer a ordem e a paz . O
Presidente Buchanan aceitou a sugestão — parece-nos a pri-
meira coisa sensata que fez no caso — e em junho, chegavam
à Cidade de Lago- Salgado o Senador L . W . Powell, do Kentuc-
ky, e o Major Ben McCullock, do Texas, para, se possível, diri-
mir as dificuldades. O presidente Young e diversos dos irmãos
dirigentes reuniram-se com eles no velho edifício da Câmara.
Brigham Young relatou as perseguições sofridas pelos santos
no Ohio, Missouri e Illinois, avisando aos comissários que an-
tes de ele ou os santos se submeterem a novas perseguições,
preferiam queimar suas casas, destruir seus bens e ir para
outra parte . "Nenhum populacho há de morar nas casas que
construímos nas montanhas", concluiu . "Se quiserem guerra,
tê-la-ão ; mas se quiserem paz, haja paz ; será um satisfação
para nós ."
Os comissários declararam-se pela paz . Ficou decidido
que as tropas teriam permissão de entrar no vale, mas não
estabeleceriam acampamento permanente num raio de ses-
senta quilômetros da cidade . Estes arranjos foram cumpridos,
mas como o Presidente Young não confiava nos oficiais do
governo e militares, ordenou que os santos evacuassem a Ci-
dade de Lago Salgado e todos os núcleos ao norte, e fossem
para os vales de Utah e Juab, até ficar provado que o General
Johnston pretendia manter sua palavra . Para sua honra, o
General Johnston não permitiu aos soldados molestarem as
casas ou bens dos santos e fê-los acampar no Cedar Valley, a
sessenta quilômetros da cidade . Assim terminou a Guerra de
Utah, que não levou a nada, exceto o dispêndio de milhões de

BRI.GHAM YOUNG 51

dólares e que, como já dissemos, por muitos anos era chamada


no Leste de o "fiasco de Buchanan".
Livre das responsabilidades de governador do território, o
Presidente Young podia agora continuar o pacífico e agradável
trabalho de "edificar o reino" . Era o que desejava fazer acima
de tudo mais ; seu coração estava no progresso da obra de
Deus . Todavia, não relaxou sua oposição a todos os que pre-
tendessem prejudicar os santos ou difamar suas justas realiza-
ções.
Restabelecida a paz, recomeçaram as viagens através das
planícies, trazendo vários visitantes ilustres à Cidade do Lago
Salgado . A 10 de julho de 1859, chegava de diligência Horace
Greeley, famoso editor do New York Tribune . Durante sua es-
tada na cidade, teve uma entrevista de duas horas com o Pre-
sidente Young . Ele deixou suas impressões do presidente nesta
descrição : "Como o Presidente Young é o principal ministro da
Igreja Mórmon e encarregou-se da maior parte da conversa,
relatei apenas as respostas dele a minhas perguntas e observa-
ções . Os outros pareciam concordar uniformemente com seus
pontos de vista, aquiescendo de imediato nas suas respostas e
explicações. Expressava-se com facilidade, nem sempre com
correção gramatical, porém sem nenhuma hesitação ou reser-
va aparente, ou indício de desejar esconder algo ; tampouco
repeliu nenhuma de minhas perguntas como impertinente.
Vestia-se com extrema simplicidade, usando leves roupas de
verão, sem nenhum ar de beatice ou fanatismo . Sua aparência
é de um homem corpulento, franco, bem-humorado, um tanto
atarracado, de cinqüenta e cinco anos [devia ser cinqüenta e
oito], parecendo amar a vida e não ter pressa alguma de che-
gar ao céu".
Na primavera de 1860, acompanhado de numeroso grupo
dos irmãos, o Presidente Young visitou as colônias de santos
ao norte da Cidade do Lago Salgado, vendo pela primeira vez
os florescentes núcleos no Vale Cache . Suas instruções aos
santos eram sábias e oportunas ; ele sabia o que deviam fazer
para estabelecer-se e levar a região ao progresso.
Com a irrupção da Guerra Civil em 1861 _ depois que as
tropas haviam sido retiradas do Vale Cedar _ o Presidente
Young instruiu os santos no sentido de que "não desejava ver
Utah envolvido no movimento de secessão" . Quando, em outu-

52 OS PRESIDENTES DA IGREJA

bro desse ano, se concluiu a primeira linha de telégrafo trans-


continental, enviou um telegrama ao presidente da . compa-
nhia, J . H . Wade, nestes termos : "Utah não se separou, está
firme ao lado da Constituição e das leis de nossa pátria outro-
ra tão feliz".
Foi nesse ano, 1861, que o Presidente Young deu início à
construção do Teatro de Salt Lake, um dos mais belos edifícios
de seu tipo nos Estados Unidos . 0 presidente era apreciador de
teatro e raramente perdia um "espetáculo" quando estava na
cidade . Encorajava seus familiares a participar das peças que,
no princípio, eram encenadas exclusivamente por amadores.
Em 1863, houve grande empenho por parte de não-mór-
mons para desenvolver a mineração em Utah . O Presidente
Young se opôs ativamente contra a abertura de minas .-Não
percebem", dizia ele, "que prata ,e ouro estão entre as coisas
que menos falta nos - fazem? . . . E um terrível engano aceito
pelo mundo inteiro, e também por muita gente deste povo que
professa não ser do mundo, de que ouro é riqueza . Diante da
simples notícia de que . foi descoberto ouro nas montanhas do
oeste, homens largaram as debulhadoras e deixaram seus ca-
valos à solta para comer, pisotear e destruir as preciosas dádi-
vas da terra . Imediatamente sacrificaram tudo no altar cinti-
lante desse ídolo popular, declarando que agora iam ficar ri-
cos e nunca mais plantariam trigo . Se este sentimento se gene-
ralizar diante da descoberta de minas de ouro em nossa vizi-
nhança imediata, a indigência, inanição, extrema miséria e
aniquilamento serão o destino inevitável deste povo" . A sabe-
doria das palavras e do conselho do Irmão Young não podem
ser postas em dúvida.
No decorrer dos anos de 1864 e 1865, o Presidente Young
visitou as colônias dos santos tanto ao sul como ao norte da
Cidade do Lago Salgado . Em toda parte, ele incentivava o po-
vo e ensinava-lhe as doutrinas da Igreja . Durante esses anos,
mandou também numerosos carroções até Omaha, " para tra-
zerem os santos pobres para os vales" . O propósito central de
todos os seus pensamentos era "edificar o reino de Deus" no
mundo inteiro.
O Tabernáculo de Salt Lake, uma das mais interessantes e
espaçosas estruturas já erguidas para culto público, foi erigido
durante os anos de 1866/67, sob a supervisão do Presidente

BRIGHAM YOUNG 53

Young . O imenso telhado em forma de travessa funda inverti-


da, foi construído quase que -inteiramente de madeira, visto que
os santos não dispunham de ferro ou aço em quantidade na-
quele tempo . O telhado, apoiado em colunas de pedra, era
único em estrutura e desenho, e até hoje é o principal auditó-
rio para as conferências dos santos dos últimos dias.
Outro melhoramento de imensa importância durante es-
ses anos, foi o início da construção da ferrovia Union Pacific
Railroad, de Omaha, Nebraska, até Ogden, Utah, um percurso
de mil e seiscentos quilômetros . O Presidente Young teve parte
ativa nesse grande empreendimento ; contratou com a compa-
nhia ferroviária a construção de cento e doze quilômetros de
rampas e túneis, dos altos do Echo Canyon até as margens do
Grande Lago Salgado . A obra foi fielmente executada, e no dia
10 de maio de 1869, era cravado o último prego nos trilhos em
Promontory, Utah, unindo as estradas de ferro Union Pacific e
Central Pacific . A nação era percorrida por uma faixa de aço
desde Nova York até São Francisco . Terminavam os dias da
junta de bois, do "popy express" (serviço postal com emprego
de pôneis ligeiros) e da diligência.
Em 1871, quando o Presidente Young se aproximava do
fim de sua grande e proveitosa vida, foi sujeito a dura perse-
guição por parte do governo federal, que decidira extinguir a
prática da poligamia a todo custo . A 2 de outubro, era detido
na sua casa da rua South Temple pelo representante federal, o
Delegado Patrick . Uma semana depois, aparecia diante do
Juiz McKean, prestando fiança de US$ 5 .000 . Pouco mais tar-
de, partiu para St . George onde, no dia 9 de novembro, dedi-
cou o terreno para o templo . Enquanto se encontrava em St.
George, soube que o grande júri não-mórmon registrara con-
tra ele queixa de assassinato . Tal acusação provinha das con-
fissões do notório Bill Hickman (William A. Hickman, assassi-
no confesso, excomungado da Igreja por seus crimes) e remon-
tava ao ano de 1857, quando, segundo Hickman, um certo
Richard Yates foi morto no Echo Canyon a instâncias do Presi-
dente Young.
Retornando imediatamente de St . George na inclemência
da estação hibernal, o Presidente Young compareceu perante
a corte do Juiz Mckean no dia 2 de janeiro de 1872 . Quando o
advogado de defesa requereu a concessão de fiança, o juiz

54 OS PRESIDENTES DA IGREJA

recusou, ordenando que Brigham Young ficasse em prisão do-


miciliar, sob a guarda do delegado federal, até que seu caso
fosse julgado . Assim, o presidente tornou-se um prisioneiro em
sua própria casa, na cidade que havia fundado . Ele só ficou
livre quando da decisão da Corte Suprema dos Estados Uni-
dos, a 15 de abril de 1872, ao declarar ilegal o grande júri que
o acusara . Entretanto, os oficiais-federais não-mórmons não
se satisfizeram com essa tentativa de detê-lo e prendê-lo . A
perseguição só terminou com sua morte.
Durante os verões de 1873 e 1874, o Presidente Young
lançou seu último grande empreendimento entre os santos dos
últimos dias — o de tentar introduzir a "Ordem Unida" . "Te-
nho estado em constante espera e vigilância", disse ele, "tão
constante, séria e fiel quanto jamais u'a mãe vigiou seu filhi-
nho, para ver quando este povo estaria pronto para receber a
doutrina, ou as primeiras revelações dadas quando da primei-
ra localização da Estaca Central de Sião, de consagrar suas
propriedades e serem realmente os servos e servas do Senhor,
e trabalharem de todo o coração para fazer a sua vontade e
edificar o seu reino da terra, e nunca via chegar o tempo em
que pudéssemos organizar uma pequena sociedade, ou uma
pequena ala ; mas, graças a Deus, o tempo chegou ; o espírito
do Senhor está sobre o povo".
0 objetivo da Ordem Unida, dizia o presidente, era juntar
o trabalho e recursos dos santos dos últimos dias . "Que alguns
dos irmãos criem gado e ovelhas, algumas frutas, alguns grãos
e vegetais ; e quando tiverem criado tais produtos, toda partí-
cula será juntada em um armazém e armazéns, e cada um
terá o necessário para sustentá-lo . . . Queremos o tempo dis-
ponível por este povo chamado santos dos últimos dias, para
podermos organizá-lo sistematicamente, tornando-o o mais ri-
co na face da terra ."
Dessa maneira, seria evitada a pobreza, os santos seriam
auto-suficientes e haveria um grande excedente para ser em-
pregado na edificação do reino . O plano era perfeitamente cla-
ro e exeqüível para o presidente todas as partes se ajusta-
vam de maneira a funcionarem harmoniosamente . E lamentá-
vel que não tenha vivido o suficiente para aperfeiçoar esse
interessante plano, que muitos hoje em dia consideram a solu-
ção para todos os problemas econômicos da humanidade .

BRIGHAM YOUNG 55

Em abril de 1877, o Templo de St . George estava pronto


para a dedicação, e o Presidente Young instruiu os santos a se
reunirem lá para a conferência anual da Igreja . As reuniões
realizaram-se durante três dias, sendo que ele falou em diver-
sas sessões . "Quanto à minha saúde", comentou em um dos
sermões, "muitas vezes sinto-me como se não pudesse viver
nem mais uma hora ; porém, pretendo viver o quanto puder.
Não sei em quão pouco tempo o mensageiro me chamará, mas
tenciono morrer no posto ."
Ele continuou trabalhando, e no decorrer do verão, com-
pareceu a várias conferências de estaca da Igreja . Fez seu
último discurso público em Brigham City, no dia 19 de agosto,
"dirigindo-se a uma congregação de pelo menos duas mil e
quinhentas pessoas" . Na segunda-feira, 20 de agosto, voltou
de trem para a Cidade do Lago Salgado.
Durante toda a quinta-feira seguinte, 23 de agosto, en-
quanto trabalhava em seu escritório, o presidente queixava-se
de náuseas, "com uma inclinação para vomitar" . As onze ho-
ras da noite, ao recolher-se, foi acometido de grave ataque de
" cólera-morbo", que se prolongou até às cinco da madrugada,
quando, para minorar seu sofrimento, fòi-lhe administrado
suave opiato pelos drs . F.D .Benedict e Seymour B . Young, cha-
mados durante a noite.
Sofreu dores consideráveis durante toda sexta-feira,
"mas suportava-as de bom ânimo, fazendo ocasionalmente
observações jocosas, quando percebia a preocupação dos que
o rodeavam" . No sábado à tarde, "manifestou-se uma infla-
mação dos intestinos" . Passou a noite em sono intermitente,
gemendo com freqüência enquanto dormia . Quando lhe per-
guntaram se tinha muita dor, ele replicou : "Não, não sei por
que estou gemendo".
No domingo e segunda-feira, ele pareceu recuperar-se um
pouco, "sendo freqüentemente administrado por alguns dos
irmãos" ; porém, na segunda-feira à noite, caiu em coma da
qual era difícil tirá-lo . As quatro da madrugada de terça-feira
"ele afundou na cama, aparentemente sem vida" . Recorreram
imediatamente à respiração artificial, e "aplicaram-lhe cata-
plasmas quentes sobre o coração para estimular seu funciona-
mento" . " Prosseguiram com a respiração artificial durante
nove horas seguidas . Nessas alturas, ele parecia bastante re-

56 OS PRESIDENTES DA IGREJA

cuperado e falou com os que o atendiam, dizendo que se acha-


va melhor e queria repousar ."
Na quarta-feira, 29 de agosto, tornava-se patente aos que
o atendiam ansiosamente que o fim estava próximo . Suas últi-
mas palavras, enquanto olhava fixamente para o alto, foram:
"Joseph, Joseph, Joseph" como que comungando com seu
amado profeta . Um minuto após as quatro horas da tarde, sua
respiração cessava ; seu grande coração deixou de bater . A
vida mortal de um dos filhos mais nobres de Deus chegara ao
fim :
V
O funeral do Presidente Young foi realizado no grande
Tabernáculo no domingo, 2 de setembro de 1877, ao meio-dia.
Calcula-se que estavam presentes pelo menos doze mil pes-
soas, "com mais outro tanto nos jardins do Tabernáculo ou
nas ruas adjacentes" . Os oradores foram Daniel H . Wells, Wil-
ford Woodruff, Erastus Snow, George Q . Cannon e John Tay-
lor . Todos gabaram a fé e devoção do Presidente Young, sua
grande obra e realizações . Após os serviços fúnebres, o corpo
foi levado para o cemitério particular na First Avenue, na Ci-
dade do Lago Salgado . Tudo o que nele era mortal foi devolvi-
do à mãe terra.

VI

Numa carta escrita quatro anos antes de sua morte, diri-


gida ao editor do New York Herald, Brigham Young de-
clarava:
"Minha vida inteira é devotada ao serviço do Onipotente,
e embora eu lastime que minha missão não seja melhor enten-
dida pelo mundo, tempo virá em que serei compreendido, e
deixo ao futuro o julgamento de meus labores e seus resulta-
dos, guando se tornarem manifestos ."
E decorrido quase um século desde que foi feita esta signi-
ficativa declaração, sendo indubitável verdade que esses anos
trouxeram um melhor entendimento da vida e obra do Presi-
dente Brigham Young . 0 escritor Louis Bromfield afirmou nu-
ma entrevista à imprensa, na Cidade do Lago Salgado, referin

BRIGHAM YOUNG 57

do-se a Brigham Young : "Ele foi um dos seis ou sete maiores


americanos" . Numa carta dirigida a este escritor poucos anos
atrás, Harry Chandler, editor do Los Angeles Times, prestou
este alto tributo ao Presidente Young : "Considero-o um dos
eminentes cidadãos do mundo".
Para concluir, gostaríamos de acrescentar nosso tributo,
publicado em nossa obra Life of Brigham Young (A Vida de
Brigham Young):
"Se me pedissem destacar a principal coisa que, mais que
todas as outras, tornou o Presidente Young o grande homem
que foi, acho que responderia, sem hesitar, que foi sua capaci-
dade de crer — sua grande fé . Primeiro, fé num Deus vivente,
perante o qual sentia-se pessoalmente responsável e obrigado
a prestar contas de todas as obras feitas na carne . Segundo, fé
em todo princípio e doutrina . evelados e ensinados pelo Profe-
ta Joseph Smith, e numa firme e inabalável determinação de
pautar sua vida por eles . Terceiro, fé em si próprio, em sua
capacidade de levar avante a grande obra de estabelecer o
Reino de Deus, a liderança que lhe coube após a , morte do
Profeta . Seguidamente, em sua história, tenho-me sentido as-
sombrado pela força da fé neste homem ; fé igual jamais en-
contrei em nenhuma outra pessoa . Na sua lápide, bem que
poderia estar escrito : ELE ACREDITOU . Sim, ele acreditou na
sua religião, este grande homem, e moldou sua vida segundo
seus princípios até o dia da morte.
"Possuindo essa grande fé, essa forte crença, todo o resto
seguiu-se naturalmente . Tornou-se um homem leal.
"Quão curioso que nos primórdios da história da Igreja
tantos homens eminentes hajam caído à margem do caminho.
— Seis apóstolos, as três testemunhas do livro de Mórmon e
vários dos conselheiros de Joseph . Algo os atingiu e derrubou
da árvore da vida, e eles caíram ao chão como folhas mortas.
Mas aonde encontrar em toda a história da Igreja um único
exemplo que mostre uma vacilação de Brigham Young ; ou que
o prove desleal ou infiel à confiança nele depositada? Não
existe nenhum . Sempre, até o dia da morte, ele foi fiel, leal,
verdadeiro . 0 Profeta logo descobriu que ali estava um ho-
mem no qual podia confiar . Por isso, elevou-o a um lugar emi-
nente nos conselho dos santos, fazendo dele um bom amigo e
companheiro . Quando os problemas avultavam em torno do

58 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Profeta, lá estava Brigham para defendê-lo . Anos mais tarde,


pôde dizer:
— Muitas e muitas noites dormi no chão, com um revólver
carregado debaixo do travesseiro, para proteger a vida do
Profeta Joseph .'
"Existia uma léaldade que não admitia dúvidas . Sem esta
qualidade, o Presidente Young jamais teria alcançado grande-
za. Possuindo-a, pôde em poucos anos assumir lugar destaca-
do na estima dos santos e dos irmãos com quem convivia.
"Em toda a história de sua vida tenho-me impressionado
seguidamente com o julgamento prático, a sabedoria e excep-
cional bom senso do Presidente Young.
"A toda hora e em todas as ocasiões, ele parecia saber
qual era a coisa melhor e mais prática a fazer . Não possuísse
tal qualidade, poderia ter fracassado em seus grandes em-
preendimentos. Com sua fé, sua lealdade, era ainda abençoa-
do com a virtude de ser homem sábio — um homem cujo bom
senso em questões temporais era excelente . Quando dava con-
selho, este. era bom . Os santos ganharam confiança na história
desta Igreja . Contrariar o conselho do Presidente Young era
cortejar o malogro . Ele parecia pesar todos os ângulos de uma
questão e tomar invariavelmente decisões sábias.
"Quanto ao seu julgamento prático, tenho notado com in-
teresse que durante a primeira jornada através das planícies,
era o Presidente Young que ia cavalgando na frente e esco-
lhendo a rota . Era ele quem determinava os lugares para
acampar ; conhecia cada carroção e a carga que levava ; nota-
va a força dos animais e sua capacidade de deslocar a carga.
Suas precauções contra ataques dos índios eram tomadas com
precisão ; freqüentemente ele próprio' ficava de guarda sob as
estrelas, de rifle na mão . Ao alcançar o vale, pôde dizer que
vencera mil e seiscentos quilômetros 'sem perder um único
homem ou cavalo'.
"O que dizer da sua escolha destes vales como residência
permanente=dos santos com a histórica declaração : 'Este é o
lugar!'?-Não basta para provar o superlativo bom julgamento
deste homem? Uma geração agradecida que o seguiu erigiu-
lhe um monumento de cem mil dólares no lugar onde foram
proferidas as históricas palavras . 0 Império do Oeste nasceu
naquele dia — 24 de julho de 1847 .

BRIGHAM YOUNG 59

"A fundação de cidades e vilas nesta região entre monta-


nhas, e a escolha dos homens que deviam dirigi-las, era feitas
com profunda compreensão das condições agrícolas e da natu-
reza humana . Quase sempre ele próprio escolhia o local em
que devia ser construído o núcleo — determinava a localiza-
ção dos canais, a terra a ser irrigada, e 'abençoava e designa-
va' os homens que deviam presidir . Durante os últimos anos
de vida, podia olhar em redor e ver mais de duzentas vilas,
colônias e cidades, habitadas por mais de cem mil pessoas,
prósperas, independentes — quase todas sem dívidas _ todas
elas construídas durante os trinta anos de sua residência ali, e
sob sua imediata supervisão e diretriz.
"A construção dos templos, do grande Tabernáculo de
Salt Lake, de linhas telegráficas e estradas de ferro que se
estenderam para o norte e sul do território, tudo mostrava sua
genialidade de construtor.
"Todavia, não quero iludir os leitores quanto ao propósito
primordial da atuação do Presidente Young aqui no Oeste . Não
era construir um império . O propósito central de todas as suas
atividades, durante toda sua vida, da hora em que ingressou
na Igreja em 1832 até sua morte em 1877, foi edificar aqui na
terra 'a Igreja e o Reino de Deus' . Ele mesmo, em seus ser-
mões, declarou tal propósito em centenas de ocasiões . Quando
da morte do Profeta, ele o expôs aos santos em Nauvoo . 'Ir-
mão Joseph foi o responsável pelo fundamento e podemos
construir sobre ele — construir um Reino como nunca neste
mundo houve outro" . Toda as suas atividades na vida
centralizavam-se neste único propósito.
"Sua compreensão de assuntos espirituais tornou-se tão
profunda, quanto seu conhecimento de negócios práticos . Tor-
nou-se uma autoridade em todos os pontos doutrinários per-
tencentes ao Reino . Fico assombrado com o número e exten-
são de sermões puramente doutrinários, e com que clareza e
facilidade falava sobre assuntos como a morte, ressurreição,
imortalidade e vida eterna.
"Era como líder dos santos que o Presidente Young foi
supremo . Havia sido um servo fiel nos dias de Joseph . Quando
este foi levado, ele tomou o seu lugar e assumiu o comando . Os
santos reconheceram imediatamente que Deus levantara um
novo líder em Israel, juntando-se lealmente em torno dele . A

60 OS PRESIDENTES DA IGREJA

confiança nele cresceu com os anos _ logo era por eles cha -
mado de 'O Leão do Senhor' . A confiança transformou-se em
amor e afei ç ão . Freqüentemente, quando em visita às colô-
nias, milhares ficavam à beira da estrada para cumprimentá
lo, e muitas vezes chegavam a espalhar flores em seu cami-
nho . Não me lembro de nenhum outro líder de nenhum outro
povo que haja sido mais honrado e amado do que foi Brigham
Young.
"Contudo,em momento algum ele deixava de ser acessí-
vel . Estava sempre unido ao povo, e milhares chamavam-no
familiarmente de 'Irmão Brigham' . Não tinha pretensões de
grandeza ; tinha pretensões de ser um servo de Deus, e real-
mente o foi, no falar e agir.
"A vida do Presidente Young é uma herança inestimável
para os santos dos últimos dias . Tudo o que ensinamos e tudo
o que defendemos está nele corporificado . Gerações ainda por
nascer voltar-se-ão para ele a fim de inspirar-se ou em busca
de conselho e recomendação . Ainda que morto, ele vive nos
corações de todos os engajados na grande tarefa de edificar na
terra 'o Reino de Deus' .
JOHN TAYLOR
TERCEIRO PRESIDENTE

JOHN TAYLOR

(1808_1887)

Quando o Presidente Brigham Young faleceu, "um minuto


depois das quatro", na tarde de 29 de agosto de 1877, o fardo
de guiar as hostes de Israel recaiu sobre os ombros fortes e
capazes do Presidente John Taylor . Ele estava então no seu
sexagésimo nono ano de vida, aproximando-se rapidamente
dos setenta, mas ainda estava no vigor da masculinidade, lúci-
do no julgamento, firme e invencível, excelente executivo, lí-
der capaz, um verdadeiro homem de Deus.
Há mais de quarenta anos, o Presidente Taylor vinha sen-
do um servidor constante no reino, dando tudo de si para sua
edificação . E por causa de suas esplêndidas qualidades, sua
inteligência, capacidade, lealdade seu espírito de cooperação,
foi elevado à presidência dos Doze ; e assim, com a morte do
Presidente Young, o direito de presidir era seu.
O Presidente Taylor era inglês de nascimento, possuindo
todas as excelentes características desse povo : honesto, traba-
lhador, cioso da liberdade dentro das coisas verdadeiras e do
viver justo . Alguém que o conhecia bem descreveu-o como
"um fidalgo inglês" . Afável, igualmente bondoso para amigo e
estranho, tolerante, era, contudo, forte como pedra ao se opor
a qualquer forma de mal ou transgressão . Eu o tenho como
autêntico homem de Deus, um grande e exemplar santo dos
últimos dias . E uma honra poder falar ou escrever a respeito
de um homem assim.
Ao nascer, a 1° de novembro de 1808, seus pais residiam
na cidade de Milnthorpe, Condado de Westmoreland, Inglater-
ra. O pai chamava-se James Taylor, e o nome de solteira da
mãe era Agnes Taylor, embora não fossem aparentados, até
onde pudemos averiguar . James e Agnes Taylor tiveram dez
filhos oito rapazes e duas meninas . Três deles morreram na
infância. Quando Edward, o filho mais velho, faleceu aos vinte

64 'OS PRESIDENTES DA IGREJA

e dois anos, John, o segundo e objeto deste esboço, ficou no


lugar, logo abaixo do pai, o cabeça da família.
Quando John tinha onze anos, os pais mudaram-se para
uma pequena propriedade perto de Hale, Inglaterra, que ha-
viam herdado . Aos catorze, houve certa discussão na família
sobre o ofício que o rapaz deveria aprender, agora que se
aproximava da mocidade . Finalmente ficou decidido que iria
aprender o ofício de tanoeiro, sendo então colocado como
aprendiz de um fabricante de barris em Liverpool ; poucos me-
ses mais tarde, porém, seu empregador faliu, e John teve que
voltar para casa . Estando decidido a aprender um ofício, pou-
co depois foi para Penrith, em Cumberland, onde se propôs a
aprender torneamento de madeira . Ali ficou dos quinze aos
vinte anos, trabalhando diligentemente com as mãos até haver
dominado seu ofício.
Em 1830, ano significativo para a história da Igreja, os
pais de John Taylor, em companhia de seus irmãos e irmãs,
embarcaram em Liverpool para o Canadá . John ficou na In-
glaterra para ultimar negócios e vender algumas propriedades
do pai, e só após dois anos, pôde juntar-se a eles . Aportando
em Nova York no outono de 1832, John seguiu viagem de
diligência e barco para Toronto, Ontário, Canadá, onde encon-
trou a família . Passado pouco tempo já estava estabelecido em
seu oficio, antecipando confiantemente uma vida tranqüila de,
paz e prosperidade.
Dono de forte inclinação religiosa, John aliou-se à Igreja
Metodista pouco depois de chegar a Toronto, e dentro de pou-
cos meses, tornara-se um líder de classe e pregador itinerante
da organização . Tinha uma propensão natural para expor o
Evangelho, levar almas ao conhecimento de Deus e tornar o
mundo um lugar melhor de se viver ; essa tarefa tornou-se a
esperança, o sonho, a ambição de sua vida . E ele, de fato,
chegou a satisfazer tal anseio.
Foi durante o tempo em que freqüentava as reuniões da
Igreja Metodista, em Toronto, que conheceu e desposou Leo-
nora Cannon, filha do Capitão George Cannon, de Peel, Ilha de
Man. Leonora era moça fina, educada, espirituosa, de muito
talento, excelente conversadora, dona de natureza profunda-
mente religiosa — em tudo uma companheira digna de John
Taylor .

JOHN TAYLOR 65

Tudo parecia favorecer esse par recém-casado, quando


iniciaram a vida em comum em Toronto . Os dias úteis, John
passava na oficina de torneamento de madeira, e os domingos
com a congregação da Igreja Metodista, pela qual mostrava
ativo interesse . Entretanto, com o correr do tempo, à medida
que crescia em conhecimento e compreensão, ele começou a
questionar alguns dogmas ensinados pelos líderes metodistas.
Um pequeno grupo da congregação acompanhava-o nessas in-
quirições, e não demorou que fossem tachados de "dissiden-
tes" . Estavam em busca de um novo Evangelho, um em que o
poder de Deus fosse manifesto . As doutrinas pregadas pelos
metodistas já não os satisfaziam.
Foi nesse período crítico da vida de John Taylor que Par-
ley P. Pratt, um apóstolo da Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias, chegou a Toronto . Vinha com o propósito de
apresentar importante mensagem ao povo, viajando como os
apóstolos antigos "sem bolsa ou alforje", dependendo de Deus
para indicar-lhe os honestos de coração . 0 Elder Pratt come-
çou a fazer reuniões na casa de certa Sra . Walton, e entre os
que compareceram estavam John Taylor e sua mulher . "John
anotou oito sermões proferidos pelo Elder Pratt", conta B . H.
Roberts, "comparando-os depois com as Escrituras" . Investi-
gou também as evidência de autenticidade divina do Livro de
Mórmon e Doutrina Fr Convênios. " Durante três semanas, de-
diquei-me inteiramente a essa tarefa", relata John, "seguindo
o Irmão Pratt para onde quer que fosse" . Como resultado
dessa exaustiva investigação, John Taylor e sua esposa foram
batizados pelo Elder Pratt, no dia 9 de maio de 1836
John imediatamente tornou-se um membro atuante da
Igreja, sendo ordenado ao ofício de élder dentro de poucas
semanas . Pôs-se a pregar em companhia do Elder Pratt nos
arredores de Toronto, trazendo diariamente novos conversos
para o rebanho . Quando partiu de volta ao seu lar em Kir-
tland, no outono de 1836, Parley Pratt deixou o Elder Taylor
"encarregado de todos os santos e ramos no Alto Canadá".
Em março de 1837, o Elder Taylor partia para Kirtland, a
fim de visitar os santos ali e encontrar-se com o Profeta Jo-
seph Smith pela primeira vez . Lá chegando, foi cordialmente
recebido pelo Profeta, que o hospedou na própria casa . Foi o
início de uma amizade que haveria de perdurar enquanto o

66 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Profeta vivesse . Suas últimas horas na vida mortal — de fato,


sua derradeira hora — seriam amenizadas e aliviadas pelo
espírito sensível e vigoroso, e dedicada amizade de John
Taylor.
Em agosto de 1837, o Profeta Joseph, acompanhado por
Sidney Rigdon e Thomas B . Marsh, retribuía a visita ao Élder
Taylor no Canadá . "Foi o maior prazer que já me fora dado
gozar", recorda ele . "Diariamente tinha oportunidade de con-
versar com eles, ouvir suas instruções e participar do rico ca-
bedal de inteligência que fluía continuamente do Profeta Jo-
seph."
Antes de partir do Canadá, ele foi ordenado pelo Profeta
ao ofício de sumo sacerdote e redesignado para presidir a
Igreja ali .
II

No outono de 1837, John Taylor recebeu notícia do Profe-


ta, dizendo que gostaria de que ele resolvesse seus negócios no
Canadá e se juntasse ao corpo principal dos santos no Missou-
ri. John Taylor então lançou sua sorte com a dos santos . Des-
fez-se da sua confortável casa e negócio em Toronto, partindo
para Kirtland junto com um certo Elder Mills . Como era inver-
no, "arranjaram um trenó coberto para a família viajar, en-
quanto seus pertences seguiam de carroção" . Ao fim de longa
e dura viagem, durante parte da qual o Irmão Taylor ficou em
Indiana trabalhando para conseguir meios de seguir adiante,
ele chegou com a família em Far West, Missouri, por volta de
1° de outubro de 1838.
Aconteceu que enquanto ele fazia sua penosa viagem do
Canadá, foi chamado ao apostolado numa revelação ao profeta
Joseph em 8 de julho de 1838.
Infelizmente, quando John Taylor chegou a Far West, a
perseguição dos santos pelos habitantes do Missouri estava no
auge . Um mês mais tarde, o Profeta e vários líderes da Igreja
eram presos pela milícia do povo, e todos os santos receberam
ordens de deixar o Missouri . Em meio a toda essa confusão,
John Taylor foi ordenado apóstolo, "sob as mãos de Brigham
Young e Heber C . Kimball", numa reunião do sumo-conselho
realizada em Far West, na noite de 19 de dezembro de 1838.
Pouco depois, também ele e a família estavam fugindo em
direção leste, para o novo local de congregação dos santos no

JOHN TAYLOR 67

Illinois
John Taylor ficou por algum tempo em Quincy, (localida-
de uns 80 km ao sul de Nauvoo, na margem leste do Rio Mis-
sissipi) onde residia parte dos irmãos dos Doze . Não muito
depois, seria fundada a cidade de Nauvoo, sob a liderança do
Profeta Joseph, e o Elder Taylor e sua família se transferiram
para lá . Todavia, não encontrando acomodação adequada pa-
ra morar, cruzaram o rio para Iowa e foram viver "num só
cômodo de uma antiga caserna" . Foi quando viviam em tais
condições tão precárias, que ele iniciou os preparativos para
partir em missão para a Inglaterra, para onde ele e os irmãos
dos Doze haviam sido chamados.
Só posso, aqui, dar um breve esboço do excelente traba-
lho missionário de John Taylor na Inglaterra, mas quero dizer
que ele exibiu as ótimas qualidades que tanto o elevaram na
estima dos santos dos últimos dias . Foi para a Inglaterra doen-
te e sem tostão, porém, pela força de seu grande caráter e
testemunho, conseguiu levar muitas famílias a conhecerem a
verdade . Entre os que converteu, estavam seu cunhado Geor-
ge Cannon e família, residentes em Liverpool . O quanto essa
família fez pela Igreja e o que suas centenas de descendentes
contribuem ainda hoje, não pode ser avaliado . O Elder Taylor
continuou trabalhando na Inglaterra até abril de 1841, quan-
do, em companhia dos outros Doze, partiu de volta para Nau-
voo. Antes de partir, publicou no Millennial Star (órgão da
Igreja na Grã-Bretanha) um relatório de seus trabalhos, do
qual citamos uma parte:
"Sinto-me regozijar diante de Deus por ele ter abençoado
meus humildes esforços em prol da sua causa e Reino, e por
todas as bênçãos que tenho recebido desta ilha ; pois, embora
tenha viajado oito mil quilômetros sem bolsa nem alforje, além
de percorrer tão extensamente por este país de trem, diligên-
cia, barco a vapor, carroça, a cavalo e quase que de toda
outra forma, estando entre estranhos numa terra estranha,
desde aquele dia até hoje, nunca senti falta de dinheiro, roupa,
amigos ou um lar ; tampouco jamais pedi um vintém a uma
pessoa . Assim pus o Senhor à prova e sei que ele não falta à
sua palavra : E agora que me vou, presto testemunho de que
esta obra é de Deus — que ele falou dos céus — que Joseph
Smith é um profeta do Senhor que o Livro de Mórmon é

68 OS PRESIDENTES DA IGREJA

autêntico ; e eu sei que esta obra irá avante até que 'os reinos
do mundo se tornem os reinos de nosso Deus e seu Cristo' ."
Deixando a Inglaterra em abril de 1841, os irmãos dos
Doze, inclusive John Taylor, aportaram na cidade de Nova
York após uma viagem de um mês . Dali prosseguiram para
Nauvoo, onde chegaram a 1 9 de julho . "Desembarcamos em
Nauvoo," recorda Heber C . Kimball "no dia 1° de julho, e
quando chegamos no cais, acho que havia ali uns trezentos
santos para nos receber, e nunca antes vi maior manifestação
de amor e alegria . O Presidente Smith foi quem primeiro nos
deu a mão . Nunca em minha vida o vi sentir-se melhor ; o
mesmo aconteceu com os santos em geral . . . Encontramos
nossas famílias bem, exceto a Irmã Taylor, que estava um
tanto deprimida ."
Chegando em Nauvoo, John encontra a família vivendo
em condições bastante aflitivas . Sua mulher estava doente,
mas logo se restabeleceu com bons cuidados e atenção . De
imediato o Elder Taylor começou a participar ativamente dos
negócios da Igreja . Em agosto, foi eleito "membro do conselho
da Universidade de Nauvoo" . Reunia-se quase diariamente
com os irmãos dos Doze, para os quais escrevia muitas cartas
e epístolas . Na conferência de outubro realizada em Nauvoo,
"a conferência designou Elias Higbee, John Taylor e Elias
Smith para elaborarem uma petição de reparações pelas injus-
tiças sofridas no Missouri ; e John Taylor para apresentar a
petição."
0 Élder Taylor passava muitas horas com o Profeta, for-
mando-se entre os dois uma profunda amizade . Em janeiro de
1842, o Profeta registra na sua história : "Li o Livro de Mór-
mon, cuidei de uma porção de negócios na loja e na cidade, e
passei a noite no escritório com os élderes Taylor e Richards ."
Em fevereiro de 1842, a Igreja comprou de Ebenezer Ro-
binson a oficina tipográfica do Times and Seasons (periódico
da Igreja) passando John Taylor e Wilford Woodruff a gerirem
a publicação a pedido do Profeta . John agora encontrara uma
função para a qual estava particularmente qualificado . Era
um bom escritor e editor, e durantesua residência subseqüen-
te em Nauvoo, contribuiu com numerosos artigos para os vá-
rios números do períodico . No outono de 1842, ele iniciava a

JOHN TAYLOR 69

publicação de um jornal semanal chamado The Nauvoo


Neighbor.
A 1° de novembro de 1842, o Élder Taylor celebrava seu
trigésimo quarto aniversário . Com sua esposa e quatro filhos
pequenos bem e adequadamente instalados, sua posição de
apóstolo na Igreja e um negócio florescente e lucrativo, ele
antecipava urna vida tranqüila de, paz e prosperidade.
Durante todo o ano de 1843, o Élder Taylor dedicou-se
diligentemente à sua tarefa de editor . Pode parecer estranho
que, naquelas condições difíceis, ele consegu ;sse arranjar um
suprimento suficiente de papel. Quando no inverno o Rio Mis-
sissipi congelava, interrompia-se praticamente todo meio de
transporte com o resto do mundo . Sob a data de abril de 1843,
encontrei o seguinte no Times and Seasons como parte de um
editorial do Elder Taylor:
"Devemos pedir excusas aos nossos leitores por este nú-
mero sair tão atrasado . Tivemos falta de papel, pois esperáva-
mos que o rio degelasse muito mais cedo do que o fez ; e como
a condição das estradas tornou impossível transportá-lo por
terra, não tivemos outra alternativa a não ser aguardar a
abertura do rio . Sentimos o atraso, porém asseguramos aos
nossos amigos que foi inevitável de nossa parte . Entretanto,
tomamos todas as providências necessárias para recuperar o
tempo perdido, tendo contratado dois pares de ajudantes para
fazer o trabalho andar, dia e noite até consegui-lo, o que acon-
tecerá, esperamos, dentro de três semanas ."
O ano de 1844 prenunciava-se favoravelmente para John
Taylor e no entanto ia ser um ano tão fatal . Talvez seja
uma sorte que não possamos ver e saber o que nos espera de
um dia para outro . Entre suas maiores alegrias, estavam a
confiança e o companheirismo do Profeta . Sob a data de 1 9 de
janeiro de 1844, encontramos o seguinte na história do
Profeta:
"Um grande grupo fez uma ceia de Ano Novo na minha
casa, com música e danças até de madrugada . Eu fiquei na
minha sala particular com meus familiares, o Elder John Tay-
lor e outros amigos."
E novamente na terça-feira, 6 de fevereiro : "Dia muito
frio . Passei a noite com meu irmão Hyrum, Sidney Rigdon e os

70 OS PRESIDENTES DA IGREJA

doze apóstolos com as respectivas esposas na casa do Élder


John Taylor ; tivemos uma ceia e nos divertimos muito ."
Sendo 1844 ano de eleições presidenciais, os assuntos po-
líticos eram discutidos por toda parte . Os líderes dos santos
decidiram que não podiam apoiar os principais partidos políti-
cos ou seus candidatos . A fim de seguirem num rumo interme-
diário, solicitaram ao Profeta que se apresentasse como candi-
dato à presidência, que os santos o apoiariam e trabalhariam
por sua eleição . Para isso, em abril, duzentos e quarenta e
quatro élderes, incluindo todos os doze apóstolos exceto John
Taylor e Willard Richards, partiram de Nauvoo, a fim de per-
correr os vários estados do Leste.
Enquanto estavam fora, instalaram em Nauvoo um jornal
anti-mórmon que atacou odiosamente o Profeta e os santos . A
câmara de vereadores de Nauvoo emitiu uma ordem de des-
truição do jornal, e tal aconteceu . Imediatamente, emitiram-se
ordens de prisão contra o Profeta, seu irmão Hyrum, John
Taylor 'é `outros membros da câmara de vereadores . Foi en-
quanto aguardavam o julgamento que ocorreu a tragédia na
cadeia de Carthage, em 27 de junho de 1844 . O Profeta e o
Patriarca foram mortos, e John Taylor gravemente ferido . Os
pormenores dessa tragédia estão descritos no capítulo referen-
te ao Profeta Joseph Smith, por isso não os repetiremos aqui.
O Eldér Taylor foi levado para sua casa em Nauvoo, pou-
cos dias depois do acontecido, passando-se muitas semanas
até que pudesse retomar sua ocupação normal . As reuniões de
conselho dos Doze costumavam ser realizadas na casa dele
durante sua recuperação . Novamente de pé, retomou suas pu-
blicações, além de suas atividades eclesiáticas e a administra
ção de uma esplêndida fazenda perto de Nauvoo . Todavia, em
1845, os irmãos dirigentes já sabiam que os santos teriam que
abandonar ,Nauvoo, se quisessem viver em paz . Durante o ou-
tono e inverno de 1846/47, começaram os preparativos para a
longa migração para o Oeste.
Foi no dia 16 de fevereiro de 1846, que o Élder Taylor se
despediu de Nauvoo, cruzando o rio para Iowa . Para se ter
uma idéia dos sacrifícios que fez na época, conta-se que ele
deixou em Nauvoo " uma ampla casa de tijolos de dois pavi-
mentos, bem mobiliada, com uma loja de alvenaria de um
lado e do outro um prédio novo de alvenaria que construíra

JOHN TAYLOR 71

para a oficina tipográfica, tendo nos fundos um grande celei-


ro . O terreno e os prédios valiam US$ 10 .000 . Além desta pro-
priedade, a pouca distância para o leste de Nauvoo, possuía
uma fazenda de uns 42 ha, e outra de 80 ha, quarenta dos
quais cultivados e quarenta de matas . Era dono ainda de um
lote de esquina de 30m x 25,5 m nas ruas, Main e Water.
"Todas estas propriedades John Taylor abandonou, ao iniciar
a estafante jornada para o Oeste deserto . Mas o pensamento e
crença de que os santos poderiam encontrar um local onde
pudessem adorar a Deus em paz e viver em segurança sem
serem molestados por turbas malvadas, fê-lo seguir em dire-
ção do sol poente .

III

A travessia das planícies de Iowa com chuva e lama le-


vou quatro meses . A 14 de julho o Elder Taylor chegava a
Council Bluffs, no Rio Missouri . Ali pararam temporariamente
e receberam noticias da Inglaterra de que as coisas não anda -
vam muito bem lá . O, Conselho dos Doze estudou o assunto e
como resultado, o Presidente Young solicitou a John_,Taylor,
Orson Hyde e Orson Pratt que partissem para lá e pusessem as
igrejas em ordem . Deixando as famílias enfrentando sozinhas,
em carroções, os rigores do inverno no barranco do Missouri,
os irmãos partiram . Após uma dura viagem por terra e mar,
chegaram a Liverpool, Inglaterra, no dia 3 de outubro de
1846.
O Élder Taylor e seus companheiros passaram na Ingla-
terra quatro meses, executando o trabalho que lhes fora desig-
nado pelos irmãos presidentes . Na viagem de volta, que levou
trinta e seis dias, ele aportou em Nova Orleans . De 'lá, tomou
um vapor fluvial para St . Joseph, Missouri, de onde seguiu
para o acampamento dos santos, chegando bem a tempo de ter
uma entrevista com o Presidente Young, que estava de partida
para o Oeste com a companhia pioneira . O Elder Taylor trou-
xera consigo diversos instrumentos científicos valiosos ; dois
sextantes, dois barômetros, dois horizontes artificiais, um re-
fletor circular, vários termômetros e um telescópio, que foram
de grande valia para' os pioneiros .

72 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Quando o Presidente Young e sua companhia pioneira


partiram para o Oeste em abril de 1847, a fim de encontrar
um local adequado para os santos, John Taylor ficou por al-
gum tempo em Winter Quarters, para organizar os santos em
grupos que deviam partir em seguida . Em fins de junho, um
grande grupo estava pronto para iniciar a longa jornada de
mil e seiscentos quilômetros . Esta companhia compunha-se de
1 .533 pessoas, 600 carroções, 2 .213 bois, 124 cavalos e 887
vacas . Assim, com seus animais e rebanhos, os santos parti-
ram para o sertão, dirigidos pelos élderes John Taylor e Parley
P . Pratt.
A caminhada pelas planícies era lenta e estafante . Eles
faziam de dez a trinta quilômetros por dia, dependendo das
condições do terreno . A companhia geralmente descansava
nos domingos, quando realizavam serviços religiosos "e o si-
lêncio do grande deserto do Oeste era quebrado pelos santos
cantando hinos de Sião".
Quando a caravana dirigida por John Taylor se aproxi-
mava do cruzamento superior do Sweetwater, no que agora é
a parte ocidental do Wyoming, encontraram os pioneiros de
Brigham Young que voltavam, e souberam então que havia
sido escolhido um lugar de congregação permanente para os
santos no Vale do Lago Salgado. A fim de homenagear esses
pioneiros, John Taylor solicitou que as mulheres da sua com-
panhia preparassem um jantar para eles, e assim deliciaram-
se naquele solitário refúgio montanhoso com aquele que ficou
mais tarde conhecido como "o banquete no deserto" . "Diver-
sas mesas improvisadas cobertas de alvo linho," escreve B .H.
Roberts, "indicavam que se preparava uma surpresa para os
exaustos pioneiros. Mataram um vitelo gordo, prepararam ca-
ça e peixe em abundância ; frutas, geléias e conservas guarda-
das para ocasiões especiais vieram à luz, até tornar-se real-
mente um banquete régio ." Terminado o jantar, os irmãos e
irmãs passaram a noite dançando . "E logo somava-se à doce
balbúrdia de risos ,e conversas, os sons alegres de uma rabeca
e a voz clara e forte do animador, dirigindo os dançarinos nas
figurações de quadrilhas escocesas e francesas e outras dan-
ças inofensivas," próprias para a ocasião.
Na manhã seguinte, as duas companhias separaram-se,
cada qual seguindo seu caminho — Presidente Young e . seus

JOHN TAYLOR 73

pioneiros de volta para Winter Quarters, e John Taylor e sua


gente para o Vale do Lago Salgado onde chegaram na tarde de
5 de outubro de 1847.
Depois de estabelecido com os santos, a primeira preocu-
pação de John Taylor foi de construir uma casa para si e sua
família . "Nossas casas", conta ele, "foram erguidas em forma
de meia-água, contornando a linha externa do forte, a parede
mais alta para o lado de fora, o telhado decaindo para o inte-
rior . As janelas e portas abriam para o interior do cercado ; a
parte externa não tinha aberturas, exceto seteiras para defe-
sa . Por volta do Natal [18471, eu havia erguido, cercado e
coberto cerca de trinta metros de construção de troncos parti-
dos, além de currais e estábulos nos fundos, e cercado um
jardinzinho na frente . Ajudei em todo esse trabalho de serrar,
construir e puxar madeira ."
John Taylor permaneceu no Vale do Lago Salgado por
dois anos (de outubro de 1847 a outubro de 1849) durante os
quais participou ativamente de todos os negócios dos santos.
Comparecia às reuniões dos Doze, falava nas conferências, e
fazia todo o empenho para dar conforto à família . Foi testemu-
nha pessoal do notável incidente em que milhares de gaivotas
vieram voando do lago e destruíram miríades de gafanhotos
que exterminavam as parcas lavouras dos santos . John Taylor
mostrava-se um líder em quaisquer circunstâncias . "Naqueles
dias, muitos se valiam da fortaleza de Elder Taylor," escreve
B .H . Roberts . "Quando o desespero se instalava na colônia, ele
infundia esperança ; quando os fracos vacilavam, ele os forta-
lecia ; os combalidos de dor eram por ele consolados e anima-
dos . Sua fé e confiança em Deus e no seu poder de preservar e
libertar o seu povo, mostravam-se tão inabaláveis em meio às
dificuldades encontradas na colonização dos vales desertos de
Utah, como durante as violências do populacho no Missouri e
Illinois."

IV

Na conferência de outubro de 1849, John Taylor foi cha-


mado pela Primeira Presidência da Igreja para apresentar o
Evangelho ao povo da França . Acedendo prontamente ao cha-
mado, a 19 de outubro partia para o Leste com alguns de seus

74 OS PRESIDENTES DA IGREJA

companheiros missionários . A viagem através das planícies


não fõi fácil durante aquela época inclemente do ano, com
ventos gelados, rajadas de neve varrendo as campinas . Mas os
irmãos continuaram dia a dia, e em dois meses, conseguiram
chegar a Kanesville, Iowa,onde ainda residiam alguns santos
que lhes deram calorosas boas-vindas . De Kanesville, John
Taylor seguiu de carroção e barco até St . Louis, onde ficou
diversas semanas "visitando os santos e estudando frânces".
Depois, empreendeu a viagem para Nova York onde embarcou
para a Inglaterra, chegando sem maiores novidades em Liver-
pool, no dia 27 de maio de 1850.
Na Inglaterra, demorou-se apenas umas poucas semanas
para renovar velhas amizades e encontrar-se com os santos,
partindo depois para a França, onde estabeleceu seu centro de
operações em Boulogne-sur-Mer. Seus companheiros eram os
élderes Curtis Bolton e William Howell.
Devido ao pequeno número de protestantes em Bolonha,
os missionários não tiveram grande êxito . O Elder Taylor en-
volveu-se num debate público com dois ministros da Inglater-
ra que atraiu bastante atenção, mas logo resolveu partir para
um campo de atividades maior em Paris . Ali conseguiu em
pouco tempo batizar diversas pessoas e fundar um pequeno
ramo da Igreja . Fez igualmente arranjos para a publicação do
Livro de Mórmon em francês e a edição de um pequeno, perío-
dico mensal chamado Etoile du Deseret . Entretanto, na época
havia tamanha agitação política na França, que logo o gover-
no proibiria aos élderes a promulgação dos princípios do
Evangelho . Em agosto de 1851, o Elder Taylor foi para Ham-
burgo, Alemanha, onde tevé sucesso em fazer traduzir o Livro
de Mórmon para o alemão, fundando uma pequena publicação
mensal intitulada Zions Panier.
John Taylor chegou de volta a Paris em dezembro de
1851, descobrindo que o país estava em revolução, e a cidade
nas mãos de soldados . Diante dessa circunstância incerta,
achou melhor sair da França . Convocou então uma conferên-
cia e despediu-se dos santos, partindo para a Inglaterra no dia
seguinte, considerando sua missão encerrada por enquanto.
Foi durante essa missão que o Elder Taylor escreveu seu
admirável folheto O Governo de Deus, a respeito do qual diz o
historiador George Bancroft : (historiador e estadista nor-

JOHN TAYLOR 75

te-americano (1800-1891)) "Como dissertação sobre assunto


geral e abstrato, provavelmente não tem igual em questão de
capacidade dentro da literatura mórmon ."
A 6 de março de 1852, o Elder Taylor partia da Inglater-
ra de volta para a América. Depois de visitar amigos na Fila-
délfia e em Washington, seguiu viagem de trem e barco até
Kanesville, Iowa, onde se juntou a uma caravana de emigran-
tes para. Utah . Após a costumeira jornada estafante pelas pla-
nícies, chegou à Cidade do Lagõ Salgado no dia 20 de agosto,
onde foi recebido pelos familiares e amigos, depois de uma
ausência de quase três anos.
Sem dúvida, agora estava ansioso por cuidar de seus ne-
gócios pessoais e melhorar sua situação financeira, depois de
tão longa estada na Europa, mas a presidência da Igreja evi-
dentemente tinha sua capacidade de missionário em tão alta
conta, que não haveria de deixá-lo muito tempo em casa . No
verão de 1854, era mais uma vez mandado para o Leste, a fim .
de "presidir as igrejas nos estados do Leste, supervisionar a
emigração e publicar um jornal no interesse da Igreja" . Essas
tarefas não se mostraram fáceis, pois, na época, os santos não
eram bem vistos no Leste, em virtude dos relatos dos "juízes
desertores" e outros oficiais territoriais que haviam retornado
para lá. Não obstante o Élder Taylor não se deixou intimidar e
executou o trabalho que lhe fora designado . A 17 de fevereiro
de 1855, aparecia na cidade de Nova York um jornal chamado
Mormon.
Como editor, John Taylor foi um dos mais hábeis e deste-
midos que a Igreja já produziu . Os grandes diários de Nova
York deleitavam-se particularmente em atacar o Mormon e as
doutrinas da Igreja, mas o Elder Taylor mostrava-se à altura e
replicava de modo a muitas vezes silenciar seus críticos.

Élder Taylor ficou no Leste durante todo o tempestuoso


período de 1856 e os primeiros meses de 1857, quando se
anunciou que o Presidente Buchanan havia ordenado o envio
de tropas para Utah e nomeado um governador para substituir
Brigham Young . Achando que era tempo de falar pessoalmen-
te com o Presidente Young, deixou Nova York, e após mais

76 OS PRESIDENTES DA IGREJA

outra viagem exaustiva pelas planícies, chegou em Utah, em


agosto de 1857.
No domingo após a sua chegada, o Presidente Young elo-
giou o Elder Taylor, no velho Tabernáculo, por seu trabalho
editorial no Leste.
"Com referência ao trabalhô do Irmão Taylor, na edição
do jornal intitulado Mormon, publicado na cidade de Nova
York, tenho ouvido muitos comentários a respeito dos seus edi-
toriais, não só de santos como daqueles que não professam
acreditar na religião que abraçamos ; é provavelmente um dos
mais fortes jornais publicados atualmente, e seus editoriais,
posso dizer, até onde alcança minha informação, o tornam
assim ; nunca li neles uma sentença que meu coração não
aplaudisse, e concordo plenamente com cada palavra que li ou
ouvi . Irmão Taylor, isto é para você ; e creio que todos desta
comunidade que leram o jornal sentem o mesmo ."
No meio tempo, o Exército dos Estados Unidos marchava
para o oeste, aproximando-se rapidamente das fronteiras do
Território de Utah . Cerca de um mês após o retorno do Élder
Taylor, chegava à Cidade de Lago Salgado o Capitão Van Vliet,
oficial intendente assistente do estado-maior do General Har-
ney, para adquirir suprimentos para as tropas que se aproxi-
mavam . Enquanto se achava na cidade, o Capitão Van Vliet
compareceu a um serviço no Tabernáculo, durante o qual o
Elder Taylor fez um discurso emocionante . "Quais seriam vos-
sos sentimentos, se os Estados Unidos nos quisessem expulsar
de nossas casas," perguntou ele aos santos . "Estareis dispos-
tos, irmãos, a atear fogo a vossas casas e deixá-las em cinzas e
ir desabrigados para as montanhas, se necessário? Eu sei o
que havíeis de dizer e de fazer."
Neste ponto, o Presidente Young propôs : "Tente o voto . "
Então o Élder Taylor prosseguiu : "Todos vós que estais
dispostos a pôr fogo em vossas propriedades e deixá-las em
cinzas antes de submeter-vos à lei e opressão militar deles,
manifestai-vos ; levantando a mão ."
Consta que quatro mil santos levantaram as mãos em
aprovação unânime.
Tais foram as cenas emocionantes de que o Elder Taylor
participou ativamente, quando de sua chegada a Utah .

JOHN TAYLOR 77

Que os santos estavam falando sério quanto a "devastar


seus campos e casas" é evidenciado pelo fato de que, no início
da primavera de 1858, o Presidente Young ordenou a evacua-
ção de todas as colônias situadas no norte, inclusive a Cidade
do Lago Salgado, dando-se nova grande migração dos santos.
O Elder Taylor participou dessa migração, transferindo sua
família para o Condado de Utah, até passar o perigo de um
confronto armado com as tropas federais . Tomou parte na
conferência com os comissários para a paz, fazendo um efeti-
vo discurso que ajudou a resolver as diferenças entre os san-
tos e o governo . Falando da atuação de John Taylor nessa
época, B . H. Roberts lhe presta este tributo:
"Confiante como sempre de que Deus tinha em suas mãos
o destino do seu povo e dos inimigos dele, ele estava pronto
para a paz ou a guerra ; ou para o abandono e destruição da
sua casa, se fosse esta a vontade de Deus . Ele não só possuía
esse espírito de confiança e fé no Senhor, como era capaz de
transmiti-lo a outros . Encorajava os desalentados, alegrava os
tristes, fortalecia os fracos, reprovava os medrosos, convencia
os descrentes, aconselhava até mesmo os sábios ; e durante
todo esse tempo negro e turbulento, portou-se com dignidade,
coragem e autêntica bravura, o que intensificou o amor que
lhe tinham os santos e provocou a admiração de seus irmãos ."
Os vinte anos que mediaram entre a volta do Élder Taylor
da missão no Leste em 1857, e 1877 quando faleceu o Presi-
dente Brigham Young, foram preenchidos com várias ativida -
des, tanto civis como eclesiásticas, em sua maior parte restri-
tas aos vales das montanhas . Durante todos esses anos, o El-
der Taylor serviu como membro do Legislativo Territorial de
Utah, sendo que, durante cinco períodos sucessivos, foi eleito
presidente da assembléia legislativa . Em 1868, foi eleito juiz
do tribunal de sucessões do Condado de Utah, cargo que de-
sempenhou até dezembro de 1870.
Durante todo esse tempo, inverno e verão, o Élder Taylor
cuidava ativamente de seus deveres na Igreja e no seu chama-
do apostólico . Acompanhou a Presidente Brigham Young em
quase todas as suas viagens anuais de pregação, tanto no sul
como no norte da Cidade do Lago Salgado . Seus sermões im-
pressos durante esses anos, invariavelmente de esplêndida

78 OS PRESIDENTES DA IGREJA

qualidade, encheriam diversos volumes . Apresentava as dou-


trinas e diretrizes da Igreja sempre com grande maestria.

VI

A 29 de agosto de 1877, conforme foi dito no princípio do


capítulo, morria na Cidade do Lago Salgado o Presidente Bri-
gham Young . O passamento deste homem notável dissolveu a
Primeira Presidência, deixando a Igreja sem um presidente . A
responsabilidade de governar os santos recaía ; portanto, sobre
o Quorum dos Doze Apóstolos, que tinha à testa John Taylor.
"Grande energia caracteriza a gestão do Presidente Tay-
lor à frente dos negócios da Igreja, tanto em Sião como no
exterior," escreve o seu biógrafo B . H . Roberts . "Ele incre-
mentou com crescente zelo o trabalho nos templos, dos quais
havia três em construção, quando assumiu a presidência da
Igreja . Determinou que os bispos realizassem reuniões sema-
nais do Sacerdócio em suas alas ; aos presidentes de estaca
que mensalmente realizassem reuniões gerais do Sacerdócio
nas respectivas estacas ; e programou conferências trimestrais
em todas as estacas de Sião, publicando as datas com meio
ano de antecedência, costume que continua até hoje . Compa-
recia pessoalmente ao maior número possível dessas conferên-
cias, sem negligenciar os deveres executivos do seu chamado.
Mas quando não podia comparecer pessoalmente, mandava
membros do seu quorum, de modo que os santos recebiam
grande soma de ensinamento e instruções dos apóstolos, mais
talvez do que em qualquer época anterior na história da Igre-
ja. O resultado foi um grande despertar espiritual entre os
santos.
O Presidente Taylor também estimulou o trabalho missio-
nário da Igreja, chamando um número maior de élderes do
que eram enviados ao mundo anteriormente . A obra missioná-
ria foi destacada no Dia dos Pioneiros, 24 de julho de 1880.
Na parada desse dia, "um homem e uma mulher, com trajes
típicos, representavam cada país em que os missionários da
Igreja haviam trabalhado" . A seguir, esses representantes das
nações, em número de vinte e cinco, foram postados numa
plataforma diante do púlpito do Tabernáculo . O Elder Orson
Pratt leu um breve relato da introdução do Evangelho em ca-

JOHN TAYLOR 79

da um desses países . Seguiu-se o Presidente Taylor com este


pronunciamento : "O Senhor ordenou a seus servos que fossem
por todo o mundo para pregar o Evangelho a toda criatura.
Nós ainda não fomos por todo o mundo, mas aqui temos repre-
sentadas hoje vinte e cinco nações, e é até onde temos cumpri-
do nossa missão ; mas devemos prosseguir trabalhando ; até
que o mundo inteiro nos ouça, para que todos os que estão
desejosos possam obedecer, e consigamos completar a missão
que nos foi dada ."
A conferência geral anual da Igreja, realizada em abril de
1880, ficou conhecida como a " Conferência do Jubileu", pois
fazia cinqüenta anos que a Igreja fora organizada . "Ocorreu-
me," disse o Presidente Taylor na ocasião, "que deveríamos
fazer algo, como era costume em tempos antigos, para aliviar
os que estão oprimidos por dívidas, socorrer os necessitados,
quebrar o jugo dos que possam sentir-se pressionados, e tor-
nar esta uma época de regozijo geral ."
Depois, explicou que muitos dos santos estavam em débi-
to com o Fundo Permanente de Imigração, em virtude de
adiantamento recebido da Igreja para poderem emigrar para
Sião . Essa soma considerável, acumulada durante muitos
anos, chegava agora a US$ 1 .604.000 entre capital e juros.
Propunha que metade dessa soma fosse perdoada aos devedo-
res, e que aos pobres dignos não se exigisse reembolso algum.
Desnecessário dizer que o gesto magnânimo do Presidente
Taylor foi aceito pelos santos e houve regozijo geral.
"Se virdes pessoas que vos devem em situação aflitiva,"
continuou ele, "e puserdes mãos à obra tentando aliviá-las o
quanto puderdes nas circunstâncias, Deus há de socorrer-vos,
quando estiverdes em dificuldades ."
Numa circular distribuída ao fim da conferência, o Presi-
dente Taylor continuava sua dissertação sobre débitos . "Os
ricos têm uma boa oportunidade de se lembrarem dos pobres
do Senhor . Se possuírem notas de débito deles e eles não têm
condições de pagar, perdoem-lhes os juros e o capital ou tanto
deste quanto gostariam de que lhes fosse perdoado, se a situa-
ção fosse inversa, fazendo assim aos outros como gostariam
de que lhes fosse feito, pois disto depende a lei e os profetas . Se
tiverem hipotecassobre as casas de vossos irmãos e irmãs que
são pobres, dignos e honestos e que querem pagar mas não

80 OS PRESIDENTES DA IGREJA

conseguem, libertem-nos total ou parcialmente . Concedam-


lhes um jubileu, se for consentâneo ."
Foi um exemplo de cristianismo aplicado digno de qual-
quer igreja ou instituição.
Na sessão final da grande conferência, o Presidente Tay-
lor prestou poderoso testemunho da divindade do trabalho em
que estava engajado.
"Testifico, como o fizeram meus irmãos, que esta é a obra
de Deus revelada pelo Onipotente, e eu o sei . Deus dará seu
apoio a Israel ; nenhum poder pode-nos ferir, se fizermos o que
é certo . Este Reino irá avante, os propósitos de Deus progredi-
rão, Sião se erguerá e brilhará, e a glória de Deus estará sobre
ela. Nós continuaremos a crescer e aumentar, até que os rei-
nos deste mundo se tornem os Reinos de nosso Deus e do seu
Cristo, e ele reine para todo o sempre ."
Após a morte do Presidente Young, o Quorum dos Doze
como um todo presidiu os negócios da Igreja até a conferência
de outubro de 1880, quando foi reorganizada a Primeira Pre-
sidência. John Taylor foi nomeado , presidente, tendo como
conselheiros George Q. Cannon e Joseph F . Smith . O Presiden-
te Taylor expressou desejo de que nessa importante ocasião,
os quoruns do Sacerdócio tivessem o privilégio de, em separa-
do, apoiarem a nova Primeira Presidência . A cena impressiva
foi muito bem descrita por B . H . Roberts:
"Os apóstolos ocuparam a tribuna reservada para seu uso
no grande Tabernáculo, a segunda na fila de três . O espaço ao
sul da tribuna foi ocupado pelos patriarcas, presidentes de es-
taca e seus conselheiros, e os sumos conselhos das várias esta-
cas . Ao norte da tribuna, sentaram-se os bispos e seus conse-
lheiros, tendo à frente o Bispo Presidente Hunter e seus conse-
lheiros . Os sumos sacerdotes ocuparam a parte central norte
do grande recinto, com seus presidentes na frente . Os setentas
ficaram na metade sul do corpo principal do recinto, com os
primeiros sete presidentes na frente . O espaço imediatamente
atrás dos sumos sacerdotes ficou reservado para os élderes,
enquanto o lado norte do recinto, debaixo da galeria, foi desti-
nado aos quoruns do Sacerdócio Menor, os sacerdotes, mes-
tres e diáconos . A galeria, capaz de acomodar três mil pes-
soas, foi reservada para uso dos membros da Igreja .

JOHN TAYLOR 81

"O ApóstoloOrson Pratt, com sua cabeleira branca e bas-


ta barba branca, apresentou as diversas moções a serem con-
sideradas . Pela nova maneira de votar, a proposta era apre-
sentada a cada quorum separadamente, exceto no caso dos
sacerdotes, mestres e diáconos que votavam todos juntos, re-
presentando o Sacerdócio Menor . Os membros de cada quo-
rum se punham de pé e levantavam a mão direita em sinal de
assentimento, ou se alguém era contrário à proposição, podia
manifestar-se da mesma forma, depois de feita a votação afir-
mativa.
"Os quoruns votaram na seguinte ordem:
"Primeiro, os doze apóstolos;
"Segundo, os patriarcas, os presidentes de estacas, seus
conselheiros e os sumos conselhos;
"Terceiro, os sumos sacerdotes;
"Quarto, os setentas;
"Quinto, os élderes;
"Sexto, os bispos e seus conselheiros;
"Sétimo, o Sacerdócio Menor.
"A seguir, votava o presidente dos quoruns, e depois a
proposição era apresentada à assembléia inteira que se levan-
tava em massa e votava da mesma forma . Foi uma cena ex-
traordinária . Não houve um só voto dissidente na enorme as-
sembléia ; e era provável que houvesse umas treze mil pessoas
apinhadas no grande Tabernáculo . Prevaleceu a perfeita una-
nimidade, e quando os diversos quoruns deram seu voto e to-
da a assembléia se ergueu com a mão levantada sancionando
o que eles haviam feito, foi uma cena indescritivelmente gran-
diosa e impressionante, transmitindo um poder e influência
que só podem vir de um povo justo ."
E assim, numa cerimônia solene, impressiva, John Taylor
e seus conselheiros foram apoiados como a Primeira Presidên-
cia da Igreja . 0 presidente na época estava com setenta e dois
anos, porém ainda vigoroso e ativo, capaz de desempenhar
perfeitamente seus árduos deveres . Em 1881 fez duas exten-
sas viagens, visitando as colônias do sul e do norte . Falou em
numerosas reuniões, incentivou o povo e "pregou retidão co-
mo essencial para o favor de Deus, e tendo o favor de Deus,
ele assegurou aos santos, eles não precisavam temer o que o
homem ou nações podiam fazer" .

82 OS PRESIDENTES DA IGREJA

No outono de 1881, intensificou-se a agitação do país con-


tra a prática da poligamia em Utah e estados vizinhos . Duran-
te meses, os ministros de várias religiões haviam pressionado
ativamente o Congresso para que se passassem leis severas
contra tal prática . Numa conferência de ministros metodistas
realizada em Ogden nessa época, foi aprovada a seguinte reso-
lução : "0 mormonismo detém o equilíbrio de poder no Idaho e
Arizona, e ameaça o Novo México, Colorado, Wyoming e Mon-
tana . Consideramos a poligamia um abominável sistema de
licenciosidade praticado em nome da religião, portanto he-
dionda e revoltante . Ela não deve ser discutida, mas sim es-
magada ." Reuniões semelhantes . estavam sendo realizadas em
várias partes do país, e essa agitação finalmente resultou na
aprovação da Lei Edmund, (assim, chamada por ter sido pro-
posta por George Franklin Edmunds, advogado e estadista
norte-americano) sancionada pelo presidente dos Estados Uni-
dos a 22 de março de 1882 . A lei estipulava multas e prisão
para os praticantes da poligamia . Também declarava vagos os
cargos públicos em Utah e colocava o registro de eleitores e o
serviço eleitoral sob controle de uma junta federal, conhecida
como Comissão de Utah . Na conferência de abril de 1882, o
Presidente Taylor aproveitou a ocasião para fazer alguns re-
paros à Lei Edmund.
"Não desejamos colocar-nos em situação de antagonismo,
nem agir desafiadoramente para com este governo," dizia ele;
"cumpriremos a letra, tanto quanto possível, desta lei injusta,
desumana, opressiva e inconstitucional, até onde nos for pos-
sível, sem violar o princípio . . .
"Cumpriremos toda lei constitucional, como sempre te-
mos feito ; mas, embora sendo tementes a Deus e cumpridores
da lei, respeitando todos os homens e oficiais honrados, não
somos servos covardes e não aprendemos a lamber o pé de
opressores, nem a submeter-nos desprezivelmente ao cla-
mor irracional . Lutaremos palmo a palmo legal e constitucio-
nalmente, por nossos direitos como cidadãos americanos .. . .
Não precisamos temer, nem sentir os joelhos tremerem com
tais tentativas de nos privarem de nossas liberdades constitu-
cionais e divinas . Deus cuidará do seu povo, desde que nós
ajamos direito".

JOHN TAYLOR 83

Isto mostra que o Presidente Taylor acreditava firme e


inabalavelmente de que Deus estava ao leme, e que os santos
dos últimos dias seriam guiados para o rumo certo.
De 1883 a 1890, houve muitos processos contra os santos
dos últimos dias por violação da Lei Edmund . Em janeiro de
1885, o Presidente Taylor considerou prudente ele e mais al-
guns irmãos dos Doze saírem de Utah por algum tempo, até
que as coisas se acalmassem . Os irmãos foram de trem até
Denver e Albuquerque, de lá seguindo para as colônias SUD no
Arizona. Do Arizona, o presidente foi para a Califórnia . Vol-
tando para a Cidade do Lago Salgado a 27 de janeiro, soube
que havia ordens de detenção emitidas contra ele por oficiais
não-mórmons . No domingo, 1° de fevereiro de 1885, falou aos
santos no Tabernáculo, proferindo um vigoroso sermão no
qual denunciou as injustiças infligidas ao povo . Concluiu sua
fala, que seria a última em público diante dos santos, com esta
significativa observação : "Vou dizer-vos o que vereis daqui a
pouco. Vereis distúrbios, distúrbios e mais distúrbios nestes
Estados Unidos . E como tenho dito antes, digo-vos hoje em
nome de Deus, ai daqueles que lutam contra Sião, pois Deus
lutará contra eles".
Em seguida o Presidente Taylor retirou-se para lugar ig-
norado, não sendo encontrado pelos oficiais que procuravam
detê-lo . Continuou a dirigir os negócios da Igreja, e de tempos
em tempos, enviava epístolas dirigidas aos santos . Numa carta
para a Família que se reunira na Cidade do Lago Salgado para
comemorar seu septuagésimo oitavo aniversário, no dia 1 de
novembro de 1886, ele não se queixava do exílio.
"O cuidado protetor do Senhor para comigo e meus ir-
mãos tem sido bastante manifesto durante minha ausência de
casa, pelo que quero bendizer e louvar seu santo nome . Tenho
sempre grande desejo de reconhecer a sua mão em todas as
coisas, e estou extremamente ansioso que vocês façam o mes-
mo . Pois que ao Senhor devemos toda bênção que gozamos,
pertencente a esta vida e à vida vindoura ."
Esta foi a última mensagem natalícia do Presidente Tay-
lor para a família . No verão de 1887 sua saúde começou a
declinar. A 25 de julho, ele falecia calmamente na casa de
Thomas R . Rouche, em Kaysville, Utah . Aos pés de sua cama,

84 OS PRESIDENTES DA IGREJA

estavam os conselheiros George Q . Cannon e Joseph F . Smith,


bem como seus familiares imediatos.

VII

No dia após o seu passamento, seus conselheiros publica-


ram um esplêndido pronunciamento no Deseret News, a res-
peito da vida e obra do Presidente Taylor, que é aqui reprodu-
zido na íntegra:
"Mais uma vez os santos dos últimos dias são chamados a
chorar a morte de seu líder _ o homem que retinha as chaves
do Reino de Deus na terra. O Presidente John Taylor partiu
desta vida, faltando cinco minutos para as oito horas da noite
de segunda-feira, 25 de julho de 1887, aos setenta e oito anos,
oito meses e vinte e cinco dias.
" Ao comunicarmos esta triste notícia à Igreja, sobre a
qual presidiu tão dignamente por quase dez anos, estamos to-
mados de uma emoção tão profunda, que é difícil de ser ex-
pressada Servo fiel, devotado e destemido de Deus, a Igreja
perdeu com sua morte seu mais distinto e experiente líder.
Firme e inamovível na verdade, poucos homens houve que
manifestassem tal integridade e tal resoluta coragem moral e
física como o nosso querido presidente que acaba de nos dei-
xar. Ele jamais conheceu o temor em relação ao trabalho de
Deus . Mesmo em face de turbas raivosas, e em momentos de
perigo iminente de violências por parte dos que lhe ameaça-
vam a vida, e em ocasiões em que o povo passava por risco
público, ele nunca empalideceu seus joelhos nunca fraque-
jaram, sua mão nunca tremeu . Todo santo dos últimos dias
sabia de antemão onde encontrar o Presidente John Taylor e
qual seria sua atitude em horas que exigissem firmeza e cora-
gem. Enfrentava todas as dificuldades direta e destemidamen-
te, e de maneira a suscitar a admiração de todo os que o viam
e ouviam. Bravura indômita, firmeza pertinaz estavam entre
suas mais destacadas características, dando-lhe distinção en-
tre homens que se destacavam pelas mesmas qualidades . A
estas, combinavam-se intenso amor à liberdade e ódio à opres-
são. Era um homem em que todos podiam confiar, e durante a
vida inteira, gozou, em extensão jamais ultrapassada por al-
guém, a implícita confiança dos profetas Joseph, Hyrum e Bri-

JOHN TAYLOR 85

gham e de todos os homens eminentes e membros da Igreja . 0


titulo "Paladino da Liberdade" que recebeu em Nauvoo, sem-
pre foi considerado de extrema propriedade . Mas não foi só
nessas qualidades que o Presidente Taylor era grande . Tinha
um bom senso extraordinariamente lúcido e lógico, e durante
a vida inteira, notabilizou-se pela sabedoria de seus conselhos
e ensinamentos. Sua grande experiência tornava suas suges-
tões imensamente valiosas, pois dificilmente algum movimen-
to público de qualquer tipo foi lançado, levado avante ou en-
cerrado, desde que entrou para a Igreja, em que não partici-
passe.
"Mas não é necessário, ainda que o tempo permitisse, re-
capitularmos os eventos de sua longa e trabalhosa vida . Fazê-
lo seria dedicar a maior parte da sua história à Igreja, pois sua
biografia está com ela inseparavelmente entrelaçada.
"0 Presidente Taylor apresentou-se em público pela últi-
ma vez no domingo, 1 9 de fevereiro de 1885 . Nessa ocasião,
proferiu longo discurso no Tabernáculo, na Cidade do Lago
Salgado. Já há algum tempo, circulavam rumores de que pre-
tendiam prendê-lo . De fato, quando retornavam de uma via-
gem às colônias do Arizona, foi avisado na Califórnia de que
corria grande perigo, e que talvez fosse melhor não voltar à
Cidade do Lago Salgado . Ele ouviu tais advertências, mas ain-
da assim resolveu correr o risco — voltou, e por algum tempo,
continuou a cuidar corajosamente de seu trabalho . Na noite de
sábado, 1° de fevereiro, porém, ele decidiu retirar-se do de-
sempenho público de seus numerosos e importantes encargos.
Tomou tal passo mais para preservar a paz e remover todo
pretexto possível de excitação do que pensando na segurança
pessoal . Percebeu que havia por parte de homens ocupando
cargos oficiais, a determinação de provocar dificuldades, e se
possível, envolver os santos dos últimos dias em sérios trans-
tornos . Ele não havia violado nenhuma lei . Sabia que era ino-
cente e que, se fosse preso e tivesse -um julgamento , justo, de
nada poderia ser, culpado . Tomara todas as precauções possí-
veis ao homem em suas circunstâncias para tornar-se invulne-
rável aos ataques . Estava decidido a, na parte que lhe tocasse,
não dar pretexto para agitações, mas faria tudo ao seu alcan-
ce para impedir que o povo que presidia se envolvesse em
dificuldades.

86 OS PRESIDENTES DA IGREJA

"Nos dois anos e meio decorridos desde aí, ele não mais
teve oportunidade de cruzar a soleira da porta de sua casa na
Cidade do Lago Salgado . 0 lar e suas alegrias, seu delicioso
convívio e alegres reuniões foram-lhe negados . Viveu como
exilado como um errante na terra para cujo desenvolvi-
mento e bom governo tanto contribuíra ! Enquanto vivia nes-
sas condições, uma de suas esposas adoeceu, e embora seu
coração se torcesse de angústia pensando na sua condição de
enferma, ansioso por vê-la e acudi-la em seu grande sofrimen-
to, não o pôde, pois a casa dela estava sob constante vigilância
de espiões ; quando ela estava para morrer, a casa chegou
mesmo a ser revistada, na esperança de surpreendê-lo . Assim
sua esposa foi privada do privilégio de rever o rosto querido, e
a ele não foi permitido nem o triste consolo de comparecer ou
participar das cerimônias fúnebres.
"Durante os dois anos e meio que o Presidente Taylor
viveu nessas condições, ele ficou afastado de todo convívio e
cuidados amorosos de sua família . Mas ainda que fosse tão
duro suportar isto na sua idade, nunca se queixou . Mostrava-
se sempre cheio de coragem e esperança, animando todos com
quem entrava em contato e dissipando a melancolia e desâni-
mo dos companheiros com seu nobre exemplo . Com a mesma
bravura com que ficou ao lado do Profeta de Deus, afastando
com uma bengala o cano das armas da turba, quando vomita-
vam línguas de fogo, mensageiras mortais na Cadeia de Car-
thage, ele enfrentou as dificuldades e provações de ter que
deixar o lar e o convívio dos que amava . Sua conduta durante
a longa provação foi sumamente admirável . Todos os que o
viram ficaram impressionados com sua serenidade e porte al-
tivo . Distinguindo-se sempre pela cortesia e caráter digno, em
nenhum outro período de sua vida ele demonstrou melhor es-
ses traços do que durante o exílio . Nunca condescendeu nem
mesmo em falar mal dos que tão cruelmente o perseguiam.
"Pelo miraculoso poder de Deus o Presidente John Taylor
escapou da morte que os assassinos da Cadeia de Carthage lhe
destinaram . Seu sangue misturou-se então ao do profeta e pa-
triarca martirizados, e desde aí passou a ser um mártir vivo
pela verdade . Mas hoje ele ocupa o lugar de duplo mártir . 0
Presidente John Taylor foi morto pela crueldade de oficiais
que representavam injustamente o Governo dos Estados Uni-

JOHN TAYLOR 87

dos nesse território . Não há margem para dúvidas de que, se


lhe houvessem permitido gozar dos confortos do lar, dos cui-
dados da família a que tinha direito, ainda poderia ter vivido
por muitos anos . Seu sangue enodoa a roupa dos homens que
com ódio insensato forneceram prêmios por sua detenção e
perseguiram-no até a morte . A história ainda dará o nome
certo a tais atos ; porém, Um Maior que as vozes combinadas
de todos os historiadores há de pronunciar a terrível sentença
deles.
"Já faz algum tempo que o Presidente Taylor foi acometi-
do pela doença . Ela foi aparecendo aos poucos, manifestando-
se a princípio pela inchação dos membros por falta de exercí-
cio adequado . Ele combateu o mal com seu característico âni-
mo e determinação . Não queria ceder . Não permitia nem mes-
mo que se pensasse que a enfermidade era séria . Não permitiu
que a família soubesse do seu estado real, pois não desejava
que se preocupassem por causa dele, e foi quase que contra a
sua vontade expressa que foram informados de quão enfermo
estava . Quando lhes enviava alguma mensagem, esta era sem-
pre animadora . Até um ou dois dias antes da morte, conseguia
sentar-se na sua cadeira, e até pouco tempo atrás, era capaz
de sair e voltar para a cama sozinho- A resistência por ele
demonstrada e sua vontade foram maravilhosas ; embora tão
forte, há seis semanas que ele mal se alimentara . Como um
bebê adormecendo, ele se foi tão tranqüilamente, que se pas-
saram alguns instantes antes que os que rodeavam sua cama
tivessem certeza de que seu espírito alçara vôo.
"À medida que a triste notícia que agora comunicamos se
espalhar por estes vales e montanhas, o coração de todos se
tomará de dor ao saberem dos últimos dias do seu querido e
venerável presidente . Sabemos quão profunda é a simpatia
sentida pelo coração dos santos e por ele ser compelido a viver
como exilado de sua família e seu povo . As manifestações de
estima e amor recebidas de todas as partes do país tocaram-
no profundamente e causavam-lhe grande prazer ao pensar o
quanto era querido e o quanto todos os santos da terra .deseja-
vam seu bem-estar.
"Seu desejo constante era fazer tudo o que estivesse ao
seu alcance para livrar os santos dos últimos dias das opres-
sões a que eram sujeitos . Cada . batida de seu coração era de

88 OS PRESIDENTES DA IGREJA

amor a Sião e anseio que fosse redimida . Nós desejávamos, e


cremos que fosse o desejo generalizado em toda a Igreja
que pudesse continuar vivendo para emergir do exílio e ser
novamente um homem livre entre o povo a quem amava . Mas
isto nos foi negado . Ele se foi para junto dos santos e puros, e
citanto suas próprias palavras eloqüentes, escritas a respeito
do querido amigo, Joseph, o Vidente:
'Além do alcance de turbas e lutas,
Descansa ileso na vida sem fim;
Longe da fúria selvagem do homem,
Junto aos Deuses, no céu, é seu lar .'
"E embora tenhamos perdido sua presença aqui, sua in-
fluência continuará fazendo sentir-se . Homens assim podem
passar desta vida para outra, mas o amor à justiça e à verda-
de que lhes anima o coração é imorredouro . Eles vão para a
mais ampla esfera de utilidade . Sua influência se amplia e é
sentida mais extensamente, e Sião sentirá os benefícios do seu
trabalho, como aconteceu com os outros que se foram antes
dele . A obra de Deus continuará avançando . Um após outro
dos grandes homens — homens que dedicaram a vida à causa
de Deus poderá morrer, mas isto não afetará os propósitos
de nosso Grande Criador referentes à sua obra dos últimos
dias. Ele levantará outros, e a obra prosseguirá com crescente
força, influência e em toda autêntica grandeza, até que se
cumpra tudo o que Deus predisse a respeito.
"Gostaríamos de dizer aos santos dos últimos dias : Conso-
lai-vos! O mesmo Deus que cuidou da obra, quando Joseph foi
martirizado, que a vigiou, guardou e susteve durante os longos
anos decorridos desde aí, e que guiou seu destino desde a par-
tida de Brigham, continua vigilante e fá-la objeto de seu cuida-
do . John se foi, mas Deus vive. Ele fundou Sião . Deu ao seu
povo um testemunho disso . Acalentai-o no fundo de vossos
corações, e vivei tão bem cada dia, que quando chegar o fim
da vida mortal, possais ser considerados dignos de ir para
onde foram Joseph, Brigham e John e juntar-vos à multidão
gloriosa, cujas vestes foram branqueadas no sangue do Cor-
deiro ."

WILFORD WOODRUFF 89

VIII

0 funeral do Presidente Taylor, foi realizado no grande


Tabernáculo na Cidade do Lago Salgado, ao meio-dia de sexta-
feira, 29 de julho . 0 edifício foi totalmente tomado pelos que
choravam'o passamento do seu líder . Os oradores foram Lo-
renzo Snow, Franklin D . Richards, Heber J . Grant ., Abraham
0 . Smoot*, Lorenzo D . Young, Joseph B . Noble e Angus M.
Cannon . Todos eles prestaram caloroso tributo à fé e devoção,
à coragem e capacidade do Presidente Taylor . Ao término da
cerimônia, o corpo foi sepultado no cemitério da Cidade do
Lago Salgado . Richard Ballantyne ofereceu a oração, dedican-
do o túmulo.
* Prefeito da Cidade do Lago Salgado .
WILFORD WOODRUFF
QUARTO PRESIDENTE

WILFORD WOODRUFF

(1807-1898)

"Wilford, o Fiel", foi o título dado, aliás merecidamente,


a Wilford Woodruff nos primórdios da Igreja . Nunca houve
um santo dos últimos dias mais devotado e fiel . "Sua integri-
dade e ilimitada devoção ao culto e propósitos de Deus", es-
creve Matthias F . Cowley,. autor de Life of Wilford Woodruff,
"não são ultrapassadas por nenhum profeta, seja dos tempos
antigos ou modernos" . Eis na verdade um bom e grande ho-
mem que, ainda jovem, pôde aliar-se aos que se engajavam na
sublime tarefa de edificar o reino de Deus na terra ; e, ao con-
trário de muitos companheiros seus, cujos dias foram abrevia
dos em retidão, a Wilford Woodruff foram concedidos noventa
e um anos de vida e labores, sendo-lhe afinal permitido presi-
dir a organização por cujo estabelecimento e progresso lutara
tanto e tão diligentemente.
Wilford Woodruff, à semelhança de seus insignes prede-
cessores Joseph Smith e Brigham Young, descendia dos resolu-
tos pioneiros da Nova Inglaterra . Seus antepassados, originá-
rios da Inglaterra, haviam sido por diversas gerações agricul-
tores e moleiros em Farmington, Connecticut, e circunvizi-
nhanças . Eram gente robusta, longeva . "Meu bisavô, ,Tosiah
Woodruff," conta Wilford, "viveu quase cem anos . Tinha urna
constituição de ferro e fazia qualquer trabalho manual até a
época de sua morte" . A respeito do avô, Wilford dizia que "ele
possuía igualmente uma constituição vigorosa e constava que
por vários anos trabalhava mais que qualquer outro homem
no Condado de Hartford ."
O pai de Wilford, Aphek Woodruff, nasceu em Farming-
ton, em 1778 . Mantendo a tradição da família, era conhecido
como homem de constituição vigorosa . ''Aos dezoito anos, co-
meçou a trabalhar num moinho de trigo e serraria, continuan-
do nessa sua ocupação por cerca de cinqüenta anos . A maior

92 OS PRESIDENTES DA IGREJA

parte desse tempo trabalhou dezoito horas por dia" . Assim


escreveu seu eminente filho.
Pelo dito, é fácil entender por que Wilford Woodruff era
um homem tão decidido, robusto e saudável, e por que sua
vida se prolongou até aos noventa e um anos . Não há dúvida
de que temos aqui um claro caso de herança de qualidades
físicas e mentais . Wilford tinha grande dívida para com seus
fortes antepassados.
A data de nascimento de Wilford Woodruff consta como
sendo 1° de março de 1807, em Farmington . Era o terceiro
filho de Aphek e Beulah Woodruff . Quando tinha apenas quin-
ze meses, sua boa mãe foi acometida de "febre maculosa",
falecendo em poucos dias . Pouco tempo depois, o pai voltou a
casar-se com Azulah Hart, a quem caberia o privilégio de criar
Wilford, embora ela nem sempre deve tê-lo considerado exata-
mente um privilégio, visto que era uma criança muito irre-
quieta e deve ter-lhe causado bastante preocupação . Ele pró-
prio desfila a lista interessante e assombrosa de "acidentes"
que teve na infância e juventude . Talvez as mães de filhos
traquinas se consolem, sabendo que tudo o que é descrito a
seguir aconteceu a uma pessoa que viria a tornar-se um ex-
cepcional missionário e quarto presidente da Igreja, e que vi-
veu até os noventa e um anos.
"Quando tinha três anos, caí num caldeirão de água fer-
vente e embora sendo salvo instantaneamente, Fiquei tão quei-
mado, que só depois de nove meses, fui considerado fora de
perigo de conseqüências fatais . Meu quinto e sexto anos de
vida foram entremeados de muitos acidentes . Certo dia, indo
com meus irmãos maiores para o celeiro, escolhi o topo de um
monte de feno para brincar . Não demorou muito para eu cair
da grande viga diretamente de cara no chão . Feri-me grave-
mente, mas logo estava recuperado para novas brincadeiras.
"Um sábado à noite, enquanto brincava com meus irmãos
Azmon e Thompson na alcova da casa de meus pais, contra-
riando suas ordens, dei um passo em falso e caí escada abaixo,
fraturando um dos braços na queda . Tudo por desobediência.
Sofri muito, mas logo me recuperei, decidindo que fosse o que
fosse que me acontecesse no futuro, não seria por desobediên-
cia aos pais . O Senhor mandou que as crianças obedeçam aos

WILFORD W00DRUFF 93

pais ; e Paulo diz : 'Este é o primeiro mandamento com pro-


messa.'
"Não muito depois disto, foi por um triz que escapei com
vida . Papai tinha certo número de gado de chifres, entre eles
um touro irascível . Uma noite, eu estava dando abóbora aos
animais, e o touro, largando a dele, roubou a abóbora que eu
dera a uma vaca que eu dizia ser minha . Zangado com o egoís-
mo daquele macho bruto, peguei a abóbora que ele havia lar-
gado para dá-la à vaca . Foi só tê-la nos braços, e o touro
arremeteu com grande fúria . Corri morro abaixo o mais de-
pressa que pude com o touro em meus calcanhares . Papai,
percebendo o perigo em que eu me encontrava, gritou que eu
jogasse fora a abóbora, mas eu (esquecendo a obediência) con-
tinuei com ela ; quando o touro se aproximava com a fúria de
um tigre, tropecei e fui ao chão . A abóbora rolou para longe, o
touro saltou sobre mim, chifrou a abóbora, fazendo-a em pe-
daços . Sem dúvida teria feito o mesmo comigo, se eu não hou-
vesse caído . Esta circunstância, como todas as restantes, eu
atribuo à misericórdia e bondade de Deus.
"No mesmo ano, enquanto em visita a meu tio, Eldad
Woodruff, caí de uma varanda, em cima de uma porção de
madeira e quebrei o outro braço.
"Não se passaram muitos meses até ser obrigado a supor-
tar outra desventura pior . Meu pai tinha uma serraria além do
moinho de trigo ; certa manhã em companhia de alguns outros
garotos, fui para a serraria e montei na charrete, sem prever o
perigo ; mas antes de me dar conta, minha perna ficou prensa-
da entre o carro e o poste de defesa, ficando fraturada . Leva-
ram-me para casa, onde fiquei deitado por nove horas antes
de a perna ser encanada . Foram horas de muita dor ; mas
sendo jovem, os ossos logo se consolidaram, e em poucas se-
manas, eu estava novamente de pé, praticando os esportes da
juventude . Durante esse meu confinamento, tive a companhia
de Thompson, meu irmão, que sofria de febre tifóide.
"Pouco depois, numa noite escura, fui escoiceado no ab-
dômen por um boi ; mas, estando perto demais do animal para
receber toda a força do golpe, foi maior o susto do que o es-
trago.
"Não muito depois, fiz minha primeira experiência em
carregar feno ; eu era bastante pequeno ainda, mas achava

94 OS PRESIDENTES DA IGREJA

que o carregaria bem . A caminho do celeiro, a roda da carroça


bateu numa pedra e lá se foi o feno . Caí ao chão, com a carga
inteira por cima de mim ; o feno foi logo removido, e afora úm
pouco sufocado, eu estava ileso.
"Quando tinha oito anos, ia com meu pai e outros, de
carroça, cuidar de algum trabalho a uns cinco quilômetros de
casa. No caminho, o cavalo assustou-se, disparou morro abai-
xo, fazendo a carroça tombar . Estivemos em perigo, sendo
mais uma vez salvos pela mão da Providência . Nenhum de nós
se machucou.
"Um dia, trepei num olmeiro para pegar uma porção de
casca ; quando estava a uns cinco metros do chão, o galho seco
em que me apoiava quebrou, e eu fui ao chão de costas . O
tombo parecia ter-me tirado todo o fôlego . Um primo foi cor-
rendo contar aos meus pais que eu estava morto . Mas antes de
meus amigos chegarem, eu já estava de pé e fui encontrá-los a
meio caminho.
"Aos doze anos, quase morri afogado rio Rio Farmington.
Afundei em dez metros de água, sendo salvo milagrosamente
por um moço chamado Bacon . A reanimação causou-me gran-
de sofrimento.
"Com treze anos de idade, caminhando pelos prados de
Farmington em pleno inverno, durante uma tempestade de ne-
ve, fiquei tão exausto e gelado, que não conseguia mais andar.
Rastejei para o tronco oco de uma velha macieira . Um ho-
mem, passando à distância, me viu, e compreendendo o peri-
go, correu para onde eu estava . Quando chegou, eu já tinha
pegado no sono e estava quase que inconsciente . Teve grande
dificuldade em fazer-me despertar e entender minha situação
crítica ; levou-me imediatamente para casa de meu pai onde,
graças à boa Providência, minha vida foi de novo salva.
"Aos catorze anos, abri o peito do pé esquerdo com um
machado que quase atravessou o membro . Sofri intensamente
com o ferimento, levando quase nove meses até me restabe
lecer.
"Quando eu tinha quinze anos, fui mordido na mão por
um cachorro no último estágio de hidrofobia . Entretanto, não
cheguei a sangrar, e mais uma vez, fui poupado de uma morte
horrível pela misericórdia e o poder de Deus .

WILFORD WOODRUFF 95

" Aos dezessete tive um acidente que me fez sofrer multo e


quase me custou a vida . Eu estava montando um cavalo extre-
mamente temperamental ; enquanto descíamos uma encosta
bastante íngreme e cheia de pedras, ele repentinamente saltou
do caminho bem para o meio das rochas . Ao mesmo tempo,
pôs-se a escoicear e quase conseguiu derrubar-me por cima da
sua cabeça ; eu, porém, acabei em cima da cabeça dele e agar-
rei-me às duas orelhas, esperando ser despedaçado contra as
pedras a qualquer momento . Enquanto nessa posição, empo-
leirado na nuca do animal, sem freio ou outro meio qualquer
de dirigi-lo a não ser as orelhas, ele arremeteu encosta abaixo
com grande fúria, até bater numa rocha quase na altura do
peito, que fê-lo ir ao chão . Fui lançado por cima da sua cabe-
ça, aterrando de pé uns cinco metros à frente . Cair de pé foi
talvez o que me salvou a vida, pois, se batesse no chão com
outra parte qualquer do corpo, provavelmente teria tido morte
certa. Nessas circunstâncias, fraturei uma perna em dois luga-
res e desloquei totalmente ambos os tornozelos . 0 cavalo qua-
se rolou sobre mim na sua luta para se pôr de pé . Meu tio
presenciou o acontecido e veio em meu socorro . Fui levado
para a casa dele numa cadeira de braços . Fiquei deitado das
duas da tarde até às dez da noite, sem assistência médica,
sofrendo fortes dores, até meu pai chegar com o Dr . Swift, de
Farmington . O médico encanou os ossos, colocou as articula-
ções no lugar e, na mesma noite, levou-me para casa, distante
uns treze quilômetros, em sua carruagem . Obtive ótimo trato e
embora sofresse muito, em oito semanas estava andando de
muletas, e logo fiquei totalmente restabelecido".
Wilford continuou trabalhando na lavoura e no moinho,
ajudando o pai de todas as maneiras possíveis . Existe alguma
menção de ele ter freqüentado a escola na infância, mas não
sabemos até que ponto continuou a estudar . Sabemos, entre-
tanto, que sabia ler e escrever bem, e que seu livro predileto
era a Bíblia.
Em abril de 1827, pouco depois de ter completado vinte
anos, Wilford deixou a casa paterna e foi para East Avon,
Connecticut, onde passou a cuidar do moinho de trigo da sua
tia, Helen Wheeler, em regime de participação igual dos lucros
e prejuízos . Aí ele permaneceu durante três anos. A seguir,
encarregou-se de um moinho em Collinsville, mas estava lá há

96 OS PRESIDENTES DA IGREJA

pouco, quando deixou-se persuadir pelo irmão, Azmon, a ir


com ele para a parte oeste de Nova York e, juntos, comprarem
uma fazenda . Os dois irmãos localizaram-se em Richland,
Condado de Oswego, onde adquiriram cerca de 56 ha "com
uma boa moradia" por US$ 1 .800, dos quais puderam dar US$
800 de entrada .

II

Forem Richland que dois humildes élderes da Igreja de


Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Zera Pulsipher e
Elijah Cheney bateram à porta de Wilford, no dia 29 de de-
zembro de 1833, deixando o recado de que, na mesma noite,
iam falar no prédio da escola . Wilford e seu irmão Azmon
foram à reunião ; ouviram os sermões -dos é]deres e creram.
Wilford recorda assim o acontecido:
"O Élder Pulsipher abriu a cerimônia com uma oração.
Ajoelhou-se e pediu ao Senhor pelo que desejava em nome de
Jesus Cristo . Sua maneira de orar e a influência que brotava
da oração impressionaram-me muito . O espírito do Senhor
desceu sobre mim e prestou-me testemunho de que aquele ho-
mem era um servo de Deus . Depois de cantar um hino, o élder
pregou ao povo por uma hora e meia . O espírito de Deus des-
ceu poderosamente sobre ele e prestou testemunho da autenti-
cidade divina do Livro de Mórmon e da missão do Profeta
Joseph Smith. Acreditei em tudo o que ouvi . O Espírito testifi-
cava que aqueles fatos eram verdadeiros . Então o Elder Che-
ney levantou-se e confirmou a veracidade das palavras do El-
der Pulsipher.
Em seguida, os élderes deram liberdade a quem quer que
quisesse fazer uso da palavra, condenando ou aprovando o
que havia sido dito . Quase instantaneamente, encontrei-me de
pé . O Espírito do Senhor urgia que eu prestasse testemunho da
veracidade da mensagem transmitida pelos élderes . Exortei
meus vizinhos e amigos a não se oporem àqueles homens, pois
eram, sem dúvida alguma, servos de Deus, e haviam-nos pre-
gado naquela noite o legítimo Evangelho de Jesus Cristo.
Quando me sentei, Azmon levantou-se e também prestou um
testemunho semelhante ao meu, sendo seguido por diversas
outras pessoas ."

WILFORD WOODRUFF 97

Como resultado da reunião, dois dias mais tarde, com


tempo muito frio e em água "misturada com gelo e neve",
Wilford e o irmão eram batizados pelo Elder Pulsipher . Outras
pessoas da vizinhança entraram para a Igreja mais tarde . A
25 de janeiro de 1834 era organizado em Richland um ramo
da Igreja, e Wilford Woodruff ordenado ao ofício de mestre.
Agora tinha diante de si .a verdadeira obra de sua vida.
Em princípios de abril, Wilford tomou seus cavalos e car-
roça e, acompanhado por dois irmãos do ramo, partiu para
Kirtland, Ohio, a fim de visitar o Profeta Joseph Smith . A via-
gem levou duas semanas . Em seu diário, Wilford nos dá um
relato dessa visita:
"Aqui, pela primeira vez na vida, encontrei-me e tive uma
entrevista com nosso querido Profeta Joseph Smith, o homem
eleito por Deus para trazer à luz suas revelações nestes últi-
mos dias . Minha primeira impressão não foi do tipo de satisfa-
zer as noções preconcebidas da mente sectária quanto a como
deve ser um profeta e como deve apresentar-se . Poderia ter
chocado a fé em alguns . Encontrei-o com seu irmão Hyrum
atirando ao alvo com um par de pistolas . Quando pararam de
atirar, fui apresentado ao Irmão Joseph, que me apertou a
mão com bastante vigor . Convidou-me a ficar na sua casa,
enquanto me demorasse em Kirtland . Aceitei o convite com
grande prazer, sendo muitíssimo edificado e abençoado du-
rante minha estada com ele . Pediu-me que o ajudasse a curtir
uma pele de lobo com que, dizia, desejava forrar a boléia da
carroça quando fosse ao Missouri . Tirei o paletó, estiquei a
pele nas costas de uma cadeira e logo a tinha curtido embo-
ra tivesse que sorrir diante de minha primeira experiência
com o Profeta ."
O fato de Joseph Smith e seu irmão Hyrum estarem prati-
cando com um "par de pistolas" devia-se, sem dúvida, à imi-
nente viagem para o Missouri, a fim de auxiliar os santos a
recuperarem suas propriedades e casa de que haviam sido
expulsos no Condado de Jackson . Um par de pistolas seria
praticamente o único argumento que o populacho do Missouri
entenderia.
No decurso de sua estada em Kirtland, Wilford foi convi-
dado pelo Profeta a integrar o Acampamento de Siio, como se
chamava agora a expedição ao Missouri . Concordando, Wil-

98 OS PRESIDENTES DA IGREJA

ford juntou-se à tropa no dia primeiro de maio em Nova Porta-


ge, Ohio . Após a longa marcha de mil e seiscentos quilômetros,
os irmãos, em número de duzentos e cinco, chegavam no Con-
dado de Clay, a 24 de junho . Em julho, a companhia foi deban-
dada, porque os santos estavam tão dispersados, que seria im-
possível reconduzi-los às suas terras, e tal tentativa significa-
ria entrar em luta declarada com os habitantes do Missouri . O
Profeta aconselhou que todos os moços sem família permane-
cessem no Missouri, ao que Wilford Woodruff obedeceu . Esta-
beleceu-se no Condado de Clay, perto da casa de Lyman
Wight . (Apóstolo da Igreja excomungado em 1849 .) Em de-
zembro dedicou sua propriedade e a própria pessoa à edifica-
ção do reino de Deus : "Saibam todos que eu, Wilford Woo-
druff, de livre vontade, comprometo-me para com o Senhor a
dedicar-me à edificação do seu reino e da sua Sião na terra,
para que eu possa guardar a sua lei . Deponho tudo diante do
bispo da sua Igreja, a fim de poder tornar-me herdeiro legal
do Reino Celestial de Deus ."
Em novembro de 1834, recebia do Bispo Partridge (Pri-
meiro bispo da Igreja) o chamado para fazer uma missão para
a Igreja nos estados do Sul . Sua designação reportou-o aos
Estados do Arkansas e Tennessee . Diversos outros élderes o.
acompanhavam . "Colocamos alguns Livros de Mórmon e al-
gumas roupas em nossas valises," conta ele, "e partimos a
pé ." Essa missão provou-se fatigante e difícil em demasia . Os
povoados eram poucos e distantes . Foi durante essa missão
que Wilford fez a mais longa e dura jornada "a pé" de sua
vida. Naquele dia, ele e seu companheiro caminharam quase
cem quilômetros "entre o nascer do sol e as dez horas da noi-
te, sem uma migalha sequer para comer" . Depois de vadear
pântanos, dormir ao relento debaixo de tempestades, ser per-
seguido por alcatéias de lobos e passar por outras agruras
incríveis no seu esforço de pregar o Evangelho, Wilford des-
creve sua labuta no Arkansas e Tennessee durante o ano de
1835:
"Viajei 5 .415 km, realizei 170 reuniões, batizei 43 pes-
soas, ajudei o Élder Parrish a batizar mais 20, confirmei 35,
organizei 3 ramos, ordenei 2 mestres e 1 diácono, arranjei 30
assinantes para o Messenger and Advocate, 173 assinaturas
para a petição ao Governador do Missouri, a fim de que repa-

WI . LFORD W00DRUFF 99

rasse as injustiças sofridas pelos santos no Condado de Jack-


son, fui atacado 3 vezes pelo populacho — mas sem nada so-
frer _ escrevi 18 cartas, recebi 10 e, finalmente, encerrei os
trabalhos do ano de 1835, comendo bolo de milho com man-
teiga e mel na casa do Irmão A . O . Smoot ."
Wilford havia, sem dúvida, provado seu valor como mis-
sionário . Cumprira seus deveres humilde, tranqüila econsis-
tentemente, porém, com uma determinação e persistência que
em poucos anos haveriam de destacá-lo como um dos grandes
missionários da Igreja.
Wilford continuou seu trabalho no Tennessee e Kentucky
até setembro de 1836, quando foi desobrigado e partiu com o
Elder A . O . Smoot para Kirtland, Ohio, sede da Igreja.
Wilford gostou de reencontrar-se em Kirtland com os
amigos e irmãos que não via há quase dois anos . Apreciava
particularmente a companhia do Profeta . "Não existe nesta
geração homem tão grande quanto Joseph," escreveu . "Os
gentios o estimam e ele é como um veio de ouro escondido da
vista humana . Eles não conhecem seus princípios, sua virtude,
seu chamado . Sua mente, como a de Enoque, é imensa como a
eternidade e só Deus pode compreender sua alma ." Quanta
felicidade para Wilford Woodruff poder conviver com o Profe-
ta de Deus e apreciá-lo.
A 13 de abril de 1837, Wilford desposava Phoehe Carter,
em Kirtland . Na época, fazia um mês que completara trinta
anos, e sua mulher era oito dias mais moça . Foi um casamento
extremamente feliz Wilford encontrara de fato sua legítima
companheira.
Embora bem casado, Wilford sentia necessidade de conti-
nuar seu trabalho missionário . "Um mês e um dia depois desse
importante acontecimento," escreve ele, "deixei minha mu-
lher com a Irmã Hale, com quem ela pretendia passar uma
temporada . Parti de Kirtland bem disposto, com o Elder Jona-
than Hale ." Esta missão levou Wilford para o nordeste até as
Ilhas Fox, ao largo do Maine . Ali ele e o Elder Hale trabalha-
ram diligentemente por três meses, abrindo ramos tanto na
ilha do norte como na sul . Em outubro, o'Élder Hale partiu de
volta para Kirtland, e o Elder Woodruff mandou buscar a es-
posa . Quando esta chegou, ele prosseguiu em seu trabalho nas
ilhas até maio de 1838, quando visitou seu velho lar em Far-

100 OS PRESIDENTES DA IGREJA

mington, Connecticut . Ali teve o prazer de batizar o pai, sua


madrasta e uma irmã . "Foi realmente uma ocasião de .alegria
para minha alma," diz ele . '

III

No dia 9 de agosto de 1838, "enquanto estava em reunião


com os santos em North Vinal Haven, nas ilhas Fox", o Elder
Woodruff recebeu uma carta de Thomas B . Marsh, presidente
dó Quorum dos Doze Apóstolos, informando-o de que "o Profe-
ta Joseph Smith havia recebido uma revelação do Senhor, in -
dicando as pessoas que escolhera para preencher as vagas dei-
xadas pelos membros dos Doze que haviam caído" . Wilford
Woodruff estava entre os indicados . "Saibas então por esta,
Irmão Woodruff," prosseguia o Presidente Marsh, "que foste
designado para ocupar o lugar de um dos Doze Apóstolos e
que ;. dë'conformidade com a palavra do Senhor, dada recente-
mente, deves vir a toda pressa a Far West, para no próximo
dia 26 de abril, despedir-se dos santos ali e partir para outros
climas além das grandes profundezas ."
E mais uma vez o. Élder Woodruff iniciou os preparativos
para cumprir as instruções dos irmãos presidentes . Entretanto,
como certo número de conversos desejava acompanhá-lo para
o Missouri, a partida de Scarboro, Maine, só se deu a 9 de
outubro, data extremamente tarde para iniciar a longa, esta-
fante . viagem de carroça até o Missouri . Mas não havia obstá-
culo que conseguisse deter o Irmão Woodruff, quando achava
que'cumpria a vontade do Senhor . A pequena companhia par-
tiu "em dez carroções novos" e, após muita doença entre os
componentes e grandes dificuldades para prosseguir debaixo
de chuva, lama e neve "durante dois meses e dezesseis dias",
Wilford Woodruff e parte da caravana chegaram na aldeia de
Rochester, Illinois, onde tomaram conhecimento de que todos
os santos dos últimos dias que residiam no Missouri estavam
sendo escorraçados do estado por sanguinárias turbas arma-
das. Diante disso, Wilford concluiu que o melhor para ele e
sua família seria passarem o inverno em Rochester . "Na pri-
mavera," conta ele, "peguei minha família e mudei-me para
Quincy, Illinois, onde podia conviver com meus irmãos ; e ajoe-

WILFORD WOODRUFF 101

lhei-me para louvar a Deus por seu cuidado protetor para co-
migo e minha família em todas as nossas aflições ."
Embora os santos houvessem sido expulsos do Missouri,
tornava-se necessário, a fim de que se cumprisse a revelação
de 8 de julho de 1838, que os irmãos dos Doze retornassem a
Far West, para ali se despedirem dos santos "no dia vinte e
seis de abril próximo, no local onde será construída a minha
casa, diz o Senhor" . Os Doze, confiantes em serem protegidos
do Senhor, decidiram executar a ordem da revelação . "Eu le-
vei na minha carroça", conta o Elder Woodruff, "Brigham
Young e Orson Pratt ; Pai Cutler (Alpheus Cutler, membro do
primeiro sumo conselho . Ia para Far West, a fim de lançar as
pedras angulares do templo a ser ali construído) levou na dele
John Taylor e George A . Smith . No caminho, encontramos
John E . Page que estava indo com a família para Quincy, Illi-
nois. Sua carroça havia tombado, e quando o encontramos,
estava tentando juntar com as mãos um barril de sabão mole.
Ajudamos a levantar a carroça . Ele então levou a carroça pa-
ra o fundo de um vale, onde a deixou e foi conosco . Chegamos
em Far West na noite de 25 de abril . Na manhã seguinte, 26
de abril de 1839, não obstante as ameaças de nossos inimigos
que a revelação não haveria de cumprir-se . . . fomos para o
local do templo e cumprimos a revelação e os mandamentos
dados a nós ." Foi nessa reunião que Wilford foi ordenado ao
apostolado sob as mãos do Presidente Brigham Young e dos
outros apóstolos.
Enquanto ocorria o incidente acima descrito, o Profeta
Joseph, seu irmão Hyrum e outros escapavam dos oficiais de
justiça do Missouri, que os mantinham presos há quase seis
meses . Estavam em Quincy para cumprimentar os irmãos dos
Doze, quando estes voltaram.
Os líderes da Igreja enfrentavam agora o problema de
encontrar um novo local de congregação para os santos . Pou-
cas semanas após sua fuga do Missouri, o Profeta Joseph ad-
quiriu uma gleba de terra, uns sessenta e cinco quilômetros ao
norte de Quincy, num lugar chamado Commerce . Estabeleceu-
se ali, e em poucos dias, era seguido por Wilford Woodruff
com sua família num carroção . Não encontrando um lugar
adequado para morar em Commerce, Wilford cruzou o rio pa-
ra o lado de Iowa e "mudou-se para um cômodo da velha

102 OS PRESIDENTES DA IGREJA

caserna" . Ali ficou até a hora de partir para sua missão na


Inglaterra.
Sentimos não apresentar mais que um breve parágrafo a
respeito do trabalho missionário realizado pelo Elder Woo-
druff na Inglaterra durante os anos de 1840 e 1841 . Mas ne-
nhum outro missionário teve sucesso igual nos anais da histó-
ria de nossa Igreja . Partindo de Nauvoo em agosto de 1839,
doente e sem tostão, de alguma forma conseguiu chegar à ci-
dade de Nova York . Ali os santos contribuíram com quinze
dólares para pagar sua passagem num barco a vela até Liver-
pool, onde chegou a 11 de janeiro de 1840 . Em março, come-
çou seu trabalho missionário no distrito de Herefordshire, on-
de permaneceu por três meses . Ao partir para o distrito de
Manchester em junho, ele registrou : "Nunca antes parti de um
campo de trabalho mais satisfeito com os resultados do meu
empenho ; devo render a Deus todo o agradecimento de meu
coração por dar-me tantas almas para confirmar o meu minis-
tério ; e noto o fato notável que há pouco mais de três meses,
fui guiado pelo espírito através de uma região densamente po-
voada por cerca de cento e trinta quilômetros, não escolhendo
nenhuma parte dela como campo de trabalho até ser conduzi-
do pelo Senhor à casa de John Benbow, em Frome's Hill, onde
preguei pela primeira vez no dia 5 de março de 1840 ; agora,
aos 22 de junho, estou indo para a Conferência de Manches-
ter, a fim de representar este fértil campo de meus labores
com trinta e três igrejas organizadas, contando quinhentos e
quarenta e um membros, trezentos dos quais receberam a or-
denança do batismo pelas minhas . mãos ." Resultados seme-
lhantes, embora nem sempre tão proveitosos, acompanharam
os esforços missionários do Elder Woodruff aonde fosse ; cente-
nas de fiéis foram trazidos para a Igreja durante o breve pe-
ríodo em que trabalhou na Inglaterra.
Em abril de 1841, os irmãos dos Doze partiam da Ingla-
terra de volta para casa . Chegando a Nova York em fins de
maio, Wilford deixou os irmãos e foi para Scarboro, Maine,
onde o aguardava sua esposa na casa dos pais . Com ela foi
visitar o pai em Farmington, Connecticut, chegando a Nauvoo
somente no mês de outubro . "Quando deixei Nauvoo' há dois
anos," escreve ele, "não existiam ali mais que uma dúzia de
casas ; mas, ao voltar à cidade, havia várias centenas ."

WILFORD WOODRUFF 103

Mais uma vez com os santos no lugar de congregação,


Wilford Woodruff mostrou-se extraordinariamente ativo . Foi
eleito membro da câmara de vereadores de Nauvoo ; chamado
a colaborar na instalação de imigrantes ; trabalhava na cons-
trução do Templo de Nauvoo ; auxiliava o Elder John Taylor
na publicação do Times and Seasons, e dedicava-se à tarefa de
construir uma moradia confortável para uso próprio . Com a
energia aplicada, era bem sucedido em todos os empreendi-
mentos.
Wilford permaneceu em Nauvoo e povoados circunvizi-
nhos de outubro de 1841 a julho de 1843, quando foi designa-
do pelo Profeta a fazer uma missão no Leste, " com o propósito
de realizar conferências e angariar fundos para a conclusão
do templo" . Essa missão levou-o a St . Louis, Cincinnati, Pitts-
burgh, Filadélfia, Nova York, Boston e Portland, no Maine.
Iniciou a viagem de retorno em outubro, chegando em Nauvoo
a 4 de novembro.
Ficou em Nauvoo durante o inverno de 1843/44, gozando
o convívio do Profeta e dos irmãos dos Doze . Sempre ativo em
seus deveres eclesiásticos, sua industriosidade e trabalho pos-
sibilitaram-no cercar-se de alguns dos confortos da vida . Mas
não haveria de demorar-se em casa . Em abril de 1844, o Pro-
feta solicitou que todos os membros dos Doze, exceto John
Taylor e Willard Richards, empreendessem outra importante
missão no Leste . Sua despedida do Profeta nessa ocasião, está
descrita no diário de Wilford como segue : "Joseph estava no
vestíbulo quando lhe tomei a mão para dar adeus ; o Irmão J.
M. Grant estava comigo . Ao retribuir meu cumprimento ele
disse : 'Irmão Woodruff, estás para iniciar tua missão' . Res-
pondi : 'Sim .' Fitou-me intensamente nos olhos por algum tem-
po sem dizer palavra ; olhava como se quisesse penetrar-me a
própria alma, parecendo ao mesmo tempo indescritivelmente
pesaroso, como que acabrunhado pelo pressentimento de algo
medonho . Finalmente, falou com voz triste : 'Deus te abençoe,
Irmão Woodruff; vai em paz .' Voltei-me deixando-o com o co-
ração pesaroso, partilhando o mesmo espírito que tomara con-
ta dele . Foi. a última vez que vi sua face ou ouvi sua voz na
carne."
A missão de Wilford no Leste, durante o verão de 1844,
foi interrompida pelas notícias da morte do Profeta, as quais

104 OS PRESIDENTES DA IGREJA

recebeu em Portland, Maine, no dia 9 de julho . Partiu imedia-


tamente para Boston, onde se encontrou com o Presidente Bri-
gham Young . Sob a data de 17 de julho, diz ele no seu diário:
"O Elder Brigham Young chegou e fomos procurar a Irmã Vo-
se . Ele sentou-se na cama e eu na cadeira de braços, e então
cobrimos o rosto e demos vazão à nossa dor . Até aí, eu não
havia derramado uma lágrima pela morte do Profeta . Minha
alma tinha estado tensa como o aço . Após externarmos nossa
dor com lágrimas, sentimo-nos mais calmos ."
05 irmãos dos Doze reuniram-se em Boston e seguiram de
trem, barco e diligência para Nauvoo, onde chegaram na noite
de 8 de agosto . "Quando desembarcamos na cidade" escreve
Wilford, "Nauvoo parecia coberta de tamanha melancolia, co-
mo nunca antes havíamos sentido ."

IV

Sob a liderança do Presidente Brigham Young e dos Doze,


logo foi desfeita a confusão que Sidney Rigdon e outros tenta-
vam criar na Igreja após a morte do Profeta, restabelecendo-
se a ordem . Na reunião de conselho dos Doze realizada a 12
de agosto, Wilford Woodruff foi escolhido para presidir a Mis-
são Européia, tomando-se providências para sua esposa poder
acompanhá-lo . Segue a carta de designação de Wilford:
Nauvoo, 22 de agosto de 1844
"A Todos os Elderes e Santos na Grã-Bretanha, Saudações:
"Enviamos nosso querido Irmão Wilford Woodruff à In-
glaterra para encarregar-se de todos os negócios pertinentes à
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Ültimos Dias, tanto espi-
rituais quanto temporais . Desejamos que o seu conselho em .
todas as coisas seja cuidadosamente seguido, e como não tive-
mos oportunidade de informá-los por carta a respeito do ocor-
rido nesta temporada, nosso querido irmão lhes dará conheci-
mento de todas as coisas . Desejamos que os irmãos sejam fiéis
e diligentes na guarda de todos os mandamentos de Deus e no
atendimento aos conselhos daqueles que enviamos para acon-
selhá-los . Que nenhum homem ou grupo de homens pense ter
poder ou autoridade ou as chaves do reino acima do Apóstolo
Wilford Woodruff, que é enviado para instruí-los nas coisas
concernentes à vida e salvação . Embora nosso Profeta haja

WILFORD WOODRUFF 105

sido assassinado pela palavra de Deus e testemunho de Jesus,


ainda assim as chaves do reino permanecem na Igreja, e os
céus não se cerraram ; tampouco está selada a boca do Onipo-
tente para que não possa falar . O Deus de Israel comunicará
aos seus discípulos todas as coisas necessárias para a edifica
cão do seu reino na terra, até que Israel seja coligada, sim,
mesmo todo o sangue de Abraão espalhado por toda a terra,
Sião estabelecida, Jerusalém reedificada, e a terra inteira
cheia da glória e do conhecimento de Deus . Desejamos que
todos os santos da Inglaterra continuem a congregar-se nor-
malmente em terras da América ; e poderão ter o privilégio de
designar, sob a direção e parecer do Elder Wilford Woodruff,
um comitê para visitar as terras da América, a fim de prepa-
rar um local para os irmãos da Europa se estabelecerem de
acordo com seus desejos ; e queremos dizer ainda aos santos
de todo o mundo que possam ser visitados pelo Elder Wilford
Woodruff, que sempre que lhe prestarem qualquer auxílio em
sua missão, estarão fazendo a vontade de Deus e não deixarão
de ser recompensados ; e desejamos que todos os santos pos
sam empenhar-se em apoiá-lo com sua fé, orações e amor fra-
ternal, de acordo com a graça de Deus, nessa importante mis-
são que foi chamado a cumprir ; pois ele está qualificado para
ensinar em todas as coisas concernentes à Igreja e ao Reino de
Deus restabelecidos nestes últimos dias . Portanto, queridos ir
mãos, gostaríamos de dizer-lhes, para concluir : Sejam humil-
des e fiéis, e atentem para o conselho deste nosso amado ir
mão no Senhor, Elder Wilford Woodruff, e as bênçãos do Se
nhor os acompanharão, em nome de Jesus Cristo . Amém.
RRIGHAM YOUNG
Presidente dos Doze
WILLARD RICHARDS
Secretário ."
O Élder Woodruff, sua esposa e dois filhos pequenos parti-
ram de Nauvoo no dia 28 de agosto . Depois de visitarem os
respectivos pais em Connecticut e Maine, viajaram para a ci-
dade de Nova York, onde embarcaram num "paquete" no dia
8 de dezembro . Após uma travessia de vinte e sete dias com
mar bravo, aportaram em Liverpool.
Esta segunda missão na Inglaterra foi um pouco diferente
da primeira . Em lugar de fazer trabalho missionário indivi-

106 OS PRESIDENTES DA IGREJA

dual, no qual tivera tanto sucesso, ele via-se na obrigação de


dirigir o de outros. Era uma tarefa e tanto, visto que a congre-
gação de santos só na Missão Britânica chegava a onze mil,
com mil e quinhentos portadores do Sacerdócio . Mas Wilford
Woodruff está à altura de seus deveres e provou ser um hábil
executivo . Cada parte do trabalho foi estruturado e aperfei-
çoado durante sua administração . Foi desobrigado pelo Presi-
dente Brigham Young em dezembro de 1845 e informado de
que os santos tinham intenção de abandonar Nauvoo em prin-
cípios de 1846, para procurarem um outro local conveniente
"em alguma parte a oeste das Montanhas Rochosas" onde pu
dessem adorar seu Deus, sem serem molestados por popula-
chos . Ultimando os negócios da missão com máxima presteza,
Wilford deixou a Inglaterra a 23 de janeiro de 1846 . Depois de
visitar parentes na Nova Inglaterra chegou em Nauvoo no dia
23 de abril, quando Brigham Young e a maior parte dos líderes
da Igreja já haviam partido para o Oeste.
Enquanto ficou em Nauvoo, Wilford realizou várias reu-
niões no templo com os santos que não puderam partir . Final-
mente, a 26 de maio, estava pronto para despedir-se da sua
confortável casa, fazenda e propriedade, e dar início à longa
jornada para o deserto . "Deixei a cidade dos santos, sentindo
que muito provavelmente estava-me despedindo definitiva-
mente de Nauvoo nesta vida," conta ele . "Voltei o olhar para o
templo e a cidade, quando se perdiam de vista, e pedi ao Se-
nhor que se lembrasse dos sacrifícios dos seus santos ."
A estação do ano era chuvosa, e difícil a jornada pelas
planícies de Iowa . Não existiam estradas apenas sulcos no
solo lamacento abertos pelos que iam à frente . Em certo ponto
da jornada, Wilford escreveu : "Parei o coche no alto de uma
colina em meio das campinas ondulantes, de onde a vista po-
dia-se estender para todos os lados ; vi os santos chegando de
todos os quadrantes de montanhas e vales, bosques e prados
com seus carroções, rebanhos e manadas, aos milhares . Pare-
cia uma nação em marcha ."
Council Bluffs, ponto de parada temporário dos santos, foi
finalmente atingido a 7 de julho . Os irmãos ficaram ali acam-
pados por cerca de um mês, enquanto o Batalhão Mórmon era
organizado e despachado para seu destino . Em princípios de
agosto, decidiu-se que todos os santos que pudessem deviam

WILFORD WOODRUFF 107

cruzar o rio para as terras dos índios, onde seria estabelecido


um acampamento de inverno chamado Winter Quarters . Este
plano foi posto em prática, e Wilford cruzou o rio e iniciou a
construção de uma casa para abrigar a família . Ali aconteceu-
lhe uma coisa que ele relata assim : "No dia 15 de outubro de
1846, enquanto estava com o Acampamento de Israel levan-
tando Winter Quarters, na margem oeste do Rio Missouri (en-
tão terra dos índios), passei por um dos mais dolorosos e gra-
ves infortúnios de minha vida . Pegando o machado, subi a
ribanceira uns quilômetros para cortar madeira própria para
fazer telhas a fim de cobrir minha cabana . Eu estava acompa-
nhado por dois homens . Quando derrubava a terceira árvore,
afastei-me dela uns dois metros e meio, para onde achava es-
tar totalmente seguro . Havia, entretanto, uma saliência no
tronco da árvore que, ao cair, bateu numa raiz e fê-la saltar
para trás . Ao saltar para trás, a extremidade grossa do tronco
acertou-me no tórax, fazendo-me sair voando de costas, até
bater contra um carvalho . Na queda, a árvore seguiu-me e
jogou-me fortemente contra o carvalho . Caí no chão, aterran-
do sobre os pés. A coxa e o quadril esquerdo estavam bastante
contundidos, bem como o braço esquerdo . Além disso, havia
fraturado o esterno e três costelas, e estava com os pulmões,
órgãos vitais e o lado esquerdo seriamente afetados . Depois do
acidente, fiquei sentado num tronco, enquanto o Sr . John Gar-
rison ia buscar meu cavalo que estava a uns quatrocentos me-
tros de distância . Gravemente ferido como estava, tive que
montar a cavalo e cavalgar quatro quilômetros de caminho
extremamente ruim . Precisei desmontar duas vezes a caminho
de casa, por causa das fortes dores . Meu tórax e órgão esta-
vam tão feridos, que, a cada passo do animal, a dor me atra-
vessava feito uma flecha . Continuei montado até atingir o Tur-
key Creek, no lado norte de Winter Quarters . Eu estava exaus-
to ; então, tiraram-me do cavalo e me levaram para a minha
carroça carregado numa cadeira . O Presidente Brigham
Young, Heber C . Kimball, -Willard Richards vieram ao meu
encontro e ajudaram a carregar-me até a carroça . Antes de
me porem na cama, colocaram as mãos sobre mim e, em nome
do Senhor, repreenderam a dor e o sofrimento, dizendo que eu
devia viver e não morrer . Depois, puseram-me na cama no
carroção, visto que minha cabana não estava pronta . Assim

108 OS PRESIDENTES DA IGREJA

como os apóstolos profetizaram sobre a minha cabeça, aconte-


ceu ; eu não morri . Não fui assistido por nenhum médico, mas
administrado pelos élderes de Israel e cuidado por minha mu-
lher . Fiquei ali deitado, incapaz de me mover até o nono dia,
quando o esterno começou a consolidar-se . Dentro de mais ou
menos vinte dias, comecei a andar, e passados trinta dias do
acidente, voltei ao meu laborioso trabalho ."
Foi um inverno solitário aquele passado pelos santos em
Winter Quarters, em 1846/47 . Fazia intenso frio, e muitos dos
moradores continuavam vivendo nos carroções, por não terem
podido construir cabanas . As privações causavam grande so-
frimento, e houve várias centenas de mortes, mas os santos
eram unidos e ajudavam-se mutuamente em tudo o que po-
diam. Com a chegada de tempo mais ameno em fevereiro e
março, o Presidente Young iniciou os preparativos para con-
duzir um grupo de homens para a região oeste, a fim de esco-
lherem um lugar permanente para os santos . Este grupo, com-
posto de cento e quarenta e três homens, três mulheres e duas
crianças ficou pronto para partir em princípios de abril, e Wil-
ford Woodruff fazia parte dele.
Muito se tem escrito e falado sobre a travessia pioneira
das planícies, por isso não entraremos em detalhes aqui . Tal-
vez seja suficiente dizer que no dia 24 de julho de 1847, o
Presidente Young viu pela primeira vez o Vale do Lago Salga-
do do carro de Wilford Woodruff, declarando então : "Este é o
lugar " . Os irmãos estavam viajando há três meses e dezessete
dias . Da sua entrada no vale, Wilford Woodruff diz em seu
diário:
"Contemplando maravilhados e admirados o vasto e fértil
vale que se estendia diante de nós com seus aproximadamente
quarenta quilômetros de comprimento e vinte e cinco de lar-
gura, revestido de pesado manto de vegetação e no meio da
qual cintilavam as águas do Grande Lago Salgado, todo rodea-
do de montanhas, elevando-se para os céus, e com rios, ria-
chos e fios d'água cristalina cortando o lindo vale.
"Depois da dura jornada de mil e seiscentos quilômetros
desde Winter Quarters, atravessando as planícies pantanosas
do Rio Platte e Platôs das Black Hills e Montanhas Rochosas,
sobre regiões de areias ardentes e eternas artemísias, baixa-
das de salgueiros e trechos pedregosos, — contemplar um vale

WILFORD WOODRUFF 109

de tão vasta extensão, rodeado de uma perfeita cadeia de


montanhas cobertas de gelo eterno, com seus inúmeros picos
erguendo para os céus qual pirâmides, pareceu-nos à primeira
vista como o mais grandioso cenário e panorama que se pode-
ria encontrar na terra . Pensamentos de agradável meditação
percorreram-nos a mente em rápida sucessão ao anteciparmos
que dali a não muitos anos a Casa de Deus se firmaria no
cume dos montes e se exalçaria por cima dos outeiros, en-
quanto os vales estariam convertidos em pomares, vinhedos e
plantações, povoados de cidades e com o estandarte de Sião
desfraldado, em torno do qual se congregariam as nações".
Durante o pouco tempo que o Elder Woodruff ficou no
vale, ele e outros exploraram a região, chegando ao Vale Tooe-
le no oeste e o Lago de Utah, no sul . Foi também para os
desfiladeiros buscar toras para construir uma casa . Não havia
ociosidade na vida deste homem ; aonde fosse, ele procurava
fazer algum trabalho útil. O trabalho foi a chave da sua car-
reira vitoriosa.
Wilford Woodruff permaneceu no Vale do Lago Salgado
por um mês e dois dias, após o que, em companhia de alguns
dos irmãos, iniciou a estafante viagem de volta para Winter
Quarters . Depois de uma árdua jornada, os irmãos chegaram
às barrancas do Missouri, reunindo-se novamente a seus fami-
liares no dia 31 de outubro .

V
O ano de 1848 testemunhou o êxodo geral dos santos do
Rio Missouri para o Oeste . Wilford Woodruff esperava poder
acompanhá-los, porém, antes de partir, o Presidente Young
pediu-lhe que empreendesse uma missão nos estados do Leste
e visitasse as congregações SUD . Sempre disposto a cumprir
seu dever de acordo com as solicitações dos que presidiam
sobre ele, Wilford deixou Winter Quarters a 21 de junho . Sua
missão levou-o a Nauvoo, Chicago, Detroit e Boston, onde che-
gou no dia 12 de agosto . Durante o outono e inverno, visitou os
ramos da Igreja na Nova Inglaterra . Passou todo o ano de
1849 em trabalho missionário no Canadá e estados do Leste.
Em princípios de 1850, recebeu instruções da Primeira Presi-
dência a fim de voltar para casa ; partiu da cidade de Nova

110 OS PRESIDENTES DA IGREJA

York no dia 9 de abril, acompanhado de duzentos e nove mem-


bros . Após uma longa e exaustiva jornada, o Elder Woodruff e
sua companhia chegaram na Cidade do Lago Salgado, a 14 de
outubro.
Em 1849, o Vale do Lago Salgado apresentava uma vista
bem diferente de quando o Elder Woodruff o vira em julho de
1847 . Agora havia no vale uma cidade com mais de cinco mil
habitantes, além de muitos melhoramentos . O Elder Woodruff
terminou sua própria casa perto do quarteirão do templo, ins-
talando a família com todo conforto possível . Durante seus
dezessete anos como membro da Igreja, levara uma vida qua-
se que nômade, impelido de um lugar para outro . Mas dali em
diante, o Vale do Lago Salgado seria seu lugar de residência
permanente, embora ainda fosse viajar bastante a serviço da
Igreja, até o fim da vida.
No Vale do Lago Salgado, Wilford retomou suas costumei-
ras atividades como membro dos Doze . Havia reuniões sema-
nais do quorum nas quais se discutiam os negócios da Igreja.
Além desse trabalho, ele tornou-se membro da assembléia le-
gislativa territorial . Em princípios de 1851, participou de uma
expedição organizada para visitar as colônias dos santos que
não iam bem na região sul do território . Retornando durante
os últimos dias de maio, passou a trabalhar arduamente na
sua própria fazendola ao sul da,cidade . Ele não recebia salário
da Igreja, tendo necessidade de sustentar a si próprio e a famí-
lia com o trabalho das próprias mãos.
Durante o ano de 1852, Wilford dedicou-se a construir
um local de reunião para os santos no quarteirão do templo —
construção essa que ficou conhecida como o Velho Tabernácu-
lo . Acompanhou também a Primeira Presidência numa viagem
pelas colônias do sul.
Ao iniciar-se o ano de 1853, Wilford escrevia em seu diá-
rio : "Um novo ano numa nova era! Como o tempo voa, e quão
maravilhosos, quão magníficos são os eventos que traz em
suas asas! E o princípio de uma dispensação que inclui todas
as outras dispensações desde que começou o mundo . Os acon-
tecimentos dos últimos mil anos empalidecem, tornam-se in-
significantes, comparados com a obra do tempo atual".
No primeiro dia do ano, Wilford compareceu a uma festa
no novo salão social . No dia 14 de fevereiro, estava presente

WI. LFORD WOODRUFF 111

quando do lançamento da pedra fundamental do Templo de


Salt Lake . Durante o outono do mesmo ano, conduziu, junta-
mente com Ezra T . Benson, um grupo de santos para o Vale
Tooele.
No verão de 1854, acompanhou alguns membros dos Do-
ze numa visita às colônias da região sul . Ao voltar, cuidou da
colheita na sua fazenda, que lhe rendeu 369 alqueires de trigo,
400 alqueires de batatas e 200 alqueires de milho . Em 1855,
reuniu no salão social um grupo de pessoas interessadas e or-
ganizou uma sociedade de horticultura, destinada a promover
o cultivo de frutas no território . Constantemente estava traba-
lhando em qualquer coisa que promovesse o bem-estar dos
santos nos vales.
No dia 1° de março de 1857, Wilford Woodruff celebrava
seu Qüinquagésimo aniversário . Nesse dia, pôde volver os
olhos para uma vida bem aproveitada, repleta de realizações
realmente grandes . No dia 24 de julho, ele estava presente
numa festa comemorativa dos pioneiros no Lago Silvar, Big
Cottonwood Cányon, quando chegou a notícia de que tropas
estavam a caminho de Utah com o novo governador para
substituir Brigham Young . Desde esse dia até junho do ano
seguinte, o Elder Woodruff esteve ocupadíssimo, comparecen-
do a reuniões de conselho com seus irmãos e cuidando dos
preparativos para os santos se defenderem das tropas . Ficou
muito contente ao saber que as tropas haviam decidido acam-
par durante o inverno no Forte Bridger. Na primavera de
1858, Wilford juntou-se aos santos na mudança para o sul . Ele
e _a família estavam em Provo, quando se soube que o General
Johnston passara com seus soldados pelo Vale do Lago Salga-
do, acampando no Forte Cedar . Então Wilford retornou para a
Cidade do Lago Salgado e retomou suas ocupações habituais.
No outono, foi presidente da Sociedade Agrícola e Manufatu-
reira Deseret.
Sob a data de 1° de março de 1860, Wilford Woodruff
registrou em seu diário : "Hoje faço cinqüenta e três anos . Fico
sensibilizado quando, olhando para esses anos, dou-me conta
de quão curta é a vida _ passa ligeiro como a lançadeira do
tecelão . O homem deveria fazer todo o empenho para tornar
sua vida útil . Deveria falar a verdade, viver honestamente,

112 OS PRESIDENTES DA IGREJA

praticar a virtude e dar em todas as coisas um exemplo digno


de imitação".
No dia 4 de março de 1861, comenta a posse do Presiden
te Ahraham Lincoln : "Os inimigos do Presidente Lincoln afir-
maram que ele nunca dormiria na Casa Branca . . . Muitos
desta nação têm perseguido os santos de Deus, e agora eles
próprios enfrentam dificuldades . Os governantes do país e es
lados nada fizeram por nós".
Em maio de 1861, o Élder Woodruff empreendeu uma
viagem às colônias do sul com o Presidente Brigham Young e
alguns outros irmãos dirigentes. Enquanto se encontrava fora
da cidade, faleceu Aphek Woodruff, seu idoso pai . Havia sido
batizado pelo filho em 1839.
Em sua obra Life of Wilford Woodruff, Matthias F . Cow-
Iey faz alguns comentários a respeito das atividades do Irmão
Woodruff, durante o ano de 1862:
"É maravilhoso como Wilford Woodruff se ocupava numa
multidão de coisas . Seu diário fornece evidências de uma vida
notavelmente atarefada . Num momento, estava registrando
acontecimentos emocionantes na história do mundo ; depois
estava escrevendo a História da Igreja ; no instante seguinte,
fala algo a respeito de correspondência recebida de pessoas
que desejam informações sobre os santos dos últimos dias . A
página seguinte fala do seu pomar e do trabalho de plantar
mais árvores frutíferas ; mais tarde é encontrado nos canais de
irrigação ; depois, está falando a missionários sobre seus deve-
res e responsabilidades ; na mesma página, desvenda uma ins-
piração profética de sua alma e discorre de coisas futuras . Em
tudo ele vê a glória e bondade de Deus . Ouve as palavras do
Profeta e anota-as cuidadosamente . A seguir, discursa sobre
os princípios de um governo livre e os direitos do povo sob
uma constituirão ."
A 1" de janeiro de 1864, o Élder Woodruff escrevia em
sou diário : "Em minha vida, pude ver cinqüenta e seis novos
anos, e venho mantendo um diário nos últimos trinta e cinco
anos . Até certo ponto ele é igual à vida de outros".
Durante os anos de 1865 e 1866, Wilford Woodruff pros-
seguiu com suas atividades habituais nos vales . Em 1867, es-
teve presente às sessões da conferência geral realizadas no
novo Tabernáculo . "Esta conferência foi de interesse inco-

WILFORD WOODRUFF 113

muni para os santos . Entre oito a dez mil pessoas se reuniram


em honra da ocasião . O órgão não estava bem terminado . Pro-
jetado para ter dois mil tubos, tinha então apenas setecentos e
cinqüenta:
Em 1868, o Élder Woodruff mudou-se para Provo, a con-
vite do Presidente Young . Ali continuou participando ativa-
mente de todos os negócios da cidade e Igreja.
Parecia interessar-se por todos os aspectos das atividades
humanas . "Encontramo-lo destocando salgueiros, cavando o
solo, abrindo valas, construindo estradas, celeiros e casas",
conta o Élder Cowley . "Era realmente um modelo de indus-
triosidade . Todo trabalho honrado era trabalho de Deus, esti-
vesse cavando um fosso, pregando um sermão ou escrevendo
uma história ."
Na conferência de outubro de 1868, realizada na Cidade
do Lago Salgado, Wilford Woodruff registrava : "Esta é a pri-
meira vez em trinta e dois anos que o Quorum completo dos
Doze esteve reunido . A Ultima vez, antes desta, foi na casa do
Élder Heber C . Kimball, em Kirtland" . A reunião a que se refe-
ria deu-se no ano de 1836 . É uma prova de dedicação desse
Quorum que, durante todo esse tempo, alguns membros esti-
vessem longe da sede ocupados com o trabalho missionário.
No dia 24 de julho de 1869, depois de uma comemoração
do Dia dos Pioneiros na Cidade do Lago Salgado, o Élder Woo-
druff escreveu em seu diário : "Hoje, há vinte e dois anos
atrás, eu dirigia a parelha que trouxe o Presidente Brigham
Young do Emigration Canyon a esta cidade . Ele estava deitado
na minha carroça, doente . Tão logo seus olhos pousaram sobre
o belo, ainda que deserto panorama do vale que se estendia à
nossa frente, disse : 'Este é o lugar ; pois o Senhor mo apontou
numa visão' . Agora, somamos acima de cem mil almas . Vejam
o que Deus realizou!"
O Elder Woodruff estava presente, quando no dia 10 de
janeiro de 1870, se completava a ligação ferroviária entre Og-
den. e a Cidade do Lago Salgado . Diz ele : "Este é um grande
dia em Utah . Umas doze ou quinze mil pessoas da cidade e
arredores, homens, mulheres e crianças, se reuniram junto da
estação, a fim de celebrar a conclusão da Utah Central Rail-
way e ver o último trilho ser assentado e o último prego crava-
do pelo Presidente Young" . Os dias das longas jornadas cru-

1 14 OS PRESIDENTES-DA IGREJA

zando as planícies com juntas de bois, a cavalo ou a pé ha-


viam terminado para sempre.
Em 1871, o -Elder Woodruff, agora com sessenta e quatro
anos, comprou uma fazenda em Randolph, Condado de Rich,
onde passou a residir . Ali passou vários verões, divertindo-se
em colher feno e tirar lenha dos desfiladeiros . Nada lhe agra-
dava mais do que um bom dia de trabalho braçal.
Os anos de 1872 a 1875 foram empregados pelo Élder
Woodruff em suas ocupações habituais, visitando alas e esta-
cas, cuidando de suas fazendas e ranchos, e reunindo-se em
conselho com os irmãos em sua casa . No dia 1° de setembro de
1875, ele registra a morte de seu querido amigo e companhei-
ro, George A . Smith : "O Tempo e a morte estão desbastando
as fileiras da Primeira Presidência, dos Doze Apóstolos e pri-
meiros élderes da Igreja . Jamais viveu na Igreja um homem
que tenha deixado um registro mais limpo e esplêndido, tanto
para o tempo como a eternidade, do que o Apóstolo George A.
Smith".
No mesmo ano, em outubro, escreve a respeito da visita
do presidente dos Estados Unidos, U. S . Grant, a Ogden e Cida-
de do Lago Salgado . Era a primeira vez que via um presidente
deste pais . Teve a oportunidade de integrar a delegação que
deu as boas-vindas ao ilustre visitante ao território.
No outono de 1876, acompanhou o Presidente Young e
comitiva a St . George, onde os irmãos pretendiam passar o
inverno e realizar as cerimônias de dedicação do Templo de
St. George que estava para ser concluído . A 1° de janeiro de
1877, era dedicada pelo Elder Woodruff a parte inferior do
prédio, incluindo a pia batismal . "Hoje somos abençoados com
o privilégio que muito poucos tiveram desde os dias de Adão",
disse ele . "Estamos reunidos num templo construído por man-
damento do Senhor para a salvação da família humana . Vie-
mos aqui para dedicar certas partes deste edifício" . Após uns
poucos comentários, o Elder Woodruff ofereceu longa oração
na qual exprimiu lindamente o agradecimento dos santos pelo
privilégio de poderem construir e trabalhar nesse templo.
A 1° de março de 1877, ainda em St . George, ele celebra-
va seu septuagésimo aniversário.
Em princípios de abril, realizou-se em St . George a confe-
rência geral da Igreja, e o Elder Woodruff foi chamado a pre-

WI. LFORD WOODRUFF 115

sidir o templo . Ele estava empenhado nesse dever, quando


soube da morte do Presidente Brigham Young, ocorrida no dia
29 de agosto de 1877.
Após a morte do Presidente Young, o Élder Woodruff vol-
tou a residir na Cidade do Lago Salgado, onde participava das
reuniões de conselhos dos Doze . A Primeira Presidência não
foi reorganizada por vários anos . Foi nessa época que os ofi-
ciais federais empenharam-se decididamente a pôr um fim na
prática da poligamia, obrigando o Elder Woodruff a exilar-se.
Diz ele em seu diário : "Esta é a primeira vez na minha vida
que sou obrigado a fugir de meus inimigos por amor ao Evan-
gelho, ou por outro motivo qualquer" . Em 1879, passou al-
guns meses visitando os santos no sul de Utah e Arizona . Pro-
curou também tribos indígenas para trabalhar entre eles como
missionário . Dormia ao relento, trabalhava na lavoura, partia
lenha, curtia couro de veado ou fazia outra coisa qualquer
para ajudar o povo . No dia 2 de abril de 1880, estava de volta
na Cidade do Lago Salgado, comparecendo à conferência
anual da Igreja . Na conferência de outubro do mesmo ano,
John Taylor era nomeado presidente da Igreja, e Wilford Woo-
druff presidente do Quorum dos Doze.
Como Presidente do Quorum dos Doze, agora cabia ao
Elder Woodruff dirigir os trabalhos de seus irmãos . E como
tal, devia, sem dúvida, ficar na Cidade do Lago Salgado, mas
devido à Lei Edmund aprovada pelo Congresso em 1882, proi-
bindo a prática da poligamia e prevendo severas punições pa-
ra quem não abandonasse tal doutrina, o Presidente Woodruff
foi mais uma vez forçado a abandonar seu lar . Saiu em visita
às estacas e colônias dos santos no sul e leste de Utah, Nevada
e Arizona . Muitos dos irmãos dirigentes da Igreja foram deti-
dos e forçados a cumprir severas penas na penitenciária ; o
Elder Woodruff, porém, teve a sorte de evitar a prisão . Cuida-
va calmamente de seu dever sob os cuidados e proteção dos
santos.

VI

Wilford Woodruff estava em Fayette, Condado de Sanpe-


te, no dia 26 de julho de 1887, quando teve notícia da morte
do Presidente John Taylor, em Ka .ysville, Utah . Nessa época,

116 OS PRESIDENTES DA IGREJA

escreveu no seu diário : "A morte do Presidente Taylor coloca


a principal responsabilidade pela Igreja dos Santos dos Últi-
mos Dias e sua custódia sobre os meus ombros, em conexão
com os Doze ; que agora se tornam a sua autoridade presiden-
te. Isto me deixa numa situação muito peculiar . E uma posi-
cão que nunca almejei, mas a Providência de Deus impõe-me
esta nova responsabilidade . Rogo a Deus, meu Pai Celestial,
que me conceda graça proporcional à minha capacidade . E
uma imensa responsabilidade para qualquer homem, e uma
posição que requer grande sabedoria . Jamais esperei sobrevi-
ver ao Presidente Taylor, mas Deus ordenou de outra manei-
ra . . . Só posso dizer, maravilhosos são os teus caminhos, ó
Senhor Todo-poderoso, pois certamente tens escolhido instru-
mentos fracos para executar, sob a tua direção, o teu trabalho
na terra . Possa teu servo Wilford estar preparado para tudo o
que for requerido de suas mãos pelo. Deus dos Céus . Entretan-
to, rogo as bênçãos de meu Pai Celestial em nome de Jesus
Cristo, o Filho do Deus vivo . Amém".
E assim, esse fiel e laborioso missionário que procurava
apenas seguir seu caminho e fazer a vontade do Senhor humil-
de e sinceramente, estava afinal, após uma vida longa e pro-
veitosa, à frente de um grande povo religioso . Havia sido tes-
tado, provado e pesado na balança, e não adiado em falta.
Chegando à Cidade do Lago Salgado, o Presidente Woo-
druff não pôde comparecer ao funeral do Presidente Taylor ou
aparecer em qualquer reunião pública, visto que ainda estava
sujeito a ser detido por causa da cruzada antipoligamia . En-
tretanto, mantinha-se em íntimo contato com seus irmãos dos
Doze e cumpria seus deveres da melhor maneira que lhe per-
mitiam as difíceis e penosas circunstâncias.
Na conferência de abril de 1889, Wilford Woodruff foi
apoiado como presidente da Igreja, tendo George Q . Cannon e
Joseph F . Smith como conselheiros . Nesse dia, o Presidente
Woodruff registrou em seu diário : "Este dia 7 de abril de 1889
é um dos mais importantes de minha vida, pois fui feito presi
dente da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias,
pelo voto unânime de dez mil deles . A votação foi feita por
quoruns e depois pela congregação inteira, como no caso do
Presidente Taylor . Este é o mais alto ofício jamais conferido a
um homem na carne . Recebi-o no octogésimo terceiro ano de

WI. LFORD WOODRUFF 117

vida . Oro a Deus que me proteja e me dê forças para magnifi-


car o meu chamado até o final de meus dias . O Senhor tem
velado por mim até o presente".
Durante os anos de 1889 e 1890, o governo federal não
diminuiu em nada sua pressão para acabar com a poligamia.
A perseguição sofrida pelos santos por causa desse princípio
era muito severa . No outono de 1890, o Presidente Woodruff
chegou à conclusão de que chegara a hora de aconselhar os
santos a se "absterem de contrair qualquer matrimônio proibi-
do pela lei do país" . No dia 25 de setembro, escrevia ele em
seu diário:
"Cheguei a um ponto na história de minha vida, como
presidente da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias, em que me vejo obrigado a cuidar da salvação temporal
da Igreja . O governo dos Estados Unidos tomou posição e
aprovou leis para destruir os santos dos últimos dias por moti-
vo da poligamia ou matrimônio patriarcal e, após orar ao Se-
nhor e sentir inspiração, proclamei o seguinte que é apoiado
pelos meus conselheiros e os Doze Apóstolos ." Segue-se então o
pronunciamento oficial conhecido como o "Manifesto", no
qual os santos são instruidos a se "absterem de contrair qual-
quer matrimônio proibido pela lei do país".
A proclamação do Manifesto foi provavelmente o mais
importante ato na longa carreira do Presidente Woodruff . Com
ele, ficavam a salvo de perseguição e livres para continuarem
na grande obra de pregar o Evangelho e estabelecer o reino.
Num sermão feito em Logan, no dia 1° de novembro de
1891, o Presidente Woodruff esclarecia melhor sua posição
quanto a esse importante assunto.
" O Senhor mostrou-me por visão e revelação exatamente
o que aconteceria, se não suspendêssemos essa prática . . . Sei
que existem muitos homens bons, e provavelmente alguns diri-
gentes nesta Igreja, que estão sendo provados e sentem como
se o Presidente Woodruff houvesse perdido o Espírito de Deus
e estivesse prestes a apostatar . Desejo que entendais que ele
não perdeu o espírito, nem está a ponto de apostatar . O Senhor
está com ele e com o seu povo . Ele me disse exatamente o que
fazer, e qual seria o resultado, se não o fizéssemos . . . Quero
dizer isto : Eu teria permitido que todos os templos nos fossem
tirados, teria ido eu mesmo para a prisão e permitido que to-

118 OS PRESIDENTES DA IGREJA

dos os outros homens fossem para lá, se o Deus dos Céus não
me houvesse mandado fazer o que fiz ; e quando chegou a hora
em que fui ordenado a fazê-lo, estava tudo claro para mim ."
Outro feito importante durante o governo do Presidente
Woodruff foi a dedicação do Templo de Salt Lake, a 6 de abril
de 1893 . Como já foi dito aqui, a construção desta obra havia
sido iniciada há quarenta anos, pelo Presidente Brigham
Young, em 1853 . Erguer esse grande templo com trabalho,
material e dinheiro doado, fora um duro encargo para os san-
tos ; mas, afinal, tinham-no conseguido, e ali estava pronto o
belo e imponente edifício, um monumento à sua fé e fidelida-
de. 0 idoso presidente ofereceu a oração dedicatória e no mes-
mo dia, escreveu em seu diário : "Estive na dedicação do tem-
plo . 0 espírito e poder de Deus estavam sobre nós . O espírito
de profecia e revelação esteve sobre nós, e o coração do povo
se comoveu e muitas coisas foram desvendadas ao nosso en-
tendimento".
Entre outras coisas, disse o Presidente Woodruff na dedi-
cação do templo : "Que dali em diante, o poder do adversário
estaria destruído ; que o inimigo teria menos poder sobre os
santos e encontraria maiores fracassos ao tentar oprimi-los;
que no mundo inteiro, surgiria um renovado interesse pela
mensagem do Evangelho".
No outono de 1893, embora já no seu octogésimo sexto
ano de vida, o Presidente Woodruff empreendeu extensa via-
gem ao Leste com um grupo de irmãos . Visitaram Denver,
Kansas City, Independence e Chicago. Em Independence, re-
gistrou o seguinte : "Em 1834, passei pelo Condado de Jackson
em companhia de Harry Brown, a caminho de uma missão
nos estados sulinos . Naquele tempo, viajamos secretamente,
para que o populacho não nos tirasse a vida ; agora, em 1893,
o prefeito de Independence e uma porção de outros deram-nos
as boas-vindas da cidade . Que grande o contraste, e atribuí-
mos a honra e louvor a Deus, nosso Pai Celestial".
Em 1896, o governo dos Estados Unidos concedeu a con-
dição de estado a Utah . "Sinto-me grato a Deus", escreve o
Presidente Woodruff, "por ter vivido até ver Utah admitido na
família dos estados. E um evento que vínhamos almejando há
uma geração ."

WILFORD WOODRUFF 119

Um dos mais importantes acontecimentos da longa vida


do Presidente Woodruff foi a celebração do seu nonagésimo
aniversário, a 1° de março de 1897 . Nessa data, milhares de
santos dos últimos dias reuniram-se no Tabernáculo de Salt
Lake, para homenageá-lo . Seus conselheiros e outras autorida-
des gerais falaram sobre a data . Os servidores do templo pre-
sentearam-no com uma bengala encastoada de prata . A imen-
sa congregação cantou : "Damos Graças a Ti" . Ao retornar
para casa, o presidente registrou em seu diário as impressões
do dia . "A cena me subjugou completamente . Vieram-me à
mente os acontecimentos da minha infância e mocidade . Re-
cordei vivamente como eu orava ao Senhor que me concedesse
ver um profeta ou apóstolo que me ensinasse o Evangelho de
Cristo . Ali estava eu no grande Tabernáculo repleto com dez
mil filhos, com profetas, apóstolos e santos . Minha cabeça era
uma fonte de lágrimas . Ainda assim, falei à grandiosa congre-
gação ."
Durante a semana que se iniciou a 20 de julho de 1897,
houve grandes celebrações na Cidade do Lago Salgado, em
comemoração do qüinquagésimo aniversário da chegada dos
pioneiros ao Vale do Lago Salgado . O Presidente Woodruff de-
sempenhou destacado papel nessas festividades . Na parada
gigante de 24 de julho, ele ia no primeiro carro.
Nos últimos meses de 1897 e primeiros de 1898, a saúde
do Presidente Woodruff começou a declinar visivelmente . Ain-
da assim, conseguia comparecer às conferências da Igreja no
Tabernáculo e falar algumas palavras conforme exigia a oca-
sião . Em agosto de 1898, foi com um grupo de amigos para
São Francisco, a fim de mudar de clima . Foi enquanto se
encontrava lá, na casa do Coronel Isaac Trumbo, que faleceu
na manhã de 2 de setembro . George O . Cannon, que estava
com ele na ocasião, conta o acontecido:
"Levantei-me às seis horas . A enfermeira contou-me que
ele estivera dormindo o tempo todo na mesma posição . Tomei
seu pulso e pude sentir que estava muito fraco . Enquanto eu
estava ali, ele foi enfraquecendo, enfraquecendo até sumir
completamente . Sua cabeça, as mãos e pés estavam quentes,
parecia uma pessoa dormindo doce e tranqüilamente . Não
houve nenhum tremor muscular, nem movimento dos mem-
bros ou rosto ; assim ele se foi ."

120 OS PRESIDENTES DA IGREJA

O corpo do líder falecido foi transportado para Utah num


vagão especial engatado num comboio da estrada de ferro
Southern Pacific . Oficiais da Igreja, juntamente com familia-
res seus, foram encontrar o comboio em Ogden no dia 4 de
setembro, dali acompanhando os restos mortais do presidente
até sua casa, na Cidade do Lago Salgado.
O funeral foi realizado no Tabernáculo na quinta-feira, 8
de setembro, às dez horas da manhã . Antes da hora, o grande
edifício já estava totalmente tomado por santos e amigos que
queriam prestar sua homenagem àquele que era universal-
mente respeitado e amado . Os conselheiros do presidente,
George Q . Cannon e Joseph F . Smith além de outros dos ir-
mãos dirigentes, prestaram excelente tributo ao falecido . E
quando o sol se pôs sobre as montanhas do oeste naquela tar-
de outonal, o corpo de Wilford Woodruff, um dos grandes líde-
res de Israel, repousava em paz no solo do vale que vira pela
primeira vez, há mais de cinqüenta anos, com o primeiro gru-
po de pioneiros mórmons .
VII

Segue uma breve sinopse do discurso de George Q . Cannon


por ocasião do funeral do presidente Woodruff:
"Com o passamento do Presidente Woodruff, foi-se do
nosso meio um homem cujo caráter foi tão angelical como o de
nenhuma outra pessoa que já viveu na terra . Sempre havere-
mos de sentir a sua falta . Sua família sempre sentirá a falta
dele, pois para ela era tudo, um marido e pai honrado e res-
peitado.
"Na morte de homens assim, é uma consolação saber que
não levaram as chaves do Sacerdócio de que eram portadores,
permitindo, desta forma o prosseguimento do trabalho de
Deus . O Presidente Woodruff era um homem despretensioso,
extremamente natural e cândido em suas exigências . Não
ofendia a ninguém, nem era orgulhoso demais, mesmo no cha-
mado apostólico, para trabalhar como outros homens traba-
lhavam . Possuía traços e características de nobreza, e era tão
vgoroso, que nada lbe era pesado demais, mesmo na idade
avançada . Tinha um temperamento bondoso e um caráter tão
encantador, que atraía para si amigos de todas as camadas

WILFORD WOODRUFF 121

sociais . Era honesto e direto em todos os negócios com seus


semelhantes, e nunca fugia a uma obrigação . Mostrava-se
franco, social e amável sob todos os aspectos . Não havia ciú-
mes em seu peito . Considerava todos os homens seus iguais e
tinha o mais profundo respeito pelas pessoas com quem manti-
nha relações . Era gentil como uma mulher, e sua pureza era
semelhante à dós próprios anjos . A despeito do seu elevado e
santo chamado, não aparentava autoridade ; era despretensio-
so, modesto, e seu caráter e vida transparentes como vidro.
Não ocultava nada dos irmãos, mas era cândido, franco e à
vontade com todos.
"Certa manhã, comentou no seu escritório : 'Estou ficando
velho' . A declaração fora provocada pelo fato de um neto vigo-
roso tê-10 ultrapassado na colheita de batatas . 0 Presidente
Woodruff era tão trabalhador, que achava estar envelhecendo
porque alguém mais forte e moço conseguia vencê-lo no traba-
lho na horta . Durante anos, viveu na sua propriedade de apro-
ximadamente 8 ha, mostrando prazer em embelezar os arre-
dores e tirar da terra os elementos para sustentar a vida.
"No ministério, o Presidente Woodruff realizou muita coi-
sa . Viajou milhares de quilômetros, pregou o Evangelho a mi-
lhares de pessoas, e conseguiu trazer um grande número delas
para a Igreja . Deixou atrás de si um monumento edificante
que o tempo não pode apagar ou destruir.
"0 Presidente Woodruff foi um homem de Deus . Termi-
nou o combate e foi chamado daqui para viver com seus ir-
mãos e receber sua merecida recompensa . Ele foi um ser ce-
lestial . Era um céu estar em sua companhia, e sua partida
desta esfera de ação priva a comunidade de um grande e bom
homem, e alguém que mereceu plenamente todas as bênçãos
prometidas àqueles que permanecem fiéis e firmes até o fim ."
LORENZO SNOW
QUINTO PRESIDENTE

LORENZO SNOW
(1814-1901)

A 13 de setembro de 1898, onze dias após a morte do


Presidente Wilford Woodruff, o Quorum dos Doze Apóstolos
reunia-se na Cidade do Lago Salgado e apoiava Lorenzo Snow
como presidente da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últi-
mos Dias . 0 Presidente Snow escolheu para seus conselheiros
George Q . Cannon e Joseph F . Smith, os mesmos homens que
já haviam servido com os dois presidentes anteriores . Três
semanas mais tarde, na conferência geral semi-anual de outu-
bro, o Presidente Snow foi apoiado unanimemente em sua ele-
vada posição pela vasta assembléia de santos dos últimos dias
ali presente . .
Ao receber essa grande honra e responsabilidade, o Presi-
dente Snow estava numa idade em que a maioria dos homens
já se retirou dos negócios ativos da vida . No dia 3 de abril,
completara oitenta e quatro anos, porém ainda possuía acui-
dade mental e espiritual e era capaz de cumprir seus árduos
deveres.
Será interessante seguirmos aqui o caminho de sua longa
e profícua vida que finalmente o conduziu à sua excelsa po-
sição.
Lorenzo era o quinto filho, e primerio do sexo masculino,
de Oliver e Rosetta Snow, pioneiros que haviam deixado a
Nova Inglaterra em princípios do século dezenove para buscar
um novo lar em Ohio, no Oeste . Consta que, quando se estabe-
leceram no local em que se formaria o povoado de Mantua,
apenas onze famílias haviam-nos precedido . Foi ali, em Man-
tua, Ohio, que nasceu Lorenzo Snow, no dia 3 de abril de
1814.
Pouco sabemos da sua juventude, exceto que era um filho
fiel e consciencioso . Sua irmã, Eliza R . Snow, nos conta algu-
ma coisa de suas características e dotes juvenis :

124 OS PRESIDENTES DA IGREJA

"Embora agricultor de profissão, meu pai ficava muito


fora de casa a serviço público, e Lorenzo, sendo o mais velho
dos três irmãos, era quem ficava encarregado, e cedo na vida
acostumou-se a arcar com responsabilidades, as quais cum-
pria com escrupulosa pontualidade, sendo inflexível de propó-
sito, o que lhe assegurou seu sucesso ; e desde a infância, mos-
trava a energia e caráter decidido que marcaram seu progres-
so pela vida afora . Estava sendo evidentemente guiado por
mão invisível, pois na meninice já se preparava com energia,
ainda que sem sabê-lo, para a posição que estava destinado a
ocupar. Sempre estudioso, em casa como na escola (a maior
parte de sua freqüência escolar após os doze anos se fazia nos
meses de inverno), o livro era seu companheiro constante, e
quando procurado pelos companheiros, a resposta 'está escon-
dido com seus livros' tornou-se proverbial . Com exceção de
um período letivo no curso colegial em Ravenna, Ohio, e tam-
bém um curso especial com um professor hebraico, ele com-
pletou sua instrução na Faculdade Oberlin, que na época era
instituição de ensino exclusivamente presbiteriana ."
Foi durante a viagem para a Faculdade Oberlin, que Lo-
renzo teve como companhia David W. Patten que era missio-
nário da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e
membro do primeiro Quorum dos Doze Apóstolos . A conversa
naturalmente encaminhou-se para assuntos religiosos, e a im-
pressão causada pelo Elder Patten haveria de perdurar por
muitos anos.
No meio tempo, Eliza, irmã mais velha de Lorenzo, filia-
ra-se à Igréja e se mudara para Kirtland . Escreveu ao irmão,
convidando-o a visitá-la e estudar hebraico numa escola que
estava sendo aberta em Kirtland para membros da Igreja . Lo-
renzo aceitou a sugestão, e em pouco tempo travara um íntimo
conhecimento com o Profeta Joseph Smith e outros líderes da
Igreja . Não levou muito tempo para tornar-se adepto do Evan-
gelho recém-revelado . Em belas palavras, ele próprio descreve
sua conversão:
"Fui batizado pelo Élder John Boynton, (ordenado apósto-
lo a 15 de fevereiro de 1835, mais tarde excomungado da
Igreja) então um dos Doze Apóstolos, em junho de 1836, em
Kirtland, Ohio . Antes de aceitar a ordenança do batismo, fi-
quei plenamente convencido em minhas investigações, dos

LORENZO SNOW 125

princípios pregados pelos santos dos últimos dias, os quais ve -


rifiquei, por comparação, serem os mesmos que os menciona-
dos no Novo Testamento, de que a obediência a esses princí-
pios conferiria miraculosos poderes, manifestações e revela-
ções . Na esperançosa expectativa desse resultado, fui batizado
e recebi a imposição das mãos por alguém que professava ter
autoridade divina ; e assim, tendo obedecido a tais ordenan-
ças, fiquei em constante espera do cumprimento da promessa
de receber o Espírito Santo . A manifestação não seguiu-se ime-
diatamente ao batismo conforme eu esperava, mas, embora
haja demorado, quando a recebi, sua realização foi mais per-
feita, tangível e miraculosa do que até minhas mais fortes es-
peranças faziam prever.
Um dia, enquanto estudava, umas duas ou três semanas
após o batismo, comecei a refletir sobre o fato de não ter obti-
do um conhecimento da veracidade da obra -- que não perce-
bera o cumprimento da promessa de que, se alguém fizer a
vontade dele, saberá se a doutrina é de Deus, e fiquei preocu
pado . Pus os livros de lado, saí de casa e fiquei caminhando a
esmo pelos campos, sob a opressiva influência de um espírito
melancólico, desconsolado, enquanto me sentia envolvido por
uma indescritível nuvem de escuridão . Eu tinha por hábito a,
no fim do dia, ir orar em segredo num bosque não muito longe
de onde morava, mas naquele dia não tive nenhuma vontade
de fazê-lo . O espírito de oração se fora, e os céus pareciam
como que de bronze sobre a minha cabeça . Afinal, dando-me
conta de que estava na hora da prece, resolvi que não devia
renunciar à devoção vespertina ; então, apenas por formalida-
de, ajoelhei como de costume no lugar recluso de sempre, po-
rém, sem sentir-me como as outras vezes.
"Mal havia aberto os lábios na tentativa de orar, ouvi
sobre a minha cabeça um ruído como o roçagar de . roupas de
seda, e de súbito, desceu sobre mim o Espírito de Deus, envol
vendo totalmente minha pessoa, enchendo-me do topo da ca-
beça à sola dos pés e, oh!, quão grande alegria e felicidade eu
senti! Não existem palavras para descrever a quase iiustantâ
nea transição da nuvem de treva mental e espiritual,
para o fulgor de luz e conhecimento de que Deus vive, que
,lesus Cristo é o Filho de Deus, e da restauração do Santo Sa
cerdócio e da plenitude do Evangelho . Foi um batismo comple

126 OS PRESIDENTES DA IGREJA

to uma imersão tangível no princípio ou elemento celeste do


Espírito Santo ; e até mesmo mais real e concreto, em seus
efeitos sobre cada parte do meu corpo do que a imersão na
água, dispersando para sempre, enquanto durarem a razão e
memória, toda possibilidade de dúvida ou temor em relação
ao fato histórico de que o 'infante de Belém' é realmente o
Filho de Deus ; igualmente o fato de que ele está sendo revela-
do agora aos filhos dos homens e comunicando conhecimento,
da mesma forma como nos tempos apostólicos . Eu estava per-
feitamente satisfeito, tanto quanto é possível, pois minhas ex-
pectativas estavam mais que realizadas ; acho que poderia di-
zer seguramente, em grau infinito.
"Não sei externar por quanto tempo fiquei na plena abun-
dância do ditoso prazer e iluminação divina, mas passaram-se
vários minutos até o elemento celeste que me rodeava e toma-
ra conta de mim começar a retrair-se gradualmente . Ao er-
guer-me da posição ajoelhada, com a alma indescritivelmente
transbordante de gratidão a Deus, eu sentia eu sabia que
ele me dera o que só um ser onipotente pode dar aquilo que
vale muito mais do que Iodas as riquezas e honras que o mun-
do pode conceder . Naquela noite, quando me recolhi para dor-
mir, repetiram-se as mesmas manifestações maravilhosas, e
continuaram a acontecer por várias noites sucessivas . A doce
recordação daquelas experiências gloriosas, desde aí até ago-
ra, faz-me revivê-las, transmitindo uma influência inspiradora
que impregna todo o meu ser, e confio que impregnará até o
fim de minha existência mortal ."
Esse batismo pelo Espírito constitui a total conversão de
Lorenzo Snow . A partir daí, passou mais de sessenta anos de
serviço atuante na Igreja.
Na primavera de 1837, enquanto ainda continuava em
Kirtland, Lorenzo foi chamado a cumprir uma breve missão
no Ohio. Viajou "sem bolsa nem alforje", o que constituía uma
experiência nova e bastante difícil para ele, pois sempre dispu-
sera de recursos suficientes para pagar suas despesas . Mas ele
foi em frente com humildade e cumpriu sua tarefa.
Ao retornar para Kirtland e encontrar ali muito descon-
tentamento entre os santos, Lorenzo e sua família, inclusive
seus pais, irmãos e irmãs decidiram transferir-se para o Mis-
souri e juntar-se aos membros da Igreja ali estabelecidos . Foi

LORENZO SNOW 127

uma viagem longa e tediosa, de cerca de mil e seiscentos qui-


lômetros que lhes tomou a maior parte do verão de 1838 . Che-
gando a Far West, Lorenzo estava muito doente, com febre,
continuando nessas condições por várias semanas . Ele reco-
brou a saúde com os cuidados da sua fiel irmã Eliza.
Assim que se restabeleceu em fins do outono de 1838,
Lorenzo empreendeu sua segunda missão, desta vez no sul de
Illinois e Kentucky . A primeira parte da viagem foi feita des-
cendo o Rio Missouri numa balsa, empresa perigosa e arrisca-
da . A seguir, Lorenzo e seu companheiro foram andando de
cidade em cidade através da neve e frio, mas sempre traba-
lhando incansavelmente na proclamação da mensagem do
Evangelho.
Em fevereiro de 1839, o Élder Snow decidiu deixar o
Kentucky e fazer uma visita ao seu velho lar no Ohio . O se-
guinte trecho do seu diário descreve bem as dificuldades da
época : '' No último dia de fevereiro de 1839, parti do estado do
Kentucky com um dólar e vinte e cinco centavos no bolso,
para visitar meu velho lar no Ohio e cuidar de alguns negócios
pendentes, tendo recebido a noticia da expulsão dos santos do
Missouri por uma carta de minha irmã Eliza . A distância que
eu devia percorrer era de oitocentos quilômetros, e isto na pior
estação do ano para viajar e numa época em que o povo quase
não tinha interesse pelas verdades do Evangelho, havendo
pouca oportunidade para pregações públicas . A viagem foi te-
diosa — a pé, debaixo de tempestades de neve e chuva — às
vezes com o chão duro, gelado — outras vezes lama e água
infiltrando-se nas botas, até que minhas meias ficavam pin-
gando de molhadas à noite e, naturalmente, duras e geladas
de manhã, quando eu tinha a felicidade de encontrá-las secas.
Foi uma estirada dura, mas consegui vencê-la, chegando
exausto de fadiga e exposição ao tempo entre meus amigos no
Ohio . 0 primeiro lugar que atingi foi a casa do Irmão Smith,
onde um ano antes eu trabalhara como missionário, pregando
e batizando, e ali morara . A exaustão e suas conseqüências
haviam-me mudado a tal ponto, que a princípio o Irmão Smith
e seus familiares não me reconheceram . Mas, assim que o fize-
ram e perceberam minhas condições, deram-me toda a aten-
ção que a bondade poderia sugerir, e fizeram pelo meu confor-
to tudo o que um coração caloroso e mãos prestativas podem
128 ,
OS PRESIDENTES DA IGREJA

oferecer . Então veio a reação ao abuso de minhas forças físi-


cas, e caí de cama com febre alta, ficando prostrado dias se-
guidos ; depois, através dos bondosos cuidados de meus ami
gos e das bênçãos de Deus nas manifestações do seu poder,
logo me restabeleci e retomei meu trabalho missionário".
O Elder Snow continuou trabalhando como missionário
no Ohio até o outono de 1839, quando se empregou como mes-
tre-escola em Shalersville durante o inverno de 1839/40 . En-
trementes, os santos haviam sido expulsos do Missouri, e com
eles a família do Elder Snow . Eles estavam morando agora em
Nauvoo, Illinois, e em maio de 1840, ele partiu ao seu encon-
tro. Após uma ausência de dezoito meses, teve a satisfação de
reencontrar-se com os pais e irmãos.
Pouco depois de sua chegada a Nauvoo, conta Lorenzo,
durante uma visita na casa do Elder H . G . Sherwood, a con-
versa enveredou por assuntos religiosos . "O Elder Sherwood
procurava explicar a parábola do Salvador na qual ele fala do
pai de família que contratou trabalhadores em vários horários
do dia, mandando-os trabalhar na sua vinha ." Enquanto Lo-
renzo escutava com atenção suas palavras, "o Espírito do Se-
nhor pousou poderosamente sobre mim foram-me abertos
os olhos do entendimento e vi tão claramente como ao sol do
meio-dia, com maravilha e assombro, a vereda de Deus e do
homem . Formei então a máxima que exprime a revelação con-
forme me foi mostrada:
"O homem é como Deus já foi,
E pode vir a ser como Deus é ."

II

Na primavera de 1840, o Élder Snow recebeu um chama-


do da presidência da Igreja para fazer uma missão na Ingla-
terra . Atendendo prontamente, partiu de casa em fins de
maio, seguindo de diligência, barco e a pé para a cidade de
Nova York. Ele assim descreve a travessia oceâncica : "Embar-
quei num veleiro com passagem de terceira classe, munido de
cobertor, uma manta de pele de búfalo e algumas provisões.
Eu já ouvira falar das passagens de convés, mas quando tive
tal experiência prática nessa viagem, pude dizer como a Rai-
nha de Sabá : _ 'Não me contaram nem a metade', ficando

LORENZO SNOW 129

convencido de que a outra metade é impossível contar . E, afi-


nal, o quase que insuportável desconforto sentido nessa via-
gem não pode ser atribuído à passagem de convés em si, mas
às desagradáveis peculiaridades da situação — rodeado de
um amontoado de gente grosseira, inculta, de hábitos e apa-
rência extremamente asquerosos . Foi uma longa travessia, de
cerca de seis semanas, com tufões de vento e tempestades,
sofrendo muito por falta de água fresca e também de um su-
primento adequado de mantimentos".
Chegando na Inglaterra, o Elder Snow teve a satisfação
de encontrar-se com Brigham Young, Heber C . Kimball, Parley
P . Pratt e outros destacados irmãos . Nove membros do Quo-
rum dos Doze estavam trabalhando nas Ilhas Britânicas na-
quele tempo . Após uma breve visita a Manchester e Birmin-
gham, Lorenzo Snow foi designado para presidir os membros
da Igreja em Londres.
Só posso dar um breve relato do esplêndido trabalho mis-
sionário do Élder Snow na Missão Britânica . Suas experiên-
cias foram interessantes e variadas, e conduziu muitos since-
ros investigadores da verdade para as águas do batismo . Seis
meses depois de haver chegado em Londres, ele pôde infor-
mar : "Quando me encarreguei desta conferência, nós somáva-
mos menos de cem membros ; desde aí crescemos para duzen-
tos e vinte" . Um ano mais tarde, estava em condições de co-
municar ao presidente da Missão Européia, Parley P . Pratt,
que o número de membros da Conferência de Londres aumen -
tara para quatrocentos . Esse incremento foi devido em parte,
sem dúvida, à esplêndida liderança e esforço dedicado do Él-
der Lorenzo Snow.
Tendo sido desobrigado da sua missão, Lorenzo Snow
partiu da Europa, em janeiro de 1843 . A longa viagem de vol-
ta levou-o a Nova Orleans, e de lá subiu o Rio Mississipi de
barco fluvial até Nauvoo, onde chegou a 12 de abril . Entre os
que foram dar-lhe as boas-vindas no cais encontravam-se o
Profeta Joseph Smith e sua irmã, Eliza Snow.
O verão de 1843 foi gasto visitando parentes e amigos no
Illinois e Ohio . No outono, ele obteve uma colocação de mes-
tre-escola em Lima, Illinois, um povoado a cerca de cinqüenta
quilômetros de Nauvoo . Estava engajado nesse trabalho,
quando recebeu um chamado da presidência da Igreja para

130 OS PRESIDENTES DA IGREJA

fazer uma missão no Ohio, na primavera de 1844 . Seu encar-


go seria distribuir entre o povo os "Pontos de Vista Sobre os
Poderes e Política do Governo dos Estados Unidos", de autoria
do Profeta, e de pregar o Evangelho sempre que houvesse
oportunidade . Ele encontrava-se em Cincinnati cuidando des-
se trabalho, quando soube da morte do Profeta em Carthage,
Illinois, no dia 27 de junho . Imediatamente arranjou um cava-
lo e charrete, e voltou para Nauvoo.
Durante o ano de 1845, Lorenzo dedicou-se ao trabalho
no Templo de Nauvoo e aos preparativos para a grande jorna-
da para o Oeste . Por volta de meados de fevereiro de 1846,
cruzou o Rio Mississipi com todos os carroções e gado que
conseguiu arranjar, juntando-se aos santos na travessia de Io-
wa para Council Bluffs . Antes de chegarem a Council Bluffs,
formaram uma colônia no local chamado Mt . Pisgah, onde
foram instruídos a ficar durante o inverno alguns santos inca-
pacitados de prosseguir viagem . O Elder Snow foi chamado a
presidir esse núcleo . Na primavera de 1848, ele retomou sua
viagem pelas planícies, chegando ao Vale do Lago Salgado,
depois de passar por muitas experiências penosas e difíceis.

III

No dia 12 de fevereiro de 1849, na Cidade do Lago Salga-


do, Lorenzo foi convidado a comparecer a uma reunião do
Quorum dos Doze Apóstolos, na qual, para grande surpresa
sua, foi informado de que havia sido escolhido para tornar-se
um membro desse órgão . Informaram-no também que esse
indicação devia-se à sua grande fidelidade e devotamento, e
que agora era chamado a assumir responsabilidades maiores
na Igreja . Ele não iria esperar muito pelo cumprimento dessa
promessa . Na conferência de outubro de 1849, Lorenzo Snow
foi escolhido para levar a mensagem do Evangelho aos italia-
nos . O chamado foi surpreendente, e era-lhe difícil partir, vis-
to que tinha uma família numerosa para cuidar e fornecer o
necessário para a vida . Mas ele não era homem de fugir ao
dever, quando a Igreja solicitava seus serviços . Com menos de
duas semanas de preparativos, reuniu-se a certo número de
irmãos na estafante jornada pelas planícies em direção ao Les-
te, numa estação muitíssimo inclemente do ano . Seguem al-

LORENZO SNOW 131

guns parágrafos do seu diário a respeito das aventuras nessa


época:
"Algumas pessoas temiam que nossos cavalos estivessem
muito fracos para vencer as imensas planícies ; porém, quando
começou a nevar, os ventos varriam nosso caminho, permitin-
do-nos avançar sem dificuldade, enquanto à nossa direita e
esquerda o chão estava coberto por grossa camada por cente-
nas de quilômetros.
" Um dia, enquanto ingeríamos nossa refeição do meio-dia
e nossos cavalos pastavam tranqüilamente no campo, um gri-
to assustador ressoou pelo pequeno acampamento : 'As armas,
às armas, os índios estão chegando' . Todos os olhares se volta-
ram para a direção indicada, e vimos um espetáculo grandio-
so, imponente e amedrontador . Duzentos guerreiros, montan-
do furiosos corcéis, pintados, armados, envergando todos os
horrores da guerra, investiam contra nós qual poderosa tor-
rente . No mesmo instante nos colocamos em atitude de defesa.
Como nós, trinta homens apenas, poderíamos, no entanto, es-
perar resistir a essa hoste poderosa? 0 bando selvagem conti-
nuava aproximando-se com crescente velocidade, quando
uma enorme rocha, soltando-se da borda da montanha, des-
penca impetuosamente lá de cima, varrendo, derrubando e
sepultando tudo em seu caminho.
"Percebemos que tinham intenção de esmagar-nos debai-
xo das patas dos espumantes cavalos de batalha . Aproxima-
ram-se até a distância de poucos passos ; mais um momento, e
estaríamos vencidos, quando eis que um alarma, qual choque
elétrico, passou por suas fileiras detendo seu avanço, como
uma avalancha que, ao despencar montanha abaixo, é detida
por mão invisível em meio ao seu curso . O Senhor dissera:
'Não toqueis os meus ungidos, e aos meus profetas não façais
mal' ."
Oh! Não é maravilhosa a fé num Deus vivente? É a supre-
ma conquista da mente humana . Mas os irmãos ainda iriam
testemunhar outros acontecimentos milagrosos.
"'Quando chegamos às barrancas do grande Missouri,
suas águas imediatamente se congelaram pela primeira vez na
estação, formando assim uma ponte para passarmos para a
outra margem ; logo que acabamos de passar, a torrente voltou
a correr como antes ."

132 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Os missionários demoraram-se alguns dias com os santos


que ainda residiam em Kanesville ; depois, seguiram seu cami-
nho para o leste. O Elder Snow estava particularmente inte-
ressado na aparência de Mt . Pisgah, Garden Grove e Nauvoo.
Nesta cidade, ele notou que "musgo crescia sobre os edifícios
que estavam-se deteriorando rapidamente ; as janelas parti-
das ; as portas rangendo nas dobradiças enferrujadas, enquan-
to eram impelidas de lá para cá pelo vento . 0 encantador Tem-
plo ao nosso Deus — ante a admiração e assombro do mundo,
e a esperança dos santos, estava queimado, e suas paredes
enegrecidas caídas umas sobre as outras".
De Nauvoo, Lorenzo Snow continuou sua viagem de bar-
co até St . Louis, e de lá para a cidade de Nova York . No dia 25
de março, embarcou para a Inglaterra no navio Shannon, e a
19 de abril, seis meses depois de deixar os seus na Cidade do
Lago Salgado, chegava a Liverpool.
Lorenzo Snow ficou na Inglaterra até 15 de junho . Duran-
te essa permanência, visitou as cidades maiores nas quais ha-
via ramos florescentes da Igreja, sendo assistido financeira-
mente pelos membros que se interessavam por sua missão na
Itália . "Presidentes, oficiais e membros", conta ele, "recebe-
ram-me gentilmente e contribuíram com liberalidade para a
minha missão, e embora eu não tivesse ocasião de visitar as
colinas de Gales, os irmãos galeses têm enviado donativos com
toda a nobreza d'alma de quem dá espontaneamente".
Assim, o Elder Snow pôde prosseguir viagem . Chegou na
Itália durante o mês de julho, fixando residência em Gênova.
As maneiras, costume e hábitos do povo italiano eram-lhe
completamente estranhos, além de não conhecer a língua . A
religião era predominantemente a católica, e as condições eco-
nômicas deixavam muito a desejar. Durante algum tempo, o
Elder Snow foi incapaz de encontrar uma só abertura para a
luz do Evangelho penetrar . Numa carta escrita naquele tempo,
ele registra assim suas reflexões : "Estou só e sou um estranho
nesta grande cidade . . . a treze mil quilômetros da minha
amada família, em meio a um povo cujas maneiras e peculia-
ridades desconheço . Vim para iluminar-lhes a mente e instruí-
los nos princípios da retidão, mas não vejo meios possíveis
para alcançar esse objetivo . Tudo são trevas na perspectiva".
Na mesma carta, Lorenzo Snow recorda uma linda prece em

LORENZO SNOW 133

favor do povo italiano e por seu próprio sucesso no trabalho de


proselitismo entre eles : "Rogo a Deus, meu Pai Celestial, que
olhe para este povo com misericórdia . O Senhor, permita que
se tornem objeto da tua compaixão, que não pereçam todos.
Perdoa seus pecados, e deixa que eu me torne conhecido entre
eles, para que possam conhecer-te e saber que tu me mandas-
te para estabelecer o teu Reino. Eles praticam iniqüidades o
dia inteiro e são culpados de muitas abominações . Eles te vol-
taram suas costas, embora se ajoelhem diante da imagem do
teu Filho e decorem templos para o teu culto . Os sacerdotes, os
governantes e o povo, todos se transviaram e te esqueceram, ó
Senhor meu Deus . Mas não queres apiedar-te deles? Tu sabes
que me despedi com o coração partido de minhas amadas e
sofridas companhias para atender ao teu chamado ; e não te-
rás alguns eleitos entre este povo para o qual fui enviado?
Guia-me para os tais e o teu nome terá glória através de Jesus,
o teu Filho".
Este breve esboço não permite espaço para entrar em de-
talhes a respeito dessa missão na Itália, mas é interessante
notar que o Élder Snow acabou encontrando um lugar na Itá-
lia onde "alguns eleitos entre este povo" aceitaram o Evange-
lho . Na província do Piemonte, havia uma numerosa popula-
ção protestante, e foi para lá que o Elder Snow mandou dois
companheiros que vieram juntar-se a ele, os Elderes Stenhou-
se e Toronto. Numa carta dirigida ao Presidente Brigham
Young, ele faz uma bela descrição daquelas paragens . "O Pie-
monte situa-se aos pés dos Alpes, as mais elevadas montanhas
da Europa . Os cenários dessa parte abrangem todas as varie-
dades de uma região em que os céus e a terra parecem encon-
trar-se . Muitas vezes as nuvens envolvem os altos picos, ocul-
tando de nossas vistas sua sombria grandiosidade . Outras ve-
zes estão cobertos de neve, enquanto aos seus pés os parreirais
e figueiras amadurecem seus frutos ." Nessa encantadora re-
gião, o Elder Snow e seus companheiros subiram, no dia 18 de
setembro de 1850 "uma montanha muito alta, a pouca distân-
cia de La Tour, e tendo tomado posição sobre uma grande
rocha saliente, cantamos louvores ao Deus dos céus e oferece-
mos uma oração" . A seguir, os élderes passaram a organizar,
entre eles, a Igreja na Itália . E daquele dia em diante, o traba-
lho progrediu . Converteram gente em La Tour, Turim e Suíça

134 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Francesa, e a obra então iniciada prossegue até os dias de


hoje . Lorenzo Snow mandou igualmente élderes para a ilha de
Malta e para Bombaim e Calcutá, na Índia, onde fizeram al-
guns conversos e fundaram pequenos ramos da Igreja.

IV

Em março de 1852, o Élder Snow despediu-se dos santos


e amigos da Missão Italiana e iniciou sua viagem de regresso,
indo por Gibraltar, Portsmouth, Londres, Liverpool e Nova
York . Desta cidade foi para Kanesville, Iowa, depois seguindo
pelas planícies para o Vale do Lago Salgado, onde chegou no
dia 30 de julho.
Durante a ausência de Lorenzo Snow, sua família viveu
em condições bastante penosas . "Minha casa", conta ele,
"construída de troncos, coberta de ramos e terra, e piso primi-
tivo, pouco antes de partir em missão, já se tornara muito
inconfortável, não podendo ser melhorada o suficiente para
preencher os mínimos requisitos de conforto" . Seu primeiro
empenho, pois, foi construir uma casa, e sem dispor de meios
visíveis, ele se pôs a trabalhar . "Com Deus abençoando meus
esforços — com muita economia e perseverança tive êxito
muito além de minhas mais otimistas expectativas . Ergui um
amplo sobrado de adobe de nove cômodos acabei alguns
deles e mudei-me para lá com toda minha família, sentindo-
me sinceramente grato ao Doador de tudo o que é bom pelas
bênçãos de uma habitação confortável e respeitável ."
No primeiro inverno depois de voltar para casa, Lorenzo
Snow trabalhou como professor, servindo como membro do
legislativo territorial e pregando aos santos nas várias alas e
colônias . Na conferência de abril de 1853, recebeu novo cha
mado . O Presidente Young anunciou aos santos que Lorenzo
Snow fora escolhido para conduzir cinqüenta famílias para o
Condado de Box Elder e fortalecer os núcleos de lá . Sempre
obediente a qualquer chamado, Lorenzo chegou na pequena
colônia junto ao riacho Box Elder, em maio de 1855 . Segue um
relato em suas próprias palavras : "Chegando ao Condado de
Box Elder, encontrei o local onde atualmente floresce Brigham
City em péssimas condições . Se sua mudança do estado primi-
tivo pudesse ser chamada de progresso, isto é, se estava me-

LORENZO SNOW 135

lhor ou pior pelo que havia sido feito nas propriedades, con-
fundiria mesmo um antiquário . Até mesmo a capela de tron-
cos, com seu piso de terra batida e telhado de terra, era mais
apropriada para acomodar percevejos do que para receber
uma congregação de santos.
"A princípio, levei somente parte de minha família para
lá, pois a única moradia disponível era uma pequena e incô-
moda cabana de adobe . No decorrer do verão e outono, conse-
gui erguer uma casa de um pavimento e meio de altura, com
nove metros de largura por doze de comprimento . Sendo im-
possível conseguir telhas, fiz um telhado de costaneiras . Du-
rante dois invernos, o matraquear das costaneiras, sacudidas
pelos ventos do desfiladeiro, supriram a música na ausência
de órgão e piano ."
Foi sob tais condições que Lorenzo Snow fixou residência
no Condado de Box Elder, onde haveria de ter sucesso, prospe-
rar e ficar morando por quase quarenta anos.
Sempre preocupado com as atividades culturais da comu-
nidade em que residia, interessante é notar que, mesmo nas
condições de pioneirismo reinantes no núcleo de Box Elder na
época em que o Elder Snow foi ali residir, ele arranjou a sala
maior da nova casa de modo que servisse para realizar "pe-
ças" ou "representações teatrais" . Eliza R . Snow, irmã de Lo-
renzo, conta-nos o caso . "Então ele organizou uma companhia
teatral ; e nas longas noites de inverno, seus artistas amadores
atraíam grandes audiências de convidados . Ali velhos e mo-
ços, gente encanecida e crianças palradoras se encontravam e
misturavam as pessoas eram aproximadas e despertou-se
um sentimento de união . O efeito foi extremamente satisfató-
rio, não só sob o aspecto de produzir uma recreação agradável
na época, como foi um recurso para despertar as energias par-
cialmente dormentes do povo ."
Lorenzo continuou sua obra como fundador de comunida-
de em Brigham City até 1864, quando voltou a ser chamado
para uma missão de curto prazo no exterior desta vez nas
Ilhas Havaianas . Entre os santos das ilhas, haviam surgido
certos problemas de importância suficiente para o Presidente
Brigham Young decidir enviar dois apóstolos, a fim de resolvê-
los . Ezra T. Benson e Lorenzo Snow foram os escolhido, e iam
acompanhados pelos Elderes Joseph F . Smith, Alma Smith e

136 OS PRESIDENTES DA IGREJA

W. W . Cluff. Estes irmãos "tomaram a diligência na Cidade do


Lago Salgado por volta de 1° de março de 1864 para São Fran-
cisco, Califórnia" . Ali embarcaram num vapor que aportou em
Honolulu, no dia 27 de março . Como seu destino era a Ilha de
Mauí, seguiram de barco para o pequeno porto de Lahaína,
onde ocorreu um acidente que quase custou a vida de Lorenzo
Snow . O barco no qual os irmãos eram transferidos do navio
até a praia foi emborcado por enorme onda, lançando todos os
ocupantes no mar . Em poucos momentos, todos estavam a sal-
vo, exceto o Elder Snow . Houve uma busca frenética, e após
uns quinze ou vinte minutos, foi trazido à tona por um nativo e
levado rapidamente para a praia pelos companheiros missio-
nários . O Elder Cluff conta que "logo ao ser posto no barco,
mandamos o barqueiro remar para a praia tão depressa quan-
to possível . Seu corpo estava duro e aparentemente sem vida.
O Irmão A . L . Smith e eu estávamos sentados lado a lado.
Deitamos o Irmão Snow sobre o nosso colo e, enquanto nos
levavam para a praia, administramo-lo em silêncio, rogando
ao Senhor que lhe poupasse a vida, a fim de ele poder voltar
para junto dos seus . Chegando na praia, carregamo-lo uma
curta distância até alguns barris vazios jogados ali na areia.
Colocando-o de rosto para baixo sobre um deles, rolamos o
barril para frente e para trás, até esgotarmos toda a água que
ele havia engolido . . . Finalmente, fomos induzidos a colocar a
boca sobre a dele, tentando inflar seus pulmões . . . Pouco de-
pois, notamos sinais muito fracos de que a vida retornava.
Eles foram ficando mais distintos, até o Irmão Snow recobrar
plena consciência".
Após esta milagrosa experiência, Lorenzo Snow restabele-
ceu-se rapidamente e desincumbiu-se de sua missão . Por volta
de meados de abril, os élderes Snow e Benson embarcaram de
volta à pátria no porto de Honolulu . Um mês mais tarde, en-
contravam-se com seus amigos e parentes em Utah.
V

Foi pouco depois de voltar para casa, em 1864, que Lo-


renzo começou a criar as esplêndidas empresas cooperativas
que floresceram é prosperaram durante anos sob sua adminis-
tração e atraíram as atenções da Igreja inteira para a comuni-

LORENZO SNOW 137

dade de Brigham City . Há anos que o Presidente Brigham


Young vinha pregando a necessidade de uma indústria local
aos santos ; porém, devido à enorme distância entre Utah e os
centros manufatureiros do Leste, era difícil e em certos casos
impossível conseguir equipamentos e maquinaria . Lorenzo
Snow, não obstante, propôs a fazer um início . Três eminentes
membros da Igreja juntaram-se a ele para levantar
US$ 3 .000, e com esta soma, foram adquiridas mercadorias e
fundada a Associação Mercantil e Manufatureira de Brigham
City . Os resultados são narrados pelo Elder Snow . "Organiza-
mos primeiro um departamento mercantil . Os dividendos
eram pagos em mercadorias, rendendo geralmente cerca de
vinte e cinco por cento ao ano . A medida que esta empresa foi
prosperando, continuamos a receber mais capital, acrescen-
tando logicamente novos nomes na lista de acionistas, até ob-
termos um excedente de capital, ou recursos, conseguindo, as-
sim, captar o interesse e patrocínio do povo . Resolvemos então
iniciar indústrias domésticas e receber os dividendos, caso
houvesse, em artigos produzidos ."
Este plano mostrou-se viável e, em pouco tempo, de acor-
do com o Elder Snow, ele e os irmãos que eram acionistas na
loja iniciaram a construção de um "curtume de dois andares,
de 13 m x 24 m, dispondo de modernos equipamentos e ins-
talações, ao custo de US$ 10 .000 . Grande parte dos materiais
de construção e serviços de pedreiro e carpinteiro foram for-
necidos em troca de ações por pessoas capacitadas e que dese-
javam sociedade na empresa . A maior parte desses serviços
foram feitos na época do inverno, quando não se conseguia
nenhum outro emprego, sendo que um quarto da remuneração
era pago em mercadorias aos que necessitavam . . . Esse cur-
tume vem funcionando nos últimos nove anos [escrevia o El-
der Snow em 1876] com sucesso e lucros razoáveis, produzin-
do couros de excelente qualidade, no valor de US$ 8 .000 a
US$ 10 .000 por ano".
Quando o curtume passou a funcionar devidamente, exi-
giu a instalação de outras indústrias : "Anexamos a esse ramo
de indústria uma fábrica de botas e sapatos ; além de uma
selaria, tirando nossos dividendos em artigos manufaturados
nesses departamentos" .

138 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Mas o trabalho cooperativo não terminou nisso . "Nosso


próximo empreendimento foi estabelecer uma fábrica de arti-
gos de lã, seguindo o mesmo sistema do curtume . Esta tam-
bém fez crescer nosso capital, aumentando o número de acio-
nistas, sem prejudicar os negócios de ninguém . Os lucros do
departamento mercantil, com algum fundo adicional, deram
para adquirir a maquinaria . Durante os últimos sete anos, esta
fábrica vem operando satisfatoriamente ; não tivemos necessi-
dade de fechar por falta de lã, tanto no inverno como no ve-
rão, tendo produzido por ano mercadorias no valor de aproxi-
madamente US$ 40 .000 ."
Uma empresa levava a outra . "Prevendo uma possível
dificuldade para obter lã, o passo seguinte foi iniciar uma cria-
ção de ovelhas, começando com mil e quinhentas cabeças, for-
necidas por diversas pessoas em troca de ações . Agora se ele-
vam a cinco mil, provando-se uma grande ajuda para nossa
fábrica em tempos como o atual, quando há falta de dinheiro,
e a lã tem que ser paga a vista ."
Parece que poderíamos continuar indefinidamente enu-
merando as realizações do Presidente Snow . "Nosso próximo
negócio foi a instalação de uma indústria de laticínios . Depois
de escolher uma fazenda adequada, começamos com sessenta
vacas, erguemos alguns edifícios provisórios, investindo um
pequeno capital em cubas, formas, prensas etc ., tudo sendo
melhorado aos poucos até ser hoje, provavelmente, a melhor,
maior e mais moderna usina de laticínios deste território . Nos
dois últimos anos, tivemos quinhentas vacas leiteiras produ-
zindo, em cada temporada, cerca de US$ 8 .000 em manteiga,
queijo e leite.
"A seguir, iniciamos a criação de gado de corte, contando
agora com mil cabeças e que, juntamente com o rebanho de
ovelhas, supre um mercado de carne, também propriedades
da nossa organização.
"Temos um departamento hortícola e agrícola, este últi-
mo dividido em diversas seções, cada qual com um competen-
te supervisor.
"Temos ainda uma fábrica de chapéus que produz todos
os nossos chapéus de pele e de lã . Produzimos nossos utensí
lios de folha-de-flandres instalamos fábricas de cerâmica,
vassouras, escovas, melado e telhas de madeira, e duas serra-

LORENZO SNOW 139

rias operadas por força hidráulica ; e também uma alfaiataria,


ferraria, marcenaria e uma oficina de construção e conserto
de carroções e veículos.
"Temos um espaçoso prédio de dois andares de adobe,
ocupado por maquinaria para tornear, aplainar madeira e fa-
zer molduras, movida a força hidráulica.
"Formamos uma plantação de algodão de 50,60 ha na
parte sul do território para suprir nosso lanifício com matéria-
prima para urdidura, onde mantemos uma colônia de aproxi-
madamente vinte jovens:
"Temos uma seção para confeccionar chapéus de palha,
na qual empregamos de quinze a vinte moças . No ano passa-
do, colocamos em nossa usina de laticínios vinte e cinco mo-
ças ; também ocupamos muitas na alfaiataria e chapelaria de
senhoras, igualmente na confecção de flores artificiais, de-
bruns de chapéus e calçados, como teceloas no lanifício e bal-
conistas em nosso departamento mercantil.
"Muitos de nossos rapazes estão agora aprendendo ofí-
cios, e seus pais mostram-se sumamente satisfeitos por encon-
trarem agora empregos aqui, em lugar de irem para fora, on-
de estão sujeitos a contrair maus hábitos e costumes imorais.
"Construímos um prédio muito elegante, de cerca de
10 m x 20 m, com dois pavimentos ; a parte de cima dedica-
da a um seminário, e a de baixo ocupada por um salão de
baile . Considerei de suma importância para a comunidade in-
centivar as diversões e recreação apropriadas, e fornecer-lhe
um local adequado."
Poderíamos prosseguir indefinidamente, enumerando os
grandes feitos do Presidente Lorenzo Snow em' Brigham City,
que ocupou seu tempo e atenção por um período de mais de
vinte anos . Ele demonstrou, sem sombra de dúvida, que os
santos dos últimos dias são capazes de criar e desenvolver
empresas cooperativas, se, lhes for permitido trabalhar em paz
e seguir os princípios de sua santa religião . Todavia, parece
que sempre tem que haver um bom líder . Os negócios funda-
dos pelo Presidente Snow não sobreviveram por muito tempo
sem a sua gerência ativa, logo passando às mãos de particula-
res. Alguns prosperaram durante certo tempo, outros foram
abandonados .

140 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Durante os anos de prosperidade, em 1872 e 1873, Loren-


zo Snow e sua talentosa irmã Eliza R . Snow acompanharam
um grupo de oficiais da Igreja numa viagem à Europa e Terra
Santa . Temos a felicidade de dispor de uma narrativa comple-
ta dessa viagem, da autoria do Presidente Snow, que escrevia
freqüentes cartas ao Deseret News durante a jornada.
George A . Smith, primeiro conselheiro do Presidente Bri-
gham Young, encabeçava os "Turistas da Palestina", como o
grupo era conhecido familiarmente . Ao fazer a designação, o
presidente Young escrevera a George A . Smith nestes termos:
"Como está para iniciar extensa viagem pela Europa e Ásia
Menor, onde certamente entrará em contato com homens de
posição e influência na sociedade, desejamos que observe cui-
dadosamente as eventuais aberturas agora existentes, ou onde
poderiam ser conseguidas, para a introdução do Evangelho
nos vários países que irá visitar . Quando chegar à Palestina,
desejamos que dedique e consagre aquela terra, para que seja
abençoada com fertilidade, preparando-a para o retorno dos
judeus, em cumprimento da profecia e realização dos propósi-
tos de nosso Pai Celestial".
"Oramos que possa ser preservado para viajar em paz e
segurança ; que seja abundantemente abençoado com palavras
de sabedoria e eloqüência em todas as suas conversas concer-
nentes ao santo Evangelho, desfazendo preconceitos e se-
meando sementes de retidão entre o povo ."
Foi com este espírito que os "Turistas da Palestina" em-
barcaram para sua longa viagem que consumiria mais de oito
meses . Para Lorenzo Snow, deve ter sido interessante compa-
rar o trem confortável em que viajou para Omaha, Nebraska,
com as lentas juntas de boi com que fizera anteriormente di-
versas jornadas exaustivas . Ao cruzar o oceano num esplêndi-
do vapor, deve ter-se lembrado da sua primeira ida para a
•Inglaterra, alojado no porão de um navio a vela . Os países
visitados a caminho da Palestina foram a Inglaterra, Holanda,
Bélgica, França, Itália e Egito . Do Egito, os turistas seguiram
de navio para Jafa, e dali descortinaram pela primeira vez a
Terra Santa . Poucos dias mais tarde, no domingo, 2'de março
de 1873, deu-se a dedicação daquela terra . "O Presidente
Smith entendeu-se com nosso guia e intérprete", escreve Eliza
R . Snow, "para que mandasse levar uma tenda, mesa, cadei-

LORENZO SNOW 141

ras e tapete no Monte das Oliveiras, para onde todos os irmãos


do grupo e eu fomos, montados em cavalos . Depois de des-
montarmos no topo e entregarmos as montarias aos cuidados
de empregados, visitamos a Igreja da Ascensão, uma pequena
catedral, supostamente construída no local de onde Jesus su-
biu aos céus . A seguir, entramos na tenda que então já estava
armada, e após a oração de abertura pelo Irmão Carrington,
(Albert Carrington, membro dos Doze, conselheiro-assistente
de Brigham Young, excomungado da Igreja em 1885) unimo-
nos em serviço na santa ordem do Sacerdócio sob a liderança
do Presidente Smith, que em humilde e fervorosa súplica, de-
dicou a terra da Palestina para a coligação dos judeus e re-
construção de Jerusalém, oferecendo graças e agradecimentos
a Deus pela plenitude do Evangelho e as bênçãos derramadas
sobre os santos dos últimos dias . Outros irmãos oraram por
sua vez e tivemos uma sessão muito interessante ; para mim
foi o ponto culminante de toda a viagem, ao dar,-me conta de
que estávamos adorando no alto do Monte sagrado, em outros
tempos freqüente local de reunião do Princípe da Vida".
Partindo da Palestina em fins . de março, os turistas fize-
ram a viagem de volta, passando pela Grécia, Turquia, Áus-
tria, Alemanha e Inglaterra . Dali embarcaram para os Estados
Unidos em junho. Eliza R . Snow prossegue, descrevendo a via-
gem a partir de Nova York : "Quando deixamos Nova York,
meu irmão e eu fomos diretamente para o lugar no estado de
Ohio onde ele nasceu, e onde ambos fomos criados — o local
de nossa infância e juventude _ e também às cidades e con-
dados vizinhos . Eu estivera ausente por trinta e sete anos;
meu irmão voltara uma vez nesse meio tempo . Grande número
de nossos amigos e parentes tinham seguido o caminho de
toda a terra desde que partíramos, e tudo de que nos lembrá-
vamos havia sofrido os golpes da acha-de-armas dos tempos
inconstantes . Os parentes e conhecidos remanescentes recebe-
ram-nos com afetuosa cordialidade ; verdadeiramente foi uma
ovação contínua do princípio ao fim pelos condados de Porta-
ge, Geauga, Cuyahoga e Loraine, onde estivemos ; até mesmo
crianças nascidas depois de deixarmos a região vinham de
longe para nos conhecer e conversar conosco.
"Tendo estado ausentes por tanto tempo, sentíamo-nos
ansiosos por chegar em casa ; como ao mesmo tempo queria-

142 OS PRESIDENTES DA IGREJA

mos ver o maior número possível de amigos e parentes, anda-


mos dia e noite, indo de lugar para lugar em rápida sucessão.
"Conseguimos reunir muitas genealogias, tanto dos mor-
tos como de vivos ; e em muitos casos, pensamos, conseguimos
renovar amizades, reviver e criar ligações que perdurarão
eternamente . Sentimos que Deus está conosco, e confiamos
humildemente que suas bênçãos nos atenderão em nossos es-
forços ."
A última parte da viagem foi feita por trem . O Presidente
Snow chegou em Brigham City a 8 de julho de 1873, sendo
recebido por familiares e muitos amigos . Imediatamente reto-
mou seu trabalho nos negócios e deveres eclesiásticos.
No dia 3 de abril de 1884, Lorenzo Snow completava se-
tenta anos . Poucas semanas mais tarde, numa reunião da fa-
mília em Brigham City, ele exprimiu sua gratidão pelas muitas
bênçãos recebidas : "Meu coração está transbordante com o
mais cálido sentimento de gratidão ao meu Pai Celestial por
essas maravilhosas bênçãos . . . Quando contemplo esta nume-
rosa família filhos e filhas inteligentes e bem dotados dez
ou mais dos primeiros tendo sido chamados, enviados e cum-
prido muitos anos de árduo trabalho missionário entre nações
longínquas e em ilhas distantes ; e também vejo muitas de mi-
nhas filhas como honradas esposas e mães em Israel, rodea-
das de crianças saudáveis e alegres, e sinto que tudo isto devo
à misericórdia e bondade de Deus e à obra do grande Jeová
o que dizer? A linguagem é impotente para exprimir os profun
dos sentimentos do meu coração por esta santa e sagrada
oportunidade de celebrar meu septuagésimo aniversário ; de
estar aqui e contemplar este glorioso espetáculo de inspiração
celeste ."
O Presidente Snow não pensava em realizar outra reu-
nião de família, visto que tinha idade avançada . Prosseguiu:
"Esta é a última reunião de família que temos motivos para
esperar neste lado do mundo espiritual . Possa o Deus de nos-
sos pais ajudar-nos a guardar as suas leis, levar uma vida
honrada, preservar intacta nossa virtude e integridade, aten-
tar para os sussurros do Santo Espírito e procurar diligente-
mente nossa própria purificação, a fim de que nem um só
membro desta família seja perdido por desviar-se do caminho
estreito e apertado, mas possamos todos provarmo-nos dignos

LORENZO SNOW 143

de surgir na primeira ressurreição, coroados de glória, perpe-


tuando a união familiar na imortalidade, e continuar pelas
eras sem fim da eternidade".
O maravilhoso espírito do Presidente Lorenzo Snow pode
ser sentido e apreciado na sua mensagem à família.
Do dia em que o Congresso promulgou a primeira lei anti-
poligamia em 1862, até a morte do Presidente Brigham Young
em 1877, houve constante agitação por toda parte dos Estados
Unidos, e também entre os não-mórmons em Utah, para fazer
vigorar a lei e convencer os líderes da Igreja de que deviam
abandonar a doutrina . Acreditava-se que, com a morte de Bri-
gham Young, surgiria uma mudança de atitude entre os mem-
bros da Igreja para com a prática do casamento plural ; o Pre-
sidente John Taylor, porém, adotou uma posição firme no as-
sunto, não dando nenhum sinal de que haveria alguma mu-
dança . Como conseqüência, a agitação recrudesceu, e em
1882, o Congresso aprovou a Lei Edmund que previa severas
penas para os condenados por casamento plural, ou como era
chamado "coabitação ilegal".
Na manhã de 20 de novembro de 1885, a casa do Presi-
dente Lorenzo Snow em Brigham City foi cercada por sete .
delegados federais dos Estados Unidos, sendo ele detido sob
acusação de "coabitação ilegal" . "Realizaram-se três julga-
mentos regulares, o primeiro dos quais começou a 30 de de-
zembro de 1885, o último terminando a 5 de janeiro de 1886,
sendo ele condenado em todos eles . O Juiz O . W. Powers profe-
riu a sentença no dia 16 de janeiro de 1886, condenando-o à
pena máxima prevista na lei — prisão de seis meses e multa
de trezentos dólares, além das custas, para cada caso . Sob
esse processo de segregação instituído pelos tribunais de Utah,
o Presidente Snow esteve detido onze meses, sem uma recla-
mação ou queixa." Entretanto, fez-se uma apelação à Supre-
ma Corte dos Estados Unidos e esta reformou a sentença do
tribunal inferior, decidindo que "houve apenas uma única
contravenção em todo o tempo ; que o tribunal do julgamento
não tinha autoridade para infligir punição com referência a
mais de uma das condenações" . O Presidente Snow foi ime-
diatamente libertado da penitenciária de Utah, havendo rego-
zijo generalizado entre seus familiares e amigos .

144 OS PRESIDENTES DA IGREJA

VII

Na conferência de abril de 1889, Lorenzo Snow foi apoia-


do presidente do Quorum dos Doze Apóstolos . Mostrou-se mui-
to ativo nesse cargo, visitando com os irmãos numerosas alas
e estacas da Igreja.
Com o passar dos anos, o Presidente Snow recebeu mais
honrarias . Com o término e dedicação do grande Templo de
Salt Lake em 1893, ele foi designado pela Primeira Presidên-
cia para presidir os trabalhos de ordenança nesse magnífico
edifício, em cuja construção os santos labutaram por mais de
quarenta anos . Alguém que o conhecia na época, prestou-lhe
este tributo : "Não poderia haver indicação mais apropriada.
Ele sempre se interessou pelos trabalhos do templo . E espiri-
tualmente dotado em alto grau, e com sua expressão celeste e
doce, gentil dignidade, não existe pessoa melhor ou mesmo tão
bem qualificada para postar-se como vigia na porta que se
abre entre os vivos e os mortos".
A 2 de setembro de 1898 falecia em São Francisco, Cali-
fórnia, o Presidente Wilford Woodruff. Antes de morrer, ele
havia declarado que "não é da vontade do Senhor que no futu-
ro decorra um período prolongado entre a morte do presidente
a reorganização da Primeira Presidência" . Agindo de acordo
com esta recomendação, os irmãos dos Doze reuniram-se na
Cidade do Lago Salgado, no dia 13 de setembro, e apoiaram
Lorenzo Snow como presidente da Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias . 0 Presidente Snow tinha então oiten-
ta e quatro anos mais cinco meses, porém, conforme dissemos
no início do capítulo, era ainda mental e espiritualmente aler-
ta e fisicamente capaz de desempenhar seus árduos deveres.
Ele demonstrou sua humildade aos irmãos, quando declarou:
"Não quero que esta gestão seja conhecida como a gestão de
Lorenzo Snow, mas como a de Deus, em e através de Lorenzo
Snow" . Ele escolheu como seus conselheiros George Q . Can-
non e Joseph F . Smith, os mesmos que já haviam servido com
os dois presidentes anteriores.
Na tarde de sábado, 9 de outubro, na sessão final da con-
ferência geral semi-anual, o Presidente Snow e seus conselhei-
ros foram apoiados pelo Sacerdócio da Igreja, que votou por
quoruns, e depois pela enorme assembléia, sem um voto dissi-

LORENZO SNOW 145

dente . Após esta grandiosa aprovação, Lorenzo Snow dirigiu-


se brevemente à congregação : "Irmãos e Irmãs, isto tenho a
dizer, e digo-o em nome do Senhor : Procurarei devotar-me aos
vossos interesses e aos interesses do Reino de Deus . Servirei
de acordo com o meu melhor entendimento e compreensão,
com referência àquilo que promoverá vossos interesses em co-
nexão com os interesses do Onipotente . Assim farei com a aju-
da do Senhor.
"E coisa fácil para nós levantarmos a mão em sinal de
anuência ao que nos é proposto aqui . Posso fazê-lo sem qual-
quer problema, e vós também. Mas, levantarmo-nos aqui e
erguermos nossa mão direita em aprovação das proposições
apresentadas envolve algo ; existe um significado nisso ; algo
que deve ser muito bem considerado, .e isto é, no futuro agir de
acordo com esta manifestação de nossa concordância . . . Nes-
ta assembléia solene, decretemos em nossos corações, testifi-
quemos intimamente ao Senhor que na próxima conferência
seremos um povo mais unido do que somos hoje ."
A primeira tarefa que o Presidente Snow se propôs reali-
zar ao início de sua gestão foi melhorar as finanças da Igreja.
De acordo com as medidas previstas na Lei Edmund-Tucker,
aprovada pelo Congresso em 1887, a Igreja havia sido desin-
corporada, seus bens confiscados e entregues nas mãos de
pessoas hostis . A Igreja foi obrigada a pagar aluguel para po-
der usar suas próprias propriedades, tal como o escritório do
dízimo e do historiador, ou mesmo o terreno do templo . Por
isso, o Presidente Snow encontrou as finanças em situação
caótica . Em vista dessa emergência, propôs aos irmãos a emis-
são de títulos para aliviar as obrigações mais prementes da
Igreja . "Na quinta-feira, 1° de dezembro de 1898", conta Jo-
seph Fielding Smith, "a Primeira Presidência e os apóstolos se
reuniram em conselho ; o Presidente Snow recapitulou a con-
dição financeira da Igreja e disse que deplorava, mas parecia-
lhe necessário que a Igreja emitisse títulos no valor de
US$ 500 .000 . A propositura foi posta em votação e unanime-
mente aprovada pelos irmãos . Posteriormente ficou decidido
que a emissão de títulos seria no dobro desse valor, em duas
séries, A e B, de US$ 500 .000 cada . A primeira série seria
resgatável a 31 de dezembro de 1903, e a segunda a 31 de
dezembro de 1906" .

146 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Em maio de 1899, o Presidente Snow iniciou o trabalho


que foi provavelmente o mais notável de toda a sua gestão
o de incentivar os santos a pagarem o dízimo integral . Numa
conferência especial realizada em St. George, Utah, no dia 17
de maio, ele comunicou sua importante mensagem ao povo.
Seu filho, LeRoi C . Snow, presente na ocasião, descreve muito
bem o acontecimento : "Eu estava sentado à mesa na tribuna,
fazendo a ata, quando, repentinamente, meu pai interrompeu
seu discurso . . . Quando recomeçou a falar, sua voz fortale-
ceu-se, e a inspiração de Deus parecia tomar çonta dele . Seus
olhos pareciam iluminados e seu semblante brilhava . Estava
tomado de um poder incomum . Então revelou aos santos dos
últimos dias a visão que estava diante dele . . . Contou-lhes que
podia ver, como nunca percebera antes, como a lei do dízimo
estava sendo negligenciada pelo povo ; também que os próprios
santos estavam pesadamente endividados, assim como a Igre-
ja, e que através da estrita obediência a essa lei o pagamen-
to de um dízimo honesto, integral não só a Igreja se livraria
de seu grande débito, mas por meio das bênçãos do Senhor,
este seria igualmente o meio de livrar os santos dos últimos
dias de suas obrigações individuais, e tornar-se'-iam um povo
próspero" . Referindo-se diretamente ao dízimo, disse o Presi-
dente Snow : "A palavra do Senhor é : Chegou o tempo de todo
santo dos últimos dias, que calcula estar preparado para o
futuro e com os pés firmados sobre um fundamento apropria-
do, cumprir a vontade do Senhor e pagar integralmente o seu
dízimo . Esta é a palavra do Senhor para vós, e será a palavra
do Senhor para todos os povoados em toda a terra de Sião . . ."
"Quando a comitiva chegou a Néfi, onde devíamos tomar
o trem para casa, o Presidente Snow convocou todos os mem-
bros para uma reunião que jamais será esquecida pelos que
estiveram presentes . Incumbiu cada um dos presentes de ser
testemunha especial dele quanto ao fato de haver recebido
aquela revelação do Senhor . Colocou toda a comitiva sob con-
vênio e promessa de não só obedecerem pessoalmente à lei do
dízimo, como também que todos prestariam testemunho da-
quela manifestação especial e difundiriam a mensagem do
dizimo, sempre que houvesse oportunidade ."
Voltando à Cidade do Lago Salgado, o Presidente Snow
reuniu em assembléia todos os oficiais maiores do Sacerdócio

LORENZO SNOW 147

da Igreja. Essa assembléia, realizada no dia 2 de julho de


1899, "esteve em sessão das dez horas da manhã até as sete
da noite", conta LeRoi C . Snow ; "uma congregação assim do
Sacerdócio nunca antes se fizera na Igreja . Estavam presentes
todas as vinte e seis autoridades gerais da Igreja . Todas as
quarenta estacas de Sião e quatrocentas e setenta e oito alas
estavam representadas . 0 espírito da reunião foi de testemu -
nho e promotor da fé, e não de assuntos temporais e materiais.
A renovada revelação do dízimo foi o tema de todos os dezoito
discursos . A obediência humilde, honesta à lei do dízimo tor-
nou-se antes um dom e privilégio espiritual do que dever ma-
terial . A solenidade da ocasião foi gravada nos presentes
quando o Presidente Snow os conduziu no sagrado brado de
hosanas, e pronunciou gloriosas promessas e bênçãos sobre o
povo" . Tal foi a grande obra desse homem que estava então no
seu octogésimo sexto ano de vida.
Na conferência de outubro, realizada na Cidade do Lago
Salgado em 1899, o Presidente Snow expressou sua gratidão
pelas bênçãos do Senhor que estavam sendo derramadas so-
bre o povo . "Quero dizer a todos que é nosso privilégio ser
abençoados a tal ponto que nos sentiremos perfeitamente
recompensados por todas as inconveniências eventualmente
resultantes de virmos a esta reunião . Como santos dos últimos
dias, o Senhor nos colocou em relação com ele e, a fim de
podermos suportar a condição em que estamos, precisando de
suas bênçãos muito mais que qualquer criatura.
"Nossas perspectivas são suficientemente grandiosas e
gloriosas para fazermos todo o possível a fim de garantir as
bênçãos que estão à nossa espera . Nada deveria deter-nos de
exercer todo o poder que Deus nos conferiu para assegurar-
mos nossa salvação e exaltação . Todos os homens e mulheres
dignos de serem chamados santos dos últimos dias deveriam
viver, hora por hora, de tal maneira a estarem preparados, se
subitamente fossem chamados desta vida para a seguinte . E
nosso privilégio viver de modo a sentirmo-nos satisfeitos de
que tudo irá bem, se formos chamados, seja qual for a hora _
Se houver algum santo dos últimos dias ao alcance de minha
voz que não tenha atingido tal certeza quanto ao seu futuro,
não deveria sossegar até havê-la conseguido, a fim de saber
que tudo está certo com ele ."

148 OS PRESIDENTES . DA IGREJA

No dia 1° de janeiro de 1900, raiava um novo ano favorá-


vel à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias . Esta-
va havendo grande avanço sob todos os aspectos, e o idoso e
honrado homem à testa da Igreja tinha esperança de que o
progresso continuaria . Falando a uma assembléia do-Sacerdó-
cio no dia 11 de janeiro na cidade do Lago Salgado, ele dizia
que "embora nós, como povo, tenhamos enfrentado toda espé-
cie de problemas, sofrido tristezas e fôssemos obrigados a fa-
zer toda a sorte de sacrifícios, ainda assim nunca perdemos a
esperança de, no devido tempo, alcançarmos um estado de
perfeita união" . Falando dos apóstolos, tinha a satisfação de
afirmar que hoje se podia dizer muito mais deles nesse sentido
. do que em nenhum outro tempo desde os dias do Profeta,
Joseph.
"Não obstante as fraquezas que os servos do Senhor e o
seu povo manifestaram de várias maneiras, ele tem sustenta-
do seus servos e lhes concedido graça suficiente para enfren-
tar e superar toda provação e dificuldade . Sendo este o caso,
ele, [o orador] por exemplo, podia olhar o futuro com grande
confiança . Não tinha o mínimo motivo para preocupar-se
quanto ao presente ou o futuro . Em vista disso tudo, quem,
perguntava ele, tinha tão grandes motivos para dar graças e
regozijar-se como nós?"
No dia 3 de abril de 1900, o Presidente Snow festejava
seu octogésimo sexto aniversário . Naquela tarde foi-lhe ofere-
cida, no anexo do templo, uma agradável festa à qual compa-
receram autoridades gerais, suas esposas, os servidores do
templo e um grupo de amigos . Houve discursos, canto, decla-
mação e música instrumental . O presidente agradeceu a ho-
menagem, dizendo que gostara imensamente da ocasião.
Três dias depois, na abertura da conferência geral, o Pre-
sidente Snow fez um longo ,e inspirador sermão . Setenta anos
atrás", disse, "esta Igreja era organizada com seis membros.
Começamos, por assim dizer, como um bebê . Tínhamos pre-
conceitos a combater . Preocupava-nos a ignorância quanto ao
que o Senhor pretendia fazer e o que Ele queria que fizésse-
mos. Com as bênçãos do Senhor, contudo, conseguimos avan-
çar em nosso estágio de primeira infância, recebendo apoio do
Senhor conforme Ele achava conveniente . Passamos para a
meninice, continuando, sem dúvida, a cometer alguns erros,

LORENZO SNOW 149

geralmente não intencionais, mas devidos à falta de experiên-


cia . Ao refletir sobre a nossa vida passada, vemos perfeita-
mente que fizemos muitas coisas tolas quando éramos meni-
nos, por causa de nossa inexperiência e por não termos apren-
dido a obedecer perfeitamente às instruções de nossos pais . . .
Muitos de nós aprendemos mais tarde, porém talvez tarde de-
mais para nos corrigirmos . Todavia, ao avançarmos, as expe-
riências passadas ajudaram-nos em muito a evitar erros seme-
lhantes aos que cometemos em nossa meninice.
"Com a Igreja, tem sido o mesmo . Nossos erros deveram-
se geralmente à falta de compreensão sobre o que o Senhor
requeria de nós, mas agora já nos estamos aproximando bas-
tante da idade adulta ; temos setenta anos de idade, e é de se
esperar que depois de alguém haver passado pela primeira
infância, pela meninice e ter atingido setenta anos de vida,
deva ser capaz, através da sua longa experiência, de fazer
muitas grandes coisas que pareciam impossíveis, e de fato o
eram em seu estado infantil . Entretanto, quando nos examina-
mos, descobrimos que continuamos não fazendo exatamente o
que devíamos, a despeito de toda experiência . Vemos que exis-
tem coisas que deixamos de realizar, e que o Senhor espera de
nós, algumas delas já exigidas de nós na meninice . Mas senti-
mo-nos gratos e reconhecidos de agora sermos capazes, devi-
do a experiências passadas, de realizar muitas coisas que não
conseguíamos fazer em outros tempos, e de termos a capaci-
dade de escapar de pecados individuais que nos trouxeram
dificuldades em tempos idos . Enquanto nos congratulamos
nesse sentido, certamente não nos deveríamos esquecer de que
ainda não atingimos a perfeição . Muitas são as coisas que ain-
da temos que realizar.
"Agora, santos dos últimos dias, e quanto a nós? Nós re-
cebemos o Evangelho . Recebemos o Reino de Deus estabeleci-
do na terra . Tivemos problemas ; fomos perseguidos .'Fomos
expulsos do Ohio . Expulsaram-nos de Nauvoo ; e certa vez fo-
mos temporariamente expulsos desta linda cidade . Muitos
perderam milhares de dólares ; deixaram suas casas e tudo o
que tinham, e alguns dos irmãos viram suas esposas e filhos
entregar a vida por causa das privações sofridas durante es-
sas mudanças, essas perseguições, essas revoltas e pressões . O
povo tem-se assombrado com a disposição dos santos dos últi-

150 OS PRESIDENTES DA IGREJA

mos dias de suportarem tais coisas . Por que o fazemos? Por


que nos apegamos a esses princípios que às vezes nos causam
tanta dor e sacrifício? O que é que nos dá forças para suportar
essas perseguições e ainda nos regozijarmos? E porque temos
recebido revelações do Todo-poderoso ; porque ele fala à nossa
alma e nos dá o Espírito Santo, o qual é um princípio de reve-
lação onde quer que exista, e é prometido a todo o homem,
como nos dias dos antigos apóstolos, para quem crer, arrepen-
der-se dos pecados e for imergido na água para sua remissão
por alguém que tenha autoridade do Senhor para administrar
essa ordenança.
"Esta Igreja resistirá, porque se apóia sobre uma base
firme . Ela não é do homem, não provém do estudo do Novo ou
do Velho Testamento ; não é resultado de conhecimentos
aprendidos em universidades ou seminários, mas originou-se
diretamente do Senhor . O Senhor nô-la mostrou pelo princípio
revelador do Santo Espírito de luz, o qual todo homem pode
receber . "
Foi desta maneira que este grande homem, Lorenzo
Snow, dirigiu-se aos santos dos últimos dias no octogésimo
sétimo ano de sua vida.
Lorenzo Snow passou o verão de 1900 na Cidade do Lago
Salgado, com exceção de breves viagens a Brigham City e Lo-
gan . Ia quase diariamente ao escritório, onde conversava com
os irmãos e cuidava da correspondência importante . Preocu-
pava-se continuamente -com a condição financeira da Igreja e
a necessidade de os santos pagarem um dízimo integral, a fim
de livrá-la de suas obrigações . Mas nem por isso negligenciava
as verdades espirituais do Evangelho ; tinha-as constantemen-
te diante dos olhos . Na primeira sessão da conferência de ou-
tubro de 1900, dizia ele, falando aos santos:
"A religião que recebemos, os princípios de exaltação e
glória que vós e eu recebemos, trazem-nos perseguições ou
então não seriam os princípios que julgávamos que fossem.
Eles nos trazem transtornos à direita e à esquerda, porém de-
vemos ser calmos e impassíveis, assim como Jó aprendeu a ser
calmo e impassível sob as circunstâncias mais penosas . Deve-
mos aprender a ser assim, e foram-nos dadas coisas pelas
quais podemos aprender a ser assim . Pensai em quão pior si-
tuação vós e eu poderíamos estar, e depois pensai nas bênçãos

LORENZO SNOW 151

superiores que temos atualmente . Sabemos que no futuro,


quando tivermos passado por esta vida, teremos novamente
conosco nossas esposas e filhos . Nossos corpos estarão glorifi-
cados, livres de todo mal e sofrimento, tornados extremamen-
te belos . Não existe nada mais belo de se ver do que um ho-
mem ou mulher ressuscitados . Não consigo imaginar nada
mais grandioso que um homem possa ter do que um corpo
ressuscitado . Certamente não existe um santo dos últimos dias
ao alcance da minha voz que não tenha a esperança de surgir
na manhã da primeira ressurreição e ser glorificado, exaltado
na presença de Deus, tendo o privilégio de falar com o Pai,
assim como falamos com nosso pai terreno.
"Que coisa gloriosa! Não vereis mais nenhum muro de
prisão, os amigos voltando-vos as costas, os outros despojan-
do-vos de vossas propriedades, expulsando-vos de vossas ca-
sas, serdes lançados no cárcere, serdes difamados . Estas coi-
sas não vos causam mal algum . Elas não destroem vossas es-
peranças, que continuam gloriosas diante de vós . E devemos
entender ainda que o Senhor providenciou um lugar para vós
e para mim quando os dias de calamidade atingirem as na-
ções ; e nós seremos preservados, assim como Noé foi preser-
vado, não numa arca, mas seremos salvos adotando os princí-
pios de união pelos quais podemos executar o trabalho do Se-
nhor e nos cercamos das coisas que nos preservarão das difi-
culdades que estão caindo sobre o mundo ; os julgamentos do
Senhor . Lendo os jornais, podemos ver que eles estão caindo
sobre as nações dos ímpios ; e estariam caindo sobre nós, se
tivéssemos ficado entre as nações ; se o Senhor não houvesse
inclinado nossos ouvidos e trazido salvação, seríamos como
elas são ."
A 1 9 de janeiro de 1901, o Presidente Snow lançou um
documento extremamente importante, publicado no Deseret
News desse dia, intitulado : "Saudação ao Mundo" . Ele expri-
me a tal ponto sua grande fé e sabedoria, que desejo transcre-
vê-lo por extenso aqui.
"Hoje raia um novo século sobre o mundo . Os cem anos
que acabaram de se completar foram os mais momentosos na
história do homem sobre este planeta . Seria impossível fazer
até mesmo um breve sumário dos acontecimentos notáveis, os
maravilhosos progressos, as grandes realizações e as benéfi-

152 OS PRESIDENTES DA IGREJA

cas invenções e descobertas que marcam o progresso das dez


décadas, agora deixadas para trás na incessante marcha da
humanidade . A própria menção do século dezenove sugere
avanço, desenvolvimento, liberdade e luz . Felizes somos por
termos vivido em meio às suas maravilhas e compartilhado
das riquezas de seus tesouros de inteligência.
"As lições do século passado deveriam ter-nos preparado
para os deveres e glórias da era que se inicia . Deveria ser uma
época de paz, de progresso maior, de adoção universal da re-
gra de ouro . 0 barbarismo do passado devia ser enterrado, a
guerra com seus horrores apenas uma memória . A meta das
nações deveria ser fraternidade e grandeza mútua . Dever-
se-ia estudar o bem-estar da humanidade ao invés do enrique-
cimento de uma raça ou extensão de um império . Despertai,
vós, monarcas da terra e governantes de nações, e contemplai
o panorama dos primeiros raios do dia milenário nascente
dourando a alvorada do século vinte! Em vossas mãos, está o
poder para abrir o caminho para a vinda do Rei dos Reis, cujo
domínio se estenderá por toda a terra . Debandai vossos exér-
citos ; transformai vossas armas em instrumentos de indústria;
tirai o jugo da nuca de vossa gente ; arbitrai vossas disputas;
reuni-vos em congresso real e planejai união em lugar de con-
quista, o banimento da pobreza, a elevação das massas, e a
saúde, bem-estar, educação e felicidade de todas as tribos,
povos e nações . Então o século vinte ser-vos-á a glória de vos-
sa vida e o brilho de vossa coroa, e a posteridade vos cantará
louvores enquanto o Eterno vos colocará alto entre os pode-
rosos.
" Vós, ó milhões que labutais, que no suor de vossos rostos
ganhais o pão de cada dia, olhai para cima e saudai o poder do
alto que vos livrará da servidão! O dia de vossa redenção se
aproxima . Cessai de desperdiçar o vosso ganho em coisas que
vos mantêm na miséria . Não encarai a riqueza como vossa
inimiga e o empregador como vosso opressor . Procurai a união
do capital e do trabalho . Sede previdentes em tempos de pros-
peridade . Não vos torneis presa de homens ardilosos que insu-
flam contendas para seus próprios fins egoístas . Lutai por vos-
sos direitos pelos meios legais, e desisti da violência e destrui-
ção . Anarquia e ilegalidade são vossos inimigos mortais . Dissi-
pação e vício são cadeias que vos mantêm escravos . A vossa

LORENZO SNOW 153

liberdade está chegando ; sua luz se aproxima com o raiar do


século.
"Homens e mulheres abastados, usai vossa riqueza para
dar emprego ao trabalhador! Tirai os ociosos dos apinhados
centros populacionais e colocai-os em áreas incultas que
aguardam a mão do homem . Destrancai os vossos cofres, abri
vossa bolsa e investi em empreendimentos que dêem trabalho
ao desempregado e aliviem a miséria que leva ao vício e cri-
mes que assolam nossos grandes centros, e envenenam a at-
mosfera moral que nos envolve . Fazei a felicidade de outros e
vós mesmos sereis felizes.
"Como servo de Deus, presto testemunho quanto à revela-
ção da sua vontade no século dezenove . Ela veio dos céus pela
própria voz do Senhor, pela manifestação pessoal do seu Filho
e pela ministração de santos anjos . Ele ordena a todos os po-
vos que se arrependam, que se afastem de seus caminhos ím-
pios e desejos iníquos, que sejam batizados para a remissão de
seus pecados, a fim de poderem receber o Espírito Santo e
estar em comunhão com ele . Ele deu início à obra de redenção
anunciada por todos os santos profetas, sábios e videntes de
todas as eras e todas as raças da humanidade. Ele certamente
realizará a sua obra, e o século vinte há de marcar seu avanço
para a grande consumação . Cada desenvolvimento do século
dezenove nas ciências, artes, técnica, música, literatura,
idéias poéticas, pensamento filosófico foi induzido pelo espírito
dele, que logo se derramará sobre toda a carne que o quiser
aceitar . Ele é o Pai de todos nós e deseja que todos sejam
salvos e exaltados.
"No octogésimo sétimo ano de minha vida na terra, sinto-
me tomado de sincero desejo para o benefício da humanidade.
Desejo a todos um feliz Ano Novo . Espero e aguardo a ocorrên-
cia de grandes eventos no século vinte . No seu alvorecer aus-
picioso, ergo minhas mãos e invoco as bênçãos do céu sobre os
habitantes da terra . Possa o sol do alto sorrir sobre vós . Pos-
sam os tesouros da . profundeza e os frutos da terra produzir
abundantemente para o vosso bem . Possa a luz da verdade
espantar as trevas de vossas almas . Possa crescer a retidão e
diminuir a iniqüidade com o passar dos anos . Possa triunfar a
justiça, e a corrupção ser esmagada . E possam prevalecer a
virtude, castidade e honra, até que o mal seja vencido e a

154 OS PRESIDENTES DA IGREJA

terra purificada de toda maldade . Que estes sentimentos, co-


mo a voz dos 'mórmons ' nas montanhas de Utah, se propa-
guem pelo mundo inteiro, e que todos os povos saibam que
nosso desejo e nossa obra são para o benefício e salvação de
toda a raça humana . Possa o século vinte ser o mais feliz de
todos os tempos, assim como será o mais grandioso, e possa
Deus ser glorificado na vitória que há de vir sobre o pecado,
tristeza, miséria e morte . Paz seja convosco!"
Na quarta-feira, 3 de abril de 1901, na Beehive House da
rua East South Temple, na Cidade do Lago Salgado, o Presi-
dente Snow celebrava seu octogésimo sétimo aniversário . Re-
produzimos em parte um relato das festividades do dia tirado
do Deseret News.
"A Beehive House estava artisticamente decorada com
flores e vasos de plantas ; e em cima do consolo do lado sul do
salão nordeste, havia um belíssimo ramalhete de grandes ro-
sas vermelhas, presente de duas menininhas . Aqui está uma
história tocante . De manhã bem cedo, antes de o Presidente
Snow levantar, bateram à porta e quando foram atender, lá
estavam duas pequerruchas quase que escondidas atrás do
ramalhete . Disseram que era para o Presidente Snow ; com
faces radiantes, foram conduzidas até a porta do quarto do
ancião . Então cantaram duas ou três musiquinhas e depois se
foram tão contentes quanto passarinhos na primavera . O Pre-
sidente Snow ficou profundamente comovido pela serenata
daquelas crianças e diz que a recordará não só como um dos
mais doces acontecimentos de um dia memorável, como de
toda a sua vida."
À tarde, no anexo do templo, foi-lhe oferecido um esplên-
dido programa pelos familiares e umas poucas autoridades
gerais da Igreja.
Durante o verão de 1901, o Presidente Snow continuou a
tratar ativamente de seus afazeres, sendo encontrado todos os
dias no seu escritório da rua East South Temple . Ali se reunia
com os irmãos para discutir os problemas da Igreja ; freqüen-
temente apareciam visitantes que desejavam conhecer o vene-
rável presidente ; longas horas eram gastas cuidando da volu-
mosa correspondência . Ocasionalmente, visitava uma das alas
ou estacas mais afastadas para falar numa conferência, sem-

LORENZO SNOW 155

pre conseguindo emocionar os santos com seu fervoroso teste-


munho.
Na abertura da conferência geral semi-anual, no dia 4 de
outubro de 1901, o Presidente Joseph F . Smith assumiu a dire-
ção, anunciando que o Presidente Snow estava resfriado e não
considerava conveniente sair de casa . Entretanto, não havia
motivos de alarma, visto que a doença do presidente não era
grave . Ele não compareceu a nenhuma das reuniões da confe-
rência, com exceção da última no domingo à tarde, 6 de outu-
bro, quando fez um esplêndido sermão espiritual, concluindo
com estas palavras:
"Existe outro assunto que eu gostaria de abordar . Estou
com idade bastante avançada agora, com quase oitenta e oito
anos. Desde que morreu o Presidente [George Q .1 Cannon, fi-
quei com apenas um conselheiro . Escolhi outro conselheiro
fRudger Clawsonl . Busquei a orientação do Senhor, e foi ele
quem dirigiu a escolha . Escolhi um homem forte, enérgico, e
penso que irá ser de grande ajuda para mim e o Presidente
Smith ; por isso, espero que seja apoiado por vós . Deus vos
abençoe a todos ."
VII

Estas foram as últimas palavras proferidas em público


por esse grande homem e líder . Quatro dias mais tarde, seu
nobre espírito abandonou o corpo e partiu deste mundo . O
Deseret News traz um breve relato do seu passamento sob
data de quinta-feira, 10 de outubro:
"O público ficará profundamente chocado ao' saber que o
Presidente Lorenzo Snow, quinto presidente da Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias faleceu em sua casa, na
Beehive House, às 15 :35 horas de hoje . A causa imediata de
sua morte foi congestão hipostática, complicada por grave
bronquite . O anúncio do seu passamento será como um raio
vindo do céu claro para milhares de pessoas que desconhe-
ciam totalmente sua enfermidade . Sua família e amigos, en-
tretanto, estavam cientes há algum tempo de seu grave esta-
do, mas somente ontem seu mal passou a causar alarma.
"Semanas atrás, o Presidente Snow contraiu um resfria-
do que o incomodou bastante, sendo acompanhado de uma

156 OS PRESIDENTES DA IGREJA

constante tosse curta e repetida . Ele foi piorando gradualmen-


te e há cerca de dez dias, sua condição tornou-se mais penosa
que nunca . Durante a conferência ficou quase o tempo todo
confinado ao lar e escritório, comparecendo à reunião vesper-
tina de domingo no Tabernáculo com muita dificuldade . Na
terça-feira, cuidou normalmente de seus negócios, mas ontem
de manhã, surgiram complicações gástricas, impedindo-o de
reter o mínimo alimento que fosse . Na noite passada, foram
chamados o Dr . Richards e Dr . Wilcox que consideraram seu
estado extremamente grave . O Dr . Richards voltou a ser cha-
mado à uma da madrugada, voltando às 6 :30 e 11 :00. horas,
desde aí não se afastando mais do seu lado . As 4 :00 desta
madrugada e novamente às 9 :30, o presidente teve graves cri-
ses, estando consciente e lúcido apenas poucas horas durante
o dia."
Três dias depois, segue um relato do funeral:
"Antes dos serviços fúnebres realizados no Tabernáculo,
a partir das 10 :30 da manhã, o corpo ficou exposto na resi-
dência da família . Milhares de pessoas foram dar um último
adeus ao líder falecido, derramando uma lágrima silenciosa
ao contemplarem o corpo inerte daquele que haviam aprendi-
do a amar profundamente . O amplo Tabernáculo havia sido
belamente decorado para as exéquias ; o catafalco sobre o qual
descansava o belo esquife contendo os restos mortais do res-
peitado filho de Israel, era literalmente um leito de rosas e
flores perfumosas, tão numerosas e lindas eram as ofertas flo-
rais enviadas por amigos e admiradores . Uma delas ostentava
em letras púrpuras : 'O homem pode vir a ser como Deus é',
ilustrando de maneira notável um sentimento que há anos pre-
dominava nos pensamentos e atos do presidente . O Taberná-
culo estava totalmente tomado, e os serviços decorreram den-
tro da estrita solenidade da ocasião ."
Entre os que falaram no funeral estava Brigham Young
Jr., que prestou ao Presidente Snow este esplêndido tributo:
"Eu considerava o Presidente Lorenzo Snow um segundo
pai . Amei-o como a um pai e choro a sua partida ; mas sou
grato que estivesse rodeado de todo conforto, que houvesse paz
no seu lar e com o povo, e que ele passou para o repouso final
entre seus queridos familiares e amigos . Cerca de duas horas
antes de morrer, coloquei a mão sobre sua testa e perguntei :

LORENZO SNOW . 157

'Presidente Snow, o senhor me reconhece?' Olhando-me com


seu doce sorriso e olhos cheios de inteligência, ele falou : 'Acho
que sim' . Esteve consciente quase até o fim, e sabia que chega-
ra sua hora, pois falou a respeito . Se a fé e preces do povo
pudessem tê-10 salvo, o Presidente Snow estaria vivo ainda
hoje ; mas Deus decidiu de outra forma, e fomos privados de
um homem que foi um dos mais valorosos entre os levantados
pelo Onipotente para ajudar na fundação da grande causa que
ele instituiu para a salvação de seus filhos.
"Eu conhecia o Presidente Snow desde antes da morte do
Profeta Joseph Smith . Conhecia-o bem antes de o Profeta ser
martirizado e sabia que era amigo do Profeta, amigo dos líde-
res da Igreja e amigo de Deus . Embora ainda apenas um garo-
to, reconheci neste homem um poder que era nascido do Santo
Espírito. Conheço suas obras desde 1843, e nenhum homem
que já viveu entre nós foi mais meticuloso, mais diligente e
sábio em todas as posições em que foi colocado, e mostrou
maior integridade para com a obra do que o falecido Presiden-
te Lorenzo Snow . Eu amava esse homem como amei seus pre-
decessores ; e o grande trabalho-que realizou nestes últimos
três anos viverá na história da Igreja, mostrando para sempre
sua grandeza e capacidade de executivo e financista . Ele se
destacará entre aqueles que iniciaram esta grande e gloriosa
obra dos últimos dias . Graças sejam a Deus por eu tê-10 conhe-
cido! Embora chore a perda de sua companhia, sei que ele foi
para uma recompensa grande e gloriosa ; a ele está reservada
uma coroa que jamais perderá o brilho . Sei que sua família
sentirá sua falta, e seus irmãos também ; mas Lorenzo Snow
realizou um magnífico trabalho e seu exemplo é digno de ser
imitado."
O corpo do Presidente Snow foi sepultado no cemitério de
Brigham City, numa tarde de domingo, 13 de outubro de
1901 .
JOSEPH F . SMITH

JOSEPH F . SMITH 159

SEXTO PRESIDENTE

JOSEPH F . SMITH
(1838-1918)

No primeiro número do Millennial Star, publicado em


Manchester, Inglaterra, em maio de 1840, aparece uma carta
interessante ainda que patética de Mary Fielding Smith, espo-
sa do patriarca Hyrum Smith, dirigida ao irmão Joseph Fiel-
ding que servia como missionário na Inglaterra . Nessa carta,
Mary Smith conta alguns pormenores das perseguições que
ela e muitos santos sofreram por parte do populacho no Mis-
souri . Aproveitarei a oportunidade para reproduzir-lhe uns
poucos parágrafos . Está datada de "Commerce, Illinois, Amé-
rica do Norte, junho de 1839''.
"Meu mui querido irmão, — como os élderes esperam
despedir-se brevemente de nós para de novo pregar o Evange-
lho na minha terra natal, sinto que não posso deixar de apro-
veitar a oportunidade de escrever-lhe . Creio que terá prazer
em saber de nós de punho próprio, a despeito de que verá os
irmãos face a face e terá ocasião de ouvir todos os particula-
res sobre nós e nossas famílias da boca deles.
"Quanto a mim, faz tempo já desde que lhe escrevi, e
aconteceram tantas coisas importantes, e tão grandes têm sido
minhas aflições, que não sei por onde começar ; mas posso
dizer, até aqui tenho sido preservada pelo Senhor e continuo
viva para louvá-lo, como o faço hoje . Para falar a verdade,
tenho sido chamada a beber bastante da amarga taça ; mas
você sabe, meu querido irmão, isto torna o doce mais doce . . .
"Suponho que soube da prisão de meu amado marido
com seu irmão Joseph, o Elder Rigdon e outros, - que foram
afastados de nós por quase seis meses ; e suponho que ninguém
mais do que eu sentiu os penosos efeitos do seu confinamento.
"Fiquei numa situação que exigiu de mim o exercício de
toda coragem e força que eu possuía. Meu marido foi arranca-
do de mim por uma tropa armada numa hora em que eu ne-

160 OS PRESIDENTES DA IGREJA

cessitava, particularmente, de todo o cuidado e atenção de um


amigo assim ; em vez disso, súbita e inesperadamente, os cui-
dados de uma grande família ficaram sobre os meus ombros e,
poucos dias mais tarde, meu querido pequeno Joseph F . soma-
i a -se a eles . Pouco depois do nascimento dele, apanhei forte
resfriado, provocando calafrios e febre ; isto, somado à ansie-
dade mental que eu era obrigada a suportar, levou-me quase
às portas da morte . Fiquei no mínimo quatro meses sem poder
cuidar de mim ou da criança ; mas o Senhor foi misericordioso
em arranjar as coisas de tal maneira, que minha querida irmã
pôde ficar comigo o tempo todo . O filho dela estava com cinco
meses quando o meu nasceu ; assim, ela teve condições de
amamentar os dois, de modo que ambos foram bem e cresce-
ram depressa.
"Você deve ter ouvido de termos sido expulsos, como po-
vo, do estado e de nossas casas, mas saberá todos os pormeno-
res dos élderes, de maneira que é desnecessário eu descrevê-
los ; aconteceu durante minha doença, e tive que ser transpor-
tada por mais de trezentos e vinte quilômetros quase que só de
cama . Sofri muito durante a viagem ; mas passadas duas ou
três semanas depois de chegarmos no Illinois, comecei a me-
lhorar, e agora estou tão bem de saúde como sempre estive.
Faz pouco mais de um mês agora que o Senhor, com seu mara-
vilhoso poder, fez voltar meu amado marido, com os irmãos
restantes, para os seus em razoáveis condições de saúde . Esta-
mos vivendo agora em Commerce, nas barrancas do Rio Mis-
sissipi. A localização é muito agradável ; você gostaria de apre-
ciá-la . Por quanto tempo nos será permitido usufruí-la, eu não
sei ; o Senhor, porém, sabe o que é melhor para nós . Não me
preocupa muito onde eu estou desde que possa manter minha
mente fixa em Deus, pois, como sabe, nisto há perfeita paz ."
Foi nessas circunstâncias, pois, sob as mais penosas, peri-
gosas e patéticas condições que veio ao mundo Joseph F.
Smith.
Verificando a história, vejo que foi na terça-feira, 30 de
outubro de 1838, que uma milícia composta de uns dois mil
malfeitores apareceu diante de Far West . No dia seguinte,
apresentaram suas exigências aos santos, a primeira das quais
era de entregarem os líderes mórmons para "serem julgados e
punidos" . Foi em virtude dessa exigência, que o Profeta Jo-

JOSEPH F . SMITH 161

seph Smith, Sidney Rigdon, Parley P . Pratt e outros se entre-


garam aos líderes da turba, a fim de evitar luta aberta . A 1° de
novembro, quinta-feira, diz a história : "Hyrum Smith e Amasa
Lyman foram trazidos ao acampamento" . Na mesma noite, foi
realizada uma corte marcial, e o general comandante, Samuel
Lucas, ordenou ao General Doniphan que conduzisse "Joseph
Smith e os outros prisioneiros para a praça pública de Far
West e ali os fuzilasse às nove horas da manhã seguinte" . Para
honra eterna do General Doniphan, deve-se admitir que ele
recusou-se a cumprir essa ordem infame . Após alguma discus-
são entre os oficiais, os prisioneiros foram levados a Indepen-
dence para ser julgados ; poucos dias depois, porém, foram
mandados para Richmond, Condado de Ray, onde chegaram
no dia 9 de novembro . Ali ficaram detidos numa casa desocu-
pada. "Quando estavam ali confinados, o General Clark en-
viou o Coronel Price com duas correntes e cadeados com os
quais mandou acorrentá-los juntos . Depois, as janelas foram
fechadas com pregos ; os presos foram revistados, perdendo as
únicas armas de que dispunham — seus canivetes ."
Quatro dias mais tarde, na terça-feira, 13 de novembro,
enquanto Hyrum Smith jazia acorrentado numa "casa desocu-
pada" de Richmond, sua esposa Mary entrava em trabalho de
parto em Far West, e o " querido pequeno Joseph F . somava-se
a eles" . As dores, provações, dificuldades eram muitas ; no
entanto, aí estava uma criança que haveria de ser sua grande
recompensa . Ao prosseguirmos, veremos quanta nobreza ele
acrescentou ao nome ilustre dos pais e como, no devido tempo,
com grande capacidade e honra, presidiu a Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias, pela qual ambos deram a
vida .
Hyrum Smith casara-se primeiro com uma moça de nome
Jerusha Barden, em Palmyra, Nova York, em 1826 . Seis filhos
haviam nascido ao casal, quando Jerusha, mulher boa e fiel,
faleceu em Kirtland, Ohio, a 13 de outubro de 1837 . Cerca de
dois meses mais tarde, no dia 24 de dezembro, Hyrum casou-
se com Mary Fielding, uma moça inglesa que chegara recente-
mente a Kirtland, vinda de Toronto, Canadá . Mary era culta,
fina, educada, uma esplêndida companheira para Hyrum, e
plenamente capaz e qualificada para cuidar de seus filhos ór-
fãos de mãe . Pouco depois do casamento, Hyrum mudou-se
162 OS PRESIDENTES DA IGREJA

com a família para o Missouri, onde ocorreram as persegui


ções descritas nas páginas anteriores.
Há certos incidentes interessantes a respeito da primeira
infância de Joseph F . Smith . Ele próprio conta este que se deu,
pouco depois do seu nascimento:
"Depois de meu pai ser aprisionado pelo populacho, ma-
mãe ficou doente e continuou assim por vários meses . Em ja-
neiro de 1839, levaram-na de carroça, deitada na cama, para
ver o marido que se encontrava detido na Cadeia de Liberty,
pela única razão de ser um santo dos últimos dias . E enquanto
ela estava nessas condições, com o marido na prisão, um gru-
po de homens comandados por um pregador metodista cha-
mado Bogart, invadiram a casa, vasculharam-na, arromba-
ram um baú, carregando papéis e valores pertencentes ao meu
pai . Sendo bebê, eu estava deitado numa cama, havendo mais
uma no chão (com mamãe gravemente enferma, quem cuida-
va de mim era a Tia Mercy e outros familiares, os quais, du-
rante aqueles momentos de medo e excitação, esqueceram-se
completamente de mim) . Assim, quando o populacho invadiu o
quarto, atiraram a cama do chão sobre a outra, onde eu esta-
va, abafando-me completamente ; e ali fiquei até toda aquela
agitação passar . Quando se lembraram de mim e me encontra
ram, pensavam que minha existência chegara a termo ; porém,
os acontecimentos posteriores provaram que suas suposições
eram errôneas, ainda que bem fundadas ."
Seja como for, no decorrer de fevereiro ou março de
1839, Mary Smith, ainda de cama, foi levada do Missouri num
trenó ou carroça para Quincy, Illinois, onde alguns santos ha-
viam-se estabelecido temporariamente . Ela e o bebê permane-
ceram ali até a chegada do marido e pai, Hyrum Smith, no dia
22 de abril, após haver escapado dos oficiais de justiça do
Missouri . Dentro de poucas semanas, Hyrum transferiu a fa-
mília para Commerce, posteriormente chamada Nauvoo, onde
ficaram até a grande migração para o Oeste.
Da infância de Joseph F . Smith, vivida em Nauvoo, temos
algum conhecimento, pois tivemos a felicidade de fazer parte
de sua comitiva, quando ele visitou a cidade abandonada em
1906 . Recordava vividamente muitos acontecimentos interes -
santes . Mostrou-nos o lugar da estrada de onde vira seu pai e
o "Tio Joseph" partirem a cavalo para Carthage, naquele fatí-

JOSEPH F . SMITH 163

dico dia de junho de 1844 . "Este é o ponto exato", contou,


"onde eu estava, quando os irmãos passaram cavalgando a
caminho de Carthage . Sem desmontar, papai abaixou-se sobre
a sela e me apanhou do chão . Deu-me um beijo de despedida e
me colocou novamente no chão, e então eu. o vi ir embora" . 0
menino nunca voltou a ver o pai, a não ser morto . "Lembro-
me da noite do assassinato", continuou, "quando um dos ir-
mãos, chegando de Carthage, bateu na nossa janela depois do
escurecer e chamou por mamãe : 'Irmã Smith, seu marido foi
morto"' . Recordava o grito da mãe ao ouvir a pavorosa notí-
cia, e seu choro e lamentos durante toda a noite.
Quando. fomos ver o velho lar do Profeta Joseph Smith, o
presidente falou ao estarmos na cozinha : "Neste cômodo, fica-
ram os corpos nos esquifes, depois de terem sido trazidos de
Carthage e vestidos para o sepultamento . Lembro-me de como
mamãe me levantou para que eu pudesse ver o rosto de papai
e do Profeta pela última vez".
Lá fora, estando na barranca do Rio Mississipi, o Presi-
dente Smitlï nos mostrou o ponto de onde ficara observando os
santos deixando Nauvoo nos primeiros meses de 1846 . "Mui-
tos deles atravessaram sobre o gelo", contou, "pois, naquele
inverno, o rio chegava às vezes a congelar totalmente".
Joseph F . Smith era apenas uma criança, quando aconte-
ceram os trágicos eventos aqui relatados, que ainda estavam
nítidos e claros em sua memória, quando visitamos Nauvoo
com ele quase sessenta anos mais tarde.
Mary Smith permaneceu em Nauvoo até o verão de 1846,
até adquirir, com sua habilidade e engenho, número suficiente
de juntas e carroças para seguir os santos até Winter Quar-
ters. Ali se estabeleceu às margens do Missouri, até estar sufi-
cientemente equipada para empreender a longa jornada até os
vales das montanhas.
Joseph F . Smith deixou-nos um relato de algumas de suas
experiências de garoto, enquanto estava em Winter Quarters
ou vizinhanças . O que segue bem que vale a pena ser reprodu-
zido, visto que nos fornece um quadro íntimo de um incidente
da vida do garoto no qual se mostra a influência da sua queri-
da mãe modelando o seu caráter.
"No outono de 1847, mamãe e seu irmão, Joseph Fiel-
ding, fizeram uma viagem até St . Joseph, uns oitenta quilôme-

164 OS PRESIDENTES DA IGREJA

tros rio abaixo, com o propósito de adquirir provisões e roupas


para a família passar o próximo inverno e para a jornada
pelas planícies na primavera seguinte . Levaram duas carroças
puxadas por duas juntas de bois cada . Na época, eu tinha
quase nove anos de idade e acompanhei mamãe e titio como
carroceiro . 0 tempo não ajudava, as estradas estavam ruins e
choveu durante grande parte do caminho, tornando a viagem
dura, penosa e desagradável . Em St . Joseph, compramos os
comestíveis e roupas, e em Savannah carregamos nossa provi-
são de farinha de trigo, e de milho, toucinho defumado e ou-
tros gêneros . Na volta para Winter Quarters, uma noite acam-
pamos em campo aberto na baixada do Rio Missouri, às mar-
gens de um pequeno regato de primavera que desaguava no
rio a uns mil e duzentos metros de nós . Tínhamos perfeita
visão do rio, e podíamos observar cada metro da pequena
campina onde acampáramos . . . No lado oposto do ribeirão,
havia alguns homens com um rebanho de gado de corte que
estavam levando para negociar em St . Joseph e Savannah.
"Geralmente, deixávamos os bois pastando_ livremente
durante a noite quando acampávamos, mas desta vez, em vis-
ta da proximidade daquele rebanho, temendo que pudessem
misturar-se com os outros animais e serem levados com eles,
nós soltamos os bois para pastar com suas cangas . Na manhã
seguinte, quando fomos buscá-los, para nosso grande desapon-
tamento faltava nossa melhor junta de bois . Tio Fielding e eu
passamos a manhã inteira, até quase o meio-dia à caça deles,
mas sem resultado . 0 capim crescia alto e estava todo molha-
do de orvalho pela manhã . Andando pelo capim, pela mata e
pelas ribanceiras, nós estávamos encharcados até a pele, fati-
gados, desanimados, praticamente exaustos . Eu fui o primeiro
a voltar aos carroções nessa circunstância deplorável, e ao
aproximar-me, vi minha mãe ajoelhada em oração . Estaquei
um instante e depois fui-me aproximando devagarinho o sufi-
ciente para ouvi-la suplicar ao Senhor que não nos deixasse
assim desamparados, mas nos ajudasse a recuperar a junta
perdida, a fim de podermos seguir viagem em segurança.
Quando se ergueu dos joelhos, eu estava perto dela . A primei-
ra expressão que vi no seu querido rosto foi um lindo sorriso
que, desánimado como eu, estava, deu-me renovada esperan-
ça e a certeza que eu não sentira antes . Poucos momentos

JOSEPH F . SMITH 165

mais tarde, Tio Fielding chegou ao acampamento, molhado de


orvalho, abatido, cansado e completamente sem ânimo . Suas
primeiras palavras foram : 'Bem, Mary, os animais se foram .
Mamãe replicou com uma voz em que havia um toque de ani-
mação : 'Não faz mal, o desjejum de vocês está esperando há
horas, e agora, enquanto você e Joseph comem, eu vou dar
uma volta para ver se encontro os animais' . Titio ergueu as
mãos em perplexo assombro — se o Rio Missouri de repente
resolvesse inverter seu curso, nenhum de nós ter-se-ia sur-
preendido mais . 'Ora, Mary', exclamou, 'o que está pensando?
Andamos por todos os lados, vasculhamos a mata e procura-
mos entre o rebanho de gado ; nossos bois sumiram — é impos-
sível encontrá-los . Acho que alguém os levou, e é inútil você
querer procurá-los' . 'Não importa', disse mamãe, 'tomem o
seu desjejum que eu darei uma olhadela', e partiu em direção
do rio, seguindo o riacho, e ficou fora do alcance da voz . O
homem encarregado do rebanho de gado de corte, aproximan-
do-se do lado oposto do ribeirão, gritou : 'Madame, quando
amanhecia, eu vi sua junta de bois lá longe naquela direção',
apontando para o rumo oposto ao que mamãe seguia . Nós pu-
demos ouvir claramente o que ele falou, mas mamãe prosse-
guiu muito tranqüila, sem dar atenção às palavras dele e nem
mesmo voltou a cabeça para olhá-lo . Um momento mais tarde,
o homem voltou depressa para o seu rebanho que havia sido
reunido na passagem perto da orla da mata, e logo estavam a
caminho da estrada que leva a Savannah, desaparecendo de
vista em pouco tempo.
"Mamãe continuou acompanhando o riozinho até chegar
quase que à ribanceira do rio, e então acenou para nós . (Eu
ficara observando cada passo seu, para não perdê-la de vista .)
Levantamo-nos imediatamente do baú de mantimentos sobre o
qual estava servido o desjejum, e pusemo-nos a correr na dire-
ção dela ; e, como João, que correu mais depressa que os de-
mais discípulos para o sepulcro, eu venci também meu tio,
chegando primeiro junto a mamãe . Ali pude ver nossos bois,
presos numa moita de salgueiros que crescia no fundo de uma
ravina ; cavada pelo riacho na barranca arenosa do rio e total-
mente oculta . Não nos levou muito tempo soltá-los dali e levá-
los de volta ao acampamento, onde o resto dos animais ficara
a manhã inteira, amarrados às rodas dos carroções ; e logo

166 OS PRESIDENTES DA IGREJA

estávamos a caminho de casa, regozijando-nos . Aquele caso


foi uma das primeiras demonstrações práticas e positivas da
eficácia da oração que eu testemunhei . Causou-me uma im-
pressão indelével, e tem sido uma fonte de conforto, certeza e
orientação durante toda a vida ."
Na primavera de 1848, a maior parte dos santos estabele-
cidos temporariamente em Winter Quarters preparou-se para
iniciar a longa jornada pelas planícies, em busca do novo local
de congregação nos vales das montanhas . A Viúva Smith esta-
va entre eles, e embora houvesse feito o possível para equipar-
se apropriadamente com seus limitados recursos, quando che-
gou a hora de empreender a árdua jornada, ela estava mal
preparada . Havia conseguido arranjar sete velhos carroções
nos quais carregou seus pertences domésticos e suprimentos,
além dos de sua irmã, a Sra . Thompson, e outros que compu-
nham seu grupo . Mas todos juntos não possuíam animais sufi-
cientes para puxar as carroças . Entretanto, acoplando duas
carroças e atrelando também as vacas e terneiros, eles inicia-
ram a viagem, indômitos e cheios de fé . 0 pequeno e corajoso
Joseph F . também estava lá, agora com nove anos completos;
ele fazia o trabalho de um homem, dirigindo seus quatro bois
atrelados a um ou dois carroções sempre disposto e ansioso
por colaborar em tudo o que podia.
As experiências da jornada pélas planícies nunca foram
esquecidas por Joseph F . Smith . Durante toda a viagem, o ca-
pitão da companhia mostrou-se extremamente rude com a
mãe . "Um dos motivos de sua birra com mamãe", conta o
Presidente Smith, "era que ela não permitia que eu ficasse de
guarda à noite e cumprisse todos os deveres de um homem
adulto . Mas eu executava fielmente muitas tarefas que mere-
ciam ser feitas por alguém de mais idade . Eu atrelava, desa-
trelava e dirigia minhas juntas e fazia meu turno de vigia com
os homens durante o dia".
Em certo ponto da jornada, "quando a companhia avan-
çava com lentidão em meio à ardente areia e pó, nas proximi-
dades de Sweetwater, com o sol queimando excessivamente
perto do meio-dia, um dos melhores bois da Viúva Smith foi ao
chão, rolou para o lado, destendendo as pernas espasmodica-
mente, dando mostras de estar nas últimas . Foi opinião unâni-
me de que ele estava envenenado . Naturalmente, todos os que

JOSEPH F . SMITH 167

vinham atrás tiveram que parar, e as pessoas vieram ver o


que acontecera . Em pouco tempo, o capitão, que ia à frente da
companhia, percebeu que havia algo de errado e veio ao local
do acidente . Por certo, ninguém supunha nem por um momen-
to que o animal iria recuperar-se, e ao vê-lo, as primeiras pa-
lavras do capitão foram : 'Está morto ; não adianta mais nada;
bem, temos que arranjar um meio de levar a viúva conosco;
eu bem que a avisei de que ela seria um peso para a compa-
nhia'.
"No meio tempo, a Viúva Smith estivera procurando um
frasco de óleo consagrado numa das carroças, e agora apare-
cia com ele, e pediu ao irmão Joseph Fielding e outros . dos
irmãos que administrassem o boi, pensando que o Senhor o
faria levantar-se . Eles assim fizeram _ derramaram um pou-
co do óleo no alto da cabeça dele, entre e atrás dos chifres, e
todos impuseram as mãos, enquanto um orava, administrando
a ordenança como fariam com uma pessoa doente . Num mo-
mento, ele moveu as pernas e à primeira palavra, pôs-se de
pé, passando a trabalhar tão bem como sempre ."
Sem dúvida, foram a fé e a determinação da Viúva Smith,
e as bênçãos de Deus que a fizeram chegar com seu grupo até
o Vale do Lago Salgado, onde chegaram no dia 23 de setembro
de 1848 . Agora sua primeira providência seria encontrar um
meio de subsistência e alguma forma de sustentar a família.
Estabeleceu-se em Mill Creek, ao sul da Cidade do Lago Salga-
do, e dentro de dois anos, construiu uma casa confortável e
adquiriu uma boa propriedade agrícola . Porém, a Viúva Smith
não agüentaria por muito tempo os rigores e privações da vida
pioneira . Adoeceu no verão de 1852, vindo a falecer tranqüila-
mente a 21 de setembro, rodeada de familiares e amigos.
II

Joseph F. Smith era agora um rapaz órfão, faltando pou-


cos meses para completar catorze anos . Tendo o mundo diante
de si, o que faria e qual o caminho iria escolher? A mãe fora
tudo para ele, e dela aprendera lições de valor ; ele haveria de
lembrar-se do que ela lhe ensinara ; não pretendia desapontá-
la . Esforçar-se-ia para tornar-se um dos homens fortes da
Igreja, conservando o bom nome de ambos os pais .

168 OS PRESIDENTES DA IGREJA

O rapaz, todavia, tinha que vencer algumas tendências.


Possuía um temperamento irritadiço e 'não hesitava em usar
os punhos, quando suficientemente provocado . Certa vez con-
tou ao meu pai, Charles W . Nibley, (a 4 de dezembro de 1907
tornou-se o quinto bispo da Igreja) um incidente ocorrido pou-
co após a morte de sua mãe, quando entrou em conflito com
seu professor. "Minha irmãzinha Martha", contou, "foi cha-
mada para ser castigada . O professor mandou a criança esten-
der a mão e quando o vi tirar a cinta de couro, eu simplesmen-
te disse, bem alto : 'Não dê nela com isso!' ; então ele veio para
o meu lado, a fim de bater em mim, mas em vez disso, quem
levou foi ele, bem e bastante" . Pelo que me foi dado saber,
esse episódio encerrou a instrução formal de Joseph F . Smith.
Que fazer agora? Talvez o "tio" George A . Smith, um dos
doze apóstolos, que tinha grande afeição pelo menino, tomasse
a si o encargo do seu futuro . Seja como for, na conferência de
abril de 1854, q,iatro meses depois do seu décimo quinto ani-
versário, seu nome foi lido entre os dos missionários chama-
dos a pregar o Evangelho aos nativos das Ilhas Havaianas.
Era fora do comum que se confiasse um chamado assim
importante a uma pessoa tão jovem ; contudo, as experiências
passadas por ele haviam-no feito assumir por algum tempo o
papel de homem adulto . Ele era alto e forte, corajoso e capaz
de cuidar de si em qualquer situação . Tinha-se desenvolvido
além de sua idade . Possuía uma fé total e sincera na religião
de seus pais . As autoridades da Igreja estavam mais que cer-
tas de que ali estava um rapaz em quem podiam confiar.
E assim, quando o grupo de missionários, sob a presidên-
cia de Parley P . Pratt, partiu da Cidade do Lago Salgado para
a costa do Pacífico, a 27 de maio de 1854, tomando a rota sul
por San Bernardino e viajando de carroções puxados por jun-
tas de bois, Joseph F . Smith estava entre eles . A história regis-
tra que era o mais moço do grupo.
A bem da brevidade, omitiremos os detalhes dessa sua
viagem para as ilhas ; como, chegando a San Bernardino, foi
obrigado a trabalhar nas montanhas "fazendo telhas de ma-
deira para um homem chamado Morse", a fim de ganhar o
dinheiro da passagem de navio até São Francisco ; como em
São Francisco, novamente sem dinheiro, o rapaz foi procurar
trabalho na colheita de culturas das redondezas, para "obter

JOSEPH . F : SMITH 169

meios para comprar roupa" e a passagem para as ilhas . Final-


mente tudo pronto, no dia 8 de setembro de 1854, nove mis-
sionários subiram a bordo do navio Vaquero, no porto de São
Francisco, com destino às Ilhas Havaianas.
Os élderes tentaram conseguir passagens de terceira clas-
se (as mais baratas existentes), mas como não havia nenhuma
nesse navio, "foi preciso arranjar-lhes acomodações especiais
com a tripulação" . Após uma viagem tempestuosa de dezeno-
ve dias, o Vaquero aportou em Honolulu, no dia 27 de setem-
bro. Desde sua partida, da Cidade do Lago Salgado, haviam-se
passado quatro meses . Quando os missionários entravam no
porto, muitos nativos vieram ao encontro deles, alguns de ca-
noa e outros nadando . Joseph F . Smith ficou prestando aten-
ção, enquanto conversavam entre si e com o pessoal do navio
e imaginava que jamais conseguiria entender o idioma nativo.
Poucos dias mais tarde, Joseph F . foi designado a traba-
lhar na Ilha Maui, de onde escreveu, no dia 20 de outubro,
uma longa carta ao primo do pai, George A . Smith, então na
Cidade do Lago Salgado . Gostaríamos de transcrever na ínte-
gra essa esplêndida carta, porém o espaço limitado não o per-
mite. Entretanto, citaremos dois ou três parágrafos para mos-
trar a força de caráter, o poder da fé e convicção possuídos
por esse jovem — que ainda não alcançara os dezesseis anos
de idade.
"Sinto-me grato por seu conselho'', diz ele, "pois sei que é
bom, e sei que a obra na qual estou engajado é o trabalho do
verdadeiro Deus vivo. Estou pronto a prestar meu testemunho
a qualquer hora e em qualquer lugar, ou sejam quais forem as
circunstâncias ; e espero e oro que eu possa ser sempre fiel
servindo ao Senhor, meu Deus.
"Estou contente em poder dizer que estou pronto para o
que der e vier pela causa na qual estou engajado, esperando e
orando sinceramente poder ser fiel até o fim . Isto é o que sin-
to ; e tenho vontade de bendizer os vales das montanhas e
quase tudo o que neles há, o dia inteiro . . .
"Dê recomendações minhas a todo o pessoal ; a George e
sua irmã ; e lembranças ao primo Elias e sua gente, e também
à prima Jane e aos meninos ; e diga-lhes que se lembrem de
mim em suas orações, para que eu consiga perseverar com
fidelidade e cumprir o meu chamado honrosamente para mim

170 OS PRESIDENTES DA IGREJA

mesmo e para a causa na qual estou engajado . Preferiria mor-


rer nesta missão a desgraçar-me ou desgraçar meu chamado.
Estes são os sentimentos de meu coração . Rogo que possamos
perseverar fielmente até o fim, e sermos mais tarde coroados
no Reino de Deus com aqueles que nos precederam ."
Um jovem capaz de escrever uma carta como esta prome-
tia muito . Ele se provou fiel e teve êxito nessa missão assim
como se provou fiel e teve êxito em toda a sua vida . Permane-
ceu nas Ilhas Havaianas pouco mais de três anos, criando
uma reputação de missionário diligente e fiel, o que lhe pro-
porcionou honra e alegria.
A viagem de volta foi semelhante à de ida — até São
Francisco de navio, depois descendo a costa da Califórnia até
San Bernardino, e de lá pelo deserto até a Cidade do Lago
Salgado . No dia 24 de fevereiro de 1858, chegava em casa
bem disposto e em segurança . Tinha agora dezenove anos e
três meses .
III

Ao chegar, Joseph F . descobriu que os líderes da Igreja e


santos em geral estavam profundamente preocupados com a
aproximação das tropas de Johnston, que no momento encon-
travam-se mobilizadas no Forte Bridger . "No dia seguinte ao
de minha chegada", conta ele, "apresentei-me ao Presidente
Young e imediatamente me alistei na legião destinada a defen-
der-nos contra a intrusão de um exército hostil e ameaçador.
Daquele momento até chegar a proclamação de paz e perdão
pleno do Presidente Buchanan, estive constantemente na sela,
patrulhando e explorando a região entre a Cidade do Grande
Lago Salgado e o Forte Bridger, então sob o comando do Coro-
nel Thomas Callister e outros . Eu fazia parte de uma guarda
avançada sob o comando de Orrin P . Rockwell, quando os
comissários Powell e McCollough foram ao nosso encontro
perto do Rio Weber, trazendo a proclamação do presidente.
Depois fiz parte do destacamento que guardava a deserta Ci-
dade do Lago Salgado até que passassem as tropas a caminho
do Acampamento Floyd . Em seguida, ajudei meus parentes a
retornarem para suas casas que haviam abandonado algum
tempo antes, refugiando-se no sul do território" .

JOSEPH F. . SMITH 171

No dia 5 de abril de 1859, Joseph F . casava-se com Levi-


ra A. Smith, da Cidade do Lago Salgado . Pretendia agora esta-
belecer um lar e acumular recursos suficientes para o próprio
sustento e o da família . Porém, a Igreja voltou a solicitar seus
serviços . Na conferência anual de abril de 1860, seu nome
constava entre os daqueles chamados ao trabalho missionário
e lidos diante da congregação . Desta vez, seu chamado era
para a Inglaterra. Após a conferência de abril, ele apresentou-
se para cumprir o seu dever, iniciando pouco depois a estafan-
te jornada para o Leste, pelas planícies, "dirigindo duas pare-
lhas de mulas" em troca de condução e comida . Chegou à
cidade de Nova York, ao fim de dois meses e meio, e'no dia 14
de julho, embarcava para Liverpool no vapor Edinhurgh, che-
gando na Inglaterra sem maiores novidades.
A maior parte do tempo de Joseph F . na Inglaterra ele
passou na Conferência de Sheffield, onde fora chamado a pre-
sidir . Foi nessa missão, sem dúvida, que desenvolveu o mara-
vilhoso dom da palavra que possuía em alto grau . De todos os
homens que já ouvi falar, considero-o o mais eloqüente e im-
pressivo . Tinha uma voz agradável e cativante ; sabia expres-
sar-se com extrema bondade e gentileza ; mas quando provo-
cado ou zangado, sua reprovação ao pecador era terrível.
Sempre achei Joseph F . Smith o maior de todos os pregadores
do Evangelho que já ouvi.
Um incidente ocorrido durante a missão de Joseph F . na
Inglaterra talvez seja do interesse para o leitor . Certo domin
go, em Sheffield, um dos membros do ramo, o Irmão William
Fowler que trabalhava como polidor e afiador numa cutelaria,
trouxe um hino de sua autoria, pedindo que fosse ensaiado
pelo coro. A primeira linha da letra dizia : "Damos graças a ti,
ó Deus amado" . Atualmente é um dos mais conhecidos e ouvi-
dos de todos os hinos cantados pelos santos dos últimos dias.
Pouco após a chegada de Joseph F . na Inglaterra, George
Q . Cannon foi designado pelo Presidente Brigham Young para
presidir a Missão Européia . Isto permitiu aos dois encontra-
rem-se freqüentemente, formando-se entre eles uma profunda
amizade . Posteriormente iriam servir juntos como conselhei-
ros de três presidentes da Igreja.
Antes de voltar para casa, foi dada a Joseph F. oportuni-
dade de visitar vários países da Europa . Percorreu os ramos

172 OS PRESIDENTES DA IGREJA .

da Igreja na Dinamarca, em companhia do Presidente George


Q . Cannon, e mais tarde esteve em visita a Paris e outras cida-
des francesas . Pôde assim ampliar sua educação com as opor-
tunidades que lhe deu a sua Igreja . Antes de completar vinte e
três anos de idade, havia cruzado dois oceanos para procla-
mar o Evangelho em muitos países.
Desobrigado da sua segunda missão, Joseph F . partiu de
Liverpool, a 24 de junho de 1863, retornando ao lar em setem-
bro, depois de vencer sua terceira jornada pelas planícies.
Mais uma vez na Cidade do Lago Salgado, junto aos entes
queridos e amigos, Joseph pensou novamente que "agora che-
gara o tempo em que podia sossegar um pouco e cuidar de si".
Porém, o Presidente Brigham Young voltou a solicitar-lhe novo
serviço para a Igreja . Parece que um élder de nome Gibson
andara causando problemas consideráveis entre os santos no
Havaí, fazendo com que o Presidente Young achasse necessá-
rio enviar dois membros dos Doze, Ezra T . Benson e Lorenzo
Snow para resolverem as dificuldades . Como estes irmãos não
sabiam falar a língua local, ele solicitou que Joseph F . Smith e
dois outros élderes que haviam trabalhado nas ilhas os acom-
panhassem . Partiram da Cidade do Lago Salgado no dia 1 9 de
março de 1864 _ era a terceira missão de Joseph F . antes de
completar vinte e seis anos . 0 Senhor, sem dúvida, estava pre-
parando-o para a grande responsabilidade que um dia assumi-
ria como Presidente da Igreja . Essa segunda missão nas ilhas
foi fielmente cumprida, e em dezembro de 1864, Joseph F.
voltava para a Cidade do Lago Salgado, depois de haver exe-
cutado as tarefas de que fora encarregado.
Depois de voltar, ele trabalhou por algum tempo no escri-
tório do Historiador da Igreja, e foi assistente de George A.
Smith . No dia 1° de julho de 1866, quando ainda se dedicava a
esse serviço, foi convidado a comparecer a uma reunião de
diversos apóstolos e o Presidente Young "na sala superior do
Escritório do Historiador" . Ao término da reunião, "o Presi-
dente Young voltou-se para os irmãos e falou : 'Esperem, devo
fazer conforme sou guiado? Sempre me sinto bem fazendo o
que o Espírito me compele. Penso em ordenar o Irmão Joseph
F . Smith ao apostolado e fazê-lo um de meus conselheiros"
Os irmãos presentes aprovaram a proposição do Presidente
Young, e conseqüentemente, Joseph F . Smith foi ordenado a

JOSEPI-I F . SMITH 173

esse alto e santo chamado pelo presidente . Como na época não


havia vaga no quorum, a questão só foi divulgada no dia 8 de
abril de 1867, quando seu nome foi apresentado na conferên-
cia, sendo ele então apoiado como membro do Quorum dos
Doze Apóstolos, sucedendo a Amasa M . Lyman . (Excomunga-
do por negar a expiação .) O filho da viúva, o menino-
vaqueiro das planícies, o jovem missionário era agora reco-
nhecido devido à sua fé e fidelidade, sua capacidade e devo-
ção, e ocupava seu lugar no quorum dirigente da Igreja, logo
abaixo da Primeira Presidência . Dali em diante, tornou-se um
dos homens fortes da Igreja, um homem que ajudaria a guiar
seu destino durante os anos tumultuosos que a esperavam.

IV

Foi nesse mesmo ano, 1867, que meu pai, Charles W . Ni-
bley, travou conhecimento com Joseph F . Smith . Ele conta o
acontecido nestas palavras:
"A primeira vez que me lembro de haver visto Joseph F.
Smith foi na pequena aldeia de Wellsville, no ano de 1867.
Tinha então vinte e oito anos, e fora escolhido recentemente
um dos Doze Apóstolos . O Presidente Brigham Young e comiti-
va estavam visitando as colônias do norte, e o novo apóstolo,
Joseph F`. Smith, estava entre eles . Ouvi-o pregar na velha
capela de Wellsville, e comentei na ocasião que excelente
exemplo de moçó estava ali — forte, vigoroso, dono de bela
voz, cheio de simpatia e afeição, falando de modo tão atraente
que me impressionou, embora eu fosse um rapaz de apenas
dezoito anos . Ele' era um homem muito simpático " .
Desde sua volta da segunda missão nas ilhas, em 1864
até fevereiro de 1874, um período de dez anos, foi permitido a
Joseph F . Smith permanecer em casa, excetuando-se suas visi-
tas a várias estacas . Durante esse tempo, além de ganhar a
vida e cuidar de seus deveres eclesiásticos, ele serviu como
membro da Assembléia Legislativa Territorial.
Na conferência de outubro de 1873, Joseph F . Smith foi
chamado pela Primeira Presidência para presidir a Missão Eu-
ropéia . Imediatamente começou os preparativos para aceitar
essa importante posição ; partiu para a Inglaterra no dia 28 de

174 OS PRESIDENTES DA IGREJA

fevereiro de 1874, onde chegou a 2.1 de março . Estava inician-


do agora sua quarta missão.
Durante os anos de 1874 e 1875, visitou os ramos da
Igreja na Inglaterra e Escócia . Fez também uma viagem pela
França, Suíça, Alemanha e países escandinavos . No outono de
1875, foi desobrigado a fim de poder voltar para casa após a
morte de George A . Smith, conselheiro do Presidente Brigham
Young.
Em 1876, o Presidente Smith foi chamado a presidir as
colônias no Condado de Davis . Em abril de 1877, comparecia
à dedicação do Templo de St . George e à conferência anual da
Igreja' ; realizada na mesma época . No segundo dia da confe-
rência, 7 de abril, era novamente chamado pelo Presidente
Young para encarregar-se da Missão Européia . O presidente
comunicou-lhe que seria "uma longa missão", mas a Divina
Providência determinou o contrário . No dia 29 de agosto do
mesmo ano, morria o Presidente Brigham Young, e o Conselho
dos Doze Apóstolos ordenou que o Presidente Smith retornasse
"tão logo fosse possível " .
Após sua chegada na Cidade do Lago Salgado, o Presiden-
te Smith reunia-se diariamente em conselho com os irmãos . 0
Quorum dos Doze era agora o órgão governante da Igreja,
tendo como presidente John Taylor.
No outono de 1878, Joseph F . Smith e Orson Pratt foram
enviados em missão aos estados do Leste, "a fim de colher
registros e dados referentes aos primórdios da história da
Igreja" . Eles chegaram a Independence, Missouri, no dia 6 de
setembro, e no mesmo dia visitaram o local do templo . Na
mesma noite, seguiram para Richmond, e no dia seguinte fo-
ram procurar David Whitmer, a última testemunha viva do
Livro de Mórmon . O Presidente Smith deixou-nos um excelen-
te relato dessa visita, porém muito extensa para ser aqui re-
produzida . Aproveito a oportunidade para citar apenas um pa-
rágrafo . Quando Orson Pratt lhe perguntou : "Lembra-se de
quando foi que viu as placas?", David Whitmer replicou : "Foi
em junho de 1829, bem pelo fim do mês, e as oito testemu-
nhas, creio, no dia seguinte . Joseph mostrou-lhes (às oito tes-
temunhas) as placas pessoalmente . Nós vimos não só as placas
do Livro de Mórmon, como as placas de latão . O fato é que
foi exatamente como se Joseph, Oliver e eu estivéssemos sen-

JOSEPH F. SMITH 175

tados bem aqui num tronco, quando fomos ofuscados por uma
luz . Não se parecia com a luz do sol, nem com a do fogo, era
muito mais gloriosa e bela . Ela estendeu em torno de nós, quão
longe não sei dizer, mas bem no centro dessa luz, imediata-
mente à nossa frente, mais ou menos tão distante quanto ele
está (apontando para John C . Whitmer, que estava sentado a
uns sessenta a noventa centímetros dele), apareceu como que
uma mesa, tendo sobre ela muitos registros, além das placas
do Livro de Mórmon ; igualmente a espada de Labão, os Guias
isto é, a esfera encontrada por Léhi) e os Intérpretes . Eu as vi
tão claramente quanto vejo esta cama (batendo com a mão na
cama ao lado) e ouvi a voz do Senhor tão distintamente quanto
tudo o que já tenha ouvido em minha vida, declarando que
elas (as placas) foram traduzidas pelo dom e poder de Deus".
E sorte que esta entrevista, uma das últimas dadas por
David Whitmer, fosse preservada por Joseph F . Smith.
Durante essa viagem pelo Leste, os irmãos visitaram o
Monte Cúmora, o Templo de Kirtland, Far West e 'outros pon-
tos interessantes . Voltaram para a Cidade do Lago Salgado no
dia 28 de setembro.
Após a morte do Presidente Brigham Young, por mais de '*
três anos a Igreja foi governada e regida pelo Quorum dos
Doze Apóstolos como órgão dirigente . No domingo, 10 de outu-
bro de 1880, era anunciado aos santos que a Primeira Presi-
dência fora reorganizada, tendo John Taylor como presidente
da Igreja, e George Q . Cannon e Joseph F . Smith como conse-
lheiros . Era na verdade uma grande honra para estes três ir-
mãos . Vale notar que tanto George Q . Cannon como Joseph F:
Smith perderam os pais ainda durante a infância . Haviam
vencido o caminho para o alto sozinhos ; todavia, não total-
mente sós, pois foram humildes e dependentes daquele que
não abandona seus filhos fiéis.
Com o advento da gestão do Presidente Taylor, o governo
iniciou uma encarniçada e implacável campanha contra . a
prática da poligamia . A Lei Edmund, aprovada pelo congresso
em 1882, era extremamente drástica ; tirava do povo de Utah
o direito a governo próprio, e aos santos que praticavam o
casamento plural era negado o direito de votar . Como o Presi-
dente Joseph F . Smith obedecera a esse princípio e ainda ocu-
pava um alto cargo na Igreja, logo foi alvo da atenção dos

176 OS PRESIDENTES DA IGREJA

oficiais federais . Em outubro de 1884, foi informado de que


dois delegados haviam sido encarregados de intimá-lo a com-
parecer perante o júri de instrução . Conseqüentemente, viu-se
obrigado a refugiar-se na clandestinidade ; durante os sete
anos seguintes, foi procurado pelos oficiais federais, porém
sem ser encontrado . Durante o outono de 1884 e inverno se-
guinte, ele passou bastante tempo visitando as colônias de
santos no sul de Utah, Colorado, Arizona, Novo México e Cali-
fórnia . Em janeiro de 1885, acompanhado de sua esposa Juli-
na e filha pequena, ele partia para as Ilhas Havaianas, onde
supervisionou o trabalho missionário até julho de 1887, quan-
do foi chamado de volta, por causa da grave enfermidade do
Presidente John Taylor . Chegou a Kaysville, Utah, no dia 18
de julho, podendo assim ficar com o Presidente Taylor vários
dias antes que falecesse, a 25 do mesmo mês.
Mais uma vez o Conselho dos Doze Apóstolos passou a
governar a Igreja, tendo à sua frente o Presidente Wilford
Woodruff. A Primeira Presidência só foi reorganizada em 5 de
abril de 1889, quando o Presidente Woodruff escolheu para
seus conselheiros George Q . Cannon e Joseph F . Smith . O Pre-
sidente Smith ainda era forçado a manter-se oculto, embora a
Igreja abandonasse o princípio e prática da poligamia em ou-
tubro de 1890, conforme o manifesto proclamado pelo Presi-
dente Woodruff. Entretanto, somente em setembro de 1891 é
que Joseph F . Smith foi anistiado pelo Presidente dos Estados
Unidos, recobrando assim sua plena liberdade . No domingo,
17 de setembro, dirigiu-se aos santos no Tabernáculo de Salt
Lake, pela primeira vez em sete anos . "Hoje é um dia memo-
rável para mim", disse ele, "e não tenho palavras para expri-
mir minha gratidão a Deus".
O principal acontecimento nos anos subseqüentes do go-
verno do Presidente Woodruff foi a dedicação do Templo de
Salt Lake no dia 6 de abril de 1893 . Há quarenta anos, os
santos vinham erigindo o belo e imponente edifício . Quando
garoto, Joseph F . Smith testemunhara o lançamento da pedra
fundamental, e agora, quando a obra era inaugurada ele esta-
va presente como um membro da Primeira Presidência.
A 2 de setembro de 1898, falecia em São Francisco, aon-
de fora tentar recuperar a saúde, o Presidente Wilford Woo-
druff. A Primeira Presidência foi novamente dissolvida, ca-

JOSEPH F . SMITH 177

bendo ao Quorum dos Doze Apóstolos, presidido por Lorenzo


Snow, a responsabilidade de governar os membros . Na reu-
nião dos Doze, a 13 de setembro, Lorenzo Snow foi apoiado
como presidente da Igreja ; escolheu como conselheiros os
mesmos homens que haviam servido com os dois presidentes
anteriores, George Q. Cannon e Joseph F . Smith . Quando che-
gou à presidência da Igreja, Lorenzo Snow tinha oitenta e qua-
tro anos de idade . Viveu apenas três anos exercendo os deve-
res de seu importante ofício . Quando da sua morte, a 10 de
outubro de 1901, Joseph F . Smith tornou-se presidente . Esse
importante ato deu-se numa reunião dos Doze, realizada a 17
de outubro .

Na ocasião em que era apoiado como presidente da Igre-


ja, Joseph F . Smith estava a um mês do seu sexagésimo tercei -
ro aniversário . Era um homem fisicamente forte e vigoroso, de
mente e corpo saudável, qualificado pelo treinamento e expe
riência para o alto cargo . Foi o primeiro presidente da Igreja
nascido de pais SUD ; deles aprendera os ensinamentos do
Evangelho ; deles herdara um forte desejo natural de ser útil
na obra de Deus e de preservar o bom nome com que havia
sido abençoado.
A gestão de Joseph F . Smith na presidência da Igreja fo-
ram anos de prosperidade e progresso . Já em 1906, a Ìgreja
estava totalmente livre de dívidas, e desde aí, tem-se mantido
a .salvo de obrigações financeiras, graças à boa administração
dele e de seus sucessores . Quantas vezes os santos não ouvi-
ram durante o governo do Presidente Smith esta sua vibrante
recomendação : "Livrai-vos das dívidas ; conservai-vos livres
de dívidas ; jamais hipotequeis vossas casas nem vossas fazen-
das" . Durante a vida inteira, ele próprio praticou o princípio
de "pagar na hora".
Muitos edifícios esplêndidos foram construídos durante a
gestão do Presidente Smith, entre eles o Edifício do Bispado
Presidente, o Hotel Utah, o Escritório Central da Igreja, o Hos-
pital SUD, os templos de Alberta e do Havaí . Nenhum presi-
dente desde Brigham Young empreendeu programa de cons
trução mais atuante .

178 OS PRESIDENTES . D'A IGREJA

O Presidente Smith mostrava um interesse todo especial


pelos antigos marcos históricos da Igreja . Durante sua gestão,
autorizou a compra da casa em que nasceu o Profeta Joseph
Smith localizada em Sharon, Vermont, a Cadeia de Carthage e
a fazenda de Joseph Smith, em Palmyra . Foi adquirida igual-
mente parte do terreno originalmente destinado ao templo, em
Independence, Missouri.
Um dos momentos históricos durante o governo do Presi-
dente Smith foi a construção e dedicação do Monumento . a
Joseph Smith em Sharon, Vermont, na época do centenário do
nascimento do Profeta, no dia 23 de dezembro de 1905 . A essa
celebração, compareceram o Presidente Smith, seu conselhei-
ro Anthon H . Lund, várias autoridades gerais e amigos . A ceri-
mônia dedicatória deu-se às onze horas daquele dia histórico,
sendo a oração oferecida pelo Presidente Smith . Como revela
os sentimentos profundos de seu coração, gostaríamos de re-
produzir-lhe uns poucos parágrafos : "Pai nosso, que estás nos
céus, santificado seja o teu sacratíssimo nome! Nós, teus ser-
vos e servas, representando a Igreja de Jesus Cristo dos San-
tos dos Últimos Dias, estamos aqui reunidos para dedicar este
monumento à memória do teu servo Joseph Smith, o grande
profeta e vidente do século dezenove, que veio ao mundo perto
deste local, no dia 23 de dezembro de 1805 há cem anos
atrás . Foi dele que recebemos o Evangelho restaurado que lhe
foi revelado pelo Pai Eterno, através de Jesus Cristo, o Filho.
"Com o coração repleto de graças a ti pela luz do teu
Evangelho, pela autoridade do santo Sacerdócio e pela orde-
nança de salvação para os vivos e os mortos, revelados por
intermédio do teu servo Joseph Smith ; em carinhosa memória
a ele, e gratos pelo privilégio de estarmos presentes nesta oca-
sião, dedicamos-te o terreno em que se ergue este monumento;
para que seja sagrado e muito santo . Dedicamos o alicerce,
simbolizando o fundamento de apóstolos e profetas, tendo Je-
sus Cristo, teu filho, como principal pedra de esquina, lançado
por ti . Dedicamos a base como símbolo da rocha de revelação
sobre a qual está construída a tua igreja . Dedicamos suas ins-
crições, como parte do projeto inteiro . Dedicamos a pedra do
topo como sinal da gloriosa coroa a que o teu servo Joseph fez
jus, em virtude da ,sua integridade para com a tua causa, e da
recompensa semelhante que adornará a cabeça de todos os

JOSEPH F . SMITH 179

seguidores fiéis . Dedicamos a agulha como lembrança do ins-


pirado homem de Deus a quem realmente transformaste numa
flecha limpa em tua mão, refletindo a luz dos céus, mesmo a
tua luz gloriosa, para os filhos dos homens . Dedicamos o mo-
numento inteiro como indicador do trabalho final da redenção
humana . . ."
Ao final dos serviços de dedicação, o Presidente Smith e
comitiva reuniram-se no chalé que fora erguido em torno da
lareira do velho lar da família Smith . Ali, Anthon H . Lund
ofereceu ao Presidente Smith uma corrente de relógio "em
nome da comitiva de Utah" . Joseph F . Smith replicou, em
parte : "Não sei se posso confiar em mim mesmo para dizer
alguma coisa . Não seria sincero alguém em minha posição di-
zer menos de que, acima de todas as riquezas ou honras que o
mundo pode conceder, eu estimo o amor e confiança de meus
companheiros - saber que possuo um pouco de mérito, que
sou digno, por pouco que seja, de contar com a confiança e o
amor de homens e mulheres de bem . Meu coração, natural-
mente, tem estado a transbordar o dia inteiro . Ontem, enquan-
to visitava, o lugar de nascimento de meu pai e alguns de seus
irmãos e irmãs, e contemplando esta terra acidentada, cheia
de montes e ravinas, o pensamento de que foi aqui que meus
parentes nasceram, que talvez estejamos passando pelos mes-
mos caminhos e as mesmas ravinas, e possivelmente comendo
do produto dos mesmos pomares dos quais se serviram nossos
antepassados de duas ou três gerações atrás, e depois a idéia
de dedicar este monumento (aqui o presidente sucumbiu
com a voz embargada de emoção e os olhos cheios de lágrimas
mas, fazendo grande esforço para controlar-se continuou) . —
Meu coração parece o de uma criança . Emociona-se com faci-
lidade, especialmente com o amor . Sou muito mais capaz de
chorar de alegria do que de dor . Talvez isto se deva em parte
ao fato de que todas as minhas primeiras lembranças sejam
tristes e amargas . As perseguições ao Profeta e ao povo no
Missouri e Illinois, o martírio final do Profeta e de meu pai, a
expulsão dos santos de Nauvoo, viúvas e órfãos sendo escorra-
çados de seus lares, a jornada pelas planícies, as privações
sofridas durante os primeiros tempos no vale do Grande Lago
Salgado, enquanto tentávamos construir um lar ali, minhas
experiências nas planícies, ficando de guarda, pastoreando o

180 OS PRESIDENTES DA IGREJA

gado e subindo os desfiladeiros ; e depois, aos quinze anos,


partindo para uma missão nas Ilhas Sandwich, tão distantes,
aparentemente sozinho, sem pai nem mãe, sem parentes ou
amigos, — tudo isso contribuiu para deprimir meu espírito
durante a mocidade . Mas, pela graça de Deus, tive a força de
me preservar de pecados mortais . E agora, quando sinto as
expressões de confiança e amor por parte de meus irmãos e
irmãs, elas vão direto ao meu coração . ."
Em 1906, o Presidente Joseph F . Smith e um grupo de
amigos, do qual meu pai Charles W. Nibley teve a honra de
fazer parte, organizaram uma extensa viagem pela Europa,
visitando as congregações de santos na Alemanha, Holanda,
Bélgica, Suíça, França e Ilhas Britânicas . Na volta, passaram
por Nauvoo, Carthage e Far West — locais históricos dos pri-
meiros tempos da Igreja . Foi a primeira visita do Presidente
Smith à Cadeia de Carthage, cena da morte do seu pai . Até lá
sempre se mantivera deliberadamente longe desse prédio . Es-
távamos com ele nessa ocasião e ouvimos quando comentou
com meu pai : "Charley, detesto este lugar . Vir aqui dilacera
meus sentimentos".
Durante sua gestão, o Presidente Smith fez quatro via-
gens para as Ilhas Havaianas . Durante sua visita de 1915, ele
dedicou em Laie um terreno para a construção do templo . Ob-
serva o Élder Reed Smoot que estava com ele na ocasião : " Te-
nho ouvido o Presidente Smith orar em centenas de ocasiões.
Muitas vezes minha alma emocionou-se com seu maravilhoso
espírito de oração e suas súplicas ao nosso Pai Celestial . Mas
nunca, em toda a minha vida, ouvi uma prece assim . O pró-
prio chão parecia sagrado, e era como se ele estivesse falando
face a face com o Pai . Nunca hei de esquecer, nem posso,
mesmo que viva mil anos" . Desde sua primeira missão nas
Ilhas Havaianas, ainda como rapaz, o Presidente Smith sem-
pre manifestou profundo amor por esse país e seu povo.
Durante sua gestão, ele fez freqüentes visitas às alas e
estacas distantes . Sentia-se completamente feliz na sua convi-
vência com os santos dos últimos dias, em visitá-los e ensinar-
lhes os princípios do Evangelho . "Como pregador da justiça",
diz Charles W . Nibley, "quem podia comparar-se a ele? Foi o
maior que jamais conheci — forte, poderoso, claro, tocante.
Era maravilhoso como fluíam dele palavras de luz e fogo vivi-

JOSEPH F. SMITH 181

ficante. Era um pregador nato e, no entanto, não parecia con-


siderar-se como tal . Nunca teve em grande conta as próprias
boas qualidades . Pelo contrário, era simples, modesto e natu-
ral em extremo ; não obstante, havia nele uma dignidade tal,
que fazia todo mundo dizer : 'Eis um homem entre homens — .
Os temas favoritos do Presidente Smith eram : primeiro, a
divina missão de Jesus Cristo, e segundo, a divina missão do
Profeta Joseph Smith.
"Sei que vive meu Redentor", disse ele certa ocasião.
"Temos todo o testemunho e todas as evidências que o mundo
tem dessa grande e gloriosa verdade, isto é, que o chamado
mundo cristão possui ; e além de tudo que o mundo tem, ainda
possuímos o testemunho dos habitantes do hemisfério ociden-
tal, a quem o Salvador apareceu e entregou seu Evangelho, o
mesmo que deu aos judeus . Além desse novo testemunho e
daquele das sagradas Escrituras dos judeus, temos as pala-
vras do profeta moderno, Joseph Smith, que viu o Pai e o
Filho, e isto declarou ao mundo, selando-o com o seu sangue, e
ainda é válido para o mundo de hoje . Temos o depoimento de
outras pessoas que testemunharam a presença do Filho de
Deus no Templo de Kirtland, quando ele lá apareceu, e o de-
poimento de Joseph e Sidney Rigdon, que declararam ser as
últimas testemunhas de Jesus Cristo . Portanto, digo novamen-
te, sei que meu Redentor vive, pois pela boca dessas testemu-
nhas, esta verdade se fez clara para mim . Além desses, recebi
o testemunho do Espírito de Deus em meu próprio coração, o
que supera todas as demais evidências, uma vez que testifica
a mim mesmo, à minha própria alma, da existência do meu
Redentor, Jesus Cristo."
Noutra ocasião, disse ele, falando do Profeta Joseph
Smith:
" Conheci o Profeta Joseph em minha juventude . Eu era
familiar na sua casa, com seus filhos e família . Sentei-me nos
seus joelhos . Ouvi-o pregar . Lembro-me perfeitamente de es-
tar presente no conselho com papai, o Profeta Joseph Smith e
outros . Desde a infância até a juventude, tive-o como um pro-
feta de Deus. Da minha juventude até o presente, não apenas
tenho crido que é um profeta, pois sei que o é . Em outras
palavras, meu conhecimento superou minha crença . Lembro-
me de tê-10 visto envergando farda militar à frente da Legião

182 OS PRESIDENTES DA IGREJA

de Nauvoo . Vi-o quando cruzou o rio retornando da pretendi-


da viagem para as Montanhas Rochosas, a fim de enfrentar
seu martírio, e contemplei seu corpo inerte, junto com o de
meu pai, depois de terem sido assassinados na Cadeia de Car-
thage ; e ainda recordo palpavelmente a melancolia e tristeza
daqueles dias horríveis . Creio no fundo d'alma, na missão di-
vina dos profetas do século dezenove, na autenticidade do Li-
vro de Mórmon e na inspiração do livro de Doutrina & Convê-
nios, e espero ser fiel a Deus e ao homem, e não trair a mim
mesmo, até o fim de meus dias ."
Joseph F. Smith teve satisfeito este seu desejo . Ele foi fiel
até o fim de seus dias.
A última' viagem oficial de visita aos santos deu-se -no
outono de 1917, , quando ele, em companhia de alguns mem-
bros do Conselho dos Doze e outros irmãos dirigentes, foi de
automóvel áo sul de Utah, realizando reuniões em diversos
núcleos de santos . Aconselhou os santos a pagarem o dízimo e
ofertas ; a guardarem a Palavra de Sabedoria ; a serem fiéis a
todo convênio e obrigações, e a se manterem livres de dívidas.
Referindo-se à sua saúde, dizia ele na conferência geral
de 1917 : " Começo a sentir que estou ficando velho, ou melhor,
que sou um jovem num corpo já velho . Em espírito, sinto-me
tão jovem hoje como sempre fui durante toda minha vida.
Amo a verdade hoje mais do que nunca, porque a vejo mais
claramente, compreendo-a melhor a cada dia que passa, gra-
ças às inspirações do Espírito do Senhor . Porém, meu corpo
está ficando cansado, e às vezes meu velho e pobre coração
fraqueja consideravelmente".
Em janeiro de' 1918, o Presidente Smith sofreu um severo
golpe com a morte do filho mais velho, Hyrum M ., que, hou-
vesse vivido mais dois meses, teria completado quarenta e seis
anos. Era membro do Qúorurn dos Doze Apóstolos há vários
anos. Capaz e habilitado, demonstrando esplêndidas qualida-
des de liderança, seus amigos esperavam que vivesse o sufi-
ciente para levar avante a grande obra de seu distinto pai
mas não havia de ser assim . A perda desse filho acabrunhou
pesadamente o presidente, debilitando ainda mais sua saúde
declinante . Entretanto, continuou a trabalhar em suas tarefas.
Compareceu a todas as sessões das conferências gerais de

JOSEPH F . SMITH 183

abril e outubro de 1918 . No discurso de abertura desta última,


exprimiu o que lhe ia no coração:
"Há mais de setenta anos venho sendo um trabalhador
nesta causa, convosco e com vossos progenitores que abriram
caminho nestes vales das montanhas ; e o meu coração está
tão firme convosco hoje como sempre esteve . Embora fisica-
mente enfraquecido, minha mente está lúcida com referência
ao meu dever, e com referência aos deveres e responsabilida-
des que cabem aos santos dos últimos dias ; e estou sempre
ansioso pelo progresso da obra do Senhor, pela prosperidade
do povo da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
no mundo inteiro . Estou tão ansioso como sempre estive, e tão
sincero em meus desejos de que Sião prospere, e que o Senhor
favoreça o seu povo e o magnifique aos seus olhos, e no conhe-
cimento e compreensão das pessoas inteligentes de todo o
mundo ."
No dia 10 de novembro de 1918, data em que dezessete
anos antes foi sustentado como presidente da Igreja, e três
dias antes de seu octogésimo aniversário, falou aos membros
da sua família que se haviam reunido para homenageá-lo.
"Não posso deixar de refletir um pouco no fato de que há
mais de sessenta anos atrás tive que sair para o mundo sem
pai nem mãe tinha apenas um irmão vivo e ele não era
como eu ; nós éramos totalmente diferentes um do outro e
quatro irmãs. Meu irmão se foi e três de minhas irmãs tam-
bém faleceram, restando apenas uma . Sem nada para come-
çar no mundo, exceto o exemplo de minha mãe, enfrentei du-
ras experiências nos primeiros tempos . . . e tinha que vigiar
meus passos, cuidar de andar na linha por assim dizer, com
medo de fazer alguma coisa que pudesse afetar minha reputa-
ção e envolver minha honra e minha palavra . Se houve algu-
ma coisa em que me esforcei ao extremo foi de manter minha
palavra, minhas promessas, minha integridade em cumprir o
que fosse de meu dever ."
Foi num domingo, 17 de novembro, uma semana após
essa reunião de família, que o Presidente Smith sofreu um
ataque de pleurisia . No dia seguinte, sobreveio pneumonia, e
terça-feira de manhã, 19 de novembro de 1918, ele calma-
mente deixou de respirar . A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias havia perdido um de seus maiores líderes .

184 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Em virtude da grave epidemia de gripe que grassava no


país por ocasião da morte do Presidente Smith, não houve fu-
neral público. Nos serviços fúnebres junto ao túmulo, no cemi-
tério da Cidade do Lago Salgado, no dia 22 de novembro, o
Presidente Heber J . Grant foi o principal orador . Charles W.
Penrose fez a dedicação da sepultura e ofereceu a última
oração .

VI

Segue uma breve sinopse das palavras do Presidente He-


ber J. Grant junto ao túmulo:
"Endosso de todo meu coração cada palavra dita aqui
pelo Bispo Charles W . Nibley, velho amigo do Presidente Jo-
seph F. Smith. Não existe no mundo outro lugar em que os
homens se apeguem tanto mutuamente como no campo mis -
sionário, onde trabalham sem dinheiro e sem recompensa, le-
vando o Evangelho de vida e salvação àqueles que desconhe-
cem a verdade ; e foi durante sua labuta como missionários na
Missão Européia que se formou entre o Presidente Smith e o
Bispo Nibley uma amizade tão forte e duradoura, creio eu,
como não há igual entre outros dois homens na Igreja . [Neste
ponto, o Presidente Grant leu dois poemas apropriados _ o
primeiro intitulado "Beloved by All" de Eliza R . Snow, e o
segundo "A Real Man", de Edgar A . Guest . Depois, o Presiden-
te Grant continuou .]
"Cheguei a conviver intimamente com o Presidente
Smith, antes de atingir a maioridade ; e tenho estado com ele
há trinta e seis anos, primeiro quando ele era conselheiro e
depois como Presidente da Igreja . Durante todos estes anos,
jamais soube de coisa alguma na sua vida, seja por palavra ou
ato, que não fosse digna de um verdadeiro homem . Eu poderia
dizer Com toda sinceridade : 'Ele era a espécie de homem que
eu gostaria de ser' . Postado aqui junto da sua sepultura, dese-
jo muito além do que palavras podem dizer, o poder e a capa-
cidade de ser tão bondoso, tão atencioso, tão magnânimo, tão
corajoso, nobre e verdadeiro, e de sempre seguir em seus pas-
sos . Eu não poderia desejar mais nada.
"Possa Deus abençoar e consolar o coração pesaroso de
seus familiares . Possam eles seguir o seu exemplo, e se assim

JOSEPH F . SMITH 185

fizerem, hão de encontrá-lo e viver com ele eternamente . Pois


nenhum outro homem que já viveu teve um testemunho mais
forte do Deus vivente e do nosso Redentor do que Joseph F.
Smith . Desde os tempos de minha primeira infância, ele toca-
va o meu próprio âmago com o testemunho que prestava a
todos com que entrava em contato, testificando saber que
Deus vive e que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo, o Re-
dentor do mundo . O próprio espírito de inspiração possuído
por esse homem encontrou abrigo em meu coração e no de
muitos outros . Eu amava Joseph F . Smith como jamais amei
nenhum outro homem que conheci . Que Deus abençoe sua me-
mória . Possa ele confortar a família e ajudá-la, bem como a
cada um de nós, a sermos fiéis ao seu nobre exemplo de inte-
gridade, devoção, coragem e de amor a Deus e a seus. seme-
lhantes ; e, particularmente, possamos todos nós sertão bon-
dosos, tão atenciosos para com aqueles que Deus nos deu, co-
mo ele foi para com a sua família, é a minha oração, e faço-a
em nome de Jesus . Amém ."

VII

Poucos meses após a morte de Joseph F . Smith, meu pai,


Charles W . Nibley, prestou-lhe este tributo, num artigo publi-
cado na Improvement Era:
"Na primavera de 1877 fui chamado para acompanhar o
Presidente Smith em uma missão na Europa . Fui por ele desig-
nado para trabalhar nos negócios administrativos do escritó-
riode Liverpool, e desde aí até a sua morte, creio ter gozado
de sua confiança pessoal mais do que nenhum outro homem
vivo . Quando agora volvo meu olhar, posso ver que tesouro,
que bênção, que favor do Onipotente isto foi para mim.
"Especialmente durante os últimos onze anos, acompa-
nhei-o quase sempre quando se afastava de casa . Estive com
ele em três viagens diferentes para a Europa, incluindo a pri-
meira viagem missionária acima mencionada, e em quatro
viagens para as Ilhas Sandwich . Em toda parte e .em todos os
momentos, sempre encontrei nele o mesmo grande, destemido,
sincero, nobre e magnífico líder, tão simples e natural, tão
genuinamente democrático e despretensioso .

1 .86 OS PRESIDENTES 'DA IGREJA

"Lembro-me de um incidente comovedor que ocorreu em


nossa primeira viagem às Ilhas Sandwich . Atracamos no CaiS
de Honolulu, e os santos nativos ali estavam em grande núme-
ro, com suas grinaldas ou leis, de lindas flores de vários tipose
matizes . Fomos rodeados, e ele, é claro, mais do que ninguém.
A famosa banda havaiana estava ali dando as boas-vindas,
como sempre fazia, aos navios que chegam . Mas, naquela oca-
sião, o prefeito mandou que a banda fosse até a capela dos
'mórmons ' e tocasse durante as festividades que os nativos
haviam preparado . Era algo lindo de se ver, aquele amor pro-
fundo, aquela afeição comovente que o povo nutria por ele . No
meio de toda aquela gente, percebi urna velhinha, cega, encur-
vada pelo peso dos seus noventa anos, sendo encaminhada a
ele. Trazia nas mãos algumas bananas . Era tudo o que tinha
__ o seu presente . Chamava : 'Iosepa, Iosepa!' Assim que a viu,
ele correu para ela, tomou-a nos braços, beijou-a repetidas
vezes, passando-lhe a mão pelos cabelos e dizendo : 'Mama,,
mama, minha querida mama'.
"E com lágrimas escorrendo-lhe pelas faces, voltou-se pa-
ra mim e disse : 'Charley, ela cuidou dè mim quando eu era
rapaz, doente e sem ninguém que olhasse por mim . Ela me
acolheu e foi como uma mãe para mim'.
"Ah, aquilo foi tocante — foi patético! Era algo belo de se
ver, aquela alma nobre a comover-se em terna lembrança da
bondade a ele demonstrada há mais de cinqüenta anos ; e
aquela pobre criatura com sua terna oferenda umas poucas
bananas era tudo o que tinha — para depor nas mãos do
seu amado Iosepa!
"Durante aquelas viagens marítimas, sobrava-nos muito
tempo, e freqüentemente passávamos uma ou duas horas
agradáveis jogando damas . Ele era um excelente jogador de
damas, muito superior a mim . Na verdade, costumava derro-
tar-me quatro em cada cinco vezes, mas ocasionalmente,
quando eu tomava mais cuidado, e ele, sem dúvida, se dis-
traía, eu conseguia vencê-lo . Quando ele estava vencendo fácil
e eu cometia um engano e percebia imediatamente ter feito
uma jogada errada, ele me permitia voltar atrás, desde que eu
o notasse imediatamente ; mas, por outro lado, quando eu o
havia batido em uma partida ou duas e acontecia colocar o
dedo numa pedra para voltar atrás mesmo que fosse no mes-

JOSEPH F . SMITH 187

mo instante, ele protestava vigorosamente, dizendo á sua ma-


neira direta : 'Nada disso, deixe exatamente onde estava' . E
nestes pequenos incidentes que mostramos a nossa natureza
humana.
"Ele era também sempre muito cuidadoso com seus gas-
tos . Abominava dívidas, e não conhecia outro homem tão pon-
tual como ele em pagar uma obrigação até o último centavo.
Não sossegou até ver a Igreja livre de dívidas, e embora lhe
apresentassem centenas de esquemas, e muitos deles realmen-
te excelentes, e que sem dúvida resultariam em aumento dos
recursos da Igreja, ele se recusava terminantemente a con-
trair dívidas, e não queria envolver a Igreja de forma alguma,
fossem quais fossem as circunstâncias ou condições . Tampou-
co se permitia contrair débitos em seus negócios pessoais,
atendo-se persistentemente ao velho adágio : 'Pagar na hora ' .
"Muitas das pessoas mais idosas ainda vivas, lembram-se
de que há quarenta anos, ou mesmo menos, ele era considera-
do um radical, muitos costumavam então sacudir a cabeça,
dizendo : 'O que acontecerá, se algum dia esse belicoso radical
se tornar presidente da Igreja?' Mas, no momento em que foi
feito presidente da Igreja, e mesmo antes disso, ele tornou-se
um dos homens mais tolerantes ; tolerante quanto às opiniões
alheias, e embora denunciasse o pecado com uma ira justa
raramente vista em qualquer homem, mostrava compaixão e
piedade para com o pobre pecador, e até mesmo perdão, desde
que houvesse arrependimento sincero . Não existia ninguém
mais disposto a perdoar e esquecer.
"EIe adorava uma boa história e uma boa piada . Para
tudo, tinha sempre uma boa risada . Não tinha paciência com
histórias vis, mas era dono de um fino senso de humor ; sábia
contar incidentes do início de sua vida e entreter, como poucos
sabem, os que o cercavam.
"Era a pessoa mais metódica em tudo ó que fazia que já
conheci . Toda carta que recebia tinha que ser endossada por
ele com data e outras informações, e depois cuidadosamente
arquivada . Não suportava desordem. Tudo o que se referia ao
seu trabalho estava em ordem . Sabia arrumar a valise ou ma-
la, forrando e alisando cada peça de roupa de maneira a caber
mais e ficar melhor arrumado do que se fosse feito por outra

188 OS PRESIDENTES DA IGREJA

pessoa qualquer . Suas roupas estavam igualmente sempre


limpas.
"Era um trabalhador infatigável, nunca pensando em se
poupar. Quando estava bem, podíamos subir ao escritório na
Beehive House praticamente todas as noites e encontrá-lo es-
crevendo cartas ou cuidando de algum outro trabalho . Quem
sabe alguma boa alma idosa lhe houvesse escrito uma carta
pessoal, e lá estaria ele noite adentro respondendo a ela de
próprio punho . Na verdade, trabalhou demais, prejudicando
sem dúvida sua vigorosa constituição.
"Era descuidado quanto à alimentação descuidado
quanto ao que e quando comia . Sua maneira de viver era ex-
tremamente simples e modesta . Raramente se recolhia antes
da meia-noite e, como conseqüência, não conseguia dormir e
repousar o suficiente.
"Era grande apreciador de música e gostava de cantar os
cantos de Sião.
"Tinha um amor ilimitado pelas crianças . Durante a via-
gem que fizemos no ano passado pelas colônias da região sul
até St . George e de volta, quando as criancinhas desfilavam
diante dele, era maravilhoso observar-se como ele adorava
aqueles pequeninos . Eu tinha por obrigação fazer com que a
comitiva se pusesse a caminho, a fim de chegarmos, na hora,
na colônia seguinte, onde o povo estaria esperando por nós;
mas era uma tarefa difícil arrancá-lo de junto das crianci-
nhas . Queria apertar a mão e conversar com cada uma delas.
"Vez por outra, aparecia alguém, dizendo : 'Presidente
Smith, acho que sou parente seu' . Então eu já sabia que iam
ser mais dez minutos de demora, pois aquele seu grande cora-
cão que se enternecia com cada parente assim como com as
criancinhas, não conseguia afastar-se tão logo de qualquer um
que se dizia aparentado com ele.
"Estive em sua casa, quando um de seus filhinhos estava
doente . Vi-o chegar em casa após um dia de trabalho, obvia-
mente cansado, mas, mesmo assim, ficava horas carregando a
criança em seus braços, acariciando e amando-a, encorajan-
do-a de toda maneira, com tamanha ternura e personificação
de piedade e amor, como nem uma mãe em mil mostraria.
"Embora sendo um homem de negócios sagaz e bem suce-
dido, ainda assim poucos nesta dispensação foram mais dota-

JOSEPH F. SMITH 1 89

dos de discernimento espiritual do que ele . Ao retornarmos de


uma viagem ao Leste por estradas de ferro, alguns anos atrás,
quando estávamos bem a leste do Rio Green, eu o vi sair para
a plataforma no fim do carro e voltar imediatamente ; hesitou
um instante, e então sentou-se no lugar à frente do meu . Ele
acabara de sentar-se, quando aconteceu algo de errado com o
trem . Um trilho partido fez a locomotiva descarrilar, arrastan-
do consigo a maior parte dos vagões . Nosso carro dormitório
ficou nos trilhos, embora fôssemos bastante sacudidos.
" O Presidente imediatamente contou-me que mal saíra
para a plataforma, ouviu uma voz dizendo : 'Entre e sente-se'.
"Ele, de fato, entrou, e notei que ficou parado um mo-
mento como que hesitasse, mas depois sentou-se ' .
"Disse mais que, quando entrou e ficou parado na passa-
gem, pensando : 'Ora, talvez seja apenas imaginação', ouviu a
voz novamente : 'Sente-se' . Obedeceu imediatamente, e o re-
sultado foi o que contei.
"Ele certamente teria sofrido ferimentos graves, se ficas-
se na plataforma, pois os vagões ficaram todos fortemente en-
gavetados . Disse ele : 'Tenho ouvido essa mesma voz uma por-
ção de vezes em minha vida, e sempre lucrei por obedecer a
ela' .
"Noutra circunstância, durante uma recepção na suntuo-
sa casa do casal A . W. McCune, ele fez uma extensa palestra
para os presentes . Disse que quando determinado irmão que
fora chamado para um cargo de responsabilidade na Igreja foi
escolhido, ele nunca antes ouvira a voz espiritual mais distinta
e claramente dizendo-lhe o que fazer, como na indicação desse
indivíduo que devia ser chamado para aquele posto.
"Ele vivia em íntima comunhão com o Espírito do Senhor,
e sua vida era tão exemplar e casta, que o Senhor conseguia
manifestar-se facilmente ao seu servo . Ele podia dizer de ver-
dade : 'Fala, Senhor, porque o teu servo ouve' . Nem todo servo
consegue ouvir quando ele fala . O coração do Presidente
Smith, porém, estava em sintonia com as melodias celestiais
ele podia ouvir e, de fato, ouvia.
"O que eu poderia dizer do seu grande e glorioso trabalho
na criação da grande e esplêndida família que deixou? Que
obra nobre para qualquer homem! Na verdade, nenhum ho-
mem sem grande nobreza d'alma tê-lo-ia conseguido . Não é a

190 OS PRESIDENTES DA IGREJA

criação de uma boa família, e uma grande família de bons


cidadãos, bons homens e mulheres, proveitosa para a Ígreja, o
Estado e a Nação - não será, digo eu, provavelmente a obra
mais divina que um homem pode realizar neste mundo? A
mente ponderada que se aprofundar o suficiente nesta ques-
tão, verá que esta é uma obra não só de um homem, de um
grande homem, mas de um Deus em embrião . A Igreja inteira
pode orgulhar-se na justificação do grande princípio em que
ele teve tanto sucesso . Não há homem comum que consiga
isto . Feliz a mulher que pôde chamá-lo de marido . Felizes e
benditas as crianças que o chamaram de pai . Jamais houve
homem de índole mais casta e virtuosa . Opunha-se a todas as
formas ou pensamento de licenciosidade, e era nisso tão ina-
balável quanto uma montanha . 'Bem-aventurados os limpos
de coração' ; e ele foi um dos mais limpos — ele verá a Deus.
"Está escrito que se conhece o homem genuinamente
grande pelo número de seres que ele ama e abençoa, e pelo
número de seres que o amam e bendizem . Julgado só por este
padrão, onde encontrar um ser igual no mundo inteiro?!
"De Joseph F . Smith, posso dizer o que Carlyle disse de
Lutero, que ele foi realmente um grande homem : 'Grande em
intelecto, em coragem, em afeição, em integridade . Grande,
não como o obelisco esculpido, mas como uma montanha alpi-
na' . Não existiu coração mais fiel a todo princípio de masculi-
nidade, retidão, justiça e piedade que o seu ; esse grande cora-
ção, envolto por uma magnífica moldura, fez dele o maior, o
mais valente, o mais sensível, o mais puro e melhor de todos
os homens que em seu tempo habitaram a terra.
"Sua vida foi nobre e os elementos
Nele tão bem combinados, que a Natureza
Poderia anunciar a todo mundo : 'Eis aqui um homem!'"
HEBER J . GRANT
SÈTIMO PRESIDENTE

HEBER J . GRANT

(1856-1945)

Entre os seguidores de Brigham Young na migração para


o Oeste em 1847, encontramos um homem ainda moço, alto,
teso, rijo Jedediah M . Grant, de trinta e um anos ; um ho -
mem tomado de ardente zelo pela religião que esposara . Dia
após dia, este apaixonado adepto da Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias seguia seu estafante caminho para o
novo local de congregação no Vale do Lago Salgado . A jornada
trouxe-lhe pavorosas tragédias . Primeiro, .perdeu a filhinha
Margaret que foi enterrada em cova rasa . Depois, sua mulher,
Caroline, não resistindo às durezas da jornada, ficou muito
doente e faleceu . Não querendo deixá-la na desolação das pla-
nícies e à mercê dos animais selvagens, Jedediah construiu
um tosco caixão que amarrou ao carroção, levando o corpo
até a Cidade do Lago Salgado para um sepultamento seguro.
Porém,' a despeito de todas as provações e amarguras, não
perdeu o zelo pela religião . Antes aumentou com o correr dos
anos, tornando-o um dos mais valentes assessores de Brigham
Young.
No dia 19 de janeiro de 1851, Jedediah M . Grant era
eleito o primeiro prefeito da Cidade do Lago Salgado, e a 7 de
abril de 1854, foi escolhido por Brigham Young para o cargo
de segundo conselheiro na Primeira Presidência da Igreja . No
ano seguinte; Jedediah desposava Rachel Ridgeway . Ivins,
mulher bela e talentosa . A 22 de novembro de 1856, nasceu-
lhes um filho ao qual . deram o nome de Heber Jeddy.
Inquirindo certa vez o Presidente Heber J . Grant a respei-
to de seu zeloso e sábio pai, ele replicou : "Nunca cheguei a
conhecer meu pai . Ele morreu nove dias depois de eu nascer!"
Contou-me que o pai, levantando-se seguidamente durante a
noite para cuidar da esposa e do filho'recém-nascido, apanha-
ra forte resfriado que logo se transformou em pneumonia . Je-

.194 OS 'PRESIDENTES -DA IGREJA

dediah faleceu a 1 de dezembro de 1856 _ poucos meses


depois de completar quarenta anos. Dali por diante, a viúva e
seu filho prosseguiram sozinhos -no caminho da vida.
Heber J. Grant levou uma vida -de criança normal na Ci-
dade do Lago Salgado . Ele próprio conta um incidente, ocorri-
do durante sua infância-e . que-nos pernìite uma visão de dóis
presidentes da Igreja — o grande presidente pioneiro, ,Bri-
gham Young, e o garoto agarrando-se ao seu trenó.
"No inverno de 1862, quando eu tinha uns seis anos",
conta o Presidente Grant, "a neve estava ótima para se andar
de trenó, e como eu não tinha oportunidade de andar , de trenó
puxado a cavalo naqueles tempos, visto que ninguém da famí-
lia possuía um, eu costumava, à maneira dos garotos, correr
para a rua e agarrar-me a algum trenó que passasse lá por
casa ; depois de andar assim um ou dois ,quarteirões, eu pulava
fora e corria de volta.
"Numa dessas ocasiões, peguei o trenó do Presidente Bri-
gham Young, e como todos sabem, ele era grande apreciador
de um boa parelha de animais, costumando andar com bas-
tante velocidade . Assim, vi-me deslizando com tal velocidade,
que não ousava pular fora, e depois de algum tempo, comecei
a sentir frio . Aconteceu que o Presidente Young me viu pendu-
rado no seu trenó e imediatamente gritou : 'Irmão Isaac, pare!'
Depois, mandou o condutor, Isaac Wilson, descer, apanhar-me
e me meter debaixo das mantas no banco da frente . Por algum
tempo não disse nada, emas finalmente perguntou : 'Está quen-
tinho aí?' e quando respondi que sim, ele perguntoumeu-nome
e onde eu morava . Depois conversou comigo com extrema
bondade, contando-me o quanto gostava de meu pai e como
ele era bom, expressando a esperança de que eu viria a ser
igual ao meu pai . Nossa conversa terminou com um convite
dele para eu aparecer no seu escritório qualquer dia para um
bate-papo . Isto eu logo fiz ., e desde o adia daquele primeiro
encontro com o Presidente Young, sempre fui muito bem rece-
bido, quando o procurava em seu escritório ou casa . Aprendi
não só a respeitá-lo e venerá-lo, mas a devotar-lhe um afeto
semelhante ao que, imagino, teria sentido por meu próprio pai,
se me houvesse sido dado conhecer e retribuir o :amor pa-
terno."

HEBER J . GRANT 195

A viúva de Jedediah M . Grant sustentava-se costurando


para fora e aceitando pensionistas, quando Heber era menino,
conseguindo subsistir só com a máxima economia . Mãe efilho
eram extremamente apegados um ao outro, e ela viria a ser a
influência dominante na formação da sua •carreira . "Ela che-
gava tão perto do Senhor em suas orações", conta o filho,
"que estas foram uma maravilhosa fonte de inspiração desde
criança até a idade adulta!" Ela tinha fé no seu garotinho e
ensinava-lhe que não só teria sucesso no mundo dos negócios,
como também haveria de ser um líder na Igreja . Agora ela
cuidaria dele, e mais tarde ele seria capaz de sustentá-la . Foi
tal o estímulo que o garoto Heber Jeddy Grant recebia de sua
nobre mãe.
Com o passar dos anos, o próprio rapaz passou a sentir
esse desejo inerente de vencer a batalha da vida, sob todos os
aspectos . Tinhaum anseio natural de sobressair, de progredir.
Ele conta sua experiência no basebol:
"Sendo filho único, mamãe me criava com muito cuida-
do ; na verdade, cresci mais ou menos como uma planta de
estufa que fica 'alta e esguia', mas não resistente . Aprendi a
varrer, a lavar e enxugar louça, porém quase não atirava pe-
dras e praticava pouco os esportes que interessam e atraem os
meninos e que desenvolvem sua constituição física . Por isso,
quando entrei para um clube de basebol, os garotos de minha
idade e um pouco mais velhos jogavam no time titular ; os
mais moços que eu jogavam no segundo time, e os menores
ainda no terceiro, e era com estes que eu jogava . Um dos moti-
vos disto era que eu não conseguia atirar a bola de uma base
até a outra ; além disto, faltavam-me condições físicas para
correr ou rebater bem . Quando eu apanhava a bola, os meni
nos geralmente gritavam : 'Jogue aqui, maricas!' Meus compa-
nheiros se divertiram tanto às minhas custas, que jurei solene-
mente que ainda jogaria no time titular que ganharia o cam-
peonato do Território de Utah.
"Mamãe tinha na época pensionistas para ganhar a vida
e eu engraxei as botas deles até economizar um dólar, que
investi numa bola de basebol . Depois, passava horas e horas
atirando a bola contra o celeiro de um vizinho (Edwin D.
Woolley), o que fazia com que se referisse a mim como o rapaz
mais preguiçoso da Ala Treze . Muitas vezes, meu braço doía

196 OS PRESIDENTES DA IGREJA

tanto, que mal conseguia dormir à noite . Mas continuei trei-


nando e eventualmente cheguei a jogar no time que ganhou o
campeonato do território . Depois de haver cumprido assim a
promessa feita a mim mesmo, retirei-me dos campos de base-
boi."
dar outros exemplos da capacidade desse rapaz de conseguir o
que desejava . Ele queria ardentemente ver os espetáculos ou
peças apresentados no Teatro de Salt Lake, porém não tinha
meios para comprar entradas . Anos mais tarde, ao tornar-se
diretor do Teatro de Salt Lake, ele contou bem-humorado co-
mo conseguiu ser admitido no segundo balcão.
"0 'rapaz espigado' que carregava água para o segundo
balcão em troca do privilégio de entrar era este seu humilde
servo, e quando a multidão sedenta da terceira galeria esva-
ziava a lata de querosene de cinco galões que servia de tina
d'água e eu tinha que atravessar a rua até o poço mais próxi-
mo atrás do Social Hall para enchê-la, muitas vezes desejava
que os 'espectadores de galeria' se tivessem enchido de água
antes de chegarem ao teatro . Anos mais tarde, quando eu era
diretor da Companhia Teatral de Salt Lake e, sentado no meu
camarote, erguia os olhos para a terceira galeria, lembrava-
me do 'rapaz espigado ' que carregava água para aquela seção,
e meus pensamentos remontavam igualmente aos tempos em
que ele apareceu no palco do teatro como um dos negrinhos na
'Cabana do Pai Tomás' ."
"Não encontrei nada na batalha da vida", escreveu He-
ber J. Grant, anos atrás num dos primeiros números da Im-
provement Era, "que fosse mais proveitoso para mim do que
executar o dever de cada dia da melhor forma possível ; e sei
que todo jovem que fizer isso, estará melhor preparado para
os trabalhos do amanhã" . Para ilustrar este ponto, contou
uma de suas primeiras experiências profissionais na Cidade do
Lago Salgado.
"Quando ainda era rapaz e freqüentava a escola, mostra-
ram-me um homem que fazia a escrita no banco da Wells,
Fargo & Co . na Cidade do Lago Salgado e que recebia um
salário de cento e cinqüenta dólares ao mês, segundo consta-
va . Lembro-me ainda muito bem de haver calculado que eram
seis dólares por dia, descontando os domingos, o que me pare-
ceu uma soma enorme . Embora ainda não houvesse lido as

HEBER J . GRANT 197

palavras inspiradoras de Lord Bulwer Lytton, (escritor e esta-


dista inglês (1803-1873)) passei a sonhar em ser guarda-livros
e trabalhar para a Wells, Fargo & Co . ; imediatamente, matri-
culei-me num curso de guarda-livros na Universidade de De-
seret, na esperança de algum dia poder ganhar o que na época
considerava um salário imenso.
"Cito com prazer as palavras de Lord Bulwer Lytton : 'O
que falta ao homem não é talento, mas propósito ; não .é capa-
cidade de realizar, mas vontade de trabalhar'.
"O resultado foi que, alguns anos depois, obtive um em-
prego como guarda-livros e escriturário num escritório de se-
guros . Embora tivesse apenas quinze anos, tinha uma letra
bonita e isto bastava para preencher satisfatoriamente o cargo
que então ocupava ; porém, eu não me sentia ainda de todo
satisfeito, continuando a sonhar e 'escrevinhar' quando não
tinha mais nada que fazer . Eu trabalhava na parte da frente
do banco de A . W . White & Co ., e quando não estava ocupado,
oferecia-me para ajudar nos trabalhos do banco ; fazendo tudo
para empregar meu tempo, nunca pensando se iria ou não ser
pago por isso, mas só querendo trabalhar e aprender . O Sr.
Morf, o guarda-livros do banco, tinha uma letra excelente e se
deu ao trabalho em ajudar-me no meu empenho de chegar a
ser um eficiente calígrafo . Aprendi a escrever tão bem, que
freqüentemente ganhava mais escrevendo cartões, convites
etc . e desenhando mapas antes e depois do expediente do que
o salário normal . Anos mais tarde, recebi da Feira Territorial
um diploma como melhor calígrafo de Utah . Quando passei a
trabalhar por conta própria ; surgiu na universidade uma vaga
para professor de escrituração mercantil e caligrafia . Para
cumprir a promessa feita a mim mesmo, quando era um rapa-
zote de doze ou catorze anos, de que algum dia eu lecionaria
essas matérias, candidatei-me . Minha proposta foi aceita e
com isto estava desobrigado da promessa.
— Nunca se desesperar" tem sido uma das estrelas-guia
de minha vida.
"Aos dezenove anos, eu escriturava os livros e cuidava de
apólices de seguros para o Sr . Henry Wadsworth, agente da
Wells, Fargo & Co . O trabalho não me ocupava o tempo todo,
pois estava trabalhando para o agente pessoalmente e não pa-
ra a companhia . Então fazia o mesmo que no banco do Sr .

198 OS PRESIDENTES DA IGREJA

White — oferecia-me para arquivar um lote de cartas etc ., e


cuidar de alguns livros da Sandy Smelting Co . que oSr. Wads-
worth fazia . pessoalmente.
"Minha conduta agradou tanto ao Sr . Wadsworth, que
me contratou para fazer cobranças para a Wells, Fargo Er Co .,
pagando-me vinte dólares extra por mês, além do salário regu-
lar de setenta e cinco dólares pelo negócio de seguros . Assim,
tornei-me funcionário da Wells, Fargo & Co ., tornando-se rea-
lidade um de meus sonhos.
"Quando chegou a véspera de Ano Novo, eu fiquei até
tarde no escritório, escrevendo cartões de visita . Nisso, entrou
o Sr. Wadsworth comentando satisfeito que os negócios iam
bem ; que as coisas nunca saem como se espera, ou coisa seme-
lhante . Referiu-se ao fato de eu ter cuidado dos livros da San-
dy Smelting Co . graciosamente; e falou uma porção de coisas
elogiosas que me deixaram bastante contente. Depois, deu-me
um cheque de cem dólares, quantia que me compensou em
dobro todo o trabalho extra . A satisfação que senti por haver
conquistado as boas graças e confiança do meu patrão valeu-
me mais de duas vezes cem dólares ."
Antes de completar vinte anos de idade, Heber J . Grant
comprou do Sr . Wadsworth, que havia sido promovido a ge-
rente do Banco Wells-Fargo em São Francisco, sua representa-
ção da agência de seguros pela soma de quinhentos dólares . A
fim de levantar esta quantia, ele hipotecou a casa de sua mãe.
Entretanto, desnecessário dizer que logo liqüidou esse compro-
misso.
O espírito de iniciativa demonstrado pelo jovem Heber J.
Grant em seus negócios atraiu a atenção do Presidente Bri-
gham Young. Aos vinte anos de idade, foi-lhe oferecido e acei-
tou o posto de tesoureiro-assistente do Zion's Savings Bank
and Trúst Co ., empresa fundada poucos anos antes . pelo Presi-
dente Young . Heber tinha que prestar fiança, a fim de qualifi-
car-se para o novo emprego, e com referência a esta, ele conta
um caso interessante:
"Eu tinha que prestar uma fiança de US$ 25 .000 em ga-
rantia de minha honestidade . Subi ao escritório do Presidente
Brigham Young e falei, justamente quando ele abriu a porta
com a capa sobre o braço : 'Presidente Young, como sabe, ou-
tro dia fui eleito tesoureiro-assistente do Zion's Savings Bank

HEBER J . . GRANT 199

and Trust Co ., e eles exigem uma fiança de US$25 .000 garan-


tindo, minha honestidade . Achei que seria perfeitamente apro-
priado o presidente do banco assinar minha fiança e vim pedir
sua assinatura' . Ele sorriu e disse : 'Heber, não sei como eu
poderia furtar-me a assinar sua fiança . Falei tantas coisas
boas a seu respeito na reunião da diretoria, que, se agora eu
recusar-me a assinar, eles me acusarão de faltar à verdade!'
Disse mais, que seria realmente um prazer para ele assi-
ná-la!"
No dia 1° de novembro de 1877, tres semanas antes de
completar vinte e um anos Heber J . Grant desposTva Lucy
Stringham, no recém-inaugurado Templo de St . George. Lucy
é-nos descrita como "uma moça dé índole meiga, excelente
caráter e dona de considerável bom senso em questões de ne-
gócio, o que contribuiu bastante para o rápido sucesso finan-
ceiro do marido" .

II

A `Igreja começava agora a reconhecer o espírito de ini-


ciativa e capacidade do filho de Jedediah M . Grant, e seu de-
votamento à religião de seus pais . No outono de 1880, pouco
tempo antes de seu vigésimo quarto aniversário, foi informado
pelo Presidente John Taylor que fora escolhido para presidir a
Estaca Tooele, . com sede na localidade do mesmo nome . Esta
designação foi uma grande surpresa para Heber J . Grant, ;mas
ele aceitou-a sem murmurar, embora sabendo qua agora se
tornaria mais difícil ganhar a vida e cuidar de seus vários
negócios- na. Cidade do Lago Salgado. Da Igreja não recebia
compensação material alguma . Tinha que custear suas idas e
vindas de Tooele, além de ganhar o suficiente para manter os
negócios e sustentar a família.
O Presidente Grant deixou-nos alguns informes interes-
santes sobre suas experiências em Tooele . Tiramos as-seguin-
tes de um de seus sermões:
"Ainda um rapaz, sem experiência, sem nunca antes ter
falado em público nem por dez minutos seguidos, fu=i chamado
a presidir uma estaca de Sião . Lembro-me de como preguei e
falei em tudo o que meocorreu, e algumas coisas duas vezes,
ficando sem saber o que mais dizer em sete minutos e meio,

200 OS PRESIDENTES DA IGREJA

pelo relógio . Entre outras coisas, disse ao povo que não sabia
nada dos deveres que me cabiam agora, mas que, com a ajuda
do 'Senhor .o faria o melhor que pudesse, e que com a ajuda
dele, eu-tinha certeza de me sair bem . Lembro-me de um bom
irmão dizer que eu cometera um grave erro, que destruíra
minha autoridade, contando aos santos que não sabia nada.
"'Bem', respondi, 'talvez mais tarde venham a descobrir
que tenho algum juízo e ficarão agradavelmente surpresos'.
"No domingo seguinte, não me saí nada melhor . Fiquei
sem saber o que mais dizer em seis ou sete minutos . No outro
domingo, foi a mesma coisa . No domingo seguinte, levei comi-
go um par de excelentes pregadores e fui até o extremo sul do
Condado de Tooele, à pequena localidade de Vernon, a colônia
mais distante, às vezes chamada de String Town por cobrir
uma longa enfiada de ranchos . Lá existia. uma pequena capela
de troncos e quando me dirigia para a reunião com o falecido
sumo conselheiro da Estaca Ensign, JohnC . Sharp, na época
bispo de Vernon, comentei, olhando ao redor : Ora essa, bispo,
não vejo ninguém indo para a reunião!'
— Oh, sim', respondeu, 'mas penso que haverá alguém lá'.
Nós estávamos subindo uma pequena colina a partir da casa
dele, não podendo ver a capela . Quando chegamos ao topo da
elevação, vi alguns carroções estacionados em torno da cape-
la, rhas não havia uma só alma dirigindo-se para a reunião.
'Bem', comentei, 'existem algumas carroças ali, mas não vejo
ninguém indo para a reunião' . Entramos na capela faltando
dois minutos para as catorze horas e a casa estava cheia, to-
dos os lugares ocupados — éramos os últimos a chegar . As
catorze horas em ponto, começou a reunião ;. o Irmão Sharp
contou-me que tentara ensinar-lhes que ocupassem seus luga-
res antes das duas horas ; e, aparentemente, o conseguira . Le-
vantei-me para fazer o meu discursinho de cinco, seis ou sete
minutos, e falei por quarenta e cinco com tamanha facilidade
e com tanto do Espírito do Senhor, como jamais senti pregan-
do o Evangelho nos quarenta anos passados desde aí. Não
pude evitar as lágrimas de gratidão que derramei naquela noi-
te, ao ajoelhar-me e agradecer a Deus o rico derramamento . do
seu Santo Espírito, pelo testemunho que receberam meu cora-
ção e alma, confirmando meu conhecimento que tinha do
Evangelho, dando-me um poder maior por causa do conheci-

HEBER J . GRANT 201

mento que eu tinha de que Deus, por seu santo Espírito, inspi-
rara-me a proclamar este Evangelho.
"No domingo seguinte, recebi outra lição pela qual sou
igualmente grato, embora não tão alegre . Fui visitar Grantsvil-
le, a maior ala da Estaca de Tooele, e busquei o Senhor com
uma atitude semelhante à de Oliver Cowdery, quando pediu
permissão para traduzir e o Senhor lhe respondeu que podia
fazê-lo. Mas, quando falhou, foi-lhe dito que ele não havia
ponderado a questão, não orara a respeito e não fizera a sua
parte . Eu disse ao Senhor que gostaria de novamente falar aos
santos em Grantsville ; levantei-me e falei durante uns cinco
minutos, suando tão profusamente, que estava molhado, creio,
como se me tivessem mergulhado no riacho, e minha mente
ficou completamente em branco . Fiz tamanho 'fiasco' do meu
discurso quanto é possível a um mortal fazer . Não derramei
nenhuma lágrima de gratidão, mas fui para o campo, andando
entre medas de feno e montes de palha ; afastei-me da capela
vários quilômetros e quando tive certeza de que ninguém esta-
va vendo, ajoelhei-me por trás de uma das medas, chorando
de humilhação . Roguei a Deus que me perdoasse por haver-me
esquecido de que o homem só pode pregar o Evangelho do
Senhor Jesus Cristo com força, poder e inspiração, se for aben-
çoado com poder que vem de Deus ; e disse-lhe ali, como um
rapaz, que se me perdoasse meu egotismo, se me perdoasse eu
haver imaginado que, sem o seu Espírito, é possível ao homem
proclamar a verdade e encontrar ouvidos receptivos, eu pro-
curaria lembrar-me até o dia de minha morte de onde procede
a . inspiração quando proclamamos o Evangelho do Senhor Je-
sus Cristo, o plano de vida e salvação novamente revelado na
terra . Tenho a alegria de dizer que, durante os quarenta anos
transcorridos desde aí, nunca mais fui humilhado como na-
quele dia . E por quê? Porque nunca mais, graças a Deus, pus-
me de pé, imaginando que um homem pode tocar o coração de
seus ouvintes, sejam eles santos dos últimos dias ou pecado-
res, a não ser que possua o Espírito do Deus vivo, e assim seja
capaz de prestar testemunho de que esta é a verdade em que
vós e eu estamos engajados ."

202 OS PRESIDENTES DA IGREJA

III

Depois de trabalhar fielmente na tarefa de presidir a Es-


taca Tooele, de outubro de 1880 até outubro de 1882, Heber J.
Grant foi chamado por revelação, através do Presidente John
Taylor, para o alto encargo de apóstolo . Recebeu este chama
do cerca de um mês antes de completar vinte e seis anos . Era
uma posição de grande responsabilidade para alguém tão mo-
ço como ele . Todavia, examinando os anos pregressos, encon
tramos ampla evidência que há muito se sabia do fato de que
não iria tardar este seu alto chamado . Num sermão proferido
pelo Presidente Grant em 1919, encontrei o seguinte:
"Quando eu era apenas um garotinho, numa reunião da
Sociedade de Socorro realizada na casa do falecido William C.
Staines, esquina das ruas South Temple e Fifth East, estavam
presentes minha mãe, 'Tia Emmeline Wells ' , Eliza R. Snow,
Zina D . Young e muitas outras irmãs . Após o término da reu-
nião, a Irmã Eliza R . Snow, pelo dom das línguas, deu uma
benção a cada uma daquelas boas irmãs, sendo interpretada
pela Irmã Zina D . Young . Depois de abençoar as irmãs, ela
voltou-se para o menino que brincava no chão, e pelo dom das
línguas pronunciou uma bênção sobre a minha cabeça, e Zina
D . Young deu a interpretação . Eu, naturalmente, não entendi
uma só palavra, e tudo o que peguei da interpretação, como
criança, foi que algum dia eu seria um grande homem . Pensei
que significasse que eu ia ser alto . Minha mãe fez um registro
dessa bênção . Do que se tratava? Era uma profecia, pelo dom
das línguas, de que o filho dela viria a ser um apóstolo do
Senhor Jesus Cristo ; e ela me falou muitas vezes que, se eu
andasse direito, essa honra me seria conferida . Eu sempre ria
dela, dizendo : 'Toda mãe acredita que seu filho se tornará
presidente dos Estados Unidos, ou ocupará algum alto cargo.
Tire isso da sua cabeça, mãe' . Eu não acreditei nela, até que
essa honra me foi conferida ."
Embora houvesse sido dado a saber à sua mãe e a ele, por
intermédio do dom-das línguas de Eliza R . Snow, de que um
dia seria "um apóstolo do Senhor Jesus Cristo", e ainda que
designado para esse alto chamado pelo Presidente John Tay-
lor, por revelação especial, Heber J . Grant continuava extre-
mamente cético quanto às suas qualificações e capacidade de

HEBER J . GRANT 203

preencher esta importante posição . Outra experiência notavel,


contada anos mais tarde, desfez para sempre suas dúvidas
quanto aos motivos pelos quais fora chamado.
Este trecho é de um dos sermões que fez, depois de tor-
nar-se presidente da Igreja:
"De outubro de 1882, quando fui chamado para o Conse
lho dos Doze, até fevereiro do ano seguinte, não tive grande
alegria e felicidade em meu trabalho . Era seguido por um espí-
rito que me dizia que eu carecia de experiência, que eu carecia
de inspiração, que eu carecia de testemunho para ser digno de
ser um apóstolo do Senhor Jesus Cristo . Minha querida mãe
incutira-me tamanho amor pelo Evangelho e tamanha reve-
rência e admiração pelos homens que estavam à testa da Igre-
ja, que quando fui chamado a ser um deles, fiquei arrasado;
sentia-me indigno, e o adversário, aproveitando-se desse meu
sentimento íntimo, perseguia-me dia e noite, sugerindo que eu
resignasse, e quando eu testificava da divindade da obra em
que estamos engajados, vinham as palavras : 'Você não viu ò
Salvador ; você não tem direito de prestar tal testemunho', e
eu me sentia muito infeliz.
" Mas, em fevereiro de 1883, enquanto atravessava a Re-
serva dos Índios Navajos com o Elder Brigham Young Jr . e
mais quinze ou vinte irmãos, inclusive o falecido Presidente
Lot Smith de umas das estacas do Arizona, a caminho de uma
visita aos navajos e moquis — atravessando parte da Reserva
Navajo para chegar à Reserva Moqui _ a estrada que seguia
para o sudoeste repentinamente voltou-se quase que em dire-
ção noroeste ; porém, havia uma trilha que seguia na direção
em que estávamos indo . Talvez uns oito ou dez de nós iam a
cavalo, e o resto em carroças . O Irmão Smith e eu seguíamos
na retaguarda do grupo e quando atingimos a trilha, eu falei:
'Espere um minuto, Lot ; aonde leva esta trilha?'
"Ele respondeu : 'Ora, ela volta a encontrar a estrada uns
cinco ou seis quilômetros mais adiante, mas somos obrigados
a fazer uma volta de uns treze a quinze quilômetros para evi-
tar uma ravina que nenhuma carroça consegue atravessar'.
"Perguntei : _ Dá para atravessar a tal ravina a cavalo?
"Ele respondeu : Dá.
"Eu disse : — Existe algum perigo de encontro com índios,
se eu entrar sozinho por este atalho?

204 OS PRESIDENTES DA IGREJA

"Ele respondeu : — Não.


"Então eu disse : Quero ficar a sós, o senhor siga em
frente com o grupo . Eu os encontrarei lá onde a trilha e a
estrada se encontram.
"Uma das razões de eu perguntar se havia perigo por par-
te dos índios é que alguns dias antes, nosso grupo visitara o
local onde George A . Smith Jr . fora morto pelos índios nava-
jos, e eu estava pensando nisso quando falei . Eu havia cami-
nhado talvez um quilômetro e meio, quando, na benigna pro-
vidênciado Senhor, a manifestação foi-me dada com nitidez,
até onde minha inteligência alcança — eu não vi os céus, não
vi um conselho realizado lá, mas como Léhi na antigüidade, eu
parecia ver, e meu próprio ser ficou de tal forma saturado com
a informação que recebi, quando parei minha montaria e fi-
quei ali sentado comungando com os céus, que estou tão con-
vencido da informação que caiu sobre mim naquele momento,
como se a voz de Deus tivesse falado as palavras.
"Ali e então, enquanto sentado chorando de alegria, foi-
me manifestado que eu não fora chamado para ser um dos
apóstolos do Senhor Jesus Cristo nesta última dispensação por
causa de algum dom especial meu, que não foi por causa de
nenhum conhecimento que ultrapassasse o testemunho do
Evangelho, mas porque o profeta de Deus, o homem eleito co-
mo instrumento nas mãos do Deus vivo para restabelecer no-
vamente na terra o plano de vida e salvação, Joseph Smith,
desejou que eu fosse chamado, e que meu pai, Jedediah M.
Grant, que dera sua vida pelo Evangelho enquanto era da pre-
sidência da Igreja, um conselheiro de Brigham Yoúng, e que
estava morto há quase vinte e seis anos, desejava que seu filho
fosse um membro do Conselho dos Doze : Foi-me manifestado
que o Profeta e meu pai tinham capacidade para conferir-me o
apostolado em virtude de sua fidelidade, visto que eu levara
uma vida pura, e que agora cabia a mim fazer desse chamado
um sucesso ou fracasso . Posso prestar-vos testemunho hoje
aqui, de que não acredito que homem algum na terra, desde
aquele dia em fevereiro de 1883 até o presente, haja tido mais
doce alegria, mais perfeita e intensa felicidade do que a que eu
tenho em elevar minha voz e testificar do Evangelho, aqui
como no estrangeiro, em todas as terras e em qualquer clima
em que tive a sorte de ir ."

HEBER J . GRANT 205

Os anos de 1882, quando foi chamado ao apostolado, a


1901, quando partiu para o Japão, a fim de abrir uma missão
da Igreja, Heber J. Grant passou visitando alas e estacas,
comparecendo às reuniões de conselho dos apóstolos e cuidan-
do de seus extensos empreendimentos comerciais . Esta citação
de um de seus sermões permite-nos um quadro nítido de sua
capacidade empresarial durante aqueles anos:
"Em 1890/91, houve sério empenho em se estabelecer a
indústria de açúcar de beterraba no nosso território . Em virtu-
de do pânico financeiro de 1891, muitos que haviam subscrito
ações, viram-se incapazes de saldar seus compromissos, e eu
fui mandado para o Leste para arranjar os fundos necessários
a fim de estabelecer a indústria. Não tendo conseguido arran-
jar todo o dinheiro preciso em Nova York e Hartford, fui man-
dado posteriormente a São Francisco, onde consegui cem mil
dólares do Sr . Henry Wadsworth, tesoureiro do banco da
Wells, Fargo & Co . nessa cidade. Estou convencido de que o
fato de eu haver sido fiel quando fui seu empregado, na época
em que ele era agente da Wells, Fargo & Co . na Cidade do
Lago Salgado, influiu de algum modo em fazê-lo conceder um
empréstimo tão elevado a meus sócios numa época em que
havia grande carência de dinheiro ."
Em 1893, uma grave depressão econômica tomou conta
dos Estados Unidos, fazendo declinar o valor dos imóveis e
outros bens ; o povo retirava seu dinheiro dos bancos, forçando
o fechamento de centenas dessas instituições ; fábricas eram
paralisadas e os homens ficavam sem emprego . No mundo
dos negócios, a situação era caótica.
Entre os milhares que sofreram as conseqüências dessa
depressão, estava Heber J . Grant. Na conferência de outubro
de 1893 ele descreveu a situação dos negócios — e sua própria
condição financeira aos santos.
"Os santos dos últimos dias têm passado por tempos du-
ros, e muitos entre nós estão demonstrando desânimo, achan-
do que estamos numa tremenda enrascada, quando não é na-
da disso. Todo esse pânico financeiro é um grande logro do
princípio ao fim, no sentido da palavra . O povo no país inteiro
ficou alarmado . Por quê? Por nada . A despeito das boas safras
de algodão, milho e trigo, e prosperidade generalizada em to-
do o país, vimos mais de quinhentos e setenta falências bancá-

206 GS PRESIDENTES DA IGREJA

rias ; e aventuro-me a dizer que entre esse número todo, ape-


nas uns poucos faliram por causa de má situação financeira.
Então por que faliram? Simplesmente porque o povo ficou
alarmado, sacou seu dinheiro dos bancos e, em muitos casos, o
escondeu . Em nove casos de dez, não havia, nenhuma razão
plausível para eles tirarem seu dinheiro dos bancos . Estima-se
que noventa e cinco por cento das transações comerciais são
feitas a crédito, e que, de fato, só em cinco por cento dos
negócios do país dinheiro vivo muda de mãos . O alarma foi
tamanho, que os noventa e cinco por cento foram reduzidos
em vinte por cento ; em outras palavras, uma retração quatro
vezes maior do que o dinheiro disponível para fazer negócios.
O resultado é que todo mundo passou a ter medo de todo mun-
do, e como já disse, quinhentos e setenta bancos faliram, em-
bora sendo, quase que sem exceção, absolutamente sólidos e
solventes.
"Quero confessar-vos que eu e muitos outros erramos.
Por quê? Porque tivemos tanta ânsia de ganhar dinheiro, que
contraímos dívidas, e agora não podemos pagar prontamente
nossos débitos honestos . Eu não posso, porque títulos garanti-
dos e bons no valor de dez mil dólares não dariam para levan-
tar mil dólares . Pela primeira vez na vida, acontece de pessoas
me procurarem para receber o que lhes devo e eu tenho que
pedir-lhes um prazo maior . Se o Senhor quiser perdoar-me só
esta vez, eu nunca mais cairei na mesma . Tenho emprestado
dinheiro desde os meus dezoito anos ; mas, se eu conseguir
receber apenas o que devo agora, eu me contentarei, acredito,
com as bênçãos do Senhor, não importa que seja muito ou
pouco.
"Saí aqui pelas ruas com títulos no valor de trinta mil
dólares para tentar um empréstimo de dez mil, e teria pago
juros de vinte por cento, caso o conseguisse ; mas não consegui
nada . No que concerne às nossas propriedades, elas não têm
nenhum valor real para nós, a não ser que estejamos prontos e
dispostos a usá-las para o progresso do reino de Deus . Temos
por dever sustentar nossa família ; mas não é nosso dever vi-
ver com extravagância . Não é dever nosso trabalhar para ad-
quirir riqueza para adorno de nossa pessoa . E lógico que gosto
ver pessoas possuírem boas coisas, e espero ainda ver em vida
o dia em que os santos dos últimos dias sejam abastados . Po-

HEBER J . GRANT 207

rém, quero dizer-vos que, a menos que nos tornemos mais


humildes, mais semelhantes a Deus, mais fiéis na guarda dos
mandamentos de Deus, eu não espero que nos tornemos ricos.
Sempre que aprendermos a estar dispostos a empregar os
meios que Deus nos dá para oavanço do seu reino, os santos
dos últimos dias não terão nenhum problema financeiro ; o Se-
nhor abençoá-los-á com abundância . 0 que precisamos fazer é
buscar a luz e inspiração do seu Espírito para guiar-nos em
todos os momentos, e ele nos dará todas as demais coisas ne-
cessárias ."
Na conferência de outubro de 1894, Heber J . Grant pro-
nunciou um vigoroso sermão sobre os problemas da indústria
doméstica e a necessidade de manter o dinheiro no próprio
local . Esta última recomendação ele a ilustrou com o seguinte
caso :
"Lembro-me de ouvir o Irmão George L. Farrel falar há
uns seis meses, no Assembly Hall, a respeito de artigos de
fabricação doméstica, e isto venho citando em toda conferên-
cia que vou, e espero continuar a fazê-lo . Ele contou ter com-
prado um par de sapatos de fabricação doméstica, e encontrou
no depósito a pessoa a quem devia pela confecção dos sapatos.
Então foi ao encontro dele e pagou-lhe cinco dólares . 0 ho-
mem voltou-se, viu outra pessoa a quem devia, e entregou-lhe
os cinco dólares . Este viu outro e passou-lhe o dinheiro, e este
homem deu-o a mais outro ; o quarto homem chegou-se ao Ir-
mão Farrell, dizendo:
Irmão Farrell, eu lhe devo seis dólares ; aqui tem
cinco por conta, o dólar restante pagar-lhe-ei a próxima vez
que nos encontrarmos.
"Os cinco dólares cancelaram, aproximadamente no mes-
mo tempo que levo para contar o caso, vinte e cinco dólares de
dívidas. E divida é servidão ; por conseguinte, eles tiraram vin-
te e cinco dólares de servidão de cima dos ombros dessa
gente ."
A doutrina da salvação pessoal sempre foi um tópico pre-
dileto de Heber J . Grant. Ele acreditava firmemente na doutri-
na de que o Senhor ajuda aqueles que procuram ajudar-se . Na
conferência de outubro de 1895, ele abordou este assunto de
modo convincente :

208 OS PRESIDENTES DA IGREJA

"Se quereis saber como ser salvos, posso contar-vos ; é


guardando os mandamentos de Deus . Não há poder na terra,
não há poder debaixo da terra capaz de impedir-vos ou a mim
ou qualquer santo dos últimos dias de ser salvo, exceto nós
mesmos. Somos os arquitetos de nossa própria vida, não só da
atual como da vida vindoura na eternidade . Nós somos pes-
soalmente capazes de cumprir todo dever e obrigação que
Deus requer dos homens . Deus nunca nos deu nenhum man-
damento, sem dar-nos a capacidade de cumpri-lo . Se fracassa-
mos, só nós, apenas nós, somos responsáveis pelo fracasso,
porque Deus dota seus servos, do presidente da Igreja até o
mais humilde dos membros, com toda capacidade, todo conhe-
cimento, todo o poder necessário para desincumbirem-se fiel,
diligente e adequadamente de todo dever e de toda obrigação
que lhes cabe, e nós apenas nós, teremos que prestar contas,
se falharmos nesse aspecto ."
Durante o . áno de 1897, o Élder Grant foi acometido de
grave enfermidade, sendo obrigado a submeter-se a uma ope-
ração de apendicite . Ficou alguns meses sem poder sair de
casa e cuidar de seus encargos habituais . No dia 12 de março
de 1898, falou pela primeira vez em quase um ano no Taber-
náculo de Salt Lake, descrevendo sua doença e recuperação
como segue:
"E motivo de grande satisfação para mim estar mais uma
vez diante dos santos dos últimos dias neste Tabernáculo . Co-
mo quase todós os santos aqui presentes devem saber, faz qua-
se um ano que não ocupava este lugar ; nesse meio-tempo, sub-
meti-me a uma operação cirúrgica muito séria que, segundo os
registros médicos, deveria ter-me custado a vida . Consta ser
impossível um homem recuperar-se depois de estar nas condi-
ções em que eu estava na hora da operação . Mas eu estou
grato por estar aqui ; e quero agradecer ao meu Pai Celestial e
aos irmãos do Sacerdócio que me administraram e abençoa-
ram durante a provação, prometendo-me que eu ficaria bom.
Desde aí, estive muito doente com pneumonia . Há alguns
anos, tentei fazer um seguro de vida, mas as companhias recu-
saram-me . Seus médicos disseram-me que se algum dia eu
apanhasse pneumonia, seria a minha morte . Eu, porém, conti-
nuo aqui, a despeito do laudo dos médicos das companhias de
seguro . Sinto grande prazer em juntar novamente minha voz à

HEBER J . GRANT 209

dos santos dos últimos dias, e prestar testemunho do conheci-


mento que tenho da divindade da obra em que estamos enga-
jados."
Sempre trilhando o caminho da realização e sentindo su-
prema alegria em superar qualquer dificuldade que se lhe an-
tepunha, naqueles anos o Elder Grant empreendeu a tarefa de
aprender canto . Seu próprio relato encantador desse feito foi
tirado de um artigo publicado na Improvement Era, em 1900,
que reproduzirei aqui parcialmente:
"Acreditando que existe um bom número dos que nunca
cantaram, que talvez se beneficiassem da descrição dos meus
esforços e sejam assim incentivados a aprender canto, decidi
contar minha experiência aos leitores da Era.
"Minha mãe tentou ensinar-me a cantar quando eu era
criança, porém fracassou por causa de minha incapacidade de
cantar no tom . Entretanto num curso de canto dirigido pelo
professor Charles J . Thomas, ele tentou em vão, quando eu
tinha dez anos, ensinar-me a escala ou a cantar no tom uma
simples melodia, desistindo, finalmente, em desespero . Afir-
mou que eu jamais aprenderia a cantar neste mundo . Talvez
pensou que eu poderia aprender a divina arte em outro mun-
do . Desde aí, tentei freqüentemente cantar quando andando a
cavalo muitos quilômetros distante de qualquer pessoa que
pudesse ouvir ; mas, nessas ocasiões, nunca fui capaz de can-
tar no tom a melodia de um de nossos hinos conhecidos por
uma única estrofe, e muitas vezes nem mesmo uma única
linha.
"Há uns dez meses atrás, enquanto ouvi o Irmão Horace
S . Ensign cantar, comentei que daria de boa vontade dois ou
três meses de meu tempo livre, se com isto conseguisse cantar
um ou dois hinos . Ele respondeu que qualquer pessoa que te-
nha uma voz razoavelmente boa, seja perseverante e disposta
a praticar bastante, pode aprender a cantar . Minha resposta
foi que eu tenho voz de sobra e considerável perserverança.
Ele na época trabalhava para mim, e eu observei brincando
que, embora não tivesse sido contratado como professor de
música, ainda assim eu ia ter agora mesmo a primeira aula de
música de duas horas sobre o hino 'ó Meu Pai' . Para grande
surpresa minha, ao fim de quatro ou cinco dias, eu conseguia
cantar este hino com o Irmão Ensign sem erro algum . Depois

210 OS PRESIDENTES DA IGREJA

de duas semanas, eu era capaz de cantá-lo sozinho, com exce-


ção de semitonar um pouco em alguns dos agudos . Meus ouvi-
dos, não educados musicalmente, não o percebiam, e o único
meio de sabê-lo foi o Irmão Ensign e outros amigos apontarem
o erro.
- Um dos oficiais dirigentes da Igreja, ao ouvir-me quando
comecei a praticar, observou que meu canto lembrava-lhe
muito os ensaios poéticos do falecido Apóstolo Orson Pratt.
Disse que o Irmão Pratt escreveu apenas uma poesia que pare-
cia ter sido feita a martelo.
"Ao fim de dois ou três meses, eu era capaz de cantar não
só 'Ó Meu Pai', como ainda 'Deus É Consolador Sem Par',
'Vinde O Santos' e mais dois ou três outros hinos . Pouco de-
pois, durante uma viagem pelo Sul, cantei um ou mais hinos
em cada estaca do Arizona e em Juarez, México . Voltando à
Cidade do Lago Salgado, tentei cantar 'O Meu Pai' no grande
Tabernáculo, esperando com isso dar uma lição prática aos
jovens e incentivá-los a aprender canto . Foi um fracasso ; de-
safinei em quase todos os versos, e em vez de encorajar os
jovens, temo que fiz o oposto.
"A princípio, quando comecei a praticar, se alguém se
juntasse a mim cantando a parte do baixo, tenor ou contralto,
eu não conseguia manter a melodia . Também não conseguia
cantar se alguém me acompanhasse ao piano ou órgão, pois a
variedade de sons me confundia.
"Estou contente em poder dizer que agora sei cantar com
acompanhamento de piano ou órgão, e também consigo o solo
principal de 'Deus E Consolador Sem Par' num dueto, trio ou
quarteto . Aprendi uma porção de músicas e asseguraram-me o
Irmão Ensign e diversos outros bem versados em música, para
os quais cantei nas últimas semanas, que consegui fazê-lo sem
cometer um único erro, o que temo não seria o caso, se a
tentativa fosse feita em público. Contudo, pretendia continuar
cantando o hino O Meu Pai' no Assembly Hall ou grande Ta-
bernáculo, até conseguir fazê-lo sem um único erro.
"Durante minha recente viagem ao Arizona, perguntei
aos élderes Ruger Clawson e J . Golden Kimball se faziam. algu-
ma objeção a eu cantar cem hinos por dia . Levando-o na-brin-
cadeira, asseguraram-me que ficariam encantados . Estáva-
mos indo de Holbrook para St . Johns, uma distância de uns

HEBER J . GRANT 211

noventa e cinco quilômetros . Depois de eu ter cantado umas


quarenta vezes, afirmaram que, se eu cantasse os sessenta
restantes, eles teriam um colapso nervoso . Não dei a mínima
atenção ao apelo, fazendo-os manter a palavra e cantei a cen-
tena inteira . Cento e quinze músicas num dia e quatrocentas
em quatro dias é o máximo de prática que fiz.
"Hoje, minha surdez musical está desaparecendo e, sen-
tando-me ao piano e tocando a linha melódica, sou capaz de
aprender uma música em um décimo do tempo que levava,
quando comecei a praticar ."

IV

No dia 14 de fevereiro de 1901, a Primeira Presidência


anunciou a abertura de nova missão da Igreja no Japão, e que
o Elder Heber J . Grant havia sido escolhido para iniciar o
trabalho missionário naquela distante ilha. Ele respondeu
prontamente ao chamado e começou os preparativos para
partir.
A esse respeito, ele conta uma história interessante : "A
experiência mais maravilhosa de toda minha vida, financeira-
mente falando, deu-se no tempo entre o meu chamado e a
minha partida . Ao sair da reunião no templo na qual eu acei -
tara meu chamado, o Apóstolo John W . Taylor (filho do Presi-
dente John Taylor; resignou sua posição de apóstolo em 1905;
excomungado da Igreja em 1911) alcançou-me, dizendo :'
Espere até que todos os outros irmãos saiam . De-
pois, continuou : — Sei que hoje fez um sacrifício tão grande
quanto o de Abraão, nos tempos antigos, quando se prontificou
a sacrificar seu filho Isaque . O irmão não está em condições
de aceitar este chamado por causa das dividas que tem . 0
Senhor aceitou seu sacrifício, e eu profetizo que irá para o
Japão como um homem financeiramente livre.
"Em quatro meses, eu havia pago quatro mil e seiscentos
dólares de dízimo ; havia saldado todos os compromissos en-
dossados por amigos meus; e em lugar de estar em dificulda-
des financeiras quando parti, era praticamente um homem li-
vre . "
Antes de deixar a Cidade do Lago Salgado, ele falou aos

212 OS PRESIDENTES DA IGREJA

jovens da Igreja na conferência de junho, fazendo-lhes algu-


mas excelentes recomendações:
"Ao me despedir dos rapazes e moças que compõem as
Associações de Melhoramentos Mútuos, desejo incutir-lhes na
mente o que foi dito aqui hoje pelo Irmão Roberts — que o que
conta para vocês, rapazes e garotas ; é o trabalho ; é guardar a
Palavra de Sabedoria ; é pagar o dízimo ; é evitar más compa-
nhias ; é valorizar a virtude mais que a própria vida ; é escutar
os conselhos e recomendações dos pais e do Sacerdócio de
Deus, e cumprir o seu dever _ são estas coisas que os magni-
ficarão perante Deus e fá-los-ão voltar à sua presença.
"Com vocês, rapazes e moças, deixo meu testemunho de
que Deus vive, que Jesus é o Cristo, que Joseph Smith foi, e é
um profeta de Deus, e que atualmente Lorenzo Snow é um
profeta de Deus . Como eu sei? Eu o sei tão certo quanto sei que
estou diante de vocês hoje à noite . Eu conheço o calor, eu
conheço o frio ; conheço a alegria e conheço a dor ; e digo-lhes
que, na hora da dor, na hora da aflição, na hora da morte,
Deus tem ouvido e respondido às minhas preces, e eu sei que
ele vive . Deixo com vocês o meu testemunho ."
Numa recepção de despedida realizada na casa do Presi-
dente Grant, no dia 11 de junho, o Presidente Joseph F . Smith
acentuou a importância da missão que Heber J . Grant estava
prestes a encetar, oferecendo-lhe suas congratulações e fazen-
do votos de sucesso e retorno seguro dos élderes . Citarei a
seguir parte das palavras do Presidente Smith:
"Ao Irmão Heber J . Grant, digo que ficamos contentes ao
pensar que foi-lhe confiado o grande trabalho de abrir a porta
do Evangelho de Jesus Cristo a uma das primeiras nações do
mundo hoje em dia . Eles são filhos de Deus e possuem almas
para salvar ; são inteligentes e engenhosos . Esperamos que o
Irmão Grant cumpra seu dever neste chamado, e sabemos que
ele o fará e haveremos de apoiá-lo com nossa fé e orações.
Não me importa que ele consiga ou não aprender o idioma ; se
ele lá permanecer até que os servos de Deus digam : 'Volte
para casa', seu nome será lembrado por todo o tempo em hon-
ra e ação de graças, e centenas, sim, milhares e talvez milhões
receberão o Evangelho em virtude de seus esforços no início;
assim, congratulamo-nos com o Irmão Heber por esta missão.
Ela é importante, e faremos tudo ao nosso alcance para ajudá-

HEBER J . GRANT 213

lo a ter sucesso, e para obter-lhe a bênção de Deus e a preser-


vação de sua vida . Que o Senhor abençoe sua casa, enquanto
estiver fora, e abençoe seus filhos que ficam em casa, e sua
esposa que fica em casa, e a sustente e abençoe até que volte,
para que possa estar à testa da família, e receber do Senhor
força para dirigir e controlar com sabedoria " e amor ."
Pouco depois de chegar ao Japão, o Presidente Grant diri-
giu importante mensagem ao povo japonês, explicando o pro-
pósito de sua missão . Em vista de sita importância histórica,
quero transcrevê-la aqui por extenso:
"AO POVO JAPONÊS
Juntamente com meus companheiros enviados para cá da
sede da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, na
Cidade do Lago Salgado, Utah, como apóstolo e ministro do
Deus Altíssimo, eu vos saúda e convido a considerar a impor-
tante mensagem que trazemos . Não viemos com o propósito de
tentar privar-vos de nenhuma verdade em que acreditais, ou
qualquer luz que_ tendes o privilégio de usufruir . Nós trazemo-
vos uma luz maior, mais verdade e conhecimento mais avan-
çado, os quais vos oferecemos gratuitamente . Reconhecemo-
vos como filhos de nosso Pai comum, o Criador do universo . O
espírito do homem, o ego inteligente, é fruto de Deus ; portan-
to, os homens e mulheres de todas as raças, povos, tribos e
línguas na face da terra são irmãos . E, portanto, no espírito de
fraternidade que vos procuramos, desejando vosso bem-estar
aqui e no além . Nossa missão é um dever . Deus ordenou que
proclamássemos a sua palavra e vontade ao mundo . E é por
sua divina autoridade que agimos, e não em nosso próprio
nome ou propósitos pessoais . Instamo-vos a que ouçam nossas
palavras.
"Em todos os tempos têm existido alguns homens inspira-
dos pelo Onipotente para o benefício de sua própria raça e
nação . A luz que trouxeram poderia ser comparada às estrelas
do firmamento . Era própria para os tempos e condições em
que apareceu. Todos eles previram um período em que se ma-
nifestaria uma luz maior e verdade mais ampla . Nós vos asse-
guramos que essa revelação maior chegou, e fomos comissio-
nados do alto para expô-la a vós . O poder, a força e o progres-
so das nações chamadas cristãs atestam o fato que existe algo
na sua fé que é grande e potencialmente bom . Mas as divisões

214 OS PRESIDENTES DA IGREJA

e contendas existentes entre as várias seitas em que se separa-


ram, prova que existe alguma coisa de errado entre elas e que
tende a dividir, em lugar de unir ; que induz à guerra, em lugar
de paz . A verdade é que Jesus de Nazaré introduziu no mundo
a divina religião destinada a unir toda a humanidade numa só
família e redimir a terra do mal . Porém, entre seus discípulos
professos, insinuaram-se erros e a face do mundo foi envolvi-
da em trevas, obscurecendo a pura luz dos céus.
"O grande Eterno Deus, em sua infinita misericórdia, res-
taurou a fé introduzida pelo seu Filho Jesus Cristo, o qual rea-
pareceu para organizar mais uma vez, sua igreja na terra e
conferir a seus servos eleitos autoridade para proclamar a fé
cristã em toda a sua primitiva singeleza, acompanhada da
mesma autoridade e poder . Isto é o introito para a consuma-
ção de todas as coisas, da qual falaram os videntes, sábios,
poetas e profetas de todos os séculos desde o princípio dos
tempos . O grande Eterno Deus falou dos céus e abriu a comu-
nicação entre ele e seu povo . Ele ordena que todos os filhos
seus, de todo país, de toda classe, credo, posição e cor se afas-
tem de seus caminhos iníquos, arrependam-se dos pecados e
busquem-no em Espírito, para também serem batizados pela
imersão na água por alguém autorizado por ele para a remis-
são de seus pecados, com a promessa de que, pela imposição
das mãos de seus mensageiros comissionados, o Espírito Santo
seja .conferido a todas as pessoas que assim obedeceram à sua
palavra . Isto constituirá um novo nascimento e abrirá a porta
do reino dos céus a toda alma obediente.
"Pela autoridade dele, giramos a chave divina que abre o
reino dos céus aos habitantes do Japão . Dizemos a todos eles,
vinde para a luz que se irradia do Sol da Justiça . Oferecemo-
vos bênçãos que não têm preço . Não são do homem, nem vêm
pelo poder do homem, mas promanam dos céus onde habita e
governa em majestade e glória o verdadeiro Deus vivo . Aquilo
de bom, e que conduz ao bem, recebido por vossos antepassa-
dos, é como a luz frouxa e vacilante do crepúsculo. Nós vos
trazemos a verdade em todo seu esplendor, diretamente do
grande Luminar do dia . Vinde para a luze a verdade, e segui o
único caminho que leva à divina e eterna presença! Então vos-
sas almas serão cheias de paz, amor e alegria, e aprendereis
como unir-vos aos grandes e puros de todas as nações e tribos

HEBER J . GRANT 215

para o estabelecimento do grandioso império da retidão na


terra ; e no mundo vindouro habitareis com os justos e os redi-
midos na imediata presença de nosso Pai Eterno, e vossa gló-
ria e domínio será celestial e eterna.
"O vosso servo por amor a Cristo
HEBER J . GRANT ."

Depois de presidir a Missão Japonesa por dezoito meses, o


Presidente Grant dirigiu esta interessante carta aos santos da
Missão Européia, atendendo a um pedido de Joseph J . Can-
non, editor do Millennial Star . Como exprime os sentimentos
do Presidente Grant na época, quero reproduzi-la em parte:
Tóquio, Japão, 12 de janeiro de 1903.
Aos Santos na Missão . Européia:
"Há poucos dias, recebi uma carta do Élder Joseph J.
Cannon, solicitando uma 'contribuição' . Meu coração respon-
deu prontamente : 'Sim, com muito prazer', mas quando conti-
nuei a ler e descobri que o que ele desejava era uma contribui-
ção literária para o Star, não senti tanto prazer quanto es-
perava.
"Não tenho escrito muita coisa para ser publicado ; uns
poucos artigos para a Era foram minha principal produção
nesse sentido, e estes foram escritos a pedido do Elder Edward
H. Anderson, editor-adjunto, e com a esperança de que inspi-
rassem em nossos jovens a colaborarem nas colunas dessa va-
liosa revista, e tentando inspirar-lhes o desejo de nunca desa-
nimarem na batalha da vida, mas a insistir até a vitória final.
"Eu saúdo a boa gente da Missão Européia, e embora esta
carta tenha que cruzar o Pacífico e o Atlântico, bem como o
continente americano, antes de chegar ao seu destino, ainda
assim não sinto que os santos dessa missão estejam tão distan-
tes ; mas estão perto e são caros a mim . Minhas íntimas rela-
ções com os presidentes John Taylor e George Q . Cannon e
outros das Ilhas Britânicas, particularmente o Presidente John
R . Winder que tem sido quase um pai para mim, com o presi-
dente Anthon H . Lund da Escandinávia e o 'grande e venerá-
vel' Karl G . Maeser da Alemanha, fazem-se sentir como se
conhecesse pessoalmente muitos de vós em todas as partes da
Missão Européia .

216 OS PRESIDENTES DA IGREJA

"Nós somos da mesma fé e temos uma esperança comum


na vida, bem como nas eternidades vindouras . Sei que têm o
'.mesmo amor pelo trabalho de Deus como eu, e que estão
igualmente dispostos a fazer sacrifícios pelo progresso da obra
de nosso Mestre aqui na terra, um conhecimento que recebe-
ram através das bênçãos do Senhor. Sinto que somos concor-
des quanto aos ensinamentos de nosso Senhor Jesus Cristo.
Não existe nada mais verdadeiro do que sermos unidos pelo
Espírito . Esta verdade compreendi-a muito bem enquanto via-
java entre os índios do Arizona, Novo México e da república
do México, e desde que cheguei ao Japão . Meu coração se
expande em genuíno afeto pelos índios e pelo povo deste pais,
e tenho um desejo ardente de que cheguem ao conhecimento
do Evangelho de vida e salvação.
"Enquanto aqui sentado escrevendo esta carta e pensan-
do nas seis ou sete vezes, desde que me tornei apóstolo, em
que estava praticamente decidido pela Presidência mandar-
me para Liverpool, sou lembrado do fato de que nunca sabe-
mos o que nos espera . Jamais me ocorreu que poderia um dia
comunicar-me por carta com os irmãos, em lugar de ter o
prazer de conhecê-los pessoalmente ; tampouco pensei quando
meu nome foi cogitado pela primeira vez para a presidência
da Missão Européia, faz agora perto de vinte anos, que não
estaria com os irmãos muito antes de agora . Quando o Senhor
me enviar aí, estou certo de que haverá calorosas boas-vindas
em seus corações ; e de tudo o que me contaram os irmãos
Rulon S . Wells, Joseph e James McMurrin, John Nicholson,
Henry W . Naisbitt, membros do meu quorum, e outros que
presidiram em Liverpool, a respeito dos muitos calorosos e
sinceros corações de uma ponta a outra da missão, aguardo
com grande alegria conhecê-los pessoalmente."
A carta acima teve quase que o caráter de uma profecia,
pois, dentro de poucos meses, o Presidente Grant foi chamado
de volta para casa, onde o Presidente Joseph F . Smith comuni-
cou-lhe que fora designado para presidir a Missão Européia.
Extrai estes trechos de um de seus sermões proferido anos
mais tarde:
"Lembro-me de que, enquanto trabalhava no Japão, eu
não me sentia inteiramente feliz no meu trabalho por não ter
conseguido aprender a língua . Lembro-me de haver ido para a

HEBER J . GRANT 217

mata, ajoelhar-me e orar a Deus para que meu trabalho ali


tivesse terminado, pois eu gostaria de ser chamado a suceder
o Irmão Francis M. Lyman nas Ilhas Britânicas . Dois ou três
dias depois de fazer essa prece, recebi um cabograma : 'Retor-
ne no primeiro navio' . Quando cheguei, fui informado pelo
Presidente Smith de que haviam decidido mandar-me para a
Europa como sucessor do Irmão Lyman, dizendo : — Nós sabe-
mos que os dois anos ou mais que esteve no Japão não foram
nada satisfatórios do ponto de vista da alegria que vem ao
coração dos missionários por trazer almas ao conhecimento
da verdade, e queremos que tenha pelo menos um ano de real
e genuína experiência missionária.
"Quando fui ao escritório dele para despedir-me e disse:
Voltarei a vê-lo num ano — ele respondeu : — Decidimos
torná-lo um ano e meio . — Então eu disse : — Multiplique por
dois e não fale nada, e será um prazer para mim, — e foi
exatamente o que fez . Fiquei lá um pouco mais de três anos, e
jamais em minha vida senti mais doce alegria, mais genuína
satisfação do que durante esses três anos em que não pensava
em outra coisa senão difundir o Evangelho de Jesus Cristo ."
O Presidente Grant chegou à Cidade do Lago Salgado,
vindo do Japão, em setembro de 1903 . Poucas semanas mais
tarde, partia para a Europa . Pouco após chegar na Inglaterra,
a 28 de novembro, dirigiu esta mensagem aos santos euro-
peus, aqui reproduzida em parte:
"Aos Santos da Missão Européia:
"Ao assumir os deveres de presidente desta missão no
início de um novo ano, envio saudações aos élderes e santos
da Europa e países adjacentes nos quais está sendo pregado o
Evangelho.
"Enquanto escrevo, lembro-me de quão pouco sabemos
do que nos trará um dia, mês ou ano . No dia 2 de dezembro de
1902, estava eu sentado em Tóquio, capital do Japão, escre-
vendo aos santos desta missão, dizendo de minha surpresa em
comunicar-me com eles do Japão ; porém, não foi surpresa tão
grande quanto a de eu estar hoje sentado aqui em Liverpool,
-fazendo a mesma coisa.
"Embora tenhamos apenas uma idéia muito limitada do
que nos irá acontecer no futuro, contudo sou realmente grato
ao nosso Pai nos céus por uma coisa, e esta é a perfeita segu-

218 OS PRESIDENTES DA IGREJA

rança que sinto de que tudo irá bem conosco na batalha da


vida e também na grande eternidade vindoura, desde que, co-
mo santos, cumpramos plenamente o nosso dever dia por dia,
podendo dizer ao fim de cada jornada de trabalho que fizemos
o melhor possível.
"Ao escrever do Japão, falei que previa grande satisfação
em encontrar-me com os santos da Missão Européia, quando
as providências do Senhor me mandassem para cá . Isto se
devia a meu íntimo conhecimento com os presidentes John
Taylor, George Q . Cannon, John R . Winder, Anthon H . Lund, o
grande educador Karl G . Maeser e outros homens e mulheres
nobres que foram congregados desta missão pelas verdades do
Evangelho ; e também da confiança com a qual me honraram
o Presidente Joseph F . Smith e membros do meu próprio quo-
rum, bem como de outros irmãos que presidiram nesta terra,
dos calorosos, verdadeiros e fiéis santos ainda radicados nesta
missão.
"Se for julgar o futuro pelo breve passado, então minha
missão será de grande alegria e bastante labor, pois apreciei
imensamente meus contatos com os élderes e santos que tenho
encontrado desde minha chegada na Inglaterra ."
Não disponho de espaço neste capítulo limitado para des-
crever o grande trabalho executado pelo Presidente Grant du-
rante os três anos que presidiu a Missão Européia . Posso testi-
ficar que ele foi um presidente maravilhoso e inspirador, pois
servi como um dos seus missionários e tive o privilégio de um
convívio achegado e agradável com ele : mostrava-se incansá-
vel em seus esforços para promulgar os princípios do Evange-
lho . Suas maneiras afáveis e gentis granjearam-lhe milhares
de amigos, bem como também à Igreja . Os missionários o
amavam e honravam por sua esplêndida liderança.
Ao concluir sua missão em dezembro de 1906, ele publi-
cou no Millennial Star uma mensagem de despedida aos mis-
sionários e santos, a qual reproduzirei aqui em parte:
"Aos Élderes e Santos da Missão Européia : ,r ,
"No dia 28 de novembro, há três anos atrás, eu desem-
barcava em Liverpool e recebia as boas-vindas do Presidente
Francis M . Lyman e seus companheiros no escritório de Liver-
pool . Hoje passaram-se trinta e cinco meses desde que assumi
a presidência da Missão Européia . O tempo passou muito de-

HEBER J . GRANT 219

pressa . Estive ocupado e apreciei grandemente o meu traba-


lho . A missão estava em esplêndidas circunstâncias, e tenho-me
empenhado em manter o alto padrão estabelecido pelo meu
predecessor.
"O que mais sou grato durante minha missão é a visita . do
presidente da Igreja à Missão Européia, pela primeira vez des-
de que foi criada . A visita do Presidente Joseph F . Smith e sua
comitiva deu grande alegria aos élderes e santos, e produziu
um grande bem . Oro sinceramente que ele possa vir de novo e
que sua permanência seja bem mais longa, a fim de poder
visitar melhor as várias partes da missão.
"Desde minha chegada, registraram-se em Liverpool no-
vecentos e dezesseis missionários.
"Não tenho senão palavras do mais alto louvor e gratidão
pelo meus companheiros no escritório de Liverpool, e por to-
dos os presidentes de missão e conferência que trabalharam
sob minha jurisdição . Sou .imensamente grato e agradeço sin-
ceramente aos élderes sua incansável energia e zelo na difu-
são do Evangelho . Meu trabalho restringiu-se principalmente
à Missão Britânica . Tem havido grande incremeno na Missão
Européia quanto à soma de trabalho realizado pelos élderes
na distribuição de folhetos e livros, visitas a casas de estra-
nhos e conversas sobre o Evangelho . Nos meses de agosto,
setembro e outubro, foram distribuídos mais de um milhão e
duzentos mil folhetos na Missão Britânica, acima de quatro-
centos mil a mais comparado com idêntico período do ano
passado . Os livros distribuídos chegam a mais de quarenta e
três mil, mostrando um aumento de mais de vinte e oito mil.
As casas de estranhos visitadas com primeiros folhetos duran-
te o trimestre foram de duzentos e quarenta e nove mil, tre-
zentos e noventa, um aumento de cento e dois mil e setenta e
seis . As conversas sobre o Evangelho chegaram a oitenta e seis
mil, quatrocentos e noventa e seis, um aumento de trinta e
nove mil, oitocentos e seis . Tais aumentos devém ser reduzi-
dos em perto de trinta por cento, em vista do maior número de
missionários do que no período do ano passado . A única coisa
que lamento é que os batismos não subiram na mesma propor-
ção do grande aumento no número de folhetos, livros e con-
versas . . .

220 OS PRESIDENTES DA IGREJA

"Eu, junto com os familiares que me acompanham, parti-


remos para casa com sentimentos de amor, benevolência e
ação de graças em nosso coração por todos os élderes e santos
com quem convivemos, e com sinceras preces por seu contí-
nuo sucesso e felicidade . Nossas experiências destes três anos
passados serão sempre uma agradável recordação durante to-
da a jornada de nossa vida, e oramos sinceramente que as
fortes amizades formadas possam perdurar para a eternidade.
Mais uma vez, ofereço meu amor e bênçãos a todos os élderes
e santos da Missão Européia . Espero ter o privilégio de algum
dia poder cumprimentar muitos dos santos na terra de Sião, e
também de retornar a este país e encontrar-me com outros em
alguma data futura.
"Liverpool, 1 9 de dezembro de 1906.
"Heber J . Grant."

Chegando na Cidade do Lago Salgado poucas semanas de-


pois de sair da Inglaterra, em dezembro de 1906, o Presidente
Grant de imediato passou a atuar ativamente nos negócios da
Igreja e particulares . Na conferência de abril de 1907, presta-
va contas de sua missão aos santos . O espaço limitado permi-
te-me citar apenas uns poucos parágrafos:
"Após uma ausência de três anos e meio", dizia ele, "re-
gozijo-me pela volta ao meu lar nas montanhas . Regozijo-me
pelo progresso da obra do Senhor em casa e no exterior . Dese-
jo dizer aos pais que têm filhos servindo na Missão Européia,
que eles estão cumprindo seu dever ; são rapazes de que se
deve ter orgulho.
"Enquanto no Japão, eu orava ao Senhor de todo o cora-
ção, nas matas daquele país, que me fosse permitido suceder
ao Irmão Lyman como presidente da Missão Européia . E por
quê? Porque sabia, pela experiência de sucedê-lo na Estaca
Tooele, que ele teria tapado todos os buracos, todas as pontes
construídas e as estradas em boa condição . Sabia que iria en-
contrar a missão perfeitamente organizada e tudo em ótimas
condições, com um bom alicerce para prosseguir a construção.
Trabalhei sobre esse alicerce, e os jovens missionários secun-
daram-me em meus esforços . Deus abençoou-nos em nosso
trabalho eclesiástico naquele país durante minha gestão . Sinto
que haverá um crescimento ainda maior sob a gestão do Ir-

HEBER J . GRANT 221

mão Penrose, por causa do fundamento lançado pelo. Ir-


mão Lyman, seguido de meu empenho . Quando o povo diz que
os santos dos últimos dias não acreditam em educação e in-
vestigação, eles simplesmente afirmam uma inverdade . No úl-
timo ano, somente nas Ilhas Britânicas, foram distribuídos pe-
los élderes mais de quatro milhões de folhetos, e estes foram
escritos principalmente pelo Elder Charles W . Penrose"

Após passar pouco mais de um ano em casa, comparecen-


do a conferências de estaca, o Presidente Grant notou progres-
sos na Igreja, mencionados em seu sermão na conferência de
abril de 1908:
"Não restam em minha mente dúvidas de que Sião pros-
pera e que tudo anda bem . Creio, como já foi dito esta manhã,
que a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias nunca
esteve em melhores condições do que hoje, espiritualmente,
temporalmente e sob todos os aspectos . Durante este ano pas-
sado, tive o privilégio de visitar numerosas estacas de Sião, e
acho que os presidentes de estacas, os sumos conselheiros, os
bispos das alas e os professores são mais zelosos, mais diligen-
tes no cumprimento dos mandamentos de Deus, e no ensinar o
povo a viver as leis de Deus do que foram jamais . Creio que as
organizações auxiliares estão florescendo, desde a Sociedade
de Socorro até a Associação da Primária . Creio que os santos
dos últimos dias, como povo, estão-se interessando mais pelo
Evangelho de Jesus Cristo, esforçando-se a cumprir os manda-
mentos do Senhor com mais perfeição do que nunca antes.
Regozijo-me com isto ; regozijo-me por este povo amar o Evan-
gelho ; que desejem o progresso da obra de Deus na terra, e
estejam ansiosos em organizar suas vidas de modo a serem
um exemplo digno de ser imitado por todos os homens".
Pelo período de dez anos, desde seu retorno da Inglaterra,
em 1906, até a morte de Francis M . Lyman, em 1916, o Presi-
dente Grant ficou em casa ocupado com seus deveres eclesiás-
ticos e seus extensos negócios . Por ocasião da morte do Presi-
denteLyman, este foi sucedido por Heber J . Grant como presi-
dente do Quorum dos Doze Apóstolos, sendo designado para
este importante chamado no dia 23 de novembro de 1916 .

222 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Na conferência de abril de 1917, ele expressou sua grati-


dão pelas oportunidades que teve para servir na obra de Deus:
"Há trinta e quatro anos e meio, sou uma das autoridades
gerais. Tenho convivido com elas em todos os seus conselhos.
Conheço o coração desses homens . Conheço os seus desejos.
Conheço sua devoção a Deus e a tudo o que existe para elevar
e melhorar a humanidade . Posso prestar testemunho de que,
assim como sei que eu vivo, sei que toda palavra dita aqui esta
manhã pelo Presidente Joseph F . Smith, testificando da honra,
virtude, integridade e retidão dos homens que presidiram esta
Igreja, é verdade . Regozijo-me que,, em todo convívio com as
Autoridades Gerais da Igreja desde os meus seis anos de ida-
de, jamais ouvi sair dos lábios desses homens uma única pala-
vra, em público ou particular, que não fosse para o benefício,
para a elevação, para o progresso moral e intelectual, físico e
espiritual dos santos dos últimos dias".
"Regozijo-me que em todas as minhas viagens, em meu
país como no exterior, jamais tenha encontrado nos ensina-
mentos de homens não-inspirados do mundo inteiro, a mais
leve atração . Regozijo-me pelo fato de que, quanto mais entro
em contato com o mundo e os povos do mundo, tanto mais
exulto na força e no poder do Evangelho de Jesus Cristo . Rego-
zijo-me além de minha capacidade de expressá-lo, que o Se-
nhor dá aos santos dos últimos dias, como indivíduos um tes-
temunho e conhecimento próprio da divindade da obra na
qual estão engajados, que nós, como indivíduos, não tenhamos
que valer-nos do testemunho alheio . Regozijo-me que todas as
manifestações de poder juntamente com os dons e graças do
Evangelho presentes na Igreja quando o Salvador estava na
terra, ou imediatamente após sua crucificação, são hoje usu-
fruídos em toda a sua extensão pelo santo dos últimos dias
fiel, leal, sincero e patriótico . Regozijo-me com o fato de que,
conforme tenho dito freqüentemente nas várias conferências
pela Igreja afora, a medida que este Evangelho é pregado em
todo o mundo, homens e mulheres de toda denominação e to-
dos os climas rendem obediência a ele . Regozijo-me que, na
pregação do Evangelho, homens com toda a sua sabedoria
mundana, jamais foram capazes de derrotar qualquer um dos
leais e fiéis moços que saíram a proclamá-lo .

HEBER J . GRANT 223

VI

No dia 19 de novembro de 1918, falecia na Beehive Hou-


se, da Cidade do Lago Salgado, Joseph F . Smith, o presidente
da Igreja . E com a morte deste grande homem dissolveu-se o
quorum da Primeira Presidência . Quatro dias depois., a .23 de
novembro, Heber J . Grant foi escolhido para este excelso en-
cargo numa reunião do Conselho dos Doze Apóstolos pela
aprovação unânime de seus irmãos . Um dia antes deste impor-
tante acontecimento, o Presidente Grant festejara seu sexagé-
simo segundo aniversário . Há trinta e seis anos, vinha servin-
do como membro dos Doze. Viajara muito e extensamente no
interesse da Igreja . Sua diligência e zelo pelo erguimento do
reino de Deus haviam sido infatigáveis . Observara as leis e os
mandamentos ; tinha sido um servo fiel e dedicado ; e agora
estava sendo chamado para arcar com o _fardo da liderança.
Todas as dúvidas que tinha em mente quanto à sabedoria de
sua escolha foram removidas pela declaração que o Presidente
Joseph F . Smith lhe fez poucas horas antes da sua morte:
" O Senhor o abençoe, meu rapaz, o Senhor o abençoe,"
disse o Presidente Smith . "Você tem uma grande responsabili-
dade . Lembre-se de que esta é a obra do Senhor e não do
homem . O Senhor está acima de qualquer homem . Ele sabe
quem quer para liderar a sua Igreja, e nunca comete engano
algum . 0 Senhor o abençoe".
Em virtude da epidemia de gripe que assolava o país nos
primeiros meses de 1919, a conferência geral da Igreja, sem-
pre realizada em abril, foi adiada para junho . Nessa ocasião, o
grande corpo do Sacerdócio, votando por quoruns, apoiou He-
ber J. Grant como presidente da Igreja. Esta votação foi segui-
da por toda a congregação que aprovou unanimemente a esco-
lha . Então o Presidente Grant levantou-se, dizendo em parte:
"Sinto-me humilde além de toda a linguagem de que Deus
me dotou para expressar-me estando aqui diante de vós esta
manhã, ocupando a posição em que acabais de me apoiar com
o vosso voto . Lembro-me de estar de pé diante de uma audiên-
cia em Tooele, após ser apoiado como presidente daquela esta-
ca, quando ainda um moço de vinte e três anos de idade, pro-
metendo aquela audiência o melhor que em mim havia . Estou
aqui postado hoje em toda humildade, reconhecendo minha

224 08 PRESIDENTES DA IGREJA

própria fraqueza, minha falta de sabedoria e conhecimento, e


minha ausência de capacidade para ocupar a excelsa posição
na qual me apoiastes pelo voto . Porém, conforme eu disse
quando rapaz em Tooele, digo aqui hoje, que pela e com a
ajuda do Senhor, farei o melhor que puder para cumprir todas
as obrigações que me caberão como presidente da Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, com o máximo de
minha capacidade.
"Não pedirei a nenhum homem que seja mais liberal com
seus recursos do que sou com os meus, em proporção ao que
possui, para o progresso do reino de Deus . Não pedirei a ne-
nhum homem que observe a Palavra de Sabedoria mais estri-
tamente do que eu a observarei . Não pedirei a nenhum homem
que seja mais consciencioso e pontual no . pagamento de seus
dízimos e ofertas do que eu serei . Não pedirei a nenhum ho-
mem que chegue mais cedo e saia mais tarde e que trabalhe
com toda a força mental e física do que eu trabalharei, sempre
em humildade. Eu espero e rogo as bênçãos do Senhor, reco-
nhecendo aberta e francamente que, sem as bençãos do Se-
nhor, ser-me-á impossível ter êxito no alto encargo para qual
fui chamado . Porém, como Néfi da antigüidade, sei que o Se-
nhor nunca dá ordens aos filhos dos homens sem antes prepa-
rar um caminho pelo qual suas ordens poderão ser cumpridas.
Com este conhecimento em meu coração, aceito, aceito a gran-
de responsabilidade sem temer as conseqüências, sabendo que
Deus há de apoiar-me como apoiou todos os meus predecesso-
res nesta posição, dependendo sempre, de que eu trabalhe
com toda humildade e diligência, sempre buscando a orienta-
ção do seu Santo Espírito ; e isto procurarei fazer".

VII

De novembro de 1918 até 1 de maio de 1945, todas as


atividades dos santos dos últimos dias no mundo inteiro foram
presididas pelo Presidente Grant . Seu governo excedeu em du-
ração a de todos os demais presidentes da Igreja, exceto a do
Presidente Brigham Young . Teve, portanto, uma esplêndida
oportunidade para colocar em execução suas diretrizes e de
exercer a sua influência no erguimento e progresso da grande
obra dos últimos dias .

HEBER J . GRANT 225

Talvez a contribuição mais notável do Presidente Grant


para a Igreja durante os anos de sua presidência fosse sua
capacidade de encontrar e entender-se com as pessoas emi-
nentes e importantes do país ; de vencer oposição ; de remover
preconceitos e conquistar amigos para os santos dos últimos
dias. Foi um grande e notável missionário . Recordo suas ob-
servações na conferência geral de 1921, quando mencionou
um discurso pronunciado no Knife and Fork Club, na cidade
de Kansas, em dezembro do ano anterior:
"Penso que nós, como povo, temos grande motivo de re-
gozijarmo-nos com a era de boa vontade e camaradagem que
existe para conosco hoje em dia, entre os alheios à nossa fé,
em comparação com as condições existentes anos atrás . Não
sei de nenhuma única coisa acontecida em minha experiência
durante o longo tempo como uma das autoridades gerais da
Igreja, que me impressionasse mais profundamente do que a
mudança de atitude para com os santos dos últimos dias, de-
monstrada na recepção de que fui alvo em dezembro último,
quando fui à cidade de Kansas fazer uma palestra sobre as
realizações do "mormonismo'' . Quandò reflito no fato de que,
no principal hotel daquela maravilhosa e progressista cida-
de . . . a pouco mais de quinze quilômetros de Independence,
local de onde os santos dos últimos dias foram escorraçados
por uma ordem de expulsão e extermínio do governador esta-
dual, Governador Boggs, foi-me permitido levantar e procla-
mar as realizações dos santos dos últimos dias ; relatar as pro-
fecias de Joseph Smith, dar aos homens ali reunidos — mais
de trezentos dos principais e influentes empresários da cidade
— o testemunho de Josiah Quincy a respeito do Profeta Joseph
Smith ; repetir para eles o sublime hino pioneiro : 'Vinde Ó San-
tos' ; relatar as privações, amarguras e perseguições sofridas
pelos santos dos últimos dias, e ver aquele grupo de homens
representativos receber a palestra com aprovação, aplaudindo
em muitos pontos, e muitos procurando-me após a reunião
para cumprimentar-me e congratular-me pelo discurso ; e ou-
vir alguns membros da junta diretora dessa grande agremia-
ção — o Knife and Fork Club da cidade de Kansas (que
conforme fui informado é o segundo maior clube de jantar dos
Estados Unidos, sendo o Gridiron de Washington o primeiro)
dizer-me que esperavam que eu retornasse algum dia, a fim de

226 OS PRESIDENTES DA IGREJA

poderem ouvir mais a respeito de nossa gente ; e depois parar e


refletir sobre o fato de que o Profeta e seus seguidores foram
nos primeiros tempos expulsos do Missouri, muitos deles sen-
do assassinados ; que todos os tipos de crimes foram cometidos
contra o povo ; que suas propriedades foram confiscadas ; que
nunca recebemos nenhuma compensação pelo que era nosso
naquelas regiões ; que hoje, parte das valiosas terras por que
passamos é na verdade propriedade nossa, (pois quando se
investigam muitos extratos de títulos sucessivos de posse de
propriedades valiosas, chega-se ao título original do bispo da
Igreja "Mórmon " , e só o usucapião assegurou às pessoas a pos-
se definitiva, e não porque houvesse sido pagas) digo, parar
e refletir nas pressões e perseguições dos santos dos últimos
dias que nenhuma língua pode descrever e pena alguma pin-
tar ; e então dar-se conta de que agora existe certa simpatia
naquela comunidade, entre o povo residente no próprio lugar,
por assim dizer, do qual foram escorraçados o Presidente Jo-
seph Smith, o profeta do Deus vivo, e outros ; ser convidado a
ir lá e falar das realizações do "mormonismo" e ver palestra
ser recebida de braços abertos, mostra a mais maravilhosa
mudança de atitude".
O exemplo acima é apenas um entre centenas de casos em
que o Presidente Grant viajou para vários pontos dos Estados
Unidos, a fim de exercer o prestígio de seu elevado ofício para
apresentar a verdade ao povo e conquistar amigos para os
santos dos últimos dias . A mudança de sentimento para com o
povo mórmon foi devido em grande parte aos seus infatigáveis
esforços individuais.
Durante a gestão do Presidente Grant, as organizações da
Igreja foram grandemente ampliadas . Em 1918, quando assu-
miu o cargo, havia setenta e cinco estacas e oitocentos e qua-
renta e três alas e ramos independentes . O relatório apresen-
tado na conferência de abril de 1943 mostra a existência de
cento e quarenta e três estacas com mil duzentas e quarenta e
duas alas e ramos independentes.
O rápido crescimento da Igreja, todavia, não implicou em
nenhuma redução das qualificações espirituais dos seus mem-
bros . Em outubro de 1937, o Presidente fez o que reputo o
mais importante pronunciamento a respeito das qualificações

HEBER J . GRANT 227

dos oficiais da Igreja já feito desde os dias do Profeta Joseph


Smith . Dizia ele naquela ocasião:
"Eu anunciei aqui na reunião do Sacerdócio de ontem à
noite, e decidi anunciá-la novamente, que esperamos que to-
dos os oficiais gerais da Igreja, sem exceção, sejam de hoje em
diante dizimistas absolutamente integrais, reais e autênticos
observadores da Palavra de Sabedoria ; e solicitamos a todos
os oficiais da Igreja e a todos os membros das juntas gerais, e
a todos os oficiais de estacas e alas que, se não estiverem
vivendo o Evangelho e pagando conscienciosamente seu dízi-
mo, tenham a bondade de retirar-se, a menos que de hoje em
diante cumpram essas condições".
"Sentimos que em todas as estacas de Sião, cada presi-
dente de estaca, cada conselheiro de um presidente de estaca,
cada secretário de estaca e cada sumo conselheiro à testa do
povo na estaca — solicitamos que tenham a bondade de reti-
rar-se a menos que estejam vivendo estas leis . A eles foi dada
a responsabilidade de presidir, e todo oficial que preside deve-
rá dizer de hoje em diante : 'Vou servir ao Senhor de modo que
meu exemplo seja digno de imitação'.
"Nenhum homem que não cumpre a Palavra de Sabedo-
ria é capaz de ensiná-la pelo Espirito de Deus . Homem algum
consegue proclamar este Evangelho pelo Espírito do Deus vi-
vo, a menos que viva sua religião ; e com a grande empresa
que temos à nossa frente agora, precisamos renovar nossa
lealdade para com Deus ; e creio, sem sombra de dúvida, que
Deus inspira e abençoa, multiplica nossos bens quando somos
honestos com ele . Não queremos que se repitam hoje as condi-
ções de outros tempos das quais nos falam as Escrituras,
quando o Senhor afirma que estava sendo roubado, porque o
povo deixou de viver a lei financeira revelada por Deus.
"Agora, oro do fundo de meu coração que Deus dê a cada
homem e mulher, sem exceção, que ocupa um oficio em qual-
quer estaca ou ala, o espírito, o desejo e a determinação de
renovar, de hoje em diante, seus convênios com Deus, de viver
sua religião e, se formos fracos demais para fazer estas coisas,
deveríamos-nos retirar, deixando outra pessoa em nosso lu-
gar."
Na conferência de abril de 1938, o Presidente Grant vol-
tou a dar ênfase a este importante ponto :

228 OS PRESIDENTES DA IGREJA

"Quero deixar com esta enorme audiência meu profundo


apreço por tudo o que foi falado . Endosso-o de todo o coração,
e volto a reafirmar tudo o que disse nos dez ou quinze minutos
no final de nossa conferência de há seis meses . Peço a todo
homem e mulher que ocupam um posto de responsabilidade,
cujo dever é ensinar o Evangelho de Jesus Cristo, que vivam e
guardem os mandamentos de Deus, de forma que possam en-
sinar pelo exemplo ; e, se não conseguirem vivê-lo, nós conti-
nuaremos a amá-los, a rodeá-los com nossos braços, continua-
remos a oràr por eles, para que possam tornar-se suficiente-
mente fortes para vivê-lo . Porém, a menos que disso sejam
capazes, pedimos que, por favor, se retirem e dêem lugar àque-
les que o vivem. Homem algum poderá pregar o Evangelho de
Jesus Cristo sob a inspiração do Deus vivo e com poder do
alto, a não ser que o esteja vivendo . Ele pode continuar sendo
membro e jamais poremos qualquer obstáculo em seu cami-
nho, porque o Evangelho é de amor e perdão ; porém, como
oficiais no Sacerdócio e na Sociedade de Socorro, queremos
homens e mulheres verdadeiros . E nenhum homem que não
pode levantar-se para dizer que sabe que o Evangelho é verda-
deiro e que o está vivendo, tem o direito de estar num sumo
conselho ."

VIII

Mesmo avizinhando-se dos oitenta, o Presidente Grant


continuava ativo, ainda dirigindo os negócios de um grande
povo . Podia volver o olhar para a longa vida passada e ter
certeza de que fora bem sucedido sob todos os aspectos . Se,
como tem sido dito, "a riqueza de um homem consiste do nú-
mero de coisas que ele ama e bendiz, e que também o amam e
bendizem," então, na verdade, o Presidente Grant acumulou
um imenso tesouro . Ele tocou a vida de muitos milhares, rece-
bendo em troca seu sincero amor e apreço.
Na capela de Portland, Oregon, prestou este fervoroso
testemunho em outubro de 1937:
"Quero prestar-lhes meu testemunho e dizer que cada go-
ta de sangue em meu corpo, cada onça de sabedoria em meu
cérebro, testifica, sem sombra de dúvida, que estou convertido
à minha religião . Nós temos o Evangelho! Temos o plano de

HEBER J . GRANT 229

vida e salvação, tenho certeza . Temos todos os dons, as profe-


cias, o poder de curar e todas as coisas que tiveram nos tem-
pos antigos . Eu sou um monumento vivo ao poder de cura de
Deus Onipotente . Eu estava desenganado . Minha esposa que
está morta visitou minha esposa que vive e disse-lhe que mi-
nha vida não estava terminada ; e embora já estando com sep-
ticemia, eu sarei, e desde aí, tenho levantado a voz na Irlanda,
Inglaterra, Bélgica, Noruega e Suécia, de Portland no Maine a
Portland no Oregon, no Havaí, Japão, da Califórnia à Flórida,
e subindo ambas as costas, dizendo que sei, tão certo quanto
vivo, que Deus vive, porque ele ouviu e respondeu minhas pre-
ces, vezes sem conta. Eu sei que Jesus Cristo é o Filho de Deus,
o Pai Eterno . Sei que Joseph Smith é um profeta de Deus, e
que Deus nos ajude a viver de tal modo que outros, vendo
nossas boas obras, queiram investigar o plano de vida e salva-
ção, eu rogo em nome de Jesus Cristo . Amém ."

IX

Em seus últimos anos, quase diariamente o Presidente


Grant fazia um longo passeio de automóvel pelo campo ou nos
pitorescos desfiladeiros das redondezas, desde que o tempo
permitisse . Nesses passeios, ele e a Sra . Grant faziam-se acom-
panhar sempre por parentes ou amigos . Ele nunca estava sa-
tisfeito até ver o carro cheio e outros terem oportunidade de
admirar os panoramas que lhe davam intenso deleite e satisfa-
ção . A Sra . Nibley e eu éramos convidados freqüentemente a
acompanhá-los e gozar sua companhia nessas ocasiões duran-
te seus últimos anos . Não havemos de esquecer tão logo sua
bondade para conosco nem seu constante interesse pelo nosso
bem-estar.
Enquanto sua saúde permitiu, o Presidente Grant passava
diariamente algumas horas em seu gabinete no Escritório Cen-
tral da Igreja, na rua South Temple . Ali se reunia em conselho
com os irmãos, conversava com amigos ou estranhos, ditava
cartas ou cuidava de quaisquer assuntos que exigiam sua
atenção . Ainda que fisicamente debilitado em virtude de uma
paralisia parcial sofrida em 1940, sua mente continuava lúci-
da, alerta e ativa .

230 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Tendo sido aconselhado pelo médico a abster-se de fazer


um discurso público durante a conferência geral de abril de
1943, ele ditou um extenso pronunciamento para ser lido aos
santos ali congregados . Lamentamos não poder reproduzi-lo
por inteiro, mas queremos citar alguns poucos trechos.
"Quero agradecer ao povo pelas orações em meu favor",
dizia ele . "Não me venho sentindo bem há mais de três anos, e
ainda assim nunca sofri nenhuma dor durante todo esse tem-
po . . . O Senhor tem sido bom para mim e atendido as orações
do povo, bem como minhas próprias preces, no sentido de que,
enquanto me deixar aqui na terra, eu seja física e mentalmen-
te capaz de prosseguir na promoção da sua obra ."
A grande guerra que assolava o mundo era fonte de contí-
nua ansiedade para ele . Assim externou seus sentimentos
quanto a esse assunto em outro pronunciamento, lido na con-
ferência de outubro de 1943.
"Estou orando com todo meu coração e alma pelo fim
desta guerra, tão logo o Senhor considere conveniente que ter-
mine, e oro sinceramente que a influência do espírito do Se-
nhor esteja com todos os que têm entes queridos nos campos
de batalha ."
Passou-se um ano inteiro . A saúde do Presidente Grant
declinava gradualmente, mas seu desejo de servir e continuar
trabalhando em suas grandes tarefas não diminuía com o pas-
sar dos anos . Seu espírito parecia tornar-se cada vez mais
brilhante, conforme sua vida se prolongava . Na conferência
de outubro de 1944, externou sua gratidão ao Pai Celestial
pelas bênçãos que havia recebido.
"Mais uma vez é-me permitido estar convosco em outra
conferência geral da Igreja, e presto testemunho de que eu sei
que é pelo poder restaurador e sustentador de Deus que estou
aqui. Em mais seis ou sete semanas, se o Senhor permitir,
iniciarei meu octogésimo nono ano de vida, completando en-
tão sessenta e dois anos desde que me tornei um dos apóstolos,
e terei servido vinte e seis anos como presidente da Igreja . Em
tudo isso e muito mais, o Senhor tem-me abençoado ricamen-
te, e sou grato por poder dizer que agora estou melhor do que
estive durante algumas semanas e meses que acabam de pas-
sar ."

HEBER J . GRANT 231

Durante o inverno de 1944/45, as horas passadas em seu


gabinete eram menos freqüentes . Mas, para quem o visitasse
em sua casa, ele era o mesmo amigo bondoso, atento e afetuo-
so . Não teve condições de comparecer à conferência de abril
de 1945 ; porém, ditou extenso pronunciamento que foi lido
para a multidão ali reunida . Foi uma das mais fervorosas e
belas expressões que jamais brotaram de sua mente e coração.
Nesse comovedor apelo aos santos dos últimos dias, prestou
seu último e final testemunho.
"A coisa mais gloriosa jamais acontecida na história do
mundo, desde que o próprio Salvador viveu na terra, é Deus
achar conveniente visitar pessoalmente a terra com seu ama-
do Filho Unigênito, nosso Redentor e Salvador, e aparecer ao
menino Joseph Smith . . .
"O Evangelho em sua pureza foi restaurado na terra ."
"Presto-vos testemunho de que eu sei que Deus vive ; que
ele ouve e responde às orações ; que Jesus é o Cristo, o Reden-
tor do mundo ; que Joseph Smith foi e é um profeta do Deus
vivo, e que Brigham Young e os que o sucederam também o
foram igualmente . . .
"Não disponho de palavras para exprimir minha gratidão
a Deus por este conhecimento que tenho ."

X
No entardecer de segunda-feira, 14 de maio de 1945, cer-
ca de uma hora antes do pôr do sol, a imprensa e o rádio
anunciavam ao mundo a morte do Presidente Heber J . Grant
em sua casa, na Cidade do Lago Salgado . Embora a notícia
não fosse inesperada, foi um choque para seus numerosos
amigos pessoais e para os membros da Igreja em todo o mun-
do . Um grande e bom homem, um sábio conselheiro, um hábil
executivo, o sétimo presidente da Igreja, um profeta de Deus
havia partido para seu lar celestial.
O funeral do Presidente Grant foi realizaaü no histórico
Tabernáculo da Cidade do Lago Salgado na sexta-feira, 18 de
maio, às 12 :15 horas . Uma hora antes do início da cerimônia,
o grande auditório estava totalmente ocupado pelos que foram
prestar-lhe o derradeiro tributo e homenagem . 0 primeiro ora-
dor foi George Albert Smith, presidente do Conselho dos Doze .

232 OS PRESIDENTES DA IGREJA

"Congregados nesta solene ocasião", disse ele, "perto do


esquife contendo um ente querido, nossos sentimentos estão
naturalmente deprimidos, e fosse esta a última vez de estar-
mos com ele, seria uma situação extremamente angustiosa;
mas não é este o caso . Este homem que foi chamado para casa
pelo nosso Pai Celestial, concluiu honrosamente sua vida mor-
tal ; porém, se formos dignos, estaremos novamente com ele na
imortalidade . Nascido há oitenta e oito anos atrás, dedicou a
maior parte da vida a diligentemente compartilhar a verdade
de nosso Senhor com seus semelhantes . Há mais de quarenta
anos, venho sendo um de seus companheiros que têm sobre
seus ombros a responsabilidade de disseminar o Evangelho de
Jesus Cristo em todas as partes do mundo . . .
"A educação do Presidente Grant foi de caráter . Viveu
num lar em que se faziam orações familiares e individuais
pela manhã e à noite, e onde sempre se dava graças pelo ali-
mento que se tomava . Aprendeu no lar a honrar pai e mãe, a
honrar o Pai Celestial, e a amar o próximo como a si mesmo.
Não conheço nenhum outro homem mais generoso em dar de
si e dos meios que lhe vinham às mãos . Procurava tornar mais
felizes seus irmãos e irmãs de todas as crenças ."
O segundo orador, Presidente David O . McKay, falou co-
movidamente.
"A voz do Presidente Grant silenciou ; seu coração deixou
de palpitar, mas ele ainda vive, pois às pessoas como ele é
dada a divina promessa : 'Eu sou a ressurreição e a vida ; quem
crê em mim, ainda que esteja morto viverá . E todo aquele que
vive e crê em mim nunca morrerá ."'
"Perseverante nas realizações, sincero, honesto, reto em
todos seus negócios, positivo no falar, dinâmico no agir, in-
transigente com o mal, simpático com o infeliz, magnânimo ao
extremo, fiel na vida a toda confiança, afetuoso e atencioso
para com quem amava, leal para com os amigos, a verdade,
Deus — assim era nosso honrado e querido presidente — um
líder notável, um digno exemplo para a Igreja e para a huma-
nidade em todo o mundo ."
As palavras finais foram proferidas pelo Presidente J.
Reuben Clark Jr.
"Quero endossar toda coisa boa — e tudo o que foi falado
hoje sobre o Presidente Grant foi bom — eu endosso toda coisa

HEBER J . GRANT 233

boa que qualquer um disse a seu respeito, pois ele foi um raro
espírito que viveu retamente e recebeu de nosso Pai Celestial
as bênçãos concedidas aos que guardam e obedecem a seus
mandamentos .
"Que Deus abençoe sua memória para todos nós ; mante-
nha-a pura e brilhante conosco . Possamos nós, dia a dia, vir a
entender e apreciá-la, a fim de podermos ser capazes de segui-
lo e viver como ele viveu ."
Após os serviços fúnebres, o corpo do Presidente Grant foi
levado para o cemitério municipal, onde foi inumado na sepul-
tura familiar . A oração dedicatória da sepultura foi oferecida
por Antoine R . Ivins.
GEORGE ALBERT SMITH
OITAVO PRESIDENTE

GEORGE ALBERT SMITH


(1870-1951)

Na segunda-feira, 21 de maio de 1945, uma semana após


a morte do Presidente Heber J . Grant, numa reunião do Quo-
rum dos Doze Apóstolos no Templo de Salt Lake, George Al-
bert Smith, presidente do quorum, foi apoiado e designado por
seus irmãos como presidente da Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias . Na época em que lhe foi conferida
esta grande honra, o Presidente Smith estava em seu septua-
gésimo sexto ano de vida ; no dia 4 de abril, cerca de seis
semanas antes, havia completado setenta e seis anos . Embora
não gozasse de plena saúde, era física e mentalmente alerta e
ativo, e bem qualificado por nascimento, educação e longa
experiência para desincumbir-se da pesada responsabilidade a
ele delegada.
O Presidente Smith fazia parte da quarta geração de uma
família que se distinguiu pelos seus fiéis e dedicados serviços à
Igreja desde sua organização . Seu bisavô, John Smith, tio do
Profeta Joseph Smith, foi um dos primeiros convertidos aos
ensinamentos de seu brilhante sobrinho, tendo sido batizado
em Potsdam, Nova York, no dia 9 de janeiro de 1832.
Tio John, conforme é conhecido familiarmente na história
da Igreja, mudou-se para Kirtland em 1833, dali acompa-
nhando os santos em todas as suas andanças — Missouri ; Illi-
nois, Winter Quarters e, finalmente, para a Grande Bacia.
Chegou ao Vale do Lago Salgado no outono de 1847, poucas
semanas depois da primeira companhia de pioneiros, sendo
escolhido pelo Presidente Brigham Young para presidir a isola-
da colônia de santos até o retorno da Primeira Presidência de
Winter Quarters, o que se deu em setembro de 1848.
No dia 1° de janeiro de 1849, John Smith foi ordenado ao
ofício de patriarca da Igreja ; faleceu no dia 23 de maio de
1854, enquanto exercia fielmente seus deveres nesse alto cha-
mado . Humilde e sincero, fiel e verdadeiro, leal para com seus

236 OS PRESIDENTES DA IGREJA

irmãos e a Igreja, ele deixou um bom nome e uma posteridade


que lhe faz honra.
0 filho primogênito de Tio John, George Albert, ou George
A. como o chamavam familiarmente, avizinhava-se do trigési-
mo sétimo aniversário, quando perdeu seu digno pai . Já então
um sazonado veterano na Igreja, criara pessoalmente um no-
me ilustre como missionário, apóstolo, estadista, pioneiro da
primeira companhia a chegar no Vale do Lago Salgado em
1847, e colonizador da região sul de Utah.
George A . tinha quinze anos de idade ao batizar-se em
Potsdam, Nova York, em setembro de 1832 . No ano seguinte,
mudou-se com os pais para Kirtland, Ohio, então sede da Igre-
ja, onde se encontrou pela primeira vez com seu primo, o Pro-
feta Joseph Smith . Logo se tornaram amigos, e a fé em George
A . na missão divina do Profeta e seus ensinamentos foi cres-
cendo com o passar dos anos.
Na primavera de 1834, George A ., então com dezesseis
anos, acompanhou um grupo dos irmãos, conhecido como
Acampamento de Sião, na longa e difícil marcha até Missouri
e volta, um trajeto de perto de três mil e duzentos quilômetros.
Durante os verões de 1835, 1836 e 1837, esteve ausente nos
estados do Leste, servindo como missionário da Igreja . Em
1838, transferiu-se com os pais para o Missouri, ali suportan-
do os problemas e dificuldades a que os santos foram sujeitos
durante sua expulsão do estado.
A 26 de abril de 1839, George A . Smith foi ordenado
apóstolo, isto dois meses antes de completar vinte e dois anos
de idade ; foi o mais jovem a ser escolhido para esse alto ofício
na história da Igreja. No outono do mesmo ano, partiu de Nau-
voo com seus irmãos dos Doze, a fim de cumprir missão nas
Ilhas Britânicas . Após uma missão extraordinariamente bem
sucedida, voltou para casa no verão de 1841 . Quase todo seu
tempo durante os anos seguintes foi dedicado à formação do
núcleo dos santos em Nauvoo e circunvizinhanças, e empreen-
dendo breves missões nos estados do Leste . Encontrava-se em
Michigan, quando recebeu notícia da morte do Profeta e do
patriarca, em junho de 1844 . Partiu imediatamente para Nau-
voo, e em seguida, os Doze Apóstolos tornaram-se o órgão go-
vernante da Igreja . Dali em diante, passou todos os anos de

GEORGE ALBERT SMITH 237

sua vida ativa dedicando-se a promover a organização à qual


se dera de toda alma.
Participou do êxodo de Nauvoo e integrou, conforme já
foi dito, o primeiro grupo de pioneiros que abriu caminho para
o Vale do Lago Salgado no verão de 1847, a fim de encontra-
rem um novo lar parà os santos . Retornando a .Winter Quarters
no outono, foi encarregado pelo Presidente Brigham Young de
permanecer "junto ao rio" e cuidar do bem-estar dos mem-
bros da Igreja que se preparavam para o início da jornada
pelas planícies . Somente no outono de 1849, ele conseguiu
reunir-se aos pais e santos em Utah.
No inverno de 1850/51, George A . conduziu um grupo de
emigrantes para a região sul do território, fundando a colônia
de Parowan . Em 1852, foi chamado a presidir os membros da
Igreja no Condado de Utah, e dois anos depois, na conferência
de abril, foi apoiado como historiador e registrador geral da
Igreja . Na conferência de outubro de 1869, foi escolhido pelo
Presidente Young como primeiro conselheiro na Primeira Pre-
sidência, em lugar de Heber C . Kimball, que falecera poucos
meses antes. Ocupou esta posição até sua morte, ocorrida a 1°
de setembro de 1875, em seu qüinquagésimo nono ano de vi-
da. George A . Smith foi, sob todos os pontos de vista, um dos
grandes homens da Igreja durante os seus primeiros tempos.
O terceiro filho homem de George A. Smith recebeu o no-
me de John Henry . Ele nasceu perto de Kanesville, Condado
de Pottawattamie, Iowa, a 18 de setembro de 1848 . Em junho
do ano seguinte, George A . e sua esposa, Sarah Ann Libby,
iniciaram a longa jornada pelas planícies para Utah, viajando
no carroção puxado por juntas de bois, a corajosa mãe levan-
do nos braços seu filho bebê . Depois das costumeiras priva-
ções, eles chegaram à Cidade do Lago Salgado, em 27 de outu-
bro de 1849. Sarah Ann Libby, entretanto, não iria gozar por
muito tempo o ambiente tranqüilo de seu novo lar . Faleceu no
dia 12 de junho de 1851, vitimada pelo terrível mal daqueles
tempos pioneiros, conhecido como consunção . Hannah Libby,
uma irmã da falecida e também esposa de George A . Smith,
encarregou-se da criação do garotinho, dando-lhe todo o afeto
e os amorosos cuidados que teria recebido da própria mãe.
Em julho de 1852, quando John Henry tinha quatro anos,
mudou-se com a mãe adotiva e familiares para Provo, onde o

238 OS PRESIDENTES DA IGREJA

pai devia estabelecer-se e presidir os núcleos de santos no


Condado de Utah, a pedido de Brigham Young . Foi onde cres-
ceu e para onde levou sua jovem esposa, Sarah Farr, com
quem se casou no dia 20 de outubro de 1866.
Na conferência geral da Igreja, realizada em maio de
1874, John Henry foi chamado a empreender uma missão nas
Ilhas Britânicas . Partiu de casa em junho desse ano, dedican-
do-se ao trabalho missionário com grande êxito na Inglaterra
até julho de 1875, quando foi chamado de volta em virtude de
grave enfermidade do pai . Chegando na Cidade do Lago Salga-
do a 15 de agosto, pôde passar apenas quinze dias ao lado da
cama do homem a quem mais amava e honrava . O Presidente
George A . Smith deixou esta vida no dia 1° de setembro de
1875.
John Henry agora fixou residência na Cidade do Lago Sal-
gado. Suas atividades foram tão numerosas nos anos seguin-
tes, que dispomos de espaço para mencionar apenas algumas
delas . Em 1876, foi eleito para a câmara municipal da Cidade
do Lago Salgado . Quatro anos mais tarde, na conferência de
outubro de 1880, seu nome foi proposto e apoiado como mem-
bro do Quorum dos Doze Apóstolos, seguindo- as pegadas de
seu digno pai . Dois anos depois, em outubro de 1882, foi indi-
cado pelo presidente da Igreja, John Taylor, para presidir a
Missão Européia sediada em Liverpool, Inglaterra, voltando
para a Cidade do Lago Salgado na primavera de 1885 . A par-
tir daí, dedicou seu tempo a atividades eclesiásticas, seculares
e políticas, todas elas destinadas a promover o melhoramento
e bem-estar da humanidade . Na conferência de abril de 1910,
John Henry Smith foi escolhido pelo Presidente Joseph F.
Smith como segundo conselheiro na Primeira Presidência da
Igreja . Dedicou-se aos deveres desse alto ofício até a época de
sua morte, ocorrida a 13 de outubro de 1911, após breve en-
fermidade.

II
O Presidente George Albert Smith era o segundo filho de
John Henry e Sarah Farr Smith, tendo nascido na Cidade do
Lago Salgado a 4 de abril de 1870 . O irmão mais velho morreu
ainda na primeira infância . Desde o princípio, o rapaz foi fa-

GEORGE ALBERT SMITH 239

vorecido pela boa sorte ; a vida familiar dos pais era conside-
rada ideal pelos vizinhos e amigos . Ali reinava amor e afeição
em abundância ; os mais altos princípios morais e religiosos
eram ali ensinados e observados . O avô, Presidente George A.
Smith, de quem herdara o nome, vivia perto . A família era
distinta ; o nome que ostentava era contado entre os mais hon-
rados na Igreja . O garoto, sem dúvida, foi alvo de muitos bons
votos e expectativas, pois a quem muito é dado, muito é pedi-
do . Ele cumpriu todas essas expectativas e somou mais ho}lras
às realizações de seus ilustres antepassados . Felizes os pais
que puderam chamá-lo de filho!
No dia 6 de junho de 1878, passados pouco mais de dois
meses após seu oitavo aniversário, foi batizado no City Creek,
que então corria pelo lado ocidental do quarteirão do templo,
pelo Elder James Moyle, sendo confirmado no mesmo dia pelo
próprio pai, John Henry Smith:
Tive o privilégio de inquirir o Presidente George Albert
Smith a respeito das influências recebidas na primeira infân-
cia . Era fácil de ver que o próprio pai era o seu ideal . "—
Jamais encontrei homem melhor que meu pai", dizia ele . 0
fato de levar o nome do avô influenciou-o na escolha da car-
reira . "Significou muito para mim", prosseguiu . "Eu tinha que
cuidar daquele nome sagrado ."
Contou-me também que, certa vez, quando convalescia de
longa enfermidade, sonhou que viu e conversou com o avô.
"Pensei estar às margens de um lago", contou-me, "completa-
mente só . Vi um caminho entre as árvores e resolvi seguir por
ele . Logo avistei um homem vindo em minha direção . Ao apro-
ximar-se mais, reconheci nele o meu avô . Ao nos encontrar-
mos, ele falou : — Gostaria de saber o que você tem feito com o
meu nome.
— Jamais fiz com seu nome qualquer coisa que lhe pu-
desse trazer vergonha — respondi . Então, recuperando a
consciência, decidi que nunca faria nada que pudesse prejudi-
car o seu bom nome".
Depois de uns poucos anos de instrução elementar nas
escolas da Cidade do Lago Salgado, aos doze anos o rapaz foi
morar com parentes em Provo, onde teria oportunidade de
freqüentar a Academia Brigham Young . Ali sofreu a influência
desse notável educador dos tempos pioneiros, Karl G . Maeser .

240 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Um dos memoráveis preceitos aprendidos desse homem ex-


traordinário, segundo me contou o Presidente Smith, é que
influenciou sua vida foi : "Você será responsabilizado não só
pelas coisas que faz, mas também pelos pensamentos que
tem."
Depois da partida do pai para a Inglaterra, em princípios
de 1883, onde fora presidir a Missão Européia, George Albert
voltou para a Cidade do Lago Salgado . Após mais um ano na
Universidade de Utah, na qual ingressou aos dezoito anos, ele
deixou os estudos e passou a trabalhar como vendedor na
Zion's Cooperative Mercantile Institution . Esse emprego pare-
ce ter sido de seu agrado e nele saiu-se muito bem desde o
princípio . Era zeloso, gentil, agradável, consciencioso no tra-
balho e sabia conversar . Ao redigirmos este esboço, temos
diante de nós um diário dele escrito durante uma de suas via-
gens comerciais pelo sul de Utah, na primavera e verão de
1890 . Na época, tinha pouco mais de vinte anos . Partiu da
Cidade do Lago Salgado com seu companheiro James Poulton
para as colônias do sul, viajando de carroção . Levaram sete
horas para chegar ao primeiro ponto de parada, American
Fork. Porém, estavam satisfeitos ; James Poulton tinha sua
flauta e George Albert levara a guitarra — e assim, tocavam e
cantavam em dueto. Nos vários núcleos, eles aceitavam os
pedidos dos comerciantes . Foram para o sul até St . George e
Panguitch, e depois de uma viagem bem sucedida, chegaram
de volta à Cidade do Lago Salgado, a 30 de junho.
Foi no outono do ano seguinte, 1891, quando tinha vinte e
um anos, que ele empreendeu seu primeiro trabalho missioná-
rio . Foi chamado pelo presidente da Igreja para trabalhar en-
tre os moços das estacas de Juab, Millard, Beaver e Parowan,
em prol da Associação de Melhoramentos Mútuos, tarefa que
cumpriu com toda boa vontade . Depois de receber seus en-
dowments (investiduras) no Templo de Manti, partiu para a
região sul do estado, no dia 7 de setembro . Ele e seu compa-
nheiro, William B . Dougall Jr., realizaram reuniões em várias
localidades, organizaram Associações de Melhoramentos Mú-
tuos e incentivaram a juventude a viver de acordo com os
princípios da sua religião . Terminada a missão com êxito, vol-
taram para casa em fins de novembro de 1891 .

GEORGE ALBERT SMITH 241

Na quarta-feira, 25 de maio de 1892, George Albert


Smith casava-se no Templo de Manti com Lucy Emily Woo-
druff, sua namorada de infância . Lucy era filha de Wilford
Woodruff Jr . e Emily Jane Smith, e neta de dois eminentes
personagens da Igreja, o Presidente Wilford Woodruff e Juiz
Elias Smith . Gentil, culta, sincera, tendo fé plena na religião
de seus pais e avós, Lucy iria ser a companheira ideal do mari-
do. Gozaram muitos anos de felicidade até a morte os separar.
Uma semana depois do casamento, George Albert partiu
para sua segunda missão, desta feita nos estados do Sul . Che-
gando em Chattanooga, Tennessee, foi designado pelo presi-
dente da missão, J . Golden Kimball, para a Conferência Ten-
nessee Centro, onde trabalhou diligentemente até setembro.
Então foi transferido para o escritório da missão em Chatta-
nooga, e ali exerceu as funções de secretário da Missão dos
Estados Sulinos . Dentro de poucas semanas, sua esposa Lucy
veio juntar-se a ele, e ambos continuaram trabalhando satis-
feitos até junho de 1894, quando foram honrosamente deso-
brigados e voltaram para casa.
Ao falar da sua missão no Tabernáculo de Salt Lake no
domingo, 22 de julho de 1894, ele declarou que a Missão dos
Estados Sulinos estava em condição florescente.
"0 preconceito que existia antigamente contra os servos
de Deus enviados para trabalhar entre ('les e contra os santos
dos últimos dias ali estabelecidos quas( , não existe mais . Nos-
sos élderes são bem tratados em toda parte . Antigamente, só
tínhamos acesso ao povo dos distritos rurais, mas agora temos
oportunidade de visitar os habitantes das cidades, sendo rede-
bidos bondosamente por muitos deles . . .
"0 orador regozijou-se por estar novamente em casa e ter
o privilégio de conviver com os santos daqui . Apreciou grande-
mente seu trabalho durante a missão, e teve palavras de lou -
vor para com o povo do Sul que, dizia ele, é um dos mais
hospitaleiros que se pode encontrar."
III

Novamente em casa, George Albert reassumiu seu empre-


go na Zion's Cooperative Mercantile Institution . Ele era um
vendedor nato, não encontrando dificuldade alguma em ga-

242 OS PRESIDENTES DA IGREJA

nhar a vida com tal ocupação . Participava também ativamen-


te da política, e durante a campanha presidencial no outono
de 1896, apoiou vigorosamente o candidato republicano Wil-
liam McKinley . McKinley foi eleito, e quando nomeou um te-
soureiro para o escritório de cadastro público de Utah, a 5 de
janeiro de 1898, George Albert Smith foi o escolhido . O jovem
recebeu esta nomeação honrosa três meses antes de completar
vinte e oito anos . Quatro anos depois, a nomeação foi renova-
da automaticamente pelo Presidente Theodore Roosevelt.
Nesse ínterim, desde seu retorno da missão, George Al-
bert continuou ativo em seus deveres eclesiásticos . Foi desig-
nado superintendente da Escola Dominical da Ala XVII, e em
1902 foi escolhido para dirigir as organizações da AMMR da
Estaca Salt Lake, que então abrangia todo o Vale do Lago
Salgado.
Na sessão vespertina . de terça-feira, 6 de outubro de
1903, da conferência semi-anual da Igreja realizada no Ta-
bernáculo de Salt Lake, o nome de George Albert Smith foi
proposto e apoiado como membro do Quorum dos Doze . A in-
dicação foi uma surpresa total para o Élder . Smith, embora
confessasse a este autor : "_ Minha bênção patriarcal recebi-
da sob as mãos de Zebedee Coltrin, quando eu tinha doze anos
de idade, indicava que algum dia eu seria apóstolo ." Ele foi
ordenado e designado ao novo ofício e chamado pelo Presiden-
te Joseph F . Smith na quinta-feira, 8 de outubro, no Templo de
Salt Lake.
Sua primeira conferência de estaca, na qualidade de novo
apóstolo, foi a da Estaca Utah, realizada no domingo, 11 de
outubro de 1903, três dias após sua ordenação . A partir dessa
data, ele viajou centenas de milhares de quilômetros, visitan-
do as estacas de Sião e missões distantes da Igreja . Exerceu
grande diligência em seu chamado, trabalhando incansavel-
mente como advogado do Evangelho de Jesus Cristo, o qual
fora restaurado na terra pelo Profeta Joseph Smith.
Lendo o diário do Presidente Smith durante seus primei-
ros anos de apostolado, encontramos muitas passagens inte-
ressantes . A 22 de fevereiro de 1904, ele foi eleito para o car-
go de capelão da organização local dos "Filhos da Revolução
Americana" . Posteriormente, interessou-se bastante pelo su-
cesso desse grupo, tornando-se presidente da Sociedade de

GEORGE ALBERT SMITH 243

Utah em 1918 . Na convenção nacional realizada em Nashvil-


le, Tennessee, a 23 de maio de 1923, foi eleito vice-presidente
geral da organização nacional, exercendo este cargo por sete
períodos.
No dia 3 de abril de 1904, foi nomeado membro da junta
geral da AMMR e mais tarde passou a presidi-la durante mui-
tos anos como superintendente geral.
Sob a data de 24 de julho de 1904, ele anotou em seu
diário que "andou de automóvel na parada dos pioneiros".
Aparentemente foi esse primeiro passeio no novo veículo sem
tração animal que fez sua estréia nas ruas da Cidade do Lago
Salgado por volta dessa época . No dia 21 de junho de 1905 ele
volta a escrever : "Apreciei um passeio de automóvel por cor-
tesia de LeRoi C . Snow."
Ele participava ativamente do esporte da pesca sempre
que se lhe oferecia a oportunidade . Sob data de 19 de julho de
1904, encontramos esta observação : "Fui pescar com Willard
R . Smith. Ele apanhou dez trutas, eu não peguei nada . Não
conseguia ver o peixe em tempo ." Todavia, no ano seguinte,
saiu-se melhor . Enquanto estava em Morgan, depois de uma
conferência de estaca realizada durante a última semana de
setembro, foi convidado por Daniel Heiner, presidente da Es-
taca Morgan, para uma pescaria na Represa do East Canyon.
Ali fisgou uma truta de dois quilos e meio . Ficou tão contente
com essa sua pesca, que fez os irmãos que estavam presentes
assinarem um certificado de que era verdade e não apenas
mais uma história de pescador . Como o tal certificado faz par-
te do seú diário, vamos transcrevê-lo aqui.
O presente é para certificar que hoje, enquanto pescávamos na Represa East Canyon,
vimos George Albert Smith fisgar e trazer para o barco uma truta pesando dois quilos e meio,
que foi pesada na'farmácia de Morgan.
/ (Ass .) D . Heiner
W. Rich
M . Heiner.

Participou ativamente da política, e na campanha presi-


dencial de 1904, falou em comícios republicanos em Kaysville,
Manti, Provo, Heber City e Charleston.
No dia 6 de maio de 1905, o Élder Smith acompanhou um
grupo de oficiais da Igreja, incluindo o pai, John Henry Smith,
C .W. Penrose, Reed Smoot e outros numa viagem de carro

244 OS PRESIDENTES DA IGREJA

particular pela recém-terminada rodovia ligando a Cidade do


Lago Salgado a Los Angeles . Ao chegar, observou que um ex-
celente quarto com banheiro num dos melhores hotéis (se não
o melhor) da cidade custou-lhe US$ 1,35 por dia . O mesmo
quarto com refeições ficava em US$ 3,00 ao dia.
Durante esses anos, encontrou-se e conviveu com muita
gente interessante. Sob a data de 7 de outubro de 1904, ele
escreve que foi apresentado ao vice-presidente dos Estados
Unidos, Charles W . Fairbanks, que se encontrava em visita à
Cidade do Lago Salgado.
No dia 27 de junho de 1905, ele estava em Ogden para
celebrar o octogésimo quinto aniversário do seu avô materno,
Lorin Farr. Este grande pioneiro teve uma história extraordi-
nária. Tornou-se membro da Igreja em 1832, aos doze anos de
idade. Em 1837, foi com os pais para Kirtland, e dali em dian-
te foi seguindo os líderes da Igreja de lugar para lugar, até
finalmente chegarem no Vale do Lago Salgado em setembro de
1847 . Posteriormente transferiu-se para Ogden, tornando-se o
primeiro presidente da Estaca Weber . Foi também o primeiro
prefeito de Ogden, cargo que exerceu durante vinte e três
anos. Ocupou ainda muitos outros postos de responsabilidade
durante sua longa vida. Lorin Farr faleceu em Ogden, no dia
12 de janeiro de 1909 . George Albert Smith era extremamente
parecido com seu notável avô, tanto fisicamente como na sua
capacidade de líder entre o povo.
No dia 20 de agosto de 1905, George Albert Smith estava
em Layton, Utah, onde palestrou com um parente afastado,
Silas S . Smith, primo do Profeta Joseph Smith e um dos primi-
tivos pioneiros de Utah.
O dia 8 de setembro de 1905 encontra George Albert aju-
dando Reed Smoot e outros a entreter Gifford Pinchot, chefe
da Divisão de Silvicultura dos Estados Unidos, que estava pas-
sando alguns dias na Cidade do Lago Salgado.
Dois dias mais tarde, 10 de setembro, ele registra um
acontecimento sumamente importante em seu diário — o nas-
cimento de seu único filho, George Albert Smith Jr.
No decorrer do mesmo mês, encontra e leva a conhecer a
cidade o fundador e primeiro presidente da Igreja Reorganiza-
da, Joseph Smith Jr.

GEORGE ALBERT SMITH 245

Durante todo esse tempo, ele comparecia seguidamente a


conferências de estaca nas várias regiões da Igreja e às reu-
niões do seu próprio quorum . Sua vida era bastante atarefada.
Em dezembro de 1905, o Elder Smith acompanha o Presi-
dente Joseph F. Smith e uma comitiva de eminentes oficiais da
Igreja a Sharon, Vermont, onde no dia 23, foi dedicado um
obelisco de granito em honra do Profeta Joseph Smith por oca-
sião do centenário de seu nascimento.
Dezoito meses depois, em junho de 1907, em companhia
de German E. Ellsworth e Ashby Snow, viaja para Palmyra,
Nova York, onde consegue adquirir para a Igreja o sitio que
fora propriedade de Joseph Smith Jr . Esta bela propriedade
que inclui o Bosque Sagrado, cenário da primeira visão do
Profeta, e a velha casa dos Smith, agora é visitada anualmente
por milhares de santos dos últimos dias.

IV
Em fevereiro de 1909, em meio de sua vida ocupadíssi-
ma, quando suas viagens em favor da Igreja atingiam quase
quarenta e oito mil quilômetros por ano, George Albert Smith
adoeceu com gravidade, ficando totalmente incapacitado por
mais de dois anos e ainda alguns meses de convalescença . Em
seu apego e zelo pela obra do Senhor, ultrapassou súas forças;
esgotara sua resistência nervosa, e foi preciso um longo perío-
do de repouso e recuperação para fazê-lo voltar à saúde
normal.
Passou o verão de 1909 em Ocean Park, Califórnia, onde
a brisa e os banhos de mar lhe foram benéficos . O inverno de
1909/10 passou-o em St . George, no clima ameno do vale do
Rio Virgin, e no ano seguinte, voltou ao sul da Califórnia . Suas
forças foram voltando paulatinamente, porém passaram-se di-
versos anos antes de ele poder retomar os árduos deveres ine-
rentes ao apostolado.
Durante sua convalescença, George Albert Smith recebeu
um forte choque e sua vida foi entristecida pela noticia da
morte súbita de seu estimado e digno pai, Presidente John
Henry Smith, no dia 13 de outubro de 1911 . Um editorial do
Deseret News dizia a respeito dele : "É difícil resignarmo-nos
com o pensamento de que o Presidente John Henry Smith, o

246 OS PRESIDENTES .DA IGREJA

bondoso marido e pai, o sábio conselheiro, o amigo genial, o


maravilhoso pregador e orador, o vigoroso defensor da verda-
de, a fiel testemunha e mensageiro do Mestre nos deixou . Mas
tal é o decreto daquele cujo servo ele era ."
George Albert notou o desgaste físico sobre seu organismo
devido à morte do pai . No dia 7 de novembro de 1911, ele
escreve em seu diário : "Desde a morte de meu pai, não recu-
perei minhas forças ." Por isso, foi obrigado a passar a maior
parte do inverno de 1911 na Califórnia, procurando descansar
e recuperar-se. Em maio de 1912, alugou uma casa em Ocean
Park por um ano, para a qual se mudou com a família . Em
outubro, voltou para Utah, comparecendo à conferência se-
mi-anual da Igreja . Chamado a falar, dirigiu-se brevemente
aos santos no Tabernáculo pela primeira vez em mais de três
anos.
Foi nos últimos meses de 1912 que o Elder Smith notou
melhoras definitivas em sua saúde . Em dezembro, pôde ir a
uma conferência de estaca em Mesa, Arizona, e em abril de
1913, viajou para a Cidade do Lago Salgado, onde compare-
ceu a todas as sessões da conferência geral . Pouco depois, re-
tomou seu trabalho de visitar semanalmente uma das estacas,
de acordo com as designações recebidas.
A 24 de julho de 1913, George Albert acompanhou o Pre-
sidente Joseph F . Smith e comitiva numa viagem a Cardston,
Canadá, onde, no domingo, 27 de julho, foi dedicado o lote
para a construção de um novo templo . Esse templo foi cons-
truído subseqüentemente, sendo o primeiro a ser erguido fora
dos Estados Unidos.
Pouco depois de seu retorno do Canadá, o Élder Smith
partiu para o Leste, numa extensa viagem que lhe tomaria
mais de um mês . Chegando à cidade de Nova York, foi procu-
rar seu tio, o Presidente Benjamin Erastus Rich da Missão dos
Estados do Leste . Encontrou o tio sofrendo de grave enfermi-
dade, da qual veio a falecer poucos dias depois, a 13 de setem-
bro de 1913 . Então designou o Elder Laurence W . Richards
para presidir temporariamente a missão até ser escolhido no-
vo presidente . Depois de cuidar de outros negócios concernen-
tes à Igreja e fazer visitas a Albany, Rochester e Washington,
D .C ., ele voltou para casa a tempo de comparecer à conferên-
cia semi-anual de outubro .

GEORGE ALBERT SMITH 247

0 Elder Smith gozava agora de muito melhor saúde, con-


forme se depreende de seus diários desse e dos anos seguintes.
No outono e princípio do inverno de 1913, acompanhou o Pre-
sidente Joseph F. Smith, o Bispo Charles W . Nibley e outros a
Chicago, a fim de dedicarem uma nova capela . De lá, a comiti-
va voltou via Arizona, passando vários dias visitando os san-
tos dos últimos dias das estacas desse estado.
Durante o ano de 1914, ele comparecia praticamente to-
do domingo a uma conferência de estaca.
Em maio de 1914, seu diário traz um item interessante,
informando-nos de que comprara um lote na nova subdivisão
de Yale Park, na Cidade do Lago Salgado . Posteriormente, ad-
quiriu uma casa no lote vizinho dessa bela propriedade.
Em outubro de 1914, esteve presente nas sessões do Con-
gresso Internacional de Irrigação em Calgary, Canadá, na
companhia de Richard W . Young de Utah, que era presidente
da organização . No mesmo ano ainda, fez uma viagem pela
Missão dos Estados do Sul.
No dia 4 de abril de 1915, George Albert completava qua-
renta e cinco anos. Na mesma semana, compareceu a todas as
sessões da conferência geral no grande Tabernáculo . Ele foi
um dos oradores na sessão de encerramento.
"Meu coração foi alegrado nesta conferência", disse ele,
"com a efusão do Espírito do Senhor, e sinto que foi muito
bom para nós estarmos reunidos . Em meio ao tumulto existen-
te no mundo de hoje [Na ocasião, atravessavam a I Guerra
Mundial], sinto-me induzido a louvar meu Criador pela paz e
tranqüilidade que reina em Israel ; por todas as bênçãos que
abundam nesta grande terra da América ; que nossa sorte nos
haja lançado sob o abrigo da bandeira dos Estados Unidos e
que nosso Pai Celestial tenha achado por bem estabelecer os
pés do seu povo nesta grande terra entre as montanhas".
Esta era sempre a tônica da pregação do Presidente
Smith . Desde criança, seu coração extravasava-se a Deus pe-
las muitas bênçãos recebidas e pelas bênçãos derramadas so-
bre os santos.
Em julho de 1915, deixou a Cidade do Lago Salgado para
visitar a Missão dos Estados do Leste . A viagem durou seis
semanas, levando-o a muitos centros importantes daquela
parte do país . Chegou a Toronto no dia 7 de julho ; no dia

248 OS PRESIDENTES DA IGREJA

seguinte, estava em Rochester ; e o dia 9, passou em Palmyra,


onde encontrou e conversou com o Sr . Sexton, proprietário da
fazenda Cumora . A 10 de julho, voltou para Toronto, e no dia
seguinte, viajou para Ottawa, onde, por duas vezes, procurou
ver o governador geral do Canadá, "sendo informado, porém,
de que ele estava ocupado com negócios prementes" . Visitou o
consul norte-americano Sr . Foster "e foi recebido gentilmen-
te" . No dia 15, o Élder Smith estava em Halifax, onde teve
uma entrevista com o Vice-governador McGregor, "um exce-
lente senhor de idade" . No dia 17, chegou a St . Johns, Nova
Brunswick, onde fez uma visita ao prefeito, James H . Frick . A
todas essas visitas, somavam-se longas reuniões realizadas
com os missionários e santos.
A 20 de julho George Albert retornava aos Estados Uni-
dos, passando pela aldeia de Whitefield, Nova Hampshire, ter-
ra natal de sua avó materna Sarah Ann Libby . Ali teve o pra-
zer de encontrar o irmão dela, J . A. Libby, então com oitenta e
cinco anos.
Seguiu depois para Sharon, Vermont, local de nascimento
do Profeta Joseph Smith, onde teve a satisfação de compare-
cer a três reuniões de missionários e santos, nas quais "cento
e onze testificaram da misericórdia do Senhor e do seu conhe-
cimento do Evangelho".
Em setembro de 1916, George Albert Smith participou do
Congresso Internacional de Irrigação em Sacramento, Califór-
nia, no qual, diz ele, "fui diretor temporário e permanente ao
mesmo tempo . Fui eleito segundo vice-presidente para o próxi-
mo congresso".
O ano de 1917 começou com as atividades usuais . Havia
conferências trimestrais nas estacas para comparecer e mis-
sões a visitar . No dia 4 de abril, George Albert completou qua-
renta e sete anos, e a 25 de maio celebrava suas bodas de
prata, "com uma das melhores mulheres do mundo" . No dia
14 de junho, esteve presente ao funeral de Samuel H . B . Smith,
filho de Samuel H . Smith, irmão do Profeta . Todas as sema-
nas, durante o verão, tinha que estar numa conferência de
estaca . Encontramos uma anotação de interesse especial para
ele no diário do Elder Smith, sob data de 19 de setembro de
1917 : "Fui para Duchesne com Preston Nibley ." Lembramo-
nos muito bem dessa viagem e dos problemas que tivemos com

GEORGE ALBERT SMITH 249

pneus furados e rompidos rodando o trajeto todo em estradas


de terra e cascalho.
Em outubro, o Élder Smith passou duas semanas visitan-
do a Missão dos Estados do Noroeste . No dia 21 desse mesmo
mês, já estava no Arizona, numa conferência de estaca . No dia
27 de novembro, conta que jogou sua primeira partida de gol-
fe "em companhia do Presidente Smith e Bispo Nibley" . Eram
variadas suas ocupações.
Na segunda-feira, 29 de julho de 1918, George Albert
Smith estava presente e juntamente com Samuel O . Bennion,
representou a Igreja na dedicação de um monumento erguido
em homenagem ao General Alexander W . Doniphan, em Rich-
mond, Missouri . O general Doniphan é gratamente lembrado
pelos santos por sua valente e corajosa atitude em Far West,
Missouri, no ano de 1838, quando sua pronta intervenção im-
pediu que matassem o Profeta Joseph Smith.
1918 foi o ano da grave epidemia de gripe que varreu o
pais, sacrificando milhares de vidas . No interesse da saúde do
povo, foram suspensas todas as reuniões públicas durante al-
guns meses até as condições melhorarem . Assim,- George Al-
bert pôde permanecer em casa durante o outono e princípios
do inverno. Foi durante esse tempo, a 19 de novembro, que
faleceu na Cidade do Lago Salgado o venerável presidente da
Igreja, Joseph F . Smith, seis dias após seu octogésimo aniver-
sário . George Albert ofereceu a primeira oração no serviço
fúnebre realizado no cemitério municipal no dia 21, sentindo
profundamente a perda desse seu extraordinário parente.
" Pessoalmente", ", escreveu, "sinto que perdi outro pai . Ele
sempre foi extremamente bom para mim, e eu o amo e à sua
memória com toda sinceridade".

No dia 27 de janeiro de 1919, o Élder Smith anota em seu


diário a informação um tanto surpreendente de que "o Presi-
dente Grant pediu que me preparasse a fim de partir para a
Inglaterra" . Há muitos anos, a presidência da Missão Euro-
péia vinha sendo exercida tradicionalmente por um membro
dos Doze, e, portanto, era normal que o Elder Smith fosse cha-
mado para cumprir a sua vez . Ele começou imediatamente os

250 OS PRESIDENTES DA IGREJA

preparativos para atender ao chamado, porém somente a 19


de maio ficaram prontos seu passaporte e os da família . No
dia 4 de junho, o Presidente Smith partia da Cidade do Lago
Salgado para seu novo campo de trabalho, em companhia da
esposa Lucy, a filha Edith e George Albert Jr ., seu filho . A
viagem para a Inglaterra transcorreu sem nenhum incidente
particular, e a 25 de junho, os componentes do grupo rece-
biam as boas-vindas na casa da missão em 295 Edge Lane,
Liverpool.
Como a Inglaterra estava-se recuperando, na época, das
devastações causadas pela I Guerra Mundial e havia falta ge-
ral de mantimentos, era difícil conseguir permissão de entrada
para os élderes americanos . Não obstante, o Presidente Smith
passou a tratar desse problema com toda vontade e determi-
nação de vencer . Uma de suas primeiras providências foi ir a
Londres, onde pediu auxílio ao embaixador norte-americano
Davis . Funcionários do governo britânico sugeriram que fosse
procurar o Ministro do Trabalho, Sir Robert Horn . Ao fim de
várias visitas a este senhor e outros funcionários, , no dia 31
de maio de 1920 ele pôde anotar em seu diário : "Hoje recebi a
notícia de que nossos missionários terão permissão de entrar ."
Nesse ínterim, ocupou-se ativamente nos vários deveres
de presidente de missão . Em setembro de 1919, visitou os san-
tos na Irlanda, e durante o mês seguinte, realizou uma confe-
rência com os membros em Glasgow, Escócia . Em novembro,
percorreu a França e Suíça, acompanhado pelo filho, realizan-
do numerosas reuniões.
Em fevereiro de 1920, George Albert Smith voltou nova-
mente à Escócia, onde proferiu excelente palestra no Rotary
Club de Edimburgo sobre a história e doutrina dos santos dos
últimos dias.
No dia 20 de junho de 1920, recebia da Cidade do Lago
Salgado a inquietante notícia de que sua mãe fora acometida
de paralisia parcial . Naquele mesmo dia, escreve em seu diá-
rio : "Recebi notícias de que mamãe está parcialmente parali-
sada e sinto-me bastante preocupado com isso . Ela tem seten-
ta anos e é uma das melhores mães do mundo . Espero que o
Senhor a cure ."
A Noruega, Suécia e Alemanha foram visitadas no outono
de 1920 ; seguiu-se um inverno de muito trabalho reorganizan-

GEORGE ALBERT SMITH 251

do a obra missionária na Grã-Bretanha . A 1° de fevereiro de


1921, o presidente Smith recebia um cabograma da Cidade do
Lago Salgado, com a triste notícia de que sua mãe havia fale-
cido. Pouco depois, foi informado pela Primeira Presidência de
que seu sucessor havia sido designado e que podia voltar para
casa. Restava apenas um importante compromisso . Fora esco-
lhido para acompanhar uma delegação de comerciantes de
artigos têxteis americanos numa visita às principais cidades
da Inglaterra e Escócia como representante da Zion's Coopera-
tive Mercantile Institution . Esta viagem de um mês deu-lhe
excelente oportunidade para fazer novos amigos e advogar as
doutrinas da Igreja.
Pouco antes de partir da Inglaterra, ele publicou esta
mensagem de despedida no Millennial Star, de 30 de junho de
1921:
"Aos Missionários e Santos da Missão Européia:
"Ao fim de dois anos de árduo esforço para promover os
interesses da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias na Grã-Bretanha e no continente, chegou a hora de dizer-
lhes adeus, meus queridos colaboradores e irmãos. Tendo sido
desobrigado pela Primeira Presidência, chegou o Elder Orson.
F . Whitney para suceder-me como presidente da Missão Euro -
péia . Se tudo correr bem, partirei de Liverpool a 15 de julho,
acompanhado de minha família, voltando para nosso lar nas
montanhas de Utah . . .
"Tive o privilégio de viajar pelas Ilhas Britânicas, Norue-
ga, Suécia, Dinamarca, Holanda, Bélgica, Alemanha, França e
Suíça, e de visitar as conferências dessas missões . Fomos rece-
bidos com extrema gentileza e a fé possuída por este povo
fez-nos regozijar . . . Embaixadores, ministros e cônsules ame-
ricanos receberam-nos afavelmente em toda a parte, prestan-
do-nos toda cortesia que se possa esperar . Procuramos e co-
nhecemos funcionários governamentais, membros do parla-
mento, o prefeito de Londres, superintendentes, prefeitos e ou-
tros oficiais, membros da nobreza, comerciantes e industriais
importantes . Com eles tivemos muitas conversas agradáveis,
fornecendo-lhes numerosas gravuras e nossa literatura sem-
pre que oportuno . . .
"Nós, santos dos últimos dias, não devemos esquecer que
tornamo-nos participantes do Evangelho de Jesus Cristo e te-

252 OS PRESIDENTES DA IGREJA

mos a responsabilidade de compartilhar nossas bençãos com


nossos semelhantes . Fomos advertidos e devemos continuar
advertindo nossos vizinhos . O Senhor falou em nossos dias e
organizou a sua Igreja. Conferiu sua autoridade divina aos
homens, e seu braço todo-poderoso se estendeu a fim de pre-
parar o caminho para sua segunda vinda . . .
"Agradeço-lhes toda a assistência que me prestaram e o
incentivo que me deram enquanto aqui estive, e peço que
apóiem o querido irmão, o Elder Orson F . Whitney, com a
mesma lealdade durante o período da sua gestão.
"Deixo-lhes o meu testemunho de que sei que Deus vive,
que Jesus Cristo é o seu filho e nosso Redentor, cujo Evangelho
foi restaurado através do Profeta Joseph Smith . Sua Igreja
está estabelecida na terra pela última vez em preparação para
a sua vinda em poder e glória, a fim de reinar na terra como o
Senhor dos Senhores e Rei dos Reis . Somos seus membros, e
oro que possamos ordenar nossa vida de tal maneira a rece-
bermos vida eterna no seu Reino Celestial, entre os que conhe-
cemos e amamos aqui na terra.
(Ass .) George Albert Smith ."
No dia 15 de julho de 1921, George Albert Smith, acom-
panhado pela esposa, filhas e filho, embarcavam em Liverpool
de volta à pátria . Dezenove dias mais tarde, chegavam em sua
casa na Cidade do Lago Salgado, depois de uma ausência de
vinte e seis meses .

VI

George Albert retomou agora seus deveres no trabalho do


Quorum dos Doze, com suas numerosas reuniões de comitê e
conferências . Durante o resto do ano, compareceu às confe-
rências trimestrais nas estacas de Blackfoot, Panguitch, Ka-
nab, Logan, St . Johns, Snowflake, Mesa, St . Joseph e Juarez.
Desde 21 de setembro, pouco depois de voltar, ainda arcava
com uma outra responsabilidade, pois foi escolhido pela Pri-
meira Presidência como superintendente geral da AMMR da
Igreja.
O ano de 1922 iniciou-se favoravelmente para o Élder
Smith . Estava bem de saúde ; apreciava o seu trabalho ; ele e a

GEORGE ALBERT SMITH 253

família estavam instalados confortavelmente em sua nova ca-


sa, num dos mais belos pontos da Cidade do Lago Salgado.
No dia 8 de maio, iniciou uma viagem para o Leste . Che-
gando a Springfield, Massachussetts, participou da convenção
nacional dos Filhos da Revolução Americana, sendo eleito vi-
ce-presidente geral dos estados do Pacífico e Montanhas Ro-
chosas. Quatro dias depois, estava em Washington, indo fazer
uma visita ao Presidente Warren G . Harding em companhia do
Senador Reed Smoot. No dia seguinte teve uma interessante
entrevista com o presidente do Supremo Tribunal, William Ho-
ward Taft.
Voltando para Utah, retomou suas visitas a estacas e alas.
Em novembro, fez uma segunda viagem a Washington, D .C.,
no interesse da Igreja.
1923 foi igualmente um ano muito atarefado para o Élder
Smith. Ficou ausente da Cidade do Lago Salgado o mês de
janeiro inteiro, percorrendo a costa do Pacífico com o Presi-
dente-geral Adams, dos Filhos da Revolução Americana . No
dia 23, estava em Los Angeles, quando ali foi organizada a
primeira estaca da Califórnia, tendo como presidente George
W. McCune . No dia seguinte, este autor levou-o de automóvel
até San Bernardino, onde embarcou num trem para a Cidade
do Lago Salgado.
O incidente a seguir ocorreu poucas semanas depois, no
dia 1° de março, e consta do diário do Élder Smith . Enquanto
seu carro estava estacionado numa das ruas centrais da Cida-
de do Lago Salgado, alguém roubou o guarda-pó que se usava
então para dirigir . Na mesma noite ele escrevia : "Se eu achas-
se que o homem que o levou realmente precisava dele, eu lho
teria dado de presente, e ele não seria um ladrão ."
Durante o verão, compareceu regularmente às conferên-
cias de estaca . Além disso, fez duas viagens para o leste du-
rante o outono e inverno, a última em visita à missão dos
Estados Sulinos que lhe ocupou seis semanas, levando-o até
Havana, Cuba.
No dia 1° de janeiro de 1924, George Albert escrevia em
seu diário : "Minha alma está repleta de gratidão ao Pai nos
céus por suas bênçãos durante o ano passado e pela promessa
de 1924 ." Este foi um ano especialmente feliz para ele . 'Além
de comparecer_ a vinte e cinco conferências de estaca, esteve

254 OS PRESIDENTES DA IGREJA

presente a todas as sessões de duas conferências gerais da


Igreja e fez mais duas viagens aos estados do Leste . Durante
muitos anos, suas viagens somaram mais de quarenta e oito
mil quilômetros por ano.
Sob data de 4 de abril de 1924, ele observa em seu diário:
"Hoje completo cinqüenta e quatro anos ." Poucas semanas
mais tarde, no dia 13 de junho, empreende uma viagem ao
Leste, para tratar de negócios da Igreja, no decurso da qual
visita Chicago, Toronto, Montreal e Nova York . Voltou para
casa no dia 4 de julho, e duas semanas depois, toma parte
ativa na convenção nacional dos Filhos da Revolução Ameri-
cana que se reuniu na Cidade do Lago Salgado . Durante o
resto do ano, compareceu a conferências de estaca quase que
todo domingo.
No dia 5 de fevereiro de 1925, George Albert inicia outra
extensa viagem para o Leste, que durou mais de seis semanas
e levou-o a vinte e um estados . Durante esse tempo, compare-
ceu a trinta e uma reuniões com mebros da Igreja "e falou em
todas, menos uma" . Em abril, percorreu a Missão dos Estados
do Oeste, em companhia do Presidente John M. Knight . Em
maio, esteve ndma convenção dos Filhos da Revolução Ameri-
cana em Swampscott, Massachussetts, na qual foi eleito vice-
presidente geral pela quarta vez . A caminho de casa, anotou
em seu diário que desde janeiro havia viajado cerca de trinta e
dois mil quilômetros . Em outubro, fez mais uma viagem ao
Leste . Durante as semanas que permanecia em casa, ocupava-
se comparecendo a conferências de estaca e presidindo as or -
ganizações da AMMR da Igreja.
Com o aumento das responsabilidades, ele observa que
seus numerosos afazeres estão lhe prejudicando a saúde . "Es-
tou esgotado", escreve ele em seu diário, sob data de 23 de
fevereiro de 1926. " Tenho ocupações demais ." Não obstante,
parecia não ter meios de eliminar nenhuma delas, e assim
continuou . Compareceu à conferência geral de abril e falou na
sessão de encerramento . Segue um parágrafo do seu sermão:
"Estamos vivendo numa época maravilhosa, na Dispensação
da Plenitude dos Tempos . Todas as outras dispensações que a
precederam culminam na atual . No Livro de Mórmon, o Se-
nhor nos diz que, quando esse livro aparecesse, começaria sua
obra entre todas as nações, e é extraordinário que, desde a

GEORGE ALBERT SMITH 255

publicação do Livro de Mórmon, a humanidade tenha conheci-


do maior número de invenções e descobertas importantes do
que em todas as eras anteriores ."
Duas semanas após a conferência, George Albert Smith
partiu em viagem ao Leste . Em Washington, D .C ., encontrou-
se com o Presidente Heber J . Grant, e ambos comparecem a
reuniões nacionais dos Escoteiros onde ouvem discursos do
Presidente Calvin Coolidge e Sir Robert Baden-Powell, este úl-
timo o fundador do Escotismo . Foi nesta ocasião que o primei-
ro "Búfalo de Prata" jamais conferido pelos Escoteiros da
América foi oferecido ao ilustre cavalheiro inglês . Terminada
a convenção, o Élder Smith retorna para a Cidade do Lago
Salgado ; e passa o verão, comparecendo a conferências de es-
taca e cuidando de seus vários encargos na sede da Igreja.
Durante os primeiros seis meses de 1927, visitou as mis-
sões da Califórnia e dos Estados Sulinos . Em Washington, D .C.
encontrou-se com Phillip St . George Cook, neto do comandante
do Batalhão Mórmon . Em Richmond, Virgínia, visitou a igreja
onde Patrick Henry (estadista e orador americano, governador
da Virgínia) fez seu famoso discurso . Em agosto, depois de
voltar para casa, fez sua primeira viagem de avião para Los
Angeles — 3 de agosto de 1927 . Partiu da Cidade do Lago
Salgado num avião aberto às 15 :45, chegando em Las Vegas
quatro horas mais tarde, às 19 :45 . Pernoitou ali, seguindo na
manhã seguinte para Los Angeles, "no tempo de duas horas,
levando ao todo seis horas para cobrir a distância de aproxi-
madamente mil e oitenta quilómetros" . Dois dias mais tarde,
voa de volta para a Cidade do Lago Salgado . Ao sobrevoar St.
George, ele lança um bilhete para Brigham Jarvis, que rece-
beu e agradeceu.
No dia 1° de janeiro de 1928, anotou em seu diário que
sua saúde estava melhorando bastante . "Tenho sido abençoa-
do com melhor saúde que há anos", diz ele . Durante esse ano,
compareceu a numerosas conferências de estaca, mas não
existe nenhuma anotação sobre viagens mais extensas para o
Leste . No ano seguinte, entretanto, ficou viajando fora do esta-
do a maior parte do tempo . Antes da conferência de abril, ele
já visitara a Missão da Califórnia, que na época abrangia a
Califórnia e o Arizona . No dia 9 de maio, partia para a Cidade
de Nova York, a fim de participar de uma reunião dos Escotei-

256 OS PRESIDENTES DA IGREJA-

ros da América . No dia 16, estava em Washington, onde teve


uma breve entrevista com o, Presidente Herbert Hoover . Dois
dias mais tarde, em Akron, Ohio, almoçava com o fundador da
Firestone Tire and Rubber Company, Harvey Firestone.
Em junho, o Elder Smith percorreu a Missão dos Estados
do Oeste, e em novembro, em companhia do Elder Charles A.
Callis, fez sua nona visita à Missão dos Estados Sulinos . Nesse
ano, suas viagens ultrapassaram novamente os quarenta e oi-
to mil quilômetros.
O ano seguinte, 1930, era o centenário da fundação da
Igreja, e George Albert Smith foi nomeado encarregado geral
das celebrações . Era uma responsabilidade pesadíssima, ocu-
pando-lhe a maior parte do tempo por vários meses ; mas o
centenário foi um grande sucesso sob a sua liderança capaz . O
acontecimento principal foi provavelmente o grande espetácu-
lo cívico ao ar livre, a que assistiram aproximadamente du-
zentas mil pessoas, muitas das quais vindas de várias partes
dos Estados Unidos.
Sua segunda atividade de importância durante o ano foi
encabeçar uma caravana de automóveis para o leste, seguindo
a famosa estrada de emigração até o Independence Rock
enorme rochedo que se eleva abruptamente . no meio da planí-
cie, descoberto no dia 4 de julho de 1812, e no qual os pionei-
ros costumavam gravar o nome ao passar), *, no Wyoming.
Isto aconteceu em julho, sendo parte de uma celebração nacio-
nal patrocinada pela Associação Comemorativa da Trilha do
Oregon. Ao retornar, auxiliou na organização e foi feito presi-
dente da Associação das Trilhas e Marcos dos Pioneiros de
Utah, a 11 de setembro de 1930.
Durante o ano de 1931, George Albert Smith viajou cin-
qüenta e sete mil e cento e dez quilômetros a serviço da Igreja.
Durante o mês de janeiro, visitou a Missão do Texas ; em feve-
reiro, visitou as estacas do Arizona e também as colônias mór-
mons no México ; em abril, foi a Memphis, Tennessee, a fim de
participar de uma reunião do Conselho Nacional dos Escotei-
ros da América ; em junho, dirigiu-se para Independence Rock,
Wyoming, onde se reunia grande número de escoteiros de to-
das as partes dos Estados Unidos, e a tropa da sua ala tirou o
primeiro lugar por seu excelente desempenho . Durante agosto,
viajando de trem e barco, foi até Sitka, Skagway e Juneau, no

GEORGE ALBERT SMITH 257

Alasca, e em setembro, ao voltar, percorreu extensivamente a


Missão dos Estados Centro-Norte . Foi um dos anos mais atare-
fados de sua vida, e agora já tinha sessenta e um anos.
No dia 6 de Janeiro de 1932, George Albert anotou em
seu diário que recebera o "Castor de Prata", conferido pela
sociedade regional dos Escoteiros da América . Este prêmio foi-
lhe conferido por serviços notáveis prestados à organização.
Em fevereiro, o Elder Smith fez uma viagem a Spring-
field, Illinois, onde falou a um grupo de duzentos delegados
dos Filhos da Revolução Americana no dia do aniversário de
Washington . Teve ainda a honra de depositar uma coroa na
sepultura de Abraham Lincoln.
Durante o mês de abril, percorreu a Missão dos Estados
do Noroeste, e em maio, viajou para o Leste, a fim de partici-
par de um banquete da organização nacional de Escotismo,
durante o qual foi eleito para a junta executiva nacional dos
Escoteiros da América.
Em agosto desse ano, George Albert viveu uma experiên-
cia singular e quase desastrosa, durante uma viagem com fa-
miliares seus ao Grand Canyon do Colorado, no norte do Ari-
zona . No último dia do mês, ele e o filho foram dar um passeio
até o rio no fundo do canyon, montados em mulas. Pernoita-
ram ali, e na manhã seguinte, foram informados que o Hotel
Grand Canyon havia pegado fogo . Felizmente, o Elder Smith e
sua família tinham ficado numa cabana ao lado ; entretanto,
perderam alguns de seus pertences no incêndio . Objetos pes-
soais do filho "guardados no escritório foram destruídos, in-
clusive o diário e outros papéis de valor . Minha roupa no
quarto de passar ficou totalmente perdida . Minha carteira de
dinheiro no cofre ficou torrada com as passagens de trem e
cerca de vinte e cinco a trinta dólares em dinheiro".
Durante o resto de 1932 e primeiros meses . de 1933, hou-
ve as costumeiras conferências de estaca para visitar . E tam-
bém uma viagem à Cidade de Nova York, a fim de participar
da reunião do conselho dos Escoteiros, e outra a Nauvoo e.
Independence em julho, para tratar de negócios da Igreja.
No dia 1° de janeiro de 1934, George Albert Smith escre-
via em seu diário : " Começo o Ano Novo com gratidão ao Se -
nhor e com esperança para um futuro bem sucedido ." A 4 de
abril ele observa : "Hoje faço sessenta e quatro anos ." Entre-

258 OS PRESIDENTES DA IGREJA

tanto, a despeito de avançar em idade, continuava cumprindo


fielmente o seu trabalho. Quando em casa, seu tempo era to-
talmente tomado por várias ocupações ; as reuniões com os
Doze ; seus encargos como superintendente-geral da AMMR;
as organizações dos Escoteiros da América e Filhos da Revolu-
ção Americana ; a Associação das Trilhas de Utah, e seus di-
versos negócios.
Pouco após a conferência de abril de 1934, o Élder Smith
fez uma viagem pela Missão dos Estados do Leste . Foi durante
essa visita que conheceu o eminente cientista Dr . Michael Pu-
pin . Esta deleitável experiência possibilitada pelo Dr . Harvey
Fletcher, natural do Utah, causou profunda impressão no El-
der Smith, e daí em diante, referiu-se em muitos de seus ser-
mões à carreira inspiradora desse grande homem . Na mesma
viagem, enquanto estava em Washington, D .C . George Albert
desfrutou uma agradável meia hora com George H . Dern . Se-
cretário da Guerra e ex-governador de Utah . Em Buffalo, par-
ticipou da convenção nacional dos Escoteiros da América.
Foi nessa ocasião que recebeu o "Búfalo de Prata", a
mais alta condecoração do Escotismo nos Estados Unidos . Es-
ta foi-lhe conferida pelos excepcionais e meritórios serviços
em prol da garotada, e ao ser-lhe entregue, foi lida a seguinte
citação:
"George Albert Smith : Executivo empresarial, líder reli-
gioso, ex-presidente do Congresso Internacional de Irrigação e
Congresso Internacional de Cultivo do Solo, Coletor Federal de
Dinheiros Públicos e Agente Pagador Especial do Estado de
Utah. Membro do Quorum dos Doze Apóstolos da Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e superintendente-ge-
ral da Associação de Melhoramentos Mútuos dos Rapazes da
Igreja . Organizador e presidente da Associação das Trilhas e
Marcos dos Pioneiros de Utah . Membro da Junta Executiva
Nacional dos Escoteiros da América, Comitê Divisional de Pro-
grama, Comitê de Relações e do Comitê Executivo da Região
Doze, e identificado com as atividades locais desde sua organi-
zação. Tem servido infatigavelmente a causa do Escotismo, e
ao seu entusiasmo pelo programa deve-se em grande parte o
fato de Utah estar acima de todos os outros estados na percen-
tagem de garotos que são escoteiros ."

GEORG .E ALBERT SMITH 259

Durante a viagem de volta para Utah, na primeira sema-


na de junho, ele anotou em seu diário que percorrera oito mil e
oitocentos quilômetros nessa viagem, e que havia sido bem
tratado em toda parte, sentindo-se grato pela oportunidade a
ele proporcionada de "ensinar o Evangelho de Jesus Cristo".
Com exceção de outra breve viagem ao Leste no outono, o
restante do ano foi dedicado a visitar estacas e cuidar de seus
deveres em casa.
Em 1935, George Albert Smith continuou viajando . Foi
até Chicago em maio para o conselho nacional dos Escoteiros
da América, e poucos dias mais tarde, encontrava-se em
Louisville, Kentucky, onde participou de uma convenção dos
Filhos da Revolução Americana . Em junho, presidiu a grande
conferência da AMM na Cidade do Lago Salgado . No dia 6 de
julho, oficiou no templo a cerimônia de casamento de seu filho
George Albert Jr . com Ruth Nowell.
Em julho, participou de uma grande recepção e banquete
na Cidade de Nova York em honra de Sir Robert Baden-Po-
well, que se encontrava mais uma vez em visita aos Estados
Unidos. Durante o mês de setembro, passou duas semanas vi-
sitando a Missão dos Estados Setentrionais.
1936 foi mais um ano atarefado . Durante janeiro, compa-
receu a conferências de estaca . Em fevereiro foi à Cidade de
Nova York a negócios da Igreja . Em março, visitou Louisville,
Kentucky, e em maio, compareceu ao congresso nacional dos
Filhos da Revolução Americana, em Portland, Maine . Em ca-
sa, na qualidade de presidente da Associação das Trilhas e
Marcos de Utah, dedicou monumentos em Old Fort Harmony e
Parowan, no sul de Utah.
Sob data de 21 . de janeiro de 1937, o Élder Smith anota
em seu diário que passou parte do dia com um comitê da Asso-
ciação das Trilhas dos Pioneiros de Utah . O assunto discutido
foi a construção de um monumento condizente na entrada do
Emigration Canyon, em homenagem aos pioneiros . Assim, du-
rante dez anos, George Albert Smith trabalhou fiel e diligente-
mente para tornar realidade a grande obra-prima que foi
inaugurada e dedicada no dia 24 de julho de 1947, em come-
moração do centenário da chegada do Presidente Brigham
Young e do primeiro grupo de pioneiros . A George Albert
Smith cabe, mais do que a nenhum outro, o mérito de haver

260 OS PRESIDENTES DA IGREJA

concebido essa obra monumental e de ter-se esforçado fiel e


diligentemente para sua concretização, vencendo inúmeros
obstáculos e desaprovações .

VII

Durante os anos de 1936 e 1937, George Albert Smith


sentiu-se profundamente preocupado com a saúde de sua que-
rida e amada esposa que há certo tempo vinha sofrendo de
grave artrite . Em abril de 1937, ela foi desenganada, e seus
familiares foram chamados para junto dela . Entretanto, ela
restabeleceu-se desse mal, e durante o verão, ficou um pouco
mais forte, de modo a poder passear de carro para gozar o sol
e a paisagem . No dia 25 de maio ; ela e o marido celebraram o
quadragésimo quinto aniversário de casamento . No decorrer
de setembro e outubro, sua saúde declinou visivelmente . Em
fins de outubro, ela sofre séria recaída, vindo a falecer tran-
qüilamente na sexta-feira, 5 de novembro.
A morte da sua querida esposa foi um duro golpe para
George Albert Smith . Ele próprio não estava muito bem de
saúde e tinha dificuldades de conservar sua energia normal
para continuar cumprindo suas tarefas . As autoridades da
Igreja compreendiam a perda sofrida, e reconhecendo que
uma mudança de ambiente seria benéfica, ofereceram-lhe, e
ele aceitou a oportunidade de visitar as missões da Igreja no
Pacífico Sul.
Ele partiu da Cidade do Lago Salgado para São Francisco
no dia 17 de janeiro de 1938 . No dia seguinte, embarcou no
navio Lurline com destino a Honolulu, onde chegou no dia 28,
e se pôs a trabalhar imediatamente, realizando reuniões com
os santos e missionários . A 7 de fevereiro, chegavam a Hono-
lulu os Elderes Rufus K . Hardy e Matthew Cowley e família, e
na mesma noite, o grupo embarcou para os Mares do Sul.
Visitaram as Ilhas Fiji de passagem ; no dia 18 de fevereiro,
chegaram a Auckland, Nova Zelândia, onde o Elder Cowley
separou-se dos irmãos, pois ia presidir a Missão da Nova Ze-
lândia . Os Élderes Smith e Hardy prosseguiram viagem para a
Austrália . Chegaram a Sydney a 21 de fevereiro, sendo recebi-
dos pelo Dr . Thomas D . Rees, presidente da missão, que os
levou para a casa da missão . Após demorarem-se um dia na

GEORGE ALBERT SMITH 261

sede da missão, os viajantes prosseguiram para Melbourne,


onde chegaram no dia 25 . De Melbourne foram para a Tasmâ-
nia, de lá para Adelaide e a seguir para Perth, o porto ociden-
tal da Austrália . Em todas essas cidades, fizeram reuniões
com os santos e missionários.
Depois de percorrerem várias partes da Austrália, onde
existiam núcleos de santos, o que ocupou o tempo dos visitan-
tes durante o mês de março, os irmãos partiram para a Nova
Zelândia a 1 9 de abril . Chegaram a Auckland em 4 de abril,
dia em que o Elder Smith completava sessenta e oito anos.
Visitaram Wellington, Palmerston e outros distritos. No dia 7
de abril, em companhia do Elder Alexander Wishart, George
Albert Smith partia para Tonga, onde ele e o companheiro
chegaram a 10 de maio . Em Nukualofa, fizeram uma visita à
rainha e ao primeiro-ministro de Tonga, e muito do preconcei-
to existente até então foi desfeito pelos missionários.
No dia 8 de junho, os Elderes Smith e Hardy chegavam
em Apia, Samoa, onde os irmãos prosseguiram com seu traba-
lho missionário . O governador da Samoa Britânica esteve pre-
sente e fez uso da palavra nas reuniões de conferência . A 6 de
julho, chegaram a Honolulu, de passagem para casa ; cinco
dias depois aportavam em segurança no porto de Wilmington,
onde o Elder Smith foi recebido por seus familiares, e no dia
14, eles estavam de volta na Cidade do Lago Salgado . George
Albert Smith ficara longe de casa por seis meses, tendo viaja-
do quarenta e três mil e duzentos quilômetros.
Depois da sua missão nos Mares do Sul, o Élder Smith
retomou suas atividades em casa e no exterior pelo espaço de
cinco anos . Durante todo esse tempo, gozou de boa saúde, o
que lhe permitiu cuidar de seus multifários deveres.
Na segunda-feira, 21 de junho de 1943, os membros da
Igreja foram informados pela imprensa e rádio da morte do
Presidente Rudger Clawson, ocorrida no seu lar, na Cidade do
Lago Salgado . Com esse passamento abria uma vacância na
importante posição de presidente dos Doze, e o Elder George
Albert Smith, estando em primeiro lugar sob aspecto de tempo
de serviço no seu quorum, foi apoiado pelos irmãos da Primei-
ra Presidência e dos Doze como sucessor do Presidente Claw-
son, sendo designado para essa posição pelo Presidente Heber
J. Grant, no dia 8 de julho de 1943 .

262 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Dois anos depois, no dia 14 de maio de 1945, surgiu a


surpreendente noticia do passamento cio Presidente Heber J.
Grant, o venerável cabeça da Igreja, em sua casa na Cidade
do Lago Salgado . George Albert Smith estava justamente a
caminho do Leste, a negócios da Igreja, quando recebeu em
Buffalo, Nova York, o telegrama com a triste notícia . Iniciou
imediatamente a viagem de volta para a Cidade do Lago Sal-
gado, chegando a tempo de comparecer ao funeral no dia 18.
Foi um dos oradores nessa ocasião . Três dias depois, a 21 de
maio, durante uma reunião do Quorum dos Doze, realizada no
Templo de Salt Lake, George Albert Smith foi apoiado pelos
irmãos como presidente da Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias.
Por ocasião da conferência geral semi-anual da Igreja em
outubro de 1945, no histórico Tabernáculo da Cidade do Lago
Salgado, o Presidente Smith foi apoiado pelo grande corpo do
Sacerdócio em votação por quoruns . A Primeira Presidência,
os Doze, os patriarcas, os sumos-sacerdotes, os setentas, os él-
deres e todos os membros do Sacerdócio Menor votaram por
grupos . Finalmente, a assembléia inteira, inclusive o Sacerdó-
cio, levantou-se em conjunto e deu à Primeira Presidência um
voto de apoio unânime, erguendo as mãos . Não houve um úni-
co voto contrário durante todo o processo.
Após a votação, o presidente levantou-se para falar ao
povo .
"Fico imaginando se mais alguém aqui se sente tão fraco
e humilde quanto o homem postado diante de vós", dizia ele.
"Tenho vindo a esta casa desde minha infância . Tenho visto
todos os presidentes da Igreja desde aí, sendo apoiados pelo
voto da congregação quando seus nomes foram propostos des-
te púlpito . Vi a Igreja crescer continuamente em números, e
durante todos esses anos, tenho-me dado conta de que a Igreja
de Jesus Cristo é o que seu nome implica . Nós, membros desta
Igreja, somos de fato afortunados por termos encontrado a luz
e aceitado a verdade . . .
"E por isto, meus irmãos, postado hoje aqui em humilda-
de diante de vós, gostaria de expressar-vos minha gratidão
por terdes julgado conveniente prometer ajudar o homem hu-
milde que foi chamado a presidir esta Igreja, enquanto ele se
esforça por seguir avante pela inspiração do Todo-poderoso .

GEORGE ALBERT SMITH 263

Sou grato por esta promessa e agradeço-vos por terdes ofereci-


do o mesmo com respeito aos dois homens que estão ao meu
lado como meus conselheiros, leais, verdadeiros e dedicados
santos dos últimos dias, que têm feito tudo para tornar minha
responsabilidade mais fácil de carregar . Votastes apoiando o
Quorum dos Doze, o quorum ao qual pertenci por tantos anos
que me senti quase que um estranho ao dele sair para ocupar
a posição de presidente da Igreja."
No segundo dia ele fez algumas excelentes recomenda-
ções aos santos.
"Acho que gostaria de repetir uma coisa que tenho falado
muitas vezes como guia para alguns desses moços . Era um
conselho dado pelo meu avô de quem herdei o nome . Dizia ele:
'Existe uma linha demarcatória bem definida entre o território
do Senhor e o território do demônio . O adversário não poderá
vir tentar quem permanece do lado do Senhor . Enquanto ficar
do lado do Senhor, você estará perfeitamente seguro . Mas',
advertia ele, 'se cruzar a linha para o lado do demônio, você
estará no seu território e em seu poder, e ele fará tudo para
afastá-lo o máximo possível daquela linha divisória, pois sabe
que só conseguirá destruí-lo, se o conservar longe do lugar em
que há segurança'.
"Toda segurança, toda retidão, toda felicidade estão do
lado de cá da linha, do lado do Senhor . Se guardardes os man -
damentos de Deus santificando o dia do Sábado, estareis do
lado do Senhor . Se fizerdes vossas orações particulares e as
orações em família, estareis do lado do Senhor ."

VIII

A primeira viagem empreendida por George Albert Smith


depois de tornar-se presidente da Igreja foi para Logan, onde,
na tarde de domingo, 4 de junho, fez um discurso aos diplo-
mandos do Instituto SUD de Logan . Três dias mais tarde, foi a
Provo onde falou aos diplomandos da Universidade Brigham
Young.
Como encarregado da comissão do monumento "Este É o
Lugar", o Presidente Smith presidiu as cerimônias de início de
construção no local onde seria erigido o grande monumento,
no dia 24 de julho de 1945 . Na mesma tarde, falou a um

264 OS PRESIDENTES DA IGREJA

imenso grupo de trinta mil ou mais pessoas, reunidas no Liber-


ty Park para um programa em homenagem aos pioneiros . Dois
meses mais tarde, a 23 de setembro de 1945, as Autoridades
Gerais da Igreja, lideradas pelo Presidente Smith, reuniram-se
em Idaho Falis para a dedicação do magnífico novo templo
erguido nessa cidade . As impressivas e solenes cerimônias
prolongaram-se por três dias.
Em princípios de novembro de 1945, o Presidente Smith, .
acompanhado de alguns oficiais da Igreja, foi a Washington,
D .C ., a fim de conferenciar com o Presidente Harry S . Truman
a respeito da remessa de gêneros do programa de bem-estar
para os membros da Igreja residentes na Europa.
No dia 4 de abril de 1946, George Albert Smith celebrou
seu septuagésimo sexto aniversário . Dois dias depois, presidia
a sessão inaugural da conferência anual, dirigindo uma tocan-
te mensagem aos santos,ali reunidos . Cinco semanas após a
conferência, no dia 13 de maio, o Presidente Smith partiu da
Cidade do Lago Salgado para o México, a fim de visitar os
membros da Igreja residentes nesse país . Foi uma jornada his-
tórica . Era a primeira vez que um presidente da Igreja visita-
va o México . Na Cidade do México entrevistou-se com Manuel
Arvilla Camacho, presidente da república, presenteando-o
com um Livro de Mórmon.
Depois de sua volta à Cidade do Lago Salgado, o Presiden-
te Smith concretizou um desejo há muito acalentado — acom-
panhado de . uns poucos amigos, ele refez em julho de 1946 a
memorável jornada dos pioneiros mórmons de Nauvoo para o
oeste até o Vale do Lago Salgado em 1846/47 . .A comitiva che-
gou de volta à Cidade do Lago Salgado no dia 24 de julho, a
tempo de o Presidente Smith lançar a pedra fundamental do
grande Monumento "Este E o Lugar", na entrada do Emigra-
tion Canyon.
Em outubro de 1946, presidiu a conferência semi-anual
da Igreja e falou em diversas das sessões.
0 ano de 1947 inteiro foi de muita ocupação para o Presi-
dente George Albert Smith . Era o ano em que os moradores de
Utah celebrariam o primeiro centenário da chegada dos pio-
neiros mórmons.
Durante os primeiros meses do ano, o Presidente Smith
proferiu diversos discursos nas regiões leste e oeste dos Esta-

GEORGE ALBERT SMITH 265

dos Unidos, destacando o assunto dos pioneiros . Em abril, ce-


lebrou seu septuagésimo-sétimo aniversário, e na mesma se-
mana, presidiu todas as sessões da conferência anual.
Na semana de 13 a 17 de julho de 1947 aconteceu um
notável encontro dos governadores estaduais e territoriais na
Cidade do Lago Salgado . Na noite de 15 de julho, o Presidente
Smith e seus familiares ofereceram uma recepção a esses ilus-
tres visitantes nos espaçosos jardins de sua casa na Avenida
Yale.
Finalmente chegou o grande dia de comemoração do cen-
tenário, 24 de julho . As dez da manhã, um total de cinqüenta
mil pessoas estavam reunidas na entrada do Emigration Ca-
nyon a fim de presenciar a inauguração do magnífico monu-
mento aos pioneiros . 0 Presidente Smith estava encarregado
dos serviços. Após breves palavras de boas-vindas, o monu-
mento foi descoberto, e o Presidente Smith ofereceu a oração
dedicatória.
Na primeira semana de outubro, ele falou demoradamen-
te na sessão de abertura da conferência semi-anual . Acentuou
a necessidade de se levar uma vida justa, salientando que não
existe outra maneira de se conseguir paz e felicidade.
Durante 1948, o Presidente Smith continuou com suas
costumeiras atividades extenuantes . No dia 29 de janeiro, fa-
lou num banquete em homenagem a funcionários do Deseret
News por longo tempo de serviço . Em fevereiro, compareceu à
cerimônia anual do "Dia do Fundador", na Universidade de
Utah. A 1° de março, foi o principal orador numa reunião dos
descendentes de Wilford Woodruff . No dia 8 de março, dirigiu-
se a uma grande audiência na Universidade Brigham Young
durante a semana de liderança . No dia 4 de abril, completou
setenta e oito anos, e no mesmo dia presidiu a sessão de aber-
tura da conferência anual da Igreja.
Em junho, George Albert Smith esteve em Garland, Utah,
a fim de participar e falar nos serviços em honra dos quatro
filhos do Sr. e Sra . Alben Borgstrom, mortos :da II Guerra
Mundial.
Em setembro, a Cidade do Lago Salgado foi visitada pelo
Presidente Harry S . Truman e o candidato Thomas E . Dewey,
que percorriam o país em campanha política . 0 Presidente

266 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Smith os honrou indo recebê-los na estação da estrada de fer-


ro e comparecendo às suas reuniões no Tabernáculo.
0 aniversário de John Henry Smith, pai do Presidente
George Albert Smith, foi comemorado por seus descendentes
no dia 18 de setembro de 1948 . Cem anos haviam passado
desde o nascimento desse ilustre pioneiro e membro da Igreja,
perto de Council Bluffs, Iowa . 0 Presidente Smith usou da
palavra na ocasião e contou numerosos incidentes a respeito
de seu digno pai.
Na conferência semi-anual realizada durante a primeira
semana de outubro de 1948, o Presidente Smith presidiu todas
as sessões . No sermão de abertura, assim expressou seus sen-
timentos : "É glorioso viver nesta era do mundo, a . despeito dos
temores e pesares que existem . . . o Senhor nos protegerá, en-
quanto seguirmos a sua palavra".
No dia 15 de janeiro de 1949, o Presidente Smith partia
da Cidade do Lago Salgado para Los Angeles, a fim de tratar
de negócios relacionados, com a construção do Templo de Los
Angeles . Poucos dias depois de lá chegar, foi acometido de
súbita enfermidade que o deixou confinado num hospital até 9
de fevereiro, quando foi levado para a casa de David Stod-
dard, em Laguna Beach . Ali ficou convalescendo e repousando
até 31 de março, retornando então para a Cidade do Lago
Salgado . George Albert Smith debilitou-se com essa enfermi-
dade e nunca mais recuperou sua costumeira energia e vigor.
No dia 4 de abril de 1949, ele completava setenta e nove
anos de idade, festejando-o com um jantar em família . No
mesmo dia, presidiu a sessão de abertura da conferência
anual, fazendo um longo discurso . "Imagino se algum de vós
estará tão feliz como estou nesta conferência", dizia ele . "Há
uns dois meses e meio, comecei a orar que pudesse estar aqui,
e sou grato ao Senhor por ter ouvido não só as minhas como
também as vossas orações ; aproveito a ocasião para agrade-
cer a cada um de vós pelo interesse demonstrado por mim,
pelas bondosas palavras que foram escritas e as preces que
foram oferecidas."
Além de passar diariamente algumas horas em seu gabi-
nete, o .Presidente Smith ausentou-se por três vezes da Cidade
do Lago Salgado durante o verão — foi a Jackson, Wyoming,
onde participou da dedicação da Menor Ferry ; deu um pulo

GEORGE ALBERT SMITH 267

até São Francisco ; e fez uma viagem mais longa a Kansas City
e St. Louis, onde dedicou duas capelas.
A 13 de janeiro de 1950, o Presidente Smith partiu para
mais uma extensa visita à Califórnia . Esta viagem foi muito
benéfica para sua saúde, e ele retornou para a Cidade de Lago
Salgado somente em meados de março.
No dia 4 de abril, celebrou seu octogésimo aniversário.
Na grande recepção realizada à noite no Hotel Utah, ele cum-
primentou pessoalmente milhares de seus amigos . De todas as
partes do pais, chegavam cartas e telegramas 'de congratula-
ções tanto de membros como de não-membros da Igreja . O
Presidente Smith passara a vida inteira fazendo amigos, e es-
tes somavam uma legião.
Em maio de 1950, ocorreu uma viagem notável para o
Presidente Smith quando foi para o leste até Whitingham, Ver-
mont, e no dia 28 dedicou um monumento no local de nasci-
mento do Presidente Brigham Young . Dois dias mais tarde,
participou da cerimônia de descerramento de uma estátua de
mármore desse grande pioneiro na rotunda do Capitólio em
Washington, D .C ., quando ofereceu a oração dedicatória.
Outro acontecimento de especial interesse para o Presi-
dente Smith durante 1950 foi a comemoração do centenário
da chegada dos primeiros rpissionários mórmons nas Ilhas Ha-
vaianas . A comemoração foi marcada para a semana de 9 a
16 de agosto, e o Presidente Smith viajou para lá, a fim de
estar com os santos dos últimos dias residentes nas ilhas . De
volta à Cidade do Lago Salgado, prestou vibrante tributo à
hospitalidade do povo havaiano.
A conferência semi-anual da Igreja realizou-se mais cedo
do que habitualmente em 1950 . As reuniões aconteceram nos
dias 29 e 30 de setembro e 1° de outubro . O Presidente Smith
compareceu e presidiu todas as sessões, tendo falado em três
delas . Seus sermões foram profundamente espirituais, sendo
que externou seu amor e afeto pela gente de bem de toda par-
te . "Todos são filhos de nosso Pai", disse ele, usando uma
frase que empregara freqüentemente durante a vida inteira.
Suas palavras finais no, último dia da conferência foram:
"Eu oro que o poder de nosso Pai Celestial possa acompa-
nhar-vos, vós, servidores desta Igreja, vós, membros aonde
quer que fordes ; que o vosso lar possa ser o local de habitação

268 OS PRESIDENTES DA IGREJA

do Espírito de nosso Pai Celestial ; que vossos filhos e filhas


possam crescer sob a proteção e cuidados do Senhor ; que
ameis vossos vizinhos — e isto quer dizer os que são membros
e os que não são membros da Igreja — isto quer dizer todos os
que procuram ser aquilo que o Senhor desejaria que fossem.
"Oro que cada um de vós possa sentir, dia a dia, a certeza
possuída por tantos de vós de que Deus vive, que Jesus é o
Cristo, que Joseph Smith foi um profeta do Deus vivo . Sei disso
tão certo quanto sei que vivo, e presto-vos testemunho em hu-
mildade e dando-me conta da seriedade de afirmá-lo se não
fosse verdade, ainda assim presto-vos este testemunho em no-
me de Jesus Cristo . Amém . "
Durante o resto de 1950, o Presidente Smith deixou a
Cidade,do Lago Salgado só mais uma vez . A 17 de outubro, foi
de trem a Denver, Colorado, onde no dia seguinte falou para
uma numerosa congregação e proferiu a oração dedicatória
no novo Tabernáculo da Estaca Denver . Na volta, parou em-
Provo para dedicar o novo edifício dedicado às ciências na
Universidade Brigham Young.
Numa reunião dos funcionários do Escritório Central da
Igreja, a 22 de dezembro de 1950, três dias antes dó Natal,
apesar de sua saúde debilitada, o Presidente Smith falou por
meia hora com vigor e animação . Comentou as condições con-
turbadas do mundo:
"Se o povo aceitasse e vivesse o Evangelho", dizia ele,
"não haveria nenhuma guerra na Coréia nem ameaças de
guerra por toda a parte no mundo . . . Essas guerras aconte-
cem unicamente porque o Adversário consegue enganar a
grande maioria do povo . Isto torna ainda mais importante que
nós, que temos testemunho da divindade de Jesus, vivamos e
promulguemos o' Evangelho ."
Foi a última vez que o Presidente Smith falou numa reu-
nião pública . No decorrer de janeiro de 1951, sua saúde foi
declinando paulatinamente, e no dia 3 de fevereiro, rádio e
jornais noticiavam que ele fora internado no Hospital SUD pa-
ra observação e tratamento . Nas três semanas seguintes, pare-
ceu recuperar um pouco de suas forças com os constantes cui-
dados de médicos e enfermeiras ; ele porém, sentindo-se enfas-
tiado, pediu para voltar para casa . Seu desejo foi atendido, e
no dia 24 de fevereiro, voltava para sua confortável casa na

GEORGE ALBERT SMITH 269

Avenida Yale. Ali, a despeito dos melhores cuidados possíveis,


suas forças continuaram a declinar, e na noite de quarta-feira,
4 de abril, dia do seu octogésimo-primeiro aniversário, ele se
foi tranqüilamente .
IX

O funeral do Presidente Smith foi realizado no Taberná-


culo, no sábado, 7 de abril, às 14 :00 horas . Já antes dessa
hora, o grande recinto estava com sua capacidade totalmente
esgotada, e milhares de pessoas se aglomeravam ainda do la-
do de fora . Entre os oradores, estavam os dois conselheiros do
presidente falecido, J . Reuben Clark Jr . e David O . McKay.
"Durante toda nossa convivência, que foi achegada e ínti
ma", disse o Presidente Clark, "e em circunstâncias mais di-
versas e difíceis, jamais percebi nele a mínima indicação de
que estava impaciente, de perder a calma ou mesmo de preci-
sar controlar-se.
"Era invariavelmente bondoso e atencioso para com nós
dois que tivemos o privilégio e honra de trabalhar com ele . Por
experiência e‘ observação próprias, endosso plenamente tudo o
que dele foi falado aqui hoje, e como não poderia deixar de
ser, só foram ditas coisas boas . O mal sempre fugia dele, pois
não podia permanecer na presença de sua vida justa . Não sei
o que de melhor eu poderia dizer como tributo a ele do que
isso ."
A seguir, falou o Presidente McKay com muito sentimen-
to, dirigindo-se aos familiares do Presidente Smith.
"Nestes três fatores cooperantes, vós, filhos e parentes,
deveis encontrar o mais alto grau de paz e consolo:
"Primeiro, o vosso pai, nosso amado líder, levou tanto
quanto é possível ao homem, uma vida semelhante à de Cristo.
Ele descobriu que a resposta para o anseio de plenitude do
coração humano está em viver pelo amor abnegado . George
Albert Smith provou a veracidade das palavras paradoxais de
Cristo : 'Quem perder a sua vida, por amor de mim acha-la-á'.
''Segundo _ e isto falo com conhecimento de causa, pois
vi estes filhos e filhas em ação — o carinhoso atendimento, os
cuidados extremosos, eficientes, que vós, as filhas e Albert e
outros familiares lhe prestastes, não se esquecendo de nada

270 OS PRESIDENTES DA IGREJA

que pudesse ser feito ou aplicado para a recuperação ou con-


forto de vosso pai, deve agora, nesta hora de amargura, trazer
consolo ao vosso coração dorido . E não só nesta hora como
nos anos que virão.
"E em terceiro lugar, tão certo, tão seguro quanto o espí-
rito de Cristo visitou outros espíritos na esfera eterna, enquan-
to seu corpo jazia no sepulcro emprestado por José de Arima-
téia, assim também vive o espírito imortal de vosso pai, nosso
amigo, nosso amado Líder Presidente George Albert Smith . . .
"Deus abençoe sua memória e traga conforto às vossas
almas hoje e sempre, vós, filhos e membros escolhidos de uma
ilustre família, eu oro em nome de Jesus . Amém ."
Após o funeral, o corpo do falecido presidente foi levado
para o cemitério municipal, onde foi inumado ao lado de seus
pais, avós e bisavós, que se distinguiram todos na Igreja.
A oração dedicatória ao lado da sepultura foi oferecida
por Winslow Farr Smith, irmão do falecido .
DAVID O . McKAY
NONO PRESIDENTE

DAVID Oa MCKAY

(1873-1970)

Na segunda-feira, 9 de abril de 1951, um dia depois do


encerramento da conferência anual regular e dois dias após o
funeral do Presidente George Albert Smith, realizou-se no Ta-
bernáculo da Cidade do Lago Salgado uma "assembléia sole-
ne" a que compareceu o Sacerdócio e membros da Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias . Nessa reunião, foi
apoiada a nova Primeira Presidência, tendo David O . McKay
como presidente da Igreja e Stephen L . Richards e J . Reuben
Clark Jr. como seus conselheiros . Votando por quoruns e final-
mente a congregação inteira, estes irmãos receberam aprova-
ção por voto unânime.
Nessa época, o Presidente McKay fazia sete meses que
completara setenta e sete anos ; era vigoroso, alerta, tinha saú-
de excelente e estava plenamente preparado para desempe-
nhar os deveres de seu alto ofício por anos de experiência e
treinamento. Daremos uma rápida olhada na vida desse ho-
mem, que assim se tornou o nono presidente da Igreja.
Os avós do Presidente McKay, William e Ellen Oman
McKay, eram habitantes de Thurso, Escócia, quando em 1850
foram convertidos e batizados por missionários SUD que ha-
viam vindo de Edimburgo.
Em 1852, William McKay era ordenado élder e esforçou-
se por formar um pequeno ramo da Igreja em Thurso . No dia
30 de junho de 1855, batizava seu filho David, de onze anos,
no Mar do Norte, confirmando-o como membro da Igreja no
dia seguinte. Esse garoto David, que nascera em Thurso no dia
2 de maio de 1844, veio a ser pai do Presidente David O.
McKay.
William McKay preparou-se para emigrar para Utah em
1856, a fim de radicar-se no lugar de congregação dos santos
nos vales das montanhas . No princípio de maio, foi para Liver-

274 OS PRESIDENTES DA IGREJA

pool com sua mulher e cinco filhos, onde no dia 4 embarcou no


veleiro Thornton com destino à Cidade de Nova York . A bordo,
seguiam setecentos e sessenta e quatro emigrantes SUD.
A travessia do Atlântico levou cinco semanas e não se deu
sem tragédias, pois os registros mostram que houve sete mor-
tes entre os membros da Igreja no mar . No dia 12 de junho, o
Thornton aportou na Cidade de Nova York ; dois dias depois,
os imigrantes SUD estavam num trem que ia até a Cidade de
Iowa, Iowa, na época o terminal oeste da estrada de ferro.
Na Cidade de Iowa, formaram uma companhia de carros
de mão para a jornada pelas planícies, sob o comando do Capi-
tão James G . Willie . Foi uma expedição malfadada, na qual
sessenta e seis pessoas sucumbiram de frio por se exporem às
intempéries antes de chegar ao Vale do Lago Salgado.
A família McKay felizmente não participou do grupo do
Capitão Willie, escapando assim do desastre que atingiu mui-
tos daqueles com quem haviam cruzado o oceano . Eles fica-
ram em Iowa durante três anos, até adquirirem animais e
equipamentos para fazer a viagem com segurança e conforto.
No verão de 1859, William McKay e família juntaram-se
à companhia de James Brown, composta de trezentos e oiten-
ta e sete pessoas, sessenta e seis carroções e quatrocentas e
quinze cabeças de gado . Partiram de Florence, Nebraska, a 13
de junho, chegando no Vale do Lago Salgado a 29 de agosto.
Quase que imediatamente após a chegada, os McKay muda-
ram-se para Ogden, Utah, onde posteriormente formaram seu
lar.

II

No outono de 1859, terminou a abertura de uma estrada


para carroções de uns onze quilômetros através do Ogden Ca-
nyon para um outro pequeno e lindo vale ao qual os coloniza-
dores deram o nome de Vale de Ogden . No verão de 1860, os
dois filhos de William McKay, Isaac e David encarregaram-se
da tarefa de cuidar de um rebanho de gado de corte nesse
vale. Isaac tinha então vinte e três anos, e David, dezesseis.
Em 1861, Isaac escolheu para si uma porção de terra na parte
então conhecida como campo sul, onde decidiu estabelecer-se.
Outros colonizadores foram chegando, e logo estava formada

DAVID O . MCKAY 275

uma comunidade denominada Huntsville, segundo Jefferson


Hunt, um dos primeiros colonos . David McKay também adqui-
riu terras e construiu uma casa no Vale de Ogden . Foi para lá
que levou sua noiva de dezesseis anos, Jennette Evans, com
quem se casara no dia 9 de abril de 1867, na Cidade do Lago
Salgado.
O terceiro bebê e primeiro filho homem nascido dess'e ca-
samento foi David Oman McKay, que veio ao mundo no dia 8
de setembro de 1873 . Como o médico mais próximo morava
em Ogden, o menino foi trazido ao mundo pela parteira local,
Mary Heathman Smith . Foi uma felicidade para o garoto nas-
cer no lar de pais tão dignos e excepcionais . Tanto o pai como
a mãe eram santos dos últimos dias fiéis e constantes . Na sua
casa, todos os deveres religiosos faziam parte da vida coti-
diana.
David O . McKay sempre soube apreciar plena e totalmen-
te seus devotados pais . Uma vez disse a este autor que seu pai
era o maior homem que jamais conheceu . Em diversas oportu-
nidades prestou eloqüente tributo à sua mãe ; o que segue é
apenas um exemplo.
"Não consigo lembrar-me de uma virtude feminina que
minha mãe não possuísse . . . Fazer do lar o local mais aprazí-
vel do mundo para o marido e filhos era sua meta constante, a
qual realizou natural e supremamente . . . Na meninice, ela
parecia-me e continua parecendo agora, após esses anos to-
dos, inigualável em ternura, cuidado vigilante, paciência amo-
rosa, lealdade para com o lar e a justiça ." (Improvement Era,
maio de 1932)
A dedicação materna ao filho infante é igualmente bem
ilustrada por esta história contada pelo Presidente McKay,
pouco depois de tornar-se membro da Primeira Presidência,
em 1934.
"Os acontecimentos recentes deram-me o anseio de reen-
contrar-me com meus pais, apenas para dizer-lhes o quanto
significaram para mim a vida deles, seu exemplo diário e dis-
posição de sacrificar-se pelos filhos . Quero reconhecer minha
infinita dívida de eterna gratidão para com eles . Eu gostaria
de ver a expressão do semblante de minha mãe ao relembrar o
seguinte incidente, quando eu era um garotinho irrequieto e
turbulento . Foi-me contado assim por meu tio, irmão dela :

276 OS PRESIDENTES DA IGREJA

'Um dia, observando você andando pelo chão com seus passi-
nhos incertos, fiz brincando uma observação depreciativa a
seu respeito . Sua mãe, lembro-me bem, apanhou-o do chão e
disse enquanto o apertava contra seu rosto : — Você não sabe
se algum dia ele não será um apóstolo'.
"Naturalmente que pode ter sido, e, sem dúvida, foi ape-
nas a exteriorização do ardente desejo de u'a mãe afetuosa.
Todas as mães esperam grandes coisas para seus garotos;
mas, em meu íntimo, tenho desejado que ela pudesse ter visto
suas esperanças realizadas ." (Journal History, 27 de outubro
de 1934)
No seu lar de infância, David O . McKay foi perfeitamente
treinado para a obra que havia de realizar mais tarde na vida.
O pai era um homem religioso, um bom homem em todo senti-
do do termo _ dedicado à Igreja, ao seu pais e ao bem-estar
de seus semelhantes. Quando em 1865 se organizou o primeiro
ramo da Igreja em Huntsville, David McKay, então com vinte
e dois anos, foi escolhido como segundo conselheiro de Francis
A. Hammond, o élder presidente . Ele estava servindo nesse
cargo, quando lhe nasceu o filho David O . McKay.
Na conferência de abril de 1881, realizada na Cidade do
Lago Salgado, David McKay foi chamado para fazer missão
nas Ilhas Britânicas . Atendendo prontamente ao chamado,
partiu de Ogden no dia 19 do mesmo mês, deixando sua com-
petente esposa cuidando da fazenda e da pequena família de
cinco filhos durante sua ausência.
No outono daquele ano, o menino David completou oito
anos. E nesse dia, 8 de setembro de 1881, ele era batizado em
Huntsville por Peter Geertsen, e confirmado um membro da
Igreja por Francis A . Hammond.
O pai voltou da missão em abril de 1883, e a 20 de no-
vembro do mesmo ano, era ordenado bispo da Ala Eden pelo
Elder Franklin D . Richards, do Conselho dos Doze . Dezesseis
meses depois era desobrigado de seu cargo em Eden e apoiado
bispo de Huntsville, sucedendo a Francis A . Hammond.

III
David O. McKay serviu em todos os ofícios do Sacerdócio
na ala da qual seu pai era o bispo . Três meses após o décimo-

DAVID 0 . MCKAY 277

segundo aniversário, no dia 14 de dezembro de 1885, numa


reunião do quorum de diáconos realizada em Huntsville, o ga-
roto era ordenado diácono por C . F. Schade, conselheiro no
bispado. No ano seguinte, fez talvez seu primeiro discurso pú-
blico . Num velho registro encontrado das "Atas dos Quoruns
de Mestres e Diáconos", da Ala Huntsville, existe uma peque-
na nota sob data de 13 de novembro de 1886 : "David 0.
McKay prestou seu testemunho e disse' que tinha prazer em vir
à reunião".
Em julho de 1887, deu-se um acontecimento de conside-
rável importância na família McKay, quando John Smith, o
patriarca da Igreja, chegou a Ogden para dar bênçãos aos
santos fiéis . Ele hospedou-se na casa do Bispo David McKay, e
este pediu-lhe que abençoasse seus filhos . Isto aconteceu na
terça-feira, 17 de julho de 1887.
O primeiro a receber sua bênção foi David O ., então com
treze anos de idade . Ao colocar as mãos sobre a cabeça do
garoto, o patriarca proferiu palavras proféticas:
"Irmão David Oman McKay, estás em tua juventude e
necessitas de instrução ; por isto, digo-te, aprende de teus pais
o caminho da vida e salvação, para que, num dia próximo,
possas estar preparado para uma posição de responsabilidade,
pois o olho do Senhor está sobre ti . ..
"O Senhor tem um trabalho a ser feito por ti no qual ve-
rás muito do mundo, ajudarás na coligação da Israel dispersa
e também trabalharás no ministério . A ti caberá assentares-te
em conselho com teus irmãos e presidir entre o povo e exortar
os santos à fidelidade ." (Grifo nosso .)
Todas as profecias proferidas naquele dia sobre a cabeça
do garoto de treze anos se cumpriram . Bem cedo na vida ocu-
pou posição de responsabilidade ; viajou pelo mundo no inte-
resse da Igreja e presidiu "entre o povo".
David O . McKay foi ordenado mestre no dia 19 de janeiro
de 1891, e dois anos depois, a 4 de agosto de 1893, um mês
antes de completar vinte anos, foi avançado para o ofício de
sacerdote.
Nesse ínterim, freqüentou regularmente a escola em
Huntsville, completando ali o curso elementar ; cursou tam-
bém a Academia da Estaca Weber, em Ogden, sendo-lhe ofere-

278 OS PRESIDENTES DA IGREJA

cido o posto de diretor da escola de Huntsville, oferta que acei-


tou . Tinha então vinte anos de idade.
Depois de lecionar por um ano, David O . decidiu conti-
nuar seus .estudos e fazer do magistério sua profissão . Por con-
seguinte, em setembro de 1894, ingressava na Universidade
de Utah, na Cidade do Lago Salgado, matriculando-se num
curso de três anos da Escola Normal . Estudou com afinco en-
quanto na universidade, tornando-se um aluno destacado . Na
formatura • em junho de 1897, David O . McKay foi escolhido
como orador da turma . Referindo-se a esse discurso, dizia o
Deseret News : "A essência do discurso foi que um apetite in-
saciável de conhecimento significa progresso e é o estado de
uma mente normal".
No dia seguinte, na cerimônia de colação de grau realiza-
da., no Teatro de Salt Lake (9 de junho de 1897), recebeu seu
diploma de professor das mãos do Presidente Joseph Kingsbu-
ry, diretor da universidade.
Sendo forte e ágil, David 0 . praticou esportes durante seu
tempo de 'escola, fazendo parte do segundo time de futebol
americano organizado na Universidade de Utah.
Voltando para sua casa em Huntsville, sentiu-se sem dú-
vida surpreso e contente, quando, em julho de 1897, recebeu
da Primeira Presidência um chamado para fazer uma missão
na Grã-Bretanha . Contando com plena aprovação do pai, aten-
deu prontamente ao chamado e foi designado para sua missão
no dia 6 de agosto, na Cidade do Lago Salgado . Pouco depois,
partiu para a Cidade de Nova York, onde embarcou no vapor
Belgenland . Após uma viagem tranqüila e agradável, o Belgen-
land aportou em Liverpool no dia 25 de agosto, e David O . foi
apresentar-se na sede da missão, na Rua Islington, 42 . Foi
designado pelo presidente da missão, Rulon S . Wells, para tra-
balhar na Conferência Escocesa.
Chegando a seu destino, começou a trabalhar no Distrito
Lanark, seguindo assim os passos do seu ilustre pai, que havia
sido missionário naquelas vizinhanças catorze anos antes . A
seguir, trabalhou nas cidades de Glasgow e Stirling até 4 de
dezembro de 1898, quando foi escolhido pelo presidente da
missão para presidir a Conferência Escocesa . Este cargo tam-
bém já ,fora ocupado pelo pai .

DAVID 0. MCKAY 279

Foi durante o tempo em que era presidente do Distrito


Escocês que se deu o seguinte incidente, conforme foi contado
pelo Presidente McKay, em 1934:
"Eu estava em minha primeira missão e era, na época, no
ano de 1899, presidente da Conferência Escocesa . A Missão
Européia era presidida pelos Elderes Platte D . Lyman, Henry
W. Naisbett e James McMurrin. O Presidente McMurrin re-
presentava essa presidência numa conferência realizada em
Glasgow, Escócia . Após uma série de reuniões, tivemos uma
reunião do Sacerdócio realmente notável que jamais será es-
quecida por nenhum dos que estavam presentes.
"Lembro-me, como se fora ontem, da intensidade de ins-
piração nesse momento . Todo mundo sentiu o rico derrama-
mento do espírito do Senhor . Todos os presentes eram real-
mente um só coração e pensamento . Nunca antes eu experi-
mentara uma emoção assim . Era a manifestação pela qual eu
orara, no cepticismo da juventude, secretamente, com todo
fervor, nos campos e colinas . Deu-me a certeza de que a ora-
ção sincera é respondida algum dia, em algum lugar.
"No decorrer da reunião, um élder levantou-se por inicia-
tiva própria e disse : — Irmãos, há anjos presentes nesta sala.
Por mais estranho que possa parecer, esta afirmação não
foi em nada surpreendente, pelo contrário, foi plenamente
adequada, embora a mim não houvesse ocorrido haver seres
celestiais ali . Só sabia que estava transbordante de gratidão
pela presença do Santo Espírito . Entretanto, fiquei profunda-
mente impressionado, quando o Presidente James McMurrin
se levantou e confirmou aquela afirmação, e apontando para
um dos irmãos sentado bem à minha frente, disse : _ Sim,
irmãos, há anjos nesta sala e um deles é o anjo da guarda
desse moço sentado ali, _ referindo-se a alguém que hoje é
patriarca na Igreja.
"Apontando para outro élder, falou : — E um é o anjo da
guarda deste moço aqui, — apontando um irmão que eu co-
nhecia desde a infância . Lágrimas rolavam pelas faces desses
dois missionários, não de dor ou tristeza, mas como resultado
de sua profunda emoção . Na verdade, todos nós chorávamos.
"Foi nessa ocasião que James McMurrin falou o que des-
de aí provou-se uma profecia . Eu aprendera pela convivência
íntima que James McMurrin era ouro puro e implícita sua fé

280 OS PRESIDENTES DA IGREJA

no Evangelho ; que jamais existiu homem mais autêntico, mais


leal ; por isso, quando se voltou para mim e disse o que então
pensei ser mais uma advertência que promessa, suas palavras
deixaram-me uma impressão indelével . Parafraseando as pa-
lavras do Salvador a Pedro, disse ele : — Digo-te, Irmão Da-
vid, Satanás te pediu para te cirandar como trigo, porém Deus
vela por ti . — Depois, acrescentou : — Se conservares a fé,
ainda te assentarás nos principais conselhos da Igreja.
"Naquele momento, lembrei-me de relance das tentações
que encontrara pelo caminho e reconheci ainda melhor que o
Presidente McMurrin ou outro homem qualquer, quão verda-
deiras haviam sido suas palavras . Tomando ali mesmo a reso -
lução de manter a fé, veio-me o desejo de ser útil aos meus
semelhantes, e com ele a compreensão, ou pelo menos um vis-
lumbre, da minha dívida para com o élder que levou a primei-
ra mensagem do Evangelho Restaurado aos meus avós, os
quais haviam-na aceito anos antes no norte da Escócia.
"Após aquela reunião, tive oportunidade de visitar os ce-
nários da infância de meus avós, podendo compreender me-
lhor e mais amplamente o que o Evangelho fizera por eles e
seus descendentes ." (Journal History, 27 de outubro de 1934)
Depois de servir fielmente durante dois anos, David O.
McKay foi desobrigado da sua missão, em agosto de 1899 . A
26 de agosto, partia de Glasgow no vapor City of Rome, com
destino à Cidade de Nova York, chegando em Huntsville em
princípios de setembro. Já havia sido informado de que o
aguardava um cargo de instrutor (docente universitário de
grau inferior ao de professor . N. do T.) na Academia da Estaca
Weber em Ogden ; iniciava-se assim o que julgava que viria a
ser sua carreira na vida .
IV

Pouco depois de fixar residência em Ogden, o Élder


McKay passou. a ser membro da junta da Escola Dominical da
Estaca Weber . A 20 de setembro de 1900, era designado para
o cargo de segundo assistente de Thomas B . Evans, na supe-
rintendência da Escola Dominical da estaca.
Nessa organização, serviu com destaque, o que foi comen-
tado por Andrew Jenson como segue :

DAVID O . MCKAY 281

"Ao iniciar seu trabalho na superintendência da estaca,


introduziu as reuniões de preparação para professores, prepa-
rou esquemas individuais e cooperativos para as aulas, trans-
formando com eles cada lição da Escola da Dominical numa
unidade . Subseqüentemente, termos como 'objetivo', 'ilustra-
ção' e 'aplicação' tornaram-se coisa familiar . Ele acreditava
tão convictamente neste novo sistema de aulas e explicava-o
com tamanho entusiasmo, que até mesmo os irmãos e irmãs
que há muitos anos vinham lecionando pelo velho e consagra-
do método, deixaram-se convencer, e logo estavam entre os
mais fortes defensores do novo sistema" . (Biographical Ency-
clopedia, vol . 3, p . 762)
Nessa época, deu-se um acontecimento de suma impor-
tância na vida de David O . McKay ; no dia 2 de janeiro de
1901, casou-se com Emma Rae Riggs, sua namorada dos tem-
pos de universitário . A cerimônia foi celebrada no Templo de
Salt Lake pelo Élder John Henry Smith.
Em abril de 1902, Louis F . Moench, diretor da Academia
da Estaca Weber, demitiu-se do cargo no qual servira por doze
anos. A junta diretora da instituição reuniu-se no dia 17 de
abril e ofereceu o posto a David O . McKay . Uma noticia de
jornal daquele dia dizia:
"A junta de diretores ofereceu a posição de diretor da
Academia para o próximo ano ao Professor David O . McKay
que atualmente é um dos instrutores da instituição, e plena-
mente competente e familiarizado com a escola . O Professor
McKay aceitará o cargo " .
A escolha foi do agrado dos cidadãos de Ogden, visto que
David O . McKay estava-se tornando rapidamente conhecido
por seu trabalho na Igreja e escola, como um dos homens emi-
nentes da cidade.
A 6 de janeiro de 1905, David O . McKay sofreu uma gra-
ve perda com a morte súbita e inesperada de sua querida mãe,
Jannette Evans McKay, que faleceu aos cinqüenta e cinco
anos, em virtude de um ataque de apoplexia . Entre ele e a mãe
existiam fortes laços afetivos que não diminuíram com o pas-
sar dos anos . Durante sua carreira pública na Igreja, freqüen-
temente prestava tributos eloqüentes à nobre genitora em seus
sermões .

282 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Na sessão de encerramento da conferência geral anual da


Igreja, realizada no Tabernáculo na Cidade do Lago Salgado
no domingo, 8 de abril de 1906, foi proposto o nome de David
O . McKay para preencher uma vaga no Quorum dos Doze,
sendo apoiado unanimemente pela imensa congregação ali
reunida . No dia seguinte, 9 de abril, numa reunião da Primei-
ra Presidência e dos Doze no Templo de Salt Lake, David O.
McKay foi ordenado apóstolo e designado como membro do
Quorum dos Doze pelo Presidente Joseph F . Smith.
Na época em que foi alvo dessa alta honra, tinha pouco
mais de trinta e dois anos, ainda um homem moço ; porém, a
educação recebida em casa sob a supervisão de seus excelen-
tes pais, suas experiências missionárias na Escócia, seu traba-
lho nas organizações locais da Igreja e a instrução adquirida,
qualificavam-no plenamente para esse elevado encargo.
Pouco depois de sua elevação ao apostolado, David O.
McKay passou a fazer parte da junta da Escola Dominical
Deseret, e no dia 6 de outubro de 1906, era apoiado como
segundo assistente do superintendente geral da União da Esco-
la Dominical Deseret . O superintendente geral, na época, era o
Presidente Joseph F . Smith.
1906 e 1907 foram anos atarefadíssimos para o Élder
McKay . Durante esse tempo, mantinha sua posição de diretor
da Academia da Estaca Weber, além de dedicar muitos dias e
visitar diversas estacas da Igreja e comparecer a conferências
na qualidade de apóstolo e superintendente geral assistente da
União da Escola Dominical . O trabalho tornou-se pesado de-
mais, e em junho de 1908, demitiu-se do cargo de diretor da
academia, continuando todavia como presidente da junta da
Academia da Estaca Weber.
Na conferência geral anual da Igreja de abril de 1909, o
Presidente Joseph F . Smith fez o importante anúncio de que
George Reynolds, primeiro superintendente geral assistente da
União da Escola Dominical Deseret, seria desobrigado em vir-
tude de suas más condições de saúde, e que o Élder David O.
McKay seria promovido a primeiro assistente ; e ainda que Ste-
phen L . Richards seria designado para segundo assistente .

DAVID 0 . MCKAY 283

No número de maio de 1909 do Juvenile Instructor, dizia


o editorial:
"0 Apóstolo David 0 . McKay é largamente conhecido na
Igreja . O sucesso fenomenal de seu trabalho na superintendên-
cia da União da Escola Dominical da Estaca Weber foi obser-
vado de perto, antes de ele tornar-se uma das testemunhas
especiais do Senhor . Seu grande empenho para melhorar as
Escolas Dominicais desde que se tornou segundo superinten-
dente geral assistente da junta da União da Escola Dominical
Deseret, vem sendo notado não só nessa junta como igualmen-
te em todas as estacas de Sião".
Foi nesse mesmo ano, 1909, que o Élder McKay teve uma
emocionante e inusitada experiência, enquanto percorria o sul
de Utah em visita a conferências . Levando consigo seu filhinho
David Lawrence, ele e mais três ou quatro irmãos viajavam de
Tropic para Kanab, na primeira semana de setembro . Deixa-
remos o próprio Presidente McKay contar a história:
"Passamos o dia inteiro arrastando-nos pelo Red Canyon,
ora passando por fundas ravinas, ora vadeando o rio ou ro-
dando por cima de artemísias, sempre em meio de lama e
água . Eram cinco horas da tarde, quando chegamos a Tropic,
e nossos esforçados animais estavam cansados . Ali soubemos
que a ravina entre Tropic e Cannonville não dava passagem,
sendo assim obrigados a pegar um desvio ; e com isto, tivemos
uma série de contratempos que deram origem a uma longa
história.
"Primeiro, ao passarmos por profunda ravina, partiu-se
um gancho do balancim e quase nos precipitamos sobre um
aterro. Depois de consertá-lo com arame, retomamos a viagem
apenas para encontrar um lamaçal que bloqueou as rodas de
tal forma, que os cavalos não conseguiam mais avançar . Para
piorar a dificuldade, partiu-se um balancim e mais outro gan-
cho . Nessas alturas, o temporal dobrara sua fúria, parecendo
rejubilar-se com nossos apuros . Tudo parecia resumir-se em
raios, trovões, chuva e lama.
"Quando, finalmente, atingimos a estrada principal, a
questão era se conseguiríamos atingir a passagem do canal
principal antes de chegar a enchente . Forçamos nossos cava-
los extenuados a um último esforço e vencemos a primeira
passagem e também a segunda, embora a correnteza estivesse

284 OS PRESIDENTES DA IGREJA

forte . Faltava apenas mais uma e estaríamos em segurança.


Mas a enchente nos venceu . Entre as duas passagens princi-
pais, encontramos uma corrente de uns três metros de profun-
didade descendo furiosamente pela encosta e precipitando-se
por um canal que atravessa a estrada com terrível velocidade.
Ç'"Nessas alturas, o caminho de volta também estava inter-
rompido ; e assim, justamente ao anoitecer, a pouco mais de
três quilômetros de nosso destino, tivemos que ficar sentados a
noite inteira em nossas charretes, em meio do estrugir da pior
enchente que o sul de Utah viu por muitos, muitos anos.
No meio da noite a chuva cessou, e ao amanhecer, fomos
guiados através da corrente, já mais calma, por dois homens a
cavalo . " (Journal History, 16 de setembro de 1909)
Tais foram as experiências vividas por David O . McKay
ao viajar pelas estacas nos dias da charrete e cavalo.
Durante sete anos, o Elder McKay continuou em seu exte-
nuante afã de cuidar das Escolas Dominicais da Igreja e visi-
tar as diversas estacas e missões . Então, em março de 1916,
sofreu um penoso acidente que o afastou temporariamente de
seu trabalho . Pelo que dizem os jornais, parece que a estrada
que passa pelo Ogden Canyon havia sido danificada pela en-
chente do rio e, por isso, funcionários do condado procuraram
bloqueá-la para o trânsito por meio de uma corda estendida.
Devido ao forte nevoeiro no canyon, David O . McKay, que
dirigia seu carro, não percebeu a corda, que lhe lacerou grave-
mente a boca e a face . Thomas E ., seu irmão, que viajava em
sua companhia e escapou ileso, levou-o para o hospital, onde o
profeta ficou vários dias sob cuidados médicos, até poder vol-
tar para casa.
No dia 10 de novembro de 1917, David O . McKay sofreu
mais outro profundo choque com a morte do pai, o Patriarca
David McKay . David O. tinha um amor e admiração desmedi-
dos por seu pai, e a comunidade inteira chorou sua partida por
causa de uma vida inteira dedicada a servir o próximo . Quan-
do faleceu, disse dele a Improvement Era:
"Era um líder na comunidade, amado por todos com
quem tinha contato ; um homem constantemente a serviço de
seus semelhantes ; bondoso, amável, afetivo, cheio de bons
conselhos, prestimoso para com os pobres e desgraçados, fa-
zendo o bem a todos indistintamente" .

DAVID O . MCKAY 285

Depois da morte do Presidente Joseph F. Smith, ocorrida


a 19 de novembro de 1918, foi reorganizada a junta da União
da Escola Dominical Deseret, tendo como superintendente Da-
vid O . McKay, e Stephen L . Richards e George D. Pyper como
seus assistentes . O Elder McKay foi designado para essa im-
portante posição no dia 27 de novembro de 1918, numa 4-eu-
nião das Autoridades Gerais da Igreja, realizada no Templo de
Salt Lake.
No ano seguinte, recebeu nova distinção . A 9 de maio de
1919, era nomeado pela Primeira Presidência como comissá-
rio de educação para a Igreja, tendo como assistentes Stephen
L. Richards e Richard R . Lyman.

VI

Tendo sido designado pela Primeira Presidência para fa-


zer uma viagem mundial pelas missões da Igreja, a 4 de de-
zembro de 1920, David O . McKay se despedia de seu lar em
Ogden . Nessa viagem, teve por companheiro Hugh J . Cannon,
ex-presidente da Missão Suíço-Germânica, e na época presi-
dente da Estaca Liberty.
Os dois irmãos -foram de trem até Vancouver, Columbia
Britânica, de onde embarcaram para Yokohama, Japão, no
dia 7 de dezembro . De Yokohama, seguiram novamente de
navio para Xangai, China e de lá por via férrea até Pequim . No
domingo, 9 de janeiro de 1921, na antiga cidade de Pequim,
David O. McKay dedicou a terra da China para a pregação do
Evangelho. Eis como ele próprio descreveu o acontecimento:
"Ao meio-dia de domingo, 9 de janeiro, o Irmão Cannon e
eu realizamos um breve serviço religioso num bosque de ci-
prestes, quase que no coração da velha e histórica cidade de
Pequim, e ali dediquei e designei as terras chinesas para a
pregação do Evangelho de Jesus Cristo, conforme foi revelado
ao Profeta Joseph Smith.
"Este ato oficial destravou a porta para a entrada dos
servos autorizados do Senhor nesta terra, quando, futuramen-
te, as autoridades presidentes sentirem-se induzidas a chamá-
los. Foi uma ocasião sumamente solene e memorável que ja-
mais será esquecida pelos dois humildes missionários que dela
participaram . " (Journal History, 9 de janeiro de 1921)

286 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Deixando a China uns poucos dias após a dedicação do


país, os irmãos voltaram novamente ao Japão, depois segui-
ram viagem para Honolulu, onde chegaram no dia 2 de feve-
reiro de 1921 . Demoraram-se dezenove dias nas Ilhas Havaia-
nas, realizando reuniões e conversando com os santos e mis-
sionários . Na partida, descreveram sua visita como tendo sido
"muito agradável".
Os Élderes McKay e Cannon foram então obrigados a vol-
tar por mar ao continente, para poderem embarcar num navio
com destino às Ilhas dos Mares do Sul . Chegaram a São Fran-
cisco no dia 1° de março, "em meio a pesado nevoeiro", onde
os aguardava uma agradável surpresa . Deixemos que Elder
Cannon conte a história:
"Nosso plano era embarcar para o Taiti no dia 3 de mar-
ço, estando já com passagens reservadas no ' S .S.Tahiti' . En-
tretanto, para nossa alegria, descobrimos que o Presidente
Grant e Elder Ivins haviam vindo a São Francisco, trazendo
consigo as irmãs McKay e Cannon . E não vejo por que não
mencionar neste momento que homens ocupados, homens que
arcam com imensas responsabilidades e que levam consigo
numa viagem duas mulheres, cada uma com um bebê de seis
meses, certamente pensam mais na felicidade alheia que no
próprio conforto pessoal.
"Enquanto procurávamos resolver algumas dificuldades
com relação às nossas passagens, chegou a notícia da morte
do Presidente Anton H . Lund, e então ficou decidido voltarmos
para casa e aguardar a partida do próximo navio ." (Journal
History, 28 de março de 1921)
Tomando um trem da Southern Pacific, em São Francisco
na sexta-feira, 4 de março de 1921, os missionários e suas
esposas chegaram em Ogden no dia seguinte, onde o casal
McKay desembarcou e foi para sua casa . Os irmãos permane-
ceram então em Utah até a sexta-feira, 25 de março ; nesse
período, participaram do funeral do Presidente Anton H.
Lund, conversaram com oficiais da Igreja e familiares e fize-
ram preparativos para sua extensa viagem . Viajando nova-
mente de trem, chegaram a São Francisco no sábado, 26 de
março, e três dias mais tarde, embarcavam no vapor Mara-
ma, com destino às ilhas do Taiti .

DAVID O . MCKAY 287

Durante essa viagem de navio, Hugh J . Cannon escreveu


uma carta ao Deseret News, datada de 7 de abril, na qual
descrevia alguns incidentes da viagem . Ao distinto compa-
nheiro, prestou este chistoso tributo :
"O Irmão McKay tem-se revelado um perfeito marujo.
Desde que partimos de São Francisco, ele não enjoou um mo-
mento sequer ; porém, houve ocasiões em que, depois de olhar
as fotografias de sua esposa e filhos, ele parecia mareado".
O Marama aportou em Papeete, Taiti, no dia 12 de abril.
Dali os missionários telegrafaram à Primeira Presidência na
Cidade do Lago Salgado, comunicando que estavam bem e
apreciando a viagem.
Como seu primeiro compromisso era em Wellington, Nova
Zelândia, em cujas vizinhanças ia-se realizar o "Hui Tau" ou
conferência anual da missão, os missionários ficaram a bordo
até atingirem Wellington, no dia 21 de abril . Ali receberam as
boas-vindas do presidente de missão, George S . Taylor, e um
grupo de missionários . "Foi um dia glorioso para os santos da
Nova Zelândia", escreve o Presidente Taylor, "pois era a pri-
. meira vez que um apóstolo do Salvador pisava seu solo".
O "Hui Tau" foi muito apreciado pelo Élder McKay, que
descreveu o acontecimento por escrito o qual foi posteriormen-
te publicado na Improvement Era de julho de 1921 . O pará-
grafo final desse artigo dizia : "Sucesso e longa vida para o
'Hui Tau' . Que cada um dos 'Hui Tau' futuros possa ter mais
êxito que o anterior . Que se estenda sua influência até que se
torne uma força, não só para cimentar o amor e aumentar a fé
nos membros da Igreja como já faz agora, mas também para
derrubar as barreiras erguidas pelos ignorantes e maldosos, a
fim de impedir o progresso da Igreja de Cristo".
Depois de demorar-se nove dias com os santos e missioná-
rios da Nova Zelândia, os Elderes McKay e Gannon partiram
de Auckland pelo vapor' Tofua, no dia 30 de abril de 1921,
para visitar as ilhas de Tonga e Samoa onde também havia
numerosos membros da Igreja . Chegando a Nukualofa, no ar-
quipélago de Tonga, foram impedidos de desembarcar, porque
o navio em que viajavam havia aportado nas ilhas samoanas
onde grassava uma epidemia de sarampo . Entretanto, o presi-
dente da missão, Mark Coombs, embarcou também para

288 OS PRESIDENTES DA IGREJA

acompanhá-los até Apia, Samoa, onde chegaram no dia 10 de


maio.
A estada do Élder McKay nas ilhas samoanas foi um
triunfo do principio ao fim . "Parecia que Apia em peso estava
no cais", diz Hugh J . Cannon (Journal History, 4 de julho de
1921) . "Pela primeira vez na história, um apóstolo visitava
Samoa . . . Durante nossa permanência de quatro semanas, em
toda parte transparecia respeito e estima pelos oficiais da
Igreja, e até mesmo veneração era manifestada em muitos
lugares inesperados ."
Ao se despedirem dos santos em Sauniatu, Samoa, o Élder
McKay reuniu o povo em torno de si e ofereceu uma prece pelo
bem-estar deles e pelo progresso da obra do Senhor nas ilhas.
Após sua partida, os nativos erigiram um monumento no local,
em memória da sua visita.
Deixando Samoa a 10 de julho de 1921, os Élderes
McKay e Cannon prosseguiram para o sul, em direção da No-
va Zelândia . Em Nukualofa, Arquipélago de Tonga, o Elder
McKay desembarcou para visitar a Missão de Tonga, enquan-
to o Elder Cannon continuou viagem para a Nova Zelândia.
Foi só a 18 de julho que o Elder McKay voltou a reunir-se ao
seu companheiro em Auckland.
Então os dois oficiais da Igreja continuaram suas visitas
pela Missão da Nova Zelândia . No dia 21 de julho, chegaram a
Kaikohe onde realizaram reuniões . Voltando a Auckland no
domingo, 24 de julho, realizaram uma grande reunião pública
no auditório da prefeitura. Estiveram presentes muitas figuras
eminentes da cidade, ouvindo o Elder McKay proferir um ma-
gistral sermão a respeito da Igreja Mórmon e seus ensinamen-
tos . De Auckland, os irmãos seguiram para Porirua, Palmers-
ton e Hastings . Retornando a Auckland, na tarde de terça-fei-
ra, 2 de agosto de 1921, embarcaram para Sydney, Austrália.
A estada na Austrália foi extremamente fatigante devido
as enormes distâncias entre as cidades . Contudo, no prazo de
um mês, foram visitados os ramos da Igreja em Sydney, Mel-
bourne, Hobart, Adelaide e Brisbane, realizando reuniões com
os santos e missionários . No dia 4 de setembro, tendo termina-
do as visitas, os Elderes McKay e Cannon embarcaram no va-
por Marcella com destino a Java e Península Malaia . De sua
estada em Java, escreveu o Elder Cannon : "Como aqui não

DAVID O . MCKAY 289

existe nenhuma missão da nossa Igreja, nossa estada em Java


limitou-se à demora dos trabalhos de carga e descarga do
Marcella em Sourabaya e Batavia".
De Java os missionários seguiram para Cingapura, onde
chegaram no dia 28 de setembro. Depois de passarem dois
dias nessa interessante cidade, embarcaram no navio Bhara-
ta, seguindo viagem para Burma e Índia . 0 barco fez escalas
em Rangoon, Calcutá, Déli e Bombaim . Deixando a Índia no
navio Egypt, seguiram para o Canal de Suez, pelo qual passa-
ram durante a última semana de outubro de 1921 . Após visi-
tar o Cairo e arredores por uns poucos dias, seguiram de trem
para Jerusalém, onde chegaram no dia 2 de novembro . Indo
para o norte em busca do Presidente J . Wilford Booth, presi-
dente da Missão Palestina-Armênia, encontraram-no aciden-
talmente, ou antes, providencialmente na estação de estrada
de ferro de Haifa . Fizeram uma breve viagem pela missão,
após o que os Elderes McKay e Cannon retornaram por via
férrea a Port Said.
Tomando um navio em Port Said, os élderes foram para
Nápoles, Itália . Dali foram de trem para Roma, e a seguir para
Lausanne, Suíça, onde o Elder McKay teve a imensa alegria de
encontrar-se com seu filho mais velho, David Lawrence, que
estava servindo como missionário nessa cidade . Continuando
sua viagem, os visitantes fizeram breves paradas em Frank-
furt e também em Colônia, na Alemanha . Depois seguiram pa-
ra Liege, Paris, Londres e Liverpool, sempre realizando reu-
niões com santos e missionários.
Enquanto estavam em Londres, David 0 . McKay decidiu
fazer uma breve visita a Glasgow, Escócia, onde vinte e dois
anos antes trabalhara como humilde missionário.
"Chegando à cidade, visitou alguns dos santos antigos do
ramo que se alegraram imensamente . Muitos dos membros
mais velhos que conhecera já haviam passado há muito para o
grande além . Houve uma cena patética quando ele foi visitar a
Irmã Noble, sua antiga 'mãe escocesa' e senhoria . Com lágri-
mas correndo, ela disse que mal reconhecia o seu rapaz . . . O
Elder McKay visitou a velha Casa da Conferência na Rua
Holmhead n° 53, e embora tivesse outros inquilinos, foi-lhe
permitido entrar. 'Quantas memórias me assaltaram', comen-
tou mais tarde, 'quando entrei nas mesmas salas antigas e revi

290 OS PRESIDENTES DA IGREJA

as cenas familiares de vinte e dois anos atrás ; a copa onde


costumava comer mingau escocês, o escritório e o quarto onde
eu dormia num vão da parede' ." (Millennial Star, vol. 83, p.
826)
No sábado, 10 de dezembro de 1921, os Élderes McKay e
Cannon embarcaram em Liverpool, no navio Cedric, com des-
tino à Cidade de Nova York, de onde prosseguiram para Utah
por via férrea . Na tarde de 24 de dezembro, véspera de Natal,
David O . McKay desembarcava do trem em Ogden, para os
braços da família . Disse ele a um repórter : "Depois de viajar
mais de cem mil quilômetros pelo mundo, meu lugar preferido
é em casa" .
VII

Novamente na sede da Igreja após uma longa ausência,


David O . McKay retomou seu trabalho como superintendente
geral da União da Escola Dominical Deseret e suas atividades
visitando estacas.
Na conferência de abril de 1922, o Presidente Heber J.
Grant expressou sua gratidão pelo fato de o Élder McKay ter
retornado em segurança de sua longa viagem.
"Alegro-me que o Irmão McKay esteja conosco hoje . Des-
de a última vez que esteve na conferência, ele deu a volta ao
globo, visitando nossas missões em quase todos os cantos do
mundo, e voltou fortalecido na luz, conhecimento e testemu-
nho a respeito da divindade do trabalho em que estamos enga-
jados, como acontece a todo missionário que volta, depois de
sair para proclamar o Evangelho e entra em contato com o
povo do mundo e com toda espécie de religiões que nele exis-
tem . " (Conference Report, abril de 1922)
Em sua própria reportagem à conferência, o Élder McKay
relatou muitos incidentes inspiradores que aconteceram du-
rante sua viagem missionária em companhia do Elder Cannon.
"Eu gostaria hoje a tarde", dizia ele, "de escolher uma
parte dessa maravilhosa viagem e revivê-la convosco, porém,
durante toda a conferência, sinto-me movido a procurar
transmitir a mensagem que me parece a mais preciosa de to-
das as nossas experiências, isto é, as manifestações da proxi-
midade do Senhor e de sua mão guiadora" .

DAVID O . MCKAY 291

No dia 2 de junho de 1922, David O . McKay recebeu uma


homenagem inesperada, quando, durante a cerimônia anual
de formatura na Universidade Brigham Young em Provo, foi
agraciado com o grau de Mastér of Arts . Nessa data, dizia o
editorial do Deseret News:
"0 grau de Mastér of Arts conferido a David O . McKay, é
um merecido reconhecimento por seu serviço amoroso, inteli-
gente e entusiasta aos seus semelhantes . Criado numa fazenda
em uma de nossas melhores comunidades rurais, o Elder
McKay sempre compreendeu a conexão básica entre o solo e a
sadia moralidade nacional ; instruído na universidade, deu-se
conta das vastas possibilidades de conquista intelectual para o
bem do homem ; disciplinado na sala de aula como professor, e
na escola como administrador, aprendeu a conhecer a 'doce
virtude' do coração humano ; por muitos anos temperado no
serviço abnegado do Mestre, tornou-se um poderoso e magnâ-
nimo salvador da humanidade . David O . McKay despertou mi-
lhares para uma vida melhor e caráter mais firme e não é
isto a maior das realizações humanas?"

VIII

Depois de ficar em casa pouco mais de oito meses após


seu retorno da volta ao mundo, David O . McKay foi designado
pela Primeira Presidência, a 14 de setembro de 1922, para
suceder Orson F . Whitney como presidente da Missão Euro-
péia . Esta designação foi surpresa para o Elder McKay, porém
aceitou-a prontamente e logo se pôs a cuidar dos preparativos
a fim de partir para seu campo de trabalho . Uma semana de-
pois do chamado, a imprensa noticiava que ele embarcaria em
Montreal, Canadá, no dia 27 de outubro, data subseqüente-
mente transferida para 17 de novembro . Nesse dia, ele, a es-
posa e cinco filhos tomaram o vapor Montcalm, com destino a
Liverpool.
O presidente de missão desobrigado não se encontrava
em Liverpool para receber o novo presidente quando este lá
chegou no dia 25 de novembro. Devido às suas más condições
de saúde, o Elder Whitney já havia partido para a Cidade do
Lago Salgado .

292 OS PRESIDENTES DA IGREJA

O Presidente McKay foi recebido entusiasticamente pelos


santos da Grã-Bretanha, muitos dos quais já o conheciam, pois
era sua terceira visita às Ilhas Britânicas na qualidade de mis-
sionário.
Neste limitado esboço, não seria possível fazer um relato
detalhado das atividades do Presidente McKay durante os
dois anos em que presidiu a Missão Européia . Seu trabalho foi
exaustivo, e passava quase o tempo inteiro viajando . Quando
de sua chegada em novembro de 1922, estavam em andamen-
to as conferências britânicas, às quais ele compareceu até
completar a série programada pelo Presidente Whitney.
Em janeiro de 1923, o Presidente McKay cruzou o Canal
da Mancha para a Holanda, onde realizou, em Roterdã, uma
conferência de quatro dias com missionários e santos . No mês
seguinte, visitou a Missão Germânica, realizando concorridas
reuniões em Koenigsberg, Berlim, Dresden e Basiléia . Em
maio, compareceu a uma conferência do Distrito Irlandês em
Dublin . Provavelmente a mais alegre de todas as conferências
desse ano para o Presidente McKay foi a de Glasgow, Escócia,
realizada no dia 7 de maio, cidade em que trabalhou vinte e
cinco anos antes, durante sua primeira missão.
"A congregação escutava com enlevada atenção enquan-
to o Presidente McKay rememorava seu trabalho na Escócia
há vinte e cinco anos atrás", escreveu o élder que fez a repor-
tagem da reunião para o Millennial Star, "mencionando o no-
me de muitos santos que conhecia de perto e as experiências e
momentos alegres que tiveram juntos".
No dia 11 de julho de 1923, o Presidente McKay ficou
surpreso ao saber que haviam chegado à Inglaterra dois de
seus companheiros do Quorum dos Doze, os apóstolos Reed
Smoot e John A . Widtsoe. Foi encontrá-los em Londres, onde
durante dois dias houve conferências para os missionários bri-
tânicos e santos de Londres . Terminadas as reuniões, os três
apóstolos partiram para a Noruega, Dinamarca e Suécia, onde
o Elder Smoot foi tratar de negócios especiais para o governo,
e os três realizaram reuniões com os membros da Igreja.
Retornando do norte, o Presidente McKay e esposa foram
à Suíça em agosto, reunindo-se com os missionários e santos
em Lausanne, nos dias 19 e 20 . Nessa ocasião, estiveram pre-
sentes sessenta e nove missionários, e todos sentiram-se inspi-

DAVID 0 . MCKAY 293

rados pelos conselhos e instruções dadas pelo Presidente


McKay.
Em setembro reiniciou-se o ciclo de conferências britâni-
cas que se estendeu até o fim do ano, com uma por semana.
Em princípios de janeiro de 1924, o Presidente McKay e
esposa viajaram para Marselha, França, onde no dia 8 embar-
caram no vapor Lotus com destino à Síria, para uma visita à
Missão Armênia . Chegaram a Beirute no dia 18, onde os espe-
rava o presidente da missão, J. Wilford Booth ; de lá seguiram
de automóvel e trem para Alepo, sede da missão, onde chega-
ram no dia seguinte . Houve três dias de reuniões com os san-
tos armênios. Foi um tempo de grande regozijo para aquele
povo negligenciado e perseguido . Eles externaram sua grati-
dao a Deus pelo privilégio de terem um apóstolo em seu meio.
Tanto o Presidente como a Irmã McKay admoestaram-nos a
"viverem uma vida reta e apegarem-se firmemente à fé".
No dia 24 de janeiro de 1924, os visitantes iniciaram a
viagem de volta para casa . Antes de chegarem a Liverpool,
tiveram reuniões com os missionários e santos na Suíça, Ale-
manha e França.
Durante a primavera e verão de 1924, o Presidente Mac-
Kay compareceu a várias conferências na Missão Britânica.
Em julho, viajou para a Suécia, onde realizou a conferência
anual dessa próspera missão, que na época estava sob a presi-
dência de Hugo D . E . Peterson . Conferências semelhantes fo-
ram realizadas também na Noruega e Dinamarca . Em agosto,
o Presidente McKay estava de volta a Liverpool, passando o
restante do ano principalmente na Grã-Bretanha, embora fi -
zesse várias visitas ao continente para reuniões importantes.
Então, em outubro de 1924, chegou da Primeira Presidência
da Igreja na Cidade do Lago Salgado a comunicação de que o
Élder James E . Talmage fora designado para presidir a Mis-
são Européia e que, com a chegada dele a Liverpool, o Presi -
dente McKay estaria desobrigado.
Em sua mensagem de despedida aos santos europeus, pu-
blicada no Millennial Star a 13 de novembro de 1924, o Presi-
dente McKay externou sua afeição por seus companheiros de
missão e santos europeus que logo teria de deixar, nestas belas
palavras :

294 OS PRESIDENTES DA IGREJA

"A todos os nossos queridos colaboradores na sede da


missão ; aos realmente dedicados presidentes de missão ; aos
operosos e capazes presidentes de conferência e quinhentos
homens superiores que representam a autoridade e executam
o serviço da Igreja de Cristo nestas missões ; aos bravos e des-
temidos santos que formam a congregação dos ramos, nós da-
mos agora o nosso adeus.
"Em assim fazendo, queremos exprimir a esperança e
sincero desejo de que, como amigos e colaboradores, possamo-
nos conservar sempre fiéis aos eternos princípios da Verdade.
Ainda que inimigos e o público mal-informado e crédulo pos-
sam zombar de nós, embora surjam dificuldades e que nos
façam sofrer, se nos ativermos ao firme e inabalável testemu-
nho da divindade do Evangelho Restaurado, teremos força pa-
ra suportar o ridículo, poder para superar os obstáculos ; e
sabedoria para demonstrarmos controle, quando provocados.
Se permitirmos que a virtude adorne nossos pensamentos in-
cessantemente, então, conforme prometeu o Senhor, nossa
confiança em sua presença se fará forte, a doutrina do Sacer-
dócio se destilará sobre nossa alma como orvalho do céu, e o
Espírito Santo será nosso constante companheiro e guia.
"O testemunho mais forte é aquele obtido ao se fazer a
vontade do Pai ; portanto, possamos encontrar alegria em
cumprir regular e fielmente todos os nossos deveres na Igreja.
Oremos continuamente em segredo e em nosso lar, paguemos
nossos dízimos e ofertas, falemos bem um do outro, apoiemos
o Sacerdócio, sejamos honestos em nossos negócios, e bondo-
sos até mesmo para com nossos inimigos ; sejamos observado-
res estritos da Palavra de Sabedoria e conservemo-nos puros e
imaculados dos pecados da imoralidade . Se cumprirmos estes
simples deveres, nenhum poder na terra poderá privar-nos da
condição de membro da Igreja de Deus, ou de nossa fraterni-
dade mútua e com Cristo nosso Senhor.
"Nestas terras existem milhões de homens e mulheres ho-
nestos à espera das 'boas novas de grande alegria' — possa-
mos portar-nos de tal maneira, que a nossa vida seja um in-
centivo para todos buscarem a verdade e viverem retamente.
"Que o Senhor atente entre mim e ti, enquanto estivermos
apartados um do outro ."

DAVID O . MCKAY 295

No sábado, 6 de dezembro de 1924, o Presidente McKay,


sua esposa e quatro filhos embarcavam no navio Montcalm,
de volta para a pátria . Quinze dias mais tarde, chegaram ao
seu lar em Ogden, Utah, após uma ausência de pouco mais de
" dois anos.

IX

Novamente em casa, o Éldër McKay reassumiu seu exte-


nuante encargo como superintendente geral da União da Esco-
la Dominical e seus deveres como membro dos Doze, visitando
estacas e missões . Na conferência geral da Igreja de abril, ele
prestou contas de sua recente missão na Europa e informou
aos santos que "a obra de Deus está crescendo a passos largos
na Missão Européia" . Teve o prazer de descobrir que sempre
que um grupo de santos se reúne, "seja nas ilhas do mar, no
Japão, na Síria, nos países escandinavos, na Inglaterra, Ale-
manha, França, Holanda _ ali existe um espírito de unidade,
o espírito de amor, o espírito de sacrificar-se voluntariamente
pelo bem da humanidade";
No outono de 1926, o Elder McKay empreendeu uma via-
gem pela Missão dos Estados Sulinos e dedicou uma nova ca-
pela em Jacksonville, Flórida.
Em novembro do ano seguinte, saiu mais uma vez de casa
para visitar a Missão dos Estados do Centro, sediada em Inde -
pendence, Missouri . Durante esta sua viagem pela missão, vi-
sitou os ramos da Igreja no Kansas, Missouri, Oklahoma, Lou-
siana, Arkansas e Texas.
O Elder McKay esteve presente à conferência anual da
Igreja, realizada em abril de 1930, quando se comemorou o
centenário de sua fundação.
Em março de 1931, David O . McKay foi nomeado pelo
Governador George H . Dern encarregado geral da Conferência
de Saúde Infantil de Utah . Em maio do mesmo ano, foi eleito
presidente da Associação de Ex-alunos da Faculdade Weber.
Dois dias mais tarde, 30 de maio de 1931, proferiu o discurso
de formatura dos formandos dessa instituição.
Durante novembro e dezembro de 1932, o Élder McKay
fez uma viagem pela Missão dos Estados Centro-Leste . Em
companhia do presidente de missão Miles L . Jones, visitou oito

296 OS PRESIDENTES DA IGREJA

distritos da missão e dedicou capelas em Howard, Carolina do


Norte, e em Durham e Craig, no Tennessee . Antes de voltar
para casa, visitou sua filha, Sra . Russel H . Blood, em Filadélfia
e seu filho, David L . McKay, em Washington D .C.
Durante todo o ano de 1933, David O . McKay esteve ocu-
pado, visitando as várias estacas da Igreja e cuidando de seus
deveres como superintendente geral da União da Escola Domi-
nical.

No dia 8 de setembro de 1934, David O . McKay comple-


tou sessenta e um anos de idade . Um mês mais tarde, menos
dois dias, foi alvo de nova honra ao ser anunciado pelo Presi-
dente Heber J . Grant na sessão de abertura da conferência
semi-anual da Igreja (6 de outubro de 1934), que havia esco-
lhido David 0 . McKay como seu segundo conselheiro na Pri-
meira Presidência . No mesmo dia, dizia o Deseret News a res-
peito dele:
"0 Presidente McKay é um dos mais benquistos de todas
as autoridades da Igreja . Em seu longo e bem-sucedido minis-
tério, conquistou a total confiança e sincera estima de todos
com quem trabalhou.
"Sua vida tem sido uma série contínua de realizações ex-
cepcionais, como missionário quando moço, como educador,
como executivo da Escola Dominical, como apóstolo, como
presidente de missão, como embaixador especial da Igreja na
viagem em torno do mundo, durante a qual visitou todas as
missões existentes fora dos Estados Unidos (com exceção ape-
nas da África do Sul e América do Sul).
"Seu trabalho no conselho dos Doze tem-no levado a to-
das as partes da Igreja, por ocasião das conferências trimes-
trais nas diversas estacas designadas e convenções da Escola
Dominical e congêneres.
-Ele tem sido um dos destacados líderes da juventude da
Igreja, e com seu magnetismo pessoal e marcante humildade,
dirigiu rapazes e moças, bem como pessoas de idade mais
avançada, para o caminho do progresso no sentido temporal e
religioso" .

DAVID 0 . MCKAY 297

"Tem-se mostrado excepcional em seus ensinamentos de


fé na Deidade e nos princípios da Igreja. Apontou o caminho
pela palavra escrita e falada ; tem dado o exemplo com uma
vida cheia de honra e distinção, e milhares têm-no seguido
alegremente . Sua indicação para a Primeira Presidência surge
como um anúncio bem-recebido para as centenas de milhares
de membros da Igreja ." (Deseret News, 6 de outubro de 1934)
A reorganização da superintendência geral da União da
Escola Dominical Deseret deu-se a 31 de outubro de 1934.
David O . McKay foi desobrigado como superintendente geral
_ posto que vinha ocupando desde novembro de 1918 _ sen-
do escolhido para substituí-lo George D . Pyper. 0 relatório
apresentado pelo secretário nessa ocasião mostrou que o tra-
balho da Escola Dominical da Igreja experimentou grande
progresso sob a liderança do Presidente McKay . De 1918 até o
fim de 1933, houve um aumento de 572 Escolas Dominicais e
de 144 .821 membros alistados.
No Instructor de novembro de 1934, o Presidente McKay
externou alguns pensamentos que nos revelam um pouco de
sua alma, a propósito do Dia de Ação de Graças que se avizi -
nhava.
"Ao se aproximar o Dia de Ação de Graças de 1934, sou
grato em saber que os membros da Igreja e tantas pessoas em
geral, compreendendo o fato de que as posses materiais por si
só não trazem a felicidade, estão apreciando mais do que nun-
ca as coisas de maior valor . Estou feliz em poder gozar, junto
com meus amigos, destas posses valiosas . Mencionando ape-
nas algumas, diria que sou sumamente grato : Por meus no-
bres pais e um nome digno ; pela fé imorredoura num Ser Su-
premo e na divindade do Evangelho de Jesus Cristo ; pela fa-
culdade, ainda que limitada, e oportunidades tão amplas de
gozar os dons de Deus manifestos na natureza — todas as
maravilhosas coisas da criação são minhas pelo mero ver e
buscar ; pelo afetuoso relacionamento familiar — entes queri-
dos e amigos leais — quem tem pelo menos um amigo é rico, e
eu tenho muitos que se provaram fiéis e leais . Deus os aben-
çoe! Pela oportunidade de poder prestar serviços úteis na Igre-
ja de Cristo ; e, acima de tudo, pelo conhecimento de que um
Pai amoroso e bom prestará valiosa ajuda a todos os que o
procurarem sinceramente :

298 OS PRESIDENTES DA IGREJA

"Por estas e muitas outras bênçãos . . . meu coração


transborda de gratidão ." (p . 477)
Em fevereiro de 1935, o Presidente McKay e sua esposa
fizeram uma viagem aos estados do Leste e Sul . Em Washing-
ton D .C., visitaram o filho e nora, Sr . e Sra . David L . McKay e
viram pela primeira vez sua netinha de três meses . No domin-
go, 24 de fevereiro, o Presidente McKay falou a uma audiên-
cia que lotou ao máximo a Capela de Washington . No dia se-
guinte, por cortesia do Senador Elbert D . Thomas, o casal pô-
de conversar com o vice-presidente dos Estados Unidos, John
Nance Garner, além de conhecer vários senadores eminentes.
De Washington, o Presidente e Sra . McKay foram para
Filadélfia, onde permaneceram por diversos dias com sua fi-
lha e genro, o Dr . e Sra . Russel H . Bloòd . Depois, seguiram
viagem para Jacksonville, Flórida, onde se encontraram com o
Presidente LeGrand Richards, da Missão dos Estados Sulinos,
e sua esposa. De Jacksonville, tomaram o rumo oeste para
Nova Orleans, onde se encontraram com o Presidente Charles
Rowan e esposa, e um grupo de missionários da Missão Texas-
Louisiana . Ali foram também hóspedes de James H . Moyle,
um cidadão de Utah, que na época servia como diretor alfan-
degário dos Estados Unidos.
O presidente McKay e esposa retornaram à Cidade do La-
go Salgado, a 10 de maio de 1935 . Um mês depois, no domin-
go 10 de junho, o Presidente McKay proferia o discurso de
despedida na formatura de quinhentos e cinqüenta bacharéis
na Universidade de Utah . Seu tema foi "Os Dois Caminhos da
Vida", destacando a necessidade de se buscarem as melhores
coisas da vida em lugar das vulgares e materiais . Suas pala-
vras foram muito bem recebidas.
Durante o resto de 1935, o Presidente McKay visitou nu-
merosas alas e estacas e cumpriu designações para falar.
O ano de 1936 foi um período tão atarefado quanto o
anterior . No dia 15 de janeiro, o Presidente McKay e esposa
partiam para Honolulu, onde ele devia comparecer a uma con-
ferência da Estaca Oahu, marcada para 25 e 26 do mesmo
mês . Permaneceu nas ilhas cerca de duas semanas, realizou
vinte e cinco reuniões e compareceu a diversos banquetes e
recepções . "O Havaí é um paraíso", dizia ao voltar, "e o povo
de lá é extremamente hospitaleiro, gentil e generoso " .

DAVID O . MCKAY 299

Em fins de abril de 1936, os Presidentes McKay e J . Reu-


ben Clark Jr. viajaram para Omaha, Nebraska, onde foram
inspecionar o velho cemitério mórmon situado uns dez quilô-
metros ao norte da cidade, decidindo quanto aos planos de
reformá-lo e embelezá-lo, e de ali erigir um monumento apro-
priado em honra dos santos dos últimos dias ali sepultados.
Num serviço religioso ao nascer do sol, realizado a 23 de
julho desse ano na entrada do Emigration Canyon, o Presiden-
te McKay proferiu eloqüentes palavras sobre a importância da
colonização de Utah pelos pioneiros mórmons.
Em setembro, retornou a Omaha, Nebraska, para partici-
par, juntamente com os Presidentes Grant e Clark, da cerimô-
nia de descerramento e dedicação do belo monumento aos pio-
neiros, projetado e executado por Avard Fairbanks, no velho
cemitério mórmon.
Durante outubro, o Presidente McKay percorreu a Missão
dos Estados do Norte em companhia do Presidente da missão,
Bryant S . Hinckley.
Em dezembro, viajou para São Francisco, onde, no dia
20, dedicou a capela da Ala São Francisco.
Em 1937, os trabalhos do Presidente McKay ficaram con-
finados principalmente ao Estado de Utah. A semana inteira,
exceto os domingos, passava longas horas em seu escritório,
participando de reuniões, atendendo a encontros marcados e
cuidando da correspondência oficial . Aos domingos, era requi-
sitado por alas e estacas.
A 25 de janeiro, em Provo, dirigiu-se a uma enorme au-
diência no College Hall (Auditório da BYU . N . do T.), sobre o
tema "Progresso Eterno" . Três semanas mais tarde, proferiu
notável discurso diante de servidores de ala e estaca da região
do Lago Salgado sobre "Os Quatro Pontos Fundamentais do
Programa de Segurança da Igreja".
No domingo, 4 de abril, na segunda sessão da conferência
geral, ele falou sobre a "Reverência pela Lei" . No dia 2 de
julho, perante um seleto grupo de autoridades gerais e servi-
dores da Igreja reunidos no Barrett Hall, o Presidente McKay
expunha a posição da Igreja diante do "Trabalho e Sindica-
tos" . Seu pronunciamento na ocasião foi no sentido de que é
anti-americano dizer-se a um moço : — Você não pode traba-
lhar neste emprego a não ser que pague as taxas e se filie ao

300 OS PRESIDENTES DA IGREJA

sindicato . "Não faremos discriminação alguma contra alguém


que seja ou não sindicalizado", continuou ele, "porém exigi-
mos que se preste um bom dia de trabalho pelo salário rece-
bido".
No dia 20 de agosto desse mesmo ano, o Presidente
McKay esteve presente às cerimônias de dedicação de um mo-
numento erigido em Brigham City, Utah, em honra de Bri-
gham Young, no lugar onde este grande líder fez seu último
discurso público . Dois dias mais tarde, ele viajou para Paris,
Idaho, a fim de participar do descerramento e dedicação de
um monumento erguido em memória de Charles C. Rich, pio-
neiro dessa cidade e condado.
No dia 8 de setembro de 1937, o Presidente McKay feste-
java seu sexagésimo quarto aniversário.
Em princípios de 1938, David O . McKay e esposa foram a
Chicago, onde compareceram a uma conferência de estaca no
dia 27 de fevereiro.
Em abril, foi nomeado pelo Governador Henry H. Blood
como encarregado da Comissão da Exposição do Centenário
de Utah . A tarefa deste comitê composto de setenta e cinco
cidadãos de destaque era preparar a grande comemoração de
1947 em homenagem do centenário da chegada dos pioneiros
de Utah.
Em junho de 1938, o Presidente McKay viajou para Por-
tland, Oregon, onde no dia 26, em colaboração com o Elder
Melvin J . Ballard, organizou a Estaca Portland que foi a centé-
sima vigésima quarta da Igreja.
A Sra . Nibley e eu tivemos o privilégio de hospedar esses
irmãos na casa da missão durante sua breve permanência em
Portland e ajudá-los na organização da estaca.
David O . McKay foi alvo de distinta honra.quando, no dia
3 de maio de 1940, foi nomeado pelo Governador Henry H.
Blood, membro do corpo de diretores da Escola Superior de
Agricultura de Utah . Dez dias depois, no dia 13 de maio, a
junta diretora da Layton Sugar Company elegia o Presidente
McKay para o posto de presidente desta organização.
Em outubro de 1940, foi a Idaho Falls onde, no dia 19,
lançou a pedra fundamental do Templo de Idaho Falls e pro-
nunciou a oração dedicatória .

DAVID O . MCKAY 301

Em 1941, provavelmente o acontecimento principal para


o Presidente McKay foi sua visita a Honolulu em agosto, e sua
participação nas cerimônias de dedicação do belo Tabernácu-
lo da Estaca Oahu no domingo, 17 de agosto . Fazia vinte anos
que o Presidente McKay visitara as ilhas pela primeira vez e
criara um sincero amor pelos santos havaianos . Em seu dis-
curso inicial dizia ele:
"Minha alma está profundamente comovida esta manhã,
devido, estou certo, a uma combinação de circunstâncias e
experiências . Tenho tido o privilégio e dever de comparecer a
muitos serviços de dedicação, não só na Igreja como também
em círculos cívicos e educacionais, e ao rememorar essas ex-
periências hoje de .manhã, creio que a presente se destaca co-
mo a mais singular e impressiva . Acredito que isto acontece
em grande parte por causa do amor que o povo do Pacífico
sente um pelo outro e pela Igreja ." (Deseret News, 13 de de-
zembro de 1941)
Retornando ao continente americano, o Presidente
McKay retomou suas atividades com diligência . Foi durante
esses anos que a saúde do Presidente Heber J . Grant vinha
declinando consideravelmente, devido à sua avançada idade,
fazendo recair mais e mais trabalho sobre seus conselheiros.
Entretanto, além de atender às reuniões e compromissos ofi-
ciais, o Presidente McKay ainda encontrava tempo para visi-
tar muitas alas e estacas . Os santos sempre se mostravam
deleitados com sua presença.
A 8 de setembro de 1943, o Presidente McKay completa-
va setenta anos . Passou suas horas de trabalho no escritório
nesse dia, porém, à noite, houve um jantar em família na sua
casa . Estiveram presentes trinta e seis membros da família, e
o homenageado gozou e mereceu o amor e afeição que lhe
foram demonstrados pelos que lhe eram mais caros.
Em 1944, além de seu trabalho regular, o Presidente
McKay proferiu dois discursos notáveis — um sobre o tema da
maternidade, na Ala XXVI da Cidade do Lago Salgado, e o
outro intitulado "Um Tributo ao Profeta Joseph Smith" peran-
te o corpo docente e discente do Instituto SUD, em Logan .

302 OS PRESIDENTES DA IGREJA

XI

A morte de Heber J . Grant, o venerável presidente da


Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, no dia 14
de maio de 1945, dissolveu a Primeira Presidência e provocou
a reorganização desse quorum. A 21 de maio de 1945, o Con-
selho dos Doze, reunido na Cidade do Lago Salgado, apoiou
George Albert Smith como presidente da Igreja . Este escolheu
para seus conselheiros J . Reuben Clark Jr . e David O . McKay,
os mesmos irmãos que haviam servido com o presidente ante-
rior. O Presidente McKay reassumiu então seu lugar na Pri-
meira Presidência, com seus numerosos afazeres e responsabi-
lidades.
Em princípios de junho, proferiu o discurso de despedida
na formatura dos bacharéis de 1945, da Universidade de
Utah. Seu sermão foi um modelo de clareza e lucidez, e con-
cluiu-o com estas eloqüentes palavras:
"Mesmo enquanto as glórias da primavera da mocidade
alegram vossos corações e iluminam vossas esperanças com
um sucesso antecipado, sobre vossos ombros repousa o peso
despercebido da futura responsabilidade . Modelar o futuro é o
vosso desafio . Em vossas mãos e nas mãos de um milhão de
outros jovens será colocado o estandarte da civilização . . .
"O futuro está a vossa espera, rapazes e moças! Ele é
vosso! Se quereis terminar a guerra e dar paz ao mundo, ten-
des campanhas a organizar e conquistas a fazer . São as cam-
panhas destinadas ao estabelecimento da justiça — são con-
quistas da alma. Se é melhor seguir pelo caminho fácil do
egoísmo e dos prazeres do que procurar atingir a esfera da
espiritualidade através do autodomínio, cabe a vós decidir ."
(Deseret News, 8 de junho de 1945)
Na conferência de abril de 1946, o Presidente McKay fa-
lou da grande comemoração que estava sendo planejada para
1947, em homenagem aos pioneiros de Utah, que cem anos
antes chegavam ao Vale do Lago Salgado, após vencerem a
árdua jornada pelas planícies.
"Nenhum estado da União pode olhar com maior orgulho
para os feitos de seus pioneiros que o Estado de Utah " , afir-
mou. "Por isso é louvável e sumamente apropriado que o go-
vernador e o Legislativo Estadual tenham designado 1947 co-

DAVID O . MCKAY 303

mo o ano do centenário, no qual prestaremos tributo a esses


grandes fundadores de um império . Assim fazendo, conferi-
mos honra a nós próprios ."
Na qualidade de encarregado da Comissão do Centenário,
o Presidente McKay trabalhou incansavelmente no aperfei-
çoamento dos arranjos para a grande celebração.
Na reunião geral do Sacerdócio, realizada na noite de 6
de abril de 1946, ele fez um discurso extremamente esclarece-
dor sobre a importância e significado do sacramento.
"Na Igreja de Cristo não se administra nenhuma orde-
nança mais sagrada, do que o sacramento . . .
"0 maior consolo na vida é a certeza de se estar intima-
mente relacionado com Deus . . . O período sacramental deve-
ria ser como um despertar desse senso de relacionamento ."
A 18 de outubro de 1946, a imprensa falada e escrita da
Cidade do Lago Salgado anunciava que o Presidente David O.
McKay fora submetido a uma intervenção cirúrgica no Hospi-
tal SUD . Sua recuperação foi menos rápida do que se espera-
va, devido a uma embolia que lhe ameaçou a vida, e só em
janeiro de 1947, ele estava em condições de retomar seus de-
veres na Primeira Presidência.
A despeito de suas tremendas responsabilidades durante
o ano do centenário quando se reunia quase que diariamente
com seus vários comitês, o Presidente McKay encontrou tem-
po em maio para dirigir-se a Klamath Falls, Oregon, a fim de
dedicar uma linda nova capela erguida pela Igreja naquela
florescente comunidade . A Sra . McKay acompanhava o mari-
do, e eles bondosamente convidaram a mim e a Sra . Nibley
para sermos seus convidados nessa viagem.
As cerimônias de dedicação realizaram-se no dia 24 de
maio, diante de uma audiência de mais de mil pessoas, in-
cluindo as autoridades públicas de Klamath Falls e muitos
não-membros da Igreja . O Presidente McKay proferiu excelen-
te sermão, explicando os princípios do Evangelho, e proferiu
igualmente uma inspirada oração dedicatória.
O mês de julho de 1947 trouxe a culminância dos esforços
da comissão do centenário, com o descerramento do monu-
mento "Este E o Lugar", na entrada do Emigration Canyon, e
a enorme parada pelo centro comercial da Cidade do Lago
Salgado, no Dia dos Pioneiros, 24 de julho . Como encarregado

304 OS PRESIDENTES DA IGREJA

da comissão, o Presidente McKay dirigira o planejamento des-


ses extraordinários eventos.
O Presidente McKay foi um dos oradores na dedicação do
Monumento dos Pioneiros, e disse, em parte : "Hoje, há cem
anos atrás, o grande líder Brigham Young, estendendo o olhar
sobre o vale, falou : — Este é o lugar . Vamos em frente! — O
que tinha ele em mente ao dizer : "Este é o lugar?" Lendo a
transcrição dos seus sermões, vemos que pensava primeira-
mente nas palavras proféticas de um homem a quem amava, o
Profeta Joseph, que afirmou que os santos iriam para o Oeste,
construiriam cidades e tornar-se-iam um povo poderoso entre
as Montanhas Rochosas.
"Em segundo lugar, qúando o grande líder pronunciou a
frase : 'Este é o lugar' tinha em mente que aqui encontrariam
um local de refúgio e paz.
"E terceiro, tinha em mente que deste ponto central, a
mensagem da verdade seria irradiada para o mundo inteiro,
na medida das possibilidades daquele reduzido grupo e de
seus sucessores declararem a verdade ao mundo, estabelece-
rem a fraternidade, paz, e acima de tudo, fé em Deus, nosso
Pai.
"Em quarto lugar, ele tinha em mente instituir neste lu-
gar adoração, industriosidade, instrução e serviço recíproco ."
(Deseret News, 2 de agosto de 1947)
Na conferência semi-anual realizada em outubro de
1947, o Presidente McKay aproveitou a ocasião para agrade-
cer a todos os que colaboraram nos festejos do centenário.
"Gostaria de tomar um momento", disse ele ao iniciar seu
discurso, "para, em nome da Comissão do Centenário de Utah
e, até onde me cabe, do governador e outras autoridades esta-
duais que apoiaram essa comissão, externar ao povo de Utah
sinceros reconhecimentos por sua cooperação e esforço unido
durante o ano do centenário".
No mesmo sermão, expressou seu amor pelos nobres ho-
mens com que estava trabalhando na Igreja.
"Sou feliz em meu amor por meus companheiros mais
chegados, o Presidente George Albert Smith e o Presidente J.
Reuben Clark Jr ., e por esses nobres homens do Conselho dos
Doze, os assistentes do Conselho dos Doze, o Conselho dos Se-
tentas, o Bispado Presidente, o Patriarca. E um privilégio poder

DAVID O . MCKAY 305

trabalhar convosco e reconhecer vossa abnegada dedicação à


Igreja . Minha vida, embora carregada de pesadas responsabi-
lidades, da consciência de minha incapacidade e de pesar pe-
los meus fracassos, ainda assim é auspiciosa e doce ." (Conf e-
rence Report, outubro de 1947)
O ano de 1948 foi cheio de trabalho para o Presidente
David O . McKay . No dia 4 de fevereiro, ele e a Irmã McKay
partiam da Cidade do Lago Salgado para El Paso, Texas, onde
chegaram no dia 7 . Ali, em companhia do Presidente Arwell L.
Pierce e esposa, iniciaram uma viagem pela Missão Mexicana.
Viajaram diretamente para a Cidade do México e depois pros-
seguiram de automóvel, visitando vários ramos e percorrendo
perto de quatro mil quilômetros . Em Cuautla, o Presidente
McKay dirigiu a palavra a uma audiência de novecentas pes-
soas e dedicou uma nova capela . Ao retornar à Cidade do Lago
Salgado em princípios de março, fez um breve relatório de sua
viagem.
"Explicou que a capela em Cuautla foi uma realização de
fato, um crédito para o México e a Igreja . Descreveu a aparen-
te harmonia existente na missão . Todos os antigos mal-enten-
didos estão dirimidos, e os mais de mil e duzentos membros
mexicanos reconciliados à Igreja há dois anos pelo Presidente
George Albert Smith estão entre os mais ativos e leais lideres e
membros . . . O Presidente McKay contou que cinqüenta novos
membros foram batizados na época da dedicação da capela,
no dia 14 de fevereiro . . . 'A missão encontra-se excelente',
afirmou ele . 'O Presidente e Irmã Pierce, auxiliados por seus
conselheiros e missionários, estão fazendo um trabalho esplên-
dido."' (Deseret News) -
Na conferência geral da Igreja realizada em abril, o Pre-
sidente McKay proferiu dois sermões notáveis, um a respeito
da luta do mundo pela paz, e o segundo a respeito das obriga-
ções e deveres dos portadores do Sacerdócio.
Dez dias depois da conferência, ele foi o orador num ban-
quete do bem-estar na Estaca Woodruff, e no dia 16 de maio,
falou na conferência de jovens de quatro estacas da área de
Logan, realizada no Tabernáculo desta cidade . A 23 de maio,
foi o orador principal numa conferência da Estaca de Mesa,
no Arizona .

306 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Durante o verão inteiro, houve raros domingos em que o


Presidente McKay não estava cumprindo uma designação pa-
ra falar numa conferência de ala ou estaca . Isto tudo somado
ao seu exaustivo trabalho no escritório, onde passava longas
horas todos dias.
Em outubro, voltou a Mesa, Arizona, para uma conferên-
cia dos membros de fala espanhola das Missões Mexicana e
Hispano-Americana.
Em janeiro de 1949, durante uma sua visita ao sul da
Califórnia, o Presidente George Albert Smith, querido e honra-
do dirigente da Igreja, adoeceu gravemente e teve que ficar
internado alguns dias num hospital de Los Angeles . O Presi-
dente McKay foi visitar seu líder durante os últimos dias de
janeiro e comunicou que o Presidente Smith estava-se restabe-
lecendo satisfatoriamente . Contudo, esta doença, a princípio
considerada de caráter temporário, debilitou a saúde do vene-
rável presidente.
O Presidente McKay compareceu a todas as sessões da
conferência geral de abril de 1949.
.Por duas vezes foi chama-
do a falar, proferindo excelentes sermões sobre o progresso da
Igreja e o chamado de missionários . Assim que terminou a
conferência, voltou ao sul da Califórnia, e no dia 17 de abril
comparecia às reuniões da conferência da Estaca de Long
Beach, na qual discursou e fez a oração dedicatória da capela
da Ala de Long Beach, recentemente concluída.
Acompanhar as atividades do Presidente McKay durante
o ano de 1949 exigiria muito mais espaço do que disponho
aqui ; poderei mencionar apenas algumas de suas numerosas
visitas a alas e estacas . Contudo, aqui vai uma lista parcial
das cidades por ele visitadas e nas quais fez reuniões no res-
tante do ano : Cedar City, 15 de maio ; Lynwood, Califórnia, 27
de maio ; Ogden, Utah, 5 de junho ; Pasadena, Califórnia, 3 de
julho ; Huntsville, Utah, 9 de julho ; Vernal, Utah, 14 de julho;
Ala Darbey, Estaca Teton, 24 de julho ; Moose, Wyoming, 20
de agosto ; Jackson, Wyoming, 21 de agosto ; Huntsville, Utah,
28 de agosto ; Lethbridge, Canadá, 3 de setembro ; Raymond,
Canadá, 6 de setembro ; Provo, Utah, 16 de setembro ; Ala Su-
gar House, 18 de setembro ; Phoenix, Arizona, 16 de outubro;
Mesa, Arizona, 17 de outubro ; Inglewood, Califórnia, 23 de
Outubro ; Las Vegas, Nevada, 13 de novembro ; Kaysville,

DAVID O . MCKAY 307

Utah, 6 de dezembro, e Granger, Utah, 18 de dezembro . Tais


foram as extenuantes atividades do Presidente David O.
McKay que, no dia 8 de setembro de 1949, completou setenta
e seis anos de idade.
O ano de 1950 — que seria o seu último como conselheiro
na Primeira Presidência — não foi menos estafante que o de
1949. Tanto nos dias de semana quanto os domingos, ele utili-
zava sua magnífica capacidade de promover a causa de Sião e
de edificar a Igreja e o reino de Deus . Desde criança, fora
ensinado a trabalhar, e trabalhou dura e persistentemente a
vida inteira, acreditando que trabalhar era tanto um privilégio
como dever.
No decorrer dos anos, sempre que tinha oportunidade,
passava umas poucas horas, como exercício, na fazenda pa-
terna em Huntsville, Utah, onde havia nascido e passado seus
anos de infância . Essa fazenda continuava de posse da famí-
lia, e para o Presidente McKay era um refúgio precioso onde
podia montar a cavalo, arar, plantar, colher e relaxar das
preocupações e fardos de seus deveres oficiais.
No dia 2 de janeiro de 1951, o Presidente McKay e sua
esposa celebravam em sua casa na Rua East South Temple, na
Cidade do Lago Salgado, suas bodas de ouro . Foi um dia de
regozijo para ele que, durante todos os cinqüenta anos de ca-
samento, mostrou-se realmente dedicado à esposa e filhos . A
um amigo que o congratulou pela ocasião, ele escreveu:
"Despertar preciosas recordações, rememorar juntos ma-
ravilhosas experiências, receber amor e devoção de filhos e
netos, é por si só suficiente para tornar o qüinquagésimo ani-
versário de nosso casamento realmente de ouro para mim e
minha querida ."
Em princípios de 1951, a saúde do Presidente George Al-
bert Smith começou a declinar visivelmente . Ele passava
umas poucas horas trabalhando em seu gabinete durante o
mês de janeiro, porém, a 3 de fevereiro, foi internado no Hos-
pital SUD para observação e tratamento . Ali ficou por umas
quatro semanas e, como suas condições gerais não melhora-
ram, pediu para ir para casa . Sua condição física continuou a
piorar, e na noite de 4 de abril, seu octogésimo primeiro ani-

308 OS PRESIDENTES DA IGREJA

versário, faleceu tranqüilamente, rodeado por membros de


sua família .

XII

O passamento do Presidente Smith deu-se na véspera da


conferência geral anual da Igreja, tornando necessário modifi-
car a programação das reuniões, como segue : As sessões regu-
lares da conferência realizar-se-iam na sexta-feira, 6 de abril,
com reuniões às 10 :00 e 14 :00 horas ; o funeral do Presidente
Smith seria às 14 :00 do sábado no Tabernáculo, e à noite,
haveria a reunião geral do Sacerdócio . No domingo, prossegui-
riam as sessões regulares da conferência, e na segunda-feira,
9 de abril, às 10 :00 horas, seria convocada uma assembléia
solene no Tabernáculo, quando se daria a reorganização da
Primeira Presidência.
Todas as reuniões transcorreram conforme a programa-
ção, e durante a assembléia solene, David O . McKay foi apoia-
do por unanimidade como presidente da Igreja, tendo como
conselheiros Stephen L . Richards e J . Reuben Clark Jr . A se-
guir, o Presidente McKay levantou-se e falou de maneira co-
movente à enorme congregação conforme segue, em parte:
"Meus queridos companheiros de trabalho, irmãos e ir-
mãs : Desejaria estar em meu poder mostrar-vos exatamente o
que na realidade sinto nesta momentosa ocasião . Gostaria de
que pudésseis olhar dentro do meu coração e ver por vós mes-
mos exatamente como são esses sentimentos.
" Faz justamente uma semana hoje que me dei conta de
que esta responsabilidade de liderança provavelmente recai-
ria sobre os meus ombros . Fui informado de que as condições
do Presidente George Albert Smith haviam-se modificado para
pior e que os médicos achavam estar o fim próximo . Corri
para o lado dele, e juntamente com suas filhas em pranto, seu
filho e outros parentes entrei no quarto do doente . Pela primei-
ra vez, ele deixou de me reconhecer.
"Então tive que aceitar o fato de que o Senhor decidira
não atender às nossas preces conforme desejávamos, e que ia
levá-lo para junto de si. Horas . depois, ele felizmente reani-
mou-se. Vários dias antes dessa visita, quando o Presidente
Clark e eu considerávamos problemas de importância concer-

DAVID O . MCKAY 309

nentes à Igreja, ele, sempre preocupado com o bem-estar da


Igreja e meus sentimentos, dizia : — A responsabilidade de
tomar essa decisão será sua, _ mas toda vez eu me recusava
a encarar o que para ele era uma realidade.
"Quando esta realidade chegou, posso garantir-vos, fiquei
profundamente comovido . E hoje, oro para que seja capaz,
ainda que inadequadamente, de dizer-vos quão pesada me pa-
rece essa responsabilidade.
"0 Senhor disse que os três sumos-sacerdotes presidentes
escolhidos pelo grupo, designados e ordenados a esse oficio de
presidência, devem ser 'apoiados pela confiança, fé e orações
da Igreja' . Ninguém poderá presidir esta Igreja sem primeiro
estar em sintonia com o cabeça da Igreja, nosso Senhor e Sal-
vador, Jesus Cristo . Ele é o nosso comandante . Esta é a Igreja
dele . Sem sua divina diretriz e constante inspiração não pode-
remos ter êxito . Com sua diretriz, com sua inspiração, não
podemos fracassar.
"Em segundo lugar, como potente força sustentadora,
vêm a confiança, fé, orações e apoio unânime da Igreja.
"Prometo-vos fazer o máximo possível para viver de ma-
neira que mereça a companhia do Santo Espírito, e oro aqui
em vossa presença que meus conselheiros e eu possamos ser
verdadeiramente 'participantes do espírito divino'.
"A seguir, rogamo-vos unidos a continuação de vosso
amor e confiança conforme os externastes hoje . De vós, mem-
bros dos Doze, esperamos o mesmo amor e simpatia expressa-
do em nosso sagrado Conselho . Aos assistentes dos Doze, ao
Patriarca, ao Primeiro Conselho dos Setentas, ao Bispado Presi-
dente pedimos que o espírito de união expresso tão fervorosa-
mente por nosso Senhor e Salvador ao despedir-se dos Doze,
seja manifestado por todos nós.
"Como bem vos lembrais, ele disse ao deixá-los : 'E eu já
não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou
para ti . Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste,
para que sejam um, assim como nós . Eu não rogo somente por
estes, mas também por aqueles que, pela sua palavra, hão de
crer em mim ; para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és
em mim, e eu em ti ; que também eles sejam um em nós, para
que o mundo creia que tu me enviaste' .

310 OS PRESIDENTES DA . IGREJA

"Irmãos e irmãs, irmãos das Autoridades Gerais, que


Deus nos conserve como 'um', ignorando as eventuais fraque-
zas que possamos vir a enxergar, mantendo os olhos fitos na
glória de Deus e na promoção da sua obra . . ."

XIII

Três dias depois de ter sido apoiado pelo voto unânime


dos membros, David O. McKay foi ordenado e designado como
presidente da Igreja pelos seus irmãos dos Doze, tendo como
oficiante o Presidente Joseph Fielding Smith . Isto se deu no
dia 12 de abril de 1951 . No dia seguinte, ele partia para a
Califórnia onde, no domingo, 15 de abril, compareceu às ceri-
mônias de dedicação da capela e sede de estaca combinadas
em Gridley, Califórnia.
Parte do mês de maio o Presidente McKay ficou retido em
casa por doença, mas já em junho, retomava suas extenuantes
atividades . Durante as duas primeiras semanas do mês, profe-
riu três notáveis discursos dirigidos aos formandos de três
grandes universidades _ o primeiro na Universidade Brigham
Young em Provo, no dia 3 ; o segundo na Universidade de Utah
no dia 9, e o terceiro na Universidade Temple em Filadélfia,
Pennsylvania, no dia 14 . Em cada uma delas foi-lhe conferido
o grau de doutor honoris causa.
Nas suas palavras aos grupos de formandos, o Presidente
McKay acentuou a idéia de que aquilo que mais apreciamos
em nossa civilização atual poderá ser preservado pela edu-
cacãó.
No decorrer de julho, fez três discursos fora da Cidade do
Lago Salgado . O primeiro em Huntsville, sua cidade natal, on-
de, no Dia da Independência, (4 de julho, dia em que se come-
mora a independência dos Estados Unidos), dirigiu eloqüente
apelo aos ouvintes, para que preservassem os princípios e
ideais da Constituição.
Três dias mais tarde, viajou para Castle Dale, Utah, onde
no dia 8, dedicou o Tabernáculo da Estaca Emery . Nessa opor-
tunidade, afirmou que somente a observância dos ensinamen-
tos de Cristo poderá trazer paz ao mundo.
No dia 21 de julho, o Presidente McKay partia de trem
para Hood River, Oregon onde, no dia seguinte, procedeu à

DAVID 0 . MCKAY 311

dedicação de uma nova capela de ala . Na mesma tarde, se-


guiu de carro para Portland, e à noite, dirigiu a palavra a uma
congregação de mais de duas mil pessoas no Tabernáculo da
Estaca Portland.
Durante a primeira semana de agosto, o Presidente
McKay deixou a Cidade do Lago Salgado, seguindo de trem
para Palmyra, Nova York, a fim de participar do décimo espe-
táculo histórico ao ar livre, America's Witnêss for Christ, apre-
sentado anualmente no Monte Cumora . Esta grandiosa repre-
sentação a que o Presidente McKay assistia pela primeira vez,
ele definiu como "uma impressionante apresentação da men-
sagem do Livro de Mórmon" . Compareceu ainda a uma reu-
nião dos missionários dos estados do Leste no Bosque Sagrado,
prestando vigoroso testemunho aos presentes.
Na segunda quinzena de setembro, ele foi a Los Angeles,
em companhia de um grupo de seus irmãos, e ali, no dia 22 de
setembro de 1951, deu início à construção do Templo de Los
Angeles com estas palavras : "Declaro agora a primeira pá de
terra levantada sobre o sítio do Templo de Los Angeles, o qual
será erigido para a glória de Deus e a salvação do seu povo".
Esta foi de fato uma ocasião impressiva.
Pouco depois de voltar para a Cidade do Lago Salgado, o
Presidente McKay visitou novamente sua cidade natal, Hunts-
ville, onde a 30 de setembro foi homenageado pelo povo como
seu mais eminente concidadão . Ele reagiu calorosamente aos
cumprimentos, dizendo : " Posso dizer que os amo de toda a
minha alma . Tenho orgulho deste vale ; nunca me sinto mais
feliz do que quando volto para cá . E um lugar glorioso ao qual
se somam todas as memórias que me são queridas".
Durante a primeira semana de outubro, David 0 . McKay
presidiu todas as sessões da conferência geral semi-anual na
Cidade do Lago Salgado . Em seu discurso de abertura, expres-
sou sua satisfação pela maneira como estava prosperando o
trabalho do Senhor . "De todas as partes do mundo onde o
Evangelho está sendo pregado, os relatórios demonstram
substancial progresso em quase todos os aspectos ." No sermão
de encerramento, ele fez um apelo em favor da vida exemplar.
No dia seguinte ao do término da conferência, o Presiden-
te McKay dirigiu-se a Provo, comparecendo à cerimônia de

312 OS PRESIDENTES DA IGREJA

posse de Ernest L . Wilkinson como presidente da Universidade


Brigham Young.
Mais tarde, seguiu de trem para Washington D .C . onde,
no dia 22 de outubro, participou do encontro de um grupo de
cidadãos de destaque no país, reunião esta convocada pelo
Presidente Harry S . Truman, para considerar problemas en-
frentados pelos Estados Unidos.
0 mês de novembro foi dedicado aos trabalhos em seu
gabinete, exceto por breves visitas a alas mais distantes aos
domingos . Em princípios de dezembro, viajou para Randolph,
Condado de Rich, a fim de comparecer a um banquete ofereci-
do como homenagem aos jovens da estaca que se haviam des-
tacado por suas atividades na Igreja . Nessa ocasião, o Presi-
dente McKay lhes fez excelentes e inspiradas recomendações.
A última semana do ano ele passou na Cidade do Lago
Salgado . No dia 23 de dezembro, dirigiu a palavra a uma con-
gregação composta pelos membros das alas XXVII e XXVII
Leste .
XIV

Em janeiro de 1952, o Presidente McKay foi de trem a


Los Angeles, para falar a um grupo de mais de mil jovens no
Centro de Estaca Los Angeles-Sul ali reunidos para ouvirem as
palavras de seu líder a respeito do casamento no templo . A
reunião deu-se no dia 31 de janeiro, deixando os jovens pre
sentes enaltecidos e inspirados.
A 3 de fevereiro, ele compareceu à sessão de abertura da
conferência da Estaca de Los Angeles ; na tarde do mesmo dia,
teve um encontro com os líderes de catorze estacas e da Mis-
são da Califórnia, na qual lançou uma campanha para levan-
tar um milhão de dólares para a construção do Templo de Los
Angeles.
Ao saber da morte do Élder Joseph F . Merrill, do Conse-
lho dos Doze, no dia 6 de fevereiro, voltou para a Cidade do
Lago Salgado por via aérea, sendo o principal orador no fune-
ral do distinto apóstolo, realizado no Tabernáculo um dia
depois.
Durante uma fortíssima tempestade de neve, na tarde de
2 de março, o Presidente McKay compareceu às cerimônias de

DAVID O . MCKAY 313

dedicação do recém-concluído Hospital Infantil da Primária,


durante as quais fez uso da palavra e ofereceu a oração dedi-
catória.
Três dias depois, a 5 de março, dirigiu-se a Ogden para as
cerimônias de início de construção de quatro novos edifícios
no novo campus da Faculdade Weber . O discurso do Presiden-
te McKay na ocasião foi em grande parte retrospectivo, relem-
brando seu relacionamento com essa escola em sua mocidade.
No dia 7 de março, foi a Logan para as comemorações do
Dia dos Fundadores, (reunião em honra dos fundadores da
instituição) na Escola Superior de Agricultura do Estado de
Utah. Ali proferiu um magistral discurso sobre educação — o
melhor investimento de um povo livre.
O Presidente McKay viajou paraOverton, Nevada, no dia
15 de março, onde, diante de numerosa audiência, falou e
dedicou uma nova capela . No dia seguinte, seguiu viagem pa-
ra a Califórnia meridional . Retornou à Cidade do Lago Salga-
do a tempo de estar presente e_ presidir a conferência anual
durante a primeira semana de abril de 1952.
No domingo após a conferência, 13 de abril, David O.
McKay proferiu impressiva mensagem de Páscoa pela rede
radiofônica National Broadcasting System . No dia 30 de abril,
deixou a Cidade do Lago Salgado por via férrea, com destino a
Varnell Station, Geórgia, a fim de dedicar um monumento no
local onde o Élder Joseph Standing havia sido assassinado a
tiros pelo populacho, a 21 de julho de 1879 . A dedicação deu-
se no dia 3 de maio, e no dia seguinte ele falou na conferência
de missionários da Missão dos Estados Sulinos, em Atlanta.
De volta à Cidade do Lago Salgado, o presidente passou
uns poucos dias em seu gabinete, para depois, no domingo 11
de maio, fazer um belo discurso em homenagem ao Dia das
Mães, diante de uma audiência que lotava completamente a
capela da Ala . Mill Creek Leste.
O ritmo das atividades do Presidente McKay não dimi-
nuiu em nada durante 1952 . Nos dias 17 e 18 de maio, foi de
carro para a Califórnia e dedicou duas capelas na Estaca Fres-
no, uma no Ramo Avenal e a outra da Ala Merced .

314 OS PRESIDENTES DA IGREJA

XV

Voltando para casa, o Presidente McKay preparou-se pa-


ra empreender uma das maiores, se não a maior viagem de
sua carreira uma viagem aérea até a Europa para percor-
rer todas as missões européias . Ia em companhia da Irmã
McKay, seu filho e nora, David Lawrence e Mildred McKay.
Tomando o avião na cidade de Nova York, no dia 1° de julho
de 1952, o grupo cruzou o oceano durante a noite, chegando
no dia seguinte ao aeroporto de Glasgow, Escócia, onde foram
recebidos pelo presidente da Missão Britânica, Stayner Ri-
chards e esposa . Na mesma noite, compareceram a uma reu-
nião na capela de Glasgow, onde o presidente recebeu régias
boas-vindas.
"Não sabeis o que esta reunião significa para mim", dizia
ele . "Alguns dos melhores amigos que tenho eu conheci aqui
na conferência escocesa, há mais de cinqüenta anos atrás, ao
aqui chegar pela primeira vez como um rapazola solteiro mal
saído dos bancos escolares . Ver-vos aqui hoje à noite enche
meu coração de alegria ." (Church Section, 11 de junho de
1952)
Dois dias mais tarde, dirigiu a palavra a uma grande reu-
nião de santos e amigos em Edinburgo, e no dia seguinte, o
grupo seguiu via aérea para Londres, onde se realizaram reu-
niões a que compareceram aproximadamente mil membros da
Missão Britânica.
De Londres, o presidente .e seus familiares foram de avião
para a Holanda, onde desembarcaram no Aeroporto Schipol, a
11 de junho . Ali foram recebidos pelo presidente da Missão
dos Países-Baixos, Donovan H . Van Dam e esposa . Aquela noi-
te foi passada num hotel em Scheveningen, e no dia seguinte o
Presidente e Irmã McKay foram recebidos em audiência pela
Rainha Juliana da Holanda, à qual presenteou com um Livro
de Mórmon . Um dia depois, realizou-se a conferência para
missionários e membros de toda a missão em Roterdã, tendo
como principal orador o Presidente McKay.
Da Holanda, o grupo voou para Copenhague, Dinamarca,
onde receberam as boas-vindas do presidente da missão, Ed-
ward H . Sorensen e esposa, além de um numeroso grupo de

DAVID O . MCKAY 315

santos . No dia seguinte, o Presidente McKay dirigiu a palavra


a três grandes congregações, na capela de Copenhague.
Após quatro dias de permanência na Dinamarca, ele e
seus acompanhantes voaram para Estocolmo, Suécia, onde
chegaram a 19 de junho . Também ali foram recebidos pelo
presidente da missão, Clarence F . Johnson e Irmã Johnson,
por santos, missionários, e representantes da imprensa . As
reuniões foram muito concorridas, e a recepção feita ao líder
da Igreja foi excepcionalmente cordial.
O grupo prosseguiu para Helsinqui, Finlândia, onde che-
garam a 23 de junho . Sendo o aniversário da Irmã McKay, o
presidente da missão Henry A . Matis e sua esposa ofereceram
um jantar em sua homenagem na casa da missão . Também
nessa cidade foram realizadas reuniões entusiásticas a que
compareceram membros e amigos da Igreja.
Da Finlândia, eles voaram para Berlim, onde permanece
ram quatro dias, de 25 a 29 de junho . 0 Presidente McKay
dirigiu a palavra a centenas de santos nas reuniões ali realiza-
das e também dedicou duas capelas — em Charlottenburg e
em Dahlem . O Presidente Arthur Glaus foi seu anfitrião duran-
te a visita.
Deixando Berlim, fizeram uma viagem pela Missão Ger-
mânica Ocidental em companhia do Presidente e Irmã Edwin
Q. Cannon . Foram cumprimentados por enormes grupos de
membros em Hamburgo, Frankfurt e outras localidades onde
houve reuniões.
Partindo de Frankfurt no dia 3 de julho, voaram para
Zurique, Suíça, onde foram recebidos pelo Presidente Samuel
E . Bringhurst e esposa . Os santos ali estavam tomados do mes-
mo entusiasmo que o presidente encontrara nos demais luga-
res . Em Berna, ele inspecionou os prováveis locais para a
construção do primeiro templo SUD na Europa . Posteriormen-
te, foi adquirida a propriedade para esse fim.
Da Suíça, seguiram de avião para Paris, onde os espera -
vam o Presidente Golden L . Woolf e esposa, além de um grupo
de santos e missionários ; e ali, numa reunião realizada a 12
de julho, dizia o Presidente McKay : "Se o mundo aceitar a
mensagem do Evangelho Restaurado, teremos paz mais de-
pressa e efetivamente que de outra maneira qualquer" .

316 OS PRESIDENTES DA IGREJA

No dia 16 de julho, o Presidente McKay visitou o País de


Gales, em busca do torrão natal de sua mãe . No dia seguinte,
em Londres, ele e a Irmã McKay compareceram_ a uma recep-
ção ao ar livre oferecida pela Rainha Elizabeth, no Palácio de
Buckingham.
Também em Londres houve reuniões com os missionários
e santos, e no dia 20 de julho, o grupo voltou a Glasgow, ponto
de partida do giro pela Europa . Foi ali que o Presidente McKay
anunciou que seria construído um templo na Suíça.
No dia 21 de julho de 1952, o grupo embarcou num avião
para Nova York, onde chegaram no dia seguinte . O Presidente
McKay estivera na Europa cinqüenta dias, durante os quais
realizou quarenta e cinco reuniões . Quatro dias mais tarde (26
de julho), numeroso grupo de amigos esperava os McKay na
estação da Cidade do Lago Salgado, para dar-lhes as boas-vin-
das ao lar .

XVI

A primeira viagem do Presidente McKay depois ' de seu


retorno da Europa foi a Los Angeles, onde nos dias 9 e 10 de
agosto, conferenciou com líderes da Igreja a respeito da cons
trução do Templo de Los Angeles . Duas semanas mais tarde,
ele foi a Brigham City, Utah, onde dedicou uma capela no dia
24 de agosto . Uma semana depois, dedicava um tabernáculo
de estaca ampliado em Hyrum, Utah.
A 8 de setembro de 1952, o Presidente McKay festejava
seu septuagésimo nono aniversário . Passou a maior parte do
dia em seu gabinete, recebendo congratulações de muitos ami-
gos. A noite, houve uma festa familiar na sua casa.
Na conferência semi-anual da Igreja, realizada durante a
primeira semana de outubro de 1952, todas as sessões foram
presididas pelo Presidente McKay . No discurso de abertura,
ele fez um extenso relato de sua viagem pela Europa.
Duas semanas após o término da conferência, ele dedica-
va uma nova capela de ala e estaca na Ala Lake View, perten-
cente à estaca do mesmo nome . No dia 26 de novembro, falou
numa reunião conjunta dos clubes Rotary e Kiwanis (organi-
zação de serviço de homens de negócios e profissionais libe-

DAVID O . MCKAY 317

rais, fundada em 1915 em Detroit, Michigan) em Ogden, sobre


o tema "Lealdade ao Governo e Constituição".
No funeral do eminente Apóstolo John A . Widtsoe, reali-
zado no Tabernáculo a 2 de dezembro, o Presidente McKay
prestou-lhe um eloqüente tributo, acentuando que o falecido
havia colocado seus talentos e capacidade a serviço da Igreja.
Cinco dias mais tarde, falou na conferência da Estaca Idaho
Falls . Seu assunto foi : "O Lar e a Família — Fonte de Felici-
dade".
Dois dias antes do Natal, 23 de dezembro de 1952, fez
uso da palavra na sua própria ala, na Cidade do Lago Salgado,
abordando o tema : " A Santidade Exemplificada por Jesus".
Assim encerrou um ano cheio de acontecimentos.

XVII
Logo no princípio de janeiro de 1953, o Presidente McKay
foi a Los Angeles, onde nos dias 3 e 4 falou em concorridas
reuniões na capela da Ala Wilshire . No domingo, dedicou uma
capela de ramo em Laguna Beach .No dia seguinte, segunda-
feira, 5 de janeiro, participou da cerimônia de início de cons-
trução de uma nova casa de missão a ser erguida perto do
Templo de Los Angeles.
Voltando para a Cidade do Lago Salgado, tomou o trem
para Nyssa, Oregon, no dia 10, e no dia seguinte, dedicou a
bela capela da Ala Ontário e Estaca Nyssa em Ontário,
Oregon.
Novamente em casa, permaneceu na Cidade do Lago Sal-
gado até 21 de fevereiro, quando foi de trem a Palo Alto, Cali-
fórnia, onde no dia 22 dedicou uma nova capela em San
Mateo.
Em março, o Presidente McKay saiu só uma vez da cida-
de, e isto para falar no centenário da fundação da Ala North
Ogden, na localidade do mesmo nome.
Ao terminar seu segundo extenuante ano como presidente
da Igreja, David O . McKay estava ocupado presidindo a 123a
conferência anual da Igreja.
Pouco depois da conferência de abril de 1953, viajou para
Phoenix, Arizona, onde a 19 de abril dirigiu a palavra a um
numeroso grupo de mórmons e não-mórmons num serviço ao

318 OS PRESIDENTES DA IGREJA

ar livre no Parque Litchfield . A reunião realizou-se sob a dire-


ção de Paul W . Litchfield, presidente do conselho da Goodyear
Tire and Rubber Company . Horas antes, o Presidente McKay
havia falado a três mil e seiscentos membros da Igreja, na
capela da Ala I de Phoenix.
De Phoenix, ele seguiu viagem para Dallas, Texas, onde
no domingo, 26 de abril, dedicou uma recém-concluída capela
de ramo e falou a uma congregação de mais de mil e duzentas
pessoas.
Retornando a Utah, o Presidente McKay foi convidado a
participar da cerimônia de formatura na Faculdade Agrícola
Branch, em Cedar City . Ali proferiu um interessante discurso
sobre o tema de "Quatro Condições do Sucesso".
Na última semana de maio de 1953, o Presidente McKay
encabeçou um numeroso grupo de oficiais da Igreja e respecti-
vas esposas numa viagem de trem até Omaha, Nebraska . Ali,
no aniversário do nascimento do Presidente Brigham Young,
no dia 1° de junho, dedicou uma nova e grande ponte de aço
batizada "Ponte dos Pioneiros Mórmons", que se estende por
sobre o Rio Missouri, no ponto em que os mórmons atravessa-
vam de balsa nos tempos pioneiros . 0 Presidente McKay fez
uso da palavra, rdvivendo a história dos pioneiros para a
imensa audiência ali reunida.
Após as cerimônias em Omaha, seguiu viagem para Wa-
shington D .C ., a fim de comparecer a uma conferência sobre
política externa dos Estados Unidos, convocada pelo Secretá-
rio de Estado John Foster Dulles . Um grupo dos homens mais
destacados do país haviam sido convidados para essa confe-
rência . 0 Presidente retornou à Cidade do Lago Salgado, em
tempo de participar da conferência anual de AMM, na qual
proferiu magnífico discurso sobre "A Responsabilidade e Mis-
são da Juventude".
Em julho de 1953, o Presidente McKay foi honrado com o
convite para falar diante do conselho nacional dos Escoteiros
da América, durante um almoço no Hotel Statler, em Los An-
geles, no dia 17 . Nessa esplêndida palestra, ele instou seus
ouvintes a preservarem os ideais do seu pais . Ao final da reu-
nião, foi-lhe concedido o "Búfalo de Prata", a mais alta distin-
ção no Escotismo . A honraria estava acompanhada de uma
menção honrosa que dizia :

DAVID O . MCKAY 319

"Ao Dr . David O . McKay, Cidade do Lago Salgado, Utah:


Líder religioso, missionário, executivo, educador, Presidente
da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias ; nono
presidente em sucessão a Joseph Smith, o fundador e primeiro
Profeta da Igreja . Portador de títulos honor-is causa de diver-
sas universidades . Em suas atividades missionárias, tem via-
jado e servido pelo mundo inteiro.
"Tem cumprido importantes encargos públicos, inclusive
a direção das comemorações do Centenário do Estado de Utah
em 1947, em memória da chegada dos pioneiros mórmons ao
Vale do Lago Salgado, sob a liderança de Brigham Young.
"Ardente defensor do escotismo, uma de suas notáveis
decisões como presidente da Igreja foi recomendar a adoção
do programa dos Lobinhos para os garotos menores da Igreja.
Tem um grande interesse pelos jovens, particularmente pelos
da Escola Dominical e Associações de Melhoramentos Mútuos
dos Rapazes e Moças.
"Pioneiro viril, colonizador, ele mantém e promove as
tradições do Oeste ."
No dia seguinte ao do encontro de Escoteiros em Los An-
geles, o Presidente McKay voltou para a Cidade do Lago Sal-
gado de avião, a fim de participar do funeral do Elder Albert
E . Bowem, um membro do Conselho dos Doze . Cinco dias mais
tarde, foi o principal orador numa comemoração em Snowfla-
ke, Arizona, em homenagem aos pioneiros dessa comunidade.
E então o Presidente McKay iniciou mais uma de suas
memoráveis viagens aéreas pela Europa, a fim de dedicar os
terrenos de construção para os Templos SUD em Londres e na
Suíça . Ele, a esposa é seu filho Llewelyn tomaram um avião
na Cidade de Nova 'York, no dia 2 de agosto de 1953, chegan-
do a Londres na manhã seguinte . Sem nenhum descanso, se-
guiram no mesmo dia para Newchapel, cerca de trinta e oito
quilômetros ao sul de Londres, onde, numa propriedade de
aproximadamente treze hectares, adquirida pela Igreja, o Pre-
sidente McKay escolheu o local para o primeiro templo SUD
na Inglaterra.
No dia seguinte, 4 de agosto, ele e seus acompanhantes
seguiram via aérea de Londres para Basiléia, Suíça . Pernoita-
ram em Basiléia, e na quarta-feira, 5 de agosto, seguiram de

320 OS PRESIDENTES DA IGREJA

automóvel para Berna, onde o Presidente McKay, em impres-


siva cerimônia, dedicou o terreno do templo.
A seguir, o grupo voltou para a Inglaterra, e na segunda-
feira, dia 10, foram para Newchapel ; após um breve serviço
durante o qual todos os presentes sentiram a importância da
ocasião, o Presidente McKay dedicou o local para a constru-
ção do primeiro templo a ser erigido na Inglaterra . No curto
espaço de dez dias, ele fez história que será lembrada por
muitas gerações vindouras.
O Presidente McKay e seus acompanhantes chegaram de
volta à Cidade de Nova York no sábado, 15 de agosto, e quatro
dias mais tarde, desembarcavam do trem na Cidade do Lago
Salgado, onde foram recebidos por familiares e muitos amigos.

XVIII

Na terça-feira, 8 de setembro de 1953, o Presidente Da-


vid O. McKay completou oitenta anos de idade . Desde o mo-
mento em que chegou ao seu gabinete até a noite, o dia esteve
repleto de acontecimentos pelos quais o povo demonstrava seu
amor pelo seu líder . Recebeu telegramas e cartas de amigos e
congratulantes de todas as partes do mundo . Muitos amigos
passaram pelo escritório para dar-lhe os parabéns . A hora do
almoço, aproximadamente quinhentos homens de negócios e
líderes cívicos reuniram-se no Hotel Utah para homenageá-lo.
A noite, o Presidente e a Irmã McKay encontraram-se com
filhos e netos na casa de Robert R . McKay, para comemorar a
data.
"Ao dar-me conta do fato de que estou com oitenta anos,
fico assombrado com a passagem rápida do tempo " , comentou
a um repórter . "Quando agora volto os olhos em retrospecto,
os dias de infância e juventude e tudo o que os acompanha
todas as acalentadas memórias e aspirações de um simples
rapaz do campo parecem estar a uma década apenas ."
A conferência semi-anual da Igreja aconteceu em outu-
bro, tendo o Presidente McKay presidido todas as sessões . No
dia 1° do mês, ele lançou a pedra fundamental do novo prédio
da Sociedade de Socorro, na Rua North Main, numa imponen-
te cerimônia . Falando aos ali presentes, disse ele : "Hoje só

DAVID 0 . MCKAY 321

tenho elogios no meu coração para a Sociedade de Socorro da


Igreja".
Em fins de outubro, ele fez uma viagem de negócios ao
Noroeste, com o objetivo de inspecionar usinas de açúcár em
Yakima e Moses Lake, Washington, de propriedade da
Utah-Idaho Sugar Company, da qual era presidente.
O principal fato, em dezembro, foi o lançamento da pedra
fundamental do Templo dè Los Angeles, no dia 11 . A cerimô-
nia foi presidida pelo Presidente McKay, que deu as boas-vin-
das às centenas de pessoas ali reunidas . O Presidente Stephen
L . Richards anunciou que a pedra havia sido lançada, e depois
ofereceu a oração dedicatória . Em sua prece, ele externou sua
gratidão pela vida do Presidente McKay:
"Damos-te graças, ó Senhor, pelo teu servo, o atual presi-
dente da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias,
David 0 . McKay . Somos gratos pelos ensinamentos e exemplos
de sua vida . Agradecemos-te por seus eficientes e incansáveis
esforços para promover tua causa no mundo inteiro . Agrade-
cemos-te por sua visão e sua coragem para seguir sempre
avante no progresso e fortalecimento da Igreja, em nossa terra
e no estrangeiro ."
Dois dias após as cerimônias do lançamento da pedra
fundamental do Templo de Los Angeles, falecia nesta cidade
Matthew Cowley, membro do Conselho dos Doze . O funeral do
distinto oficial da Igreja realizou-se na quarta-feira, 17 de de-
zembro de 1953, no Tabernáculo de Salt Lake, tendo o Presi-
dente McKay como principal orador . Ele louvou o Elder Cow-
ley como "um dos genuínos fidalgos da natureza".
No domingo, 20 de dezembro, o Presidente McKay profe-
riu uma mensagem de Natal, através do Programa "Church of
the Air", da Columbia Broadcasting System.

XIX

Na terça-feira, 29 de dezembro de 1953, o Presidente Da-


vid 0 . McKay, em companhia da Irmã McKay, partia para
urna viagem de mais de cinqüenta e um mil quilômetros
viagem que os levaria às Missões Britânica, Sul-Africana e das
Américas do Sul e Central . Era a mais longa e extenuante de

322 OS PRESIDENTES DA IGREJA

toda a sua carreira, e ele estava agora em seu octogésimo


primeiro ano de vida.
Partindo da Cidade do Lago Salgado por via férrea, o Pre-
sidente McKay e esposa foram até a Cidade de Nova York,
onde no sábado, 2 de janeiro de 1954, tomaram um avião da
Pan American Airways para Londres, Inglaterra.
Chegando lá no dia seguinte, permaneceram em Londres
até o dia 7 de janeiro quando partiram de avião para a Africa
do Sul, acompanhados por A . Hamer Reiser, presidente da
Missão Britânica . A viagem aérea foi feita via Lisboa e Dakar,
Africa . Durante a viagem, escreveu o Elder Reiser:
"O Presidente McKay e sua esposa são os viajantes mais
maravilhosos do mundo ; sempre agradáveis, bem dispostos,
atenciosos para com todo mundo ; tudo sempre em ordem, cer-
to e alegre . Sempre se lembram dás pessoas que ficaram em
casa e que tanto ajudam cuidando dos arranjos com antece-
dência ."
Não dispomos de espaço para entrar em todos os interes
santes pormenores dessa viagem, exceto para dizer que o pre-
sidente e sua comitiva chegaram bem em Johannesburgo,
África do Sul, às 19 :30 de sábado, 9 de janeiro . Ali foram
recebidos pelo Presidente Leroy H . Duncan e um povo que
nunca antes havia visto um presidente da sua Igreja.
"Esses santos sul-africanos", escreveu o Elder Reiser,
"com toda a fome de um povo dedicado que jamais havia visto
uma autoridade geral da Igreja, estavam fora de si de alegria
e faziam tudo para demonstrar o calor de suas boas-vindas".
No domingo, 10 de janeiro de 1954, o Presidente McKay
falou a quatrocentos e cinqüenta membros do Distrito de
Transvaal, no Auditório Duncan . "Que inspiração maravilho-
sa todo mundo gozou ao derramar-se sua profusa sabedoria e
afeição", comentou o Elder Reiser.
Em Pretória, perto de Johannesburgo, o Presidente
McKay teve uma entrevista com W . J. Gallman, embaixador
dos Estados Unidos da União Sul-Africana.
Depois de passarem dois dias em Johannesburgo, o Presi-
dente McKay e seus acompanhantes voaram para a Cidade do
Cabo, um trajeto de cerca de mil e quatrocentos quilômetros.
"As boas-vindas ao Presidente McKay foram semelhantes às
de Johannesburgo, comoventes e maravilhosas!"

DAVID 0 . MCKAY 323

Foram três dias atarefados na Cidade do Cabo, e o cora-


ção do povo sentia-se animado pela presença do seu presiden-
te. Então, a 19 de janeiro, iniciou-se a viagem de retorno . 0
grupo tomou um avião para Dakar, onde chegaram na manhã
de 21 de janeiro de 1954, após uma longa viagem.
Na noite do mesmo dia embarcaram novamente num
avião para cruzar o Atlântico rumo ao Brasil . A viagem trans-
correu segura e eles chegaram ao Rio de Janeiro no dia 22 . Ali
foram recebidos por um grupo de santos brasileiros e o Presi-
dente Asael Sorenson . Na manhã seguinte foram cumprimen-
tados pelo filho Robert McKay que chegara por via aérea da
Cidade do Lago Salgado, a fim de acompanhá-los na viagem
pela América do Sul e servir de intérprete . Enquanto no Rio de
Janeiro, eles fizeram uma visita a James S . Kemper, embaixa-
dor dos Estados Unidos no Brasil.
Do Rio de Janeiro, seguiram de avião para São Paulo,
sede da Missão Brasileira . Nesse dia, houve três reuniões, e o
Presidente McKay falou em todas elas . No dia seguinte, reali-
zou-se uma conferência dos missionários brasileiros.
A 26 de janeiro, eles seguiram viagem para Montevidéu,
Uruguai, onde foram recebidos pelo Presidente Lyman S.
Shreeve e esposa . Houve reuniões com os santos, e o Presiden-
te McKay teve uma entrevista com o embaixador norte-ameri-
cano McIntosh . Lançou também a pedra fundamental para
uma nova capela SUD em Montevidéu, a segunda a ser cons-
truída pela Igreja na América do Sul.
Concluindo a visita ao Uruguai no dia 1° de fevereiro, o
Presidente McKay e acompanhantes voaram para Buenos Ai-
res, Argentina . Ali foram recebidos pelo Presidente da missão
e sua esposa, Lee e Amy Valentine, além de um grupo de
santos.
Em Buenos Aires, o Presidente McKay passou uns dias
interessantes porém exaustivos . Primeiro, dirigiu a palavra a
um grupo de duzentos homens de negócios americanos e suas
esposas . Depois, teve uma entrevista pessoal com o Presidente
Juan D . Perón, após o que visitou o embaixador dos Estados
Unidos, Alfred F . Nufer. Compareceu igualmente a muitas reu-
niões da Igreja, às vezes viajando centenas de quilômetros de
carro para falar a grupos de santos . A maior das reuniões foi

324 OS PRESIDENTES DA IGREJA

realizada em Buenos Aires no Teatro Cervantes, à qual compa-


receram oitocentos membros e investigadores.
No dia 8 de fevereiro, o grupo seguiu de avião para San-
tiago, Chile, onde chegaram no dia seguinte . Em Santiago, en-
contraram apenas dois membros da Igreja . Lima, Peru, foi
alcançada no dia seguinte. Ali o Presidente McKay encontrou-
se com um pequeno grupo de membros que haviam organiza-
do uma Escola Dominical, dizendo na ocasião : "Quem sabe se
na verdade esta pequena reunião algum dia não será mencio-
nada como o começo de uma missão neste grande país do
Peru?"
Novamente de avião, o grupo seguiu para a Cidade do
Panamá, onde se encontraram com o Presidente Gordon Rom-
ney, da Missão da América Central . Ali tiveram uma reunião
com os poucos membros SUD residentes na Zona do Canal,
seguindo depois para o norte, rumo à Cidade de Guatemala.
Após uma breve estada, partiram para Los Angeles, Califórnia,
onde chegaram no dia 16 de fevereiro . Na chegada, o Presi-
dente McKay declarou a um repórter do Deseret News : "Nos-
sas antecipações e desejos antes de partir foram mais que rea-
lizados, com respeito às condições da Igreja e perspectivas
para um futuro trabalho na Africa do Sul e Américas do Sul e
Central . Jamais houve tempo na história da Igreja em que as
oportunidades para pregar o Evangelho no mundo foram tão
favoráveis" .

XX

Depois de uma estada de uma semana em Los Angeles,


para descansarem da longa viagem, o Presidente McKay e es-
posa seguiram para a Cidade do Lago Salgado, onde foram
recebidos calorosamente pelos familiares e amigos.
Na cerimônia de posse do Dr . Henry Aldous Dixon como
presidente da Escola Superior de Agricultura do Estado de
Utah em Logan, a 8 de março de 1954, o Presidente David O.
McKay proferiu magnífico discurso sobre o modo de vida ame-
ricano.
Depois, a 18 de março, iniciou outra viagem aérea para
visitar uma missão da Igreja, que fora obrigado a deixar de
lado em sua recente e extensa viagem _ a Missão Mexicana .

DAVID O . MCKAY 325

Passou três dias na Cidade do México, onde realizou reuniões


com os santos e missionários . Ao voltar, declarou à imprensa:
"A visita de três dias foi marcada por comovente hospitalida-
de . Aonde quer que fôssemos, éramos cumprimentados não
com um simples aperto de mão, mas carinhosamente abraça-
dos. A sinceridade e gentileza do povo mexicano nos emocio
nava constantemente".
A conferência anual da Igreja realizou-se na primeira se-
mana de abril de 1954, com o Presidente McKay presidindo
todas as sessões . Em seu discurso de abertura, ele referiu-se à .
sua recente e longa viagem missionária:
"Recentes visitas a várias missões do mundo fizeram-me
compreender mais profundamente do que nunca a importân-
cia e magnitude da Igreja, e sua responsabilidade de tornar
mais potente a difusão dó Evangelho de Jesus Cristo ."
Em suas palavras de despedida, exprimiu . o desejo de que
"o espírito desta grande conferência" acompanhasse o povo
"e trouxesse paz a seus corações e harmonia a seus lares".
Seu primeiro compromisso fora da cidade depois da con-
ferência foi em Ogden ; onde no dia 16 de abril, esteve presente
às cerimônias do Dia dos Fundadores, na Faculdade Weber.
Dirigindo-se ao grupo ali reunido, disse ele : " Temos que aca-
lentar os ideais e caráter dos Pais Fundadores, pois o caráter
conta mais que o intelecto".
No dia 23 de abril, o Presidente McKay, acompanhado
pela Irmã McKay, partiu de trem para o Leste . No domingo,
25 de abril, dedicou uma capela em Madison, Wisconsin .. Na
Cidade de Nova York, a Irmã McKay, que havia sido escolhida
como a Mãe do Ano de Utah, participou da homenagem à Mãe
do Ano Americana. Na viagem de retorno, o Presidente dedi-
cou uma capela em Cleveland, Ohio . A 8 de maio, estava nova-
mente em Lago Salgado, onde fez um discurso no Dia das
Mães, na Ala Stratford.
No dia 26 de maio, ele foi a Provo para presidir uma
cerimônia na Universidade Brigham Young . Ali dedicou vinte
e dois prédios construídos para alojar estudantes e que leva-
vam nomes de pessoas eminentes na Igreja . Em seu discurso
nessa ocasião, falou sobre a "Verdadeira Grandeza".
Na conferência de junho da AMM, o Presidente McKay

326 OS PRESIDENTES DA IGREJA

dirigiu tocantes palavras à imensa assembléia sobre o tema:


"Ideais para uma Vida Familiar Feliz".
A 16 de julho de 1954, foi comemorado em Ogden, Utah,
sua terra natal, o "Dia de David O . McKay" . Nessa ocasião,
foi homenageado durante um almoço oferecido no Hotel Ben
Lomond, do qual participaram quatrocentos cidadãos eminen-
tes da cidade . A tarde, presidiu o lançamento da pedra funda-
mental do novo Tabernáculo de Ogden . "Este dia", disse ele,
"tem sido uma experiência deliciosa e será sempre uma lem-
brança sagrada para mim".
Durante a primeira semana de agosto, viajou para Los
Angeles, onde, no dia 8, dirigiu a palavra a dezesseis mil pes-
soas reunidas no Hollywood Bowl para uma conferência da
AMM das estacas do sul da Califórnia . Seu assunto foi "A Vida
Abundante".
A 8 de setembro de 1954, o Presidente McKay celebrou
seu octogésimo primeiro aniversário, ocasião em que afirmou:
"O segredo de uma vida feliz, e a minha o tem sido, é apren-
der a gostar de seu trabalho e dar o melhor de si".
No dia 10 de setembro de 1954, o Presidente McKay esta-
va em Chicago, onde compareceu ao décimo nono congresso
anual da seção dos Estados Unidos e Canadá do Colégio Inter-
nacional de Cirurgiões, no qual seu filho, o Dr . Edward
McKay, era um dos oradores . Nessa ocasião, foi membro ho-
norário do Colégio Internacional de Cirurgiões.
No dia 17 do mesmo mês, ele estava em Provo para falar
ao corpo docente da Universidade Brigham Young sobre o te-
ma : "Alguns Objetivos Fundamentais da Universidade na
Igreja".
Na primeira semana de outubro, presidiu a conferência
semi-anual da Igreja . O assunto de seu primeiro discurso foi
que todos os membros devem buscar primeiro o reino de Deus.
No discurso de encerramento, ele admoestou todos os pre-
sentes a centralizarem suas vidas em Deus.
A 14 de novembro, o Presidente estava em Las Vegas,
Nevada, onde dedicou uma capela das alas V e VI da Estaca
Las Vegas e falou sobre o tema : "Contentamento e Progresso".
Uma semana mais tarde, falava a um numeroso grupo em
Ogden, quando dedicou a Capela construída pelas alas XXXIV

DAVID 0. MCKAY 327

e XXXVII . Seu assunto foi : "Dois Propósitos Fundamentais da


Igreja".
Num jantar no Hotel Utah, no dia 29 de novembro de
1954, patrocinado pela Faculdade de Farmácia da Universida-
de de Utah, mais uma vez foram conferidas honras internacio-
nais ao Presidente McKay, ao ser condecorado por John Tzou-
nis, cônsul da Grécia em São Francisco, em nome do Rei Paulo
da Grécia, com a "Cruz de Comandante da Ordem Real de
Phoenix" . Essa homenagem foi-lhe feita em parte por causa
da contribuição da Igreja SUD para o socorro do povo grego
durante o grave terremoto de 1953.
No dia 14 de dezembro, o Presidente McKay estava na
Universidade Brigham Young para a dedicação de um edifício
que levava o seu nome . Após a oração dedicatória oferecida
por Stephen L . Richards, o Presidente McKay falou brevemen-
te . "Esta é uma hora emocionante", dizia ele . "Em minha car-
reira de educador, a mais significativa de minha vida, tenho
um sentimento de imensa gratidão e crescente responsabilida-
de, tal como nunca antes experimentara ."

XXI

E então o Presidente McKay iniciou outra de suas grandes


viagens para visitar missões da Igreja desta vez no Pacífico
Sul . Acompanhado pela Irmã McKay e pelo agente de trans-
porte da Igreja, Franklin J . Murdock, que fazia as vezes de seu
secretário, ele partiu da Cidade do Lago Salgado no dia 2 de
janeiro de 1955, seguindo de trem para São Francisco . Lá o
grupo tomou um avião com destino a Honolulu no dia quatro,
onde chegaram na noite do mesmo dia . De Honolulu, seguiram
viagem ainda por via aérea até Nandi, nas Ilhas Fiji . Após
uma estada de um dia em Nandi, o grupo continuou de carro
para Suva, onde realizaram duas reuniões com membros e
missionários . Tomando um barco em Suva, o grupo chegou em
Nukualofa, Tonga, no dia 11, onde foram recebidos pelo Presi-
dente D'Monte W . Coombs e esposa, da Missão de Tonga . Ali
se realizou uma reunião a que compareceram mil e duzentos
nativos . Dois dias mais tarde, houve reuniões em Vavau . Em
todas as partes, o povo mostrou-se cheio de alegria por poder

328 OS PRESIDENTES DA IGREJA

ver e ouvir seu presidente . Nunca antes um presidente da


Igreja havia visitado as missões do Pacífico Sul.
No . dia 14 de janeiro, eles chegaram a Pago-Pago, sendo
recebidos pelo presidente da Missão Samoana, Howard B . Sto-
ne e esposa . No dia 15, estavam em . Apia, sede da missão . A
praia estava repleta de membros que lhes deram entusiásticas
boas-vindas ao descerem do barco . O grupo seguiu depois de
carro para a casa da missão.
No dia seguinte, houve reuniões com os membros e mis-
sionários, e o presidente e seus acompanhantes visitaram Sau-
niatu, onde haviam erguido um belo monumento em memória
da bênção apostólica dada . ao povo pelo Presidente McKay,
quando de sua primeira visita às ilhas, em 1921.
Deixando Apia no dia 18 de janeiro, eles seguiram viagem
para Aitutaki e depois Papiti, Taiti . Ali houve igualmente reu-
niões para os membros e missionários . Na segunda-feira, 20
de janeiro de 1955, a viagem aérea prosseguiu para a Nova
Zelândia . Em Auckland, o presidente e sua comitiva foram
recebidos pelo Presidente Sidney J . Ottley e esposa, da Missão
da Nova Zelândia.
A visita a esta missão foi muito grata ao Presidente
McKay ; a toda parte que ia, ele era amado e venerado pelos
missionários e santos . Ao fim de cinco dias de incessante ativi-
dade, o grupo seguiu de avião para Sidney, Austrália, onde
chegaram na tarde de 31 de janeiro . Ali foram . recebidos pelo
Presidente Charles V . Liljenquist e esposa, da Missão Austra-
liana . Depois das reuniões em Sydney, a viagem prosseguiu
para Brisbane, onde o presidente recebeu as boas-vindas de
grupos de santos e missionários, dando-lhe palavras de conso-
lo e ânimo . Posteriormente, visitaram Adelaide e Melbourne.
No dia 8 de fevereiro de 1955, iniciaram a longa viagem
aérea da Austrália para os Estados Unidos . Após uma agradá-
vel, porém estafante visita aos santos e missionários no Havaí,
o Presidente e comitiva continuaram sua viagem de volta no
dia 14 . Na mesma noite, chegaram na Cidade do Lago Salga-
do, Utah . Estava terminada a grande e calorosa visita do Pre-
sidente McKay às missões do Pacífico .

DAVID 0 . MCKAY 329

XXII

Chegando de volta ao continente, o presidente anunciou a


construção de um templo na Nova Zelândia, notícia que cau-
sou grande regozijo entre os membros da Igreja nas missões
do Pacífico.
Na primeira semana de abril de 1955, realizou-se no Ta-
bernáculo de Salt Lake a conferência geral da Igreja . Em seu
discurso de abertura, o Presidente McKay falou sobre a pro-
moção da paz do mundo, além de contar alguns incidentes de
sua recente viagem.
Após a conferência, viajou para St . George, onde, no dia
7, dedicou a capela das alas V e VI.
No dia 24 de abril de 1955, o Presidente McKay estava
em Los Angeles, onde dirigiu a palavra a um numeroso grupo
de estudantes de seminário SUD, falando sobre desenvolvi-
mento do caráter.
No dia 9 de maio, estava em Washington D .C ., onde parti -
cipou de um jantar na Casa Branca como convidado do Presi-
dente Dwight E . Eisenhower.
Em junho, foi o orador principal na conferência de junho
da AMM no Tabernáculo na Cidade do Lago Salgado . Seu te-
ma foi : "Nossa responsabilidade deve-nos capacitar a resistir
ao mal".
A 19 de junho, encontrava-se na Ala East Ensign, na Ci-
dade do Lago Salgado, para a dedicação de uma nova capela.
No decorrer do mês de julho, cumpriu diversos compro-
missos em alas e estacas, e no dia 10, proferiu um notável
discurso por ocasião do Dia dos Pioneiros sobre o assunto
"Ideais dos Pioneiros de Utah" . No dia 31, dedicou a capela
das Alas Park e University, da Estaca Utah.

XXIII

No dia 10 de agosto de 1955, partia da Cidade do Lago


Salgado para sua histórica viagem pela Europa o Coro do Ta-
bernáculo . Seis dias mais tarde, o Presidente McKay, acompa-
„nhado pela Irmã McKay, seu filho Dr . Edward McKay e espo-
sa, e sua secretária, Srta . Clare Middlemiss, seguiam por via
aérea para Glasgow, Escócia, onde chegaram a 18 de agosto .

330 OS PRESIDENTES DA IGREJA

No mesmo dia, o Presidente McKay e comitiva davam as boas-


vindas ao Coro do Tabernáculo, quando desembarcou do Sa-
xonia, em Greenock ; e na noite seguinte, tiveram o prazer de
ouvi-lo cantar no Kelvin Hall, em Glasgow . Também recebe-
ram as boas-vindas oficiais à cidade do prefeito John Porter.
Na noite de 20 de agosto, David O . McKay e comitiva
seguiram via aérea para Londres, enquanto o coro continuava
sua "tournée" pelas principais cidades da Europa . O presiden-
te teve oportunidade de comparecer aos concertos em Lon-
dres, Berna e Zurique.
No sábado, 27 de agosto de 1955, o Presidente McKay
procedeu ao lançamento da pedra fundamental do templo em
Newchapel, situada cerca de trinta e oito quilômetros ao sul
de Londres . A cerimônia foi presenciada por aproximadamen-
te duas mil e quinhentas pessoas.
A 1° de setembro, o presidente e comitiva seguiram de
avião para Paris onde, três dias mais tarde, realizou uma con-
ferência missionária e dedicou uma capela e casa de missão, a
primeira de propriedade da Igreja na França . De Paris, a co-
mitiva seguiu de automóvel para Berna, Suíça, onde chegaram
no dia 7 . Um dia depois, 8 de setembro, o Presidente McKay
completou oitenta e dois anos. Três dias mais tarde, no domin-
go, 11 de setembro de 1955, em meio às mais solenes cerimô-
nias, com a presença do Coro do Tabernáculo, o Presidente
McKay dedicou o templo em Berna, o primeiro a ser construí-
do pelos santos dos últimos dias na Europa . Este foi na verda-
de um evento histórico.
O presidente ficou em Berna de 11 a 16 de setembro,
presidindo nove serviços de dedicação. a que compareceram
milhares de santos, missionários e militares SUD de todas as
partes da Europa .

XXIV
Partindo de Berna, o Presidente McKay e sua comitiva
voltaram por via aérea para a Cidade do Lago Salgado, onde
chegaram no dia 22 de setembro de 1955 . O presidente estava
muito contente com o que havia visto na Europa . "O templo
em Berna", afirmou, "é um dos melhores investimentos já fei-
tos pela Igreja" . Quanto à excursão do Coro do Tabernáculo :

DAVID O . MCKAY 331

"Cada apresentação surpreendeu o povo e onde quer que o


coro aparecesse, a imprensa publicou as mais favoráveis críti-
cas — todas bem merecidas".
No dia 3 de outubro, ele estava em sua cidade natal,
Huntsville, onde lançou a pedra fundamental para um novo
edifício da Igreja.
Na conferência semi-anual realizada na Cidade do Lago
Salgado na primeira semana de outubro, o Presidente McKay
apresentou um extenso relatório da viagem do coro e dedica-
ção do Templo da Suíça, e concluiu dizendo : "Meu coração se
regozija com o privilégio de podermos trabalhar juntos para o
estabelecimento do reino de Deus na terra".
Na terça-feira, 11 de outubro, o Presidente McKay foi a
Provo, onde falou aos estudantes da Universidade Brigham
Young sobre o assunto : " Ideais Concorrentes para um Casa-
mento Feliz e Duradouro".
Num almoço patrocinado pelos "Filhos dos Pioneiros de
Utah", na Cidade do Lago Salgado a 12 de outubro, Horace
Sorenson, presidente nacional da organização, homenageou o
Presidente McKay com o título de sócio honorário vitalício.
Na terceira semana de outubro, viajou para Mesa, Arizo-
na, usando da palavra numa conferência para lamanitas reali-
zada nessa cidade . Na volta para Utah, participou de uma
homenagem ao Bispo Thorpe B . Isaacson, em Ephraim, Utah.
O Presidente McKay esteve presente à dedicação do Cen-
tro da Estaca San Fernando em Van Nuys, Califórnia, no do-
mingo, 30 de outubro, proferindo um esplêndido discurso so-
bre o tema : "Chave para a Felicidade no Lar e Sociedade" . No
domingo seguinte, dedicou uma capela e sede de . estaca con-
juntas em Stockton, Califórnia.
No dia 20 de novembro, foi novamente honrado ao rece-
ber uma medalha de ouro da Igreja Ortodoxa Grega em reco-
nhecimento do auxílio prestado pela Igreja ao povo grego após
a guerra e terremotos.
Esteve na Estaca Monument Park, no Dia de Ação de Gra-
ças, quando foi dedicada a capela das alas III e IV, e dirigiu a
palavra a uma audiência que tomava totalmente o recinto . No
dia 18 de dezembro, falou no programa "Church of the Air"
irradiado pela Columbia Broadcasting System sobre o tema:
"O Profeta Joseph Smith — A Origem de sua Grandeza" .

332 OS PRESIDENTES DA IGREJA

No último domingo de 1955, deu uma mensagem de Natal


aos membros de sua própria ala _ a Ala XXVII da Cidade do
Lago Salgado .

XXV

No dia 2 de janeiro de 1956, o Presidente McKay e sua


esposa festejavam o qüinquagésimo quinto aniversário de seu
casamento.
Seis dias mais tarde, ele encontrava-se em Brigham City,
Utah, para dedicar uma capela lamanita construída pela Igre-
ja na Intermountain Indian School.
Na terceira semana de janeiro, esteve em Los Angeles,
tratando da dedicação do Templo de Los Angeles que estava
marcada para domingo, 11 de março de 1956 . Nesta sua esta-
da, ele conduziu Cecil B . De Mille, renomado produtor cinema-
tográfico, numa visita por todo o templo.
No Fairgrounds Coliseum, (pavilhão onde se realiza
anualmente a feira estadual da Cidade do Lago Salgado) foi
conferido ao Presidente McKay no dia 25 de janeiro o cobiça-
do "Castor de Prata" por seus excepcionais serviços prestados
ao Escotismo.
Domingo, 12 de fevereiro, comemorava-se o aniversário
de Lincoln e também uma data auspiciosa para o povo de Og-
den, pois nesse dia o Presidente McKay dedicava o belo e novo
Tabernáculo de Ogden . Proferiu igualmente um magnífico dis-
curso sobre o tema : "Jesus Cristo — 0 Melhor Guia do Ho-
mem".
Durante a segunda semana de março de 1956, todas os
caminhos conduziam a Los Angeles, no que toca à Igreja no
Oeste. Milhares acorreram a esta cidade de ônibus, trem ou
carro, a fim de testemunharem a dedicação do templo . As Au-
toridades Gerais da Igreja, tendo à frente o Presidente McKay,
partiram da Cidade do Lago Salgado no dia 8 de março por via
férrea, chegando a Los Angeles na manhã seguinte . Ao meio-
dia, compareceram a almoço dado em sua homenagem pela
Câmara de Comércio e Rotary Club de Los Angeles . No dia
seguinte, as Autoridades Gerais e convidados especiais foram
conduzidos pelo Presidente McKay numa visita ao templo .

DAVID O . MCKAY 333

As cerimônias de dedicação do magnífico templo inicia-


ram-se às 9 :30 horas de domingo, 11 de março, sob a presi-
dência do Presidente McKay . Durante quatro dias, houve duas
sessões diárias, estimando-se que delas participaram cinqüen-
ta mil membros . Este foi um dos grandes acontecimentos na
história da Igreja, marcando uma nova era para os santos dos
últimos dias no sul da Califórnia.
Voltando à Cidade do Lago Salgado após a dedicação do
templo, o Presidente McKay presidiu todas as sessões da con-
ferência geral de abril . Esta conferência tinha um significado
todo especial para ele, porque marcava cinqüenta anos `de ser-
viços a Igreja como autoridade geral, pois fora chamado para
o Quorum dos Doze em abril de 1906.
Nas sessões de abertura, ele externou seu agradecimento
pela condição da Igreja : "Em nome da Primeira Presidência e
demais Autoridades Gerais da Igreja, tenho a grande satisfa-
ção de poder dizer que todos os departamentos da Igreja estão
progredindo satisfatoriamente, e de exprimir nosso agradeci-
mento ao Pai Celestial por sua divina diretriz e inspiração".
Depois, prosseguiu advertindo os santos sobre os males do
mundo que deviam ser evitados.
Retornando à sua cidade natal e lugar de nascimento,
Huntsville, a 30 de maio de 1956, o Presidente McKay teve o
prazer de lançar a pedra fundamental de uma nova capela . A
capela antiga havia sido construída em 1883, quando ele era
um garoto de apenas dez anos de idade.
Na primeira semana de junho, ele compareceu às cerimô-
nias anuais de formatura na Universidade Brigham Young, em
Provo . Admoestou os estudantes a colocarem sua confiança
em Jesus Cristo, recomendando-lhes que se lembrassem da
admoestação do Apóstolo Pedro, quando disse : "Debaixo do
céu nenhum outro nome há, dado entre os homens pelo qual
devamos ser salvos".
Voando para a região norte da Califórnia em junho, o Pre-
sidente McKay dedicou uma nova e linda capela e sede de
estaca em Napa, Estaca Santa Rosa. De volta à Cidade do
Lago Salgado, foi orador na conferência de junho da AMM.
"Gostaria de dedicar minhas palavras esta manhã a só uma
das facetas do trabalho de Melhoramentos Mútuos", dizia ele.
"Tenho aqui na mão o programa da Conferência de Junho,

334 OS PRESIDENTES DA IGREJA

mostrando na capa um casal de noivos . Atrás deles, aparecem


cenas de uma vida familiar feliz, e tem como legenda : 'Sede
honestos consigo mesmos' . Ser honesto significa lealdade.
Lealdade significa fidelidade . Seus antônimos são deslealdade,
traição e perfídia . Vós, rapazes e moças : É preciso que resis-
tais inflexivelmente às falsas ideologias que pretendem minar
os comprovados e autênticos ideais e verdades dos pioneiros
que adoravam o Deus de verdade e escolheram o Evangelho
de Jesus Cristo como sua filosofia de vida ."
A 24 de junho, visitou Oakley, Idaho, para dedicar uma
capela contruída pelos membros da Estaca Cassia . No dia 4 de
agosto, estava em Paris, Idaho, onde dirigiu a palavra a um
grande grupo da família de Charles C. Rich que estava reali-
zando um encontro familiar . No dia 8 de setembro, seu aniver-
sário, ele encontrava-se em sua casa na Cidade do Lago Salga-
do, ocasião em que declarou : "Aprecio de todo o coração o
conhecimento do plano de Cristo para estabelecer a paz entre
os homens . A certeza da eficiência desse plano traz à alma
uma paz impossível de ser descrita".
Uma semana após seu aniversário, o presidente estava
em Calgary, Canadá, onde dedicou uma nova e bela sede de
estaca, um projeto de US$ 400 .000, construída pelos mem-
bros da Estaca Calgary . Voltando para casa na semana se-
guinte, viajou para Cambridge, Massachusetts, onde a 23 de
setembro, presidiu a dedicação de uma capela erguida pela
Missão da Nova Inglaterra e o ramo local . Na primeira sema-
na de outubro, estava novamente na Cidade do Lago Salgado,
onde discursou e ofereceu a oração dedicatória na inaugura-
ção da nova sede da Sociedade de Socorro, na Rua North
Main.
A primeira sessão da conferência de outubro deu-se na
sexta-feira, 5 de outubro, tendo como principal orador o Presi-
dente McKay.
" O passar dos anos e repetição da experiência não dimi-
nuem o senso de grande responsabilidade ao me dirigir à con-
gregação neste grande Tabernáculo e aos que me ouvem pelo
rádio", dizia ele . "Tenho orado e oro agora pela inspiração do
Senhor, para que eu seja capaz de desincumbir-me desta tare-
fa de modo aceitável a ele e a vós, meus irmãos . " Nessa confe-

DAVID O .'MCKAY 335

rência, presidiu todas as sessões, e falou vigorosamente, dan-


do conselhos e fazendo recomendações aos presentes.
Durante a última semana de novembro de 1956, o Presi-
dente McKay viajou para Jacksonville, Flórida, onde dedicou
um belo e novo tabernáculo construído pelos membros da Es-
taca Flórida . A seguir, visitou as extensas fazendas de proprie-
dade da Igreja nesse estado.
Suas atividades no ano de 1956 foram encerradas com
uma visita a Mesa, Arizona, durante a última semana de de-
zembro, onde participou do jantar anual dos sumos sacerdotes
de cinco estacas, ao qual compareceram aproximadamente
duas mil e quinhentas pessoas.

XXVI

A despeito de sua avançada idade, o Presidente McKay


continuou com suas extenuantes atividades em 1957 . Sua pri-
meira saída da cidade foi para Fort Wayne, Indiana, na Mis-
são dos Grandes Lagos, onde a 20 de janeiro, dedicava uma
capela na presença de mais de mil membros e não-membros.
No dia 10 de fevereiro, estava de volta a Utah e falou no Ta-
bernáculo de Bountiful, completamente remodelado.
Em abril, presidiu todas as sessões da conferência geral.
"Feliz o homem", afirmou ele na sessão de encerramento,
"que experimentou com o seu Criador aquele relacionamento
que nos faz participantes da natureza divina . Isto é uma reali-
dade e assim vos testifico nesta hora sagrada".
No dia 4 de maio, o Presidente McKay falou a quinhentos
e sessenta e oito formandos do seminário na sede da Estaca
Pasadena(Califórnia) . "Desejaria que todos os jovens do mun-
do pudessem estar vendo este grupo hoje à noite", disse ele.
"Este grupo de jovens decidiu que Deus é Deus, e que o certo é
certo ; que o errado traz miséria, não importa de que forma se
apresente ."
Na segunda semana de junho de 1957, ele estava nova-
mente em Los Angeles, onde recebeu da Cidade e Estado da
Califórnia um certificado de mérito comemorando a atuação
do Batalhão Mórmon nos princípios da história da Califórnia.
No dia 8 de setembro, seu octogésimo-quarto aniversário,
o Presidente McKay compareceu à conferência trimestral da

336 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Estaca Wells, na Cidade do Lago Salgado . Recordando aos


presentes que a Igreja fora estabelecida para o beneficio deles,
disse : "Vivei de acordo com os convênios feitos . Cumpri uma
nobre missão e Deus vos recompensará" . Cinco dias depois,
participava de um banquete do Sacerdócio aarônico na Estaca
Pioneer.
Em virtude de uma grave epidemia de gripe, em 1957 não
foi realizada a conferência semi-anual da Igreja em outubro.
Em novembro., ele viajou para a Flórida, e em Miami de-
dicou uma nova capela no dia 30 . No último domingo de 1957,
dirigiu a palavra a um numeroso grupo de membros na Ala
XXVII, sua ala domiciliar, na Cidade do Lago Salgado.

XXVII

Durante a primeira semana de janeiro de 1958, o Presi-


dente McKay e esposa visitaram o sul da Califórnia . Nessa
ocasião, esteve .presente ao lançamento da pedra fundamental
de uma nova capela em Garden Grove e falou francamente,
dizendo : "Toda nação que negar Deus, que destruir o lar, que
tirara liberdade dos homens, fracassará mais cedo ou mais
tarde".
A conferência anual da Igreja realizou-se normalmente
na Cidade do Lago Salgado, na primeira semana de abril . Na
sessão de abertura, o Presidente McKay externou seus senti-
mentos:
"Faz agora mais de cinqüenta anos que me postei aqui
pela primeira vez como uma das autoridades gerais da Igreja.
Lembro-me ainda de como tremia e encarava humildemente
uma audiência assim ao aceitar a posição como um de seus
líderes . A passagem de meio século não tornou mais fácil en-
frentar esta imensa audiência e dar-se conta da responsabili-
dade que temos em nos desincumbirmos dessa tarefa . Nesta
manhã, como durante todos os anos anteriores, solicito vossa
simpatia e vossas orações ."
Cinco dias após o encerramento da conferência, o Presi-
dente McKay partia, no dia 12, para mais uma de suas exten-
sas viagens pelo mundo — desta vez para presidir a dedicação
do Templo da Nova Zelândia . Acompanhado pela Irmã McKay
e seu secretário em exercício, Rulon H . Tingey, a comitiva

DAVID 0 . MCKAY 337

viajou de carro até Los Angeles . Ali tomaram um avião para o


Havaí, chegando ao aeroporto de Honolulu no dia 14 . Depois
de pernoitarem em Honolulu, embarcaram em outro avião,
chegando a Auckland no dia 17 . Centenas de membros da Mis-
são da Nova Zelândia, tendo à frente o Presidente Ariel S.
Ballif, estavam no aeroporto para darem as boas-vindas ao
Presidente McKay e seus acompanhantes.
As cerimônias de dedicação do templo iniciaram-se no dia
20 de abril, prolongando-se até a tarde do dia 23, com duas
sessões diárias . A oração dedicatória foi lida em cada uma
delas pelo próprio Presidente McKay.
Esse sagrado serviço foi seguido pela dedicação da Escola
Superior da Igreja na Nova Zelândia, realizada no dia 24 de
abril . Foi também um acontecimento significativo, de grande
importância para os habitantes mórmons e não-mórmons da
Nova Zelândia.
O Presidente McKay permaneceu na Nova Zelândia até 1°
de maio . Na volta por via aérea fez breves paradas na Ilhas
Fiji e no Havaí, chegando em Los Angeles no dia 8 . A 10 de
maio, encontrava-se de novo na Cidade do Lago Salgado.
Poucas semanas depois de estar de volta em casa, o Presi-
dente McKay internou-se no Hospital SUD para submeter-se à
remoção de uma catarata da vista direita . A operação, embora
penosa, foi coroada de êxito, e ele recuperou-se em muito pou-
co tempo . Em julho, começou o planejamento da dedicação do
Templo de Londres que estava para terminar . Era um aconte-
cimento que vinha aguardando há longo tempo . Finalmente,
foram marcadas as datas de 7, 8 e 9 de setembro, com duas
sessões diárias.
Voando sobre terra e mar, o Presidente McKay deixou o
aeroporto da Cidade do Lago Salgado, no dia 2 de setembro de
1958 . Com ele, iam o Presidente Joseph Fielding Smith e espo-
sa, e sua secretária em exercício, A . Hamer Reiser . A Irmã
McKay, sua constante companheira de viagens, não pôde
acompanhá-lo em virtude de doença . Chegando à noite no Ae-
roporto La Guardia de Nova York, o grupo passou a noite no
Hotel Plaza . Na tarde do dia seguinte, foram levados ao Aero-
porto Idlewild, onde embarcaram num avião para Londres.
Após uma breve escala em Shannon, Irlanda, o avião pousava
às 9 :00 horas de 4 de setembro no aeroporto de Londres . Ali

338 OS PRESIDENTES DA IGREJA

estavam para recebê-los Henry D . Moyle, Richard L . Evans e


Hugh B . Brown, do Conselho dos Doze ; Gordon B . Hinckley, o
Bispo Thorpe B . Isaacson, Edward O . Anderson, o Presidente
G. M . Kerr e esposa e outros . O Presidente McKay foi levado
ao Hotel Grosvenor House, no qual haviam sido reservadas
acomodações para ele e sua comitiva.
As sessões de dedicação do Templo de Londres começa-
ram no domingo, 7 de setembro, prosseguindo por três dias
com duas sessões diárias . Em todas elas, o venerável presiden-
te leu a oração dedicatória e falou ao povo . Também estive-
ram presentes a todas as sessões os presidentes das missões
européias e suas esposas, o Presidente ElRay L . Christiansen,
do Templo de Salt Lake, e esposa, o autor desta obra com a
Sra. Nibley e sua filha, Sra . William Murdoch.
O segundo dia das cerimônias no templo, 8 de setembro,
era o octogésimo-quinto aniversário do presidente . A noite, os
Elderes Henry D . Moyle e Leo Ellsworth ofereceram-lhe uma
recepção no Claridge House . Cerca de sessenta e cinco pessoas
originárias de Utah, Arizona e Califórnia estiveram presentes
a esse requintado jantar . O Presidente McKay fez um encanta-
dor discurso retrospectivo, abordando experiências passadas.
Lamentou que a Sra . McKay não pudesse estar com ele, mas
sentia-se satisfeito com a presença de sua irmã, a Sra . Joseph
Morrell e sua filha.
Ao término da dedicação do templo, o presidente fez uma
breve visita ao local de nascimento de sua mãe, perto de Mer-
thyr Tydfil, no País de Gales.

XXVIII

Retornando da Inglaterra, o Presidente McKay chegou à


Cidade do Lago Salgado de avião, na tarde de segunda-feira,
15 de setembro . Dois dias depois, sua família oferecia-lhe uma
festa de aniversário atrasada . A saúde da Irmã McKay melho-
rara bastante durante sua ausência, o que deixou-o muito sa-
tisfeito.
A conferência de outubro da Igreja, em 1958, trouxe à
Cidade do Lago Salgado o costumeiro grande número de mem-
bros . Na sessão de abertura, realizada no Tabernáculo a 10 de
outubro, o Presidente McKay deu as boas-vindas ao povo .

DAVID O . MCKAY 339

Três dias depois, na sessão de encerramento, ele externou


sua satisfação pela conferência.
"Meus irmãos, estamos chegando ao fim desta grande
conferência . Minha alma, com a vossa, tem transbordado de
gratidão e graças ao nosso Pai Celestial pelas efusões de seu
Santo Espírito . Ouvimos algumas mensagens sublimes dos lí-
deres da Igreja, e tenho notado com alegria a receptividade da
audiência, mostrando que as mensagens são aceitas afavel-
mente, com gratidão ."
Uma semana após o término da conferência, o Presidente
McKay ingressou no Hospital SUD como paciente, submeten-
do-se à penosa, porém bem sucedida operação de catarata na
vista esquerda.
Depois de recuperado suficientemente para enfrentar
uma longa viagem, ele com a Irmã McKay e o Élder Marion G.
Romney, do Conselho dos Doze, seguiram de avião para o Ha-
vaí, onde no dia 17 de dezembro, dedicou a recém-concluída
Escola Superior do Havaí em Laie, Oahu . Foi um acontecimen-
to extraordinário no programa educacional da Igreja . Entre
inúmeras mensagens, trouxe o seguinte telegrama do presi-
dente dos Estados Unidos, Dwight D . Eisenhower:
"Queira transmitir meus cumprimentos a todos os pre-
sentes na dedicação da Escola Superior da Igreja no Havaí.
Este esplêndido novo campus, produto da fé e do trabalho dos
membros de sua Igreja, acrescenta muito aos recursos da co-
munidade havaiana . Estou certo de que a juventude que estu-
dar ali será eternamente inspirada pelo dedicado exemplo de
seus muitos benfeitores . Congratulações e melhores votos de
felicidade . (ass .) Dwight D . Eisenhower, Presidente dos Esta-
dos Unidos da América ."
De acordo com o costume do Presidente McKay há vários
anos, ele dirigiu a palavra aos membros da sua própria ala na
noite de domingo, 21 de dezembro . Seu assunto foi : "A Divin-
dade do Salvador" . Aproximadamente mil pessoas estiveram
presentes à reunião.
Na véspera de Natal de 1958, o Presidente e Irmã McKay
ofereceram a seus familiares uma festa de Natal no Hotel
Utah .

340 OS PRESIDENTES DA IGREJA

XXIX

No dia 26 de abril de 1959, o Presidente McKay viajou


para Bloomfield, Michigan, afim de dedicar o novo Centro da
Estaca Detroit . Pediu aos presentes que combatessem "os en-
sinamentos ímpios do comunismo", e saudou a construção do
novo prédio da Igreja como mais um baluarte contra tais ensi-
namentos . Deplorou as destrutivas forças comunistas que ha-
viam recentemente estabelecido uma universidade de ateísmo,
dedicada à destruição da crença em Deus e resultante exter-
mínio da mente humana.
Três semanas mais tarde, a 17 de maio, o Presidente fez
uso da palavra num serviço comemorativo especial do septua-
gésimo-quinto aniversário da dedicação do Templo de Logan.
Nessa ocasião, afirmou que "os templos da Igreja são um dos
melhores meios para a formação do caráter, e ocupam um
lugar especial na Igreja afora as ordenanças celebradas den-
tro deles" . Explicando melhor este ponto, declarou : "Todo
templo erguido pela Igreja atrai a atenção dos passantes, diz
aos que lêem ou ouvem o rádio ou todos os demais meios pu-
blicitários, que esta é uma casa de Deus . E um templo ao Altís-
simo . Sua própria existência, seus muros e tudo a ele perten-
cente atestam sua realidade, seu amor e seu plano de salva-
ção. Gostaríamos de que todo rapaz e toda jovem no mundo, e
particularmente na Igreja, reconhecesse ser esta a casa de
Deus . E isto que quero dizer ao afirmar que os templos for-
mam o caráter" .
No dia 19 de maio, o Presidente McKay sofreu um grave
impacto com a morte de seu velho amigo, companheiro e con-
selheiro, o Élder Stephen L . Richards . Falando em seu funeral
no dia 22, o profeta elogiou seu íntimo amigo como "uma das
mais nobres almas que já viveram entre os homens" . Disse
mais : "Adeus por hora Stephen, meu querido amigo e compa-
nheiro . Havemos de sentir sua falta — Oh! como sentiremos
sua falta! Mas haveremos de seguir avante até nos encontrar-
mos outra vez".
Na reunião do Conselho dos Doze e Primeira Presidência
de quinta-feira, 18 de junho, no Templo de Salt Lake, o Presi-
dente J. Reuben Clark Jr ., que há muitos anos vinha servindo
na Primeira Presidência, foi designado primeiro conselheiro

DAVID 0 . MCKAY 341

do Presidente McKay, e o Élder Henry D . Moyle como segundo


conselheiro.
Na conferência anual da AMM, realizada a 14 de junho, o
Presidente McKay discursou, apresentando as diretrizes bási-
cas do programa : "Se me perguntassem o que mais contribuiu
para a felicidade de minha vida e para o sucesso que eu possa
ter alcançado, eu diria que foi o perfeito controle exercido em
nosso lar pela Irmã McKay . Jamais permitir-se uma demons-
tração de irritação, nenhum atraso para as refeições de minha
parte, nunca uma resposta ou acusação precipitada ou impen-
sada, sempre um senso de controle sobre os filhos e família e
tudo ; nenhuma oportunidade para o surgimento de inimizade
ou criticas . Que o autodomínio e aceitação sejam as condições
reinantes, e sempre haverá paz no lar . 0 autodomínio é sem-
pre uma virtude ativa".
Poucos dias depois, ao ser abordada por repórteres na
véspera de seu aniversário, a Irmã McKay destacou quatro
importantes condições ou padrões para o êxito conjugal . Estas,
dizia ela, são "a mesma vida religiosa, a mesma vida social,
educação parecida, e os mesmos ideais e desejos na vida".
Explicou que o Presidente McKay havia sido chamado ao
apostolado depois de seus primeiros cinco anos de casamento,
e que ficara sozinha a maior parte do tempo . "Mas quando ele
estava em casa, seu conselho era tão valioso e tão proveitoso
para com as crianças, que nossa vida tem sido uma contínua
alegria. Há cinqüenta e oito anos que sou uma mulher e mãe
muito feliz ."
Em seu discurso de orientação geral na sessão de abertu-
ra da 129 a conferência semi-anual da Igreja, o Profeta McKay
citou o comunismo como o problema dominante de nossos
dias, e afirmou : "Eu diria que o mais urgente problema de
nossos dias é de caráter espiritual . . . Hoje em dia, as nações
civilizadas estão sentadas sobre uma montanha de explosivos
acumulados, a despeito dos ensinamentos de Cristo . Assim
que o calor do ódio, suspeitas e ganância se tornem um pouco
mais intensos, haverá tamanha explosão internacional, que
retardará em muito, se é que não expulsará dentre a humani-
dade a tão almejada paz anunciada pelas hostes celestes,

342 OS PRESIDENTES DA IGREJA

quando Cristo veio ao mundo como uma criancinha em Be-


lém" .

XXX

Em janeiro de 1960, empreeendeu-se um intensivo pro-


grama de três meses destinado a alcançar toda a juventude na
Igreja numa série de serões . O propósito desses serões era des-
pertar na juventude "um renovado interesse pelos padrões e
preceitos da Igreja" . No dia 3 de janeiro, perto de duzentas
mil pessoas congregaram-se em cento e setenta locais de reu-
nião em toda a Igreja, para ouvir o Presidente McKay proferir
a mensagem inicial dessa série . Numa palestra inspiradora,
ele recapitulou os ideais do namoro e casamento SUD.
Em abril, o Presidente McKay abriu a 130° conferência
anual da Igreja, observando que "anualmente cento e vinte
mil jovens da Asia e Africa são doutrinados na falsa ideologia
do comunismo . . . Ao ler isto, pensei quão importante é que os
membros da Igreja, particularmente os líderes que são envia-
dos a essas diversas missões, exemplifiquem a única fonte de
paz _ o Senhor e Salvador, Jesus Cristo . . . O dever da Igreja
é ensinar e praticar os princípios fundamentais de uma vida
digna . A obediência ao Evangelho de Jesus Cristo trará paz à
alma, independentemente das condições financeiras ou físi-
cas . . . O propósito de ser membro no reino de Deus é promo-
ver a vida espiritual eu repito _ e o alcance de fins morais
e caritativos ; em outras palavras, desenvolver o sentimento
religioso, o autêntico espírito religioso".
No dia 7 de maio, o Presidente McKay fez uma visita
surpresa a Rexburg, Idaho, onde falou aos estudantes da Fa-
culdade Ricks numa assembléia de devoção ; e a 28 de maio,
dirigia a palavra aos alunos da Universidade Brigham Young.
A 5 de junho, uma audiência de mil e duzentas pessoas
ouviu-o dar ênfase à necessidade de união na Igreja, por épo-
ca da dedicação . da capela da Ala LXVII da Estaca Grant,
na Cidade do Lago Salgado . Uma semana depois, falava na
conferência da AMM no Tabernáculo de Salt Lake.
No dia 1° de julho, deu-se a cerimônia de lançamento da
pedra fundamental da nova casa de espetáculos Pioneer Me-
morial Theatre, no campus da Universidade de Utah, um pro-

DAVID O . MCKAY 343

jeto de um milhão e meio de dólares, na qual o Presidente


McKay externou seu apreço pelos pioneiros e prestou tributo à
grande herança pioneira de seus ouvintes.
Nas cerimônias que precederam o espetáculo cívico anual
"Days of 47", o Profeta McKay foi alvo de um tributo especial
como pessoa cuja incomparável personalidade refletia sua re-
ligião "tornando-o uma combinação de tudo que esperamos
encontrar num grande homem".
Ao avizinhar-se o octogésimo-sétimo aniversário de seu
nascimento, em setembro, o Presidente McKay considerava-se
"num dos períodos mais salutares e produtivos de sua vida.
Na infância e durante os anos alegres e felizes da juventude, o
septuagésimo e octogésimo aniversário pareciam muito dis-
tantes, e trêmulos e débeis muitos dos que atingiam essa idade
avançada . Hoje, todavia, sei que na verdade é curtíssima a
jornada que na juventude parecia longa ; e que aquilo que apa-
rentemente se mostrava como uma existência enfadonha é
uma das etapas mais saudáveis e produtivas da vida _ cheia
de oportunidades para servir e resultante satisfação . Os entes
queridos, amigos leais e memórias preciosas tornam-na assim.
A fé num Pai amoroso e confiança nos amigos e companheiros
tornam a vida digna de se viver" . Observou mais : "Para ser
feliz, precisamos sentir a imortalidade . Toda alma é parte da
divindade — com isto quero dizer que esta 'roupagem enve-
lhecida' — este corpo — é meu ; esta mente com sua capacida-
de de raciocinar e de tomar decisões também é minha . O espí-
rito e alma nunca envelhecem . São parte da divindade ."
Declarou que sempre que visitava o velho lar no Vale de
Ogden, tinha "os mesmos sentimentos juvenis, os mesmos de-
sejos de ser ativo, de montar meu cavalo predileto, Sonny Boy
_ o mesmo entusiasmo de saltar-lhe nas costas _ como
quando eu era moço, mas o corpo físico está agora duro de-
mais . . O que provém de Deus é sempre jovem — é tão eter-
no quanto seu Autor . Isto, creio eu, é literalmente verdade . O
céu é exatamente tão azul e a lua exatamente tão brilhante
como quando eu era jovem . A natureza continua tão cheia de
beleza como sempre, se abrirmos os olhos para ver".
No dia 25 de setembro, o Presidente McKay dedicou o
imponente Centro Interestacas, de East Bay, em Oakland, Ca-
lifórnia, no valor de dois milhões de dólares . Iniciado em

344 OS PRESIDENTES DA IGREJA

1957, o prédio foi dedicado diante de uma audiência de cinco


mil, quinhentas e quarenta pessoas que lotavam totalmente o
recinto. O presidente estava acompanhado de seu filho David
Lawrence McKay e senhora . Os serviços foram conduzidos pe-
los presidentes Stone, Creer e Ream das estacas vizinhas . 0
ponto alto da cerimônia foram as palavras de David O.
McKay, nas quais expôs os ideais de Cristo como o caminho
para a paz num "mundo antagônico ao estabelecimento da
paz" .
0 excepcional sucesso da série de serões para a juventude
no início do ano, levou a uma segunda série desses encontros,
que começou a 2 de outubro . O Presidente McKay fez a pri-
meira palestra da série no Tabernáculo de Salt Lake, que foi
irradiada a duzentos e sete outros grupos de jovens de costa a
costa . Disse-lhes ele : "As idéias são vossas ferramentas . O que
pensais neste momento está contribuindo ainda que em escala
infinitesimal, quase que imperceptivelmente para a moldagem
da vossa alma, até mesmo para os traços de vossa fisionomia.
São as idéias dominantes e repetidas que mais nos afetam;
porém, mesmo os pensamentos passageiros e vãos deixam sua
impressão . Arvores capazes de resistir a um furacão às vezes
são derrotadas por pragas que mal podem ser percebidas a
olho nu . Da mesma forma, nem sempre os clamorosos males
da humanidade são os piores inimigos do homem, mas, sim, a
sutil influência de pensamentos é convívio social que minam
hoje em dia a masculinidade e feminilidade ."
A primeira hora do serão em cada uma das duzentas e
oito assembléias foi dedicada a um tributo ao primeiro casal
da Igreja.
Na sexta-feira, 7 de outubro, o Presidente McKay fez uso
da palavra na conferência geral da Igreja . Comentou as recen-
tes ameaças do primeiro ministro da Rússia Soviética contra
as Nações Unidas e acrescentou : "Quem é esse . homem que
pretende dizer às Nações Unidas o que fazer? E um homem
que rejeita a divindade de Jesus Cristo e nega a existência de
Deus, que está imbuído com a falsa filosofia de Karl Marx,
cujo objetivo na vida era 'destronar Deus e destruir o capita-
lismo' . E um seguidor de Lenin, que disse : 'Quero que os filhos
odeiem seus pais que não são comunistas .' Para atingir seus
fins, os adeptos desses homens 'recorrem a toda sorte de es-

DAVID O . MCKAY 345

tratagemas, manobras, métodos ilegais, evasivas e subterfú-


gios' . Essa atitude ateísta . e a recomendação de odiar outros,
mesmo que sejam da própria família, é justamente o oposto do
espírito de amor manifestado e pregado pelo Salvador . Em
outra parte dos Estados Unidos, estão reunidos homens que
acreditam no que acabo de descrever e estão dispostos a em-
pregar qualquer subterfúgio, qualquer esquema que se encai-
xe ao seu objeto de destronar Deus . Nós apelamos ao Deus que
existe e vive, e com o qual estamos em harmonia esta manhã
estamos reunidos em nome de seu amado Filho ."
No Dia de Ação de Graças, o Presidente McKay dedicou a
recém-construída capela das Alas XI-XIV da Estaca Holladay,
dizendo aos presentes que a "fé em Deus e o livre arbítrio _ o
direito de adorar a Deus de acordo com os ditames da própria
consciência são bênçãos pelas quais deveríamos ser suma-
mente gratos neste dia" . Declarou que o Dia de Ação de Gra-
ças era uma festa essencialmente religiosa nos Estados Uni-
dos, o único país no mundo que reservou um dia do ano para
darmos graças ao Senhor.
A 18 de dezembro, o Presidente McKay voltou a dirigir a
palavra a uma congregação local _ uma reunião conjunta dos
membros das alas XXVII e XXVII Leste na Cidade do Lago
Salgado _ dizendo : "Aguardando esta reunião, mudei duas
ou três vezes de idéia a respeito do tema . As condições no
mundo são tais, que não consigo tirar da cabeça o fato de que
existem duas grandes forças, mais potentes que nunca, ope-
rando neste mundo, ambas determinadas a vencer . Cada uma
delas talvez mais ativa do que nunca num planejamento e es-
quematização unilateral . Essas duas grandes forças são o ódio
e o amor . . ."
Durante o ano de 1960, o Presidente McKay recebeu di-
versos eminentes visitantes, entre eles Eric Johnston, presi-
dente da Motion Picture Association of America e ex-embaixa-
dor dos Estados Unidos no Oriente Próximo, Sir Harold Cac-
cia, embaixador britânico nos Estados Unidos, e Masao Yagi,
cônsul-geral do Japão em São Francisco .

346 OS PRESIDENTES DA IGREJA

XXXI

Após retornarem de umas breves férias de Natal-Ano No-


vo em Laguna Beach, Califórnia, o Presidente McKay e esposa
iniciaram o ano de 1961 celebrando seu sexagésimo aniversá-
rio de casamento na casa de seu filho, Dr . Edward McKay.
"Tivemos sessenta anos felizes", disse o presidente . "Esta feli-
cidade deve-se ao fato de termos tido sete excelentes filhos,
seis dos quais atualmente vivos e todos bem casados . Temos
vinte netos e seis bisnetos _ tesouros da eternidade . Isto é
parte de nossa felicidade ." Prestou tributo à esposa com estas
palavras : "O que tornou nosso lar feliz é o autodomínio da
Mamãe Ray. Ela pode ter pensado certas coisas, mas nunca as
disse . Ela tem sempre palavras meigas — algo para tornar a
vida feliz. Seu lema parece ser 'nunca dizer nada que possa
tornar as coisas desagradáveis' ."
15 de janeiro de 1961 marcou uma importante etapa no
progresso da Igreja, quando o Presidente McKay dedicou uma
recém-construída capela em Palmyra, Nova York, o berço do
mormonismo . A cerimônia contou com a presença de mais de
novecentas pessoas . O Presidente McKay dedicou a maior par-
te de seu discurso ao Profeta Joseph Smith . "Havia ós que
desprezavam Joseph Smith e escarneciam de seus ensinamen-
tos. Igualmente havia os que o amavam e teriam morrido por
ele . . . Existia algo de grandioso nesse homem que fazia com
que outros estivessem dispostos a morrer por ele . . . Exata-
mente como aconteceu com o Salvador, assim será com Jo-
seph Smith ele crescerá em grandeza e honra à medida que
passam os séculos ."
Um pormenor interessante relacionado com essa dedica-
ção foi a chegada de uma carta chamuscada com a observa-
ção "danificada durante o percurso" ao escritório de Gerald
G . Smith, presidente da Missão dos Estados do Leste . Embora ,
chegando com alguns dias de atraso, ela permitiu ao Presiden-
te Smith fazer os planos necessários para a dedicação, que de
outra forma ficariam prejudicados . A carta danificada era tes-
temunha muda de uma tragédia . Foi uma das poucas salvas
dentre os destroços de dois aviões de transporte que colidiram
sobre a Cidade de Nova York na sexta-feira, 16 de dezembro,

DAVID O . MCKAY 347

vitimando cento e vinte e oito pessoas, e espalhando escom-


bros por extensa área.
Na segunda-feira, 23 de janeiro, o Presidente McKay se-
guiu de avião para a região de Bay na Califórnia, onde se
encontrou com as presidências de dezenove estacas e da Mis-
são Califórnia Norte reunidas no Hilton Inn, adjacente ao ae-
roporto de São Francisco, para comunicar-lhes que, em futuro
próximo, seria erguido um importante templo em Oakland,
Califórnia . O projeto arquitetônico proposto foi apresentado
aos ali presentes, que se comprometeram a contribuir com
US$ 500.000 para o custo da construção . A seguir, o Presiden-
te McKay deu uma entrevista à imprensa e retornou para a
Cidade do Lago Salgado ainda na mesma noite.
Um evento importante na história da Missão Britânica
deu-se em fevereiro, quando o Presidente McKay dedicou a
Capela Hyde Park, em Londres, e organizou uma estaca da
Igreja nessa cidade . Ele partiu da Cidade do Lago Salgado no
dia 22 de fevereiro, com sua esposa, familiares e oficiais da
Igreja. No domingo, 26 de fevereiro, ele procedeu à dedicação
da nova capela no centro cultural da cidade, perante uma
multidão de mais de mil e quotrocentos membros da Igreja.
No discurso então proferido, fez um apelo em prol da paz
mundial, através da obediência aos princípios fundamentais
da justiça, conforme se encontram no genuíno Evangelho de
Jesus Cristo.
Chegando a Londres na sexta-feira, 24 de fevereiro, o
Presidente McKay deu uma entrevista coletiva à imprensa, na
qual estiveram presentes elevado número de representantes
dos meios de comunicação de massa . Esta entrevista resultou
em muitas reportagens jornalísticas altamente favoráveis . Na
terça-feira após a dedicação, ele retornou à Escócia, campo de
seu trabalho missionário sessenta e dois anos antes . Fez uso
da palavra numa reunião dos missionários da Missão Escoce-
sa-Irlandesa, e visitou lugares interessantes de seu antigo
campo de trabalho . Na quarta-feira, teve um encontro com
missionários da Missão Britânica Norte em Manchester ; e na
quinta-feira, concluiu sua intensa estada na Inglaterra com
uma visita ao local de nascimento de sua mãe, em Merthyr-
Tydfil, no país de Gales . Ali, o líder supremo da Igreja descer-

348 OS PRESIDENTES DA IGREJA

rou uma placa na antiga casa onde nascera sua mãe, Hennette
Evelyn Evans, em agosto de 1850.
De 6 a 9 de abril, o Presidente McKay presidiu a confe-
rência geral anual da Igreja . Em sua mensagem de abertura,
disse : " Se nesta manhã me perguntassem : 'Em que aspecto a
Igreja conseguiu seu mais louvável progresso durante o ano
passado?' eu não responderia : 'Em questões financeiras', em-
bora, de fato, talvez nunca antes as condições financeiras da
Igreja tenham sido melhores . Eu não diria : 'No aumento do
número de novas capelas', embora os membros da Igreja te-
nham-se empenhado mais e construído e financiado mais ca-
pelas do que em qualquer período semelhante no passado . . .
Eu não diria : 'No crescimento do número de membros', embo-
ra nos últimos treze meses o progresso da Igreja em número
de estacas e missões tem sido sumamente encorajador . . . Eu
não responderia que o mais elogiável progresso foi um melhor
entendimento entre os líderes das municipalidades, editores
de jornais, e pessoas bem informadas em geral com relação
aos propósitos, organização e contribuições da Igreja para a
paz e destino final do mundo . Eu responderia que o mais enco-
rajados progresso da Igreja durante o ano passado mostra-se
no crescente número de jovens participando nas atividades da
Igreja . . ."
Essa conferência marcou o décimo aniversário da indica-
ção do Presidente McKay como nono profeta e presidente da
Igreja de Jesus Cristo nesta dispensação.
Na terça-feira, 2 de maio, o Presidente McKay estava em
Logan, Utah, onde oficiou a cerimônia de início de construção
de edifícios da Igreja adjacentes ao campus da Universidade
Estadual de Utah . Estes compreendiam um centro de estaca,
quatro capelas de ala para a Estaca da Universidade Estadual
de Utah, um centro de recreação, e uma sede para a associa-
ção estudantil Delta Phi . Nesse dia o profeta abordou o que
pensava a Igreja quanto à separação entre igreja e estado:
"Igreja e estado devem e irão permanecer separados . Declara-
mos aqui . . . não sermos favoráveis ao projeto de lei apresen-
tado ao Congresso sobre a cobrança de taxas pelas igrejas pa-
ra promoverem sua própria instrução religiosa . O terreno que
será usado aqui foi adquirido pela Igreja, e faremos tudo ao

DAVID O . MCKAY 349

nosso alcance para cumprir a frase da Constituição que estipu-


la que igreja e estado ficarão separados . "
Uma semana depois, a 10 de maio, o Presidente McKay
dirigiu a palavra ao corpo discente da Universidade Brigham
Young, após o que descerrou um retrato de Ernest L . Wilkin
son, como tributo ao presidente da BYU.
Num encontro dos familiares e uns poucos convidados es
peciais na recém-restaurada casa de George C . e Adelaide R.
Wood, pais de Wilford C . Wood, de Woods Cross, Utah, no dia
22 de maio, o Presidente McKay proferiu uma breve mensa-
gem e oração . Um dos pontos altos da noite foi a interpretação
de "Vinde O Santos" pelo Presidente McKay no velho órgão
trazido por William Clayton (autor dó referido hino) na jorna-
da pelas planícies.
No dia 11 de junho, o profeta falou na sessão matutina de
domingo da conferência de AMM, dizendo a respeito desta
organização : "Quisera que os pais apreciassem o valor da As-
sociação de Melhoramentos Mútuos para o lar e a formação
do caráter de seus filhos . Ainda que não fizesse mais nada, ela
dá oportunidade para que tenham boas companhias . Os pais
deveriam saber onde os filhos estão e quem são seus compa-
nheiros . Quanto à personalidade, as companhias são um gran-
de educador . A educação não é adquirida somente na escola
de maneira formal, não só na Igreja de forma religiosa, mas é
adquirida dia a dia em nossos contatos com os outros . Esta é
uma das mais eficientes fontes de educação . . ."
A 24 de junho a Primeira Presidência da Igreja passou a
ter quatro membros com o anúncio feito .pelo Presidente
McKay da designação do Élder Hugh B . Brown, do Conselho
dos Doze, como conselheiro na Primeira Presidência.
Dois dias depois, 26 de junho, David O . McKay presidiu a
assembléia histórica do primeiro encontro mundial de presi-
dentes de missão na história da Igreja, realizado na Cidade do
Lago Salgado . O presidente anunciou como tema da conferên-
cia "cada membro um missionário", estendendo-se sobre os
objetivos fundamentais do trabalho missionário . Esse seminá-
rio marcou o lançamento de um novo método uniforme de
ensinar o Evangelho em todas as missões da Igreja e a ênfase
num programa cooperativo em que todo membro é um missio-
nário .

350 OS PRESIDENTES DA IGREJA

O ano de 1961 presenciou o fim do grande serviço do


primeiro conselheiro do Presidente McKay, o Presidente J.
Reuben Clark Jr ., que faleceu a 6 de outubro, em sua casa na
Cidade do Lago Salgado . Os serviços fúnebres do querido con-
selheiro realizaram-se no Tabernáculo de Salt Lake, no dia 10
de outubro . O Presidente McKay dirigiu os serviços para aque-
le que servira com ele na Primeira Presidência por vinte e sete
anos. "Sinto agora", disse ele, "que um homem genuinamente
grande retornou para junto de seu Criador, e posso dizer em
verdade, como Paulo disse a Timóteo : 'Combati o bom comba-
te, acabei a carreira, guardei a fé . Desde agora, a coroa da
justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará
naquele dia ; e não somente a mim, mas também a todos os
que amarem a sua vinda ."'
A Primeira Presidência foi reorganizada na quinta-feira,
12 de outubro, quando o Presidente Henry D . Moyle passou a
primeiro conselheiro, e o Presidente Hugh B . Brown foi desig-
nado segundo conselheiro, em lugar daquele.

XXXII

No início de 1962, enquanto descansava em Laguna


Beach, no sul da Califórnia, o Presidente McKay foi a Glenda-
le, no mesmo estado, no dia 28 de janeiro para dedicar o novo
Centro da Estaca Glendale . Falando aos presentes, notou que a
salvação é uma "ocorrência diária", e a seguir, discutiu os
"instintos animais" e "paixões" dos quais a humanidade pre-
cisa ser salva.
A 132' conferência anual da Igreja realizada em abril
representou um ponto culminante na história da Igreja . Seu
andamento foi irradiado para uma audiência potencial de ses-
senta milhões de pessoas na Europa, África do Sul, América do
Sul e Central e México . Nunca antes uma audiência interna-
cional pudera ouvir uma sessão de conferência diretamente do
Tabernáculo de Salt Lake . Nessa oportunidade, o querido pro-
feta de oitenta e oito anos falou sobre a "Igreja Divina".
No dia 22 de abril, foi irradiada por ondas curtas um
mensagem especial de Páscoa do Presidente McKay para a
América do Sul, Ilhas Caraíbas e México . Sua mensagem pren-

DAVID 0 . MCKAY 351

deu-se à passagem de Jó 19 :25 : "Porque eu sei que o meu


Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra . "
A 6 de maio, o presidente dedicou o recém-concluído Cen-
tro de Estaca de Chicago e uma capela para duas alas, que
considerou "uma das mais notáveis já construídas pela Igre-
ja" . Perto de três mil pessoas estiveram presentes à cerimônia.
0 Presidente McKay falou sobre "0 dever da Paternidade" e
abordou as dez condições que contribuem para a felicidade no
lar : "(1) ter em mente que os fundamentos de um lar feliz se
começam a lançar na vida pré-nupcial ; (2) escolher o compa-
nheiro pelo raciocínio e inspiração bem como pelas emoções;
(3) encarar o casamento com a visão sublime que ele merece;
(4) compreender que o mais nobre propósito do casamento é a
procriação ; (5) fazer com que o espírito de reverência impreg-
ne o lar ; (6) cuidar que marido e mulher nunca elevem a voz
um para o outro ; (7) aprender o valor do autodomínio ; (8)
fortalecer os laços familiares pelo companheirismo constante;
(9) proporcionar aos filhos literatura, música e filmes adequa-
dos ; e (10) incentivar a participação nas atividades da Igreja
pelo exemplo e por preceito . "
Um encontro de perto de cinco mil membros do Sacerdó-
cio Aarônico e seus líderes provenientes de catorze estacas,
realizado numa praça pública em Huntsville, Utah, no dia 12
de maio, ouviu o Presidente McKay contar experiências inspi-
radoras de sua vida e falar dos eventos que levaram à restau-
ração do Sacerdócio Aarônico . "Vossa presença aqui santifica
este lugar", disse ele.
Um dos pontos altos do ano de 1962 foi a visita do Presi-
dente McKay à Escócia, terra de seus antepassados, onde ofi-
ciou na criação da primeira estaca da Igreja naquele país . Ele
partiu da Cidade do Lago Salgado no dia 23 de agosto, acom-
panhado por seu filho e nora, Sr . e Sra. Robert R . McKay . A
organização da estaca deu-se no dia 28, numa conferência de
mais de dois mil e quinhentos membros e investigadores, reali-
zada no famoso St . Andrews Hall . 0 Presidente McKay falou
tanto na sessão matutina como na da tarde, antes de retornar
para a Cidade do Lago Salgado no dia 29.
Ao falar na conferência anual da Sociedade de Socorro da
Igreja, no dia 3 de outubro, realizada no Tabernáculo, o Presi-
dente McKay insistiu em maior responsabilidade por parte dos

352 OS PRESIDENTES DA IGREJA

pais . "A verdadeira tragédia na América não é termos permi-


tido a retirada da Bíblia de nossas escolas públicas, mas sim
termos negligenciado tão abertamente ensiná-la no lar ou na
igreja . Nunca antes houve tamanha necessidade de revitalizar
o ensino da fé e arrependimento por parte dos pais ."
Líderes dos círculos empresariais e cívicos reuniram-se
no Hotel Utah, a 10 de dezembro, para homenagear o Presi-
dente e Irmã McKay com um jantar em comemoração do no-
nagésimo aniversário do querido líder da Igreja . O ponto alto
da noite foi a oferta de um órgão a ser instalado na recém-
construída capela de Merthyr-Tydfil, País de Gales, terra na-
tal da mãe do presidente.
Um tributo ao Presidente McKay lido durante a homena-
gem, dizia em parte : "A despeito da posição de grande respon-
sabilidade e importância que ocupa na sua igreja, o Presidente
McKay sempre conservou sua comunicabilidade . Perfeitamen-
te à vontade entre os grandes e renomados, ou com os mais
simples, sua profunda simpatia para com o povo e seu coração
compreensivo tem-lhe aberto os canais de comunicação e in-
fluência para inspirar e motivar milhares de pessoas, especial-
mente os jovens . Estes atributos fazem-no estimado por todos
aqueles com quem entra em contato ."

XXXIII

Um acontecimento importante de 1963 foi a introdução


do programa de ensino familiar do Sacerdócio . Falando ao
recém-nomeado comitê do ensino familiar do Sacerdócio no
dia 15 de maio, o Presidente McKay lançou-lhes o desafio de
"conseguirem o rejuvenescimento do ensino familiar em toda
a Igreja, de modo que todo membro viesse a ficar sob plena
influência do Evangelho de Jesus Cristo".
A 22 de maio, o Presidente McKay oficiou em ritos espe-
ciais no Templo de Salt Lake para dedicação de ampliações e
melhoramentos instalados durante o período de reforma de
dez meses . A reunião realizou-se na Sala Terrestre do templo,
na presença de convidados especiais . Ao falar, o Presidente
McKay contou que esteve presente à dedicação do Templo de
Salt Lake em 1893 como estudante, ouvindo a oração dedica-

DAVID 0 . MCKAY 353

tória proferida pelo Presidente Woodruff. Abordou também a


importância e significado das ordenanças do templo.
A 30 de junho, ele dedicou a Capela de Federal Heights,
na Cidade do Lago Salgado, discorrendo sobre o pensamento
de que "a meditação é uma das mais secretas, mais sagradas
portas pelas quais passamos para chegar à presença do Se-
nhor".
Na conferência anual da AMM realizada em junho, foi
prestado um tributo especial ao Presidente McKay por Ells-
worth H. Augustus, presidente dos Escoteiros da América, qúe
afirmou : "Muitas vezes a prestação de tributo é um ato for-
mal, às vezes um mero dever . Posso assegurar-lhes do fundo
do coração que este é um grande privilégio e prazer, para o
qual viajei três mil e duzentos quilômetros . Além disto, reflete
minha própria elevada consideração e a dos Escoteiros da
América pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias, seus oficiais e membros, milhares e dezenas de milhares
dos quais vêm dedicando sua vida ao desenvolvimento da ju-
ventude . Ninguém mais já fez melhor trabalho neste sentido. "
No dia 22 de agosto, o Presidente McKay partiu da Cida-
de do Lago Salgado para dedicar uma nova capela de
USS 340 .000 em Merthyr-Tydfil, não longe da casa na qual
sua mãe nasceu . A viagem de seis dias foi repleta de reuniões
com missionários e seus lideres . O profeta afirmou que foi uma
das melhores viagens que já fizera.
Henry D . Moyle, primeiro conselheiro na Primeira Presi-
dência, faleceu a 18 de setembro . Nos serviços fúnebres, reali-
zados três dias depois, o Presidente McKay elogiou seu devo-
tado conselheiro com estas palavras : "Entre as virtudes fun-
damentais que se destacaram na vida do Presidente Moyle,
estão : primeiro, sua inabalável fé no Evangelho ; segundo, sua
corajosa defesa da verdade ; terceiro, seu bom ânimo, mesmo
em face de desaprovação ou censura ; quarto, sua sensibilida-
de e lealdade ao dever ; e quinto, sua reverência para com
Deus e todas as coisas sagradas ."
A Primeira Presidência foi reorganizada na quinta-feira,
10 de outubro, quando Hugh B . Brown foi designado primeiro
conselheiro e Nathan Eldon Tanner como segundo conselheiro
durante a reunião semanal da Primeira Presidência e Conse-
lho dos Doze .

354 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Ao meio-dia de 1° de novembro, o Presidente McKay ofi-


ciou na dedicação do novo "Eagle Gate", que se estende por
sobre a Rua State na intersecção com a South Temple, na Ci-
dade do Lago Salgado . Ao dedicar o novo monumento situado
na antiga entrada da propriedade agrícola do Presidente Bri-
gham Young, dizia o Presidente McKay : " . . .possa o Eagle
Gate, com sua grande água e a colméia sobre o qual se apóia,
continuar a transmitir às futuras gerações as virtudes dos pio-
neiros exemplificadas pela lealdade, capacidade de trabalho,
liberdade, fé e adoração ."
Menos de duas semanas depois, o Presidente McKay foi
internado no Hospital SUD da Cidade do Lago Salgado para
um repouso muito necessário ; no dia 18 de novembro, teve
permissão de voltar para casa.
Sempre preocupado com os problemas e infortúnios
alheios, fez a seguinte declaração de profundo pesar ao saber
do assassinato do Presidente John F . Kennedy, em novembro
de 1963 : "Faz poucas semanas apenas que tivemos o privilé-
gio de receber o presidente, e agora, ao pensar que ele se foi,
ficamos estupefatos e chocados . E terrível pensar-se que uma
tragédia assim pôde ocorrer nesta idade do mundo ."

XXXIV

De importância no começo do ano de 1964 foi a visita do


venerável líder da Igreja Mórmon ao Presidente Lyndon B.
Johnson, na Casa Branca, em Washington, D .C. Empreenden-
do a viagem a convite do presidente, David O . McKay deixou a
Cidade do Lago Salgado a 30 de janeiro e retornou no dia 7 de
fevereiro . Um despacho de Washington dizia que "o presidente
dos Estados Unidos solicitou e recebeu uma promessa de ajuda
e força espiritual do presidente da Igreja por ocasião de um
encontro dos dois . . . Soube-se que foi discutida a fibra moral
e espiritual da pátria, e que o Presidente Johnson pediu que o
Presidente McKay orasse em favor da mesma".
Entre os eventos de nota na vida do Presidente McKay
durante 1964 há uma citação concedida pelos Veteranos de
Guerra no Exterior por sua lealdade e americanismo ; o des-
cerramento de um retrato pintado pelo notável retratista Alvin
Gittins, numa cerimônia especial no Pioneer Memorial Thea-

DAVID O . MCKAY 355

ter ; sua participação na parada de 24 de julho em memória


dos "Dias de '47" ; e um descanso de duas semanas em sua
casa de Huntsville.
No dia 2 de agosto, ele fez uma visita de surpresa a Oak-
land, Califórnia, onde participou de um reunião informal des-
tinada a finalizar os planos para a dedicação do Templo de
Oakland em outubro . Falando aos irmãos ali reunidos, dizia o
presidente : "O trabalho no templo é tão amplo como a huma-
nidade ou a própria vida . Teríamos um Deus injusto, se não
nos salvasse a todos, mesmo as gerações passadas ." Rogou as
Bênçãos do Senhor sobre os líderes ali reunidos e os elogiou
por se haverem dedicado à construção do templo . A respeito
da dedicação prevista para outubro, ele disse : "Quando o de-
dicarem, estarei aqui com vocês, se estas pernas fizerem o seu
dever ."
Chegando à Cidade do Lago Salgado, o Presidente McKáy
foi hospitalizado por causa de um problema cardíaco . Mesmo
em meio à sua aflição, evidenciava-se seu agudo senso de hu-
mor . Conta o Dr . Llewelyn R . McKay que a constante filosofia
do pai era que "se a gente parar, está morto" . Durante . uma
das visitas ao hospital, o Presidente McKay disse à família:
"Assim que este probleminha estiver resolvido e eu voltar pa-
ra casa, discutiremos os planos para os próximos dez anos ."
Suficientemente restabelecido do seu mal, no dia 17 de
novembro o Presidente McKay foi a Oakland, Califórnia, para
dedicar ali o novo templo . Estava acompanhado por seus con-
selheiros, os presidentes Brown e Tanner; Joseph Fielding
Smith, presidente do Quorum dos Doze, e outras autoridades
gerais . Esse era o quinto templo que ele dedicava, desde que se
tornara presidente da Igreja em 1951 . Acima de seis mil pes
soas estiveram presentes às cerimônias no Templo e centro
interestacas adjacente . O Presidente McKay fez uso da pala-
vra em todos os seis serviços dedicatórios e fez a oração dedi-
catória em quatro das reuniões.

XXXV

A 2 de janeiro de 1965, os McKay comemoravam seu se-


xagésimo-quarto aniversário de casamento . Nessa ocasião, o
Presidente McKay falou a respeito da felicidade : "Para ser

OS PRESIDENTES
356 , DA IGREJA

feliz, a gente precisa sentir a imortalidade . Toda alma é parte


da divindade — com isto quero dizer que esta roupagem gasta
este corpo — também é meu ; a mente com seu poder de
raciocínio e de tomar decisões também é minha . O espírito e a
alma nunca envelhecem . São parte da divindade . . . Aquilo
que provém de Deus é sempre jovem e tão eterno como o
Autor . Isto, creio, é literalmente verdade . O céu continua tão
azul, a lua tão brilhante como quando eu era moço . A nature-
za é tão bela como sempre, basta abrirmos os olhos para
vê-la."
Uma semana após seu aniversário, o Presidente McKay
presidiu a dedicação do novo Ginásio Deseret, na Cidade do
Lago Salgado . A Irmã McKay também esteve presente à ceri-
mônia. A conselho de seu médico, o presidente não fez uso da
palavra nessa ocasião.
Ao voltar de um descanso de duas semanas no sul da
Califórnia, o Presidente McKay comentava : "Sinto-me muito
bem e pretendo voltar imediatamente ao trabalho" ; entretan-
to, a 14 de fevereiro era novamente hospitalizado com uma
congestão pulmonar decorrente de suas condições cardíacas.
Duas semanas depois, havia-se recuperado o bastante para
poder voltar ao seu apartamento no Hotel Utah.
A 135a conferência anual da Igreja reuniu-se em abril e
destacou-se sob muitos aspectos, acima de tudo pela presença
do seu profeta de noventa e um anos de idade . Ele proferiu
breves palavras de saudação durante as sessões e fez ler três
importantes mensagens para a congregação . Seu discurso de
fundo continha um fervoroso apelo para que a juventude SUD
fosse efetivamente salvaguardada contra a delinqüência . O
Presidente McKay só não compareceu a duas das sete sessões
gerais . A sessão matinal de domingo iniciou-se às 8 :00 horas,
a fim de permitir a primeira transmissão televisionada ao vivo
de âmbito nacional na história da Igreja . Essa sessão trans-
mitida de costa a costa por aproximadamente duzentas emis-
soras de televisão e rádio foi a mais amplamente difundida
de todas as sessões de conferência da Igreja.
Em setembro, na véspera de seu nonagésimo-segundo
aniversário, o Presidente McKay comentava : "Acho-me ótimo.
Não sinto nenhuma dor ou achaque . Meu trabalho não me é

DAVID O . MCKAY 357

penoso, e cada momento da vida é um prazer . A vida é de fato


gloriosa ."
Na sexta-feira, 1° de outubro, quando o profeta abriu a
conferência geral da Igreja e, poucos minutos mais tarde se
levantou para proferir uma mensagem de inspiração, tornava-
se patente à imensa congregação que seu querido líder estava
notavelmente recuperado em sua capacidade física e espiri-
tual . Desde abril de 1964 que não o haviam ouvido falar do
púlpito durante as conferências . Além da sua mensagem de
abertura, ele dirigiu a palavra a setenta mil portadores do
Sacerdócio, no sábado à noite . Falou igualmente na sessão de
encerramento da conferência no domingo, 3 de outubro.
Por meio de um anúncio inesperado ainda no mês de ou-
tubro, o Presidente McKay comunicava a designação de Jo-
seph Fielding Smith e Thorpe B . Isaacson como conselheiros
adicionais na Primeira Presidência, justificando a medida com
a necessidade de mais ajuda em virtude da rápida expansão
da Igreja e crescentes encargos da Primeira Presidência.

XXXVI
A 8 de fevereiro de 1966, o Presidente McKay dirigiu a
palavra aos Escoteiros e Escoteiros Sênior da Cidade do Lago
Salgado, num programa intitulado "Renovação 1966", no
qual abordou os princípios do juramento e lei dos Escoteiros.
A conferência geral da Igreja realizada nos dias 6, 9 e 10
de abril de 1966, irradiada para países da Europa, Asia, Áfri-
ca e América do. Sul, totalizando perto de dois terços da popu-
lação mundial, foi mais uma vez presidida pelo Presidente
McKay . Proferindo breves palavras na sessão de abertura no
dia 6 de abril, disse ele : "E com sentimentos de profundo
apreço que me apresento diante de vós nesta ocasião . Nunca
apreciamos o valor da boa saúde até que seja perdida . Estou
contente por saudar-vos nesta sessão de abertura e oro que as
bênçãos do Senhor estejam com todos os que subirem a este
púlpito em cumprimento de uma designação recebida ." Fez
seu discurso principal no dia 9 de abril, no qual testificou a
realidade da ressurreição de Cristo.
No dia 22 de abril, o Presidente McKay encontrava-se em
Ogden, onde ligou uma chave que sinalizou o início de constru-

358 OS PRESIDENTES DA IGREJA

cão de um novo hospital SUD que levaria o seu nome, dizendo:


"Estou muito satisfeito e honrado que me tenham em tão alta
conta para perpetuarem meu nome e memória . . . Estou feliz
por encontrar meus queridos amigos nesta ocasião e aprecio
as gentilezas recebidas . Possa o Senhor abençoá-los e à amiza-
de que irradiam, e pela bondade de perpetuarem a mim e
minha relação com esta cidade e país ."
Oradores que o antecederam haviam externado o desejo
de que o Presidente McKay estivesse com eles dali a dois anos
para a dedicação do hospital, ao que ele replicou : "Eu não vou
a parte alguma . Esta hora é o início de muitos tempos felizes à
nossa frente ."
No dia 15 de maio, a maior concentração de estudantes
mórmons da Universidade de Utah já havida reuniu-se no Ta-
bernáculo de Salt Lake, para prestar um tributo especial ao
seu profeta . Os participantes ergueram suas vozes em discur-
sos e cantos em honra •do Presidente McKay que assistiu ao
programa do seu apartamento no Hotel Utah por meio de tele-
visão em circuito fechado . Também estavam presentes mem-
bros da Primeira Presidência . Os pontos altos do programa
foram a apresentação de um retrato a óleo do presidente e
uma mensagem especial lida por seu filho Robert.
Nos dias 1° e 2 de junho, deu-se mais uma "primeira vez"
na vida do Presidente McKay ao visitar locais históricos da
Igreja no Missouri em Far West, Independence, Liberty e
Adam-ondi-Ahman. Ele jamais havia visitado estes lugares, e
durante a visita, foi aprovada a aquisição de mais uns cin-
qüenta e seis hectares de terras pela Igreja em Adam-on-
di-Ahman.
Quando se reuniu a conferência de outubro de 1966, o
Presidente McKay encontrava-se na tribuna e proferiu pes-
soalmente seu discurso de orientação geral . Demonstrando no-
tável coragem e determinação, o presidente da Igreja, então
com noventa e três anos, fez um discurso de quarenta minutos
que determinou o tema da conferência . Destacou os perigos
enfrentados pelo mundo e urgiu a pregação do Evangelho co-
mo única solução efetiva para eles.
No dia 24 de dezembro, os militares SUD que serviam nas
conturbadas terras asiáticas, receberam uma saudação espe-
cial do Presidente McKay . A mensagem foi filmada na Cidade

DAVID 0 . MCKAY 359

do Lago Salgado e levada para lá pela Utah Air National


Guard num vôo regular . O presidente disse-lhes estas pala-
vras : "Vocês estão constantemente em nossa lembrança e ora-
ções . . . Esperamos sinceramente que, a despeito das circuns-
tâncias em que se encontram, levem uma vida condizente co-
mo membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias e como portadores do Sacerdócio de Deus . Vivendo as-
sim, encontrarão a paz interior que excede todo o entendimen-
to, a despeito das inquietações da guerra em que talvez se
encontrem ."

XXXVII

Ao rememorarem seus sessenta e seis anos de vida matri-


monial durante a primeira semana de 1967, o Presidente e
Irmã McKay fizeram uma visita à velha casa da rua 56 North
2nd West, na Cidade do Lago Salgado, onde deram sua recep-
ção no dia 2 de janeiro de 1901 após terem-se casado no Tem-
plo de Salt Lake . A antiga casa era residência da família da
Irmã McKay, quando esta veio a conhecê-lo . Ele na época alu-
gou um quarto ali, enquanto estudava na Universidade de
Utah . Após a visita, perguntaram ao Presidente McKay se ele
continuava amando sua querida tanto quanto há sessenta e
seis anos atrás . Sua resposta foi típica de seu bom humor:
"Não, eu a amo sessenta e seis vezes mais ."
Na 137 Q conferência anual da Igreja realizada em abril, o
Presidente McKay compareceu a duas sessões na quinta-feira
e no domingo . Suas três mensagens de importância vital foram
lidas por seu filho Robert . Na mensagem de abertura, ele
abordou os flagrantes males do presente e advertiu a juventu-
de quanto a eles . A conferência foi irradiada em castelhano,
numa transmissão especial para oito cidades do México, 'sendo
a primeira transmissão do andamento de uma conferência pa-
ra este país . A sessão matutina de domingo foi igualmente
transmitida ao vivo para o Havaí pela primeira vez, por inter-
médio do satélite "Lani Bird", em órbita a cerca de trinta e
cinco mil quilômetros de altura sobre o Pacífico.
Na sessão do Sacerdócio da conferência, Robert McKay
foi solicitado a dizer algumas palavras pessoais, antes de
transmitir a mensagem do pai aos irmãos da Igreja ali reuni-

360 OS PRESIDENTES DA IGREJA

dos . Ele respondeu, dizendo que muitas vezes perguntavam a


ele e a seus irmãos como se sentiam sendo filhos do profeta de
Deus . "A gente não o sente, a gente o vive", disse ele, testifi-
cando ainda : "Meu pai conta com minha obediência e meu
voto de apoio . Em casa, na fazenda, nos negócios, na Igreja,
eu jamais notei uma palavra ou um ato que lançasse alguma
dúvida de que ele devia ser o profeta do Senhor ."
Enquanto visitava sua cidade natal de Huntsville, a 12 de
julho o Presidente McKay adoeceu e teve que ser hospitaliza-
do . Entretanto, no dia 24 já estava suficientemente recupera-
do para poder encabeçar a parada dos "Dias de '47".
Presidindo a conferência geral em outubro, ele compare-
ceu à primeira sessão, mas acompanhou as demais de seu
apartamento no Hotel Utah . Suas três mensagens para os san-
tos foram lidas por Robert, seu filho . Nessa conferência, foram
chamados sessenta e nove representantes regionais dos Doze,
com a incumbência de ajudar a preencher as crescentes neces-
sidades organizacionais da Igreja.
Depois da conferência, o profeta passou quase um mês
repousando em sua casa de verão, em Huntsville.
Entre os visitantes ilustres que apresentaram seus respei-
tos ao presidente em 1967, contavam-se Edward M . Lindsey,
presidente dos oitocentos mil membros do Lions Club Interna-
cional, o Governador George Romney, de Michigan, e o Prínci-
pe Tu'ipelehake, de Tonga .

XXXVIII

Em março de 1968, o Presidente McKay foi honrado com


o "Exemplary Manhood Award" conferido a ele pelo grêmio
estudantil BYU Associated Men Students, durante uma assem-
bléia devocional especial realizada nessa escola . A honraria
foi aceita pelo Dr . Edward R . McKay em nome do pai . Diz o
tributo : "0 grêmio Associated Men Students da Universidade
Brigham Young tem orgulho em conferir o Exemplary Ma-
nhood Award a um homem que vem dando ao mundo um
padrão de excelência . E com grande honra que este reconheci-
mento é concedido a David O . McKay, o homem que melhor
tem exemplificado a masculinidade para esta geração ." Acei-
tando o reconhecimento, o Dr . McKay recordou algumas das

DAVID 0 . MCKAY 361

experiências de meninice do pai, salientando : "A receita de


sucesso de papai sempre inclui um cuidadoso planejamento do
dia de amanhã ." E como pai, sempre aconselhava os filhos a
"fazerem o trabalho mais à mão e fazê-lo bem feito . Sempre
mandava que fizessem tudo com a inspiração e ajuda do Se-
nhor".
Embora comparecesse a duas sessões da conferência de
abril, as mensagens do Presidente McKay foram lidas por seu
filho David Lawrence . Nesta conferência, o Élder Alvin R.
Dyer foi chamado para servir como conselheiro na Primeira
Presidência.
Em setembro, foi dedicado um novo mastro de bandeira
de trinta metros de altura na Praça do Templo . A mensagem
do profeta para a ocasião foi lida por seu filho Robert : "Se
quisermos tornar o mundo melhor, promovamos um mais pro-
fundo apreço pela liberdade e independência garantidas pelo
governo dos Estados Unidos, segundo o estabelecido pelos fun-
dadores desta nação . Existem alguns pretensos progressistas
que proclamam essa velha prática como ultrapassada . Mas,
nesta República, há certos princípios fundamentais que, à se-
melhança das verdades eternas, nunca se tornam antiquados,
e que sempre são aplicáveis a povos amantes da liberdade.
Assim são os princípios básicos da Constituição, documento
criado por homens patriotas, amantes da liberdade, os quais
declaramos inspirados pelo Senhor . Movidos por estes dois
princípios fundamentais e eternos — o livre arbítrio do indiví-
duo e a fé numa Providência suprema — aqueles cinqüenta e
seis homens que assinaram a Declaração da Independência e
os que redigiram a Constituição dos Estados Unidos nove anos
mais tarde, deram ao mundo um conceito de governo que, se
aplicado, livrará os braços da humanidade oprimida dos gri-
lhões da tirania, dando esperança, ambição e liberdade aos
inúmeros milhões pelo mundo afora . . . Eu amo a bandeira
dos Estados Unidos! Amo o povo que faz a grandeza deste país
e creio na sua lealdade . Na sua liderança, reside a maior res-
ponsabilidade jamais existente numa nação . Oramos a Deus
que guie o nosso presidente e o Congresso . Sei que eles, assim
como nós, não desejam a guerra, mas existem coisas piores do
que a morte uma delas é sermos privados da nossa liber-
dade!"

362 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Quando da conferência geral em outubro, esta foi presidi-


da pelo Presidente McKay, que, no entanto, não compareceu a
nenhuma das sessões . Seus filhos Robert e David Lawrence
ldram suas três mensagens dirigidas à conferência . Em seu
primeiro discurso, dizia o profeta : "Creio que os ideais que
inspiraram os Pais Fundadores da nossa nação só poderão ser
preservados e perpetuados por meio de uma coletividade de
cidadãos realmente educados . . . Não podemos, não devemos
ser insensíveis às forças maléficas que nos rodeiam, especial-
mente à conspiração comunista cujo objetivo confesso é des-
truir a fé em Deus, de semear discórdia e contenda entre os
homens com o propósito de minar, debilitar, e se possível des-
truir completamente nosso sistema constitucional de governo,
e de enfraquecer e subverter os ideais de nossa geração mais
jovem. Quando atos e esquemas são manifestamente contrá-
rios à palavra revelada do Senhor, sinto-me justificado, assim
como meus companheiros, a advertir nosso povo contra
eles . . . "
Em dezembro, o Presidente McKay foi agraciado com o
"Distinguished American Award", da National Football Foun-
dation and Hall of Fame . Supostamente o mais idoso ex-joga-
dor de futebol americano dos Estados Unidos, ele recebeu a
distinção in absentia no décimo-primeiro jantar de reconheci-
mento da fundação, no Hotel Waldorf-Astoria da Cidade de
Nova York, no dia 3 de dezembro . A distinção foi aceita em
seu nome por Frederick S . Schluter, de Princeton, Nova Jer-
sey, um converso da Igreja e presidente do grupo da fundação
de Delaware Valley .
XXXIX

Em janeiro de 1969, foi publicado que o Presidente


McKay constava entre os cinco líderes eclesiásticos mais cita-
dos numa consulta à opinião pública realizada pelo Instituto
de Opinião Pública Dr . George Gallup . A mil quinhentos e um
adultos dos Estados Unidos foi perguntado : "Qual o homem
vivo hoje, em qualquer parte do mundo, do qual ouviu falar ou
leu que você mais admira?" Além do Presidente McKay, fo-
ram ainda citados o Cardeal Cushing, o Reverendo Norman
Vincent Peale, o Reverendo Paul Roberts e o Bispo Fulton J .

DAVID O . MCKAY 363

Sheen . Além dos líderes eclesiásticos, foram citados homens


da vida pública, jornalismo, entretenimento, esportes e me-
dicina.
A conferência geral da Igreja que se iniciou a 4 de abril,
na Cidade do Lago Salgado, ouviu a mensagem de abertura do
Presidente McKay lida pelo seu filho Robert . Por ordem médi-
ca, o presidente não compareceu a nenhuma das sessões . Seu
discurso de orientação geral girou em torno destas palavras:
"Durante os últimos meses, tenho-me sentido extremamente
apreensivo com o bem-estar da humanidade num mundo de
tribulações e falsos ideais . . ." Seus comentários abordavam
diretamente a santidade do convênio do casamento e os males
do divórcio.
No dia 9 de julho, o Presidente McKay pôde satisfazer um
desejo e cumprir a promessa, comparecendo à inauguração do
hospital de onze milhões de dólares em Ogden, que leva o seu
nome . Sentados em seu carro perto da entrada principal, o
Presidente McKay e esposa ouviram a cerimônia de inaugura-
ção que terminou com o administrador do hospital Kenneth E.
Knapp oferecendo ao Presidente McKay a chave da porta
principal do nosocômio e um ramo de rosas vermelhas à Irmã
McKay . David Lawrence leu a mensagem do seu pai.
Duas semanas mais tarde, o Presidente McKay participa-
va da parada dos "Dias de '47", na Cidade do Lago Salgado.
Ao completar noventa e seis anos em setembro, a debili-
dade física impedia o Presidente McKay de participar de mui-
tas atividades a que se dedicava costumeiramente . Entretan-
to, ele continuava trabalhando em seu gabinete no apartamen-
to do Hotel Utah, reunindo-se freqüentemente com seus conse-
lheiros e outros a respeito da direção dos negócios da Igreja.
Seu aniversário foi comemorado pelo lançamento da pedra
fundamental do novo templo em Ogden, e dois dias mais tarde
do templo em Provo.
Embora impossibilitado de comparecer a quaisquer das
sessões da conferência geral de outubro no Tabernáculo, o
Presidente McKay desafiou os portadores do Sacerdócio a "as-
sumirem a responsabilidade de trazer um novo membro para
a Igreja todos os anos" . Em sua mensagem de encerramento
da conferência, lida por seu filho Robert, ele afirmava : "Espi-

364 OS PRESIDENTES DA IGREJA

ritualidade é a consciência da vitória sobre o ego . É o coroa-


mento da comunhão com a Deidade . Não se pode alcançar
nada mais sublime que isto . . ."

XL

Embora a saúde do Presidente McKay viesse fraquejando


há meses, ninguém estava realmente preparado para ouvir
que ele se fora na manhã de domingo, 18 de janeiro de 1970,
em seu nonagésimo-sétimo ano de vida . Quando faleceu, havia
servido como autoridade geral por mais tempo do que qual-
quer outra pessoa desde a organização da Igreja. O recorde de
serviço anterior havia sido de Charles W . Penrose, que viveu
até os noventa e três anos, três meses e oito dias.
A Igreja teve uma expansão fenomenal sob a presidência
de David O . McKay. Durante sua gestão, o número de mem -
bros quase que triplicou — de um milhão a pouco menos de
três milhões — e o número de estacas passou de cento e oito a
quinhentas. Dirigindo tal expansão, o Presidente McKay tor-
nou-se o mais viajado de todos os presidentes da Igreja, tendo
percorrido cerca de um milhão e seiscentos mil quilômetros.
Foram terminados cinco templos e lançada a pedra fundamen-
tal de mais três . As missões da Igreja duplicaram, e o contin-
gente de missionários passou de dois mil para mais de doze
mil . De grande importância foi o desenvolvimento do progra-
ma de correlação, destinado a melhorar a eficiência dos pro-
gramas de ensino e auxiliares da Igreja, que foi introduzido
durante a sua presidência ; igualmente deu-se maior ênfase à
importância do lar por meio do programa de reuniões familia-
res, surgindo em resposta aos crescentes problemas sociais no
mundo.
Os serviços fúnebres do Presidente McKay foram realiza-
dos no Tabernáculo de Salt Lake a 22 de janeiro, tendo feito
uso da palavra os presidentes Nathan Eldon Tanner, Hugh B.
Brown, Harold B . Lee e Joseph Fielding Smith . A respeito do
falecido, disse o Elder Tanner : "Sua vida de destacado serviço
e liderança tem sido reconhecida, prestando-se-lhe grande tri-
buto por parte da imprensa, rádio e televisão em todo conti-
nente e outras partes do mundo, e por telegramas, cartas e
telefonemas de admiradores de perto e de longe .

DAVID 0 . MCKAY 365

"Como um dos maiores profetas e líderes desta dispensa-


cão, seu conselho era procurado e sua influência sentida pelos
líderes de todas as posições sociais, incluindo presidentes dos
Estados Unidos. Ele era amado, respeitado e reverenciado por
milhões de pessoas que agora lamentam sua morte.
"Durante a vida inteira, foi um autêntico exemplo da vida
de Cristo . . ."
O Presidente McKay foi sepultado numa bela encosta do
cemitério da Cidade do Lago Salgado.
Um epíteto apropriado para a vida do Presidente McKay é
o comentário de um eminente homem de negócios que o visi-
tou em 1955 : "Aí está o homem mais semelhante a Deus que
já encontrei . Se quiserem fazer um homem à imagem de Deus,
aí está o modelo ."
JOSEPH FIELDING SMITH

DÉCIMO PRESIDENTE

JOSEPH FIELDING SMITH


(1876-1972)

Por Dean May, Departamento Histórico da Igreja

O longo ministério de Joseph Fielding Smith foi caracteri-


zado por um compromisso especial com três grandes empe-
nhos ser um pai e esposo dedicado para a família, expor a
história e doutrina da Igreja, e promover o trabalho genealógi-
co. Não é de surpreender que tais preocupações hajam encon-
trado um paladino neste homem _ um homem cuja tradição
familiar é de natureza a inspirar visões de tenacidade e conti-
nuidade dinástica.
Durante o curso de sua própria vida, o Presidente Smith
foi reconhecido como um elo vivo como período de formação
da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e estabe-
lecimento de suas doutrinas . Seu pai, Joseph F. Smith, foi o
sexto presidente da Igreja, um líder que fez a Igreja entrar no
século vinte com um vigoroso e extenso programa de constru-
ção, inclusive do Hospital SUD, do Escritório Central da Igreja
na Rua East South Templo n° 47, e do Hotel Utah, todos na
Cidade do Lago Salgado, e os templos no Havaí e Canadá . Seu
avô paterno foi Hyrum Smith, patriarca da Igreja e irmão do
Profeta. Sua mãe, Julina Lambson Smith, trabalhou a maior
parte da vida como parteira, ajudando a manter a família nu -
merosa com os honorários de cinco dólares por parto . No re-
gistro que mantinha de sua clientela, sob a data de 19 de julho
de 1876, dia do nascimento de Joseph Fielding, ela anotou
discretamente ter feito em si própria o parto de um menino.
O menino Joseph foi criado em meio a recordações fami-
liares das perseguições aos santos remontando até os primór-
dios da Igreja . Assim, não é de surpreender que o garoto ad-
quirisse muito cedo um senso histórico, um sentido de respon-
sabilidade para com a família passada, presente e futura .

368 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Visto que o pai se via sobrecarregado com os trabalhos da


Igreja e responsabilidades para com sua família, Joseph pas-
sou sua juventude principalmente em companhia da mãe e
irmãos . Como filho mais velho, era freqüentemente convocado
para acompanhar a mãe à casa de suas pacientes . "Lembro-
me de quando levantava no meio da noite", recorda ele, "pe-
gava a lanterna e ia para a cocheira escura e atrelava o cava-
lo à charrete . Então, levava mamãe à casa de alguma partu-
riente para servir de parteira e cuidar do recém-nascido . Eu
ficava esperando sentado na charrete, e matutava por que
tantas vezes os bebês nasciam durante a noite".
Além de seu serviço como cocheiro da mãe em seus deve-
res profissionais, ele a ajudava em suas obrigações domésticas
de cuidar de seus treze filhos, dois dos quais eram adotivos.
Com isso, o jovem Joseph aprendeu a não só mudar habilmen-
te uma fralda, como também a cozinhar, fazer pão e tortas, e
até mesmo a confeccionar acolchoados de retalhos . Ele apa-
rentemente assumia tais encargos com espírito de amor e
prestimosidade, pois durante a vida inteira conservou seu afe-
to por crianças . Sua notável sensibilidade para com o mundo
infantil mostra-se nesta encantadora cartinha dirigida à sua
irmãzinha Rachel, enquanto fazia uma missão na Inglaterra
em 1900.

"Querida Irmã Rachel,


" Escrevi uma cartinha para Emily e esta é para você.
Mandei para Emily um cartão de Natal com a fotografia dela;
está um amor, não acha? Para você, eu estou mandando aque-
la com a fita vermelha, branca e azul, e uma paisagem do
desfiladeiro aonde vão passear às vezes durante o verão . Sei
que você gosta de fitas como esta e bonitas cenas do desfila-
deiro . . . Contei à Emily como é longe o lugar onde estou.
Quando vocês estão todos na cama dormindo à noite, o sol
está brilhando aqui e é dia ; e quando o sol está brilhando onde
vocês estão, aqui é noite e eu estou dormindo . Talvez você não
compreenda por que seja assim, mas algum dia saberá . Seja
boazinha para Tottie [a cachorra da família] e não deixe que
ela morda os estranhos . Diga-lhe que eu voltarei para casa um
dia, quando o tempo estiver bem quente e vocês puderem brin-
car fora de casa . Garanto que ela vai abanar o rabo e fazer

JOSEPH FIELDING SMITH 369

uma cara de quem compreendeu . Você vai ver só como o fará.


Quando eu voltar para casa, você estará tão crescida, que mal
vou reconhecê-la ; e você, acha que me reconhecerá? Eu esta-
rei do mesmo tamanho quando voltar, mas você não . Seja
uma boa menina e aprenda tudo o que puder ; seja boazinha
para a mamãe e para Mamie e ajude-as em tudo o que puder.
Gostaria de poder vê-la agora, mas tenho que esperar um
pouco.
" Seu querido irmão, Joseph ."

Não é de admirar que um homem capaz de escrever uma


carta tão bonita para uma criança, enquanto ainda com pouco
mais de vinte anos, se tornasse conforme dizia sua segunda
esposa, Ethel, "um marido e pai bondoso, cheio de amor, cuja
maior ambição é tornar sua família feliz, inteiramente esque-
cido de si próprio" . O Presidente Smith casou-se primeiro com
Louie Emily Shurtliff, em abril de 1898, antes de sua missão,
que lhe deu as duas filhas mais velhas, Josephine e Julina.
Após a morte dela em 1908, ele conheceu Ethel Georgina Rey-
nolds, e casou-se com ela . Era sua companheira de trabalho
no Escritório do Historiador da Igreja . Deste casamento, nas-
ceram nove filhos : Emily, Naomi, Lois, Joseph Fielding Jr .,
Amelia, Lewis, Reynolds, Douglas e Milton . Em 1937, a famí-
lia foi mais uma vez privada de sua "Mamma" pela morte,
conforme o Elder Smith costumava chamar suas sucessivas
esposas.
Um ano depois, Jessie Evans, senhora muito conhecida na
Cidade do Lago Salgado tanto por sua bela voz de contralto
como por sua carreira política como Escrivã do Condado de
Salt Lake, necessitou da assinatura do historiador da Igreja
em certo documento . Quando telefonou ao escritório deste per-
guntando se poderia ir procurá-lo, ele respondeu que preferia
ir ao escritório dela . Ele assim o fez -- aparentemente várias
vezes _ e poucos meses mais tarde, os dois estavam casados.
Jessie Evans Smith continuou cantando em reuniões da Igreja
e no Coro do Tabernáculo, além de apoiar o marido em seus
pesados encargos eclesiásticos . Esteve sempre ao lado dele,
consolando-o e apoiando-o, até precedê-lo na morte, em agos-
to de 1971 .

370 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Todos os filhos de Joseph Fielding Smith fizeram missão,


e todos os que se casaram fizeram-no no templo . Um dos fi-
lhos, Lewis, morreu combatendo na II Guerra Mundial . A vida
dos filhos é um tributo à qualidade de educação recebida dos
respectivos pais . O senso de responsabilidade mútua . pela hon-
ra da família foi, naturalmente, uma das características que
os pais conseguiram transmitir com êxito aos filhos . O amigo
de um de seus netos recorda de "como ele [o neto] sentira-
se . . . impressionado com a admoestação dos pais de que sua
conduta afetaria, bem ou mal, o nome de seu tataravô Hyrum,
e de seu avô, então presidente do Conselho dos Doze".
O Presidente Smith nunca infligia castigo físico aos filhos.
Quando necessitavam de uma reprimenda, ele simplesmente
os chamava para junto de si, colocava ambas as mãos sobre
seus ombros, e dizia, olhando-os diretamente nos olhos : "Qui-
sera que meus garotos fossem bonzinhos ." Aparentemente, ao
olharem dentro daqueles olhos cinza-azulados, sentiam que
aquele desejo de prestigiarem o nome da família não era só do
homem diante deles, mas de toda uma dinastia.
Ao falecer em 1972, o Presidente Smith deixou cento e
sessenta e nove descendentes diretos vivos, assegurando com
ampla margem que o precário passado da família encontraria
sua realização num futuro abundante . E de presumir que, de
todas as suas responsabilidades e realizações, o que lhe dava
maior satisfação era sua fiel e numerosa família.
A consciência do passado de sua própria família sem dú-
vida estimulou seu interesse pela história da Igreja a qual ele
ajudou a fundamentar e prestigiar . O interesse dos Smith pela
história da Igreja tem dois aspectos, pois não só tomaram par-
te nela, como também conservam a tradição de colaborar no
seu registro . O pai do Presidente Smith trabalhou no Escritório
do Historiador da Igreja antes de ser chamado ao apostolado
em 1866 . Trinta e seis anos mais tarde, assim que voltou da
missão, Joseph Fielding iniciou seu longo trabalho pessoal em
favor da história da Igreja . Andrew Jenson, um companheiro
de trabalho, anotou em seu diário que "o Irmão Jos . F. Smith
Jr . começou a trabalhar no E . H., ocupando a mesa que Parley
[filho do Irmão Jenson] desocupou ontem" . Durante quase três
quartos de século, ele continuou dedicando-se a "escrever, co-
piar, selecionar e obter todas as coisas que serão para o bem

JOSEPH FI.ELDING SMITH 371

da Igreja e para as gerações futuras que crescerão na terra de


Sião" . Uma designação especial nesse seu novo encargo o le-
vou a Massachusetts, para recolher dados genealógicos sobre
a família Smith . Sua primeira publicação, fruto dessa pesqui-
sa, foi um histórico da família, Asahael Smith of Tbpsfield,
Massachusetts, editado em 1902 . Ajudou Brigham H . Roberts
na edição da obra de Joseph Smith History of the Church ; e
quando solicitado a manter um diário do Escritório do Histo-
riador, ele transformou o que costumava ser um registro de
freqüência dos funcionários num valioso depoimento diário
das atividades do escritório.
Chamado para ser apóstolo em 1910, mesmo assim per-
sistiu na monumental tarefa de compilar o Journal History do
século vinte . (O Journal History é uma extensa crônica de arti-
gos de jornais e outros documentos valiosos, abrangendo um
registro cotidiano da Igreja .) Sua dedicação era tamanha, que
no dia de seu segundo casamento, com Ethel, ele passou parte
do dia trabalhando no Journal History referente a 1902.
Em 1921, o Élder Smith passou a historiador da Igreja em
sucessão a Anthon H . Lund . Um ano depois, publicava Essen-
tials in Church History, obra que desde aí teve vinte e seis
edições em inglês e foi traduzido para o francês, alemão, no-
rueguês e espanhol . Destinado a corrigir a imagem negativa
criada pelos críticos da Igreja do século dezenove, esta obra
tem servido como material de estudo para gerações de alunos
do seminário e outros membros da Igreja . Mais de cinqüenta
anos depois de sua primeira edição, Essentials in Church His-
tory continua cumprindo seu valioso propósito como crônica
da história SUD e indispensável compilação informativa.
Esta obra de referência da história da Igreja é suplemen-
tada por outra semelhante a respeito de assuntos doutrinários,
compilada por seu filho Joseph, intitulada Answers to Gospel
Questions . E uma compilação da coluna "Your Question", con-
tendo cinco volumes, publicada mensalmente na Improvement
Era de 1953 a 1967, e de seu arquivo particular. Estes são
apenas os mais conhecidos dos numerosos livros de sua auto-
ria a respeito de história, doutrina e genealogia . Outras obras
incluem (por ordem de publicação, sem contar os livretos ou
livros compilados de breves artigos e sermões) : Blood Atone-
ment and the Origin of Plural Marriage (1905), Origin of the

372 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Re:wganized Church and the Questioh of Succession (1929),


The Progress of Man (1936), The Life of Joseph F . Smith
(1938), The Signs of the Times (1943), O Caminho da Perfeição
(1953), e Man, His Origin and Destiny (1954).
Sua dedicação ao progresso da pesquisa genealógica era
um complemento natural do seu interesse pela história da
Igreja . O estudo da história cria entre os mórmons um senso
de identidade como pessoas cujos antepassados espirituais (se
não literais) compartilharam experiências que os ligaram co-
mo povo. Semelhantemente, o registro genealógico cria o sen-
so de identidade familiar, ligando os membros da Igreja com
antepassados cujas experiências na vida, ainda que diferentes,
não obstante são significativas por estarem ligadas ao presen-
te pelo firme vínculo de um contínuo relacionamento familiar.
Para alegria de Joseph Fielding Smith, esses dois benefícios
eram uma só coisa — estudar a história da Igreja era estudar
a história familiar . Em 1907, ele começou a trabalhar com a
Sociedade Genealógica . Era o editor-adjunto da Utah Genealo-
gical and Historical Magazine, quando de sua fundação em
1910 . Escreveu muitos livros e livretos sobre princípios e téc-
nicas do trabalho genealógico e as doutrinas em que se basea-
va . Em 1934, tornou-se presidente da Sociedade Genealógica,
posto que exerceu por vinte e nove anos . Durante sua gestão,
exerceu grande influência na formulação dos processos de
pesquisa e processamento de dados genealógicos de membros
da Igreja . Assim que foi possível, empregou as modernas téc-
nicas de microfilmagem e sistemas computorizados de arqui-
vamento e localização para consulta . Durante sua gestão, a
Biblioteca Genealógica da Cidade do Lago Salgado reuniu uma
coleção de dados que a tornam o maior depósito individual de
matéria para pesquisa genealógica.
O objetivo espiritual da pesquisa genealógica é, obvia-
mente, possibilitar as ordenanças salvadoras do Evangelho a
uma quantidade maior da família humana . Também nesse
trabalho, o Presidente Smith se destacou . De 1915 a 1935,
serviu como conselheiro dos presidentes Anthon H. Lund e
George F . Richards, na presidência do Templo de Salt Lake.
Em 1945, foi chamado como presidente, posição que ocupou
até 1949 .

JOSEPH FIELDING SMITH 373

Assim, durante toda sua vida, o Presidente Smith conti-


nuou a fazer de seu amor à família, à história da Igreja e à
pesquisa genealógica um rico paradigma de abnegada dedica-
ção aos semelhantes e à Igreja . E fazia-o não raro conjugado
com a sóbria imagem de um historiador e patriarca.
E bem verdade que, como rapaz, o Presidente Smith gos-
tava de estudar e ler, e quando seus amigos o procuravam
para uma partida de bola, muitas vezes era encontrado no
celeiro de feno lendo o Livro de Mórmon ou outras Escrituras.
Mas também possuía outra faceta — tinha facilidade de ver o
lado humorístico das experiências da vida e gostava de uma
boa piada, especialmente se fosse às custas de adultos . Certa
vez, o pai repreendeu-o por não ser capaz de engendrar um
meio de trancar o portão do curral, de forma a não ser aberto
por Juny, a esperta égua de estimação da família . O animal
parecia ter mais inteligência do que ele, disse-lhe o pai . "E
assim", recorda o Presidente Smith, "papai prendeu-a pes-
soalmente com auxílio de uma correia e fivela, observado pla-
cidamente pelo animal; tão logo lhe demos as costas, ela se
pôs a trabalhar com os dentes até conseguir abrir a fivela e
sair atrás de nós, para minha satisfação . Não pude deixar de
sugerir a papai que eu parecia não ser o único cuja cabeça
perdia para a da égua".
O Presidente Smith foi já na juventude um precoce estu-
dioso das Escrituras e questões do Evangelho . "Nunca achei
nenhum lugar das Escrituras que diga que Jesus batizou al-
guém", disse certa vez um de seus colegas de classe . "Leia o
capítulo quatro de João, para começar", foi a resposta imedia-
ta . Sacudindo a cabeça o colega replicou : "Ah, deixa para lá!
Garanto que ele as conhece todas de cor ." Mas encontrava
tempo para passar tardes aprendendo a nadar nas águas cal-
mas do Rio Jordão e pastoreando gado na fazenda da família
em Taylorsville, Utah . Certa vez, aos sete anos de idade, ele
ordenhou secretamente a vaca da família, provando, assim,
que conseguia cuidar das tarefas dos adultos tão bem quanto
eles . Descobrindo sua avançada perícia na ordenha, a família
concedeu-lhe a dúbia honra de ordenhar a vaca todos os dias.
Só mais tarde ele veio a lastimar a "honra" recebida.
Quando adulto, o Elder Smith era capaz de passar horas e
horas debruçado sobre poeirentos documentos e registros, íon-

374 OS PRESIDENTES DA IGREJA

tes de seus estudos históricos . Mas também gostava de, oca-


sionalmente aos sábados, aparecer na cozinha, arregaçar as
mangas e fazer tortas para a família — não apenas duas ou
três, mas doze ou quinze! Sua filha Julina (agora Julina S.
Hart) conta que "mamãe então argumentava baixinho : —
Ora, paizinho, não precisamos de tantas tortas . Além disso,
tortas não prestam quando velhas . Mas sabem de uma coi-
sa, nunca vi uma torta ficar velha . Elas não duravam tanto;
nós as adorávamos, e ele sempre cuidava de dar algumas aos
vizinhos ou a alguém que precisava de um agrado".
Embora durante sua vida contribuísse mais do que qual-
quer outra pessoa, provavelmente, à promoção da pesquisa
genealógica, não tinha o protótipo da figura de estudioso ex-
cêntrico que o mundo muita vez associa a tal ocupação.
Amante da vida, ainda na meia idade era um páreo duro para
os filhos no Handebol e continuou jogando bola até mais de
sessenta anos . Durante todos os seus noventa e seis anos nun-
ca foi hospitalizado por causa de alguma doença.
O basebol tornou-se uma tradição familiar, "tendo o pai
atarefado na primeira base ou rebatendo a bola para seus ávi-
dos filhos e filhas" . Certa vez, quando era apóstolo, estava
numa conferência de estaca com o Élder Adam S . Bennion.
Este, que mais tarde contou o caso, observou que uma das
autoridades da estaca estava saindo do recinto seguidamente.
Era época do campeonato nacional de basebol . Finalmente, o
Elder Bennion atinou que a pessoa estava saindo para saber a
contagem de uma partida em andamento na ocasião . Contou
que na hora passou ao tal irmão um bilhete perguntando qual
era a contagem. O irmão respondeu no bilhete : "Yankees 4;
White Socks 2, no oitavo turno ." O Élder Bennion leu o bilhete
e ia amassá-lo, quando o Élder Smith que se inclinara tentan-
do ler também, estendeu a mão, tirou-o do Irmão Bennion e
disse : "_ Não faça segredo ; estou tão interessado no resulta-
do quanto você ."
O Presidente Smith presidia as cerimônias no templo tão
dignamente e com tão profunda espiritualidade, que sugeria
ser ele próprio um remanescente do primeiro despertar espiri-
tual do homem . Não obstante, aceitava entusiasticamente os
avanços tecnológicos do século vinte, aproveitando-se deles
sempre que servissem aos seus propósitos . Tendo vinte e sete

JOSEPH FIELDING SMITH 375

anos de idade quando os irmãos Wright fizeram seu primeiro


vôo bem sucedido em Kitty Hawk, Carolina do Norte, em
1903, ele ainda chegou a ver em vida o milagre do avião a
jato. Certa ocasião, quando os vôos a jato ainda não eram
comuns, o Elder Smith descobriu consternado que marcara
uma importante reunião na Cidade do Lago Salgado que ocu-
paria grande parte do mesmo sábado em que estava designa-
do a presidir uma conferência trimestral em São Francisco à
noite e no domingo . A desagradável perspectiva de cancelar
um dos dois compromissos pôde ser evitada, quando um ami-
go da Guarda Aérea Nacional, que por acaso soubera do pro-
blema, descobriu que um vôo de treinamento necessário até
São Francisco resolveria perfeitamente o problema do apósto-
lo . Joseph Fielding Smith gozou então as alegrias de um vôo a
jato e cumpriu ambos os compromissos de sábado . Em reco-
nhecimento ao seu ávido interesse pela aviação, a Guarda Na-
cional de Utah conferiu-lhe em 1960 o posto honorário de ge-
neral-de-brigada . O homem cuja prosa vencia galharda-
mente os meandros de complexos problemas doutrinários,
também gostava de escrever versos sobre animais, a família e
acima de tudo, sobre o Evangelho . Um de seus hinos começa
com um severo lembrete dos percalços- da vida, mas culmina
na promessa de que a mão estendida de Cristo pode conduzir o
homem corajoso e resoluto para a paz e realização:
É extensa a jornada,
Escabroso o caminho?
Há espinhos e cardos na estrada?
Pedras ferem-te os pés
Quando tentas alçar
Os degraus da diária escalada?
Não se turbe tua alma
Este é teu labutar
Há alguém acenando-te além
Olhos fitos no alto
Segura Sua mão
E o mais alto terás por teu bem.
Um país santo e puro

376 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Onde os males têm fim


E liberto serás do pecado
Não há lágrima ou dor
Nem tristezas enfim
Entra ali com Jesus ao teu lado.

A letra do hino parece quase que uma metáfora dos múlti-


plos aspectos da personalidade do Presidente Smith . No púlpi-
to, era um vigoroso pregador de sermões ortodoxos, um intré-
pido defensor das doutrinas e princípios tradicionais do Evan-
gelho. Para alguns, parecia simbolizar a austeridade e conser-
vadorismo do século dezenove ; porém, ainda que preso ao
passado, ele sabia que suas energias tinham que ser dirigidas
para a satisfação das necessidades presentes e futuras.
O preparo do Presidente Smith para uma vida inteira de
serviço foi mais prático que acadêmico . Aos dezoito anos, co-
meçou a trabalhar gratuitamente como secretário do pai, aju-
dando-o no crescente volume de correspondênia da Igreja na
qual este servia como segundo conselheiro na Primeira Presi-
dência . Casando-se aos vinte anos no Templo de Salt Lake,
Joseph Fielding continuou ajudando o pai até ser designado
como setenta e chamado a fazer missão na Inglaterra com a
idade de vinte e três anos. As cartas que o pai lhe escreveu
durante sua missão revelam um pai reservado ainda que amo-
roso, procurando seriamente corrigir e melhorar os filhos, até
mesmo nos mínimos detalhes da vida . Depois de escrever uma
carta cuidadosamente redigida, instruindo o jovem Joseph a
não perder muito tempo tentando converter ministros de ou-
tras igrejas, ocorreu ao pai mais um pensamento . "Meu queri-
do rapaz", acrescentou à carta, "por favor, arranje uns enve-
lopes que combinem com seu papel, para que não tenha que
dobrar as bordas deste para que caibam no envelope . Uma
coisa que não suporto é que escrevam em torno das margens.
Espero que você nunca o faça . Papai".
Noutra ocasião, Joseph_ F . Smith mostrou-se preocupado
com a apresentação do filho : "Examinando a fotografia dos
missionários que nos mandou, vejo que está usando a mesma
roupa com que saiu de casa, enquanto a maioria dos outros
parece estar vestindo trajes ingleses . Gostaria de vê-lo usando

JOSEPH FIELDING SMITH 377

roupa decente e confortável, e terei prazer em mandar-lhe os


meios necessários para tal propósito, tão logo for possível ."
As atenções paternas, todavia, de forma alguma se ati-
nham apenas a pormenores de apresentação pessoal e manei-
rade escrever cartas. Em princípios da primavera de 1900,
Joseph F. Smith enviou ao filho missionário algumas breves
recomendações que se aplicariam proveitosamente a quase to-
dos os nossos esforços religiosos e literários : "E quase desne-
cessário dizer-lhe que faça orações breves e sinceras, sermões
curtos e sinceros, e escreva cartas curtas, concisas e pertinen-
tes, e tão freqüentemente quanto puder . A dificuldade da
maioria das pessoas é serem por demais prolixas, tanto no
falar como no escrever . Temos que concentrar a mente e o
modo de pensar, e condensar as coisas . Noto com satisfação os
progressos que está fazendo . Com inabalável amor, seu afei-
çoado pai, Jos . F. Smith ."
Durante toda a missão do jovem Joseph, pai e filho conti-
nuaram a trocar opiniões sobre assuntos doutrinários e escri-
turísticos, bem como outros pontos . Se Joseph não pôde convi-
ver muito com o pai quando criança, é patente que este procu-
rou compensá-lo na mocidade, aceitando-o como um adulto —
como alguém ainda necessitado de polimento, mas cujas
idéias não obstante deviam ser levadas a sério . Essa aprendi-
zagem deve ter sido uma experiência de grande satisfação pa-
ra o filho.
Retornando da missão em 1901, Joseph Fielding começou
um serviço missionário local que durou nove anos e empre-
gou-se como secretário no Escritório do Historiador da Igreja.
Em 1903, tornou-se membro da junta geral da Associação de
Melhoramentos Mútuos dos Rapazes, na qual serviu durante
dezesseis anos . Sendo promovido no Escritório do Historiador,
em 1906. passou a historiador-assistente da Igreja . Em 1910,
com trinta e três anos de idade, foi apoiado como membro do
Conselho dos Doze, sendo ordenado por seu pai que era então
presidente da Igreja . Subseqüentemente foi designado para a
Junta Educacional da Igreja . Em março de 1921, tornou-se
historiador da Igreja, posto que ocupou até tornar-se presiden-
te da Igreja, em 1970 . Em 1922, foi nomeado secretário e
diretor da Sociedade Genealógica . Cinco anos depois, foi desig-
nado membro da junta geral da União da Escola Dominical

378 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Deseret, na qual serviu até 1935 . Em 1934, foi nomeado presi-


dente da Sociedade Genealógica, posição que ocupou por trin-
ta anos . Em 1939, ele e sua esposa Jessie Evans Smith cumpri-
ram uma designação especial na Europa, visitando os santos
em vários países . Ainda se encontravam lá, quando irrompeu
a guerra, e a pedido da Primeira Presidência, dirigiram a eva-
cuação de todos os missionários americanos . Em 1945, ele
tornou-se presidente do Templo de Salt Lake, e seis anos mais
tarde, presidente do Conselho dos Doze . Seu trabalho nas duas
décadas seguintes inclui viagens missionárias ao Extremo
Oriente, Inglaterra, América do Sul e Central, e Austrália.
Durante uma dessas viagens pela América do Sul em
1960, ocorreu uma experiência inspiradora . Uma irmã recém-
convertida de muita fé, aguardara com grande alegria a visita
do Elder Smith a Porto Alegre, Brasil, sua cidade natal . Um
dia antes da chegada dele, ela teve um ataque cardíaco e foi
internada num hospital de onde não sairia tão cedo, na opi-
nião dos médicos . Desconsolada por não poder ver o apóstolo,
ela parecia ter perdido toda vontade e ânimo necessários para
recuperar-se . Os missionários, preocupados, procuraram o El-
der Smith em seu hotel e contaram-lhe o caso . Profundamente
tocado, este programou seus horários de modo a ter tempo de
visitá-la e abençoá-la . Ao vê-lo entrar no quarto, a mulher foi
dominada pela alegria e exclamou : "Agora que ele veio, fica-
rei boa na certa ." Colocando suas mãos sobre a cabeça da
enferma, ele ordenou que a doença saísse dela . Mais tarde, a
irmã contou que, quando ele lhe impôs as mãos sobre a cabeça
e começou a falar, a dor desapareceu na hora . Os médicos,
não conseguindo entender o acontecido, descobriram que não
havia mais nenhum sintoma do mal e deram-lhe alta no dia
seguinte . Essa irmã conservou-se fiel ao Evangelho, prestando
seguidamente testemunho de sua cura milagrosa.
Em 1970, com o passamento do Presidente David O.
McKay, Joseph Fielding Smith tornou-se o décimo presidente
da Igreja . Aos noventa e três anos, idade em que a maioria dos
homens já deixou para trás todos os cuidados terrenos, ele
assumia o fardo da maior responsabilidade de sua vida . Por
cerca de duas décadas o Presidente McKay havia sido o Profe-
ta, arrebatando uma geração inteira com sua franca, humana
e amorosa inspiração . O Presidente Smith, pelo contrário, era

JOSEPH FIELDING SMITH 379

tido por alguns como pessoa rígida, austera ; certo escritor ca-
racterizou-o como um "grande desconfortador", um homem
que trazia "uma espécie de desconforto divinamente prescrito,
uma incitação à justiça um tanto importuna" . Alguns duvida-
vam de que fosse capaz de exercer a firme, vigorosa liderança
que os tempos pareciam exigir.
As eventuais dúvidas a respeito da capacidade de lideran-
ça do Presidente Smith foram rapidamente dirimidas . Iniciou-
se a reestruturação de muitos setores da organização da Igre-
ja ; foi dada nova ênfase à organização regional como elo in-
termediário entre a direção geral e unidades locais da Igreja;
aos quoruns do Sacerdócio nas alas deu-se maior responsabili-
dade quanto às necessidades dos membros da ala, aliviando
assim o fardo que antes pesava bastante sobre os bispos . As
escolas da Igreja foram beneficiadas com nova liderança pela
nomeação de homens de larga visão intelectual e espiritual-
mente aptos para posições chave . O Escritório do Historiador
da Igreja foi reorganizado, sendo o posto ocupado por eminen-
te e conhecido historiador profissional . Um novo bibliotecário
da Igreja trouxe perícia profissional à tarefa -de tornar facil-
mente acessíveis os materiais publicados sobre a Igreja . A pu-
blicação de cinco periódicos da Igreja — Improvement Era,
Children's Friend, Rélief Society Magazine, Instructor e Im-
pact, este último do sistema de seminários — foi suspensa e
substituída pela criação de três novos órgãos : 0 Ensign para
os leitores da Igreja em geral, a New Era para os jovens e o
Friend para as crianças.
Foi criado um departamento de serviços sociais destinado
a fornecer aos membros através dos respectivos bispos, acesso
a serviços de orientação e aconselhamento profissional, quan-
do necessário . Pela primeira vez chamaram-se médicos como
missionários, a fim de ajudar a Igreja a assumir maior respon-
sabilidade no campo da instrução, condições de vida e saúde
entre os membros em regiões do mundo que disponham de
limitadas oportunidades de progresso . Foram introduzidos
programas de orientação especial para instruir e aconselhar
novos bispos, missionários e rapazes que ingressam no serviço
militar.
Sob a liderança do Presidente Smith, foram concluídos e
dedicados dois novos templos em Ogden e Provo, Utah . Em

380 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Manchester, Inglaterra, realizou-se a primeira conferência ge-


ral de área, realçando, juntamente com a abertura de missões
do Sudeste Asiático e estacas no Japão e Africa, a crescente
missão mundial da Igreja.
A ênfase dada pelo Presidente Smith ao baluarte da famí-
lia contra a desorientação no mundo moderno encontrou sig-
nificado na escolha da noite de segunda-feira para a reunião
familiar, noite esta em que não deve haver nenhuma outra
reunião ou atividade na Igreja . Organizaram-se unidades es-
peciais da Igreja para atender os membros que, em virtude de
questões de idioma, deficiências físicas ou raça, não podiam
receber a necessária atenção nas alas comuns . Como dizia um
observador, o Presidente Smith demonstrou "larga visão em
seus próprios sermões e um dinâmico novo espírito de confian-
te ousadia na atuação da Igreja" . Ele apoiou e esclareceu os
audaciosos empreendimentos que lançou como profeta, com o
firme, inabalável testemunho da igreja dos últimos dias — a
essência e fonte de sua grande força como líder . Embora seu
período de profeta não fosse longo, seus feitos foram obra de
muitos anos . Sua vitalidade física o sustentou durante um ins-
pirado, criador momento do tempo, a despeito do fardo extra
de tristeza com a perda da sua esposa Jessie, em agosto de
1971.
O Presidente Smith teve igual sucesso em desfazer, sua
velha imagem de pessoa austera e inacessível . Um testemunho
que, sem dúvida, tê-lo-ia deliciado foi contado por um conver-
so da Igreja que o viu pela primeira vez durante a conferência
da AMM, duas semanas antes de sua morte.
"Durante aquele fim de semana, eu testemunhei coisas
que desde aí venho tentando traduzir numa imagem . Em sim-
ples palavras, contemplei um testemunho vivo de Jesus Cristo.
Diante de mim, estava sentado um pai amparado por um filho
justo de cada lado . A devoção filial dos dois homens mais jo-
vens refletia o amor, paciência e fé num pai generoso, um pai
para a Igreja bem como para a própria família . Vendo-o presi-
dir nossa primeira reunião geral, foi como se também eu me
tornara um membro adotivo da família do Presidente Smith.
Meu espírito testemunhou lampejos de santidade naquele ho-
mem, e o seu amor por mim se fez sentir tão fortemente quan-
to o amor que tenho recebido de nosso Deus e Pai nos céus ."

JOSEPH FIELDING .SMITH 381

Joseph Fielding Smith faleceu pacificamente na casa de


uma de suas filhas, na noite de domingo, 2 de julho de 1972.
Seu funeral foi realizado no Tabernáculo de Salt Lake, na
quinta-feira, 6 de julho, após o que foi sepultado no lote da
família Smith, no cemitério da Cidade do Lago Salgado .
DÉCIMO-PRIMEIRO PRESIDENTE

HAROLD B . LEE
(1899-1973)

Por Leonard J. Arrington, Historiador da Igreja.

Na tarde de 20 de abril de 1935, Harold Bingham Lee


desceu as escadarias do Edifício Administrativo da Igreja e
dirigiu-se para seu carro . Atemorizado com o peso de um novo
chamado, subiu de carro a sinuosa estrada para o alto do City
Creek Canyon, onde existe um pequeno bosque chamado Par-
que Rotary . Parou o carro, desceu e se pôs a caminhar . Um
leve vento primaveril soprava por entre as árvores que come-
çavam justamente a mostrar seus primeiros minúsculos bro-
tos . E ali no parque, em suas próprias palavras, "busquei meu
Pai Celestial . Sentei-me, a fim de ponderar o assunto, imagi-
nando como aperfeiçoar uma organização, a fim de desempe-
nhar meu encargo . Naquela linda tarde de primavera, recebi o
testemunho de que Deus já havia revelado a maior organiza-
ção que poderia ter dado ao homem ; . . . tudo o que faltava
agora era colocá-la em andamento, e o bem-estar temporal
dos santos dos últimos dias estaria salvaguardado".
Aquele inesperado passeio de primavera foi a seqüência
de uma manhã passada com o Presidente Heber J . Grant e
seus conselheiros Anthony W . Ivins e J . Reuben Clark Jr ., dis-
cutindo os planos para o que mais tarde viria a ser o Progra-
ma de Bem-Estar da Igreja . O Élder Lee fora escolhido pela
Primeira Presidência para atuar como diretor na introdução
de um audacioso e novo programa de assistência econômica
que livraria milhares de santos dos últimos dias do desespero
da penúria material causada pela Grande Depressão, durante
a qual os Estados Unidos sofreram a pior catástrofe financeira
de sua história . Até mesmo o industrioso Estado de Utah sen-
tia os tormentos do desastre nacional . O estado que ainda há
poucos anos azafamava-se em movimentada prosperidade, fo-

384 OS PRESIDENTES DA IGREJA

ra atingido pelas garras da miséria . Da mesma forma como


em Seattle, Boston e São Francisco, as filas de pão e sopa dos
pobres na Cidade do Lago Salgado mostravam dramaticamen-
te o fracasso do sonho americano . (A depressão atingia tam-
bém muitos outros países do mundo .)
A época em que foi chamado pela Igreja para projetar o
programa do bem-estar, o Elder Lee servia como comissário
da Cidade do Lago Salgado, posto para o qual fora primeiro
nomeado e depois eleito . Ele conhecia os problemas . Todos os
dias, ao supervisionar a conservação das ruas da cidade, ob-
servava os olhares solenes de pais, antes orgulhosos e próspe-
ros, agora procurando freneticamente meios de alimentar a
família. Via os rostos apáticos das crianças que não conse-
guiam compreender por que seus pais não mais voltavam para
casa carregados de mantimentos.
Durante meia década antes desse chamado, o Irmão Lee
vinha servindo como presidente da Estaca Pioneer, um agru-
pamento de sete mil e quinhentos santos, dos quais quatro mil
e oitocentos estavam agora desempregados ou recebendo as-
sistência governamental . Ele encarava o problema maciço não
em termos estatísticos ou econômicos, mas em seu aspecto
humano . Como o Irmão Jones poderá comprar carvão sufi-
ciente para manter a família aquecida durante o inverno? Co-
mo a Viúva Campbell conseguirá adquirir os medicamentos
para sua filha com pneumonia? 0 que pode ser feito para me-
lhorar o bem-estar mental, físico e espiritual de cada pessoa
na estaca?
Conforme bem sabia a Primeira Presidência, o Elder Lee
era dotado de excepcional talento para administrar progra-
mas em grande escala — para engendrar meios de solucionar
grandes problemas de maneira pessoal . Esta característica es-
piritual de Harold B . Lee era o resultado de sementes, lança-
das em sua juventude, que desabrocharam primeiramente no
programa do bem-estar e mais tarde na vigorosa liderança de
uma igreja que se tornava uma força internacional, para o
bem da humanidade . Depois de ter sido apoiado como profeta,
vidente e revelador da Igreja, declarou : "Não é mais admissí-
vel encarar esta igreja como uma 'igreja de Utah' ou 'igreja
americana' : Seus membros estão agora espalhados em setenta
e oito países da terra, pregando o Evangelho em dezessete

HAROLD 'B . LEE 385

idiomas diferentes. Esta congregação tão extensa da Igrejá é


atualmente nosso maior problema . . . Manter o passo com os
numerosos problemas apresenta alguns imensos desafios à li-
derança da Igreja ." Essa ampla perspectiva foi o resultado de
uma vida de responsabilidades administrativas e longa expe-
riência no desenvolvimento e execução de programas em be-
nefício do povo.
A clássica frase com que Néfi inicia o Livro de Mórmon —
"tendo nascido de boa família" — bem que poderia ter sido
escrita por Harold B . Lee, pois vinha de uma família formada
de homens e mulheres de visão, discernimento e coragem . Sua
linhagem é composta de pioneiros destemidos, tanto no senti-
do espiritual quanto físico — antepassados que legaram ao
jovem que mais tarde viria a ser o profeta, vidente e revelador
da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, uma
tradição de fé, amor e discernimento . Sob muitos aspectos, ele
tornou-se o instrumento para tornar realidade a industriosa
Sião sonhada pelos antepassados para a sua progênie.
A história da família Lee na América principia em 1745,
quando William Lee enfrentou as durezas de um navio de emi-
grantes para começar vida nova na Carolina do Norte e do
Sul, terra de plantações e oportunidades. Na América, foi feri-
do na Guerra de Independência norte-americana, tendo sido
dado por morto após a batalha de Guilford County Courthouse,
nas Carolinas, em março de 1781 . Foi encontrado nessas con-
dições de abandono por uma enfermeira, com a qual se casou
mais tarde . Desta união, nasceram quatro filhos, sendo Sa-
muel o mais moço.
Dois anos apenas depois da organização da Igreja, os fi-
lhos de Samuel _ Francis, Alfred e Eli — e respectivas famí-
lias, aceitaram o Evangelho restaurado e foram batizados . So-
freram as vicissitudes, perseguições do populacho e assassina-
tos do Condado de Jackson, Far West e Nauvoo, e participa-
ram da longa migração para a Grande Bacia . Durante sua
jornada para o Oeste, Samuel, o pai, foi ao encontro dos filhos
em Winter Quarters, onde pouco depois se batizou.
Depois da árdua jornada cruzando as Grandes Planícies,
a família de Francis Lee — que então já era casado — estabe-
leceu-se em Tooele, a oeste da Cidade do Lago Salgado, sendo
depois chamado pelo Presidente Brigham Young para coloni-

386 OS PRESIDENTES DA IGREJA

zar St. George . Em obediência incondicional, a família transfe-


riu-se para as terras dos penhascos escarlates e cobertas de
yreasewood (Arbusto quenopodiáceo, típico dos solos alcalinos
do oeste dos É .U.A .) do sul de Utah . Não muito depois, foram
chamados' a mudar-se mais uma vez, agora para o Vale Mea-
dow, Nevada, situado na região sudoeste do Território de
Utah, que na ocasião incluía Nevada . Ali, num local mais tar-
de denominado Panaca, eles construíram um rústico abrigo
cúbico de barro coberto com um telhado de varas.
Certa vez, quando apenas Jane Johnson Lee estava em
casa, dois índios invadiram o pequeno abrigo da família . Um
dos guerreiros pele-vermelha mandou por meio de gestos que
lhe desse a arma que estava num canto, porém a Irmã Lee
recusou-lha. Quando ele quis pegá-la, ela o golpeou com uma
acha de lenha, pondo-o fora de combate . Ao recobrar os senti-
dos, o índio armou seu arco, apontando-lhe uma flecha . Ela
mais uma vez atacou com seu pedaço de pau . Conseguiu que-
brar o arco e flecha, e ele tratou de se pôr em segurança,
contente por ter escapado com os ossos inteiros . Mais tarde, a
Irmã Lee provou-se uma boa amiga dos índios da região e que
gozava de confiança deles.
Os dois filhos deste resoluto casal de pioneiros casaram-
se com irmãs . As garotas McMurrin, membros convertidos na-
turais da Escócia, tinham chegado à Cidade do Lago Salgado a
pé com uma companhia de carros de mãos, acompanhadas
pelo pai que era tanoeiro . Samuel Lee desposou Margaret, e
Francis Jr., Mary . Numa época em que um parto era coisa
arriscada — quando um médico e sala de parto esterilizada
eram quase inexistentes _ Margaret deu à luz doze filhos.
Onze de seus bebês morreram pouco depois de nascer ; apenas
um, o décimo-primeiro, a que deram o nome do pai, Samuel
Lee, sobreviveu . Mas então Margaret faleceu . Samuel, sendo
prematuro, era um bebê tão minúsculo, que se podia enfiar-
lhe uma aliança no bracinho.
Mary McMurrin passou a criar o recém-nascido junto
com seu próprio bebê enquanto lho permitiu sua saúde . Enfer-
mando-se, ela e o marido viajaram com as crianças para a
Cidade do Lago Salgado e deixaram o bebê Samuel com sua
avó McMurrin, que o criou até os dezesseis anos . Agora já um

HAROLD B . LEE 387

moço, Samuel tomou o rumo norte para o Vale Cache, a fim de


fazer fortuna. Em vez desta, encontrou ali sua esposa . En-
quanto vivia na aldeia de Clifton, Idaho, veio a conhecer Loui-
sa Bingham, a moça de olhos e cabelos escuros.
0 casamento de Samuel e Louisa no Templo de Logan em
1895 estabeleceu uma união da qual nasceram seis filhos . A
casa deles ficava "lá adiante na linha, cinco quilômetros ao
norte do armazém" . 0 tal "armazém" era a única casa comer-
cial da localidade, e "a linha " um estreito caminho lamacento,
poeirento ou coberto de neve, dependendo da estação . A "Tia
Susan" Henderson servia de parteira na região, uma vez que o
hospital e médico mais próximos ficavam a quilômetros de
distância . Num dia de ventania, 28 de março de 1899, Tia
Susan viu o pequeno Harold Bingham Lee respirar pela pri-
meira vez.
A melhor descrição de sua infância por parte do Presiden-
te Lee foi quando disse : "Tínhamos tudo o que o dinheiro não
pode comprar ." Embora o dinheiro andasse escasso na passa-
gem do século, as crianças Lee jamais se deram conta de se-
rem pobres por causa das muitas coisas divertidas disponí-
veis. Havia o tanque dos Dudley, onde os garotos descalços
iam nadar . Num outro lago, na fazenda Bybee, o futuro profe-
ta foi batizado um membro da Igreja, aos oito anos de idade.
A vida do campo não deixava de ter seus perigos, e a
infância de Harold teve seu quinhão de desventuras . Quando
ainda bem pequeno, engoliu um pedacinho de potassa, pen-
sando ser açúcar-cande . De acordo com uma história no Dese-
ret News em 1934, "se não fosse a presença da avó, de sua
mãe . e uma porção de azeite de oliva, esta história não teria
sido escrita".
Aos cinco anos, Harold visitou a escola da vizinhança,
onde mostrou, para deleite e surpresa do professor, que sabia
escrever o alfabeto — e seu nome também . Impressionado
com tal precocidade, o professor fez com que o garotinho de
macacão começasse a freqüentar a escola um ano antes da
idade habitual . As crianças Lee iam para a escola numa char-
rete puxada por um pequeno alazão dirigido pela mãe . Segun-
do Perry, irmão de Harold, todos os dias eles chegavam à
pequena escola vestindo calças até os joelhos, camisas com
punhos brancos engomados dobrados por cima das mangas do

388 OS PRESIDENTES DA IGREJA

casaco e golas de marinheiro brancas caindo sobre os ombros.


"E depois havia os cachos 'saca-rolhas"', acrescenta Perry,
"cuidadosamente penteados e penosamente enrolados, que
nos pendiam sobre os ombros para todo mundo ver — puxar
e zombar . Harold foi mandado para a escola aos cinco
anos, ainda ostentando sua linda cabeleira . Foi talvez então
que enfrentou pela primeira .vez o treinamento para os duros
golpes da vida futura . Basta dizer. que aqueles cachos causa-
ram mais punhos machucados e tapa-olhos do que política ou
religião . Finalmente, ele ficou saturado daquilo e ainda me
lembro de quanto mamãe chorou, quando ele surrupiou uma
tesoura e literalmente 'tosou' uma das madeixas encaracola-
das da frente, estragando todo o efeito e obrigando o corte das
demais — para seu grande alívio . Era afinal um rapaz — gor-
ducho, rechonchudo e mimado por todos os professores".
0 avô de Harold era subdiretor numa penitenciária de
Idaho, e como a prisão não ficava longe, eles conservavam na
propriedade rural da família uma matilha de sabujos para ca-
çar eventuais fugitivos . Quando os cães uivavam durante a
noite perseguindo um prisioneiro fugitivo, a valorosa avó de
Harold costumava mandar as crianças para um pequeno
quarto e trancar a porta, achando que não deviam receber
"impressoes negativas".
A fazenda dos Lee não dava muito lucro, visto que sua .
abundante produção de trigo e batatas era vendida a preço
extremamente baixo . Para aumentar a renda familiar, o pai
empregava-se na colheita de cereais, abertura de poços e de
canais de irrigação.
Recordando sua infância numa de suas mensagens aos
jovens, dizia o Presidente Lee : "Nós começávamos a cuidar
das 'tarefas' assim que amanhecia, para poder 'começar' o dia
de trabalho ao nascer do sol . Terminado o trabalho do dia,
ainda tínhamos que cuidar das 'tarefas' da noite, geralmente à
luz de um lampião . . . As exigências do sono não admitiam
frivolidades freqüentes. A retribuição por nosso trabalho era
pequena e geralmente recebida uma vez por ano, na época da
colheita . Os lares daqueles tempos passavam o verão tendo
muito pouco dinheiro disponível, mas nossas vacas forneciam-
nos leite, manteiga e queijo ; e em nossos celeiros, havia geral-
mente suficiente reserva de trigo para ser transformado em

HAROLD B . LEE' 389

farinha e flocos no moinho . Tínhamos galinhas, horta é frutas


na sua estação.'
q domingo-era sempre um dia de descanso na fazenda
dos Lee . Os negócios da Igreja eram de suma importância,
visto que o pai de HaroldB . Lee serviu durante muitos anos no
bispado, e sua mãe na Associação de Melhoramentos Mútuos
das Moças . Aos domingos, estávamos proibidos de ir nadar no
tanque dos Dudley ; mas em compensação, a família se reunia
para estudar, cantar e gozar o alegre convívio enquanto des-
cansavam da faina cotidiana.
Embora podendo gozar de raras das alegrias "compra-
das" resultantes do crescente desenvolvimento industrial dos
Estados Unidos, o Presidente Lee dispunha de muitas compen-
sações de valor. Sempre teve o suficiente para comer e vestir,
ar puro para manter sua mente alerta, e uma família ligada
por laços de amor e convênio. Podia subir ao topo de uma das
cadeias das Montanhas Rochosas montado num dos cavalos
da família e contemplar as extensões onduladas de trigo dou-
rado na época da colheita e sentir o tranqüilo, poderoso con-
forto de estar em harmonia com a natureza . Podia ficar deita-
do à margem de um límpido e frio regato de montanha enrola-
do em seu cobertor, fitando lá no alto as milhões de luzinhas
cintilantes e ponderar questões para as quais encontraria a
resposta mais tarde . Conhecia a satisfação de estar sentado à
mesa da família para uma refeição substanciosa — monta-
nhas de purê de batata, espigas de milho cozido cultivados por
eles e bifes da grossura de um dedo — após um dia de dura
labuta. No outono, era época de iguarias como "queijo de por-
co " , galantina de partes da cabeça e pés de porco, quando se
matava um para assegurar uma reserva de presunto e touci-
nho defumado para os frios invernos do Vale Cache.
q velho piano da família era a jóia da casa . Nele o Presi-
dente Lee aprendeu, às vezes tendo a seu lado uma senhora
escocesa, a tocar as alegres marchas que tanto apreciava . Es-
sas aulas provocaram um variado interesse pela música que
mais tarde lhe foi muito útil durante sua gestão como encarre-
gado do Comitê de Música da Igreja.
q lar dos Lee era constantemente alegrado por diversas
toadas. As vezes, era vovó cantarolando um hino enquanto
batia manteiga, ou a mãe acalmando um bebê inquieto com

390 OS PRESIDENTES DA IGREJA

um doce acalanto, ou o jovem Harold praticando suas escalas


no piano . Talvez a maior contribuição sonora, pelo menos em
termos de decibéis, surgiu num dia em que Harold e Perry
estavam de cama com sarampo . Pouco depois de ouvirem os
cavalos da família passarem pelo pátio, o pai entrava no quar-
to trazendo dois instrumentos reluzentes — numa das mãos
uma corneta, e uma trombeta na outra . A partir daí, a casa
ressoava com os sons borbulhantes e estridentes dos instru-
mentos dos garotos Lee . Depois de adquirirem perícia em pou-
co tempo, entraram para a banda Silver Cornet de Clifton, a
qual fornecia animação musical para as paradas e datas festi-
vas, tal como o 24 de julho (Dia dos Pioneiros) . Mais tarde,
quando faziam o curso secundário em Preston, Idaho, Harold
passou a dedicar-se ao trombone de vara, integrando poste-
riormente a banda militar da cidade e um conjunto que tocava
com sons argentinos os fox =trotes e valsas dos bailes da Igreja
e escolares.
Visto que seu talento musical encontrava geralmente ex-
pressão na música instrumental, ele não deu muita atenção ao
canto . Charles J . Engar, regente de música da escola, pediu-
lhe que participasse de um coro ao que ele respondeu que não
sabia cantar. "Sei disso", respondeu o Sr . Engar, "mas se eu
tenho paciência para escutá-lo você deveria ter paciência para
tentar!" O rapaz fez o esforço e desenvolveu uma bela voz.
Quando os rapazes Lee haviam cursado todas as classes
da escola local, foram mandados para a Academia Oneida, em
Preston . Todos os dias tinham de vencer uns vinte e quatro
quilômetros até a escola secundária administrada pela Igreja
onde, quando tinha apenas treze anos, Harold B . Lee veio a
encontrar um colega de classe chamado Ezra Taft Benson que
mais tarde seria seu companheiro no Conselho dos Doze.
Na Academia Oneida, além de seus talentos musicais,
destacou-se por seus dotes de orador e argumentador . Quando
ele e seu parceiro, Sparrel Huff, assumiram a parte negativa
da questão de se abandonar a Doutrina Monroe, e derrotaram
os até então invictos rivais da Academia Fielding de Paris,
Idaho, Harold e seus companheiros do grupo de debates foram
festejados pelos colegas como heróis conquistadores.
O interesse de Harold pelos esportes - ele se destacou
principalmente em basquete conquistou-lhe a eleição como

HAROLD B . LEE 391

diretor de esportes, o mais cobiçado de todos os cargos estu-


dantis, pois podia acompanhar os times, com as despesas pa-
gas, aonde quer que fossem . Assim, teve a oportunidade de
conhecer as áreas circunvizinhas e preparar-se para a vida
ativa, gregária que o esperava.
Rivalidades estudantis davam animação à vida escolar
em Oneida . Durante seu último ano ali, Harold e seus compa-
nheiros de classe colocaram a flâmula da classe no topo do
mastro da bandeira . Na manhã seguinte, descobriram que os
alunos do penúltimo ano do curso haviam-na removido . So-
mando insulto à injúria, ainda tinham-na despedaçado . Uma
breve descrição do incidente diz simplesmente que "seguiu-se
uma briga a socos".
Terminado o curso secundário s Harold decidiu formar-se
professor na Escola Normal Estadual de Albion, situada no
sudoeste de Idaho . Durante o verão de 1916, quando mal ha-
via completado dezessete anos, preparou-se para fazer os exa-
mes finais em quinze matérias . Durante esse período, aproxi-
madamente perdeu meio quilo de peso por matéria, mas foi
recompensado ao saber que acertara uma média de oitenta e
nove por cento nos testes.
Foi na pequena Escola Silver Star de uma só sala, perto
de Weston, Idaho, que Harold B . Lee iniciou sua carreira de
mestre-escola . Ao barganhar pelo salário o jovem professor
tirou a sorte com a junta escolar se ia ganhar sessenta e cinco
ou sessenta dólares — e perdeu! Entretanto, a generosa junta
aprovou uma ajuda de custo de quinze dólares para despesas
de casa e comida . Ele era o diretor da escola, único professor,
além de zelador, guarda e tudo o mais.
Ao ser contratado como diretor da Escola Oxford, passou
a ganhar noventa dólares por mês e um desafio adicional, pois
muitos de seus alunos eram mais velhos que ele . A despeito do
fato de muitos dos alunos gozarem a fama de turbulentos e
valentões, o novo diretor conseguiu resolver a situação e fa-
zer-se respeitado, jogando basquete com eles . Esse posto admi-
nistrativo resultou em valiosa experiência para ele, bem como
em amizades boas e duradouras . Durante seu emprego em Ox-
ford, ele ia a cavalo da fazenda em Clifton para a pequena
escola que dirigia . As horas de folga, gastava-as em atividades

392 .OS PRESIDENTES DA IGREJA

comunitárias, aperfeiçoando seus dotes musicais e melhoran-


do seus conhecimentos didáticos.
Durante seus anos de diretor na Escola Oxford, o pai era
bispo na sua ala domiciliar em Clifton . Muitas noites quando
ele voltava para casa, Harold e seus irmãos ajudavam-no a
botar um saco de cereais ou trouxa de roupas na parte de trás
da charrete . A carga desaparecia no poente, com o pai indo
cuidar dos enfermos e necessitados em nobre silêncio, prote-
gendo o orgulho e confiança das famílias. A semelhança de
muitos bispos SUD, o pai de Harold mantinha um armazém
abastecido de mercadorias para serem usadas com sabedoria
e discernimento em tempo de emergência . A estrutura básica
desse simples programa cristão sugeriu o bem sucedido pro-
grama de bem-estar elaborado pelo filho do Bispo Lee, sob a
direção do Presidente Heber J . Grant, em 1935.
Depois de haver lecionado por cerca de quatro anos, seu
pai e bispo recomendou-o para fazer missão, sendo chamado
pelo Presidente Heber J . Grant para servir na Missão dos Es -
tados do Oeste . Então passou a ser chamado pela primeira vez
de "Élder Lee", título pelo qual seria conhecido como apóstolo
e profeta por quase metade de sua vida . Durante dois ou três
anos antes de ser chamado para a missão, Harold havia sido o
organista da Ala Clifton, bem como o regente e organizador de
um coro de moças . Quando se preparava para partir em mis-
são, as moças que havia instruído e ensaiado deram-lhe um
anel de ouro como símbolo de seu respeito e estima.
Nos anais confidenciais dos registros de missão, existe um
simples relatório descritivo feito pelo Presidente John M.
Knight a respeito dos serviços do jovem Harold B . Lee, de 11
de novembro de 1920 a 18 de dezembro de 1922 . O esboço da
personalidade se ajusta ao homem : "Qualificações — Como
orador : 'Muito bom' . Como oficial presidente : 'Muito bom'.
Possui bom conhecimento do Evangelho? 'Muito bom' . Tem
demonstrado energia? 'Bastante' . E discreto e exerce boa in-
fluência? 'Sim' . Observações : 'O Élder Lee presidiu a Confe-
rência de Denver com notável distinção, de 8 de agosto de
1921 a 18 de dezembro de 1922 . Um missionário excepcio-
nal' ."
Durante sua missão, o Élder Lee teve um companheiro
chamado Willis J . Woodbury, que costumava carregar uma

HAROLD B . LEE 393

pilha de Escrituras de capa preta numa das mãos, e um estojo


de violoncelo na outra . Sempre que houvesse oportunidade,. os
dois paravam, abriam o estojo e punham mãos à obra . 0 Elder
Woodbury tocava violoncelo enquanto o Elder Lee cantava e
acompanhava ao piano . Sua música preparava os ouvintes,
tornando-os mais receptivos à mensagem do Evangelho . 0 El-
der Lee mostrava uma liderança natural entre os missionários
e membros, tendo contribuído para levar mais de quarenta
pessoas para as águas do batismo.
Depois de ser desobrigado da missão, Harold B . Lee pas-
sou um breve espaço de tempo em Clifton, indo depois para a
Cidade do Lago Salgado, a fim de cortejar uma jovem de nome
Fern Lucinda Tanner que conhecera no campo missionário e
passara a admirar à distância . Inteligente, talentosa e bonita,
a Irmã Tanner possuía um notável interesse e conhecimento
das Escrituras . Após um breve namoro, eles se casaram no
Templo de Salt Lake, em 1923, cerca de um ano depois de
terminada sua missão . Esse matrimônio foi abençoado com
duas filhinhas, Helen e Maurine.
Nos anos seguintes ao seu casamento, os Lee residiram na
parte oeste da Cidade do Lago Salgado, e a casa deles tornou-
se ponto de reunião da juventude . A Irmã Lee tornou-se logo
muito benquista na vizinhança por suas maneiras gentis e
bondosas e seus sábios conselhos . 0 Irmão Lee trabalhava na
mercearia do seu cunhado, bem como num posto de gasolina,
enquanto estudava à noite na Universidade de Utah . Fez ainda
alguns cursos por correspondência e não demorou para ser
nomeado diretor da Escola Whittier e mais tarde da Escola
Woodrow Wilson, no Condado de Lago Salgado . Durante a
época do verão, ele procurava suplementar seu salário do Dis-
trito Escolar Granite com outros serviços que iam de vender
carne para a empresa Swift & Company, inspecionar o equipa-
mento da seção de limpeza e reparo de ruas da Cidade do Lago
Salgado e servir de vigia e conferente nos pátios de manobra
da Union Pacific Railroad Company . Trabalhou ainda como
vendedor para a Foundation Press, uma editora que vendia
uma "biblioteca dos mestres", incluindo livros de histórias bí-
blicas lindamente ilustrados . Em 1928 foi nomeado gerente da
firma na região das Montanhas Rochosas .

394 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Durante esse tempo, Harold B . Lee também trabalhou ati-


vamente na Igreja . Logo depois de mudar-se para a Cidade do
Lago Salgado, foi chamado como instrutor dos Cavalheiros na
Ala Poplar Grove, e no ano seguinte serviu na superintendên-
cia da Escola Dominical . Em 1926, tornou-se superintendente
da classe de religião na Estaca Pioneer _ programa que deu
origem ao programa de seminário da Igreja . No mesmo ano
em que Charles Lindbergh decolava para seu vôo transatlânti-
co do Campo Roosevelt em Nova York, Harold B. Lee era cha-
mado para servir no sumo conselho da estaca . Um ano mais
tarde, era designado superintendente da Escola Dominical da
estaca . Com apenas trinta e um anos de idade, era escolhido
para presidir a Estaca Pioneer na Cidade do Lago Salgado — o
mais jovem presidente de estaca da Igreja na época.
Como teria sido criar-se na família Lee na década de
1920? Helen Lee Goates conta que suas mais antigas lembran-
ças se prendem ao ritual noturno em que a família de quatro
pessoas (Pai Harold, Mãe Fern, Maurine e Helen) se ajoelhava
em oração familiar . Moravam numa pequena casa que o Ir-
mão Lee havia comprado do sogro, situada na Rua Eighth
South, na Cidade do Lago Salgado . Nos fundos da casa, havia
sido acrescentado uma espécie de anexo avarandado, onde
dormiam Maurine e Helen . Embora provido de aquecedor de
ambiente, era muito frio no inverno . Por isso, faziam as ora-
ções na sala de estar e depois, o pai pegava uma em cada
braço para levá-las ao quarto e ir para a cama . Quando fica-
ram maiorzinhas e não conseguia mais levá-las desse jeito, o
carinhoso pai carregava uma nas costas e a outra nos braços
e lá se iam para a cama todas as noites . Ao deitá-las, segun-
do Helen, ele sempre tinha algumas palavras de carinho para
elas . "Papai pensava em como era importante para a vida das
garotinhas sentir que eram amadas por ele . Nós passávamos
grande parte do tempo com mamãe, naturalmente, mas aque-
le pequeno ritual noturno mostrava que ele nos queria bem,
que se importava com suas garotinhas ."
A Irmã Goates recorda de suas primeiras lembranças dos
ensinamentos paternos a respeito do Pai Celestial . "Uma vez,
quando ainda éramos bem pequenas, fizemos uma excursão
com mais uma ou duas outras famílias até a Caverna Timpa-
nogos [perto de Provo, Utah] . O plano era subirmos até lá de-

HAROLD B . LEE 395

pois do almoço . Mamãe não podia acompanhar-nos na escala-


da, por não estar muito bem de saúde . Pusemo-nos a caminho
com papai, seguras uma em cada de suas mãos . Ao partirmos,
mamãe fez uma porção de recomendações : 'Olhem, fiquem
perto do papai, não soltem a mão dele, não cheguem muito
perto da borda da trilha', e assim por diante ."
A Irmã Goates ainda se lembra do que respondeu, depois
de achegar-se um pouquinho mais ao pai e segurar sua mão
com mais força : "Ora, mamãe, não precisa preocupar-se com
a gente . Enquanto estivermos com papai tudo irá bem . Não vai
acontecer nada ."
Quando seguiam caminho naquele dia, diz ela, a mente de
seu pai continuava presa ao comentário dela, que aparente-
mente fê-lo pensar que poderiam estar em boas mãos enquan-
to ele estivesse ali _ ele faria tudo ao seu alcance para que
estivessem seguras . Mas havia uma lição mais importante pa-
ra elas aprenderem.
Helen Prossegue : "Caminhando pela trilha naquele dia,
papai conversou conosco sobre o fato de que, enquanto esti-
vesse ali, faria todo o possível para nos preservar de qualquer
dano . Depois, continuou explicando que algum dia poderíamos
encontrar outros perigos além dos físicos . Chegaria um tempo
em nossa vida em que necessitaríamos de mais alguém além
do papai para estarmos seguras . E assim conversamos sobre
nosso Pai Celestial, que ele nos amava exatamente como nosso
pai terreno, e que estaria conosco aonde quer que estivésse-
mos, aonde quer que fôssemos . Não importam as circunstân-
cias, nem quais os perigos, nós sempre podíamos recorrer a
esse Pai Celestial invisível para nos guiar e ajudar ."
Quando as crianças estavam mais crescidas, a família
mudou-se para uma casa maior na Rua South Eighth West n°
1208, na Cidade do Lago Salgado . O Presidente Lee trabalhou
arduamente para melhorar a casa e os arredores, provando
sua competência como homem-dos-sete-instrumentos . Levan-
tando bem cedinho para trabalhar no jardim e continuando
até tarde depois do jantar, ele criou um lindo recanto nos fun-
dos da casa, muito freqüentado por seus familiares e amigos.
Ele próprio encarregou-se de planejar todo o ajardinamento;
levantou uma bela cerca de tábuas, fez um tanque para pei-

396 OS PRESIDENTES DA IGREJA

xes, construiu um pavilhão em forma de pagode, instalou ban-


cos em pontos estratégicos e uma churrasqueira de tijolos.
A filha recorda : "Papai aprendeu bem cedo que, se qui-
sesse realizar alguma coisa, tinha que andar depressa . E digo
isto literalmente . Seus gestos eram sempre rápidos, e suponho
que à medida que ia ficando mais ocupado e sua vida mais
complicada, ele simplesmente era obrigado a usar velocidade
máxima para conseguir fazer tudo — especialmente com
aquele jardim enorme para cuidar . Ele chegava em casa do
trabalho, cumprimentava a todos nós, depois subia as escadas
e trocava de roupa 'feito um raio .' Metendo-se nas roupas de
jardinagem, começava a cortar a grama antes do jantar, en-
quanto mamãe ainda colocava as coisas na mesa . As vezes,
acontecia receber um chamado — alguém que precisava de
que fosse dar uma bênção de saúde ou que necessitava de
conselho ou ajuda . Ele então corria para cima, trocava nova-
mente de roupa, e lá se ia cuidar da administração ou outro
assunto ; de volta em casa, trocava de roupa, trabalhava mais
um pouco e depois saía para alguma reunião noturna . Papai
não teria tido tempo para fazer tudo, se andasse à velocidade
normal."
Em 1932, Joseph H . Lake, um dos comissários eleitos da
Cidade do Lago Salgado, faleceu em conseqüência de uma
operação no Hospital SUD, vagando-se assim o cargo para o
qual fora eleito treze meses antes . Pouco depois, as restantes
autoridades municipais procuraram convencer o Presidente
Lee a aceitar sua nomeação para o importante cargo munici-
pal . Após cuidadosa consideração, ele demitiu-se do cargo da
firma Foundation Press, sendo unanimemente aprovado no
novo posto . Um ano depois, numa eleição livre concorrendo
com vinte e cinco candidatos, ele foi eleito por larga margem
para continuar como comissário da cidade.
Um dos mais proveitosos projetos propostos pelo Comissá-
rio Lee foi a substituição de sete antiquados carroções de cole-
ta de lixo por três novos caminhões fechados e controlados
automaticamente, cujo custo foi recuperado logo no primeiro
ano por meio do corte nas despesas de operação.
Entrementes, os "bons tempos" dos anos 1920 chegaram
ao fim com o colapso do mercado financeiro de 1929. A Gran-
de Depressão abateu-se sobre o país qual uma nuvem negra .

HAROLD B . LEE 397

Indústrias fechavam, o número de operários desempregados


subia vertiginosamente, caíam os preços dos produtos agríco-
las, e milhões de famílias viam-se sem recursos para comprar
alimentos e roupas.
Assim que começou a crise, o Presidente Harold B . Lee e
seus conselheiros Charles S . Hyde e Paul Child da Estaca Pio-
neer lançaram uma alternativa nova para os humilhantes pro-
gramas de caridade . "Assistência aos desempregados, sem ca-
ridade" tornou-se um lema significativo na Estaca Pioneer . 0
programa cuidadosamente calculado, executado e implantado
após muita oração, aplicava em grande escala aquilo que o
jovem presidente de estaca vira seu pai fazer em Clifton — um
armazém do bispo para atender aos necessitados . Arranjaram
um depósito de mercadorias na Avenida Pierpoint n° 333, na
Cidade do Lago Salgado, que foi posto em condições de servir
como armazém e local de projetos de trabalho por operários
desempregados. Por meio de uma "campanha", coletaram vi-
dros de conserva, roupas e mobiliário para processamento e
distribuição . Instalaram-se oficinas de costura e'recondiciona-
mento . Desempregados eram encaminhados às fazendas para
ajudar nas colheitas, o pagamento consistindo em parcelas da
mesma.
Logo o armazém viu-se transformado no "centro nervo-
so" de empreendimentos que forneciam trabalho mantimentos
e outros bens para o sustento de centenas de santos . A Estaca
Pioneer também fomentou cerca de dezesseis hectares de hor-
tas de subsistência, e ao custo de apenas cinco mil dólares,
construiu um ginásio e centro recreativo com os restos de um
armazém abandonado. Esta construção foi o feito culminante
de um sistema orçamentário de âmbito de estaca, que mais
tarde transformou-se num programa recreativo do qual po-
diam participar todos os membros, indistintamente . O novo
edifício permitia a centralização e coordenação de todas as
atividades da estaca . Durante sua gestão como presidente da
estaca, o Irmão Lee ideou igualmente um programa especiali-
zado de desenvolvimento de liderança e aperfeiçoamento di-
dático _ programas estes mais tarde adotados em âmbito
mundial pela Igreja e que continuam funcionando atualmente
nas suas organizações .

398 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Em nenhum outro momento, o impacto da crise econômi-


ca foi sentido com mais intensidade do que no Natal . A empa-
tia prática do Presidente Lee é ilustrada por dois incidentes
que ele mesmo contou numa palestra para os trabalhadores
das Indústrias Deseret, durante seu costumeiro jantar de Na-
tal em 1973:
"Nossa filhinha atravessou a rua para ir mostrar a bone-
ca que ganhara no Natal à vizinha, e logo voltou chorando.
Ela chorava porque Donna Mac, a garota vizinha, não havia
ganho nada pelo Natal . 0 Papai Noel não passara pela casa
dela.
"Então, tarde demais, lembramo-nos de que aquele pai de
família estava desempregado . Embora ele não fosse membro
da Igreja, procuramos compartilhar o nosso Natal com as
crianças. Para mim, aquele Natal foi muito duro . 0 jantar
natalino não me deu nenhum prazer, porque eu, como presi-
dente de estaca, não conhecia bem o pessoal da minha estaca.
"No Natal seguinte, fizemos preparativos . Organizando
um levantamento, descobrimos que tínhamos mais de mil pes-
soas necessitadas de auxilio naqueles tempos difíceis . Assim,
preparamo-nos coletando brinquedos que foram levados ao
velho armazém . Depois, os pais e mães de família se reuniam
e ajudavam a consertar os brinquedos, vestir bonecas e costu-
rar coisas.
"Arranjamos laranjas e maçãs . Havia carne assada e to-
dos os pertences para um jantar de Natal . Os bispos encarre-
garam-se da entrega às famílias necessitadas e depois telefo-
naram para informar-me de que todas haviam sido visitadas ."
Certa manhã, depois que forte nevasca deixara as ruas da
Cidade do Lago Salgado cobertas de neve, o Presidente Lee
ficou supervisionando a remoção e conta:
"Então vi um garotinho . Não tinha um agasalho quente,
nem luvas ou galochas. Como estava extremamente frio, parei
e fi-lo entrar no carro . O aquecimento estava ligado e depois
que ele se aqueceu um pouco, perguntei-lhe se estava pronto
para o Natal.
"— Senhor, não vamos ter Natal algum . Papai morreu
faz seis meses . Agora somos só a mamãe, eu e dois irmãos
menores. Não temos grande coisa.

HAROLD B . LEE 399

"Querendo investigar mais a fundo, perguntei aonde ia e


respondeu-me que na parte alta da cidade estavam passando
um filme com entrada franca e era para lá que queria ir . Era a
única coisa que teria para o Natal . Consegui seu nome e ende-
reço e disse-lhe que ia cuidar que não ficassem inteiramente
sem Natal."
O Presidente Lee contou à família . a respeito do garotinho
para o qual não haveria Natal . Eles também ficaram penaliza-
dos . Telefonou ao bispo para providenciar que a tal família
fosse auxiliada . E concluiu, dizendo : "Nesse ano, ao sentar-me
para o jantar de Natal, senti que podia gozá-lo tranqüilamen-
te, pois todas as famílias na minha estaca estavam tendo um
bom Natal ."
A 20 de abril de 1935, deu-se o resultado culminante de
todos os preparativos espirituais, mentais e físicos experimen-
tados pelo Presidente Lee até então . Referindo-se ao aconteci-
do, diz o Presidente Lee que "recebi um telefonema da Primei-
ra Presidência para ir ao seu escritório nesse dia que jamais
esquecerei 20 de abril de 1935 . Eu era então comissário
municipal na Cidade do Lago Salgado e também presidente de
estaca . Nós vínhamos lutando com o problema do bem-estar.
Havia poucos programas de trabalho do governo ; as finanças
da Igreja não iam muito bem ; fomos informados de que não
havia muito a fazer no tocante às condições financeiras da
Igreja . E ali estávamos nós, com quatro mil e oitocentos dos
nossos sete mil e trezentos membros total ou parcialmente de-
pendentes . Restava-nos apenas um único recurso — aplicar o
programa do Senhor conforme constava das revelações ."
O Presidente Lee prossegue : "Foi em virtude de nossos
humildes esforços que a Primeira Presidência, sabendo que
tínhamos alguma experiência, telefonou-me certa manhã, pe-
dindo que eu fosse ao seu escritório . Era uma manhã de sába-
do ; não havia nenhum outro compromisso na agenda deles, e
assim ficaram horas conversando comigo e disseram que de-
sejavam que eu me demitisse do serviço público, e que da
parte deles, me desobrigariam da presidência da estaca ; e que
desejavam que eu assumisse a direção de um movimento de
bem-estar que nos livrasse da assistência governamental e as-
sistência direta, e ajudasse a colocar a Igreja em posição de
cuidar de seus próprios necessitados ."

400 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Após o recebimento do chamado, o Presidente Lee agiu e


atuou com o discernimento e senso de inovação que sempre
haviam sido seu costume . Entretanto, sendo modesto e depen-
dente do Senhor para guiá-lo com sua mão firme, ele registrou
a seguinte reação diante da nova responsabilidade : "Ali esta-
va eu, apenas um homem ainda moço, de trinta e tantos anos.
Minha experiência era limitada . Nascera numa pequena cida-
de rural de Idaho, e mal saíra dos limites dos estados de Utah
e Idaho . E agora, ver-me colocado numa posição em que devia
lidar com toda a congregação da Igreja, no mundo inteiro, era
uma das mais desconcertantes perspectivas que poderia ima-
ginar . Como fazê-lo com meus limitados recursos? "
Foi então que o Elder Lee fez o tal passeio solitário no
Parque Rotary . "Ao ajoelhar-me, minha súplica foi : 'Que tipo
de organização devemos criar, a fim de executar a tarefa de-
signada pela Primeira Presidência'? E eis que naquela gloriosa
manhã, recebi uma das mais celestiais percepções do poder do
Sacerdócio de Deus . Foi como se algo me dissesse : 'Não há
necessidade de nenhuma nova organização para cuidar das
necessidades do povo . Basta colocar o Sacerdócio de Deus a
funcionar. Não é preciso coisa alguma a mais para substituí-
lo .
Com essa confirmação espiritual e uma vida preparada
para o serviço do Senhor, Harold B . Lee, entregou seu pedido
de demissão à municipalidade e tornou-se o iniciador, sob a
diretriz do Presidente Heber J . Grant, de uma série de projetos
e programas primeiramente denominados Programa de Segu-
rança da Igreja, e mais tarde, Programa de Bem-Estar da
Igreja.
O Programa de Bem-Estar da Igreja apresentou proble-
mas monumentais ao Presidente Lee durante os tempos de
mais grave recesso econômico . Potencial humano, materiais,
finanças e organização eram todos desafios independentes que
exigiam coordenação e muito discernimento para serem resol-
vidos . Além do imenso problema logístico, havia a espantosa
tarefa de administrar o novo programa diante das críticas dos
que achavam que a questão de subsídios devia restringir-se à
esfera do governo secular . Buscando constante diretriz divina,
o Presidente Lee utilizou a organização eclesiástica da Igreja
para executar o plano . Estacas, alas e ramos foram organiza-

HAROLD B . LEE 401

dos em regiões, cada uma das quais cumpria designações de-


terminadas sob a direção do Sacerdócio local.
Viajando pelas estacas de Sião para explicar o plano de
bem-estar da Igreja, o Presidente Lee freqüentemente citava
esta passagem da seção 115 de Doutrina & Convênios : "Er-
guei-vos e brilhai, para que a vossa luz seja um estandarte
para as nações ; e para que a congregação na terra de Sião e
em suas estacas seja para defesa e refúgio contra a tempesta-
de e ira, quando esta for derramada sem piedade sobre toda a
terra ." Aplicando o sentido dessa declaração, o Presidente Lee
reformulava a Escritura, para que transmitisse uma mensa-
gem imediata : "Eu vos fiz organizar em estacas de Sião para
que pudésseis prover uma defesa, um refúgio e uma proteção
para o meu povo ."
O Presidente Grant emitiu um pronunciamento oficial a
respeito do novo plano . O Programa de Bem-Estar da Igreja
foi estabelecido por profetas "para instituir um sistema pelo
qual serão abolidos os males da esmola e poderão ser restabe-
lecidos entre nosso povo a independência, poupança, indus-
triosidade e respeito próprio" . Desse pronunciamento, o Irmão
Lee, em colaboração com os membros do comitê Mark Austin,
Campbell M . Brown, Stringham A . Stevens, Henry D . Moyle e
William E . Ryberg organizou um programa baseado em três
fundamentos:
1 . . Não era um programa novo, mas apenas a incorpora-
ção de tradicional filosofia da Igreja num plano de cooperação
funcional, para preencher as necessidades de membros da
Igreja com problemas financeiros.
2. O programa era instituído através da organização
existente da Igreja.
3. Todas as atividades e projetos ajudariam as pessoas a
se ajudarem a si mesmas, em lugar de simplesmente fornecer
auxílio . Os recebedores de mantimentos e utilidades deveriam
trabalhar em troca deles, se de todo possível . Nas palavras do
Irmão Lee : "Todo membro da Igreja dá o que é capaz de dar,
e em troca recebe o que for necessário para o seu sustento e o
da família."
Delineando as diretrizes operacionais, o Presidente Lee
determinou os seguintes passos para o êxito do programa : "Na
Igreja, não pode haver ociosidade ; temos que aprender a lição

402 OS PRESIDENTES DA IGREJA

do sacrifício próprio ; devemos dominar a arte de viver, e tra


balhar juntos ; temos que praticar maior fraternidade em nos-
sos quoruns do Sacerdócio ."
Destes simples passos, nasceu um plano que mereceu os
elogios de um mundialmente famoso economista, porque:
"Primeiro — A Igreja possui uma magnífica organização . Se-
gundo Dispõe de vigorosa autoridade central concentrada
nas Autoridades Gerais e no Sacerdócio . Terceiro O povo
está disposto a sacrificar-se ."
Explica o Presidente Lee : "Os armazéns do bispo em nos-
sos dias, como em outros tempos, erguem-se por todo o país
como um símbolo de grande fé traduzida em ação . . . Através
da atuação deste programa de bem-estar dirigido pela Igreja,
toda família necessitada da Igreja pode ser auxiliada por esta
em seu empenho de se tornar independente, a fazer todo o
possível para ajudar-se a si mesma com o auxílio de parentes
próximos . . . Até que se consiga para os necessitados uma co-
locação na indústria privada com salário ou remuneração su-
ficiente para se manterem, ou hajam sido reabilitados em base
independente, espera-se que os fisicamente capazes trabalhem
em projetos de produção, processamento, estocagem ou distri-
buição de mantimentos, roupas, combustíveis ou. utilidades
domésticas de propriedade da Igreja e operados por ela, para
que, em nossos dias, 'haja mantimento na . . . casa [do Se-
nhor]' tanto para eles próprios como para seus semelhantes
desafortunados ."
Depois cle um ano de funcionamento do programa do
bem-estar, muitos haviam recobrado a confiança em vencer o
desespero que sentiam poucos meses antes . Milhares de santos
haviam subido do vale do desespero para os picos da esperan-
ça . Através de raciocínio, oração e experiência, o Presidente
Lee instituíra um programa que convertia sonhos em realida-
de . Grande parte de sua empatia e zelo em ajudar os pobres
provinha da experiência própria . Falando aos que haviam pas-
sado por necessidades, dizia ele : "Eu os amo. Conheço-os inti-
mamente . Seus problemas, graças ao Senhor, têm sido meus
problemas, porque sei, assim como vocês, o que significa ter
que andar por falta de dinheiro para a condução . Sei o que
significa deixar de comer para comprar um livro, a fim de
entrar para a universidade . Agora sou grato a Deus por essas

HAROLD B . LEE 403

experiências . Amo-os por causa da sua devoção e fé . Que Deus


os abençoe para que não fraquejem ."
Aos quarenta e dois anos, este homem de fé e experiente,
este servo confiante porém humilde do Senhor e do povo, foi
chamado a ser apóstolo da Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias . No dia 6 de abril de 1941, milhares de mãos
se ergueram, quando santos de todos os quadrantes do mundo
deram ao humilde moço seu voto de apoio para preencher o
lugar deixado vago pela morte do Elder Reed Smoot . (Ordena-
do apóstolo em 1900, por longos anos senador nos Estados
Unidos .) Nessa ocasião, John A . Widtsoe prestou o seguinte
tributo profético ao Élder Lee : "Ele é cheio de fé no Senhor;
abundante em seu amor aos semelhantes, leal para com a
Igreja e o Estado ; abnegado em sua devoção ao Evangelho;
dotado de inteligência, energia e iniciativa ; contemplado com
eloqüente capacidade para pregar a palavra e vontade de
Deus . O Senhor a quem ele recorre em busca de ajuda torná-
lo-á um poderoso instrumento para levar avante o plano eter-
no de salvação humana . . . Ele receberá forças como jamais
conheceu, à medida que as preces do povo em seu favor as-
cenderem ao Senhor ."
Ao responder ao chamado na conferência, o Élder Lee
confirmou sua humildade e confiança no Senhor, quando dis-
se : "Desde as nove horas da noite passada, vivi uma vida
inteira em retrospecto e em perspectiva . . . Durante a noite,
pensando nessa aterradora e emocionante designação, ocor-
riam-me seguidamente estas palavras do Apóstolo Paulo:
'Cheguemos pois com confiança ao trono da graça, para que
possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de ser-
mos ajudados em tempo oportuno' . . . Por isso, acatarei a pa-
lavra do Apóstolo Paulo . Vou dirigir-me audaciosamente ao
trono da graça e pedir misericórdia e a sua graça para ajudar-
me em meus momentos de necessidade . Com essa ajuda, não
poderei fracassar . Sem ela, não terei êxito".
Como membro do Conselho dos Doze, o Élder Lee assumiu
miríades de responsabilidades, inclusive a presidência dos co-
mitês de Música, comitê geral do Sacerdócio e dos militares.
Além disso, continuou servindo como diretor-gerente do Comi-
tê Geral de Bem-Estar da Igreja ; como supervisor da junta

404 OS PRESIDENTES -DA IGREJA

geral da Associação Primária ; e como membro dos comitês de


publicações, "garments" e despesas.
Ele continuava a gostar de música e muitas vezes, quando
em visita a alas e estacas, surpreendia os membros, oferecen-
do-se para tocar piano ou servir de organista . Algumas de
suas mais gratas lembranças familiares surgiram mais tarde,
quando "martelava" ao piano uma das marchas de Sousa ou
"Midnight Fire Alarm", enquanto suas filhas cabriolavam pe-
la sala . Tocava hinos e ''música familiar" para o deleite de
seus familiares imediatos e seus amigos . Ocasionalmente toca-
va o órgão ou piano para o Quorum dos Doze, quando tinham
suas reuniões semanais no templo . Suas duas filhas tornaram-
se notáveis musicistas — Maurine como pianista, e Helen no
violino . Ele então costumava levá-las de carro pelo Vale do
Lago Salgado, quando se apresentavam diante dos vários gru-
pos da Igreja e escolares.
Durante a II Guerra Mundial, quando a maioria dos
membros jovens da Igreja estavam no serviço militar, o Élder
Lee foi convidado a fazer uma série de palestras pelo rádio aos
domingos à noite, sob o título de "A Juventude e a Igreja", que
se prolongou por vários meses . Sua filha conta como o Elder
Lee incluiu a família no projeto : "Minha irmã e eu estávamos
então no fim da adolescência, por isto papai se interessava
bastante por nossas reações. Ele realmente tinha bastante co-
nhecimento do tipo de problemas que enfrentávamos nessa
época particular da história do mundo, e costumávamos dis-
cutir regularmente as coisas que ele pretendia'abordar . Papai
sempre estava trabalhando simultaneamente em três pales-
tras, — dando os toques finais na que faria no domingo se-
guinte ; depois, em outra para a semana subseqüente que se
encontrava em forma de rascunho, e uma terceira que estava
começando a esboçar . Vejam, ele tinha que fazer assim para
conseguir produzir uma por semana conforme . fazia . Papai
costumava trazer os artigos que estava escrevendo para casa,
lia-os para nós e então os discutíamos à mesa do jantar numa
livre troca de idéias . A gente dizia : 'Ora, papai, não pode dizer
isto . Simplesmente não é bem assim', ou então : 'Seria melhor
dizê-lo em outras palavras' . Depois, íamos com ele ao Taber-
náculo todo domingo à noite, quando irradiava sua palestra.
Essas experiências nos trouxeram uma ligação muito íntima" .

HAROLD B . LEE 405

As palestras foram depois publicadas, primeiro sob o título


Youth and the Church, mais tarde ampliado para Decisións for
Successful Living.
Ao percorrer todos os cantos do reino do Senhor, o Élder
Lee sempre prestava um convicto testemunho do Evangelho
de Jesus Cristo . Inspirava missionários, membros e líderes, e
passava horas dando conselhos a jovens . Levantava sua voz
eloqüente para consolar os desamparados e enlutados, como
quando viajou pela conturbada Coréia, em 1955 . Vestindo far-
da de campanha, ele confortou, reanimou e acalmou homens e
mulheres aflitos que haviam sofrido física e espiritualmente
naquele país devastado pela guerra . Os combatentes que senti-
ram sua mão firme, bondosa e foram tranqüilizados por suas
palavras compassivas, jamais esquecerão o conforto dele rece-
bido . Enquanto servia como encarregado do comitê de milita-
res durante os conflitos da II Guerra Mundial, da Coréia e do
Vietnam, empenhou-se ao máximo para instituir programas
que oferecessem aos convocados as bênçãos plenas e empatia
pelos outros.
Embora em freqüente perigo por causa de sua saúde, o
Presidente Lee mantinha um rigoroso programa de trabalho
para edificar o reino de Deus . Talvez fosse através da própria
luta pela saúde, que conseguiu aguçar seu entendimento e em-
patia pelos semelhantes.
Em 1962, enquanto se encontrava em Reno, Nevada, par-
ticipando de uma conferência, recebeu a notícia de que sua
amada companheira adoecera e estava às portas da morte.
Voltou apressadamente para junto da mulher que era sua es-
posa há quase quarenta anos, e encontrou-a esvaindo-se man-
samente . Nos dias que se seguiram, a dor que lhe queimava a
alma fê-lo passar por muitas horas atrozes . Lutou com seu
espírito e emoções, procurando enfrentar sua perda . Eventual-
mente, com a mesma bravura com que arrostava tais desafios
a vida inteira, o Elder Lee reuniu a fortaleza para ver o Evan-
gelho como o farol-guia em qualquer tormenta.
Enquanto o Elder Lee estava no Havaí a serviço da Igreja
em 1966, perdeu para a morte sua filha Maurine — Sra . Er-
nest J . Wilkins e mais uma vez sentiu as angústias da des-
graça : O Elder Gordon B . Hinckley do Conselho dos Doze, há
longos anos amigo íntimo do Irmão Lee, declarou : "Essas do-

406 OS PRESIDENTES DA IGREJA

lorosas experiências, difíceis de suportar, serviram para au-


mentar sua sensibilidade para com os fardos alheios . Os que
sofreram perdas semelhantes têm encontrado nele um amigo
compreensivo e alguém cuja própria fé comprovada torna-se
para eles uma fonte de fortaleza ."
Num discurso proferido por ocasião de um serviço em
memória dos santos dos últimos dias que perderam a vida no
conflito do Vietnam, o Élder Lee disse estas palavras consola-
doras : "Tendo passado por situações semelhantes de perder
entes queridos, eu falo por experiência própria, quando digo
aos que choram seus mortos — não procurem viver muitos
dias à frente . O mais importante não é que nossa vida seja
atingida por tragédias e pesares, mas o que fazemos com eles.
A morte de um ente querido é a mais dura prova que terão de
enfrentar, e se conseguirem superar sua dor e confiarem em
Deus, então serão capazes de vencer qualquer outra dificulda-
de com que porventura se defrontarem . . . Por isso, aos que
aqui perderam entes queridos . . . dizemos que a sua fé poderá
erguê-los acima das sórdidas provações de hoje e apontar-lhes
o glorioso amanhã que poderá ser seu ."
Em 1963, o Elder Lee desposou Freda Joan Jensen, mu-
lher que se realizou por conta própria, destacando-se como
educadora e administradora, e que serviu na junta geral da
Primária . Juntos, os dois formaram um lar feliz no qual reina-
va amor e hospitalidade, um lar que servia de apoio às pesa-
das responsabilidades eclesiásticas do Elder Lee.
Quando David O . McKay era presidente da Igreja, foi
criado o Comitê de Correlação da Igreja para coordenar o en-
sino e funções organizacionais desta com o corpo governante
do Sacerdócio . O Elder Lee foi chamado a empregar sua com-
provada capacidade para reforçar a estrutura do reino e em-
preender um exaustivo programa d.e pesquisa quanto aos ma-
teriais, métodos e currículos de todos os programas e auxilia-
res da Igreja . Esse árduo trabalho resultou num aprimora-
mento geral dos programas de ensino e estrutura organiza-
cional.
Paralelamente aos seus serviços nos programas da Igreja,
surgiram oportunidades para servir e destacar-se no campo
cívico . Em 1957 o Elder Lee, juntamente com George Eccles,
da First Security Corporation, foi nomeado para a junta dire-

HAROLD B . LEE 407

tora da Union Pacific Railroad Company — uns poucos anos


depois de ter passado os verões trabalhando como conferente
nos pátios de manobra da ferrovia . Um ano depois foi convida-
do a servir como membro da junta de diretores da Equitable
Life Assurance Society, em substituição ao Presidente J. Reu-
ben Clark Jr . que se aposentava.
Posteriormente foi feito presidente da Salt Lake Oratorio
Society, servindo mais tarde ainda no comitê diretor da Cruz
Vermelha Nacional e como encarregado da junta do Zions
First National Bank . Foi agraciado pela Universidade Estadual
de Utah, Universidade Brigham Young e Universidade de Utah
com títulos de doutor honoris causa e recebeu numerosos re-
conhecimentos por serviços prestados, inclusive o "Búfalo de
Prata" conferido pelos Escoteiros da América em 1963.
Quando David O . McKay faleceu no gélido mês de janeiro
de 1970, as rédeas do governo da Igreja passaram para as
mãos dignas, capazes, do Presidente Joseph Fielding Smith, o
qual escolheu para seu primeiro e segundo conselheiros res-
pectivamente Harold B . Lee e N. Eldon Tanner . Esta sucessão
de liderança não só tornava o Elder Lee presidente do Conse-
lho dos Doze, como exigia sua desobrigação dos comitês nos
quais vinha trabalhando, a fim de poder devotar-se inteira-
mente aos negócios da Primeira Presidência . Enquanto serviu
nesse cargo, aprimorou suas qualidades de administrador e
continuou a trabalhar na melhoria da eficiência dos progra-
mas da Igreja . Sob sua direção, foram ampliados os progra-
mas de treinamento didático e de bispos, expandindo-se tam-
bém a extensão e o escopo do programa missionário de âmbito
mundial.
No dia 2 de julho de 1972, o Presidente Joseph Fielding
Smith estava sentado calmamente numa poltrona, quando foi
tocado pelo dedo de Deus e adormeceu para sempre . Com seu
passamento, o manto de profeta recaiu sobre Harold Bingham
Lee . Quanto à morte do Presidente Smith, dizia o Presidente
Lee : "Ele pareceu naquele fugaz momento , passar-me como
que ,,,um cetro de retidão, querendo-me dizer : 'Vá e faça o mes-
mo .
Ao tomar consciência do seu chamado como pastor terre-
no do rebanho de Cristo, a coragem espiritual do Elder Lee
agigantou-se para enfrentar o desafio . Nos dias que precede-

408 OS PRESIDENTES DA IGREJA

ram seu chamado oficial pelo Conselho dos Doze, ele passou
longas horas em preces e meditação . "Na manhã seguinte ao
meu chamado", disse ele, "ao ajoelhar-me em oração com mi-
nha querida companheira, meu coração e alma pareciam
abraçar a congregação inteira da Igreja com um tipo especial
de fraternidade e amor que eram como que um abrir das jane-
las do céu, dando-me um breve senso de pertencer aos mais de
três milhões de membros da Igreja em todas as partes do
mundo".
Na manhã da sexta-feira seguinte, 7 de julho, o Conselho
dos Doze reuniu-se numa sala especial do sagrado Templo de
Salt Lake, para designar o novo profeta . Nessa ocasião, escre-
veu o Élder Hinckley : "Na mente dos membros do Conselho
dos Doze, não havia nenhuma dúvida de quem deveria suce-
dê-lo (ao Presidente Smith) como presidente da Igreja . . . Na-
quele lugar silencioso e santo, com corações submissos, eles
buscaram os sussurros do Espírito . Todos os corações foram
como um só em resposta a esses sussurros . Harold Bingham
Lee, eleito do Senhor, instruído desde a infância nos princípios
do Evangelho restaurado, refinado e polido por trinta e um
anos de serviço no apostolado, foi nomeado presidente da
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, e seu profe-
ta, vidente e revelador . As mãos de todos os presentes desce-
ram sobre sua cabeça, e ele foi ordenado como o ungido do
Senhor para este alto e incomparável chamado".
No mês seguinte, o Presidente Lee seguiu de avião para a
Cidade do México, a fim de presidir a maior assembléia de
santos já realizada na América Latina . Acima de dezesseis mil
membros da América Central e do México se reuniram ali pa-
ra receber inspiradas instruções das Autoridades Gerais. Um
jovem santo dos últimos dias de Tampico dizia : "Poder sentar-
se e escutar suas palavras, e saber e sentir no próprio coração
que se está ouvindo um profeta de Deus é uma das experiên-
cias mais belas de minha vida, especialmente por saber que
esses homens têm a autoridade de nosso Senhor para nos
guiar e organizar".
Mais tarde, o Presidente Lee viajou para o Oriente Médio,
onde com sua esposa, percorreu as estradas poeirentas da
Terra Santa e andou pelos caminhos trilhados por Jesus . Leu
as Escrituras nas praias do Mar da Galiléia e caminhou por

HAROLD B . LEE 409

extensos bosques de oliveiras no abafado calor de Israel . Du-


rante sua permanência, também organizou o primeiro ramo
da Igreja em Jerusalém.
Então, em outubro desse ano, 1972, foi convocada a as-
sembléia solene . Depois de silenciadas as vibrações do famoso
órgão do Tabernáculo, Harold B . Lee, o homem de cabelos
grisalhos, penetrantes olhos azuis e estatura mediana, manti-
nha-se sentado na poltrona vermelha enquanto o Presidente
N . Eldon Tanner dirigia a reorganização oficial da Primeira
Presidência e o apoio às Autoridades Gerais e oficiais da Igre-
ja . Após cada manifestação, notava-se uma audível onda de
aprovação percorrendo o histórico Tabernáculo, enquanto se
procedia à votação, quorum por quorum, obtendo a aprovação
de cada grupo.
Terminada a ordenança de apoio, levantou-se o novo pre-
sidente : "Sinto-me sem palavras para externar meus mais
profundos e íntimos sentimentos . . . Naquele momento sagra-
do há três meses atrás, quando comecei a sentir a magnitude
da esmagadora responsabilidade que agora tenho de assumir,
fui para o sagrado templo . Ali, em piedosa meditação, fiquei
olhando os retratos daqueles homens de Deus — homens ver-
dadeiros, puros, fidalgos de Deus — que me antecederam no
mesmo chamado" . Prosseguiu, enumerando as designações e
talentos especiais dos dez homens que serviram como profetas
antes dele . Recordando a autodescrição de Joseph Smith, dis-
se : "Às vezes parecia que eu era como ele, uma pedra bruta
rolando de alta montanha, sendo golpeada e polida, suponho,
pelas experiências, para que também pudesse triunfar e tor-
nar-me um dardo polido na aljava do Onipotente " .
A partir desse dia, a Igreja continuou a crescer e a pros-
perar sob sua modesta, mas firme liderança. Os que vinham
trabalhando com ele há anos dizem que havia algo de novo na
sua pessoa . . . mais santo, mais poderoso, mais compassivo e
paciente . E assim, com uma nova dimensão espiritual somada
à sua longa vida de experiência, o Presidente Lee unia seu
treinamento com o chamado divino para preparar a segunda
vinda do Senhor e Salvador, Jesus Cristo.
Seu treinamento no Comitê de Correlação da Igreja dava
ao Presidente Lee uma boa visão do caráter internacional da
Igreja . Através da sua direção, os santos pelo mundo afora

410 OS PRESIDENTES DA IGREJA

recebem agora materiais especificamente elaborados para a


sua cultura . Novos programas para a juventude permitem
uma mais íntima coordenação entre as Associações de Melho-
ramentos Mútuos e o corpo do Sacerdócio, formando a nova
AMM do Sacerdócio Aarônico . As aulas dos missionários fo-
ram revisadas, para torná-las mais eficientes.
Os membros da Igreja sentiam uma particular admiração
e apreço pelo Presidente Lee por causa de sua índole gregária
e seu gosto em associar-se aos santos . Comentando esta sua
característica, diz o Presidente Paul Dunn, do Primeiro Conse-
lho dos Setenta : "Este grande profeta arranja de alguma for-
ma tempo para estar entre o povo . Está nesta conferência e
naquela conferência ; tem andado quilômetros a mais para en-
contrar-se com os membros . Um Presidente não pode apertar
a mão de cada alma na Igreja, mas ele tenta . Em seu breve
período como presidente, esteve em conferência de área da
Inglaterra, México e Alemanha . Fez diversas viagens e uma
porção de conferências de jovens. Aproveita todas as oportuni-
dades para estar com eles . Os membros que o conheceram
jamais o esquecerão . Ele dá-lhes renovada fé e dedicação".
"Quando espíritos reagem um ao outro, existe comunicação",
declarou o Presidente Lee . "Para entender o povo, precisamos
sentir o seu espírito . Precisamos misturar-nos a ele"
Um caso relatado pelo Presidente Lee, na última sessão
da conferência geral de abril de 1973, ilustra sua vida e cará-
ter . Ele descreve o incidente como segue:
"Eu sofria de uma úlcera que estava piorando mais e
mais . Minha esposa Joan e eu estávamos visitando uma mis-
são, e na manhã seguinte, tive a impressão de que deveríamos
voltar para casa o mais depressa possível, embora tivéssemos
planejado ficar para mais algumas reuniões.
"Na viagem de volta, estávamos sentados na parte dian-
teira do avião, enquanto alguns membros da Igreja viajavam
no compartimento seguinte . Em certo ponto do trajeto, senti
u'a mão pousada sobre minha cabeça, mas não consegui ver
ninguém . A mesma experiência se repetiu antes de chegarmos
em casa. O que foi, por que meios, eu talvez jamais venha a
saber, o que eu sabia era estar recebendo uma bênção que,
conforme soube mais tarde, necessitava desesperadamente .

HAROLD B . LEE 411

"Assim que chegamos em casa, minha mulher, muito an-


siosa, telefonou ao médico . Então já eram umas onze horas da
noite . 0 médico pediu que eu viesse ao telefone e perguntou
como eu me sentia, ao que respondi : 'Bem, estou muito cansa-
do . Mas acho que tudo vai bem' . Porém, pouco depois, deu-se
forte hemorragia que, se tivesse ocorrido durante o vôo, eu
não estaria aqui hoje para falar a respeito.
"Sei que existem poderes divinos que se manifestam,
quando nenhuma outra ajuda é possível . . . Sim, eu sei que
existem tais poderes ."
Sob muitos aspectos, a história é uma parábola de sua
vida de serviço dedicada aos santos . Viajando por perto de
sessenta anos a serviço da Igreja, ele sempre tinha u'a mão
firme, invisível sobre si, para protegê-lo e abençoá-lo . De sua
infância rica em experiências em Clifton, Idaho, cumprindo
tarefas metido em seu macacão, às salas atapetadas do Escri-
tório Central da Igreja, o Presidente Lee foi um firme seguidor
da palavra do Senhor . Sua compaixão, seu calor humano e seu
amor foram crescendo à medida que o véu espiritual ia-se
tornando cada vez mais tênue entre o arquiteto terreno da
Igreja mundial e seu Todo-poderoso Criador.

NOTA DO EDITOR : Pouco depois de este ensaio estar pronto


para publicação, o Presidente Lee foi acometido de complica-
ções cardíacas e pulmonares ; faleceu a 26 de dezembro de
1973, aos setenta e quatro anos de idade . Os serviços fúnebres
foram realizados no Tabernáculo de Salt Lake no sábado, 29
de dezembro, seguindo-se seu sepultamento no cemitério da
Cidade do Lago Salgado . Sendo o mais jovem presidente da
Igreja em quarenta anos, ele serviu como tal por aproximada-
mente um ano e meio . Ao ser apoiado como profeta da Igreja
na assembléia solene em outubro de 1972, ele declarou : "O
verdadeiro registro de meus serviços em meu novo chamado
será o registro que gravei no coração e vida daqueles com
quem tenho servido e trabalhado dentro e fora da Igreja" .
DÉCIMO-SEGUNDO PRESIDENTE

SPENCER W . KIMBALL
(1895)

Por Dean May, Departamento Histórico da Igreja

A mãe navajo achega os filhos às chamas fumarentas que


fornecem calor e luz no pobre hogan . A pequena cabana, feita
de barro e ramos, mal se percebe na paisagem coberta de neve
do Novo México na qual se aninha. Os motoristas que passam
em disparada pela região com seus confortáveis e aquecidos
sedans jamais saberiam da existência daquela família, não
fosse pelo leve traço de fumaça que do teto do hogan parece
subir diretamente para o zênite do claro e frio firmamento.
Membros da Igreja de origem mexicana sentam-se em si-
lêncio na capela apinhada, privados de compartilharem do
sentido pleno dos sermões, do conforto das preces e da inspira-
ção dos hinos, porque não entendem o idioma usado pela
maioria dos membros da congregação.
Um militar espera entediado a próxima conexão de ôni-
bus para seguir viagem na rodoviária de uma cidadezinha es-
tranha, longe de casa . O povo local, enredado em seus afaze-
res cotidianos e inibido por seu natural acanhamento, não ofe-
rece ao forasteiro um "olá" amigável ou um convite para um
jantar em família, antes da partida do ônibus noturno.
Spencer W. Kimball, décimo-segundo presidente da Igre-
ja, é uma pessoa que durante toda sua vida, tem-se mostrado
sensível à situação aflitiva dos esquecidos e negligenciados.
Ele notou a mãe navajo, o membro de origem mexicana, o
viajante solitário, reagindo com calorosa simpatia às suas ne -
cessidades . Se houvesse uma única palavra para resumir seu
ministério, seria compaixão . Jamais deixando de alimentar o
faminto, acolher o estranho e visitar os doentes e encarcera-
dos, o Presidente Kimball tem exemplificado em sua conduta a

414 OS PRESIDENTES DA IGREJA

admoestação do Salvador de não nos esquecermos dos pobres


de espírito.
A história dos antecedentes familiares do Presidente Kim-
ball lembra-nos os fortes laços que ligam os santos modernos
aos que colaboraram na restauração do Evangelho na primei-
ra parte do século passado . Um dos avós do Presidente Kim-
ball, Heber C . Kimball, foi ordenado élder pelo Profeta Joseph
Smith, em 1832 . Três anos mais tarde, foi chamado para ser
um dos doze apóstolos originais da Igreja, e serviu a Brigham
Young como dedicado conselheiro . Foi pioneiro do trabalho
missionário na Inglaterra em 1837 com notável sucesso, e
uma década depois, participou de mais outro feito pioneiro,
acompanhando a primeira companhia de santos que chegava
ao Vale do Lago Salgado, em julho de 1847.
Edwin D . Woolley, o outro avô do Presidente Kimball, foi
igualmente bom amigo e companheiro do profeta Joseph
Smith ; trabalhou também para Brigham Young como adminis-
trador de seus negócios, e durante perto de três décadas, ser-
viu como bispo da Ala XIII, na Cidade do Lago Salgado.
Como apóstolo e líder da Igreja, o Presidente Kimball tor-
nou-se conhecido principalmente por seu trabalho com , os ín-
dios americanos. Costuma ser chamado de "Apóstolo dos la-
manitas", tendo devotado muito de sua atenção à melhoria
das condições de vida dos índios, particularmente no Sudoeste
Americano . Muito antes de os grupos minoritários serem no-
tados pela maioria dos americanos . o Presidente Kimball já
trabalhava incansavelmente para chamar a atenção do públi-
co e procurar meios de elevar o padrão de vida do mais mise-
rável de todos os grupos minoritários.
Na bênção patriarcal recebida aos onze anos de idade,
era prometido ao jovem Spencer que ele iria "pregar o Evan-
gelho a muitos povos, mas principalmente aos lamanitas, pois
o Senhor te abençoará com o dom das línguas e o poder de
expor o Evangelho ao povo com grande clareza" . O chamado
que levou ao cumprimento dessa profecia proveio do Presiden-
te George Albert Smith em 1946, o qual encarregou o Irmão
Kimball de trabalhar no programa da Igreja para os índios.
Falando de sua nova designação durante uma conferência, o
Elder Kimball externou sua esperança de conseguir "fazer o
mundo inteiro chorar pelos filhos de Léhi" . Seus artigos publi-

SPENCER W . KIMBALL 415

cados na Improvement Era em 1948 sobre a situação aflitiva


dos navajos, revelaram aos membros da Igreja a miséria e
falta de oportunidades para progredir que caracterizavam a
vida na reserva indígena da época . Durante um quarto de sé-
culo, ele serviu como encarregado do Comitê da Igreja para
Assuntos Indígenas e introduziu o programa de colocação de
estudantes índios, um dos mais benevolentes de todos os pro-
gramas de assistência aos lamanitas ; tem ajudado outros a
colocarem em prática o princípio do desprendimento que vem
caracterizando sua própria vida.
0 interesse do Presidente Kimball pelos índios é provavel-
mente um legado de seu pai, Andrew Kimball, um dos filhos
mais mocos de Heber C . Kimball e Ann Gheen . Andrew Kim-
ball foi chamado para fazer missão no Território Índio (atual-
mente Oklahoma) em 1885, apenas três anos depois de casar-
se com Olive Woolley, filha do Bispo Edwin D . e Mary A.
Woolley. Após servir como missionário durante dois anos, An-
drew foi encarregado da Missão do Território Índio, cargo que
desempenhou até 1897, interrompendo seu trabalho missioná-
rio só por ocasionais visitas à Cidade do Lago Salgado, para
ganhar o sustento para sua esposa e filhos . Foi durante esse
período de vida dos pais, que a 28 de março de 1895 veio à luz
o pequeno Spencer, numa pequena casa de tijolos que ainda
existe na esquina das ruas Fourth North e Third West, na Ci-
dade do Lago Salgado . Paralelamente aos seus deveres missio-
nários, Andrew ainda servia na época como delegado à Con-
venção Constitucional de Utah . Firme defensor do sufrágio fe-
minino, mesmo assim propôs afavelmente que o garoto de
quatro quilos recebesse o nome de um de seus oponentes na
questão, B . H . Roberts . A mãe do menino, todavia, "sufragista
feminina entusiasta " que "entende plenamente o significado
de direitos iguais", se opôs à sugestão . "E assim", comenta o
Presidente Kimball, "meus pais 'entraram em acordo' e eu fui
chamado Spencer Woolley Kimball" . Era o sexto numa família
que chegaria a onze filhos.
O pai de Spencer foi desobrigado de seus encargos missio-
nários ao tempo em que estavam sendo criadas colônias mór-
mons no Arizona, e o Presidente Kimball recorda : "Minha
querida mãezinha que por doze anos fora praticamente viúva,
estava morrendo de medo que o marido fosse mandado para o

416 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Arizona" . Seus temores se concretizaram quando, naquele in-


verno, Andrew Kimball foi chamado como presidente da Esta-
ca St . Joseph, no longínquo sudeste do Território do Arizona.
Infeliz por ter que deixar sua família e casa em Utah, porém
inteiramente leal ao marido e seus chamados, ela "deixou tu-
do para trás, e despediu-se de uma vida realmente confortá-
vel, não sabendo se voltaria a ver seus entes queridos".
A família — pai, mãe e sete filhos — partiu da Cidade do
Lago Salgado debaixo de um aguaceiro de primavera, viajan-
do de trem durante dois dias e duas noites até Grand Junction
e Pueblo, Colorado ; Deming, Novo México ; depois, rumo leste
atravessando o deserto cheio de cáctus, até o Vale de Gila . Seu
destino, Thatcher, era por demais insignificante para ter uma
estação . 0 trem simplesmente parava e deixava os passageiros
descerem ao lado dos trilhos . Os Kimballs certamente senti-
ram-se reanimados pela chuva de rosas lançadas como sauda-
ção pelos santos que os aguardavam . Mesmo que o deserto
não estivesse ainda em floração, no pequeno núcleo havia ro-
sas suficientes para proporcionar à família uma calorosa re-
cepção mórmon ao seu novo lar. Exatamente como antes de-
les, seus pais foram pioneiros no Vale do Lago Salgado, An-
drew e Olive, abandonando as amenidades que seus pais ha-
viam ajudado a construir, agora se prontificavam a contribuir
para o estabelecimento de uma comunidade mórmon satélite
no Vale de Gila, no Arizona . Dali por diante, a família estaria
comprometida a levar a civilização e abundância a uma terra
deserta . Conforme Spencer relembrou mais tarde, o trabalho
do pai era "fornecer à sua gente tudo o que pudesse fazê-los
crescer e desenvolver-se, não permitindo que fossem apenas
uma pequena comunidade perdida no deserto, mas se tornas-
sem parte da obra que estava crescendo".
Tendo três anos na época em que a família se mudou para
o Arizona, Spencer cresceu e prosperou junto com a comuni-
dade que era seu lar . Certa noite, parando para conversar com
Andrew, um vizinho notou que o garoto cantava enquanto or-
denhava as vacas . 0 pai, voltando-se para o vizinho, fez uma
estimativa profética do futuro daquele seu filho : "Irmão, este
meu Spencer é um menino excepcional", comentou Andrew.
-Ele sempre procura obedecer-me em tudo o que lhe peço.
Dediquei-o a ser um dos porta-vozes do Senhor _ se o Senhor

SPENCER W . KIMBALL 417

quiser . Algum dia você há de vê-lo como grande líder . Eu o


dediquei ao Serviço de Deus, e ele tornar-se-á um grande ho-
mem na Igreja."
Spencer sempre freqüentou fielmente as reuniões da Igre-
ja . Um dia, enquanto calcava feno para seus irmãos, ele avi-
sou que estava na hora de ir para a Primária . Quando os ir-
mãos insistiram que precisavam dele e recusaram-lhe permis-
são para deixar o serviço, ele, sabendo que o pai teria deixado
que fosse, aguardou a primeira oportunidade, pulou do carro-
ção e já estava longe quando os irmãos perceberam sua fuga.
Essa firme dedicação ao propósito certo continuou a ser parte
de seu caráter, contribuindo para o seu sucesso como líder da
Igreja.
Como criança, Spencer teve de suportar seu quinhão de
desgraças . Aos sete anos, quase morre afogado ao cair num
buraco fundo perto da beira de uma piscina natural, na área
de piqueniques conhecida com Rancho Cluff . Com dez anos,
foi acometido de paralisia parcial dos músculos da face . Seus
irmãos e irmãs caçoavam da sua cara esquisita quando sorria
("um caso unilateral", dizia o Presidente Kimball jocosamen-
te) . Quando a paralisia não cedeu com o tratamento dos médi-
cos locais, seu pai chamou outros portadores do Sacerdócio
para que o ajudassem a administrar ao filho uma bênção de
saúde ._ Dentro de poucas semanas, Spencer voltou a controlar
os músculos da face, recuperando sua saúde perfeita . Sua mãe
faleceu quando ele tinha onze anos, deixando um imenso vazio
e exigindo um penoso reajustamento para uma criança de tão
pouca idade.
Durante a juventude, Spencer perseverou em sua estrita
observância dos princípios da Igreja . Passou pelos ofícios do
Sacerdócio Aarônico com excepcionais índices de freqüência e
atividade . Aos catorze anos, era professor da Escola Domini-
cal, e serviu como professor, regente e membro do coro da ala,
e membro da junta da Escola Dominical da estaca, enquanto
ainda era apenas um adolescente . Com vinte e dois anos tor-
nou-se secretário da Estaca St . Joseph.
Certa ocasião, o jovem Spencer aceitou, junto com um
amigo, um emprego de descarregar vagões de carga na Cali-
fórnia . Ele não fazia caso das longas horas de trabalho pesado
exigidos pelo emprego, mas foi aborrecendo-se com a torrente

418 OS PRESIDENTES DA IGREJA

incessante de palavreado vulgar dos companheiros de traba-


lho . Finalmente, em desespero de causa, procuraram o capa-
taz para dizer-lhe que iam largar do emprego . 0 capataz quis
saber a razão e quando descobriu por que pretendiam ir embo-
ra, mandou que voltassem dali a dois dias . Quando os dois
voltaram, deram-lhe um novo trabalho abrir os vagões e
inspecioná-los antes de serem descarregados . 0 Presidente
Kimball recorda jocosamente que "o primeiro vagão que abri-
mos estava carregado de chocolate . Como o calor reinante fi-
zera o chocolate derreter, a carga estava vasando de todas as
caixas . Nós tínhamos um emprego melhor e mais -dose tam-
bém".
A despeito de todas as suas atividades na Igreja, Spencer
ainda encontrava tempo para outras coisas . Financiou seu
próprio curso secundário na Academia Gila, de propriedade
da Igreja, em Thatcher (agora uma instituição de ensino esta-
dual denominada Eastern Arizona Junior College), passando
os verões ordenhando vacas numa fábrica de laticínios de Glo-
be, a cento e cinqüenta quilômetros de distância . Embora uma
boa meia cabeça mais baixo que o resto do time de basquete
da academia, usando seu talento e muito empenho tornou-se
um astro no ataque . Participava igualmente de vários tipos de
programas musicais, cantando e tocando piano . Quando se di-
plomou em 1914, seu pai, que falou na formatura, expressou
sua gratidão pela honra do filho ter sido escolhido presidente
de sua classe pelos colegas, e da parte da academia por tê-10
eleito presidente do corpo discente . A seguir, surpreendeu a
audiência, e aparentemente o próprio Spencer também, suge-
rindo que o rapaz não fosse diretamente para a Universidade
conforme havia sido planejado, mas tivesse a oportunidade
de, durante dois anos, utilizar na prática o alemão aprendido
na escola.
Contudo, o chamado para a Missão Suíço-Germânica foi
mudado por causa da irrupção da I Guerra Mundial na Euro-
pa, e Spencer serviu na Missão dos Estados Centrais . Ali ele
inventou um meio de entrar nas casas que, se não fez conver-
sos, certamente provocou sorrisos amigáveis . Perguntou a
uma senhora que estava para fechar-lhe a porta na cara, se o
novo piano que tinha na sala era da marca Kimball. Quando
ela respondeu que sim, ele retrucou : "Eu também me chamo

SPENCER W . KIMBALL 419

assim . Não gostaria de que eu cantasse e tocasse para a se-


nhora? " Então entrava e cantava "O Meu Pai" para os resi-
dentes da casa . Sem dúvida, foi um dos meios mais inusitados
imaginados pelos missionários para ganhar simpatias . O Élder
Spencer Kimball terminou sua missão como presidente da
Conferência de Missouri, com cerca de trinta missionários sob
a sua supervisão . "Minha missão foi um estabilizador, organi-
zador e espiritualizador", recorda o Presidente Kimball . "Ela
fortaleceu meu testemunho . Consolidou meu caráter e minha
vida . . . Ganhei uma porção de experiência em lidar com pes-
soas e problemas, em dirigir e designar, o que, em base menor,
proporcionou-me algum preparo para o meu trabalho de
hoje . "
Ao voltar da missão, passou a estudar na Universidade
Estadual do Arizona . Mais tarde, matriculou-se na Universida-
de de Brigham Young, porém foi convocado para uma unidade
militar local do Arizona, a fim de preparar-se para partir para
a guerra . Entretanto, o armistício foi assinado antes da parti-
da da companhia, e assim pôde ficar perto de casa.
Durante esse período, Spencer empregou-se numa empre-
sa que se propunha a extrair a mais preciosa riqueza numa
.região árida — água . Ele e um irmão de criação foram encar-
regados de um trabalho que exigia que ficassem . acampados
numa área afastada durante toda uma semana de cada vez,
enquanto cavavam poços e túneis laterais para induzir o de-
serto a produzir água . Uma vez por semana, recebiam o jornal
local, o Graham County Guardian e certo dia, Spencer notou a
fotografia de uma linda moça na primeira página, Camilta Ey-
ring, que há pouco se mudara para a região, vinda da Cidade
do Lago Salgado (onde estivera estudando) e que no ano se-
guinte ia lecionar na Academia Gila . Sua família fora obrigada
a exilar-se do México na época da revolução, e o Presidente
Kimball recorda : "Eu disse ao meu irmão de criação e a mim
mesmo que aquela moça seria minha esposa . 'Vou-me casar
com ela', afirmei" . Assim que voltou ao vale, ele a procurou e
começou a cortejá-la . Chegado o outono, fiel à sua promessa,
conseguira conquistar sua mão . Casaram-se em novembro de
1917.
Camilla, filha de Edward C . e Carolina Romney Eyring,
tem sido uma companheira ideal para o Presidente Kimball .

420 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Seu matrimônio foi abençoado com três filhos, Spencer, An-


drew e Edward, e uma filha, Olive .. Olive, agora Sra . Grant M.
Mack, faz parte do Coro do Tabernáculo . Spencer foi reitor
das escolas de Direito da Universidade de Utah e Universidade
de Wisconsin ; Andrew reside na Cidade de Nova York como
alto funcionário da General Eletric, e Edward leciona direito
na Escola de Direito J . Reuben Clark Jr ., da Universidade Bri-
gham Young . Além dos quatro filhos, o Presidente Kimball e
esposa têm vinte e sete netos e doze bisnetos.
O irmão Kimball continuou a se distinguir no Arizona por
sua atuação na Igreja e negócios cívicos . Serviu na junta de
diretores da Câmara de Comércio local, foi governador distri-
tal do Rotary Internacional e eleito vereador no município de
Thatcher, Arizona . Prestou igualmente destacados serviços co-
mo líder no Escotismo, e durante a II Guerra Mundial, dirigiu
os esforços locais para levantamento de fundos para a United
Service Organization (USO), organização não-governamental
que prestava recreação e outras formas de assistência aos
componentes das Forças Armadas . Entre suas inúmeras ou-
tras atividades, serviu como secretário e membro da junta
educacional da Faculdade Gila Júnior e colaborou na criação
da Gila Broadcasting Company, KGLU, a primeira emissora de
rádio no Vale de Gila. Além disso, participou da fundação da
Kimball-Greenhalgh Insurance Company, a qual, com sua aju-
da, se tornou uma lucrativa empresa de seguros.
Em 1938, depois de haver servido desde seus vinte e nove
anos como conselheiro na Estaca St . Joseph, quando esta foi
dividida passou a ser o primeiro presidente da recém-criada
Estaca Mt . Graham, Arizona, cargo que ocupou por seis anos.
Em junho de 1938, na qualidade de presidente de estaca, cola-
borou nos socorros e recuperação da área de Duncan, Arizona,
após devastadora enchente do Rio Gila . Seu trabalho como
presidente de estaca forneceu-lhe oportunidade para adquirir
ainda maior experiência e aprimoramento no serviço aos ne-
cessitados.
Ele e a família viviam numa confortável, recém-termina-
da casa de fazenda perto de Safford, Arizona, quando em ju-
lho de 1943, recebeu uma chamada telefônica que transfor-
mou sua vida tão radicalmente quanto o chamado do pai qua-
se meio século antes para transferir-se para o Arizona . Che-

SPENCER W. KIMBALL 421

gando em casa do trabalho na hora do almoço, foi recebido


pelo filho com a excitante notícia de que havia um telefonema
da Cidade do-Lago Salgado para ele . Era o Presidente J . Reu-
ben Clark Jr ., comunicando-lhe que havia sido escolhido para
preencher uma das vagas no Conselho dos Doze Apóstolos.
"Aquilo me atingiu como um raio", diria ele mais tarde.
Desconcertado pela assombrosa responsabilidade que o
aguardava, o Élder Kimball retirou-se para um longo período
de purificação e meditação . "Pensamentos conflitantes assal-
tavam-me a mente", lembra ele, "como que vozes dizendo:
'Você não pode fazer o trabalho . Você não é digno . Você não
tem capacidade' — e sempre voltava afinal o pensamento
triunfante : 'Você tem que fazer o trabalho designado — terá
que tornar-se capaz, digno e qualificado' ." Quando um cliente
sugeriu que a sua partida poderia significar a ruína de seus
negócios, ele lembrou ao homem a recomendação de Lucas de
que "a vida de qualquer [homem] não consiste na abundância
do que possui". 0 Irmão Kimball disse ainda ao seu amigo que
"todos os títulos, terras, casas e rebanhos são apenas coisas
que representam muito pouco na vida abundante de alguém".
Tirando conforto da certeza de Néfi de que o Senhor há
de "preparar um caminho pelo qual suas ordens poderão ser
cumpridas", o Elder Kimball aceitou seu alto chamado como
apóstolo do Senhor em outubro de 1943 . Aos quarenta e oito
anos de idade, ele via o cumprimento de uma bênção patriar-
cal recebida pela mãe muitos anos antes, quando ficou sem
filho após a morte do seu primeiro bebê, com o marido engaja-
do na obra missionária longe de casa . "Tu serás contada entre
as mães de Israel" prometeu o patriarca a Olive Woolley Kim-
ball . "Teus filhos serão estrelas de primeira grandeza na tua
coroa, e serão saudáveis, fortes e vigorosos no ajudar a dirigir
os propósitos de Deus nesta última dispensação ."
Como. apóstolo, o Irmão Kimball dedicou grande parte de
sua atenção aos programas missionários da Igreja, além do
sou trabalho com os Indios . Por muitos anos, serviu como en-
carregado do comitê executivo do trabalho missionário para a
Igreja em todo o mundo, entrevistando, incentivando e aben-
çoando dezenas de milhares de missionários . Suas viagens pe-
las missões levaram-no ao mundo inteiro, mas sua contribui-

422 OS PRESIDENTES DA IGREJA

ção especial para a obra missionária foi nas missões de idioma


castelhano, na América do Norte, Central e do Sul.
Enquanto organizava a Missão da América Central em
1952, o Elder Kimball visitou Tegucigalpa, capital de Hondu-
ras, em companhia de outros oficiais da Igreja que trabalha-
vam nessa região . Uma manhã, durante o desjejum no hotel, o
grupo foi atendido por um garçom particularmente atencioso.
Um dos presentes sugeriu que talvez pudessem oferecer ao tal
garçom um folheto da Igreja . "Irmão", retrucou o Elder Kim-
ball, "Você está olhando para o primeiro élder em Honduras".
Então presentearam-no com um exemplar do Livro de Mór-
mon e, ao fim de vários meses de estudo durante os quais
recebeu muitas cartas encorajadoras do Elder Kimball, ele foi
batizado com o primeiro grupo de conversos em Honduras.
Embora os missionários que organizaram o serviço batismal
não soubessem da profecia do Elder Kimball, o tal homem foi
o primeiro a ser batizado e mais tarde foi a primeira pessoa do
país a ser ordenado élder.
0 Elder Kimball organizou também a Missão Hispa-
no-Americana Oeste na baixa Califórnia, Arizona e Nevada,
em 1958 . Visitando os líderes de estaca da área, ele recomen-
dava com insistência que em toda conferência de estaca em
que houvesse presença de santos de fala castelhana, pelo me-
nos uma oração, um testemunho e um hino fossem em espa-
nhol . "A Igreja jamais deve assumir o papel de forçar as pes-
soas de fala castelhana a aprender inglês", escreveu em certa
ocasião. "A Igreja é para o povo e não o povo para a Igreja . "
Com sua característica atenção, o Élder Kimball aprovei-
tava a oportunidade de mandar uma carta de louvor aos pais
de cada missionário que encontrava em suas muitas viagens,
agradecendo-lhes pelo trabalho que seu filho estava pres-
tando.
Além do trabalho missionário, o Élder Kimball tem acen-
tuado freqüentemente aos membros da Igreja a importância
da família como unidade central para o ensino dos verdadei-
ros valores e ideais às futuras gerações . Gozando em seu pró-
prio lar uma abundante e feliz vida familiar, tem incentivado
outros a se esforçarem para que esta bênção suprema se torne
parte de suas vidas . Escreveu também dois livros, O Milagre
do Perdão e Faith Precedes the Miracle, ambos grandemente

SPENCER W . KIMBALL 423

apreciados pelos membros da Igreja . Em 1969, foi homena-


geado pela Universidade de Brigham Young, que lhe conferiu o
doutorado honorário em Direito.
Durante o desempenho de seus deveres como apóstolo, o
Elder Kimball tem superado sérios problemas de saúde . Em
1957, submeteu-se a uma cirurgia para extirpação de tumor
maligno da garganta . Ameaçado de perder a voz, ele foi admi-
nistrado pelo Presidente J . Reuben Clark Jr ., assistido pelos
Elderes Harold B . Lee e Henry D . Moyle . O Irmão Kimball
recuperou milagrosamente , a voz, apenas um tanto menos so-
nora e um pouco rouca, o que parecia só aumentar sua digni-
dade. Em 1971, submeteu-se à delicada operação do coração.
Abençoado com a assistência de cdmpetentes médicos e gran-
de . capacidade de recuperação e força de vontade, convales-
ceu rápida e completamente . Com referência à saúde do Presi-
dente Kimball, recentemente sua esposa externou seus senti-
mentos de "que no tocante à saúde dele, aconteceu um mila-
gre . Durante os últimos vinte anos, foi dotado de mais vigor".
Até mesmo um homem de perfeita saúde precisaria ser
dotado de uma resistência fora do comum para cumprir o ri-
goroso programa de trabalho do Presidente Kimball como au-
toridade geral . Sabe-se que costumava levar sua máquina de
escrever para, durante as viagens de automóvel, pôr em dia
sua volumosa correspondência, enquanto outra pessoa guiava.
Em suas visitas às missões, ficava entrevistando e aconselhan-
do membros locais até bem depois da meia-noite, apesar da
constante necessidade de levantar-se cedo no dia seguinte, a
fim de iniciar nova "rodada" de reuniões, conferências e en-
trevistas.
Mesmo já estando na oitava década de vida, o Presidente
Kimball, continua a interessar-se pela música e a executá-la.
A imagem de um apóstolo, e agora profeta tocando o órgão
para acompanhar os hinos cantados nas reuniões semanais da
Primeira Presidência e do Conselho dos Doze, é particular-
mente tocante como exemplo de serviço humilde e fiel.
Ao começar a arcar com as responsabilidades como déci-
mo-segundo profeta, vidente e revelador da Igreja, o Presiden-
te Kimball demonstrou a dignidade de um genuíno servo de
Deus . "Oramos para que nunca acontecesse", comentou a res-
peito da morte do Presidente Lee . "Todos os dias, pela manhã

424 OS PRESIDENTES DA IGREJA

e à noite, oramos em favor de uma longa vida e pelo bem-estar


geral do Presidente Lee. Eu sabia que a responsabilidade po-
deria recair sobre mim, porém não a procurei . Agora farei o
melhor que puder ."
Entre as pesadas responsabilidades do Presidente Kimball
como presidente e profeta, estará a tarefa de fazer com que a
Igreja vença galhardamente uma época em que deixa de ser
composta principalmente de norte-americanos do Oeste, tor-
nando-se real e rapidamente internacional na formação de
seus membros . Com sua ilimitada compaixão pelas vozes que
muitas vezes são ignoradas na azáfama das atividades gerais,
o Presidente Kimball é o líder ideal para levar avante a obra
do Senhor durante o período de ajustamentos e vicissitudes
com que nos defrontámos . Na qualidade de profeta da Igreja
na década de 1970, ele continua atento à súplica da mãe na-
vajo, do membro estrangeiro da Igreja e do viajante solitário .
ÍNDICE REMISSIVO

ÍNDICE 427

Academia Brigham Young, (239) Barden, Jerusha, (161)


Academia Fielding, Paris, Idaho(390) Barlow, Israel, (37)
Academia da Estaca Weber, (277, 280, Barrett liall, (299)
282) Batalhão Mórmon (43, 106, 335)
Academia Gila, Thatcher, Batismo pelos mortos, (18)
Arizona, (418) Beehive House, (153, 154, 188, 223)
Academia Oneida, Idaho, (390) Bement, Irmão . (39)
Acampamento de Sião, (79, 97, 236) Benbow, John, (102)
Adam-ondi-Ahman, (358) Benedict . Dr . F .D ., (55)
Ala East Ensign, (329) Bennett, John C ., (19)
Ala East Mill Creek, (313) Bennion, Adam S ., (374)
Ala Eden, (311) Bennion, Samuel O ., (249)
Ala Federal Heights, (35360 Benson, Ezra T ., (111, 135, 136, 172, 390)
Ala Grant LXVII, (342) Benson, Ezra Taft, (390)
Ala Grantsville, (201) Bernhisel, Dr . John M ., (46)
Ala Lake View, (316) Bettisworth, Delegado David, (16, 24,
Ala Long Beach, (306) 25)
Ala Merced, (316) Big Cottonwood Canyon, (48, 111)
Ala Ogden Norte, (317) Big Mountain, (45)
Ala Ontário, (317) Bingham, Louisa (Lee), (387)
Ala Poplar Grove, (394) Blood, Governador Henry H . (300)
Ala San Mateo, (317) Blood, Sra . Russel H ., (296, 298)
Ala Stratford, (325) Boggs, Lilburn, (13)
Ala Wilshire, (317) Bolton, Curtis, (74)
Alas Holladay XI-XIV, (345) Bombaim . India, (289)
Allen, Capitão James, (43) Booth, J . Wilford, (289, 293)
AMM do Sacerdócio Aarônico, (410) Borgstrom, Sr . e Sra . Alben, (265)
Arnerica's Witness for Christ, (311) Boston, Massachusetts, (40, 104)
Anderson, Edward H ., (215) Bowen, Albert E ., (319)
Anderson, Edward O . . (338) Boynton, John F . (9, 124)
Angell, Mary Ann, (35) Bridger, James, (43)
"Answers to Gospel Questions", (371) Brigham City, Utah, (55, 142, 316)
Apia . Samoa, (288, 328) Bringhurst, Samuel E . (315)
"A Real Man", Edgar A . Guest, (184) Bromfield, Louis, (56)
Armazém do Bispo, (396-7, 402) Brown, Campbell, M ., (401)
Assembléia do Sacerdócio convocada Brown, Harry, (118)
por Lorenzo Snow, (147) Brown, Hugh B ., (338, 349, 350, 353,
Assembléia Legislativa Territorial, (173) 355, 364)
Assembléia solene, (81, 262, 308) Brown, James, (45, 274)
Associação da Primária, (221, 404) Browning, O .H ., (18)
Associação da Trilha do Oregon, (256) Buchanan, Presidente James, (48, 75,
Associação das Trilhas e Marcos dos 170)
Pioneiros de Utah, (256, 258, 259) Buenos Aires, Argentina, (323)
Associação de Ex-alunos da Faculdade "Búfalo de Prata", (255, 258, 318)
Weber, (295)
Associação de Melhoramentos
Mútuos, (240, 241, 242, 258, 262, Caccia, Sir Harold, (345)
319, 333, 341, 342, 349, 353, 389, 410) "Cada membro um missionário", (349)
Associação Mercantil e Manufatureira Cadeia de Carthage, (24, 86, 130, 178,
de Brigham City, (137) 180)
"Associated Men Students" da Cadeia de Liberty, (14, 37)
BIU, (360) Calcutá, India, (134)
Augustus, Ellsworth H . (353) Callis, Charles A ., (256)
Aurelius, Condado de Cayuga, Nova Callister, Coronel Thomas, (170)
York, (33) Camacho, Manuel Arvilla, (264)
Austin, Mark, (401) Campeonato nacional de basebol, (374)
Austrália, ramos na, (287/8) Cannon, Angus M ., (89)
A . W . White And Company Bank, (197) Cannon, Capitão George, (64, 67)
Cannon, Edwin Q ., (39, 315)
Baden-Powell, Sir Robert, (255, 259) Cannon, George Q ., (13, 16, 17, 18, 20,
Ballard, Melvin J ., (300) 23, 67, 80, 116, 119, 120, 144, 155,
Ballif, Ariel S . (337) 172)
Banco Sociedade de Segurança de Cannon, Hugh J ., (285, 287)
Kirtland, (II . 36) Cannon, Joseph J ., (215)

428 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Cannon, Leonora, esposa de John Conferência de Sheffield, (171)


Taylor, (39) Conferência geral de área da Cidade do
Capela Hyde Park, (347) México, (408, 410)
Cardston, Canadá, (246) Conferência lamanita, Mesa,
Carlin, Thomas, (18) Arizona, (331)
Carrington, Irmão, (141) Conferência sobre A Saúde Infantil de
Carter, Phoebe, (99) Utah, (295)
Carthage, Illinois, (15, 16, 22, 180) Conferências gerais de área, (380, 408)
"Castor de Prata", (257, 332) Congresso dos Estados Unidos, (16, 46)
Cemitério Mórmon, (299) Congresso Internacional de
Centro Inter-estacas de East Bay, (343) Irrigação, (247, 248, 258)
Chandler, Harry, editor do Los Angeles Cook, Phillip St . George, (255)
Times, (56) Coolidge, Presidente Calvin, (255)
Cheney, Elijah, (96) Coombs, D'Monte W ., (327)
Child, Paul, (397) Coro do Tabernáculo, (369, 420)
Children's Friend, (379) Council Bluffs, Iowa, (42, 106, 130)
Christiansen, ElRay L ., (338) Cowdery, Oliver, (4, 5, 6, 9, 10, 12, 174,
"Church of the Air", (321, 331) 201)
Cidade da Guatemala, (324) Cowley, Matthew, (112, 113, 260, 321)
Cidade do Cabo, África do Sul, (322) Cruz Vermelha Nacional, (407)
Cidade do Panamá, (324) Cumming Alfred, (49)
Clark, General, (161) Cutler, Pai, (101)
Clark Jr ., .I . . Reuben, (232, 269, 237, 299,
302, 308, 340, 383, 407) "Damos Graças a Ti" (171)
Clawson, Rudger, (155, 210, 261) Decisions for Successful Living, (405)
Clay, Henry, (23) Dedicação do monumento a Joseph
Clayton, William, (349) Smith, (178)
Clifton, Idaho, (387, 388, 390, 411) DeMille, Cecil B ., (332)
Cluff, W .W ., (135) Departamento de Serviços Sociais, (379)
Colégio Internacional de Depressão da década de 1930, (383, 396)
Cirurgiões, (326) Depressão de 1893, (205)
Coltrin, Zebedee, (242) Dern, George H ., (258, 295)
Comissão da Exposição do Centenário de Deseret News, (83, 151, 154, 155, 245,
Utah, (300, 303) 265, 278, 296, 302, 323)
Comissão de Utah, (82) Dewey, Thomas E ., (265)
Comitê de Bem-estar, (403) "Dia David O . McKay, (326)
Comitê de Correlação da Igreja, (406, Dia dos Pioneiros, (78,113, 303, 329, 390)
409) "Distinguished American Award", (362)
Comitê de Militares, (403) Distrito Escolar Granite, (393)
Comitê de Música da Igreja, (389, 403) Dixon, Henry Aldous, (324)
Commerce, Illinois, (I5, 37, 101, 159, Dízimo, (146)
160) Dom das línguas, (35)
Comunismo, (340) Doniphan, General Alexander W . (14,
Condado de Adams, Illinois, (18) 161)
Condado de Bounty, Missouri, (14) Dougall Jr., William B ., (240)
Condado de Box Elder, Utah, (134) Douglas, Juiz Stephen A ., (18)
Condado de Chenango, Nova York, (32) Drummond, William W ., (47)
Condado de Cayuga, (33) Dulles, John Foster, (318)
Condado de Clay, Missouri, (14, 98) Duncan, Arizona, (467)
Condado de Daviess, Missouri, (13) Duncan, LeRoy H ., (322)
Condado de Davis, Utah, (174) Dunn, Paul H ., (410)
Condado de Hancock, Illinois, (22) Dyer, Alvin R ., (361)
Condado de Jackson, Missouri, (8, 96)
Condado de Orange, Vermont, (1) "Eagle Gate", (354)
Condado de Pottawattamie, Iowa, (237) East Avon, Connecticut, (95)
Condado de St . Lawrence, Nova Eastern Arizona Junior College, (464)
York, (18) Eccles, George, (406)
Condado de Tooele, (200) Echo Canyon, (33, 49, 53)
Condado de Utah, (77, 237) Edifício da Câmara, (50)
Condado de Wayne, (33) Edifício da Sociedade de Socorro (320,
Condado de Windsor, Vermont, (1) 334)
Condição financeira da Igreja, (145, 177) Edifício do Bispado Presidente, (177)
Conferência da Sociedade de Eisenhower, Presidente Dwight D . . (329,
Socorro, (351) 339)

ÍNDICE 429

Elaias, (10) Estrada de Ferro Central Pacific, (53)


Elias, o profeta, (10) Estrada de Ferro Union Pacific, (53, 393,
Ellsworth, German E . . (245) 407)
Ellsworth, Leo, (338) Estradas de Ferro em Utah, (53)
Emigrantes para o Vale do Lago Etoile du Deseret, (74)
Salgado, (46) Evans, Jennette' Evelyn, (275, 347)
Emigration Canyon, (45, 113, 259, 299) Evans, Jessie Ella (vide Smith, Jessie
Engar, Charles J ., (390) Evans)
Ensign, Horace S . (209) Evans, Richard L ., (338)
Ensign, revista, (379) Evans, Thomas B ., (280)
Epidemia de gripe, (184, 223, 249, 336) Evening and Morning Star, (7)
Equitable Life Assurance Society, (407) "Exemplary Manhood Award", (360)
Escola de hebraico em Kirtland, (124) Exército de Johnston, (50, 111, 170)
Escola Dominical, (296, 394) Eyring, Camilla (vide Kimball, Camilla
Escola Normal Estadual Albion, (391) Eyring)
Escola Oxford (Idaho), (391) Eyring, Caroline Romney, (419)
Escola Silver Star, (391) Eyring, Edward C ., (419)
Escola Superior da Igreja no
Havai, (339) Faculdade Agrícola Branch, (318)
Escola Superior da Igreja na Nova Faculdade Agrícola de Utah
Zelândia, (337) (Universidade Estadual de
Escola Whittier, (393) Utah), (300, 313 . 324, 348, 407)
Escola Woodrow Wilson, (393) Faculdade de Farmácia, Universidade de
Escoteiros da América, (255, 256, 257, Utah, (327)
258, 259, 318, 353) Faculdade Gila Junior, (420)
Escritório Central da Igreja, (177, 268, Faculdade Oberlin, (124)
367, 411) Faculdade Ricks, (342)
Escritório do Historiador da Igreja, (172, Faculdade Weber, (313)
369, 379) Fairbanks Avard, (299)
Essentiais in Church History, (371) Fairbanks, Charles W . (244)
Estaca Calgary, (334) Farmington, Connecticut, (91, 94, 95,
Estaca Cassia, (334) 100)
Estaca Chicago, (351) Farr, Lorin, (244)
Estaca Detroit, (340) Farr Sarah, (238)
Estaca Emery, (310) Farrell, George L ., (207)
Estaca Ensign, (200) Far West, Missouri, (14, 36, 66, 100, 127,
Estaca Florida, (335) 358)
Estaca Fresno, (313) Fayette, Nova York, (5)
Estaca Glendale, (350) Fayette, Condado de San Pete,
Estaca Holladay, (345) Utah, (115)
Estaca Hispano-americana Oeste, (469) Fazenda de Joseph Smith,
Estaca Idaho Falis, (317) Palmyra, (178)
Estaca Las Vegas, (326) Febre Tifóide, (2)
Estaca Liberty, (285) Fielding, Joseph, (159, 163, 165)
Estaca Long Beach (306) Fielding, Mary, (161)
Estaca Los Angeles, (266, 311, 313, 317, Filhos da Revolução Americana, (242,
321, 332) 253, 254, 259)
Estaca Los Angeles Sul, (312) Filhos dos Pioneiros de Utah, (331)
Estaca Mesa, (305) Fillmore, Presidente Millard, (46)
Estaca Monument Park, (331) Fillmore, Utah, (46)
Estaca Mount Graham, (420) Firestone, Harvey, (256)
Estaca Oahu, (298, 301) First Security Corporation, (407)
Estaca Pioneer, (336, 394, 397) Fletcher, Dr . Harvey, (258)
Estaca Portland, (300, 311) Floyd, Acampamento, (170)
Estaca San Fernando, (331) Follett, King, (23)
Estaca Santa Rosa, (333) Ford, Thomas, governador de
Estaca St . Joseph, (417, 462, 464, 467) Illinois (16, 17, 24, 25)
Estaca Tooele, (224, 201, 199, 201, 220, Forte Bridger, Wyoming, (49, 111)
385, 244) Forte Cedar, (1I1)
Estaca Utah, (243, 329) Foster Dulles, consul dos Estados
Estaca Weber, (244) Unidos (248)
Foundation Press, (396)
Estaca Wells, (336) Fowler, William, (171)
Estaca Woodruff, (305) Frick, James H . (248)

430 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Friend, revista, (379) escreve para o Millennia! Star, (215)


Fundo Permanente de Imigração, (79) chamado a presidir a Missão
Européia, (216)
Gallman, W . J ., (322) faz pronunciamentos aos santos
Garner, John Nance, (298) europeus, (217)
Garrison, John, (107) torna-se presidente do Quorum dos
Geertsen, Peter, (276) Doze (221)
General Lucas, (14, 161) torna-se presidente da Igreja, (223)
Gênova, Itália, (132) fala no "Knife and Fork Club" de
Gheen, Ann (Kimball), (415) Kansas City, (225)
Gifford, Alpheus, (34) crescimento da Igreja na gestão
Gila Broadcasting Co ., (420) de, (226)
Ginásio Deseret, (356) descreve qualificações de oficiais da
Gittins, Alvin (354) Igreja, (226, 227)
Glasgow, Escócia, (278, 281, 314, 316, testemunho, (228)
329) adoecimento, (229)
Glaus, Arthur, (315) morte, (231)
Goates, Helen Lee (vide Lee, Helen) funerais, (231,232)
Graham County Guardian, (419) sepultamento, (233)
Grand Canyon, (257) chama Harold B . Lee para chefiar
Grande Bacia, (42) programa do bem-estar, (383,
Grandin, E .B ., (5) 392, 399)
Grant, Heber J . fala no funeral de John chama Harold B . Lee para
Taylor, (89) missão, (392)
fala no sepultamento de Joseph F. pronunciamento sobre programa do
Smith, (184) bem-estar, (399, 400)
fotografia, (192) Grant, Jedediah M ., (103, 193, 199, 204)
nascimento, (193) Grant, Lucy Stringham, (199)
infância, (194, 199) Grant, Presidente Ulysses, (114)
conhece Brigham Young "durante Grant, Rachel Ridgeway lvins, (193)
passeio de trenó, (194) Grooley, Horace, (32)
experiência no basebol (195, 196) Greene, chefe de policia John P ., (24,
interesse pelo Teatro de Salt 33)
Lake, (196) Gridley, Califórnia, (310)
conta experiências no banco, (196, Guarda Aérea Nacional, (375)
198) Guarda Nacional de Utah, (375)
ganha prêmio de caligrafia, (197) Guerra Civil, (51)
emprega-se na Wells, Fargo & Guerra de Utah, (50)
Co . (197) Guerra do Vietnam, (406)
pede a Brigham Young que seja
fiador, (198)
desposa Lucy Stringham, (199) Hale, Inglaterra, (64)
chamado a presidir a Estaca Hale, Jonathan, (99)
Toole, (199, 201) Hamburgo, Alemanha, (74)
chamado ao apostolado, (202) Hammond, Francis A ., (276)
fala do dom de línguas de Eliza R. Harding, Presidente Warren C ., (253)
Snow, (202) Hárdy, Rufus K ., (260)
fala de seu testemunho, (204) Harmony, Pensilvânia, (4)
consegue empréstimo para Harris, Martin, (4, 5, 7, 8, 9)
estabelecer uma usina de açúcar Hart, Julina Smith, (374)
de beterraba, (205) Havai, (176, 286, 298, 328, 198, 310, 321,
descreve depressão de 1893, (205, 335)
206) Heiner, Daniel, (243)
sermão sobre ter dinheiro em Henderson, "Tia Susan", (387)
casa, (207) Hickman, Bill, (53)
operado de apendicite, (208) Higbee, Elias, (11, 16, 68)
conta como aprendeu a Higbee, Francis M ., (16, 24)
cantar, (209, 210) Hinckley, Bryant S ., (299)
chamado para missão no Hinckley, Gordon B ., (338, 405)
Japão, (211) Historias de Natal referentes ao
fala às Associações de programa do bem-estar, (398, 399)
Melhoramentos Mútuos, (212) Hollywood Bowl, (326)
pronunciamento ao povo Honduras, incidente em, (422)
japonês, (213, 215) Hoover, Presidente Herbert, (256)

ÍNDICE 431

Hopkinton, Massachusetts, (32) Jones, Miles L ., (295)


Horn, Sir Robert, (250) "Journal History of the Church " , (276,
Hospital David O . McKay, (358) 285 . 286 . 371)
Hospital Infantil da Primária, (313) Junta Educacional da Igreja, (373)
Hospital SUD, (177, 367)
Hotel Utah, (177, 320, 340, 367) Kane, Coronel Thomas L ., (49)
Howe, Abigail, (20) Kanesville, lowa, (44, 74, 75, 132)
Howell, William, (74) Kaysville Utah, (83, 115, 176)
Huff, Sparrel, (390) Kearney, General, (43)
Hunt, Jefferson, (275) Kemper, James S ., (323)
Hunter, Edward, (20) Kennedy, Presidente John F ., (354)
Huntsville, Utah, (275, 276, 277, 278, Kerr, Clifford G .M ., (338)
280, 331, 351) Kimball, Andrew, pai de Spencer
Hurt, Garland, agente para os W ., (415, 416, 417)
indios, (48) Kimball, Andrew, filho de Spencer
Hyde, Charles S ., (397) W ., (420)
Hide, Orson . (44, 71) Kimball, Ann Gheen, (4)5)
Kimball, Camilla Eyring, (419)
Igreja Metodista, (2, 64) Kimball, Edward, (419)
Igreja Metodista Reformada, (33) Kimball, Heber C ., (6, 7, 9, 11, 34, 37,
Igreja Ortodoxa Grega, (331) 41, 44, 66, 68, 107, 113, 129, 237, 413,
Igreja Presbiteriana, (2) 415)
Ilhas Fiji, (328, 337) Kimball, J . Golden, (210, 241)
Ilhas Fox, Maine, (100) Kimball, Olive (Sra . Grant Mack), (420)
/mpact, revista, (379) Kimball, Olive Woolley, (415, 416, 421)
Improvement Era, (371, 379, 415) Kimball, Spencer, filho de Spencer
Incidente com os bois, (164, 166) W . (420)
Independence, Missouri, (7, 14, 358) Kimball, Spencer W.
índios, (386) preocupa-se com pessoas
Indústrias criadas por Lorenzo esquecidas.
Snow ; (136) negligenciadas, (413)
Indústrias Deseret, (398) antepassados, (415, 416)
Instituto de Opinião Pública, (362) chamado "Apóstolo dos
Instituto SUD de Logan, (263, 301) Lamanitas", (414)
/nstructor, (283, 297) promessa em bênçãos
Intermountain Indian School, (332) patriarcais, (416, 417)
Iocoama, Japão, (285) chamado para trabalhar no
lsaacson, Thorpe B ., (331, 338, 357) programa para os índios, (414)
Ivins, Anthony W ., (31, 383) escreve série de artigos sobre os .
Ivins, Antoine R ., (233, 286) navajos no Improvement
Ivins, Rachel Ridgeway, (193) Era, (415)
nascimento, (415)
Jantar em Homenagem a David O. mudança da família para o
McKay, (352) Arizona, (416)
Japão, trabalho missionário, (211, 216) infância, (416, 417)
Jarvis, Brigham, (255) chamado para missão, (418)
Jensen, Freda Joan (vide Lee, Freda serviço militar, (419)
Joan Jensen) casamento e filhos, (419)
Jenson, Andrew, (280, 370) atividades cívicas e
Jenson, Parley, (371) empresariais, (420)
Jerusalém, organização do ramo, (408) torna-se presidente da Estaca Mt.
João, o apóstolo, (4) Graham, (420)
João Batista, (4) chamado para Conselho dos
Johannesburg, Africa do Sul, (322) Doze, (420, 421)
Johnson, Andrew, (18) experiência em Honduras, (422)
Johnson, Clarence F ., (315) obras literárias, (422)
Johnson, John, (7) recebe título doutor honoris
Johnson, Luke, (12) causa, (423)
Johnson, Lyman E ., (12) enfermidades e operações, (423)
Johnson, Presidente Lyndon B ., (354) torna-se presidente da Igreja, (423)
Johnston, Eric, (345) Kingsbury, Joseph, (278)
Johnston, General Albert Sidney, (49. Kirtland, .Ohio, (7, 8, 9, II, 12, 35, 97,
111) 113, 236)

432 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Klamath Falis, Oregon, (303) apoiado em assembléia solene, (409)


Knapp, Kenneth E., (363) modificações na Igreja durante sua
"Knife and Fork Club " de Kansas gestão, (410)
City, (225) descreve incidente de doença no
Knight, John M ., (254, 392) avião, (410, 411)
morte, funeral e
Lago de Utah, (109) sepultamento, (411)
Lahaina, Havaí, (136) administra bênção de saúde a
Lake, Joseph, (396) Spencer W . Kimball, (423)
Law, William, (15, 16, 22, 24) Lee, Helen (Goates), (393, 404)
Layton Sugar Company, (300) Lee, Jane Johnson, (386)
Lee . Alfred, (385) Lee, Louisa Bingham, mãe de Harold
Lee, Eli . (385) B ., (387, 389)
Lee, Fern Lucinda Tanner, (393, 394) Lee . Margaret McMurrin, (386)
Lee, Francis, (385) Lee, Maurine (Wilkins), (393, 394, 404,
Lee, Freda Joan Jensen, (406) 405)
Lee, Harold B. Lee . Perry, (387, 390)
escolhido para dirigir programa do Lee, Samuel, (385)
bem-estar, (383, 384) Lee, Samuel, pai de Harold B ., (385,
comissário da Cidade do Lago 386, 387)
Salgado, (3.84) Lee, William, (385)
preside a Estaca Pioneer, (384 ; 394) Legislativo Territorial de Utah, (77)
antepassados, (385) Lei Edmund, (115, 143, 174)
nascimento, (387) Lei Edmund-Tucker, (145)
infância, (387, 389) Libby, J .A ., (248)
inicia estudo de música . (389) Liljenquist, Charles V ., (328)
torna-se professor, (391) Lima Illinois, (129)
serve na Missão dos Estados do Lima, Peru, (324)
Oeste, (392) Lincoln, Presidente Abraham, (111, 157,
casa-se com Fern Lucinda 332)
Tanner, (393) Lindsey, Edward M ., (360)
empregos na Cidade do Lago Litchfield, Paul W ., (318)
Salgado, (393) Liverpool, Inglaterra, (38, 289, 293)
designações da Igreja na Estaca Livro de Mórmon, (4, 5, 25, 33, 65, 264,
Pioneer, (394) 314)
vida familiar, (394, 396) Lund, Anthon H ., (31, 178, 215, 286,
institui o programa de bem-estar na 371)
Estaca Pioneer, (396, 397) Lyman, Amasa M . (14, 160, 173)
histórias de Natal, (398/99) Lyman, Francis M . (217, 218, 221)
chamado pela Primeira Presidência Lyman, Platte D ., (279)
para dirigir programa do Lyman, Richard R ., (285)
bem-estar da Igreja, (399)
chamado ao apostolado, (403) Mack, Sra . Grant M . (Olive
publicações, (404) Kimball), (420)
preside Comitê dos Militares, (405) Maeser, Karl G ., (215, 218, 239)
falecimento da esposa Fern, (405) Magraw, W .M ., (48)
falecimento da filha Maurine, (405) Malta, (134)
fala nos serviços em memória dos Manifesto, (117, 176)
santos dos últimos dias mortos Mantua, Ohio, (123)
na Guerra do Vietnam, (406) Marsh, Thomas B ., o966, 100)
desposa Freda Joan Jensen, (406) Matis, Henry, A ., (315)
indicado para presidir o Comitê de Maui, Havaí, (169)
Correlação, (406) Máxima de Lorenzo Snow, (128)
designado primeiro conselheiro de McCullock, Major Ben, (50)
Joseph Fielding Smith, (407) McCune, Sr . e Sra . A .W ., (189) .
atividades cívicas e McCune, George W ., (253)
empresariais, (407) McGregor, Vice-governador, (248)
recebe doutorados honorários, (407) Mclntosh, Embaixador dos Estados
torna-se presidente da Igreja, (408) Unidos, (323)
comparece à conferência geral da McKay, David pai de David O ., (273,
área na Cidade do 275, 284, 287) .
México, (408) McKay, David Lawrence, (283, 289, 296,
visita a Terra Santa . (408) 298, 314, 343, 344, 361, 363)
McKay, David O .

ÍNDICE 433

fala no funeral de Heber J. visita a Missão Mexicana, (305)


Grant, (232) comemora suas bodas de
fala no funeral de George Albert ouro, (307)
Smith, (269) apoiado como presidente na
fotografia, (272) Igreja, (308)
antepassados, (273, 275) ordenado e designado presidente da
nascimento, (275) Igreja, (308, 310)
presta tributo à mãe, (275) recebe graus honorários, (310)
batismo, (276) cerimônia de inicio de construção
do Templo de Los
atuação no Sacerdócio, (276) Angeles, (311)
recebe bênção patriarcal, (277) fala no funeral de Joseph F.
estudos, (277) Merril, (312)
missão na Grã-Bretanha, (278) dedica Hospital Infantil da
profecia de James McMurrin a Primária, (313)
respeito dele, (279) visita as missões européias em
chamado para a junta da escola 1952, (314)
Dominical da Estaca, (280)
desposa Emma Ray Riggs, (281,) anuncia construção do templo na
nomeado diretor da Academia da Suíça, (316)
Estaca Weber, (281) fala no funeral de John A.
falecimento da mãe, (281) Widtsoe, (317)
ordenado apóstolo, (282) dedica a "Ponte dos Pioneiros
designado para a superintendência Môrmons", Omaha, (318)
geral da Escola recebe o "Búfalo de Prata", (318)
Dominical, (282) comparece ao funeral de Albert E.
acidentado no Ogden Canyon, (284) Bowen, (319)
falecimento do pai, (284) dedica os locais dos templos de
designado superintendente geral da Londres e Suiça, (319, 320)
Escola Dominical, (285) comemora octogésimo
viagem mundial pelas missões, (285) aniversário, (320)
dedica a China para a pregação do lança pedra fundamental do Templo
Evangelho, (285) de Los Angeles, (321)
abençoa samoanos em fala no funeral de Matthew
Sauniatu, (288) Cowley, (321)
revê Glasgow, Inglaterra, (289) viaja pela África, (322)
fala da viagem mundial na viaja pela América do Sul, (323)
conferência, (290) viaja pela América Central, (324)
recebe grau honorário de "Master of visita a Missão Mexicana, (324)
Arts", (291) acompanha a esposa eleita "Mãe do
designado presidente da Missão Ano" de Utah, (325)
Européia, (291) recebe a "Ordem Real de Phoenix"
mensagem de despedida aos santos da Grécia, (327)
europeus, (293) visita as missões do Pacífico
designado segundo conselheiro na Sul, (327)
Primeira Presidência, (296) anuncia a construção do templo na
progresso da Escola Dominical Nova Zelândia, (329)
durante sua acompanha rournée do Coro do
superintendência, (297) Tabernáculo na Europa, (329,
discurso de formatura na 330)
Universidade de Utah, (298) inicia a construção do templo em
dedica monumento no Cemitério Londres (330)
Mórmon em Omaha, (299) dedica o Templo da Suíça, (330)
nomeado encarregado da Comissão recebe medalha de ouro da Igreja
da Exposição do Centenário de Ortodoxa Grega, (331)
.Utah, (300) recebe o "Castor de Prata", (332)
lança pedra fundamental do Templo dedica o Templo de Los
de Idaho Falis, (300) Angeles, (332)
nomeado primeiro conselheiro de comemora seu cinqüentenário como
George Albert Smith, (302) autoridade geral, (333)
fala sobre os pioneiros e o dedica o Edifício da Sociedade de
sacramento, (303) Socorro, (334)
fala na dedicação do Monumento dedica o Templo da Nova
"Este Ë o Lugar", (303) Zelândia, .(337)

434 OS PRESIDENTES DA IGREJA

dedica a Escola Superior da Igreja McKay, Robert R ., (320, .323, 351, 359,
na Nova Zelândia, (337) 360, 362, 363)
dedica o Templo de Londres, (338) McKay, Thomas E ., (284)
dedica a Escola Superior da Igreja McKay, William, (273, 275)
no Havaí, (339) McKean, Juiz, (53)
fala no septuagésimo quinto McKinley, Presidente William, (242)
aniversário do Templo de McMurrin, James, (216, 279, 280)
Logan, (340) McMurrin, Joseph, (216)
fala no funeral de Stephen L. McMurrin, Margaret e Mary, (386)
Richards, (340) Mendon, Condado de Monroe, Nova
fala para serões da juventude, (342) York, (21)
comemora sessenta anos de Mentor, Ohio, (6)
casado, (346) Merrill, Joseph F ., (312)
anuncia construção do templo em Merthyrr Tydfil, Pais de Gales, (338, 347,
Oakland, (347) 352, 353)
dedica a Capela Hyde Park em Messenger and Advocate, (98)
Londres, (347) Middleáiiss, Clare, (329)
visita a terra natal da mãe no Pais de Milícia do Missouri, (14)
Gales, (348) Mill Creek, Condado de Salt Lake, (167)
fala no funeral de J . Reuben Clark Millennial Star, (I1, 16, 33, 67, 159, 215,
Jr ., (350) 218, 251, 290, 292)
organiza estaca na Escócia, (351) Miller, Eleazar, (34)
homenageado por lideres cívicos e Mills, Ëlder, (66)
empresariais de Utah, (350 - Milnthorpe, Condado de Westmoreland,
351) Inglaterra, (63)
oficia dedicação das remodelações Mineração em Utah, (52)
do Templo de Salt Lake, (352) Missão América Central, (321, 324, 422)
dedica capela em . Missão Armênia, (293)
Merthyr-Tydfil, (352) Missão Australiana, (328)
fala no funeral de Henry D. Missão Britânica, (293, 314, 321)
Moyle, (350) Missão Britânica Norte, (347)
tem encontro com o Presidente Missão Califórnia, (255, 312)
Lyndon B . Johnson, (354) Missão Califórnia Norte, (347)
dedica o Templo de Oakland, (355) Missão Dinamarquesa, (315)
visita locais históricos da Igreja no Missão de Berlim, (315)
Missouri, (358) Missão do Território índio, (415)
envia mensagem especial aos Missão Escocesa-Irlandesa, (347)
militares SUD na Ásia, (358) Missão Estados Centrais, (295, 418)
recebe o "Exemplary Manhood Missão Estados Centro-Nórte, (257, 299)
Award" da BYU, (360) Missão Estados do Leste, (247, 258, 295,
homenageado pela "National 346)
Football Foundation", (362) Missão Estados do Noroeste (249, 257)
um dos cinco principais lideres Missão Estados do Oeste, (254, 392)
religiosos da América, (362) Missão Estados Setentrionais, (259, 299)
inauguração do Hospital David O. Missão Estados Sulinos, (241, 247, 255,
McKay, (363) 256, 295, 313)
falecimento, (364) Missão Européia, (173, 218, 238, 249,
crescimento da Igreja durante sua 279, 293)
presidência, (364, 365) Missão Finlandesa, (315)
funeral e sepultamento, (364, 365) Missão Francesa, (73, 315)
sucedido por Joseph Fielding Missão Germânica, (292)
Smith, (378) Missão Germânica Oeste, (315)
cria Comitê de Correlação, (451) Missão Grandes Lagos, (335)
Missão Hispano-Americana, (422)
McKay, Dr . Edward R ., (326, 329, 346, Missão Italiana, (134)
360) Missão Mexicana, (305, 324)
McKay, Ellen Oman, (273) Missão Nova Inglaterra, (334)
McKay, Emma Ray Riggs, (281, 325. Missão Nova Zelândia, (260, 288, 328,
341) 337)
McKay, Isaac, (274) Missão Países-Baixos, (315)
McKay, Jannette Evans, (275, 281) Missão Palestina-Armênia, (289)
McKay, Llewelyn R ., (319, 355) Missão Samoana, (328)
McKay, Mildred, (352, 314) Missão Sueca, (293, 315)
Missão Suíça, (315)

ÍNDICE 435

Missão Texas, (256) Peron, Juan D ., (323)


Missão Tonga, (288, 327) Perseguições no Missouri, descritas por
Missouri, ponto de reunião dos santos, Mary Fielding Smith, (159, 160)
(6) Phelps, William W ., (7)
Moench, Louis F ., (281) Piemonte, Itália, (133)
Moisés, (10) Pierce, Arwell L ., (305)
Monte Cumora, (174, 311) Pierce, Presidente Franklin, (47)
Montevidéu, Uruguai, (323! Pinchot, Gifford, (244)
Pioneiros, primeira companhia, (43, 106)
Monumento a Joseph Smith, Sharon, Pioneer Memorial Theatre, (342, 354)
Vermont, (178) Poligamia, (53, 54, 82, 117, 142, 143, 175)
Monumento "Este É o Lugar", (263, 264, "Ponte dos Pioneiros Mórmons", (318)
303) Pope, Juiz, (20)
Mormon, jornal, (75) Port Byron, Nova York, (33)
Mormonism Exposed, (19) Porter, John, (330)
Moi-tini, anjo, (3) Portland, Maine, (103)
Morrell, Sra . Joseph, (338) Poulton, James, (240)
Moyle, Henry D ., (298, 338, 341, 350, Powell, Senador L . W ., (49)
353, 401) Pratt, Orson, (6, 9, 71, 78, 81, 101, 174,
Moyle, James H ., (239, 298) 210)
Mt . Pisgah, (130) Pratt, Parley P ., (6, 9, 14, 64, 71, 79, 129,
Murdock, Franklin J ., (327) 160, 168)
Murdock, Sra. William, (338) Preston, Idaho, (389)
Príncipe Tu'ipelehake, de Tonga, (360)
Naisbit, Henry W ., (216, 279) Programa de Bem-Estar da Igreja, (383,
National Football Foundation, (362) 399, 403)
Nauvoo Expositor, (24) Programa do Ensino Familiar do
Nauvoo, Illinois, (14, 15, 16, 17, 20, 22, Sacerdócio, (352)
24, 37, 128, 180) Promontory, Utah, (53)
Nauvoo Neighbor, (69) Provo, Utah, (Ill, 239)
Nephi, Utah, (146) Pulsipher, Zera, (96)
New York Herald, (56) Pupin, Dr. Michael, (258)
Nibley, Charles W ., (167, 180, 184, 185, Pyper, George D ., (285, 297)
247)
Nibley, Preston, (248, 338) Quincy, Illinois, (15, 18, 101)
Nicholson, John, (216) Quorum dos Doze Apóstolos, (78, 115,
Noble, Joseph B ., (89) 124, 130, 173)
North Vinal Haven, Ilhas Foz, (100)
Nova Orleans, Louisiana, (71, 129) Rainha de Tonga, (261)
Nufer, Alfred F ., (323) Rainha Elizabeth da Inglaterra, (316)
Nukualofa, Tonga, (261, 287, 327) Rainha Juliana da Holanda, (314)
Ramo Avenal, (313)
"O Governo de Deus", folheto, (74) Ramo Cambridge, (334)
Old Fort Harmony, (259) Randolph, Condado de Rich, (114)
Omaha, Nebraska, (52, 140, 318) Ravenna, Ohio, (124)
Ordem Unida, (54) Rees, Dr. Thomas D ., (260)
Ottley, Sidney J ., (328) Rei Paulo da Grécia, (327)
Overton, Nevada, (313) Reiser, A . Hamer, (322, 337)
Relief Society Magazine, (379)
Page, John E ., (13, 101) Representantes regionais dos Doze, (360)
Palavra de Sabedoria, (8, 227) Reserva Indígena dos Moqui, (203)
Palmyra, Nova York, (2, 33, 161) Reserva Indígena dos Navajo, (203)
Papiti, Taiti, (287, 328) Reynolds, Ethel Georgina, (vide Smith,
Paris, Idaho, (334) Ethel Georgina Reynolds)
Parowan, Utah, (259) Reynolds, George, (282)
Parque Rotary, (400) Rich, Ben E ., (246)
Parrish, Élder, (98) Rich, Charles C ., (300, 334)
Partrige, Bispo, (98) Richards, Franklin D ., (89, 276)
Patrick, Delegado Federal, (53) Richards, George F ., (372)
Patten, David W ., (124) Richards, Laurence W ., (246)
Peale, Norman Vincent, (362) Richards, Le Grand, (298)
Pequim, China, (285) Richards, Stayner, (314)
Penrith, Cumberland, Inglaterra, (64) Richards, Stephen L ., (273, 282 285, 308,
Penrose, Charles W ., (184, 221, 243) 321, 327, 340)

436 OS PRESIDENTES DA IGREJA

Richards, Willard, (13, 23, 25, 44, 103, Smith, Emma Hale, (4)
107) Smith, Ethel Georgina Reynolds, (369,
Richland, Condado de Oswego, Nova 371)
York, (96) Smith, George A ., (101, 114, 140, 168,
Richmond, Missouri, (14, 161, 174, 249) 169, 172, 174, 236, 238, 239)
Rigdon, Sidney, (7, 10, 14, 16, 40, 66, 69, Smith Jr ., George A ., (204, 244, 250, 259)
104, 159, 160) Smith, George Albert fala no funeral de
Riggs, Emma Ray, (281) Heber J . Grant, (231)
Rio de Janeiro, Brasil, (323) fotografia, (234)
Rio Hood, Oregon, (310) antepassados, (235, 238)
Rio Missouri, (42, 71) nascimento, (238)
Rio Sweetwater, (44) batismo e confirmação ; (239)
Roberts, Brigham H ., (65, 71, 73 . 80, 212, infância, (239)
371) trabalha na ZCMI, (240)
Roberts, Reverendo Paul, (362) chamado para missão especial na
Robinson, George W ., (14) AMM, (240)
Rochester, Illinois, (100) desposa Lucy Emily Woodrúff, (241)
Rochester, navio, (38) chamado para a Missão dos Estados
Rockwell, Orrin P ., (170) Sulinos, (241)
Romney, George, (360) nomeado tesoureiro do escritório de
Romney, Gordon, (324) cadastro público de Utah, (242)
Romney, Marion G ., (339) apoiado membro do Quorum dos
Roosevelt, Presidente Theodore, (242) Doze, (242)
Rotary Internacional, (420) atividade na associação Filhos da
Rouche, Thomas F ., (83) Revolução Americana, (242)
Rowan, Charles, (298) honra a memória do avô, Lorin Farr,
Ryberg, William E ., (401) (244)
compra a fazenda de Joseph Smith
Sacerdócio Aarônico, (4) em Palmyra, (245)
Sacerdócio de Melquisedeque, (4) sofre de doença incapacitante, (245)
Sacramento, (303) lamenta a morte do pai, (246)
Safford, Arizona, (420) visita a Missão dos Estados Sulinos,
Salão Social, (110) (246)
Salem, Massachusetts, (8) visita a Missão dos Estados do Leste
San Bernardino, Califórnia, (101, 168, e parte para o leste do Canadá,
170, 253) (246)
Sandy Smelting Company, (198) comparece à dedicação do
Santiago, Chile, (323) monumento ao General
Santos de fala castelhana, (422) Doniphan, (249)
São Francisco, Califórnia, (168, 170) lembra a morte do Presidente
São Paulo, Brasil, (323) Joseph F . Smith, (249)
"Saudação ao Mundo " de Lorenzo chamado a presidir a Missão
Snow, (151) Européia, (249)
Sauniatu, Samoa, (288, 328) recebe notícia da morte da mãe,
Scarboro, Maine, (100, 102) (251)
Schade, C . F ., (277) publica mensagem de despedida aos
Schluter, Frederick S ., (362) santos da Inglaterra, (251, 252)
Shalersville, Ohio, (128) nomeado superintendente geral da
Sharon, Vermont, (178, 245) AMMR, (262)
Sharp, John C ., (200) eleito para cargo na Associação dos
Sheen, Bispo Fulton J ., (363) Filhos da Revolução
Sherwood, H . G ., (128) Americana, (253, 257)
Shreeve, Lyman S ., (323) comparece a reuniões dos
Shurtliff, Louie E ., (vide Smith, Louie E. Escoteiros, (255)
Shurtliff) faz primeira viagem de avião, (255)
Singer, Isaac, (33) designado encarregado do
Smith, Alma, (135) centenário da Igreja, (256)
Smith, Amelia, (369) participa dos grupos comemorativos
Smith, D . B ., (33) das trilhas dos pioneiros, (256)
Smith, Don Carlos, (17) recebe o "Castor de Prata", (257)
Smith, Douglas, (369) desce ao fundo do Grand
Smith, Edith, (250) Canyon, (257)
Smith, Elias, (68, 241) recebe o "Búfalo de Prata", (258)
Smith, Emily, (241, 368) morte da esposa, (260)

ÍNDICE 437

visita missões do Pacífico Sul, (260) foge de Kirtland para o


torna-se presidente do Quorum dos Missouri, (12)
Doze, (261) lança pedra fundamental da "Casa
apoiado presidente da Igreja, (262) do Senhor" em Far West, (13)
dedica o Templo de Idaho expulso do Missouri, (13)
Falis, (264) escapa da Cadeia de Liberty, (14)
visita o Presidente Harry S. júnta-se aos santos ém Nauvoo, (14)
Truman, (264) viaja para Washington D .C ., , (16)
visita o presidente do México, (264) presta tributo ao pai, (17)
participa das celebrações do anuncia planos do Templo de
centenário dos pioneiros, (264, Nauvoo, (18)
265) detido como fugitivo do Missouri, é
dedica o Monumento "Este É o solto., (18)
Lugar", (264) instrui os santos sobre batismo pelos
dedica monumento no local de mortos, (18)
nascimento de Brigham organiza a Sociedade de Socorro
Young, (267) Feminina, (19)
participa do centenário da missão no prediz que os Santos serão impelidos
Havaí, (267) para as Montanhas
morte, (269) Rochosas, (19)
serviços fúnebres, (269) escreve uma epístola aos
sepultamento no cemitério da santos, (20)
Cidade do Lago Salgado, (270) entrega-se voluntariamente, é
chama Spencer W . Kimball para absolvido, (20)
trabalhar no programa para os prediz a própria morte, (21)
índios, (415) fala a respeito de traidores entre os
Smith, Gerald G ., (346) santos, (22)
Smith, Hannah Libby, (237) declara-se candidato à presidência
Smith, Hyrum, (2, 5, 10, 14, 24, 69, 159, dos Estados Unidos, (23)
371) atacado no Nauvoo Expositor, (24)
Smith, Jessie Ella Evans, (369, 377, 379, detido e encarcerado em
380) Carthage, (25)
Smith, John, (11, 36, 235, 277) morto pelo populacho na cadeia de
Smith, John Henry, (237, 238, 239, 243, Carthage, (27)
245, 266, 281) sepultado em Nauvoo, (27)
Smith, Joseph, fundador e primeiro descrito por George Q.
presidente da Igreja Cannon, (28, 29)
Reorganizada, (244) primeiro encontro com John
Smith, .Joseph Taylor, (65)
fotografia, (VII) encontra-se com WXILFORD
pais, (1) Woodruff, (97)
nascimento, (1) descrito por Wilford Woodruff, (99)
infância, (1, 3) saúda Lorenzo Snow na volta da
primeira visão, (2, 3) missão, (129)
visões de 21 de setembro de descrição de sua prisão e
1823, (3, 4) martírio, (162, 163)
visão de 22 de setembro de 1827, (4) amizade com George A.
traduz o livro de Mórmon, (4, 5) Smith, (236)
muda-se para o Ohio, (6) Smith, Joseph, fazenda, (245)
visita o Condado de Jackson, Smith Sr ., Joseph, (1, 17)
Missouri, (7) Smith, Joseph F.
coberto de alcatrão e penas, (7) nomeado conselheiro do Presidente
revelação da Palavra de John Taylor, (80)
Sabedoria, (7) na morte de John Taylor, (83)
organização do Acampamento de torna-se conselheiro de Wilford
Sião, (9) Woodruff, (116)
dedica o Templo de Kirtland, (10) fala no funeral de Wilford
é apoiado profeta e vidente da Woodruff, (120)
Igreja, (10) designado conselheiro de Lorenzo
é visitado por antigos profetas no Snow, (123, 144)
Templo de Kirtland, (10) vai ao Havaí em missão
vai ao Leste em missão, (10) especial, (135)
reunião de autoridades para tentar preside a conferência de outubro de
depõ-lo, (11) 1901, (155)

438 OS PRESIDENTES DA IGREJA

fotografia, (158) fala à família no octogésimo


nascimento, descrito pela aniversário, (183)
mãe, (160) falecimento, (183)
Fala sobre a enfermidade da tributo de Charles W . Nibley na
mãe, (161) Improvement Era, (185, 190)
recorda morte do pai, (163) fala na despedida de Heber J.
revê a Cadeia de Carthage, (163) Grant, (212)
descreve a travessia das chama Heber J . Grant para presidir
planícies, (163, 167) a Missão Européia, (217)
fica órfão aos treze anos, (167) abençoa Heber J . Grant, (223)
chamado para missão no ordena David O . McKay ao
Havaí, (168) apostolado, (282)
missionário no Havaí, (169) pai de Joseph Fielding Smith, (367,
defende os santos das tropas de 373, 376, 377)
Johnston, (170) Smith, Joseph Fielding
casa-se com Levira A . Smith, (171) designa David O . McKay como
chamado para missão na presidente da Igreja, (310)
Inglaterra, (171) na dedicação do Templo de
chamado novamente para o Londres, (337)
Havaí, (172) presente à dedicação do Templo de
chamado ao apostolado e Primeira Oakland, (355)
Presidência, (173) chamado como primeiro conselheiro
descrito por Charles W. na Primeira Presidência, (357)
Nibley, (173) fala no funeral de David O.
serve na Assembléia Legislativa McKay, (364)
Territorial, (173) fotografia, (366)
preside a Missão Européia, (173) antepassados, (367)
preside núcleos de santos no nascimento, (367)
Condado de Davis, (174) juventude, (368)
encontra-se na Europa quando carta dirigida à irmã Rachel, (368,
falece Brigham Young, (174) 369)
enviado em missão aos Estados do esposas e filhos, (369, 370)
Leste, (174) ao falecer, tinha cento e sessenta e
entrevista David Whitmer, (174) nove descendentes
conselheiro de John Taylor, (174) diretos, (370)
na clandestinidade durante combate vai trabalhar no Escritório do
à poligamia, (176) Historiador da Igreja, (370)
visita John Taylor no leito de escritos, (371)
morte, (176) chamado para apóstolo, (371)
anistiado pelo presidente dos começa a escrever o "Journal
Estados Unidos, (176) History", (371)
conselheiro de Wilford torna-se o historiador da
Woodruff, (176) Igreja, (371)
conselheiro de Lorenzo Snow, (177) publica a obra Es.sentials in Church
torna-se presidente da Igreja, (177) History, (371)
descrição da sua gestão como outras obras literárias, (371, 372)
presidente dá Igreja, (177) atividades na Sociedade
autoriza aquisição de marcos Genealógica, (372, 373)
históricos da Igreja, (178) preside o Templo de Salt
dedica o Monumento a Joseph Lake, (372)
Smith em Sharon, senso de humor, (372)
Vermont, (178) história de infância sobre o cavalo
faz extensa viagem pela Juny, (372)
Europa, (180) estudioso das Escrituras, (373)
visita a Cadeia de Carthage, (180) habilidades culinárias, (373)
dedica o terreno para o Templo do goza de continua boa saúde, (374)
Havaí, (180) história sobre interesse pelo
fala longamente aos santos, (180, básebol, (374)
182) levado à conferência pela Guarda
descreve memórias de Joseph Aérea Nacional, (375)
Smith, (181) homenageado pela Guarda Nacional
última viagem oficial, (182) de Utah, (375)
acabrunhado pela perda do escreve o poema "Does the Journey
filho, (182) Seem Long?" (tradução livre

ÍNDICE 439

na página 375) . Smith, Winslow Farr, (270)


sua missão e cartas do pai, (376) Smoot, Abraham O ., (45, 89, 99)
missionário local, (377) . Smoot, Reed, (180, 243, 244, 292, 403)
membro da junta geral da Smyrna, Nova York, (32)
AMMR, (377) Snow, Ashby, (245)
cargos ocupados na Igreja, (377, Snow, Eliza R ., (123, 124, 127, 129, 135,
378) 140, 184, 202)
apoiado e ordenado para o Conselho Snow, Erastus, (56)
dos Doze, (377) Snow, LeRoi C ., (146, 243)
na junta Geral da União da Escola Snow, Lorenzo
Dominical Deseret, (377) fala no funeral de John Taylor, (89)
na Junta Educacional da fotografia, (122)
Igreja, (377) apoiado presidente da Igreja após
encontra-se na Europa, quando morte de Wilford
irrompe 11 Guerra Woodruff, (123)
Mundial, (378) nascimento e infância, (123, 124)
torna-se presidente do Conselho dos filia-se à Igreja, (124)
Doze, (378) descreve conversão e batismo, (124,
viagens, (378) 126)
cura senhora no Brasil, (378) chamado para missão no
torna-se presidente da Igreja, (378) Ohio, (126)
realizações da Igreja durante sua transfere-se para o Missouri, (127)
gestão, (379) missão no Illinois e Kentucky, (127)
dedica os Templos de Ogden e revê velho lar no Ohio, (127)
Provo, (379) leciona no Ohio, (128)
dirige primeira conferência geral de redige máxima sobre o Homem e
área em Manchester, Deus, (128)
Inglaterra,(380) chamado para missão na
cria estacas ultramarinas, (380) Inglaterra, (128, 129)
dá ênfase a reunião familiar, (380) mestre-escola em Lima,
fala na conferência da AMM, (380) Illinois, (129)
morte, funeral e sai de Nauvoo com os santos,
sepultamento, (381) 1846, (130)
tributo prestado por Harold B. emigra para o Vale do Lago
Lee, (407) Salgado, (130)
Smith, Joseph Fielding, Jr ., (369, 371) chamado para apóstolo, (130)
Smith, Josephine, (369) parte para missão na Itália, (130)
Smith, Julina (filha), (176, 369, 374) descreve ataque de índios, (131)
Smith, Julina Lambson, (176, 367) trabalha na Inglaterra a caminho da
Smith, Levira A ., (171) Itália, (132)
Smith, Lewis, (369) trabalho missionário na Itália, (132,
Smith, Lois, (369) 133)
Smith, Lot, (203) abre ramos na Itália, Malta, Suiça e
Smith, Louie Emily Shurtliff, (369) índia, (133, 134)
Smith, Lucy Emily Woodruff, (241, 250) chamado por Brigham Young para
Smith, Lucy Mack, (1) fixar-se no Condado de Box
Smith, Martha, (168) Elder, (134)
Smith, Mary Fielding, (159, 162, 163, funda companhia teatral, (135)
164, 167, 168) faz missão especial no Havaí, (135)
Smith, Mary Heathman, (275) salvo de afogamento no Havaí (135,
Smith, Milton, (369) 136)
Smith, Naomi, (369) organiza indústrias locais em
Smith, Rachel, (368) Brigham City, (136, 139)
Smith, Reynolds, (369) viagem para a Europa e Terra
Smith, Robert F ., (25) Santa, (140)
Smith, Ruth Nowell, (259) dedica a Terra Santa para a
Smith, Samuel, (5) pregação do Evangelho, (140)
Smith, Samuel H . B ., (248) fala à família no septuagésimo
Smith, Sarah Ann Libby, (237, 248) aniversário, (142).
Smith, Sarah Farr, (237, 238) preso por `coabitação ilegal", (143)
Smith, Silas S ., (244) apoiado presidente do Quorum dos
Smith, Sophronia, (2) Doze, (144)
Smith, Willard R ., (243) preside o Templo de Salt
Lake, (144)

440 OS PRESIDENTES DA IGREJA

apoiado presidente da Igreja, (144) Taylor, James, (63)


ataca problemas financeiros da Taylor, John
Igreja, (145) designado membro dos Doze, (13)
apresenta mensagem do dízimo em aprisionado com o Profeta, (25)
St . George, (146) com o Profeta na Cadeia de
convoca assembléia especial do Carthage, (26) .
Sacerdócio, (146, 147) canta "A Poor Wayfaring Man of
trechos de discursos de Grief", (26)
conferência, (147, 151) fala no funeral de Brigham
emite "Saudação ao Mundo" no dia v oung, (35)
de Ano Novo de 1901, (151) fotografia, (62)
comemora octogésimo sétimo descrição, (63)
aniversário na Beehive nascimento e infância, (63)
House, (154) emigrando da Inglaterra, fixa-se no
faz último sermão a 6 de outubro de Canadá, (38)
1901, (155) desposa Leonora Cannon, (64)
falecimento, (155) ouve o Evangelho de Parley P.
funerais, (156, 157) Pratt, (65)
sepultamento, (157) filia-se à Igreja, (65)
Snow, Oliver, (123) emigra para Kirtland, (65)
Snow, Rosetta, (123) chamado ao apostolado, (66)
Sociedade Agrícola e Manufatureira transfere-se para Nauvoo, (67)
Deseret, (111) missão na Inglaterra, (67)
Sociedade de Oratória de Salt indicado para elaborar petição de
Lake, (407) reparações pelas injustiças
Sociedade de Socorro, (202, 221, 321, sofridas no Missouri, (68)
351) inicia carreira de escritor,
Sociedade Genealógica, (372, 373, 378) jornalista, (68)
Sorensen, Edward H ., (314) participa de uma festa na casa de
Sorenson, Asael, (323) Joseph Smith, (69)
Sorenson, Horace, (314, 331) detido na Cadeia de Carthage, (70)
Spencer, Orson, (21) abandona sua casa em Nauvoo, (70)
-Springfield, Missouri, (20) parte para segunda missão na
Staines, William C ., (202) Inglaterra, (71)
Standing, Joseph, (313) leva companhia pioneira para o Vale
Stenhouse, Elder, (133) do Lago Salgado, (72, 73)
Steptoe, Edward J ., (47) fixa residência no Vale do Lago
Stevens, Stringham A ., (401) Salgado, (73)
Stiles, Juiz, (48) missão na França, (73, 74)
Stoddard, David, (266) chamado a presidir a Igreja nos
Stone, Howard B ., (328, 344) Estados do Leste, (75)
Stringham, Lucy, (199) editor do Mormon jornal, (75)
Strong, Elial, (34) discursa a respeito das tropas de
St . George, Utah, (53, 188) Johnston, (76)
St . Joseph, Missouri, (71, 163) atuação no governo territorial de
Supremo Tribunal dos Estados Utah, (77)
Unidos, (54, 143) preside a Igreja quando do
falecimento de Brigham
Tabernáculo da Estaca Denver, (268) Young, (78)
Tabernáculo de Bountiful, (355) explica o Fundo Permanente de
Tabernáculo de Hyrum, (316) Imigração, (79, 80)
Tabernáculo de Ogden, (326, 332) nomeado presidente da Igreja, (80)
Tabernáculo de Salt Lake, (52, 59, 208) comenta a Lei Edmund, (82)
Taft, Presidente Willian Howard, (253) deixa Utah durante perseguições
Taiti, (286) . devido à poligamia, (83)
Talmage, James E ., (293) último sermão, (83)
Tanner, Fern Lucinda, (vide Lee, Fern vai para o exílio, (83)
Lucinda Tanner) falecimento, (83)
Tanner, Nathan Eldon, (353, 355, 364, elogiado no Deseret News, (83, 88)
393, 407) funeral e sepultamento, (89)
Taylor, Agnes, (63) Taylor, John W ., (211)
Taylor, Edward, irmão de John Taylor, Leonora Cannn, (39)
Taylor, (63) Teatro de Salt Lake, (111,- 278, 338)
Taylor, George S ., '(287) Templo da Nova Zelândia, (328, 336)

ÍNDICE 441

Templo da Suíça, (315, 319, 330) Velho Tabernáculo, (110)


Templo de Alberta, (177, 246) Veteranos de guerra (no exterior), (354)
Templo de Idaho Falls, (264, 300) Viagem missionária de David O.
Templo de Kirtland, (9, 11) McKay, (285, 290)
Templo de Logan, (340) Violência do populacho no Missouri, (8)
Templo de Londres, (357, 338) Visão das três testemunhas, (4)
Templo de Los Angeles, (266, 311) Vose, Irmã, (103)
Templo de Nauvoo, (18, 40, 41, 103, 132)
Templo do Havaí, (177) Wade J . H .,(51)
Templo de Oakland, (355) Wadsworth, Henry, (197, 198, 205)
Templo de Provo, (379) Wellington, Nova Zelândia, (287)
Templo de Sal( Lake, (47, 117, 118, 144, Wells, Daniel H ., (49, 367)
176, 281, 373) Wells, Emmaline, (202)
Templo de St . George, (53, 55, 114, 199) Wells Fargo & Company Bank (196,
Templo de Manti (240) 197, 205)
Terra Santa, (408) Wells, General, (31)
Território de Utah, (46, 75, 195) Wells, Henry, (33)
Thatcher, Arizona, (464, 466, 416) Wells, Rulon S ., (216, 278)
Thomas, Prof. Charles J ., (208) Wellsville, Utah, (173)
Thomas, Senador Elbert D ., (298) Weston, Idaho, (391)
Thompson, Sra ., irmã de Mary Fielding Wheeler, Helen,(95)
Smith, (166) Whitmer, David, (49, 11, 12, 174)
Thurso, Escócia, (273) Whitmer, John C ., (174)
Tiago, O Apóstolo, (4) Whitmer Jr., Peter, (4, 5)
Times and Seasons, (68, 103) Whitney, Orson F ., (251, 291)
Tingey, Rulon H ., (336) Whittingham, Vermont, (32, 267)
Toronto, Ëlder, (133) Widtsoe, John A ., (292, 317, 403)
Toronto, Ontário, Canadá, (38) Wight, Lyman, (14, 98)
Truman, Presidente Harry S ., (265, 312) Wilkins, Maurine Lee (vide Lee,
Trumbo, Coronel Isaac, (1 . 19) Maurine)
Tzounis, John, consul grego em São Wilkinson, Ernest L ., (312, 349)
Francisco, (327) Wilson, Harmon T ., policial, (22)
Wilson, Isaac, (194)
Winder, John R ., (215)
União da Escola Dominical Winter Quarters, (43, 71, 106, 163, 164,
Deseret, (282, 283, 295) 385)
United Service Organization Wisart, Alexander, (261)
(USO), (420) Wood, George C . e Adelaide R ., (349)
Universidade de Brigham Young, (263, Wood, Wilford C., (349)
268, 291, 299, 310, 312, 325, 326, 342, Woodbury, Willis, J ., (392)
349, 360, 407, 419, 420, 423) Woodruff, Aphek, (91, 112)
Universidade de Nauvoo, (68) Woodruff, Azmon, (92, 96)
Universidade de Utah, (240, 278, 298, Woodruff, Azulah Hart, (92)
302, 310, 342, 360, 407) Woodruff, Beulah, (92)
Universidade Deseret, (197) Woodruff, Eldad, (93)
Universidade Estadual do Arizona, (419) Woodruff, Emily Jane Smith, (241)
Universidade Tdmple, (310) Woodruff, Josiah, (91)
Utah Central Railway, (113) Woodruff, Lucy Emily, (241)
Utah Genealogical and Historical Woodruff, Phoebe Carter, (99)
Magazine, (372) Woodruff, Thompson, (92)
Utah-Idaho Sugar Company, (321) Woodruff, Wilford
Utah passa à condição de estado, (119) designado membro do Quorum
dos Doze, (13)
Vale Cache, Utah, (51, 387) fala no funeral de Brigham
Vale de Cedar, Utah (50, 51) Young, (56)
Vale de Gila, Arizona, (416, 420) designado para gerenciar o Times
Vale de Tooele, (109, 111) and Seasons, (68)
Vale do Lago Salgado, (42, 45, 109, 274) fotografia, (90)
Vale Meadow, Nevada, (386) antepassados, (91)
Valentine, Lee, (323) nascimento, (92)
Van Buren, Presidente Martin (11, 15, muitos acidentes na infância, (92,
22) 96)
Van Dam, Donovan H . (314) muda-se para Nova York, compra
Van Vliet, Capitão, (75) fazenda, (96)
Varnell Station, Georgia, (313) ouve pregação de missionários

442 OS PRESIDENTES DA IGREJA

mórmons, (96) falece em São Francisco,


é batizado, (97) 1898, (119)
ordenado ao oficio de mestre, (97) funeral, (120)
visita o Profeta Joseph Smith, em sepultado na Cidade do Lago
Kirtland, (97) Salgado, (120)
junta-se ao Acampamento de recebe tributo de George Q.
Sião, (97) Cannon, (120)
fixa-se no Missouri, (98) neta casa-se com George Albert
faz missão nos estados do Sul, (98) Smith, (241)
casa-se com Phoebe Carter, (99) Woolf, Golden L ., (315)
missão no Maine, (99, 100) Woolley, Edwin D ., (195, 415)
chamado para apóstolo, (100) Woolley, Mary A ., (415)
retorna a Far West com Woolley, Olive (Kimball), (415)
apóstolos, (100) Works, Miriam, (33)
ordenado apóstolo, (101)
volta a morar no Illinois, (101) Vagi, Masao, (345)
cumpre missão na Inglaterra, (102) Vates, Richard, (53)
participa de negócios cívicos em Young, Brigham filia-se à igreja, (8)
Nauvoo, (103) ordenado apóstolo, (9)
chamado para missão no leste, (103) escreve a respeito da tentativa de
tem noticia da morte do depor o Profeta, (II)
Profeta, (103) escreve a respeito do ano difícil em
volta a Nauvoo, (104) Kirtland, (11)
preside a Missão Européia, (104) escreve a respeito da missão na
inicia jornada com os pioneiros para Inglaterra, (16)
o Oeste, (106) escreve a predição da morte do
passa inverno em Winter Profeta, (21)
Quarters, (107) fotografia, (30)
ferido durante derrubada de está em Boston quando o Profeta é
árvore, (107) morto, (31) .
chega ao Vale do Lago Salgado com descrição, (31)
primeira companhia de nascimento e infância, (32, 33)
pioneiros, (108, 109) recorda morte da maé, (32)
retorna para Winter Quarters em filia-se à Igreja Metodista
busca da família, (109) Reformada, (33)
missão nos estados do Leste e desposa Miriam Works, (33)
Canadá, (1848-50), (109) muda-se para Mendon, Nova
membro do legislativo territorial de York, (33)
Utah, (110) batiza-se na Igreja, (34)
fazendeiro bem sucedido, organiza visita o Profeta em Kirtland, (34)
sociedade de horticultura, (111) muda-se para Kirtland, (35)
muda-se para Provo em 1868, (113) casa-se com Mary Ann Angell, (35)
adquire propriedade agrícola no torna-se apóstolo, (36)
Condado de Rich, 1871, (114) foge com o Profeta para o
encontra-se com o Presidente Grant Missouri, (36)
dos Estados Unidos, (114) faz missão na Inglatega, (37, 38)
dedica o Templo de St. viagem missionária pelo Leste, (39)
George, (114) tem noticia da morte do
preside o Templo de St. Profeta, (39)
George, (115) nomeado cabeça da igreja, (40)
exila-se por causa da dirige conclusão do Templo de
poligamia, (115) Nauvoo, (40, 41)
torna-se autoridade presidente da prepara os santos para a
Igreja, 1887, (116) transferência para o Oeste, (41)
apoiado como presidente da sai de Nauvoo, (41)
Igreja, (116) leva os santos para Council Bluffs,
emite o Manifesto contra Iowa, (42)
poligamia, (117) organiza o Batalhão Mórmon, (43)
dedica o Templo de Salt Lake, (117) chega ao Vale do Lago Salgado, (43)
vê Utah passar à condição de nomeado presidente da Igreja, (44)
estado, (118) dirige segunda companhia para o
celebra nonagésimo Vale do Lago Salgado, (44)
aniversário, (119) desaconselha os santos a irem para a
Califórnia, (45)

ÍNDICE 443

nomeado governador do Território afiança a honestidade de Heber J.


de Utah, (45) Grant, (199)
lança pedra fundamental do Templo chama os antepassados de Harold B.
de Salt Lake, (47) Lee para colonizarem St.
acusado por William George, (386)
Drummond, (47) Young, Elizabeth, (35)
opõe-se às forças de Johnston, (48, Young, John, pai de Brigham, (32)
51) Young, Lorenzo, (45, 89)
inicia construção do Teatro de Salt Young, Mary Ann Angell, (35)
Lake, (52) Young, Phinehas, (34)
desaconselha a mineração em Young, Richard W ., (247)
Utah, (52) Young, Seymour B ., (55)
dirige construção do Tabernáculo de Young, Vilate, (35)
Salt Lake, (53) Young, Zina D ., (202)
dedica terreno para o Templo de St. Young Jr., Brigham, (157, 203)
George, (53) Youth and the Church, (405)
aprisionado sob acusação de
poligamia, (53) Xangai, China, (285)
institui a Ordem Unida, (54)
dedica o Templo de St . George, (55) Zion's Cooperative Mercantile
último discurso público, (55) Institution, (240, 241, 251)
falecimento, (56) Zion's First National Bank, (407)
funeral e sepultamento, (56) Zion's Painer, (74)
tributos, (56, 60) Zion's Savings Bank and Trust
encontra o menino Heber J . - Company, (198, 250)
Grant, (194)

AGGS INDÚSTRIAS GRÁFICAS S . A.

410 . RUA LUÌS CRMARA . 535 TEL 260672:


. ALAMEDA FRANCA. 712 TEL 2122167

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