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br
CADERNO
INFORMATIVO DE
PREVENÇÃO
DE ACIDENTES

Março 2018
Ano 40_Nº 462_R$15

Disponível

DESDE 1978

ENTREVISTA
THAÍS DUMÊT FARIA
Realidade de abusos sexuais é
preocupante e gera riscos
ao ambiente laboral

MULHERES
Questões fisiológicas e
anatômicas tornam profissionais
mais suscetível ao adoecimento

CAPACETESNOVOS PRODUTOS SÃO


CRIADOS COM MATERIAIS
MAIS LEVES E RESISTENTES

TRANSTORNOS
MENTAIS
726 MIL TRABALHADORES BRASILEIROS FORAM AFASTADOS POR DOENÇAS PSÍQUICAS NOS
ÚLTIMOS CINCO ANOS. SOMENTE EM 2017, A PREVIDÊNCIA SOCIAL REGISTROU 107 MIL CASOS
PERFORMANCE • CONFORTO • LIDERANÇA TÉCNICA

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DESDE 1978 EDITORIAL
REVISTA CIPA é uma publicação mensal da Cipa Fiera Milano Publicações e Eventos Ltda. Publicação
específica para as áreas de Higiene, Segurança e Infortunística Laboral, destinada à Segurança Total do
Homem, do Trabalho e da Empresa. As matérias assinadas são de inteira responsabilidade dos autores
e não expressam, necessariamente, a opinião da Revista CIPA. As matérias publicadas poderão ser
reproduzidas, desde que autorizadas por escrito pela Cipa FM Publicações e Eventos Ltda., sujeitando os
infratores às penalidades legais.

CIPA FIERA MILANO PUBLICAÇÕES E EVENTOS LTDA


ADMINISTRAÇÃO, CIRCULAÇÃO E ASSINATURAS, MARKETING E PUBLICIDADE MENTE SÃ E
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ENDEREÇO Av. Angélica, 2491 - 20º andar - São Paulo (SP)
FONE (11) 5585-4355 FAX (11) 5585-4355 PORTAL: www.fieramilano.com.br
DIRETOR-GERAL: Graziano Messana

DIRETOR-COMERCIAL E VENDAS: Rimantas Ladeia Sipas (rimantas.sipas@fieramilano.com.br)


É preocupante o crescente número de trabalhadores
PUBLICIDADE: (11) 5585-4355 comercial@fieramilano.com.br afastados de suas atividades por causa de transtornos
ASSISTENTE SÊNIOR - DEPARTAMENTO COMERCIAL Sueli Ferreira (sueli.ferreira@fieramilano.com.br)
ASSINATURAS assinatura@fieramilano.com.br
psíquicos todos os dias. A exposição aos diversos riscos
Telefone: (11) 5585-4355 – Ramal: 1046 / WhatsApp: (11) 99234-5007 ocupacionais e às condições ambientes insalubres dentro
Skype: Revistas Cipa, Incêndio e Security
dos postos de trabalho geraram um boom de registros
de auxílios-doença nos últimos anos. Segundo dados do
REALIZAÇÃO
Ministério da Previdência Social, mais de 726 mil benefícios
por afastamentos ocupacional e aposentadorias por
invalidez foram concedidos entre 2012 e 2017. O cenário
preocupa, pois só em 2017 mais de 107 mil casos foram
Rua Félix de Souza, 305 – Vila Congonhas registrados em decorrência dessas doenças.
CEP 04612-080 – São Paulo – SP
Tel.: (11) 5095-0096
Diante desse universo, o que se busca entender é até
www.brasilmediacommunications.com que ponto o ambiente de trabalho pode afetar a saúde
DIRETOR DE REDAÇÃO: Marcelo Couto
psíquica do funcionário. A ausência de profissionais que
DIRETOR DE ARTE: Roberto Gomes acompanhem os trabalhadores é um dos problemas.
REDAÇÃO/REPÓRTERES:
Alguns especialistas, inclusive, apontam a inexistência de
Cristiane Del Gaudio (cristiane.delgaudio@bmcomm.com.br), Daniel Santos (daniel.santos@bmcomm. uma NR como um possível emulador deste cenário.
com.br), Mariana Bonareli (mariana.bonareli@bmcomm.com.br) e Sofia Jucon (redacao@expoestrategia.
com.br)
A reportagem de capa traz relatos de pessoas que
ASSISTENTES DE ARTE: Melissa D’Amelio enfrentam esses problemas e de profissionais da área de
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO: Adriana Gavaça, Aguinaldo Bizzo, André Lemos, Conceição Freitas,
Clarisse de Souza, Cristina Palludetti, Ivan Bongiovani Júnior, Jaques Sherique, José Carlos Dias Carneiro, Laíl-
Psicologia do Trabalho que analisam as condições que
son Nascimento, Lana de Paula, Leonardo Maranhão, Luciana Lana, Priscilla Bencke, Raul Casanova, Regina favorecem a proliferação das doenças psíquicas causadas
Célia Pereira, Remígio Todeschini, Rômulo Assmann, Saulo Soares, Sylvino Cintra de Souza júnior, Sérgio Bru-
chchen, Sérgio Ussan, Telma Bartholomeu Silva pela atividade laboral.
CAPA: SHUTTERSTOCK
Essa edição de CIPA aproveita o mês Internacional da
IMPRESSÃO: Gráfica Grass Mulher para discutir a necessidade de diferenciação
TIRAGEM: 14.000 exemplares
de gênero nas políticas de SST dentro das empresas. O
CIPA® Registro no Instituto Nacional de Propriedade quadro de desigualdade em relação aos cargos e salários
Industrial sob o número: 820.830.720.820.830.720 entre homens e mulheres, aliado às diferenças fisiológicas
Registro ISNN: 2525-8893 e anatômicas, torna as trabalhadoras mais suscetíveis ao
serviços adoecimento. Ainda tratando da segurança da mulher,
a entrevista desse mês a aborda o crescente número
ATENDIMENTO
de assédios sexuais registrados no Brasil e propõe uma
Edições anteriores, promoções, preços e alteração de dados cadastrais
(endereço, número de telefone, forma de pagamento etc.). reflexão sobre a conduta assumida pelos trabalhadores no
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Site www.fieramilano.com.br • E-mail assinatura@fieramilano.com.br dia a dia laboral.
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LEAL.COM.BR LEAL À SUA CONFIANÇA


Sumário
Entrevista
THAÍS
DUMÊT
FARIA 22
REPRESENTANTE DA OIT

26
DOENÇAS
Colunas
68
Vetor...................................................................

Meio ambiente.................................................. 72
MENTAIS Direito em SST................................................... 96

34
artigos
NR-35............................................................... 54
Estresse ocupacional.......................................... 66
MULHERES NO
ABNT/CB-32...................................................... 70
TRABALHO
Neuroarquitetura............................................... 76

NR-18............................................................... 82

Indústria 4.0...................................................... 88

42
CAPACETES
Seções
8
Tá na rede.............................................................

Cipa notícias..................................................... 12

SST global......................................................... 16

60
RISCOS
Repercussão...................................................... 18

Fique sabendo................................................... 20

Destaque.......................................................... 98
OCUPACIONAIS Vitrine........................................................... 100

Agenda......................................................... 102
Confiança
em todo lugar.
Um espaço confinado não foi projetado para a
ocupação contínua de trabalhadores, por isso
apresenta um número muito grande de riscos para a
saúde. Existência de gases tóxicos e explosivos,
ausência de oxigênio, dificuldade de movimentação,
falta de iluminação adequada e restrições ao acesso são
alguns dos principais fatores regidos pela norma NR33.
Quando o trabalhador está em um espaço confinado,
tem que ter a confiança de que seu equipamento de
proteção é feito com as melhores matérias primas e
com qualidade técnica aprovado por normas nacionais
e internacionais. Se for da LEAL, pode confiar.

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LEAL.COM.BR LEAL À SUA CONFIANÇA


Empresa lança manual com dicas para implantar NR-12
Para esclarecer as principais dúvidas sobre a implantação da NR-12, uma multinacional alemã especializada em sistemas de
segurança para máquinas industriais lançou a cartilha “Dicas para implantar a NR-12 na sua empresa”. “Neste documento,
detalhamos como inserir a norma e, assim, evitar acidentes com os operadores de máquinas e interdições durante as fiscalizações
do Ministério do Trabalho”, explica Amauri Martins, coordenador de treinamentos e normas técnicas da empresa.
A norma trata sobre o que deve ser feito em máquinas e equipamentos para preservar a segurança do trabalhador e evitar o risco
de acidentes no trabalho. Saiba mais sobre a cartilha e onde baixá-la gratuitamente no site da revista CIPA.

Brasil ratifica convenção sobre trabalho doméstico


O governo brasileiro apresentou no Escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) o instrumento
formal de ratificação da Convenção nº189, que aborda temas relacionados aos trabalhadores domésticos.
A partir de agora, o Brasil passa a ser o 25º Estado Membro da OIT e o 14º Estado membro da região das
Fotos: Shutterstock

Américas a ratificar a convenção.


Estima-se que existam cerca de sete milhões de trabalhadores domésticos no Brasil, mais do que em qualquer
outro país do mundo. No entanto, esses profissionais estavam excluídos de certas proteções no âmbito
das leis trabalhistas no País. A maioria dos trabalhadores no setor doméstico são mulheres, indígenas e
afrodescendentes. Entenda a Convenção nº 189 no site da revista CIPA.

Ministério do Trabalho alerta sobre


riscos da exposição ao benzeno
Foi realizado no ano passado 1.796 ações de fiscalização de postos de
gasolina que verificaram o cumprimento de medidas para diminuição dos
riscos ocupacionais relacionados à exposição do trabalhadores ao benzeno –
líquido incolor e cancerígeno. Frentistas que continuam enchendo o tanque
dos veículos após o travamento automático da bomba estão expostos à
grandes quantidades de vapor de gasolina, que contém benzeno.
As medidas de proteção estão previstas na NR-9 estabelecem exigências
relacionadas aos procedimentos, ao treinamento e ao controle ambiental
nos postos. O Anexo 2 da norma também diz que os empregadores são
responsáveis pela higienização semanal dos uniformes usados pelos
trabalhadores. O descumprimento desse item, no entanto, foi o maior
motivo de autuações aos postos nas fiscalizações do ano passado.
Acompanhe no site da CIPA.

8 www.revistacipa.com.br
Operários
usam
exoesqueletos
em fábrica
de carros
A fábrica da montadora Fiat,
em Betim, Minas Gerais,
adotou uma medida moderna
de ergonomia e introduziu exo-
esqueletos na linha de monta-
gem. Inédita na América Latina,
a solução foi introduzida no fim
Fotos: Shutterstock

de 2017. Quem exerce funções


que podem prejudicar múscu-
los das pernas, braços, ombros
e coluna usa a vestimenta robó-
Guia para empresas sobre os tica que absorve peso e esforço,

direitos das pessoas com deficiência reduzindo o cansaço.


A unidade da montadora na

O Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Secretaria dos Direitos das Pesso-


as com Deficiência do estado de São Paulo, a Organização Internacional do
Trabalho (OIT) e a Rede Brasil do Pacto Global da ONU lançaram uma versão em
cidade mineira possui 16 con-
juntos da vestimenta robótica
e encomendou mais. Os equi-
português do guia para empresas sobre os direitos das pessoas com deficiência. pamentos são importados da
Voltado para gestores do setor privado, o documento busca mostrar como as em- Suíça e dos EUA e custam US$
presas podem respeitar e apoiar os direitos das pessoas com deficiência e se be- 14 mil cada. “Fiquei mais ágil e
neficiar a partir da inclusão. menos cansado. Antes eu fica-
O material também revela como é possível melhorar a competitividade e a susten- va curvado para fazer o serviço,
tabilidade das empresas com a realização de ações alinhadas às convenções e es- mas agora fico sentado, apoia-
truturas da ONU sobre o tema. Com 34 páginas, a publicação é resultado de um do pelo exoesqueleto, e só te-
esforço colaborativo internacional realizado durante cerca de 12 meses. O guia es- nho de movimentar os braços.”,
tá disponível para download no site da OIT. disse Luiz Augusto Barros, de 24
anos, funcionário da empresa.

MPT pediu mais de R$ 100 milhões


em indenizações por trabalho escravo
M ais de R$ 100 milhões em indenizações ao longo de 2017, por dano moral
coletivo em casos envolvendo trabalho escravo foram cobrados pelo órgão.
Segundo dados divulgados, foram ajuizadas 103 ações civis públicas e firmados
217 termos de ajustamento de conduta no período. Em 2017 foram encaminha-
das ao Ministério 1.187 denúncias relacionadas a trabalho escravo.
O número de ações civis públicas envolvendo trabalho escravo cresceu nos últimos
dois anos. O levantamento feito pelo MPT aponta que a modernização do concei-
to de trabalho escravo apresentou bons resultados também quando relacionados
aos termos de ajustamento de conduta. Dos 217 termos firmados em 2017, 130
(60%) estavam relacionados a trabalho degradante.

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EN 388:2003
Multiuso
33.395
Leve
(BR) 2121
(EU) 4121
SST GLOBAL Mortes ocupacionais causadas Portugal
por asma nos Estados Unidos não garante
U m estudo fei-
to pelo Con- segurança
e saúde
trole e Prevenção
de Doenças do Es-
tados Unidos con-
cluiu que mortes no trabalho
ocupacionais cau-
sadas por asmas
poderiam ser evi-
Fotos: Shutterstock

tadas com uso cor-


reto de EPIs e con-
trole de exposição
a agentes químicos
perigosos. De acordo com as estimativas foram registradas, entre 1999 e 2016,
204 a 389 mortes anualmente. A taxa de mortalidade era maior nos trabalhado-
res com idade entre 55 e 64 anos. Os homens mais vitimados atuavam na fabri-
cação de alimentos, bebidas e produtos de tabaco, outros negócios. As mulheres
em sua maioria, na assistência social, ocupações de comunidades e serviços sociais.
Na indústria, o índice foi maior entre trabalhadores da construção civil e entre as
S egundo o Conselho da Euro-
pa, Portugal não tem capaci-
dade de garantir as medidas ade-
mulheres no setor de cuidados de saúde. quadas de controle de saúde e
segurança no trabalho. A organiza-
ção avaliou os números e concluiu
que a Autoridade para as Condi-
Reforma trabalhista argentina ções do Trabalho (ACT), órgão do

será realizada em partes


Ministério da Economia e do Em-
prego português, faz muito pouco

O governo da Argentina está suavizando e adiando uma planejada reforma tra-


balhista devido à pressão de líderes sindicais e a um protesto violento provo-
cado pelas mudanças nas leis previdenciárias no fim de 2017.
para estabelecer condições aceitá-
veis dentro do ambiente laboral.
Segundo o Conselho europeu,
As medidas serão divididas em projetos de lei a serem enviados ao Congresso a o número de ações de fiscaliza-
partir de março, assim que o governo tenha negociado com os peronistas da opo- ção na área da saúde ocupacio-
sição e com líderes sindicais influentes. O presidente argentino, Mauricio Macri, nal e segurança no trabalho caiu
tinha prometido alterações mais drásticas e imediatas nas leis trabalhistas do país. em 67,3%. A ACT tem cada vez
Os sindicatos menos inspetores (359 em 2012
acusam Macri, e 307 em 2015), tal como o nú-
originário de uma mero de empresas inspeciona-
das famílias mais das para detectar problemas de
ricas da Argenti- segurança ocupacional.
na, de perseguir Em comunicado, o Conselho da
os trabalhado- Europa afirmou ainda que a situ-
res em um país ação torna impossível à Portugal
no qual o apoio cumprir o compromisso firmado
aos direitos tra- pelo país via Carta Social Europeia
balhistas é histo- assinada, que prevê o Direito à se-
ricamente forte. gurança e a higiene no trabalho.

16 www.revistacipa.com.br
Foto: Shutterstock

Trabalho intermitente
Operações contra trabalho Piauí condenado por ameaça pessoas
escravo diminuíram condições insalubres com deficiência
em um ano de delegacias A Reforma Trabalhista pode dimi-
O número de operações de fis- A Justiça do Trabalho do Piauí nuir a quantidade das vagas ofere-
calização para a erradicação do determinou ao estado o pagamento cidas para pessoas com deficiên-
trabalho escravo caiu 23,5% em de R$100 mil por danos morais co- cia por o cumprimento de cotas de
2017 em comparação com o letivos. A decisão da juíza do Traba- contratações obrigatórias. Isso por-
ano anterior, segundo dados do lho, Elisabeth Rodrigues, foi profe- que não há consenso entre espe-
Ministério do Trabalho. Foram re- rida levando em conta as condições cialistas a respeito da possibilidade
alizadas 88 operações em 175 insalubres das unidades da polí- de pessoas com deficiência serem
estabelecimentos no ano passado, cia vinculadas à Secretaria de Se- contratadas na modalidade inter-
contra 115 em 2016. gurança Pública do estado. O va- mitente (por dia ou por hora). Nes-
É a menor atuação das equipes de lor deve ser repassado ao Fundo de se modelo, o trabalhador pode ter
erradicação desde 2004, quando Amparo ao Trabalhador (FAT). contratos com mais de uma empre-
foram feitas 78 fiscalizações. A denúncia foi feita pelo Sindi- sa ao mesmo tempo. Ou seja, um
Já o total de trabalhadores resga- cato dos Policiais Civis do Piauí único empregado poderia cumprir
tados também apresentou queda ao Ministério Público do Traba- a cota de pessoas com deficiência
em 2017. Foram 341 pessoas en- lho. O presidente do sindicato, em mais de uma companhia.
contradas em situação análoga à de Constantino Júnior, afirma que nas Por lei, empresas com mais de 100
escravos e retiradas das frentes de averiguações foi constatado que funcionários devem manter em
trabalho. Em relação a 2016, a que- 100% das delegacias do Estado seus quadros de 2% a 5% de pro-
da foi de 61,5%. apresentam condições insalubres, fissionais com deficiência.
No ano auge das operações, em sobretudo nas partes hidráulicas e O Ministério do Trabalho afirmou,
2013, foram feitas 189 fiscalizações. elétricas. via assessoria de imprensa, ainda
Além disso, o número de trabalha- No relatório da sentença são cita- não ter uma definição a respeito do
dores resgatados ultrapassava a das: total ausência de limpeza, pre- tópico. A pasta diz que, entre janei-
marca de mil por ano desde 2001. sença de lixo, matagal e entulho nas ro e agosto do ano passado, foram
Em 2007, por exemplo, quase seis delegacias, presença de ratos, ara- aplicadas 3.381 multas em empre-
mil foram resgatados. Em 2016 nhas, fossas estouradas, ausência de sas que não cumpriam as cotas, to-
e em 2017, porém, os registros extintores e falta de água potável, talizando R$ 142 milhões.
ficaram abaixo de mil. entre outras irregularidades. (Fonte: Folha de S. Paulo - 31/01/2018)
(Fonte: G1 - 31/01/2018) (Fonte: Portal Cidade Verde - 31/01/2018)

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LEGISLAÇÃO
NOTIFICADA
Nova instrução para combate Empresa é obrigada a
implementar medidas
ao trabalho escravo de segurança
A Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) do Ministério do Trabalho publicou
em janeiro a Instrução Normativa (IN) 139, que estabelece procedimentos para O Ministério Público do Traba-
a atuação da Auditoria-Fiscal do Trabalho no combate ao trabalho em condição lho em Sergipe (MPT-SE) obte-
análoga à de escravo. ve na Justiça do Trabalho ante-
A IN 139 revoga a normativa anterior, de outubro de 2011. A instrução esclarece e cipação de tutela que obriga a
reitera que as ações fiscais para erradicação do trabalho em condição análoga à de empresa Sergifil Indústria Têxtil
escravo serão planejadas e coordenadas pela SIT, que as realizará por intermédio das a implementar medidas de se-
equipes do GEFM e pelas Superintendências Regionais do Trabalho (SRTs), por meio gurança ao seus funcionários.
de grupos ou equipes de fiscalização. Os documentos apresentados
A publicação da norma ocorreu próximo ao Dia Nacional do Combate do Traba- pelo MPT ao Juízo demons-
lho Escravo e também do Auditor-Fiscal do Trabalho, 28 de janeiro. A data foi es- tram que inúmeras normas de
colhida em razão da Chacina de Unaí, na qual três auditores fiscais e um moto- segurança não eram cumpri-
rista foram assassinados durante operação realizada no município de Unaí (MG), das pela empresa, como aque-
no mesmo dia, em 2004. las que obrigam a possuir do-
cumentos técnicos referentes
à realização de testes de isola-
ção elétrica dos equipamentos
de proteção individual e cole-
tiva. Segundo decisão da Justi-
ça, a empresa deve cumprir as
Normas Regulamen-
tadoras do Minis-
tério do Trabalho
referentes às me-
didas de preven-
ção de incêndios.
Todas as medi-
das d evem
Fotos: Shutterstock

ser cumpri-
das no pra-
zo máximo
de 30 dias
a contar da
MULTA notificação
da liminar,
Empresa é condenada por sob pe-

descumprir normas de segurança na de pa-


gamento de
A Sucocítrico Cutrale foi condenada pela 2ª Vara do Trabalho de Araraquara (SP) a pa- multa de R$1
gar uma indenização de R$ 2 milhões por não cumprir normas de segurança do traba- mil por dia não
lho. A ação civil pública foi proposta pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), após executado e por
uma inspeção da Gerência Regional do Trabalho e Emprego, em 2016. Na ocasião, a empregado afe-
Cutrale, considerada uma das maiores fábricas de suco do mundo, passava por obras tado. O valor da
de ampliação e manutenção. A decisão cabe recurso no Tribunal Regional do Trabalho. penalidade se-
Segundo o MPT, a fiscalização descobriu irregularidades sérias que geravam risco de rá revertido ao
acidentes e ameaçavam a vida dos trabalhadores, incluindo os riscos de queda de al- Fundo de Am-
tura e esmagamento no transporte de materiais, tendo sido lavrados diversos autos paro do Traba-
de infração. Os fatos foram confirmados judicialmente. lhador (FAT).

20 www.revistacipa.com.br
entrevista por Daniel Santos

THAÍS DUMÊT FARIA


Foto: Tiago Furtado\Ascom-Fasepa

TRABALHO LIVRE
DE ASSÉDIO SEXUAL
Realidade de abusos gera insegurança e coloca
em risco saúde e bem-estar das trabalhadoras
dentro e fora do ambiente laboral

22 www.revistacipa.com.br
A
violência é um dos males que afetam, tam- ra o Direito do Trabalho, não precisa, necessariamente, ser
bém, a rotina no mundo do trabalho, a saú- cometido por alguém de nível superior hierárquico, pode
de e bem-estar dos funcionários. Entre os ser cometido por um colega de trabalho ou até por alguém
agravos registrados dentro do ambiente la- que esteja numa posição inferior.
boral está o assédio sexual. O problema é É complicado falar sobre uma definição específica de as-
sofrido por muitos trabalhadores, e as maiores atingidas sédio sexual porque você não tem um tipo, uma conduta
são as mulheres. que possa taxar definitivamente. Entretanto, você pode di-
A subnotificação dos casos de assédio sexual no Brasil e a zer, de maneira geral, que é uma junção de comportamen-
confusão da prática com assédio moral são grandes. Isso tos de natureza sexual que podem ser manifestados fisica-
ocorre porque a vítima ainda enfrenta uma série de bar- mente, por palavras, gestos, bilhetes e outros meios que
reiras e de preconceitos para romper com o silêncio e, em constranjam a vítima, violando seu bem-estar e sua segu-
muitos casos, se responsabiliza pela ocorrência. O tema é rança dentro do ambiente de trabalho.
o objeto de uma campanha lançada pela Organização In-
ternacional do Trabalho no Brasil (OIT) e o Ministério Pú- Como é uma junção de condutas,
blico do Trabalho (MPT). O cenário suscita o alerta sobre é mais difícil de identificar?
a importância de tratar o assunto no escopo das políticas É muito simples classificar uma situação de assédio quan-
de SST dentro das empresas. do ela é evidente, na qual a violação do direito da outra
A revista CIPA entrevista, nesta edição, Thaís Dumêt Faria, pessoa fica clara; por exemplo, um convite direto para re-
oficial técnica em Princípios e Direitos Fundamentais no Tra- lações condicionado à manutenção do emprego ou não.
balho da OIT, que fala sobre o assunto na próximas pági- Porém, essa é a situação que menos acontece.
nas. “É importante que as pessoas tomem consciência so- O assédio mais comum é sutil, quase imperceptível para
bre o que é o assédio sexual, tirem suas dúvidas em relação quem está de fora. Durante toda a situação, a vítima vai ex-
a isso e, efetivamente, falem e denunciem. Não é para tor- perimentando a autoestima cada vez mais mitigada e, até
nar o tema uma ferramenta de criminalização das pesso- mesmo, duvida se está sendo assediada ou não.
as agressoras, mas sim para criar um ambiente de trabalho Existem casos de assédio sofridos por homens, mas essa
saudável, livre de discriminação e onde as pessoas tenham situação ocorre, majoritariamente, com as mulheres. Infe-
possibilidade de crescimento de maneira igualitária”, argu- lizmente, isso faz parte do universo feminino. Elas foram
menta a profissional. aprendendo a lidar com esse tipo de situação, a contor-
nar de alguma maneira e, quase sempre, a não enfrentar o
Qual a definição de assédio sexual? que está ocorrendo como algo errado e que não deve ser
Fala-se muito do assédio que acontece na rua, mas o con- admitido. Isso é grave, porque acua e gera medos em re-
ceito de assédio sexual, no campo criminal, está restrito ao lação a manutenção do emprego, a possibilidade de uma
mundo do trabalho. Ele trata, especificamente, de questões promoção etc.
relacionadas à hierarquia e ao abuso de poder dentro do
ambiente laboral. Ou seja, aquela pessoa que possui uma A cartilha lançada pela OIT e pelo MPT visa auxiliar as
posição maior dentro da empresa e se aproveita disso pa- empresas e empregados a identificar essas situações?
ra chantagear ou constranger seu subordinado com ações Esse material serve para demonstrar, entre outras coisas,
de natureza sexual. No entanto, existe uma diferenciação que esse assédio se manifesta de maneira sutil, além disso
dessa conduta dentro das leis trabalhistas. O assédio, pa- ensina a observar o que está acontecendo, como coletar

ASSÉDIO VIOLA O BEM-ESTAR E AS


CONDIÇÕES DE SEGURANÇA E SAÚDE
DENTRO DO AMBIENTE DE TRABALHO
março_2018
23
entrevista
provas e denunciar. A cartilha afirma que, se algo foi pra- tões é porque elas não existem e não precisam ser faladas;
ticado dentro do local de trabalho, a empresa deve lidar mas essa visão está errada. Quanto mais se falar sobre esse
com isso e pode ser responsabilizada, não o funcionário. problema, quanto mais clara for a política da empresa em
Esse é um instrumento de conscientização que propõe aju- relação ao assédio, mais os trabalhadores vão saber que es-
dar todas as pessoas a conhecerem o que é o assédio, co- sa conduta não é tolerada e que dispõe de canais de cons-
mo prevenir e denunciar, além de apoiar as empresas pa- cientização e mecanismos de denúncia sigilosos para re-
ra que elas possam orientar seus funcionários sobre essa tratar isso. Isso tudo pode ser feito através de campanhas,
realidade e suas implicações no dia a dia do ambiente de rodas de diálogos e mensagens em murais sobre assédio,
trabalho, mais do que somente punir. entre outras medidas.

Ausência de uma lei trabalhista específica O sigilo é mais um mecanismo de proteção?


dificulta a punição de agressores? Muitas vezes, se for a primeira vez que a pessoa quer falar
Não acredito que seja esse o maior problema. Existem me- sobre isso, ela pode não ter certeza do que está ocorren-
canismos legais, dentro do Direito penal, que preveem pu- do, pode querer tirar uma dúvida ou fazer uma solicitação
nições. No campo trabalhista é arriscado uma tipificação simples, como a de mudança de sala, por exemplo. E se es-
de assédio, porque assim você iria limitar essas ações e, di- se canal de comunicação não lhe der a segurança de que
ficilmente, existiria um texto capaz de contemplar todas as é sigiloso, é possível que essa situação se arraste por mui-
situações subjetivas que envolvem o assédio sexual. to tempo sem solução e se torne algo insustentável. Além
O assédio sexual entra no campo das violências dentro do disso, a empresa precisa garantir que na medida em que
mundo do trabalho e essa definição está claramente es- essas denúncias forem comprovadas, ações serão toma-
pecificada como uma responsabilidade do empregador. das, o que deixa claro que essa conduta não será aceita.
Então, acho que a maior dificuldade é identificar uma situ-
ação de assédio e ter mecanismos claros e seguros dentro Assédio sexual reflete a desigualdade
das empresas que evitem que isso ocorra, ou então que de gênero no mundo do trabalho?
permitam a denúncia segura desses eventos. Os homens também sofrem assédio, mas o problema vio-
A forma mais saudável e educativa não é a punição do em- la, principalmente, os direitos das trabalhadoras e muitas
pregado, mas sim a criação de um ambiente livre para to- delas acabando tendo seu desempenho prejudicado. Es-
dos os funcionários. se fato gera consequências direta na vida como um todo.
Em todas as situações de violência, quanto mais excluído é
As empresas devem tratar o combate ao o grupo, mais ele sofre com esse tipo de violência. No caso
assédio sexual como uma política de SST? do assédio, quando se faz um recorte, isso é maior em re-
É muito importante tratar essa questão dentro do aspec- lação às mulheres negras. Por razões históricas de precon-
to da saúde e segurança no trabalho, pois muitos traba- ceito, a grande maioria delas ocupa hoje, por exemplo, os
lhadores desenvolvem problemas de saúde e precisam, cargos mais baixos e de menor remuneração. Esses fato-
inclusive, afastar-se do local de trabalho devido a essas res alimentam o estereótipo de que essas mulheres seriam
situações de assédio. mais frágeis e teriam mais medo de perder o emprego, o
Se a empresa quer um ambiente livre de violência, ela pre- que se potencializa com o fato de que, nas maior parte dos
cisa, definitivamente, falar sobre a violência. Muitas empre- casos, seus chefes são homens. Além disso, há o estigma
sas acreditam que quando você não fala sobre essas ques- histórico da hipersexualização da mulher negra, o que as

CONDUTA ESTÁ NO CAMPO DAS VIOLÊNCIAS


NO MUNDO DO TRABALHO E, COMBATÊ-LA,
É UMA RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR

24 www.revistacipa.com.br
coloca em situação de risco e as torna ainda mais vulnerá- na próxima reunião da Conferência Internacional do Tra-
veis a situações de assédio. balho nesse ano. A partir daí teremos uma primeira discus-
Pouco se fala, mas há um número muito significativo de as- são sobre o tema, a partir dessas respostas. Então, é bem
sédios cometidos contra trabalhadoras com deficiência. Isso provável que haja uma publicação sobre políticas adotadas
ocorre porque existe a percepção estigmatizada, e equivo- por outros países, além de outras informações.
cada, de que elas são frágeis e teriam menos capacidade A ideia também é analisar se os trabalhadores e emprega-
de reagir diante de uma situação como essa. dores acham necessária a criação de uma lei internacional
sobre o tema, e se seria uma convenção ou uma recomen-
Há um levantamento com a quantidade de dação, ou as duas coisas. Aí é possível que em 2019, de-
assédios cometidos nos últimos anos no Brasil? pendendo do que for decidido nessa convenção, haja uma
Não existe um número definitivo, mas é possível fazer uma orientação internacional sobre o tema. ■
busca no MPT sobre casos de assédio sexual que foram
abertos. Esses casos entram no campo da violência no tra-
balho, mas fica muito claro que são relacionados ao assédio.
Temos poucos casos no MPT porque, entre outros moti-
vos, as pessoas talvez desconheçam o fato de que esse ór-
gão acolhe as denúncias e é capaz de oferecer uma ação AMPLIANDO CONHECIMENTO
mais reparadora e efetiva. Ainda não existe um levanta- Saiba mais sobre a cartilha lançada pelo Minis-
mento que aponte os números, mas analisando os proces- tério Público do Trabalho em parceria com a Or-
sos abertos no MPT já é possível fazer uma primeira aná- ganização Internacional do Trabalho no site da
lise sobre o cenário. revista CIPA.
Com essa campanha de divulgação dos canais de denúncia,
é possível que aumente o número de casos registrados e,
consequentemente, haja uma consolidação de dados. Nun-
ca vai ser o número de casos reais, mas esperamos que até
o fim do ano tenhamos um registro maior.

Dos países que fazem parte da OIT, qual tem um tra-


balho de combate ao assédio mais avançado e as-
sertivo?
A iniciativa da OIT de discutir uma possível convenção ou
recomendação em relação à violência no trabalho e incluin-
do o assédio sexual foi iniciada no ano passado. Todos os
187 países-membros receberam um questionário para ser
preenchido por empregadores, trabalhadores e governos
sobre o tema do assédio sexual e algumas questões de vio-
lência no mundo do trabalho. Agora, essas informações es-
tão sendo coletadas, o que incluem também políticas ado-
tadas nesses países, e serão sistematizadas e apresentadas

POUCO SE FALA, MAS HÁ UM NÚMERO MUITO


SIGNIFICATIVO DE ASSÉDIOS COMETIDOS
CONTRA TRABALHADORAS COM DEFICIÊNCIA
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25
Doenças mentais
Fotos: Shutterstock
por Lailson Nascimento

26 www.revistacipa.com.br
SAÚDE MENTAL
NO TRABALHO
Desafios para diminuir afastamentos
decorrentes de doenças psíquicas

C
inco anos trabalhando em básicas, como profissionais capacitados
uma agência bancária foi para lidar com os problemas de nature-
tempo suficiente para que za psíquica no ambiente de trabalho e
Michelle Caroline Morei- Norma Reguladora (NR) específica para
ra Ribeiro descobrisse por- a saúde mental do trabalhador.
que sua carreira profissional é conside-
rada um dos campos de atuação mais Casos mais recorrentes
prejudiciais à saúde mental. Diagnosti- Pesquisas apontam que os trabalha-
cada inicialmente com depressão, ela faz dores mais expostos ao adoecimento
parte de um grupo de pessoas que, de mental atuam no Judiciário (promoto-
acordo com o Instituto Nacional do Se- res e juízes); policiais de maneira geral;
guro Social (INSS), é a terceira maior jornalistas, professores e bancários.
causa de afastamentos. Este é o caso do bancário Thiago Ales-
De 2012 até meados de dezembro de sandro da Cruz Moreira, de 33 anos. Ele
2017, a Previdência Social concedeu mais relembra com tristeza as quatro ocasi-
de 726,5 mil auxílios-doença por afas- ões em que tentou suicídio enquanto fa-
tamento ocupacional e aposentadorias zia tratamento de depressão. Em todos
por invalidez, levando em consideração os episódios, teve a sensação de que era
apenas as 28 principais doenças mentais um “peso morto” por não conseguir tra-
catalogadas pelo órgão governamental. balhar. “O meu problema começou em
Somente no ano passado, foram pouco 2012, quando fui promovido para geren-
mais de 107 mil casos. te administrativo e assumi uma agência
Devido ao crescimento no número de bancária na cidade de Biritiba Mirim, na
ocorrências de afastamentos por causas Grande São Paulo. Naquela agência, eu
ligadas ao comportamento, esses setores passei a atuar em quatro funções, o que
querem entender até que ponto o am- me levou à depressão pelo excesso de
biente de trabalho pode afetar a saúde trabalho e diversas frustrações.”
psíquica do trabalhador. Se por um lado Depois de um período de licença mé-
há quem aponte a inversão de valores do dica para o tratamento da estafa física e
próprio indivíduo como um dos principais mental, depressão e ansiedade de grau
fatores desencadeantes dos transtornos elevado, quadro de doenças psíquicas
mentais, outros campos de pesquisa en- que foi diagnosticada por um psiquia-
tendem que o País é carente de questões tra, Moreira retornou ao posto de traba-

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27
Doenças mentais

Michelle de São Paulo, ela recebeu uma série de prego. Foi quando discuti com ela e tive
Caroline Moreira
Ribeiro, bancária metas e obrigações que, na maioria das um pré-infarto.”
vezes, eram superiores à sua capacida- A situação mudou toda a sua rotina, já
de de trabalho. Além da alta carga de que hoje ela corre o risco de ter crises de
lho, porém, nunca trabalho, a profissional ainda lidava com pânico em locais públicos. “O problema
mais recuperou o assédios morais que, segundo ela, par- no banco afetou toda a minha vida. Pas-
entusiasmo. “Des- tiam diariamente dos superiores. “Só saram cinco anos e eu não consigo ir ao
de 2014 eu faço tratamento psiquiátri- que, enquanto você acredita que vai re- cinema, não consigo ir à igreja, ir ao mer-
co, não consigo dormir, a minha mente ceber uma promoção, você vai aguen- cado, porque em todo e qualquer lugar
se tornou muito barulhenta, se dissolveu tando, vai se sujeitando à situação de que estiver cheio e eu não sentir a circu-
com o estresse. Depois que fiquei doen- assédio. Você almeja subir de cargo, só lação de ar me causa pânico. Não con-
te, descobri que sou uma pessoa total- que para subir vai precisar daquela pes- sigo ir ao banco porque tenho medo da
mente descartável para o banco, além soa que está te assediando. Então en- porta-giratória. Eu tenho medo de gen-
de perceber que meu caso não é isola- quanto acredita que pode subir vai su- te. A doença afetou minha vida pessoal.”
do, mas generalizado no meio bancário.” portando”, acrescenta. Segundo a médica Leticia Garios, vice-
Michelle se sujeitou aos assédios no -presidente da Região Sudeste da Asso-
“Eu tenho medo de gente” ambiente de trabalho até 2013, quando ciação Nacional de Medicina do Traba-
A frase acima é de Michelle Caroline estava prestes a sair de férias. “Ia sair de lho (Anamt), a análise e comprovação
Moreira Ribeiro, irmã de Thiago Moreira. férias em 13 dias quando fui chamada do adoecimento de um trabalhador de-
Cinco anos já se passaram desde o pri- pela minha chefe. Na ocasião, ela disse manda uma ava-
meiro surto, que causou um pré-infar- que eu não tinha cumprido a meta dos liação completa e
to, mas ela ainda convive com o trans- últimos dois meses e que, por isso, se eu
torno do pânico. não cumprisse as tais metas nos 13 dias
Assim como o irmão, Michelle conta restantes de trabalho, ou eu voltaria pa- Thiago
Alessandro da
que, no período em que trabalhou numa ra o operacional [setor que ela foi con- Cruz Moreira,
agência bancária de Suzano, na Gran- tratada], ou eu seria despedida do em- bancário

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Doenças mentais

Ricardo Esteves tiça. Sem numerário, nem sempre con- fícil de acontecer, principalmente porque
de Oliveira,
diretor da corre em condições de igualdade com as doenças mentais relacionadas ao tra-
Abrata a empresa e com o INSS, porque não balho, como a depressão, são doenças
tem recursos para bancar perícias mé- invisíveis”, aponta.
pormenorizada de dicas particulares. Então, muitas vezes,
cada pessoa. Mas, o portador do problema não consegue Desafios do setor
essa não tem sido reunir provas e acaba por não ter seu di- Embora percebam que as empresas
a prática corriqueira nos atendimentos reito reconhecido.” têm aumentado a consciência do pró-
prestados ao trabalhador de um modo Há dois tipos de auxílios em casos de prio papel na prevenção das doenças
geral, observa. afastamentos temporários, explica o ad- mentais que acometem seus funcioná-
vogado Antero Arantes Martins Filho, rios, especialistas apontam um longo ca-
Implicações jurídicas conselheiro fiscal suplente da Associa- minho a ser percorrido pelas organiza-
A advogada Carmen Cecilia Noguei- ção dos Advogados Trabalhistas de São ções no sentido de saber lidar com essa
ra Beda atende dezenas de clientes Paulo (AATSP): o auxílio-doença previ- parcela de profissionais.
com transtornos mentais todos os me- denciário e o auxílio-doença acidentário. A psicóloga Fátima Macedo, que é es-
ses. Segundo ela, esse número está em O valor em ambos os casos é o mesmo, pecialista em Psicologia da Saúde Ocu-
“franca evolução.” com a diferença de que o acidentário pacional, sugere que as empresas façam
O problema, conforme mostra a expe- garante ao trabalhador um período de o mapeamento de fatores ‘estressores’
riência de Carmen nos casos trabalhistas estabilidade no emprego de 12 meses. no ambiente de trabalho que eventu-
de natureza psíquica, é que quando o O problema de se conseguir o auxílio almente possam
afastamento coberto pelo auxílio-doen- acidentário é que, neste caso, a empresa funcionar como
ça é negado pelo INSS, o trabalhador fica tem que reconhecer que foi a causado- ‘gatilhos’ para o
desamparado financeiramente. “O INSS ra do problema psiquiátrico do funcioná-
nega o benefício, as empresas não que- rio e agendar a perícia para o profissio- Miryam Cristina
M. V. da Silva,
rem o trabalhador de volta à ativa, e aí nal através de um CAT (Comunicado de psicóloga do
o trabalhador é obrigado a entrar na jus- Acidente de Trabalho). “Isso é muito di- trabalho

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adoecimento mental. “A grande ques- ra tais patologias. “À medida que o indi-
tão é que a maioria das empresas colo- víduo quer adquirir coisas, ter poder, ter
ca o foco da atuação no funcionário, ofe- status, ele automaticamente pode cair
recendo atividades de relaxamento, de na armadilha de, visando conseguir tu-
meditação, de desenvolvimento pessoal, do isso, se hipotecar profissionalmente.
palestras de sensibilização. Isso é impor- Por assim dizer, 90% da possibilidade de
tante, mas precisa estar aliado ao olhar não adoecer está nas mãos do próprio
sobre o ambiente de trabalho, a mapear indivíduo, das ações que a pessoa vai to-
os fatores de risco psicossociais.” mar em relação à condição de trabalho
De acordo com a psicóloga, a própria dela, e de sua própria relação com a pro-
formação profissional no Brasil precisa fissão”, esclarece.
avançar. “As universidades não abordam
as questões relacionadas ao trabalho. E Apoio mútuo
aí o psicólogo clínico acolhe a demanda, Independentemente de quem esteja
mas com um olhar clínico, pois ele não certo ou errado, empresa ou profissional,
tem um conhecimento a respeito da ati- há quem defenda os dois lados, ofere-
vidade daquela pessoa, a respeito das cendo apoio ao trabalhador que adoece
questões relacionadas às NRs, à saúde psiquicamente durante a carreira profis-
ocupacional, à psiquiatria ocupacional, sional e prestando serviços para as em-
o nexo causal, ele não tem esse emba- presas que adotam ações preventivas
samento. Tudo isso é fundamental para contra as doenças mentais.
quando você recebe um paciente cujo Este é o caso da Associação Brasileira
adoecimento é causado pelo ambiente de Familiares, Amigos e Portadores de
de trabalho.” Transtornos Afetivos (Abrata), que pos-
Em São Paulo, O Instituto de Psiquiatria sui sede em São Paulo e atende por meio
(IPq) do Hospital das Clínicas da Faculda- de atividades psicossociais que comple-
de de Medicina da USP é pioneiro em es- mentam o tratamento psiquiátrico. “Está
tudos sobre transtornos mentais relacio- ocorrendo uma mudança no perfil em-
nados ao trabalho e a saúde mental no presarial, tanto que a Abrata tem sido
trabalho. Segundo a psicóloga do traba- procurada por muitas empresas que nos
lho Miryam Cristina Mazieiro Vergueiro solicitam um trabalho de prevenção das
da Silva, que faz parte do Grupo de Saú- doenças diretamente na organização.
de e Psiquiatria do IPq (Sampo), o traba- Nós acabamos de fechar uma parceria
lho é voltado, entre outras coisas, ao de- com a CDHU, por exemplo”, comemora
senvolvimento de ações efetivas voltadas a presidente da entidade, Neila Campos.
a saúde do trabalhador e a construção de O profissional de comércio exterior Ri-
um ambiente organizacional saudável. cardo Esteves de Oliveira, que é diretor
A também psicóloga Maria Apareci- da Abrata, considera o movimento das
da Coutinho, especialista em orientação empresas como uma das soluções para
profissional, pondera que o trabalhador o alto número de afastamentos do traba-
deve ficar atento a si próprio, pois para lho por doenças mentais. “Aos 33 anos,
que a atividade profissional funcione co- fui diagnosticado com transtorno de bi-
mo ‘gatilho’ para as doenças psíquicas, polaridade. Considero que ali eu nasci de
o indivíduo tem novo, pois aos 19 anos já tinha tentado o
que ter pré-condi- suicídio duas vezes por conta do proble-
ções genéticas pa- ma, por não ter informações sobre isso
à época. E o apoio que a empresa onde
trabalho me deu quando soube da mi-
Neila Campos,
presidente da nha doença foi fundamental para a mi-
Abrata nha recuperação”, conclui.■

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Doenças mentais

AFASTAMENTOS POR DOENÇAS MENTAIS


TIPO/ANO DE CONCESSÃO 2012 2013 2014 2015 2016 2017 TOTAL
Episódio depressivo 28.368 29.399 29.242 22.194 25.581 21.336 156.120
Episódio depressivo grave
sem sintomas psicóticos
13.905 14.745 14.217 10.975 12.427 10.535 76.804

Outros transtornos ansiosos 9.746 10.947 10.988 8.745 11.395 10.356 62.177
Transtorno misto ansioso e depressivo 9.600 10.827 10.512 8.325 10.645 9.692 59.601
Transtorno depressivo recorrente 9.306 9.657 9.846 7.890 9.612 8.938 55.249
Episódio depressivo moderado 9.235 10.119 9.507 7.261 8.454 6.974 51.550
Transtorno depressivo recorrente, episódio
atual grave sem sintomas psicóticos
7.121 7.485 7.120 5.772 6.752 6.098 40.348

Episódio depressivo grave


com sintomas psicóticos
5.213 5.200 4.819 3.965 4.758 4.086 28.041

Transtorno de pânico 4.286 4.783 4.862 3.808 4.954 4.201 26.894


Ansiedade generalizada 3.450 4.084 4.438 3.734 4.965 4.519 25.190
Reações ao estresse grave
e transtornos de adaptação
4.191 4.523 4.310 3.191 3.933 3.257 23.405

Transtorno depressivo recorrente,


episódio atual moderado
4.021 4.141 4.116 3.226 3.958 3.313 22.775

Transtorno depressivo recorrente, episódio


atual grave com sintomas psicóticos
3.554 3.597 3.273 2.632 3.092 2.956 19.104

Transtornos de adaptação 3.017 3.219 3.224 2.413 2.776 2.249 16.898


Estado de estresse pós-traumático 2.507 2.679 2.761 2.404 2.987 2.606 15.944
Reação aguda ao estresse 1.673 1.866 1.807 1.429 1.755 1.457 9.987
Episódio depressivo não especificado 1.835 1.845 1.856 1.348 1.594 1.218 9.696
Episódio depressivo leve 1.409 1.462 1.279 871 989 822 6.832
Transtorno ansioso não especificado 904 1.122 1.260 868 1.035 846 6.035
Transtorno depressivo
recorrente sem especificação
531 496 524 380 455 363 2.749

Transtorno depressivo
recorrente episódio atual
387 357 431 328 361 309 2.173

Outras reações ao estresse grave 267 342 340 330 382 316 1.977
Outros transtornos ansiosos mistos 297 297 329 240 335 305 1.803
Outros episódios depressivos 282 288 220 185 237 193 1.405
Reação não especificada a um estresse grave 182 263 250 178 254 185 1.312
Outros transtornos depressivos recorrentes 190 211 185 181 176 167 1.110
Outros transtornos ansiosos específicos 143 152 138 79 111 115 738
Transtorno depressivo recorrente,
atualmente em remissão
133 95 101 93 96 81 599

TOTAL 125.753 134.201 131.955 103.045 124.069 107.493 726.519


Fonte: Instituto Nacional de Seguro Social (INSS)

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Mulheres no trabalho por Clarisse Sousa

DIFERENCIAÇÃO
NECESSÁRIA
Questões
fisiológicas
e anatômicas
tornam as
mulheres mais
suscetíveis a
doenças. Gestão
de SST deve
atentar às
distinções

O
mundo globalizado
trouxe avanços extra-
ordinários. Mas quando
se fala em trabalho e,
especialmente na pre-
sença das mulheres no mercado, esses
progressos caminham a passos lentos.
Isso porque, embora o empoderamento
feminino venha crescendo, a desigual-
dade ainda é um empecilho. A acen-
tuada disparidade é demonstrada pelo
estudo Retrato das Desigualdades de
Gênero e Raça, desenvolvido pelo Ins-
tituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea), em 2015. De acordo com o do-
cumento a mulher trabalha em média
7,5 horas a mais por semana. Geralmen-
te, ela ainda é responsável por cuidar
dos afazeres domésticos e dos filhos.
As diferenças não estão relacionadas
apenas aos cargos que ocupam e aos

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março_2018
35
Fotos: Shutterstock
Mulheres no trabalho

TRANSTORNOS MENTAIS FORAM RESPONSÁVEIS POR 8,5%


DOS AUXÍLIOS-DOENÇA CONCEDIDOS ÀS MULHERES EM 2015

salários. Em se tratando de saúde e se- ença, os transtornos mentais foram res- – 2016; 345 – 2015) e as dos dedos
gurança, não há diferenciação quanto à ponsáveis por 8,5% dos benefícios, sen- (461 – 2017; 525 – 2016; 431 – 2015),
atenção dada à ela e aos homens. E isso do que entre os homens foi de 2,8%. as lesões do ombro (480 – 2017; 673
contribui para que o número de traba- “Isso está ligado ao que chamamos de – 2016; 668 – 2015), e as doenças re-
lhadores afastadas aumente a cada ano. ‘segregação ocupacional de gênero’, is- lacionadas à mente das mulheres. So-
Dados do Ministério da Previdência to é, sobre em quais setores as mulheres mente os episódios depressivos soma-
Social de 2015 revelaram que os índices conseguem emprego. Verificamos que ram 607 afastamentos no ano passado.
de afastamentos foram maiores no se- elas são maioria nas atividades de ser- Isso sem contar as demais enfermida-
xo feminino, motivados, principalmen- viços sociais relacionados aos cuidados des, de acordo com a Classificação In-
te, por doenças relacionadas a riscos er- (saúde e educação), tanto no setor pú- ternacional de Doenças (CID), como
gonômicos. “Claramente, a Ergonomia blico como privado”, esclarece Juliana. transtornos mentais, psicóticos e afe-
deixou de ser levada em conta ou de Dados mais recentes do Instituto Na- tivos em variados graus.
ser aplicada na sua essência, resultando cional do Seguro Social (INSS) apon- A auxiliar de serviços gerais Rosa Ro-
em danos à saúde das trabalhadoras, tam que o número de auxílios-doença sena Chagas, 41 anos, foi uma das afas-
em perdas para as empresas, à socie- por acidente de trabalho concedidos às tadas do trabalho no último ano por de-
dade, bem como o aumento nos custos trabalhadoras em 2017, somente no es- pressão. Ela trabalha há quatro anos em
previdenciários”, explica Juliana Andra- tado de São Paulo, foi de 16.010. Nos regime Consolidação das Leis do Traba-
de Oliveira, pesquisadora do Serviço de últimos três anos, 51.960 mulheres se lho (CLT), nove horas por dia, cobrindo
Sociologia e Psicologia da Fundacentro. afastaram e receberam o auxílio-doen- folgas e férias de funcionárias da cozi-
De acordo com o Anuário Estatístico ça. Entre as patologias que mais se des- nha, lavanderia e limpeza de uma em-
da Previdência Social, ainda 2015, entre tacam estão fraturas como a da extre- presa de comunicação. Rosa começou
as mulheres que receberam auxílios-do- midade distal do rádio (507 – 2017; 544 a apresentar sintomas como pressão ar-

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Mulheres no trabalho

terial aumentada e transtornos psicóti- vares, as mulheres sofrem mais porque em pesquisas na área do bem-estar da
cos, conforme diagnosticado posterior- elas ainda não têm espaço. “Não so- mulher nas empresas”. Com tudo isso,
mente. “Acredito que a depressão foi mos respeitadas ou ouvidas sobre nos- aliada a sobrecarga de duplas jornadas,
causada pelas sucessivas cobranças no sas necessidades diferenciadas. Elas são Angélica explica que a depressão acaba
trabalho, além de toda a preocupação vistas com preconceito e julgamento, atingindo essas trabalhadoras.
e responsabilidade que nós, mulheres, como geralmente ocorre durante o pe- Andrade Oliveira, pesquisadora da Fun-
carregamos”, conta Rosa. ríodo menstrual ou a gravidez; especial- dacentro, concorda que as empresas pre-
Mãe de três filhos homens (com idade mente durante os períodos de tensão cisam promover um ambiente de bem-
de 21, 18 e 15 anos) e divorciada, sem- pré-menstrual (TPM), quando a mulher -estar. “Recebemos demandas sobre
pre carregou sozinha o peso de cuidar costuma virar motivo de piada e proble- orientações a respeito de problemas re-
da casa e dos rebentos, além da neces- matização”, ressalta. lacionados ao assédio sexual e moral mo-
sidade de trabalhar fora para sustentá- Com isso, ficam mais vulneráveis e tivado por opressão de gênero. E os as-
-los. Apesar de estar afastada há quatro expostas emocionalmente, sem espa- sédios ocorrem justamente em empresas
meses e tomar remédios controlados, ço para se expressar. “Fora a questão que não se preocupam com um ambien-
ela acredita que o seu trabalho é a me- do assédio moral e sexual e a desvalo- te psicossocial acolhedor, que não se im-
lhor forma para vencer as dificuldades e rização de sua mão de obra. Mesmo portam se suas funcionárias estão sendo
espera poder retornar o quanto antes. produzindo tanto quanto os homens, desrespeitadas”, ressalta. Para ela, esse
As visitas ao posto médico a cada mês, elas recebem 25% a menos para exer- entendimento ainda é rudimentar, mas
no entanto, têm a mantido em casa. cer a mesma função”, explica a psicólo- aos poucos está cada vez mais presen-
O caso de Rosa é bastante comum. ga. Soma-se a isso a falta de vagas nos te nas empresas e instituições públicas.
Para a psicóloga Angélica Rodrigues Ta- cargos de chefia e de “investimentos Em relação ao bem-estar mental e

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emocional, Juliana explica que é muito siológicos, os anatômicos, as condições ença que aumenta o risco de fraturas. ”
comum a queixa sobre a falta de reco- biomecânicas e as reações emocionais. Jeferson Seidler, auditor-fiscal do Mi-
nhecimento profissional. “É grande o “Esses aspectos devem ser considera- nistério do Trabalho e Empregro (MTE),
sentimento de que por mais que se es- dos no plano de Gestão em SST. Além destaca os cuidados especiais dados a
force, ela não será promovida, sobretu- disso, devem ser implementadas ações gestantes e lactantes, previstos no ar-
do porque não encontram na própria preventivas e corretivas nos postos de tigo 394-A da CLT e na NR-32, em re-
empresa representatividade em cargos trabalho, para evitar ou minimizar ris- lação à exposição às radiações ionizan-
na alta direção”, diz. cos que possam gerar danos à saúde tes. “As prescrições normativas dizem
Há diversas formas “sutis” de opressão da mulher”, diz. respeito à redução da carga nas ativida-
do gênero no ambiente de trabalho, se- des que exigem esforço físico na movi-
gundo a pesquisadora. “Um exemplo é Diferenciação é importante mentação manual de materiais”.
quando se interrompe constantemente Conceição explica que também há dife- A consultora Conceição, entretan-
uma mulher em uma reunião, ou se ten- rença na hora de avaliar e controlar uma to, faz um alerta quanto ao trabalho
ta, a todo momento, falar por ela. São situação. “Com relação às condições de gestantes e lactantes em ambien-
muitas as formas de descaracterizar uma biomecânicas, normalmente as mulhe- tes insalubres, após a alteração do Ar-
mulher como profissional, fazendo com res apresentam menos força muscular. tigo 394-A da CLT. “Elas tinham o direi-
que seu papel seja sempre secundário.” Além disso, durante a gestação, ficam to ao afastamento desses ambientes de
Para Conceição de Freitas, consultora mais expostas a riscos em ambientes in- forma compulsória, independentemen-
em Gestão de Saúde e Segurança Ocu- salubres, assim como as lactantes à con- te do grau de risco. No entanto, a nova
pacional, dentre vários aspectos que di- taminação por agentes químicos. Outro redação passou a definir condicionan-
ferenciam a mulher, destacam-se os fi- ponto é a incidência de osteoporose, do- tes para assegurar esse direito aos graus

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Mulheres no trabalho

médio ou mínimo no caso de gestação ATIVIDADES QUE MAIS AFASTAM MULHERES


e, máximo, para a lactante”, comenta. Comparando valores proporcionais de acidentes e benefícios registrados pela
A exposição a agentes nocivos pode- Previdência Social Jerferson Seidler, o auditor-fiscal do MTE, percebeu que alguns
rá afetar não só a saúde da gestante, setores se destacam, com maior número de casos do que seria o esperado para a
quantidade de vínculos. Ele comparou a proporção de vínculos com a proporção de
mas também do nascituro e da criança. acidentes e doenças que mais acometem as mulheres:
A avaliação de riscos e o acompanha-
mento médico previstos nas NRs, segun- ◗ Atenção à saúde, especialmente musculoesqueléticos, ferimentos
do o auditor Seidler, pressupõem abor- atendimento hospitalar: de punho e mão;
lombalgias, acidentes com pérfuro- ◗ Restaurantes e similares: lesões
dagem técnica cuidadosa considerando cortantes e transtornos mentais; de ombro e punho (LER/DORT);
as diferenças fisiológicas, biológicas e so- ◗ Bancos: transtornos ◗ Correios: transtornos mentais
ciais entre mulheres e homens, confor- musculoesqueléticos (LER/DORT) (destaque para reação ao stress
me mencionou Conceição. “Na avaliação e mentais; grave), lesões do ombro, dorsalgia.
os profissionais prevencionistas devem ◗ Supermercados: transtornos ◗ Serviços de limpeza: dorsalgias,
musculoesqueléticos (LER/DORT) lesões de ombro, ferimentos de
orientar as empresas quanto a possíveis e lombalgias; membros superiores e inferiores.
riscos diferenciados”, diz Seidler. ◗ Frigoríficos: transtornos
As empresas nem sempre reconhe-
cem essas diferenças. “Há muitas lacu-
nas no cumprimento das normas relati-
vas à saúde e segurança para mulheres.
Mesmo diante do arcabouço de leis que
norteiam a SST, gestores e empresários
consideram que ações preventivas re-
lacionadas à gestão de SST represen-
tam apenas custo”, pondera Conceição.
Embora saliente que não se pode
generalizar, Seidler afirma que “esse
olhar diferenciado realmente não apa-
rece com frequência”. Quanto a isso, e
considerando as recentes alterações na
CLT, ele recomenda que cada atividade
seja classificada quanto aos riscos à fer-
tilidade, à gestação e à lactação, com
definições claras das condutas a serem nomia, o setor de telemarketing desta- mais afasta mulheres. “Quando observa-
adotadas em cada caso. cou-se dos demais. Com 30 funcioná- mos os grupos de CID mais frequentes
rios (5 homens e 25 mulheres), durante nos afastamentos das trabalhadoras, ve-
Atuação das mulheres 30 dias, 100% das mulheres faltaram mos que a causa número um são as do-
Cuidados especiais devem ser tomados em pelo menos três dias por causa de enças osteomusculares (DORT). Isso está
quando existe potencial de exposição a infecções urinárias. “Neste caso, havia relacionado também à divisão sexual do
agentes de risco que podem influenciar o o descumprimento da NR-24, que aler- trabalho. Segundo Juliana Andrade Oli-
organismo da mulher de forma diferente ta sobre as condições sanitárias e de veira, a concessão de auxílios acidentários
do que dos homens. “É preciso reconhe- conforto nos locais de trabalho (...): ‘as às mulheres é menor do que aos homens.
cer que essa abordagem ainda é pouco instalações sanitárias deverão ser sepa- Isso ocorre porque elas estão menos pre-
estudada. Não vemos, por exemplo, limi- radas por sexo...’” As instalações não sentes nos setores que têm mais aciden-
tes de exposição ocupacional diferencia- eram separadas por gênero e, devido tes com trauma físico, lesões e envene-
do para homens e mulheres, embora teo- a defeitos hidráulicos, não se fazia uma namentos, como o de Construção Civil.
ricamente, em alguns casos, isso poderia higienização adequada. “Os agravos à saúde das mulheres são
ser mais adequado”, reconhece Seidler. Junto aos setores de saúde e confecção mais difíceis de serem reconhecidos co-
Ao fazer um estudo sobre o absen- têxtil, a área de telemarketing é a que mo relacionados ao trabalho, como é o
teísmo em uma empresa, a consultora possui maior número de mão de obra fe- caso dos transtornos mentais, das LERs e
Conceição notou que, no quesito ergo- minina. O setor de serviços é um dos que das neoplasias”, conclui. ■

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EPIs
Fotos: Shutterstock
por Adriana Gavaça

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PROTEÇÃO
ACIMA DE
TUDOIndispensáveis para
proteger os trabalhadores,
capacetes estão sendo
fabricados com materiais
mais leves e resistentes

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43
EPIs

C
oncebidos para prote- tema capacetes de segurança. classificada pelos seguintes aspectos
ger a cabeça dos traba- “Vale enfatizar que os capacetes de de segurança:
lhadores contra impactos segurança foram os primeiros EPIs a se- a) capacete para proteção contra
de objetos ou decorrentes rem certificados com o selo do Inme- impactos de objetos sobre o crânio;
de quedas, queimaduras, tro, pelas novas regras de certificação b) capacete para proteção contra
irradiação solar e choque elétrico, os ca- do Ministério do Trabalho e Empregos”, choques elétricos;
pacetes de segurança acompanharam assinala João Luís Correa Leite, gerente c) capacete para proteção do crâ-
as mudanças e as demandas da indús- técnico de Licitações e Centro Técnico nio e face contra agentes térmicos.
tria. Os materiais utilizados em sua fa- da Balaska. O EPI passou a ser certifica-
bricação são, cada vez mais, resisten- do com o selo do Inmetro, a partir da “Enquanto a NBR 8221 regula o uso
tes, leves e confortáveis. Além disso, Portaria Inmetro nº 142, em 2008. Em do capacete para atividades nas quais
esses equipamentos passam por cons- 5 de maio de 2009, a Portaria nº 118 existam os riscos de impactos à cabeça,
tantes testes, de acordo com o tipo de revogou a anterior, instituindo a obriga- queda de material, respingo de subs-
atividade na qual serão utilizados. Tu- toriedade da certificação para fabrica- tâncias e risco de contato com riscos
do para garantir a segurança do traba- ção e importação de capacetes, a par- elétricos (capacetes classe B), os testes
lhador, sem que o equipamento atra- tir de 2010. de impacto vertical, rigidez dielétrica,
palhe a sua performance profissional. penetração e inflamabilidade são obri-
Inspirados nos capacetes utilizados Mercado regulamentado gatórios para determinarmos um EPI se-
por soldados na era Medieval, bem co- O mercado de capacetes de seguran- guro e adequado ao risco do trabalha-
mo por bombeiros e policiais alemães ça atende hoje à NBR 8221/2015, da dor”, aponta Eric Alvarez, engenheiro
nos séculos 19 e 20, esses equipamen- Associação Brasileira de Normas Técni- de Aplicação para Capacetes da Divisão
tos foram regulamentados há aproxi- cas (ABNT), que trata sobre capacetes de Segurança Pessoal da 3M.
madamente 35 anos no Brasil, quan- de segurança, especificações e ensaios. Para Carlos Pessoa, responsável pe-
do entrou em vigor a primeira norma A obrigatoriedade do uso do equipa- la Área de Desenvolvimento de Pro-
nacional (NBR 8221), baseada na Nor- mento está prevista na NR-6, do Mi- dutos da Plastcor do Brasil, a maior
te Americana ANSI (American National nistério do Trabalho e Empregos, que evolução do mercado de capacetes
Standards Institute), que trata sobre o enfatiza que a proteção da cabeça é aconteceu justamente no âmbito legis-
Fotos: Divulgação 3M do Brasil

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Gestão de Saúde

Os resultados das aferições


vão para o sistema Safety.

Onde os responsáveis pela


segurança do trabalho
ou medicina preventiva

poderão acessar através


de diferentes dispositivos.

AUTOMAÇÃO NA SEGURANÇA
E SAÚDE NO TRABALHO
S AFETY é uma inovação para as áreas de Saúde
Ocupacional e Medicina Preventiva, que
automatiza o controle de PTE (Permissão de
Trabalhos Especiais), além de proporcionar às
organizações ganhos operacionais, gerenciais e
O Safety é capaz também de verificar se os cursos de
normas regulamentadoras do colaborador estão dentro
das datas de validade. Se a avaliação de saúde estiver
dentro dos níveis aceitos e as NR´s válidas, o colaborador
receberá um comprovante indicando que ele está apto e
financeiros. o sistema notificará os responsáveis.
Através da solução Safety Gestão de Saúde o Caso as aferições ou datas de NR´s estejam em
colaborador faz de forma autônoma suas aferições, desacordo, por exemplo, se o colaborador estiver acima
como: peso, altura, pressão arterial, batimentos do peso ou com a pressão alterada, o sistema emitirá
cardíacos e até mesmo percentual de gordura por uma mensagem indicando que ele deve dirigir-se ao
bioimpedância, tudo isso em aproximadamente noventa ambulatório e no mesmo instante uma outra mensagem
segundos! é enviada via APP ao técnico de segurança do trabalho.
Este colaborador ao usar seu crachá de identificação, Um relatório para permissão de trabalhos especiais
será avaliado pelo sistema SAFETY, que fará comparações ficará arquivado para quando necessário.
com os índices aceitos para trabalhos de risco ou Simples, rápido e seguro!
especiais cadastrados pelo médico do trabalho.

(48) 3878-4000
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Atendemos todo o território nacional através parceiros Equipamento powered by Keito e desenvolvimento de software e integração powered by Teleworld.
credenciados.
EPIs

lativo. “Acreditamos que a maior evo-


lução dos últimos anos se deu com a
publicação da Portaria 118, que insti-
tuiu a obrigatoriedade da certificação
para a fabricação e importação de ca-
pacetes de segurança a partir de 1 de
janeiro de 2010. A Plastcor do Brasil
foi uma das primeiras empresas a re-
ceber a autorização para uso do selo
do Inmetro”, assinala.
Por outro lado, o executivo ressalva
que a evolução dos capacetes de se-
gurança para uso na indústria e cons-
trução civil ocorreu em um ritmo len-
to no que diz respeito ao design e ao
uso de materiais resistentes e leves no
casco. “Há fabricantes com o mesmo
design de casco há décadas, já que o
modelo tradicional é bastante eficien-
te”, avalia. Quanto à suspensão, Pessoa
diz que ela está mais resistente e traz
alguns detalhes para facilitar o ajuste,
o que demonstra uma melhoria bem
mais significativa.

Evolução dos produtos


Dependendo da atividade executada
pelo trabalhador, os capacetes podem
apresentar variações, tanto no mate-

CONSEQUÊNCIAS DO DESUSO
de segurança. A necropsia apontou que o choque não
Apesar do uso de capacete ser obrigatório em vários foi a causa da morte, mas sim a queda do local onde
segmentos da indústria, como da construção civil, estava, o que poderia ter sido evitado se ele estivesse
mineração, energéticas, químicas, petroquímicas, usando os EPIs.
montadoras, transportes e manutenção, entre outras, não Notícias como essas são recorrentes por todo o País.
é difícil se deparar com trabalhadores sem esse tipo de EPI. No entanto, também é comum se deparar com casos
Foi a falta desse EPI que provocou a morte de um de operários que sobrevivem graças ao bom uso dos
trabalhador da construção civil, na cidade de Itapetininga, capacetes. Foi isso que aconteceu com um trabalhador,
interior de São Paulo, em 2014, após o mesmo levar um após ser soterrado, em 2014, enquanto trabalhava em uma
choque e cair de uma altura de oito metros. Segundo obra na cidade de Birigui, interior de São Paulo. Segundo
os bombeiros, ele não usava acessórios de proteção. Na os bombeiros, a vítima de 34 anos ficou completamente
ocasião, reportagem exibida pela TV local constatou que coberta pela terra por mais de uma hora e que, teria sido
a ausência dos equipamentos é rotineira na região, após o uso do capacete, que o ajudou a respirar durante todo
percorrer diversos pontos da cidade e flagrar vários casos esse tempo, enquanto era feito o resgate.
de trabalhadores em risco.
O mesmo ocorreu no Mato Grosso, em 2008, quando EFICÁCIA DEPENDE
o um funcionário de um frigorífico morreu após um DO BOM USO
acidente enquanto manuseava um equipamento de O mau uso do capacete de segurança é outro problema
solda. O trabalhador estava sem luvas, capacete e cinto recorrente, que serve para engrossar as estatísticas sobre

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os números de acidentes com o trabalhador. Em 2011, cabeça e pescoço em caso de queda de objeto sobre
mais de 32 mil acidentes de trabalho que afetaram cabeça capacete (cabeça do usuário)”, destaca.Há ainda quem
e pescoço, segundo dados do Ministério do Trabalho e use o capacete juntamente com um boné, o que, segundo
Previdência. o técnico, pode diminuir o efeito do amortecimento
De acordo com a Secretaria de Previdência do Ministério proporcionado pela carneira.
da Fazenda, entre 2012 e 2016, foram registrados 3,5 Por fim, ele diz que não usar a jugular (acessório que
milhões de casos de acidente de trabalho em 26 estados auxilia a fixação do casco dos capacetes de segurança à
e no Distrito Federal. Esses casos resultaram na morte de cabeça do trabalhador, evitando que o mesmo caia devido
13.363 pessoas e geraram um custo de R$ 22,171 bilhões a movimentos bruscos), em lugares onde venta muito
para os cofres públicos com gastos da Previdência Social, ou em mineradoras, também pode resultar em acidentes
como auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, pensão graves, levando, inclusive à morte.
por morte e auxílio-acidente para pessoas que ficaram com Eric Alvarez, técnico de Produtos da BSB Safety, aponta
sequelas. Nos últimos cinco anos, 450 mil pessoas sofreram ainda que, de forma geral, o uso incorreto do capacete
fraturas enquanto trabalhavam. pode promover traumatismo craniano em caso de queda
Fabiano Brandão, técnico de Produtos da BSB Safety, de material ou impacto da cabeça em algum objeto,
destaca que, entre os erros mais comuns estão o de usar paraplegia ou tetraplegia. “Outro risco são descargas
o capacete sem a carneira (aranha), que é o que prende elétricas no uso capacete classe A (indicado para
o equipamento na cabeça do trabalhador. “Ela serve atividades sem risco elétrico) em atividades com risco
para amortecer o impacto de que seria absorvido pela elétrico”, explica.

março_2018
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EPIs

rial utilizado na sua fabricação, quanto de segurança. sia Santos, coordenadora de Marketing
no tipo de acessórios que podem ser Hoje, só o capacete não contempla a de Produtos da MSA.
agregados ao equipamento. Essas va- segurança ideal para o trabalhador em
riações compreendem o incremento de suas diversas aplicações, conforme os De olho na segurança
dispositivos como suporte para lanter- fabricantes. É preciso desenhar um pro- Os capacetes de segurança são pro-
nas, no caso de mineradores, e outras duto que agregue outros elementos de duzidos a partir de materiais como po-
funções ainda mais específicas, como segurança. “Cabe ao fabricante inves- lietileno, policarbonato, polipropileno e
nos equipamentos voltados para bom- tir em tecnologia e pesquisas para pro- ABS, todos de alta resistência, normal-
beiros, por exemplo, em que além dos ver soluções em produtos que atendam mente utilizados para equipamentos de
capacetes serem confeccionados pa- a diversidade de atividades operacio- salvamento. Para eventos em alturas e
ra resistir às mais diversas variações de nais com a devida segurança e confor- outras atividades, há ainda os capace-
temperatura (do fogo intenso ao frio to. Dentre as soluções integradas, con- tes constituídos em termoplástico, fi-
extremo), contam com protetor facial sideramos capacete, proteção auditiva bra de vidro ou poliamida resistente a
banhado a ouro, que visa proteger a e proteção facial. A combinação desses choques mecânicos e altas temperatu-
face e a retina de queimaduras, siste- EPIs nas diversas aplicações industriais ras, esses últimos, normalmente utiliza-
ma antiembaçante e proteção adicional é extremamente válida para o trabalha- do na fabricação de capacetes para in-
para os olhos feita por meio de óculos dor e para as empresas”, assinala Cás- cêndios estruturais e florestais.■

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EPIs por Adriana Gavaça

PRODUTOS
INTEGRADOS
Proteção auditiva, visual e contra respingos são alguns
dos acessórios que podem ser agregados aos capacetes

O
s fabricantes que atuam sia Santos, coordenadora de Marketing mentos com proteções como contra
no segmento de capa- de Produtos da MSA. impactos de objetos sobre o crânio e
cetes apresentam, cada A executiva lembra que o capacete contra choques elétricos, indicados pa-
vez mais, soluções de- é usado durante incêndio estruturais e ra riscos Classe B, tipo II, além de ter
senhadas sob medida e como proteção contra impacto de ob- selo do Inmetro e Certificado de Apro-
integradas a outros EPIs. É nesse tipo de jetos provenientes de algum colapso de vação (CA).
estratégia que tem investido, por exem- estrutura. “A norma para capacete in- “A linha de capacetes Turtle é própria
plo, a MSA, que nos últimos anos, lan- dustrial é a NBR 8221, que considera para uso na indústria e atividades com
çou soluções integradas para segurança ensaios de impacto, em temperatura energia elétrica, sendo capaz de preve-
da cabeça, como o FOG, com caracte- de até 49° C, enquanto o capacete de nir acidentes por impacto e restringir a
rísticas antiembaçantes para áreas de bombeiro em um dos ensaios chega a passagem de até 30 mil Volts de cor-
calor e umidade e o Splash Plus para ser submetido a testes de até 950° C rente elétrica. São indicados também
respingos químicos. durante 10 segundos”, aponta. para agronegócio, alimentício, aviação,
“Entendemos que a evolução do câmaras frigoríficas, construção civil,
EPI está muito atrelada à quantidade Equipamento contra choque eletricista, ferroviário, indústria auto-
de outros EPIs acoplados e a flexibili- A BSB Safety, por meio de sua linha mobilística, indústria química, logísti-
dade dessa integração”, assinala Cás- de capacetes Turtle, oferece equipa- ca, mineração, transportes, entre ou-
Fotos: Divulgação: 3M do Brasil e BSB Safety

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tros”, explica Fabiano Brandão, técnico tes ajustáveis em poliacetal e é livre de
de Produtos da BSB. O executivo des- componentes metálicos. NOVIDADES E
taca ainda o modelo de capacete Steel- Já a 3M aposta na praticidade alia- ATENDIMENTO
flex Turtle, disponível em 15 cores, mo- da ao conforto. A empresa, visando PERSONALIZADO
delo aba frontal, classe B, tipo II, que melhorar a experiência dos seus usu-
possui tripla proteção: casco, suporte ários, lançou recentemente o Capa- A Plasticor do Brasil anunciou
de absorção de impacto e suspensão. cete 3M H-700 com o sistema de sus- que também tem novidades,
“O diferencial desse produto está em pensão Ajuste Fácil, em que o usuário, com o lançamento, esse ano,
ser o único do gênero no País a ofere- utilizando uma única mão, pode reali- de um modelo com design mais
cer, como opcional, suporte de polies- zar o ajuste do seu capacete com pra- moderno e suspensão mais leve
tireno expandido para maior absorção ticidade, sem perder a característica de e confortável.
de impacto e isolamento térmico. São conforto e estabilidade do 3M H-700. A Já a Balaska, que completa 27
indicados para uso na indústria e ativi- 3M ainda possui em seu portfólio Ca- anos no mercado, dispõe de
dades com energia elétrica”. pacete 3M H-700 com suspensão Ca- versões do equipamento pa-
traca, um sistema em que o ajuste é re- ra utilização industrial, ener-
Melhorias nos equipamentos alizado por meio da rotação do botão gética, combate a incêndios es-
Além dos capacetes Turtle, a BSB de ajuste, que permite uma adequação truturais, aeronaves, florestais,
através de sua marca Steelflex, também suave e precisa da suspensão do capa- resgates e salvamentos. Segun-
aposta em produtos integrados. A em- cete na cabeça do trabalhador. do o gerente técnico de Licita-
presa lançou recentemente no merca- A empresa trabalha com o prazo de ções e Centro Técnico da em-
do o Protetor Auditivo Shell Max para validade para troca de cinco anos para presa, João Luís Correa Leite, a
ser utilizado em conjunto com o capa- os seus produtos, mas assinala que nem maior preocupação da empresa
cete Steelflex. O kit possui alta perfor- sempre esse período de tempo corres- hoje consiste em entender a ne-
mance em isolamento acústico aliado ponde à realidade. “Há diversos fato- cessidade e oferecer a melhor
a um design de alto padrão, conchas res que implicaram na redução da vida solução, sempre com engenhei-
ajustáveis fabricadas em HDPE/ABS, útil do capacete, como o mau uso, ex- ros técnicos e especialistas para
bordas almofadadas revestidas em po- posição acentuada aos raios UV, uso de assessorar na escolha ou no de-
liuretano, isolamento acústico em espu- solventes durante processo de limpeza, senvolvimento dos produtos.
ma densa, atenuação de 14 (dB), has- entre outros”, aponta Eric Alvarez, enge-
nheiro de Aplicação para Capacetes da
Divisão de Segurança Pessoal da 3M.■

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Artigo NR 35
por Ivan Bongiovani Júnior

TRABALHO
EM ALTURAS
E ACESSO
POR CORDAS
Triste realidade e possíveis soluções para
Fotos: Shutterstock

mudança do quadro e preservação da vida

N ão é de hoje que sabemos que qualquer atividade rela-


cionada ao trabalho em altura exige, por si mesmo, capa-
citação, experiência, cuidados e atenção especial por parte de
ra, vemos que a formação é fundamental e precisa ser feita de
maneira qualitativa e responsável. Hoje, por incrível que pare-
ça, vemos profissionais capacitados apenas com o curso bási-
quem o executa e se expõe aos riscos de acidentes diariamente. co de NR-35 executando atividades sem nenhuma condição
Tanto para um profissional que atue em andaimes, quan- de segurança e sem atender procedimentos e requisitos bási-
to um que utiliza técnicas de alpinismo para limpeza de facha- cos. Muitos não sabem, nem mesmo, fazer um nó ou calcular
das, são necessários orientações e procedimentos específicos um fator de queda. São trabalhadores que atuam sem garan-
para executar tais atividades. No entanto, tudo isso deve aten- tia nenhuma de segurança e saúde.
der à NR-35 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Diante de uma situação como essa devemos responsabili-
que trata sobre o trabalho em altura. A norma fala, entre ou- zar a instituição que o capacitou e emitiu o certificado, a cli-
tros pontos, sobre a exigência de capacitação. Dessa manei- nica médica que considerou o profissional apto e, principal-

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mente, a empresa que autorizou o funcionário a trabalhar, Esse índice vinha crescendo significativamente antes mes-
mesmo sabendo que algo ainda estava errado. Os sindica- mo da criação da NR-35, em 2012.
tos e órgãos fiscalizadores precisam ficar atentos a tal situ- Ainda há um abismo de distância entre o ideal e o atual
ação, pois, o que vemos hoje em dia, diante da ocorrência nível de conhecimento técnico, habilidade e experiência de
de um acidente, é que o trabalhador está levando a culpa. trabalhadores, instrutores e gestores diante da complexi-
Ele tinha formação, exames, equipamentos e uniforme, mas dade das atividades em altura. Porém, não se pode culpar
infelizmente, não tinha supervisão ou planejamento. Devi- ou apontar a responsabilidade direta para alguém especi-
do sua formação precária, não conhecia de forma clara as ficamente falando, pois a responsabilidade com a vida é
atividades e nem sabia dos riscos. de todos nós. No entanto, parece que a união que dava vi-
Segundo estatísticas do MTE, a maioria dos acidentes de da à responsabilidade morreu, foi enterrada há anos e nin-
trabalho no Brasil estão relacionados à atividade em altura. guém notou sua ausência nas empresas, nos canteiros de

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Artigo

obras, cursos e treinamentos. Talvez tenham notado, mas objetivo: a vida.


preferiram ignorar, pois, de repente, não acrescentava mui- Quando se fala de atividades em alturas, tratamos de um
ta coisa. Se quisermos melhorar a situação na segurança de assunto abrangente, no entanto para podermos chegar a
nossos trabalhadores, independente da área, temos que fa- um ponto definitivo e trabalharmos sobre ele, começare-
zer nossa parte e somente através da união é que ressusci- mos falando da capacitação. É onde tudo começa. A segu-
taremos essa responsabilidade. Para isso foi criado a União rança se adquire, primeiramente, com os pés no chão e esse
Brasileira de Resgate e Acesso por Cordas (UBRAC), processo envolve treinamento adequado, uma vez que, ca-
uma organização que envolve profissionais com vasta ex- da área de atuação requer e exige um conhecimento espe-
periência e habilidade, vindos de diversos setores de atua- cifico. Ou seja, não podemos aplicar a um trabalhador que
ção no Brasil e no mundo. São de áreas como: arborismo, executa atividades com manutenção de postes de energia o
acesso por cordas em torres, resgate e salvamento mesmo treinamento oferecido àquele que executa manuten-
em áreas de difícil acesso. Entre os membros do gru- ção em silos ou máquinas em uma área industrial. São situa-
po estão bombeiros militares, técnicos e engenheiros ções distintas e complicadas, por isso o treinamento precisa
de Segurança, alpinistas industriais, empresários de ser adequado, específico e com instrutores habilitados e ex-
serviços em alturas e entidades formadoras de aces- perientes nesta área. Além disso, é importante escolher os
so por cordas, entre outros; todos unidos com um só equipamentos certos, de acordo, por exemplo, com a NR-

56 www.revistacipa.com.br
10 para atividades com manutenção de postes e energia e Amigos, nas atividades com trabalho em alturas há um
a NR-12 para atividades com máquinas e silos. grande número de mortes e acidentes que geram graves se-
Após o curso, é preciso avaliar se o conteúdo foi com- quelas. A desinformação e o improviso estão na raiz das fa-
preendido pelo alunos. Emitir um certificado a um traba- lhas que geram tantos acidentes nessa atividade. Por que
lhador que, mesmo tendo feito o curso, não esteja apto isso acontece? Os profissionais técnicos e engenheiros em
para executar tal atividade, invalida todo o processo de Segurança do Trabalho buscam, incansavelmente, respos-
formação. Então, o que pode acontecer se esse míni- tas para estes eventos adversos não previstos ou talvez que
mo não for garantido por meio de uma avaliação de não estão suficientemente claros nas normas regulamenta-
aprendizado? dores e NBRs, mas nunca conseguem sequer uma respos-
Quantas empresas ministram cursos de trabalho ta clara e objetiva que resolva suas dúvidas.
em alturas e quantas atendem ao treinamento, res- Atualmente, o número de instrutores comprovadamen-
peitando a especificidade de cada área de atuação? te proficientes é muito baixo, quase raríssimo, para atender
E quais avaliam os participantes ao final do curso? a alta demanda por capacitação para atividades em alturas
Não basta treinar, capacitar e depois lançar o funcionário e, por conta disso, quem acaba por suprir essa carência são
no ambiente de trabalho para sobreviver como quer ou co- pessoas com pouca qualificação, talvez recém-formadas,
mo pode. É necessário envolvimento da empresa. Ela de- ou quem sabe aquelas que assistem a vídeos no YouTube e
ve designar um supervisor hábil, competente e que é ca- acham que já aprenderam tudo.
paz de identificar, mapear e controlar os riscos de quedas Muitos especialistas, inclusive os membros da UBRAC,
aos quais ele está exposto. analisaram atenciosamente as dificuldades de uma capacita-

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Artigo
ção adequada para quem trabalha em altura. Assim, a União
orienta as empresas a serem mais criteriosas na contratação
de treinamentos, bem como, instrutores e escolas de capa-
citação, além de melhorarem os requisitos mínimos de apli-
cação de treinamentos, levando em consideração as deter-
minações e exigências legais das normas regulamentadoras.
Segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social
foram registrados, em 2013, 2.979 óbitos causados por
atividades ocupacionais e, desse total, pelo menos 559 ou
20% certamente foram de trabalhadores que se
acidentaram enquanto realizam atividades em
altura. Esse número pode ser maior, pois além de existir
empresas e trabalhadores que certamente não registram os
acidentes, conta-se também que há setores econômicos em
que as ocorrências de quedas são mais significativas, como
exemplo o da construção civil.
Incidentes e acidentes precisam ser tratados com cuidado
e seriedade, além disso, é crucial cumprir as determinações
legais das leis trabalhistas que garantem os direitos do tra-
balhador em casos de acidentes . Ninguém trabalha para se
acidentar e essas ocorrências podem ser evitadas.
Um trabalho em altura compreende desde aquele re-
alizado a poucos metros da superfície, por exemplo, um
profissional que está em uma escada a dois metros do pi-
so, quanto aquele que é executado em pontos muito al-
tos, como em uma torre eólica de 130 metros de compri-
mento. O que não entendemos é porque para o segundo
tipo se dá mais atenção e para o primeiro infelizmente, ne-
nhuma, pois dizem ser um trabalho simples e que qualquer
pessoa pode fazer, dispensando uso de equipamentos de
proteção contra-quedas e desprezando as orientações re-
cebidas nos treinamentos. Esquecem que a complicação
e a sequela na saúde do trabalhador não está relacionada
diretamente à altura que ele cai, mas a forma como cai.
Portanto, qualquer altura, tirando os pés do chão, é de-
vida de cuidados especiais, pois nosso corpo é sensível e
vulnerável a quedas e impactos.■

Ivan Bongiovani Júnior Membro da UBRAC – União


Brasileira de Resgate e Acesso por Cordas; Membro da CPR-ES
(Comissão Permanente Regional do Espirito Santo – Indústria
da Construção Civil do Espirito Santo – NR-18); Técnico em Se-
gurança do Trabalho formado pelo Instituto Federal do Espírito
Santo – IFES; Instrutor de Cursos e Treinamentos das Normas
Regulamentadoras; Palestrante de diversos eventos e entidades
no Brasil. Diretor da PREVESEG-ES

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Publieditorial

PRÊMIO PARCERIA PELA VIDA


às redes elétricas, visto estarmos em uma
área de forte mecanização nas lavouras.
Somados a estes números estão os aci-
dentes relativos a pipas e cerol, desvios de
energia, entre outros.

Quais as soluções para minimizar ou eli-


minar os riscos de segurança identificados
anteriormente?
Para minimizar tais acidentes tra-
Fotos: Divulgação/Leal

balho basicamente com campanhas


de conscientização.
Desenvolvi maquetes e simuladores elé-
tricos que reproduzem os reais efeitos elé-
tricos das ocorrências.
Ao poder visualizar os efeitos e sua gra-
vidade, os participantes passam a ter uma
Confira os terceiros colocados nas cate- ves, criamos este programa (Manobra So- nova noção dos riscos.
gorias: case de sucesso sobre segurança do lidária), para coibir que o condutor aja Observamos que, junto a crianças e traba-
trabalho, case de sucesso sobre segurança sempre sozinho, enquanto conduz o carro lhadores da construção civil, tais efeitos vi-
da população e foto e frase. da empresa (quando normalmente, o caro- suais são fundamentais para criar uma cul-
na faz uso de uso de smartphones), o caro- tura de segurança.
Foto e Frase – 2º lugar: Leandro na tenha uma participação proativa. Este é um trabalho que ocorre de forma
Pires da Paz (Floripark) E fazendo isso dentro da Base, reforçan- sistemática a mais de duas décadas e que
FRASE: O amanhã é a recompensa do esta conscientização, isso se refletirá em conta com milhares de participantes aten-
do trabalho seguro de hoje! campo. didos, seja em escolas, eventos em praças
públicas, canteiros de obras, área rurais, en-
Caso de sucesso sobre segurança Caso de sucesso sobre seguran- tre outros.
do trabalho – 3º lugar: Newton ça da população – 3º lugar: Israel Como citado, criar uma mentalidade da Cul-
Rodrigues Paderni (Medral) Adriano Pinto (Cemig) tura de Segurança” é nossa grande meta.■

Quais os riscos de segurança envolvidos no Quais os riscos de segurança envolvidos no


seu projeto? seu projeto?
Estávamos contabilizando vários pe- Os riscos de segurança envolvidos em
quenos acidentes de trânsito, inclusi- meu projeto são referentes basicamente
ve, dentro da própria base operacional, aos ligados à população.
durante as manobras. Temos ocorrências diárias no estado com
níveis de gravidade diversos, inclusive fatais.
Quais as soluções para minimizar ou eli- Observamos uma grande incidência de
minar os riscos de segurança identificados acidentes na construção civil com nível de
anteriormente? fatalidade em torno de 20 casos anuais.
Para buscarmos a eliminação destes even- Também nos preocupa os acidentes com
tos e antes que eles se tornassem mais gra- manuseio de máquinas agrícolas próximo
Riscos ocupacionais por Lana de Paula

ERGUENDO
SEGURANÇA
U
Treinamento, integração, EPIs m dos setores que apre-
sentam relação bem
e atenção dos trabalhadores complexa com as ame-
aças diárias é o da cons-
podem colaborar para trução civil, pois exige
diminuição de acidentes na dos funcionários a execução de tare-
Fotos: Shutterstock

fas bem diversas e pesadas. Na Relação


área de construção civil de Atividades Preponderantes e Corres-

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março_2018
61
Riscos ocupacionais

Sérgio Paiva, zante e não ionizante; biológicos, pelo trata da NR18. O comitê, como informa
engenheiro civil
e de segurança
aglomerado de pessoas, banheiros em o engenheiro, quer chamar a atenção
do trabalho número reduzido, higiene precária. “Es- para a importância desses tipos de peri-
ses perigos, na maioria das vezes, são gos e vem recomendando com mais in-
pondentes Graus agravados pelos fatores ergonômicos, tensidade o uso de proteções coletivas.
de Risco do INSS, como trabalho em altura, espaço confi- “Não adianta reconhecer que o pro-
a construção civil nado, transporte manual de cargas, ex- blema existe, temos que ter medidas de
encontra-se em grau 3, ou seja, tem al- cesso de horas trabalhadas com pou- controle. A questão é que nesse setor a
ta incidência e frequência de acidentes. cos períodos de descanso. Na maioria velocidade ainda é lenta no tocante ao
Os dados que apontam o funciona- dos casos, a alimentação possui baixo cumprimento do que estabelecem as
mento do processo produtivo, o con- poder nutritivo e há baixa hidratação normas de segurança do trabalho. E as
trole de absenteísmo por doenças, o e exposição ao sol em muitas fases da medidas de controle estão todas nes-
número de trabalhadores que estão ati- construção. Para completar, alguns tra- sas normas, mais especificamente na
vos, os acidentes e tipos de lesões de- balhadores moram em alojamentos que NR18 que trata da segurança na cons-
correntes não retratam a situação real, oferecem pouco conforto, prejudican- trução civil. No entanto, infelizmente,
segundo Nadja de Sousa Ferreira, do do a qualidade do sono reparador ne- há empresas que ainda não estão foca-
Conselho Deliberativo da ANAMT e Pre- cessário”, avalia a especialista. das no cuidado com a implementação
sidente da ABMT (federada da ANAMT Na opinião do engenheiro civil e de total dessas regras. Se a situação fos-
no Rio de Janeiro). segurança do trabalho Sérgio Paiva, se diferente, chegaríamos a índices de
Nadja explica que por ser dinâmica, o trabalho na construção civil evoluiu acidentes bem mais baixos”, comenta.
a construção civil possui todos os tipos muito nos últimos 30 anos. Ele desta-
de riscos. São riscos químicos, como fu- ca três grandes riscos ocupacionais, por Importância da prevenção
mos metálicos, soldas, cimentos e tintas serem os que causam mortes ou invali- Para diminuir os acidentes, a prote-
diversas, amianto (mesmo banido legal- dez permanente: queda em altura, cho- ção coletiva é bastante importante, na
mente), solventes e outros; físicos, co- que elétrico e soterramento. Segundo visão do engenheiro Paiva, pois o pro-
mo calor natural e de fontes artificiais, ele, esses são os acidentes que mais blema deve ser resolvido na causa. “As
vibrações, ruído intermitente de alta acontecem nessa área e foco do Co- proteções de periferia e de fachada de-
intensidade e contínuo, radiação ioni- mitê Permanente Nacional (CPN), que vem ser utilizadas, pois normalmente os

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objetos caem por ali. Isso é muito co- bilidades biológicas mínimas necessá- Nadja de
Sousa Ferreira,
mum em qualquer época da obra. No rias para a realização das tarefas dentro presidente da
campo da eletricidade, há muita insta- de cada função, programar e implan- ABMT
lação provisória, mas que deve ser feita tar as ações de prevenção de acidentes
de maneira correta para que qualquer por erros humanos, fazer controle de ra manutenção da
pessoa ao ter acesso não corra risco de doenças crônicas não ocupacionais pa- funcionalidade do
choque ou acidente. No caso de soter- trabalhador, aten-
ramento, as escavações acima de de- der as emergências estabilizando o tra-
terminada profundidade estabelecida PARA DIMINUIR E balhador para que possa ter continuida-
em norma devem ser protegidas contra MONITORAR RISCOS de de sua assistência médica, participar
desmoronamento. Mortes estão ocor- da CIPA e SIPAT. Além disso, pode im-
OCUPACIONAIS NA
rendo por conta da falta desses cuida- plantar programas de vacinação, redu-
dos”, alerta o especialista.
CONSTRUÇÃO CIVIL ção do tabagismo, obesidade, hiperten-
Em relação à proteção individual, os ➢ Para diminuir os riscos são e diabetes. “O médico do trabalho
EPIs mais utilizados nessa área são ca- ocupacionais o caminho é deve participar de todas as orientações
pacetes, botas e luvas. Algumas ativida- obedecer, de forma consciente, para a execução das tarefas com segu-
des exigem óculos de segurança tam- as NRs em todos os seus níveis de rança em relação às condições clínicas
ações, realizar a fiscalização dos
bém. No entanto, o engenheiro lembra do trabalhador”, ressalta.
processos produtivos e educar os
que esses equipamentos são importan- trabalhadores; Se de um lado é importante que as
tes, mas não evitam o acidente em si. ➢ Monitorar riscos em uma área empresas tenham muita atenção à im-

Fonte: Nadja de Sousa Ferreira – ANAMT/ABNT


Eles apenas protegem o trabalhador de- com tantas variáveis não é tarefa plementação das normas, de outro os
pois que o acidente aconteceu. das mais fáceis. É preciso realizar empregados, ao terem as proteções
Vale ressaltar que a atuação o médi- medições ambientais com seriedade coletivas ou individuais, sejam treina-
e técnica e trabalhar de forma
co do trabalho na construção civil tem compartilhada com a medicina do
dos e tenham atitude de acordo com
grande importância preventiva. De trabalho e educação do trabalhador as normas. “A segurança não é proble-
acordo com Nadja de Sousa Ferreira, do para aplicar na prática todas as ma só do empregador, mas também
Conselho Deliberativo da ANAMT e Pre- instruções descritas nas normas do empregado que é quem vai sofrer
sidente da ABMT, esse profissional tem especificas da construção civil. as consequências. Ele deve usar rigo-
múltiplas funções, como levantar as ha- rosamente os EPIs, respeitar as normas

março_2018
63
Riscos ocupacionais

de segurança e sinalização, fazer su-


as tarefas de maneira bem organiza-
da, de acordo com o treinamento e a
recomendação das empresas. Chamo
a atenção para a importância do trei-
namento, que está previsto em norma,
para que os trabalhadores possam sa-
ber de fato como agir no dia a dia dos
ambientes de trabalho”, alerta Paiva.

Participação do trabalhador
O engajamento dos trabalhadores
neste setor é muito baixo, na avaliação
de Nadja. Ela informa que, em pesqui-
sa da SintraconSP (2017), com amostra
de 659 trabalhadores da construção no
estado de São Paulo, o estudo concluiu
que a falta de atenção é a maior causa
de acidentes na construção civil, com
surpreendentes 73,39%. “Os EPIs são
distribuídos gratuitamente na grande
maioria das obras, mas, mesmo assim,
muitos trabalhadores optam por não
utilizá-los, seja por desconforto, maus
hábitos ou falta de consciência sobre a
importância. E, de acordo com a Con-
solidação das Leis do Trabalho, o tra-
balhador pode ser desligado por justa
causa se não estiver usando os EPIs no
intuito de reduzir os riscos de acidentes
de trabalho na construção civil”, alerta.
Além do uso de EPIs, o treinamento
dado ao trabalhador é essencial na hora
da admissão. Segundo Paiva, os empre-
gados passam por uma série de exames
de saúde e tem que fazer também cur-
sos de seis horas em segurança e saúde têm a velha prática de aprender fazen- mento às normas no ambiente de tra-
do trabalho com um profissional dessa do, olhando o outro. Por isso o trei- balho. É lógico que isso acontece muito
área. Caso a empresa não tenha, deve namento admissional, como está pre- mais nas grandes empresas. Nas meno-
ser feito fora. Na sequência vem a in- visto em norma, é imprescindível para res, as coisas ainda são um pouco mais
tegração ao ambiente de trabalho, fei- que conheçam as regras de seguran- frouxas”, revela.
ta normalmente, por um profissional de ça e fiquem sempre atentos. Os diá-
segurança do trabalho ou da área ad- logos diários também são importantes Ergonomia – um capítulo importante
ministrativa. “Muitas vezes, o operário para criar o hábito de proteção. “Hoje Segundo Symone Miguez, fisiotera-
vem de outro setor e não conhece co- eu diria que os operários têm mais co- peuta e diretora da Ergosys Consulto-
mo as coisas funcionam dentro de uma nhecimento das coisas do que tinham ria em Ergonomia, atualmente ações
obra, a organização dos canteiros. Por antigamente, por conta desses treina- ergonômicas estão ganhando espaço
isso, a integração é importante”, diz ele. mentos. Em geral, eles entendem a im- nas empresas. Na visão da especialista,
O engenheiro também explica que portância da segurança porque acaba os riscos ergonômicos não estão limi-
na construção civil os trabalhadores sendo criada uma tendência de cumpri- tados aos problemas musculoesquelé-

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Symone
Miguez, diretora
da Ergosys
Consultoria em
Ergonomia

engenharia e se-
gurança do trabalho, soluções ergo-
nômicas que levarão em conta a saú-
de do trabalhador e o bom andamento
da obra. Outro procedimento é esta-
belecer recomendações ergonômicas
que possam ser aplicadas em qualquer
tipo de obra. Isso significa que o ergo-
nomista deverá estudar e validar para
a empresa os modelos de equipamen-
tos e ferramentas mais usados, bem co-
mo soluções aplicáveis, o que facilitará
a programação da obra de forma a já
conceber ambientes de trabalho mais
adequados ao trabalhador.
Treinar os trabalhadores no admissio-
nal da empresa para que entendam co-
mo a adoção dos conceitos ergonômi-
cos podem ajudar nas atividades diárias
no trabalho também é importante, de
acordo com Symone. “Falar sobre o ris-
co ergonômico contribui para a cons-
cientização do funcionário em relação
às diversas posturas que tem de reali-
zar para a execução de sua atividade e
proporcionar a mudança de compor-
tamento, dando o primeiro passo pa-
ra disseminar uma cultura ergonômica
na empresa”, garante.
Os resultados são positivos, de acor-
ticos, que acarretam desconfortos nos ça do layout de trabalho não há como do com a especialista em ergonomia. O
membros superiores e coluna lombar prever com antecedência situações co- empregador ganhará em produtividade
quando as condições de trabalho não mo o perfil antropométrico (estaturas e retenção de talentos na empresa e o
são adequadas. Esses perigos abran- diversas) de quem estará trabalhando empregado em qualidade de vida. “A
gem também a ergonomia cognitiva, na obra. participação do ergonomista juntamen-
particularmente, devido às atividades Não existe uma receita a ser segui- te com a equipe multiprofissional da in-
como trabalhar em altura, terrenos ir- da para diminuir ameaças ergonômi- dústria da construção pode trazer no-
regulares e operações com guindastes cos na construção civil, no entanto, se- vos olhares para a prevenção dos riscos
ou outras máquinas pesadas. guir alguns procedimentos traz bons ergonômicos físicos, cognitivos e orga-
Na opinião da ergonomista, a tarefa resultados para alcançar esse objetivo: nizacionais, como a diminuição de pro-
de minimizar ou eliminar os riscos ergo- o primeiro é contar com um profissio- blemas osteomusculares, a utilização de
nômicos na construção civil é comple- nal qualificado que se familiarize com a melhores ferramentas de trabalho e ob-
xa e desafiadora, devido a rotatividade peculiaridade de cada canteiro de obra servação de pausas, entre outros”, afir-
de funcionários e a constante mudan- traçando, juntamente com a equipe de ma a Dra. Symone Miguez.■

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65
Artigo Estresse
por Cristina Ap Palludetti

FATORES
ESTRESSANTES
Consequências e soluções para
diminuir exaustão física e psíquica

O termo estresse foi usado, inicialmente, na física e tra-


duz o quanto um material suporta um esforço ou ten-
são. Em 1926, Hans Selye usou este termo
na área da saúde, indicando o esfor-
ço de adaptação dos organismos para
enfrentar situações consideradas ame-
açadoras a sua vida e equilíbrio interno.
Assim, podemos dizer que o estres-
se é resultado de um funcionamento
fisiológico natural do nos-
so organismo. Ele sur-
ge para responder aos
estímulos dos hormô-
nios que nosso corpo
produz (a adrenalina,
cortisol, glicocorticoi-
des e outros) frente a
questões de vida e a fa-
vor da nossa existência.
Uma pessoa pode produzir, dia-
riamente, secreção de hormônios
adrenérgicos sem que lhe causem
qualquer distúrbio, porém, somente se souber administrar
ck
sto
bem suas atividades, pensamentos e preocupações. Se es- hu t te r
o s: S
te cuidado não existir e se as situações estressantes forem Fot
constantes, ocorrerá uma produção contínua dessas subs-
tâncias, provocando a permanência delas no sangue, o que
leva o indivíduo ao limite.
O problema não ocorre de uma hora para outra, mas lidar com eles de uma forma automática para que consiga
sim em fases, e é necessário conhecê-las para garantir bem-estar. Esta é conhecida como Resistência. A situa-
um cuidado melhor de si. Ele se inicia com uma fase de ção exige respostas prolongadas ao estresse, exigindo um
Alerta, que é considerada positiva, pois a produção de desempenho mais duradouro, fazendo com que seja gasto
adrenalina nos dá energia, auxiliando na preservação da mais energia para manter o equilíbrio interno.
nossa existência. Depois de um tempo, o organismo pode apresentar que-
Se os fatores estressantes continuarem, a pessoa tenta da da imunidade e doenças, como gripe e resfriados. Se os

66 www.revistacipa.com.br
fatores estressantes forem contínuos e intensos, a imunida- ma de insegurança em geral, isso ocasionou um aumento de
de entra em colapso e os órgãos com maior vulnerabilida- estresse nas pessoas e trouxe consequências nas suas vidas.
de começam a adoecer. Neste momento, algumas pesso- Depois dos casos de suicídio que ocorreram na France
as começam a apresentar depressão ou nível de ansiedade Telecom (França), tornaram visíveis as consequências das
alto. Se não houver o alívio dos fatores estressantes, o pro- questões relacionadas com o estresse laboral. Entre 2006
blema atinge sua fase final, a exaustão, e é aí que doenças e 2009, 60 empregados se mataram depois do anúncio de
graves aparecem, como enfarte, úlceras, psoríases, agra- um plano de reestruturação da sociedade.
vando a ansiedade e a depressão. No início do ano de 2017, tivemos o registro de suicí-
Quando o principal e maior fator estressante da pessoa é dio de três padres no interior do Brasil e especialistas re-
o trabalho, o problema é classificado como Síndrome de lacionam os acontecimentos ao excesso de trabalho, falta
Burnout, definida por Freudenberger na década de 70 do de lazer e perda da motivação. Junto a estes fatores tem
século XX. Ele observou que seu trabalho, antes gratificante, a cobrança social.
tinha se tornado cansativo e frustrante, o que não ocorria só O suicídio é uma consequência extrema do estresse la-
com ele. Várias pessoas relatavam flutuações do humor, di- boral. Mas, além da perda de vidas, temos as consequên-
ficuldades cognitivas e no sono, acompanhados por queixas cias econômicas, já que tanto o cuidado desta doença co-
gastrointestinais e dor, sempre relacionados com a profis- mo os períodos de absenteísmo laboral são dispendiosos.
são. Deste modo, Freudenberger definiu a doença como um A realidade é que a rotina de nossas vidas está nos levan-
estado de exaustão física e psíquica causada pela profissão. do ao estresse. A revolução tecnológica livrou-nos de tare-
A pessoa perde a capacidade de adaptação provoca- fas cotidiana, liberando mais tempo para o trabalho. Este as-
da pela exposição demorada ao estresse profissional. Ob- sumiu um papel central nas nossas vidas, tanto no homem
serva-se que a síndrome atinge mais aqueles empregados como na mulher. Estamos deixando de lado o tempo de la-
que, inicialmente ,tem mais entusiasmo e aceitam os de- zer e ócio. O ser humano necessita também deste tempo.
safios. Sua evolução se dá de forma traiçoeira e silencio- Este fato geralmente é esquecido e a principal consequ-
sa. Inicialmente, o profissional dedica-se de forma inten- ência são as doenças mentais. A Organização Mundial da
sa ao seu trabalho. Depois de algum tempo, percebe que Saúde (OMS) prevê que, em 2020, a principal causa de in-
não está bem, suas competências cognitivas como memó- capacidade para o trabalho sejam as doenças psiquiátricas.
ria, atenção, concentração e criatividade diminuem e o ren- Como administrar o estresse se na vida profissional
dimento no trabalho também. Erros aparecem e inicia-se isto é quase normal? De início, precisamos cuidar de
um ciclo vicioso do qual é difícil escapar, pois a pessoa nossos recursos físicos, tendo uma alimentação saudá-
não enfrenta os problemas. vel, fazendo exercícios físicos e uma boa noite de sono.
Devido aos problemas, o funcionário começa a se isolar, Precisamos estabelecer um equilíbrio entre a vida profis-
se irritar com qualquer brincadeira e ir ao trabalho se torna sional e vida pessoal. Descobrir o que nos ajuda a relaxar,
insuportável. Alguns profissionais buscam ajuda no álcool, pois, cada um de nós possui mecanismos de liberação de
drogas ou psicofármacos, em uma tentativa de readapta- estresse diferentes. Enquanto uns relaxam treinando box,
ção forçada. Inicia alguns momentos de confusão mental, outros precisam praticar jardinagem.
esquecimento e impulsividade. E aquelas tarefas que lhe da- O mais importante é não esperar ser hospitalizado na UTI
vam entusiasmo tornam-se chatas, difíceis e desgastantes. ou perder o sentido na vida para fazer estas mudanças, pois
Como sua autoestima estava diretamente ligada ao traba- pode não dar tempo. Então, reflita e inicie suas mudanças.■
lho, o funcionário sente que sua vida perde sentido. A ide-
ação suicida pode aparecer e instalar-se. A pessoa entra em
um colapso físico e mental, precisando de ajuda médica e
psicológica com uma certa urgência, pois além do adoeci- Cristina Ap Palludetti psicóloga clínica em consultório parti-
mento físico, existe risco do suicídio. cular na cidade de Rio Claro (SP). Especialista em psicologia ana-
lítica, arteterapia, psicopedagogia e coaching. Possui formação
Observamos que, nas últimas décadas, ocorreram sucessi- em avaliação neuropsicológica em crianças e adolescentes e apri-
vas crises financeiras, déficits orçamentais aumentando o cli- moramento pela Unesp para atender pacientes com Alzheimer.

março_2018
67
Artigo
Fotos: Shutterstock
ABNT/CB-32

CINTOS E
TRAVA-QUEDAS
Após dois anos de revisão, normas para EPIs de
trabalho em altura serão enviadas para consulta pública

O s comitês de estudo que tratam dos equipamentos de


segurança para Trabalho em Altura, ou como defi-
ne o Ministério do Trabalho, proteção contra queda de
Esta revisão teve início em 2015, se encerrou em dezem-
bro de 2017 e será enviada para consulta pública nacional
ainda no primeiro trimestre deste ano.
diferença de nível, são: Para acompanhar e participar da consulta, busque no link
➢ CE-32:004.01 – Comissão de Estudos – Trava Queda abaixo os projetos de normas referentes aos equipamentos
➢ CE-32:004.03 – Comissão de Estudos - Cinturão de trabalho em altura e participe.
de Segurança Link: http://www.abntonline.com.br/consultanacional/#
As normas para a fabricação e testes de equipamentos
Esses dois grupos, que fazem parte do CB-32 da ABNT, individuais de proteção contra queda são:
revisaram, durante dois anos, o conjunto de normas publi- ➢ ABNT NBR 14626 – Trava Queda Guiado em
cadas em 2010. linha Flexível

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➢ ABNT NBR 14627 – Trava Queda Guiado em li- quer. A participação dos usuários desses EPIs, bem como a
nha Rígida análise feita por eles com base nos fundamentos das nor-
➢ ABNT NBR 14628 – Trava Queda Retrátil mas são fundamentais.
➢ ABNT NBR 14629 – Absorvedor de Energia A presença do usuário é importantíssima, assim como
➢ ABNT NBR 15834 – Talabartes de Segurança dos fornecedores de matéria-prima, laboratórios de testes
➢ ABNT NBR 15835 – Cinturão de segurança Tipo Ab- e OCPs. Todos os envolvidos no processo possuem um pa-
dominal e Talabarte de ABNT Posicionamento pel importante para o resultado positivo na aplicação das
➢ ABNT NBR 15836 – Cinturão de segurança tipo pa- normas.
raquedista As revisões feitas levarão a várias mudanças, seguindo-se
➢ ABNT NBR 15837 – Conectores tendências mundiais e adequando-se a realidade dos equi-
pamentos oferecidos no mercado, atendendo necessidades
As normas devem ser consideradas, em seu conteúdo, co- dos trabalhadores e fabricantes.
mo interligadas, pois o conjunto delas determina a qualida- As mudanças mais significativas que devem ser considera-
de do produto e seu nível de segurança. das pelos fabricantes, importadores e usuários são:
Aquelas normativas referentes aos absorvedores de ener- ➢ Talabartes de segurança contra queda deverão obri-
gia e de conectores, são consideradas como referência obri- gatoriamente ter absorvedor de energia
gatória, ou seja, um talabarte ou um trava-queda que possuí ➢ Cintos de segurança tipo paraquedista sem cintu-
absorvedor deverá atender também a ABNT NBR 14629. rão abdominal que possuam pontos laterais para po-
Além disso, o mesmo deve ser considerado para os conec- sicionamento, deverão ter estes pontos testados pe-
tores, presentes em todos os equipamentos. la norma de cinturão tipo abdominal (item específico
Outro exemplo são as normas de cinturões, as quais são e padrão de teste foi adicionado à norma)
complementares quando há presença de pontos de posicio- ➢ Extensores para cinturão tipo paraquedista de uso
namento na linha da cintura, com ou sem cinturão abdomi- exclusivo com trava-queda retrátil, deverá ser testa-
nal. Assim como estes exemplos, outras tantas relações apa- do acoplado ao cinturão tipo paraquedista, conside-
recem nesse conjunto, portanto, ao analisar uma, as demais rado com ponto de ancoragem dorsal
referências também devem ser consideradas. ➢ Cabos e cordas utilizados nos testes de trava-que-
Além dessa interligação, muitas normas são complemen- das guiados em linha flexível deverão ser especifica-
tares e citadas no capítulo inicial do projeto, com o título de dos pelos fabricantes e importadores e utilizados pe-
“Referências Normativas”, esses documentos relacio- los laboratórios de testes. Deverão ser especificados
nados são indispensáveis à aplicação da norma em análise. nos manuais de cada produto.
Devemos tratar cada equipamento como parte integran- ➢ Outras alterações em requisitos e métodos de tes-
te de um Sistema de Proteção Contra Queda. E es- tes foram feitas e devem ser consideradas.
se sistema, para estar adequado, requer que seus compo-
nentes estejam em conformidade a um conjunto de normas, Todas as mudanças foram feitas objetivando a melhoria
como as de Dispositivos de Ancoragens (ABNT NBR do desempenho do equipamento e, consequentemente, o
16325- 1 e ABNT NBR 16325 - 2) ou mesmo a de Re- aumento do nível de qualidade e segurança destes.
comendações e orientações para seleção, uso e manuten- O comitê conta com a contribuição de todos na consul-
ção de equipamentos para trabalho em altura (ABNT NBR ta nacional.■
16489:2017).
Outras normas complementares são as que se referem à
matéria-prima, por exemplo: cordas, cabos de aço, fibras
têxteis, materiais metálicos, testes de corrosão, assim
como as que se referem aos equipamentos de teste e
calibragem destes etc.
Artigo elaborado pela Comissão de Estudos de Trava-quedas e pela Comissão
Concluindo este tema, para análise das normas não dei- de Cinturão de Segurança do CB-32. Coordenadora Jussara Nery e secretário
xe de avaliar todos os demais requisitos que cada uma re- José Alexandre Marcondes.

março_2018
69
Coluna
Foto: Shutterstock
Meio ambiente e sustentabilidade
Telma Bartholomeu Silva
Advogada da área ambiental do Chiarottino e Nicoletti Advogados, consultora empresarial de
Compliance Ambiental e auditora ambiental internacional, escritora, professora e palestrante.

Reuso de água
Quais os benefícios
gerados pela N o mês que comemoramos o Dia Internacional da Água é sem-
pre bom colocarmos em pauta o assunto do reuso e seus be-
nefícios, tanto para a indústria, quanto para o meio ambiente.
reutilização dentro A reutilização desse importante líquido pode ser entendida co-
das empresas e mo um processo que a água passa para ser utilizada novamente.
indústrias? Podendo ocorrer ou não um tratamento, dependendo da finalida-
de para a qual será reutilizada.
Em relação ao meio ambiente, o reuso é uma medida não só
de caráter econômico, mas também legal e de gestão pública. Is-
to porque, cada vez mais, temos presenciado um aumento da po-
luição das fontes, situação aliada à escassez da água nos grandes
centros urbanos e aos altos custos para sua captação e tratamento.

72 www.revistacipa.com.br
Assim, a grande vantagem
da reutilização é auxiliar na
preservação da água potável
para os usos que exigem a
sua potabilidade, tais como:
abastecimento humano e,
por outro lado, contribuir
com a redução do volume
de esgoto que é descartado.
Aliado a tudo isto,
também temos a redução
de custos da cobrança pela
captação e descarte.
Desde a publicação da Lei
9.433/97 – a Lei da Politica
N a c i o na l d e Re cur s o s
Hídricos - ficou bem claro no
nosso sistema a determinação
do valor da água como bem
econômico, um recurso natural limitado e, portanto, tão importante bem como valorização de produtos e mar-
passível de cobrança. ca junto ao público consumidor.
A lei determina que o pagamento ocorrerá não só na cap- Na prática, é importante ressaltar que não só a indústria,
tação, mas também no descarte, sempre dependendo da mas também os segmentos comerciais e residenciais podem
quantidade de metros cúbicos utilizada ou descartada. Es- se beneficiar da água de reuso sendo que, atualmente, exis-
pecificamente, no caso do lançamento de esgotos e demais tem tecnologias diversas e com custos variados, conforme
resíduos líquidos ou gasosos, além do volume, também de- a complexidade do tratamento.
vem ser observadas as características físico-químicas, bio- Em geral, o que vemos é o reuso de efluentes industriais,
lógicas e do afluente para nortear a cobrança (art. 21 da o reuso de esgoto doméstico e o reuso de águas cinza (en-
Lei 9.433/97). tendida como qualquer efluente gerado por uma re-
Desta forma, juridicamente, o princípio do usuário sidência, excluindo o esgoto sanitário).
pagador está consolidado e a cobrança implementa-se A vantagem é que a água, quando reutilizada, poderá
por meio de preço público calculado por metros cúbicos, ser útil em sistemas de descargas em bacia sanitária, em
seguindo diretrizes da legislação e outros instrumentos torres de resfriamento, alimentação de caldeiras e para la-
normativos, tais como resoluções e portarias específicas. var áreas externas, enfim, várias possiblidades.
Em relação à indústria, o reuso da água, embora em O aproveitamento da água de chuva, tema já tratado
um primeiro momento exiga certo investimento, tem em outra oportunidade aqui na revista, também tem se
demonstrado, na prática, um bom retorno econômico. mostrado um eficaz mecanismo de economia deste recur-
A água usada no processo industrial pode ser tratada so natural e é importante uma análise de sua viabilidade
em estação de tratamento dentro da própria indústria e na atividade desenvolvida.
reutilizada no mesmo ciclo de produção. Aproveitando o mês e quem mais se fala de economia
Verifica-se a partir da substituição da água captada pela e preservação desse que é um dos elementos mais
de reuso uma redução significativa no consumo, que gera importantes para a garantia da vida humana, é fundamental
economia na conta, pois, além de redução de captação, entendermos definitivamente que o reuso da água não se
pode-se ter a diminuição do valor a ser pago pelo esgoto trata mais de uma opção ambientalmente correta, mas,
lançado, que geralmente é cobrado. sim, de um eficaz mecanismo de controle de perdas e
Além disto, ao optar pelo reuso da água, a indústria de- desperdícios do processo produtivo e, portanto, matéria
senvolve uma eficiente gestão desse insumo de produção de gestão empresarial. ■

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Coluna Vetor
Lucia Schuller
Bióloga e mestre em saúde pública

Pequenas contaminadoras
Foto: Shutterstock

Insetos são colaboradores na disseminação de doenças

R ecentemente vários veículos da imprensa estamparam artigos


cujo tópico era uma pesquisa realizada na Universidade Penn
State (EUA), publicada na Revista Scientific Reports, em Novem-
bro 2017, a qual dizia que as moscas representam um alto risco na
transmissão de uma série de doenças ao homem.
Isso não é nenhuma novidade para o mundo científico. Essa re-
lação entre moscas e bactérias é conhecida desde a década de
1940. A diferença maior nesse caso é que esse artigo usou téc-
nicas de identificação do DNA dos microrganismos presentes nas
moscas, o que certamente oferece uma carga de maior consistên-
cia ao assunto.
Há muitos anos já se conhece o papel das moscas como agentes
de distribuição de microrganismos patogênicos. Essa distribuição
acontece de diversas maneiras. Uma delas é o fato das moscas se-
rem insetos alados, ou seja, de movimentação muito ágil e rápida,
o que dificulta a sua captura ou eliminação.
Outra característica importante desses insetos é a sua alta produ-
ção de descendentes. Uma única mosca é capaz de produzir 900

74 www.revistacipa.com.br
ovos em uma vida de no máximo 30 dias. Esse é um nu- FIGURA 2
mero alarmante em termos de controle. Traduzindo em Imagem de ca-
miúdos, se há uma única mosca no ambiente, já fertiliza- beça de Mosca
doméstica com
da, e ela encontrar um ponto de matéria orgânica viável,
destaque pa-
ela vai depositar os seus ovos e que, dentro de sete a 10
ra o aparelho
dias, vão explodir em 900 moscas novas. Simples assim. bucal.
Para controlar esses insetos é necessário evitar a pro-
dução de matéria orgânica ambiental, pelo menos, o que
se traduz em um cuidado extremo com o armazenamen- pouso, as bac-
to do lixo orgânico. As moscas usam essa matéria orgâni- térias são libera-
ca em decomposição para colocar os seus ovos (ovipor). A das no substrato
literatura narra que, quanto mais decomposta e cheia de seja ele alimento
microrganismos for a matéria orgânica, melhor será para a ser servido ou
as larvas que vão eclodir nesse microambiente. Elas ficam apenas matéria
mais saudáveis e mais resistentes. orgânica em de-
Já sabemos então que as moscas buscam ambientes composição.
contaminados por bactérias para ovipor, alimentar suas Estes insetos
crias e produzir descendentes saudáveis. Agora, de que também pos-
forma elas conseguem transportar esses microrganismos suem um sistema
a fim de nos contaminar? Quando uma mosca pousa em de alimentação diferenciado. Sua digestão é externa, ou
um lote de matéria orgânica em decomposição ela adqui- seja, não acontece dentro do corpo. Quando ela encontra
re nas pernas, no corpo, nas asas e no aparelho bucal to- um alimento, costuma regurgitar em cima dele para co-
das essas bactérias. Ao voar em busca de outro alimento, meçar o processo de digestão e facilitar a ingestão e, por
a maionese servida no almoço de domingo, por exemplo, consequência, a absorção de nutrientes. Essa é mais uma
o inseto contaminado libera várias bactérias no contato das formas que favorece a dispersão das bactérias que nes-
direto com o alimento. se caso saem direto do aparelho digestivo das moscas pa-
ra o alimento preferencial. Elas podem, entretanto, nem
CONTAMINAÇÃO POR PARTES pousar no alimento, basta que voem por cima dele e libe-
Esses insetos possuem a capacidade de desafiar a lei rem uma quantidade de liquido digestivo, o que faz com
da gravidade, ficando de cabeça para baixo. Isso graças frequência e, pronto, o alimento já está com bactérias.
as estruturas que ela possui no último segmento das per- As moscas também liberam resíduos fecais em grande
nas, chamado pulvillus, que adere às superfícies, como se quantidade e o tempo todo e, naturalmente, esses resídu-
ela tivesse cola. Da mesma forma que ela adere à superfí- os estão sempre infestados por várias colônias de bactérias
cie, as bactérias que estão presentes no substrato aderem a depender do meio onde elas estão inseridas.
também. É uma troca. Assim, quando ela pousar em cima Em resumo, todo o cuidado é pouco na proteção dos ali-
de alimento sem proteção, ele será contaminado de ime- mentos, especialmente aqueles que serão de imediato in-
diato pelas bactérias transportadas no pulvillus. geridos. Com certeza, os alimentos mais sensíveis do pon-
Além disso, a perna da mosca tem uma série de pe- to de vista de contaminação, tais como aqueles com maior
los e as bactérias que estão no ambiente grudam neles. concentração de água, são os que devem ser mais prote-
Através do ato de lim- gidos. A presença de moscas no ambiente doméstico ou
peza constante que as em restaurantes é um sinal de que ações devem ser toma-
moscas fazem em re- das com urgência para localizar a fonte de infestação des-
sas moscas. Medidas preventivas são muito importantes
nesse caso, mais ainda do que os produtos químicos, pois
FIGURA 1 são mais duráveis. Mudanças ambientais devem ser esti-
Extremidade de muladas e orientadas por um profissional experiente para
perna de uma mosca que as causas sejam suprimidas e os riscos eliminados. ■

março_2018
75
Artigo
Fotos: Shutterstock
Neuroarquitetura
por Priscilla Bencke

AMBIENTE EM HARMONIA
Arquitetura, decoração e a forma como o ambiente de trabalho é
organizado são fatores que afetam comportamento do funcionário

D e acordo com uma pesquisa realizada pela Organiza-


ção Mundial da Saúde, o Brasil é o país com mais ca-
sos de depressão e ansiedade da América Latina. Os índices
Hoje em dia as empresas investem em qualificação pro-
fissional, preparação e organização do trabalho a ser exe-
cutado pelo colaborador, mas ainda um pequeno número
superam a média mundial. Nos casos de depressão, 5,8% se preocupa com o espaço físico onde essas pessoas desen-
da população nacional é atingida. Além disso, a ansiedade volvem suas aptidões. Na maior parte dos casos, esse espa-
afeta milhões de pessoas, 9,3%. O resultado da pesquisa é ço não reflete e não é coerente com o processo funcional.
assustador, pois mostra que é preciso cuidar melhor das pes- Dessa forma, não adianta capacitar uma pessoa para tra-
soas e oferecer melhores condições de vida, principalmen- balhar em um ambiente desestimulante, pois o profissional
te nos aspectos sociais e de relacionamento nos mais diver- não dará o melhor dele. O ambiente de trabalho está liga-
sos setores. Em decorrência do quadro político, econômico do ao desempenho profissional, pois cada elemento que o
e social do País, é uma consequência o resultado alarman- compõe desperta diferentes estímulos nas áreas do cére-
te da pesquisa, não fosse o fato de que as duas doenças bro, que colaboram ou não para que ele execute a ativida-
(depressão e ansiedade) as que mais influenciam a inca- de com excelência.
pacidade das pessoas e estarem ligadas diretamente com Alguns estudos mostram que a arquitetura, a decoração
o espaço corporativo. Isso mesmo que você acaba de ler: o e a forma como o ambiente de trabalho é organizado po-
ambiente de trabalho é um dos motivos pelos quais dem contribuir para diminuir essas incidências e podem me-
as pessoas mais desenvolvem doenças. lhorar na produtividade dos colaboradores. Não só eu, mas

76 www.revistacipa.com.br
também vários especialistas debatem como transformar am- deira, pedras e plantas. Além de ser econômico é bem fácil
bientes de trabalho em áreas saudáveis e menos estressantes de aplicar no ambiente.
para os funcionários. Através da neuroarquitetura é possível Os ruídos são os principais vilões de qualquer ambiente
promover mudanças no espaço físico para melhorar o clima de trabalho. É impossível se manter concentrado com o ba-
e a produtividade, uma ação muito estratégica que permite rulho do trânsito da rua, com o colega da mesa ao lado fa-
tornar os profissionais melhores nas suas ações, sempre re- lando no telefone ou com o ruído do ar condicionado que
lacionando o impacto desses ambientes na vida das pesso- já não funciona direito. Pesquisas mostram que diminuímos
as. Trata-se de um novo campo de estudos que busca enten- 40% da capacidade de produção com a presença de baru-
der como o cérebro reage a diferentes espaços construídos. lhos externos. Ou seja, os erros aumentam em quase 30%,
É onde entra a neurociência e a neuroplasticidade para devido às distrações em ambientes com a presença de ru-
enriquecer o ambiente e para deixar o cérebro das pessoas ídos. Muitos escritórios usam cores vibrantes para fugir da
mais práticos, influenciando diretamente no desempenho monotonia do branco e do cinza, mas, isso pode ser um er-
dos colaboradores. A neuroarquitetura, portanto, é uma fer- ro, pois cada cor atinge uma área do cérebro de forma di-
ramenta para adequar o ambiente. Assim, as pessoas pas- ferente a partir da nossa visão, gerando determinados com-
sam a produzir melhor e as empresas ganham profissionais portamentos em cada um.
mais motivados e dedicados nas suas respectivas áreas. Em Por isso, é muito importante ter um estudo na hora de es-
um momento do qual as empresas precisam reduzir custos, colher a melhor cor para o ambiente, observando, defor-
ganham aquelas que conseguem investir no espaço físico ma bem generalizada, suas categorias das cores quentes e
para que as pessoas atuem mais satisfeitas e com resulta- das cores frias. As frias dão sensações mais calmas e tran-
dos mais produtivos. quilizantes. Já as cores quentes passam sensação de calor,
Criar espaços inteligentes é o principal foco da neuroar- sendo ligado ao sol e as altas temperaturas, o que nos dei-
quitetura. Um escritório precisa levar em conta a ilumina- xam mais ativos. Dentro dessa variação, há muitas formas
ção, a acústica, a vegetação, as cores e os espaços intera- de se trabalhar o ambiente, pensando sempre em qual será
tivos que estimulem a troca entre os funcionários. Todas a melhor cor para cada área de atuação. Por exemplo: em
essas influências estão interligadas a uma questão de saú- se tratando do estresse, as cores quentes devem ser
de. Nós temos um relógio biológico dentro do nosso orga- evitadas, pois elas deixam o ambiente mais acelera-
nismo e precisamos perceber os períodos da manhã, tarde e do, causando as sensações de excitação e ansiedade.
noite, principalmente quando começa a anoitecer, pois pro- Investir em elementos naturais através da neuroarquitetura
duzimos mais hormônios relacionados ao sono. Estar só so- cria estímulos para que os funcionários produzam, até mes-
bre a iluminação artificial durante o dia faz as pessoas não mo, resultados financeiros para a empresa. Além disso, evi-
perceberem o horário passar, o que colabora para que au- ta o presenteísmo que é o nome dado ao fenômeno de se
mente a dificuldade na hora de descansar ou dormir, cau- estar de corpo presente no ambiente de trabalho, mas, por
sando insônia, que impacta diretamente na produtividade vários motivos o profissional não tem produtividade. Sendo
e na saúde das pessoas. assim, o indivíduo está fisicamente presente, mas a mente
De acordo com um estudo publicado na revista cientifi- não está. A principal ideia da arquitetura moderna é fazer
ca Journal Clinical Sleep Medicine, funcionários que desfru- hoje ambientes corporativos que propiciem a sensação de
tam de luz natural têm mais chances de se manter saudáveis bem estar aos colaboradores e, por consequência, aumen-
e de bom humor. As janelas com vista para a “natureza” tem a qualidade de vida nos diferentes espaços físicos pla-
ajudam a diminuir a frequência cardíaca e reduzem o nível nejados através da neuroarquitetura evitando doenças co-
estresse. A necessidade de qualquer ser humano é a cone- mo a depressão ou a ansiedade. ■
xão com a natureza. Por isso, é uma ação da neuroarqui-
tetura distribuir folhagens e plantas próximas aos locais de
trabalho o que aumenta em 6% a produtividade e estimu-
la em 15% a sensação de bem estar e criatividade do pro- Priscilla Bencke é especialista em projetos para Ambientes de
fissional nestes ambientes. A vegetação também pode ser Trabalho, consultora internacional de Qualidade em Escritórios,
graduada em Arquitetura e Urbanismo pela UFRGS e pós-gra-
criada virtualmente através de imagens, quadros, telas com duada em Arquitetura de Interiores pela UniRitter Laureate
projeções de imagens ou revestimentos que simulam ma- International Universities.

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Comenda em SST

EXPOSIÇÃO CONSTANTE
AO BENZENO É PERIGOSA
Agente encontrado na gasolina pode causar sérios problemas à saúde

O
benzeno é uma substância química reconheci- co de medição de estoque e proibição do enchimento de
damente cancerígena para a qual não há limite tanques veiculares após o desarme do sistema automático,
seguro de exposição. Segundo a resolução nº entre outros pontos. Além disto, os PRCs devem manter si-
40, de 2013 da Agência Nacional do Petróleo nalização, em local visível, na altura das bombas de abas-
(ANP), a gasolina premium ou comum pode conter no má- tecimento de combustíveis, indicando sobre os riscos des-
ximo 1% em volume de benzeno. sa substância.
Desde o início das discussões que resulta- Como controle coletivo para prevenir ou
ram na portaria SSST nº 14 de 20/12/1995, pelo menos minimizar a exposição duran-
que incluiu na NR-15 (Atividades e Opera- te o abastecimento, a determinação é que
ções Insalubres), Anexo 13-A sobre o Ben- que os postos devem instalar sistema de re-
zeno, já havia preocupação quanto à expo- cuperação de vapores. “Considera-se como
sição a esse agente em postos de revenda sistema de recuperação de vapores o proce-
de combustíveis. dimentos de captação de vapores, instala-
Apenas em 2011 foi criada a subcomissão do nos bicos de abastecimento das bombas
benzeno na gasolina em postos de combus- de combustíveis líquidos contendo benze-
tível, no âmbito da Comissão Nacional Per- no, que direcione esses vapores para o tan-
manente do Benzeno. Após o trabalho dessa que de combustível do próprio PRC ou pa-
subcomissão tripartite, foi publicada a Por- ra um equipamento de tratamento”. Foram
taria N.º 1.109, de 20 de setembro de 2016, estabelecidos prazos diferentes para a ins-
que aprova o Anexo 2 - Exposição Ocupa- talação destes equipamentos em função do
cional em Postos Revendedores de Combus- ano de fabricação da bomba de combustível.
tíveis - PRC - da NR-9. Este anexo “estabe- A exceção para o uso de equipamento de
lece os requisitos mínimos de segurança e proteção respiratória no abastecimento vem
saúde no trabalho para as atividades com exposição ocu- causando algum questionamento. Esta é uma atividade que
pacional ao benzeno em Postos Revendedores de Combus- pode ocasionar significativa exposição dos frentistas aos va-
tíveis (PRC) contendo essa substância”. pores tóxicos. O anexo 2 da NR-9 preconiza o uso equipa-
São estabelecidos vários requisitos, como: os PRCs devem mento de proteção respiratória apenas nas atividades que
possuir procedimentos operacionais mantidos por escrito, são realizadas de forma mais esporádica e para as quais ain-
no local de trabalho, à disposição da fiscalização e para con- da não se tem acordo sobre possíveis controles coletivos ou
sulta dos trabalhadores; necessidade de sistema eletrôni- de procedimento.■

Arline Sydneia Abel Arcuri é pesquisadora da Fundacentro na coordenação de higiene do trabalho, serviços de agentes químicos. Doutora em Ciências, Área de concen-
tração: Fisico-Química pelo Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP).

Oferecimento: Animaseg

80 www.revistacipa.com.br
Artigo
Fotos: Shutterstock
Construção civil
por Gisele Paula Giongo

APLICAÇÃO CORRETA
DA NORMA
Estudo aponta quais
padrões devem ser A área de construção civil é um dos setores que mais cres-
ce mundialmente e que mais expõe os trabalhadores às
piores condições de segurança, sendo responsável por uma
seguidos para manter grande parcela dos acidentes de trabalho que ocorrem no
a segurança de Brasil. Segundo pesquisas da Organização Internacional do
acordo com NR-18 Trabalho (OIT), mais 700 mil casos acontecem anualmente,
colocando o País em quarto do mundo no ranking de paí-
ses que registram acidentes de trabalho.
De acordo com os dados do Anuário Estatístico de Aci-
dentes de Trabalho (AEAT) de 2015, o setor da construção
civil registrou, em 2013, um total de 62.408 acidentes –

82 www.revistacipa.com.br
formulação, em 1995, sofreu uma notável evolução, des-
tacando-se principalmente a sua elaboração no formato
tripartite, composta por três grupos distintos - represen-
tantes dos empregados, dos empregadores e
do governo.

Análise de caso
A proposta deste artigo é elaborar um checklist, a fim de
apontar os itens que atendem à NR-18 e as principais falhas
no cumprimento da mesma, sugerindo providências às incor-
formidades encontradas no canteiro de obras. Como refe-
rência, para chegar as conclusões abaixo, foi feito um estu-
do de caso na cidade de Encantado, no Rio Grande do Sul,
em um edifício dividido em dois blocos – A e B - que possui
área construída de 1.564,00 m², com nove pavimentos cada.
Para concretização deste trabalho foram realizadas inspe-
ções técnicas no canteiro de obras e foi avaliada a execução
das atividades. Para conferência do atendimento da NR-18,
durante as inspeções, aplicou-se um checklist contendo os
itens da referida norma. Adicionalmente foram realizadas
medições das dimensões das instalações e dos EPCs.

Resultados pós-análise
A obra encontrava-se em fase de estrutura portante, com
laje pré-fabricada, com paredes em alvenaria já erguidas, po-
rém sem revestimentos. Desta forma, as etapas que envol-
vem Demolição (NR-18.5), Escavações, Fundações e
Desmonte de Rochas (NR-18.6), Estruturas Metálicas
(NR 18.10), Operações de Soldagem e Corte a Quente
(NR-18.11), Andaimes e plataformas de trabalho (NR-
típicos, de trajeto e doenças do trabalho – sendo que des- 18.15), Telhados e coberturas (NR-18.18) e Armazena-
tes, 21,75% foram sem Comunicação de Acidente de Tra- gem e Estocagem de Materiais (NR-18.24).Além disto,
balho (CAT) registrada. Já em 2014, o número de acidentes os itens 18.20, que aborda locais confinados, 18.25 - Trans-
de trabalho caiu para 50.662 e 5,87% não foram registra- porte de Trabalhadores em Veículos Automotores e 18.19 -
dos. Em 2015 o número de acidentes reduziu para 41.012, Serviços em Flutuantes, não eram aplicáveis à obra avaliada.
sendo que 6,45% foram sem CAT. Os requisitos pertinentes à etapa da obra são apresenta-
Esses números têm relação com a diminuição da contra- dos no Apêndice 1. A seguir, os resultados da auditoria são
tação dos trabalhadores nos canteiros de obras, conforme apresentados por itens aplicáveis da NR 18:
dados do Cadastro Geral de Empregados e Desemprega-
dos (CAGED), divulgado pelo Ministério do Trabalho e Em- Comunicação Prévia (NR 18.2)
prego (MTE). No mercado brasileiro, o setor da construção A empresa foi notificada pelo Ministério do Trabalho por
civil teve um decréscimo de 886.328 postos de trabalho, não fazer a comunicação prévia antes do início das atividades.
de 2013 a 2017.
Os altos índices de acidentes de trabalho ocorridos no Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho
setor de construção civil alertam sobre o cumprimento das na Indústria da Construção (PCMAT) (NR 18.3)
normas de segurança como, por exemplo, da NR-18, es- A obra contém apenas oito funcionários da construtora,
pecífica para a indústria da construção, que desde sua re- deste modo o PCMAT não é aplicável ao tipo de obra em

março_2018
83
Artigo
estudo. A elaboração do PCMAT é obrigatória somente nos
estabelecimentos com 20 trabalhadores ou mais.

Áreas de Vivência (NR 18.4)


Conforme checklist apresentado no Apêndice 1, os can-
teiros de obras devem dispor de instalações sanitárias, ves-
tiários e local para refeições, sendo que as instalações sani-
tárias devem estar situadas em até 150 metros do posto de
trabalho. Neste caso, a obra analisada não atendia aos requi-
sitos da norma, pois possuía apenas um ponto de instalação
sanitária situado no térreo, resultando em um deslocamen-
to de até 200 metros. Com base na NR-18, o local deve ser
constituído de lavatório, vaso sanitário e mictório, na propor-
ção de um conjunto para cada grupo de 20 trabalhadores.
O canteiro de obras visitado não possui mictório e o chu-
veiro tampouco atende às exigências da norma, o local era
aberto, impossibilitando a privacidade dos trabalhadores.
A obra não continha alojamento, lavanderia, cozinha, área
de lazer e ambulatório, visto que nenhum trabalhador ne-
cessita de pernoite no local. Portanto, estes requisitos fo-
ram classificados como não aplicáveis à obra em questão.
Os vestiários atendem às exigências da NR-18, pois tinham
bancos, armários individuais dotados de fechadura ou dis-
positivo com cadeado. Além disto, o espaço estava em
perfeito estado de conservação, higiene e limpeza, dentre
outros requisitos.

Carpintaria (NR-18.7)
O canteiro de obras não possui um espaço destinado a
carpintaria, uma vez que as tábuas chegam plainadas e nas
dimensões necessárias. Alguns ajustes de tamanho são feitos manentes do edifício. A construção é sólida e dotada de
na obra com a utilização de motosserra. Verificou-se que os corrimão e rodapé. As escadas de mão encontravam-se em
profissionais que a manuseiam são habilitados e possuem os condições irregulares segundo os itens exigidos pela norma.
treinamentos necessários. Quanto ao atendimento do Ane- Sugere-se que estas devem ser fixadas no chão e os degraus
xo V da NR-12, constatou-se que a motosserra atende aos devem ter espaçamento de 0,25cm a 0,30cm. A constru-
requisitos, sendo dotada de freio manual, pino pega-cor- ção não possuía rampas.
rente, protetor de mão e trava de segurança do acelerador.
Medidas de Proteção contra Quedas de Altura (NR-18.13)
Armações de Aço (NR-18.8) Nesta etapa foram encontrados alguns itens que não aten-
A armação de aço é cortada, dobrada e montada nas dem à NR-18, tais como aberturas no piso sem o fechamen-
instalações do canteiro da obra em uma área com cobertu- to provisório adequado e resistente. As aberturas, quando
ra para proteção dos trabalhadores. O local atende parcial- utilizadas para o transporte vertical de materiais e equipa-
mente a norma, possui dois apoios com cavaletes, mas fal- mentos, devem ter proteção por guarda-corpo atendendo
ta a bancada resistente para o corte de vergalhões de aço. ao disposto no item 18.13.2.1.
Durante a inspeção, foi encontrada uma abertura na la-
Escadas, Rampas e Passarelas (NR-18.12) je para transporte vertical de materiais que não atende às
As escadas de acesso aos pavimentos são as escadas per- determinações da norma. Para adequação deste item, um

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guarda-corpo fixo deve ser instalado em seu entorno. Para entrada e saída de
materiais deve-se colocar um sistema de fechamento tipo cancela.
Os guarda-corpos que protegem todo o perímetro da edificação, bem co-
mo o vão da caixa de elevadores e demais aberturas atendiam, parcialmente,
à norma. Foram executados corretamente, possuíam travessas e fechamen-
to com tela - altura de 1,20m para o travessão superior, 0,70mm para o tra-
vessão intermediário e rodapé de 0,20mm, mas a empresa não possui pro-
jeto e nem responsável técnico do EPC.
Este item estabelece que, em todo o perímetro da construção de edifícios
com mais de quatro pavimentos, é obrigatória a instalação de uma platafor-
ma principal de proteção contra queda de trabalhadores e projeção de ma-
teriais a partir do início dos serviços necessários à concretagem da primei-
ra laje. No entanto, a plataforma de contenção na primeira laje não está em
conformidade com as dimensões mínimas da norma, que determina: 2,50m
de projeção horizontal da face externa da construção e um complemento de 0,80m
de extensão, com inclinação de 45 graus, a partir de sua extremidade e não contem-
pla todo perímetro da obra. As duas plataformas secundárias que estão presentes na

março_2018
85
Artigo
obra, não atendem a norma devido ao dimensionamento incorre- sempre em condições adequadas de utilização.
to. Elas deveriam ter, no mínimo, 1,40m de balanço e um comple-
mento de 0,80m de extensão, com inclinação de 45 graus, a par- Alvenaria, Acabamentos e Revestimentos (NR-18.17)
tir de sua extremidade. Durante as inspeções técnicas, as poucas paredes em al-
Além disso, o canteiro não atendia ao item 18.13.9 da venaria já estavam concluídas.
NR-18, uma vez que o empreendimento não possuía tela Acabamentos e revestimentos não se aplicam nessa eta-
de proteção no perímetro da construção. A aplicação cor- pa da construção.
reta dos elementos de proteção é exemplificada na figura.
Instalações elétricas (NR-18.21)
No canteiro de obras não foram encontradas inconformi-
dades nas instalações elétricas. A fiação, mesmo que provi-
sória, estava encanada com tubulação específica.

Máquinas, Equipamentos e Ferramentas (NR-18.22


Durante a inspeção técnica foi encontrada uma motosser-
ra que atende a NR-12. Todo o concreto utilizado na obra
é usinado, portanto não há betoneira no canteiro de obras.

Equipamentos de Proteção Individual (NR-18.23)


São fornecidos aos trabalhadores, gratuitamente, EPIs
adequados aos riscos e em perfeito estado de conserva-
ção e funcionamento, conforme as disposições contidas na
NR-6. Constatou-se que os trabalhadores que executavam
atividades a mais de 2,00m de altura, com risco de queda,
utilizavam cinto de segurança tipo paraquedista dotado de
dispositivo trava-quedas ligado a um cabo de segurança in-
dependente da estrutura do andaime, conforme estabele-
cido no item 18.23.1.

Proteção Contra Incêndio (NR-18.26)


Dimensionamento A construção continha o projeto de prevenção contra in-
correto de proteções coletivas cêndio. Entretanto, o item 18.26.1 da NR-18 obriga a
adoção de medidas que atendam, de forma eficaz, às ne-
Movimentação e Transporte (NR-18) cessidades de prevenção e combate a incêndio. Para aten-
A obra não dispunha de transporte de pessoas, somente dimento deste item da norma, recomenda-se que os extin-
transporte vertical de materiais, que é realizado por meio tores sejam instalados já na fase de construção por andar.
de um guincho de coluna e uma mini grua. O canteiro não
possuía elevador de cremalheira, torre de elevador e eleva- Sinalização de Segurança (NR-18.27)
dor de passageiro. No canteiro de obra foi encontrado um mural com infor-
mativos relativos ao uso obrigatório de EPIs, bem como
Cabos de Aço e Cabos de Fibra Sintética (NR 18.16) instruções adequadas de uso, mapa de riscos ambientais,
Verificou-se a existência de linha de vida no canteiro de identificação de substâncias capazes de prejudicar o traba-
obras. As linhas de vida não tinham projeto de dimensio- lhador, entre outros. O edifício não possui setas ou dizeres
namento, razão pela qual não foi possível confirmar se as indicando as saídas.
mesmas foram executadas de acordo com a legislação. Re-
comenda-se que o talabarte de fixação do cinto de segu- Tapumes e Galerias (NR-18.30)
rança seja inspecionado periodicamente, bem como estar O canteiro de obras atendia, parcialmente, ao item

86 www.revistacipa.com.br
18.30, contendo tapumes que evitam o acesso de pessoas a priorização do uso de EPIs frente ao emprego de EPCs.
estranhas à obra. Entretanto, verificou-se o incorreto dimen- Os trabalhadores da obra demonstraram interesse em
sionamento dos mesmos, uma vez que os tapumes apre- cumprir as normas de segurança, bem como manter o can-
sentam altura variável, entre 2,00m e 2,15m, enquanto teiro de obras organizado. Tal interesse foi ratificado pelo
a norma exige tapumes de, no mínimo, 2,20m de altura. fato de que todos os trabalhadores utilizavam corretamen-
Outra não conformidade observada na edificação diz res- te os EPIs, além de a empresa comprovar que os mesmos
peito à ausência de galerias sobre o passeio. Conforme o participaram de treinamentos de segurança adequados con-
item 18.30.3, é obrigatória a construção de galerias so- forme especificado na norma.
bre o passeio, com altura interna livre de no mínimo 3,00m Em contrapartida, apesar da presença de linha de vida e
nas construções com mais de dois pavimentos a partir do ní- de outros equipamentos de proteção coletiva, constatou-se
vel do meio-fio, executadas no alinhamento do logradouro. a ausência de EPCs essenciais, tais como bandejas e telas
de proteção, assim como a presença de aberturas no piso
Conclusão sem a devida proteção. A adequação destes itens deman-
Conforme as informações e os resultados expostos neste da certo investimento da empresa. Todavia, as adequações
artigo, concluiu-se que 62% dos itens aplicáveis neste es- sugeridas neste estudo, se corretamente executadas, redu-
tudo de caso estão em conformidade com a NR-18, fato zirão significativamente os riscos de acidentes associados à
que confirma que as empresas do ramo da construção civil queda de trabalhadores, bem como à queda de materiais.
ainda carecem do cumprimento da norma. Desta forma, é indispensável que as empresas do ramo da
Durante as inspeções técnicas foi possível perceber, atra- construção civil reconheçam que, apesar da complexidade
vés das informações e documentos fornecidos pela empre- da NR-18, ela se baseia principalmente na adoção de medi-
sa, que a construtora reconhece a importância da segurança das preventivas e na conscientização dos trabalhadores en-
do trabalho durante a execução da obra, porém, na práti- volvidos na obra, e que os custos empreendidos na adoção
ca, vários itens fundamentais para prevenção de acidentes dessas medidas resultarão na economia de recursos, consi-
de trabalho não foram atendidos ou são atendidos parcial- derando que acidentes serão evitados.■
mente, seja pelo desconhecimento da norma ou ainda pe-
los custos de implantação de todos os itens pertinentes.
Dentre os aspectos que exemplificam as inconformida-
des averiguadas in loco, e que são comumente verifica- Gisele Paula Giongo é pós-graduada em engenharia e segurança
das nos mais diversos ramos da construção civil, destaca-se do trabalho pela Universidade do Vale do Taquari.

março_2018
87
Artigo Tecnologia

INDÚSTRIA 4.0
Oportunidades para adquirir
conhecimentos e se adequar
às mudanças tecnológicas
Fotos: Shutterstock

O mundo digital está cada vez mais presente na vida das


empresas e das pessoas. Hoje, em maior ou menor
grau, a tecnologia impacta estilos de vida e o processo pro-
A conjugação de tecnologias conhecidas como: IoT (In-
ternet das Coisas); Big Data (manuseio e análise de
volumes crescentes de dados); Computação na Nu-
dutivo nas empresas, facilitando as atividades como um todo. vem, Machine learning (máquinas que se atualizam
Essa transformação digital apoiada na internet propiciou a partir de dados sem a intervenção humana contí-
uma grande plataforma de intercâmbio de informações que, nua) e manufatura aditiva (produtos impressos por
aliada à abrangente conectividade dos sistemas e dispositi- tecnologia 3D), bem como um profundo processo
vos, a custos cada vez menores, será responsável por fortes de integração dos sistemas, darão origem a novos
transformações econômicas e sociais, que já se insinuam no modelos de negócios.
presente e se acentuarão nos próximos anos. Esse processo de evolução é identificado mundo afora

88 www.revistacipa.com.br
cação entre seres humanos e as fábricas inteligentes;
➢ VIRTUALIZAÇÃO: gerar uma cópia virtual das fábri-
cas inteligentes e, através dos sensores de dados que
monitoram os processos físicos, gerenciá-las e operar
modelos de simulação, possibilitando avaliar ou tes-
tar mudanças de processo a custos viáveis e antes da
implementação na linha de produção real;
➢ DESCENTRALIZAÇÃO: habilidade dos siste-
mas ciberfísicos tomar suas próprias decisões e
produzir localmente;
➢ CAPACIDADE EM TEMPO REAL: capacidade de
coletar e analisar os dados de forma extremamente
rápida e a baixo custo, gerando conhecimento deri-
vado dessas análises imediatamente;
➢ ORIENTAÇÃO A SERVIÇOS: Service Oriented Ar-
chitecture (SOA) em inglês é um modelo de arquite-
tura de softwares e também de estrutura corporati-
va ou negócios, no qual as funcionalidades devem
ser disponibilizadas na forma de serviços interope-
ráveis com outras funcionalidades e sistemas, base-
ado no conceito de computação distribuída; constitui
requisito fundamental para a integração de sistemas
na indústria;
➢ MODULARIDADE: capacidade de adaptação
flexível das Fábricas Inteligentes para requisitos
mutáveis, através da reposição ou expansão de
módulos individuais.

Os aspectos inovadores mais relevantes da indústria 4.0


são o atingimento de melhores resultados quantitativos, re-
presentados pela diminuição de erros e aumento na pro-
dutividade, assim como os qualitativos, relacionados a atri-
butos de produto e processo, com resultados que muitas
vezes superam as capacidades humanas.
Os impactos se estendem a todos os aspectos da cadeia,
inclusive os ligados ao fluxo dos produtos, informação e va-
lor, do ponto de origem ao consumidor final, e vice-versa.
como uma “quarta revolução industrial”, ou, de forma Assim, também já se fala de Supply Chain 4.0 e Procu-
mais específica “Indústria 4.0”. A ideia principal é a im- rement 4.0, por conta das oportunidades de aplicações
plementação de “fábricas inteligentes” que aliam siste- tecnológicas no estabelecimento de processos colabora-
mas virtuais e físicos, combinados a redes e plataformas di- tivos e mais efetivos entre os diversos agentes fornecedo-
gitais com viabilidade de abrangência global, dando origem res e clientes, de forma ágil, flexível e responsiva. “Ou seja,
a cadeias de valor revolucionárias. a aplicação de tecnologia resultando num produto certo,
Para ser considerada inteligente, uma fábrica deve apre- na qualidade adequada, com agilidade na entrega, ao me-
sentar as seguintes características: lhor custo e ainda assegurando o consumo racional e sus-
➢ INTEROPERABILIDADE: a capacidade de siste- tentável de recursos”.
mas ciber-físicos promoverem a conexão e comuni- Em última instância, caminhamos através de um proces-

março_2018
89
Artigo
Desafios do Brasil na indústria 4.0 Mas como é comum em
1. Infraestrutura tecnológica deficiente 6. Aderência a padrões trabalhistas globais processos de transforma-
referente à conectividade – banda larga (qualificação, remuneração e regulatório) ção, precisamos nos ade-
2. Falta de estrutura logística de 7. Má distribuição de renda prejudica o quar a essas mudanças.
transportes, geração e transmissão de energia desenvolvimento do mercado consumidor potencial Um ponto interessante pa-
3. Falta de modelos adequados e atrativos para ra ser avaliado é o impacto
financiamentos de novos projetos, principalmente, 8. Risco político impede a percepção
com investimentos em tecnologia envolvendo de bom ambiente para negócios
que ocorrerá na distribui-
equipamentos importados ção do trabalho na socie-
9. Desregulamentação e abertura econômica, dade. Estudos já indicam
4. Maior segurança jurídica para fazendo que as empresas em desvantagem que o processo de trans-
assegurar atratividade ao investimento competitiva com empresas de outros países
direto com capital nacional e internacional tenham melhor visibilidade da necessidade
formação digital, ao longo
dessa atualização tecnológica dos próximos 20, 30 anos,
5. Altos custos de implantação de projetos tem o potencial de elimi-
(serviços, juros, impostos sobre materiais e equipa- nar 40 a 50% dos empre-
mentos importados e burocracia para licenciamento)
gos em formato atual. Por
outro lado, empregos de
so inexorável de transformação da economia como um to- natureza totalmente inovadora e mais qualificados serão
do, que alguns já começam a denominar de maneira mais criados, possivelmente em quantidade menor do que os
abrangente como Economia 4.0. E uma das característi- que irão desaparecer.
cas marcantes desse novo modelo econômico é que o po- Para ocupar os novos espaços demandados na cadeia de
tencial de ganhos não se restringe a um dígito, pelo con- valor, os profissionais deverão estar plenamente capacita-
trário, presenciamos o nascimento de um novo paradigma dos a entregar contribuições estratégicas e bem delinea-
de ganho exponencial. das. Eles devem ter capacitação para lidar com as tecnolo-
Por trás dessas mudanças existe ainda uma grande ideia, gias envolvidas e seus instrumentos, além de habilidades
ou seja, o ato de compartilhar significativa parte das infor- imprescindíveis como: trabalhar em equipes multidisci-
mações e do conhecimento, gerando oportunidades de ne- plinares; ser pessoas empreendedoras em seu grupo;
gócios. O grande desafio, para cada empresa, na economia saber desapegar de ideias e ciclos que se esgotaram;
de compartilhamento é a identificação dos nichos de van- saber lidar com ambiguidades; ter capacidade de sín-
tagem competitiva que assegurem diferenciação. tese; dominar a comunicação e a linguagem; estabe-
lecer relações quantitativas, ter poder de negociação,
além de ser resilientes, intuitivos, curiosos, íntegros
e ter propósitos claros e adequados.
Então eis uma série de perguntas: Será que sua em-
presa está pronta para tantos avanços? Sua empresa
já começou a identificar e desenvolver profissionais
com as características descritas acima?
Sua empresa tem uma visão estratégi-
ca sobre os rumos para inovação em
seu parque produtivo e processos,
tirando proveito dessas novas tec-
nologias disponíveis? ■

Artigo escrito pelos sócios da Innovativa Executivos


Associados, Fernando Grobman e Renato Cajado.

90 www.revistacipa.com.br
Publieditorial

Cursos
para atualização Agenda de Março e Abril
profissional e Respectivos Instrutores
em
SST
14 a 16 de março (quarta-feira a sexta-feira) 20 a 22 de março (terça-feira a quinta-feira) 23 de março (sexta-feira) - Porto Alegre/RS
- Porto Alegre/RS - Porto Alegre/RS Licenciamento Ambiental e Cadastro
NR 12 Formação de Multiplicadores– Perícias Técnicas e Prova Pericial Técnico Federal – CTF do Ibama
Aspectos Legais, Aplicação, Gestão de Insalubridade e Periculosidade Objetivo:
para Implantação e Manutenção Objetivo: Fornecer conhecimento sobre os procedi-
Justificativa: Qualificar os participantes frente a deter- mentos para a elaboração do processo de
A NR 12, publicada pela Portaria 197 e vi- minação judicial para realização de Perícia Licenciamento Ambiental em conformi-
gente desde 17 de dezembro 2010, amplia Judicial e Assistência Técnica em Perícia dade com a Legislação e normas ambien-
a descrição e o detalhamento dos itens, Trabalhista visando a constatação ou não tais da FEPAM, através do conhecimento
metodologias, procedimentos, capacita- de atividades e operações insalubres e de aspectos técnicos, legais e institucionais.
ção e dispositivos e sistemas de proteção perigosas, para fins constituir prova pericial Fornecer conhecimento para realizar o
que devem ser aplicados para a segurança nas ações trabalhistas que tem como um Cadastro Técnico Federal – CTF IBAMA e
no trabalho com máquinas e equipamen- dos objetos da ação adicionais de insalub- preenchimento do relatório anual, em at-
tos. ridade e periculosidade, frente os artigos endimento à Lei 10.165/2000.
Objetivo: 192 e 193 da CLT. Público Alvo:
Apresentar a redação da NR-12, os con- Como deve proceder o Perito e Assistente Profissionais da área ambiental em geral,
ceitos fundamentais, a abrangência, as Técnico? As partes devem indicar assis- Ambientalistas, Gestores da área pública
penalidades e responsabilizações pelo tente técnico? Quais são os Profissionais le- e privada, Engenheiros, Empresários, es-
descumprimento, projeto de implementa- galmente habilitados para realizar perícias? tudantes e demais profissionais de outras
ção na empresa, sistemas e dispositivos de Procedimentos e conduta do assistente áreas interessados em adquirir novos con-
proteção, análise de riscos, priorização na técnico e preposto frente ao perito por hecimentos para dar continuidade a for-
implementação e laudos técnicos. Fornec- ocasião da perícia. mação profissional e capacitar-se para o
er subsídios para a gestão da implantação Apresentação: mercado de trabalho.
e manutenção da NR 12, com as etapas, a Curso apresentado de forma modular, per- Instrutora: Helena Burille Dias.
elaboração do inventário, planos de ação, mitirá escolha do Módulo I ou III - Insalub-
aspectos relacionados manutenção pre- ridade ou Periculosidade, ambos os módu- 27 e 28 de março (terça-feira e quarta-feira)
ventiva e corretiva, ergonomia (tópicos), los I e III, porém o módulo II, O Processo - Porto Alegre/RS
sistemas e dispositivos de proteção, cases Pericial na Justiça e obrigatório para atin- Boas Práticas de Gestão em SST
de implementação em diversos setores gir o objetivo do programa. Objetivo:
econômicos e a manutenção do processo, Público Alvo: - Discutir aspectos críticos para o sucesso
por meio da capacitação, procedimentos Engenheiros de Segurança do Trabalho de um plano de gestão de SST;
e auditoria. A NN Treinamentos elaborou e Médicos do Trabalho, além advogados - Preparação e realização de auditorias le-
um programa que oferece a oportunidade trabalhistas, prepostos, Técnicos de Segu- gais e de certificação de SST e a prevenção
de agregar uma parte didática, de 8 horas, rança do Trabalho outros profissionais que de passivos trabalhistas relacionados a SST;
para formar multiplicadores internos na acompanham as perícias trabalhistas. - Gestão de treinamento em SST, gestão de
empresa, com perspectiva para o atendi- Instrutores: Môsiris Giovanini, orçamento, gestão de pessoas de SESMT;
mento do item Capacitação da NR 12. Nelson Burille, Roque Puiatti, - Apresentar exemplos de alternativas para
Instrutores: Katherine Minella, Eduardo de Brito Souto superação de obstáculos frequentes na
Roque Puiatti e Leandro Botega. e Dagoberto Lara. Gestão de SST.
Público Alvo: do Trabalho e Previdência Social; Discutir Instrutores: Aguinaldo Bizzo de Al-
Gestores de SESMT e de Recursos Huma- estratégias de integração entre os Pro- meida, Denise Nunes Mousquer,
nos interessados em sistematizar e aper- gramas, Laudo e Documentos e preparar Tiago Santos e Elton Fagundes.
feiçoar o processo de gestão de SST, assim registros competentes; Examinar a vulnera-
como, Consultores e Assessores em SST. bilidade de registros. Aguinaldo Bizzo de Almeida
Instrutores: Luis Carlos Slavutzki, Público Alvo: Engenheiro Eletricista
Hélio Pahim Lopes e Roque Profissionais de Segurança e Saúde no e de Segurança do
Puiatti. Trabalho, Administradores, Recursos Hu- Trabalho; Membro
manos, Contadores, Consultores Jurídicos, do GTTE, junto ao
12 a 14 de abril (quinta-feira a sábado) Peritos Trabalhistas e Advogados. MTBE, na aprova-
- Porto Alegre/RS Instrutores: Roque Puiatti, ção do Novo Texto
NR 20 Formação de Multiplicadores Môsiris Giovanini, Nelson da NR-10; Membro da
Internos Conforme Anexo II da Norma Burille e Rogério Balbinot. CPNSEE – Comissão Permanente Nacional
Regulamentadora de Segurança em Energia Elétrica; Inspe-
Objetivo: 24 de abril (terça-feira) - Porto Alegre/RS tor de Conformidades e Ensaios Elétricos -
O item 20.11.9, da NR 20, obriga que “os Estratificando o PIE –Prontuário ABNT da NBR 5410 - Instalações Elétricas
profissionais de segurança e saúde no tra- das Instalações Elétricas de Baixa Tensão; Inspetor de conformi-
balho que laboram em instalações classes II Objetivo: dades - ABNT, da NBR 14039 - Membro
e III, adentram na área ou local de extração, Capacitar os participantes na correta in- do COBEI - Comitê Brasileiro de Equipa-
produção, armazenamento, transferência, terpretação da NR 10 quanto a organiza- mentos de Proteção, no CB-32 - Grupo de
manuseio e manipulação de inflamáveis e ção e estruturação do PIE - Prontuário das Estudos para Luvas, Mangas de Borracha
líquidos combustíveis e mantêm contato Instalações Elétricas, fornecendo material e Vestimentas para Trabalhos com Eletric-
direto com o processo ou processamento complementar para subsidiá-los na idade; Membro do GTT do MTE na elabo-
devem realizar o curso Específico”. Gestão e elaboração do PIE nas empresas; ração da Norma Regulamentadora- NR35
A NN Treinamentos elaborou um programa atender o disposto na NR 10 e normas - Trabalhos em Altura; Conselheiro do
que oferece a oportunidade de agregar complementares. CREA – Câmara de Elétrica SP; Consultor
uma parte didática, de 8 horas, para for- Público Alvo: de empresas em Segurança e Saúde Ocu-
mar multiplicadores internos na empresa, Engenheiros e Técnicos de Segurança do pacional pela DPST – Desenvolvimento e
ressaltando-se observar a questão da pro- Trabalho, Engenheiros e Técnicos Eletri- Planejamento em Segurança do Trabalho;
ficiência no assunto (item 20.11.14). cistas, Gestores de Manutenção, Consul- Autor do Livro: Vestimentas de Proteção
Público Alvo: tores, etc. FR para Arco Elétrico e Fogo Repentino.
Obrigatório para Profissionais de seguran- Instrutor: Aguinaldo
ça e saúde no trabalho; Importante para Bizzo de Almeida. Dagoberto Lara
profissionais com proficiência que preten- Engenheiro Eletricista
dam ser multiplicadores dos treinamentos 25 a 27 de abril (quarta-feira a sexta-feira) e de Segurança
da Nova NR 20. - Porto Alegre/RS do Trabalho.
Instrutores: Katherine Minella, NR 35 Formação de Multiplicadores– Atuou como
Roque Puiatti, Luís Inácio Gré Curso Avançado para Trabalho em Co o rd e na d o r
e Pablo Ricardo Barrera. Altura – Aulas Teóricas e Prática de Projetos da
Público Alvo: Braskem, além de
17 e 18 de abril (terça-feira e quarta-feira) Engenheiros e Técnicos de Segurança, mais de trinta anos
- Porto Alegre/RS Gestores de Recursos Humanos e Segu- de experiência como responsável pela
Elaboração e Articulação de Docu- rança do Trabalho, Membros do SESMT, execução, manutenção e coordena-
mentos Trabalhista e Previdenciários profissionais com proficiência, especial- ção de projetos em grandes complexos
para Atender o eSocial izados no trabalho em altura, preocupa- petroquímicos da Copesul e Braskem. Es-
Objetivo: dos com a segurança e a saúde do tra- pecialista em eletrostática e classificação
Atender as demandas legais do Ministério balhador. de áreas.
Denise Nunes Mousquer nicipal de Gravataí – Santa Tecla. Perita Cursos de Gestão de Segurança da ABRH;
Mestre em Psicologia nas Varas Civis dos TJ-RS em questões Membro da Associação Brasileira de Ergo-
Clínica pelo Pro- ambientais. Sócia-Gerente desde 2007 da nomia; Secretário do G20 SST – Grupo de
grama de Pós-Grad- empresa Mundo Ambiente Engenharia. Estudos de Saúde e Segurança do Trabal-
uação em Psicologia ho do Rio Grande do Sul; Perito da Justiça
Clínica da Faculdade Hélio Pahim Lopes Federal e da Justiça do Trabalho.
de Psicologia da Médico do Trabalho,
Pontifícia Universidade Medicina UFRGS Luís Inácio Camargo Gré
Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). ( FA M E D / U F R G S ) Engenheiro de Minas
Sócia fundadora da M&M – Consultoria - Pós- Graduação e Segurança do Tra-
em Saúde Mental, empresa sediada em Lato Sensu - Espe- balho. Cursos de
Porto Alegre, com intervenções volta- cialização em ME- especialização em:
das à pesquisa e ao desenvolvimento de DICINA DO TRABALHO Mining Safety – Jica
programas continuados de promoção de - CEDAS/São Camilo-RS (FAMED/Itajubá – Japão e Coal Min-
saúde ocupacional nas organizações. - MG), Pós-Graduação Lato Sensu - Espe- ing – Industrial Training
cialização em ERGONOMIA de Processos and Safety – NCB – Inglaterra, entre out-
Eduardo de Brito Souto Produtivos - UNIRITTER, Especialista em ros. Foi Gerente da Unidade de Segurança
Engenheiro; Especialista Medicina do Trabalho ANAMT - AMB/ e Medicina do Trabalho da CRM- Cia Rio-
em Engenharia de CFM, Membro da ANAMT. Instrutor do grandense de Mineração, Coordenador da
segurança do Tra- Curso de Gestão de Saúde e Segurança do Área de Prevenção e Controle de Emergên-
balho; Mestre em Trabalho da ABRH-RS. cias da Copesul e Coordenador da Área
Tecnologa Nuclear, de Segurança de Processo da Copesul e
Supervisor de Pro- Katherine Minella Braskem. Atualmente é sócio-gerente da
teção Radiológica (MN- Psicóloga, especialista empresa Sobane Brasil Ltda e docente no
1073) e Perito Trabalhista. em RH e Psicologia curso de Engenharia de Segurança do Tra-
da Comunicação, balho da UFRGS. Foi um dos introdutores
Elton Fagundes mestre em Memória da Estratégia SOBANE e Metodologia DE-
Membro do CEET/ Social e Bens Cult- PARIS no Brasil.
ABNT 00:001. 70 urais. Formação em
e do GTT do MTE Dinâmica dos Grupos Môsiris Giovanini
na elaboração da pela SBDG e Análise Transacional para Or- Especialista em Me-
NR 35 e anexo por ganizações- UNAT. Personal & Profissional dicina do Trabalho
Corda; Profissional Coaching pela Sociedade Brasileira de – PUCRS, Mestre
de Acesso por Corda Coaching. Professora nos cursos de pós- em Epidemiologia
Nível 3 - (NBR 15475 Acesso por Corda); graduação. Diretora da Educação Corpo- – UFRGS, profes-
Socorrista Credenciado Internacional - rativa da ABRH/RS. sor em Cursos de
AAOS/ACEP/ECSI - Emergency Care & Safe Especialização em En-
Institute / American College of Emergency Luis Carlos Slavutzki genharia de Segurança e Medicina do
Physicans e NOLS. Engenheiro Mecânico Trabalho; Professor do Departamento
UFRGS; Engenhei- de Medicina Social da Faculdade de Me-
Helena Burille Dias ro de Segurança dicina da UFRGS. Auditor-Fiscal do Trab-
Graduada em Engen- UFRGS; Mestre alho SRTE/RS aposentado (julho 2012).
haria Ambiental, em Engenharia de Livro (autor): História Ocupacional - uma
pós-graduada em Produção Ênfase Er- Construção Sociotécnica e Ética, 2005,
Engenharia de Se- gonomia UFRGS; Pro- Editora LTr.
gurança do Trab- fessor nos Cursos de Engenharia de Se-
alho. Foi responsável gurança do Trabalho na ULBRA (Canoas/ Nelson Agostinho Burille
técnica do Aterro Mu- RS) e PUC (Porto Alegre/RS); Professor nos Engenheiro de Produção e Mecânica na
PUC/RS. Pós-grad- nador do Grupo de so por Corda da ABNT desde sua funda-
uação, com es- SST das Empresas ção, em 2006; Organizador e coautor do
pecialização em Piloto no eSocial. livro Manual de Acesso por Corda.
Engenharia de Se- Presidente da As-
gurança do Trab- sociação Sul-Rio- Leandro Botega de Sousa
alho na UFRGS. Após Grandense de Engen- Engenheiro Mecânico e
concluída a pós-gradua- haria de Segurança do de Segurança do Tra-
ção, na UFRGS, passou a atuar como peri- Trabalho - ARES. balho, com 28 anos
to da Justiça do Trabalho, na 12ª região de experiência nas
(SC) e 4ª região (RS). Concluiu graduação Roque Puiatti áreas de Engenharia
em ciências jurídicas, na ULBRA, e inscrito Engenheiro de Segu- de Processos, Au-
na OAB seção RS. Membro do Conselho rança do Trabalho, tomação, Manutenção,
Estadual da Segurança, Prevenção e Pro- Mestre em Segu- Produção e profundo conhecimento na
teção contra Incêndio - COESPPC/RS. rança de Processos Gestão da NR12, coordenando implanta-
e Prevenção de Per- ção de segurança em máquinas, atua em
Pablo Ricardo Barrera das (The University of consultoria e treinamento em segurança
Engenheiro Químico Sheffield - Inglaterra), e saúde com ênfase em implantação da
(UFRGS); pós-gradu- Auditor-Fiscal do Trabalho do Ministério Gestão da NR12. ■
ação em Engenhar- do Trabalho (por mais de 30 anos 2011),
ia de Segurança do Membro (2001 a 2017) e Vice-Presidente
Trabalho (UFRGS); (2001 a 2008) do Subcomitê de Especial-
Professor da Discipli- istas da Organização das Nações Unidas
na de Gerenciamento (ONU). Consultor em Segurança Operacio-
de Riscos do curso de pós-graduação em nal do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP).
Eng. Segurança do Trabalho da UNISI-
NOS; Atuação de mais de 10 anos na área Tiago Santos
de Gerenciamento de Riscos e Prevenção Graduado em Educação
de Perdas; Coordenador das áreas de Se- Física pela Unisinos
gurança de Processo, Meio Ambiente e (RS); Profissional de
Higiene e Saúde Ocupacional da unidade Acesso por Corda
de Petroquímicos Básicos da Braskem no Nível 3 Examina-
Polo Petroquímico do Sul. dor; Consultor espe-
cialista do GTT do MTE
Rogério Luiz Balbinot na elaboração da NR-35 - Anexo I - Aces-
Eng. de Segurança do Trabalho. Membro so por Corda; Consultor especialista em
dos Grupos de Trabalho do e-Social (GT- Acesso por Corda da Abendi; Membro da
Confederativo e GT-FENACON). Coorde- Comissão de Estudo das normas de Aces-
Coluna Direito em SST
Saulo Cerqueira de Aguiar Soares é médico do trabalho, advogado, professor, especialista em Direito do
Trabalho, Previdenciário e Direito Médico, Mestre Magna cum Laude em Direito e Doutorando em Direito –
PUC/MG. Autor do livro “Direitos Fundamentais do Trabalho” - Editora LTr

Outras maneiras
de trabalhar
Mudanças tecnológicas nas relações comerciais
e na legislação geram novos tipos de trabalho
Foto: Shutterstock

N ovas formas de trabalho devem ser conhecidas pelos


profissionais de SST, diante do desafio de alcançar a preven-
ção de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, visando a saú-
de integral do trabalhador.
Essas formas derivam da globalização a qual, atualmente, permite
que 1% da população detenha a mesma riqueza de 99%. Somen-
te 62 pessoas no mundo possuem um patrimônio equivalente à so-
ma total das 3,6 bilhões de pessoas mais pobres da Terra, escanca-
rando a alarmante desigualdade social.
Job-Sharing ou trabalho compartilhado é uma maneira de traba-
lho em que dois ou mais empregados, de qualificações semelhantes,

96 www.revistacipa.com.br
dividem as responsabilidades de um emprego, o salário e lho externo. Determina a Reforma Trabalhista, no art. 75-
as funções em uma obrigação individual. Parte do pressu- E, a respeito do teletrabalho, que “o empregador deverá
posto que “duas cabeças são melhores que uma”. O capi- instruir os empregados, de maneira expressa e ostensiva,
tal afirma, ardilosamente, que essa modalidade de trabalho quanto às precauções a tomar a fim de evitar doenças e
é adequada para as mulheres, pois podem, por exemplo, acidentes de trabalho”.
trabalhar somente de segunda à quarta e cuidar dos filhos Kapovaz é o serviço intermitente. No Brasil, a refor-
de quinta ao domingo. ma trabalhista, no art. 443, parágrafo 3° determinou que
O Job-Pairing seria uma categoria de job-sharing. “considera-se como intermitente o contrato de trabalho
Cada trabalhador, de qualificação semelhante, se torna res- no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é
ponsável solidário pelas tarefas do posto de trabalho, com contínua, ocorrendo com alternância de períodos de pres-
decisões compartilhadas. tação de serviços e de inatividade, determinados em horas,
O Job-Splitting se dá quando dois ou mais profissio- dias ou meses, independentemente do tipo de atividade
nais, de qualificações diferentes, repartem um único pos- do empregado e do empregador, exceto para os aeronau-
to de trabalho, respondendo cada um por suas tarefas. tas, regidos por legislação própria”.
Desses meios de trabalhos deriva o Top-Sha- A reforma promoveu a incorporação do trabalho em “bi-
ring, um método de liderança baseado em parceria, cos” na lei. Não se terá qualquer certeza do salário, pois
com decisões compartilhadas. o trabalhador pode não ser convocado, sendo que o pe-
Já Part-Time é a modalidade de contrato de trabalho ríodo de inatividade não será considerado tempo à dispo-
a tempo parcial, atendendo aos interesses do empregador sição do empregador, podendo o funcionário prestar ser-
que mantém o empregado somente nos horários de neces- viços a outros contratantes. Assim, gera um contrato de
sidade. A Reforma Trabalhista, no art. 58-A, alterou o tra- emprego sem salário. A lei não regula um número míni-
balho em tempo parcial para 30 horas semanais. mo de horas para o trabalhador intermitente, pode ser, por
Os trabalhadores com contrato de tempo parcial ge- exemplo, uma hora no mês. As férias são uma ficção jurí-
ralmente são os primeiros a serem demitidos, não são dica, pois a cada 12 meses, o empregado adquire direito
contemplados com promoções de carreira, não tem os a usufruir, nos 12 meses subsequentes, um mês de férias,
mesmos benefícios dos funcionários em tempo inte- período no qual não poderá ser convocado para prestar
gral, e tem maior desgaste físico e mental pela tendência serviços pelo mesmo empregador, ou seja, na verdade su-
de acúmulo de serviços. as férias significam somente não ser convocado para tra-
Jobber é nome dado ao funcionário em que a balhar, ficando sem salário.
precariedade no trabalho se transforma em um modo Ao que se vê, a atuação do profissional de SST perante
de vida, com empregos provisórios, laborando apenas o as novas formas de trabalho será ainda mais desafiadora,
necessário para cobrir as despesas. Geralmente, são jovens diante de trabalhadores que irão laborar uma única hora
que não aderem a empregos tradicionais e se inserem em no mês ou empregados que poderão nunca comparecer ao
trabalhos ocasionais. estabelecimento empresarial no teletrabalho. O art. 223-
É o que acontece no Japão, com jovens diplomados, que E da Reforma Trabalhista determina que“são responsáveis
seguem a cultura Furita, semelhante ao que entendemos pelo dano extrapatrimonial todos os que tenham colabo-
como freelancers. Ainda, existe a geração Freeter, que está rado para a ofensa ao bem jurídico tutelado, na propor-
em subemprego e a geração Neet, que não estuda e não ção da ação ou da omissão”, portanto, podendo respon-
trabalha, como no Brasil, a geração Nem-Nem. sabilizar diretamente o profissional de SST.
O trabalho remoto é um tipo de trabalho a distância em Após todo o exposto, cabe um questionamento: os pro-
que a prestação de serviços é realizada, preponderante- fissionais e o sistema de SST no Brasil estão, realmen-
mente, fora das dependências do empregador, com a uti- te, preparados para enfrentar os desafios de pro-
lização de tecnologias de informação e de comunicação mover a saúde e segurança para esses funcionários
que, por sua natureza, não se constituam como traba- inseridos nas novas categorias de trabalho? ■

março_2018
97
De olho na saúde
Ferramenta autônoma otimiza medicina
do trabalho dentro das empresas
por Mariana Bonareli

I ntegradora de soluções para os setores de recursos hu-


manos e segurança patrimonial desde 1993, a empresa
Teleword busca inovar em projetos eficazes e diferenciados.
Pensando em otimizar e facilitar procedimentos em exames
admissionais e demissionais lançou, em parceria com a Mul-
tinacional espanhola KEITO a máquina Safety, uma platafor-
ma de medicina que pode ser utilizada por várias empresas.
A Safety – Gestão de Saúde é uma máquina autônoma que
analisa as condições de saúde do funcionário por meio de
um sistema integrado com a internet. Para realizar o proce-
dimento, o colaborador se identifica com crachá de códigos
de barras ou um smart card. A ferramenta faz um reconhe-
cimento e detalha o peso e altura, mede a pressão arterial,
os batimentos cardíacos, o índice de massa corpórea (IMC)
e o índice de gordura corporal (IGC).
“A aplicação desse conceito de saúde ocupacional e medi-
cina preventiva organizacional trará grandes resultados não só
de bem-estar. A plataforma foi a primeira fabricada no Brasil
e, por meio dela, a empresa poderá economizar até 15 mil
reais com gastos médicos laborais básicos”, explica Alexan-
dre Souza, diretor comercial da Teleword. Além da econo-
mia financeira, o tempo também é poupado. Para registrar
todas as informações, a Safety leva no máximo 90 segundos.
Segundo o diretor,
iniciativas ligadas à
saúde organizacional
estão crescendo e são
cada vez mais presentes
nas empresas. “Aderindo
a esse tipo de serviço, a
redução se expande às
operadoras de planos
de saúde, uma vez que PASSO A PASSO
os custos com convênio 1º: O colaborador recebe um comprovante impresso
médico poderão ser me- com as informações dos resultados das suas avaliações;
nores. O absenteísmo de 2º: As informações coletadas no equipamento também fi-
funcionários não será fre- cam disponíveis para serem consultadas em outros disposi-
quente, pois, diariamente, tivos. Isso por meio do servidor desenvolvido para celulares,
eles passarão por uma ava- computadores ou tablets;
liação e tudo isso alinha- 3º: Os dados vão para um servidor em nuvem que notifi-
do é um fator colaborati- ca o gestor responsável, alertando se o colaborador tem ou
Fotos: Dilvulgação/ Teleword

vo que auxilia, também, não condições de exercer a atividade laboral;


no Fator Acidentário Pre- 4º: Por meio da integração com o controle de acesso da
videnciário (FAT), empresa, o Safety bloqueia ou libera o acesso do funcioná-
completa. ■ rio às áreas de risco.

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Pés sempre protegidos
A bota Premier Plus Outdoor DRY WP tem forração de DryOut, uma tecnologia 100%
impermeável. O calçado da Marluvas é confeccionado em couro nobuck, que possibilita
reforço contra água. Possui ainda o solado em Pu Bidensidade e inserto de TPU
que aumentam o amortecimento com absorção de impactos na
entressola e no calcanhar, gerando também mais estabilidade
em terrenos irregulares. www.marluvas.com.br

Fechamento seguro
A multinacional alemã, especializada em sistemas de segurança para máquinas
industriais, Schmersal, apresentou ao mercado brasileiro a Chave de Segurança com
Travamento AZM 400, indicada para utilização em máquinas com portas pesadas em
geral. Desenvolvida para monitorar e travar uma porta ou proteção móvel que esteja
instalada numa área de risco da máquina, a chave de segurança AZM 400 atende a
categoria de segurança 4, SIL3 e PLe, tanto na supervisão da porta quanto no bloqueio, podendo
ser aplicada em máquinas de maior risco e em ambientes mais agressivos. www.schmersal.com.br

Andar antiderrapante
A linha Moov, da empresa Fujiwara, foi desenvolvida para profissionais que querem mover-
se com segurança e leveza. Os calçados ocupacionais de uso profissional, adaptado para
diversos ambientes de trabalho, proporcionam conforto e atendem a todas as normas de
segurança da ABNT, NBR e ISO 20344 e 20347. O solado,
em Grip Rubber Flex in Natura, garante uma proteção
de até 360 graus, enquanto o sistema de micro ranhuras
transversais permite proteção contra derrapagens em
todas as direções. www.fujiwara.com.br

Vestindo prevenção
Especializada em equipamentos de segurança individual, a empresa JGB possui entre os seus produtos o Macacão Arco Elétrico
em Algodão FR. A vestimenta é indicada para proteção em atividades de rotina em plataformas marítimas contra agentes
abrasivos e escoriantes, entre outros, além agentes térmicos provenientes de arco elétrico e fogo repentino. www.jgb.com.br

100 www.revistacipa.com.br
VOCÊ
JÁ FOI
ENGANADO
POR UM
CONTEÚDO
FALSO? Os jovens estão preocupados
em buscar informações confiáveis,
revela a pesquisa Trust in News,

REVISTAS realizada em 2017 pelo Kantar


Ibope Media. E 72% dos entrevistados
confiam mais em revistas que em
Eu acredito! outras mídias. As revistas impressas,
online, no celular ou em vídeo,
fornecem conteúdo relevante,
investigativo e em um ambiente seguro.
AssociAção NAcioNAl de editores de revistAs
#revistAeuAcredito i www.ANer.org.br
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de instrumentos portáteis para cursos@abnt.org.br norma regulamentadora
detecção de gás, para liberação www.abnt.com.br Local: Porto Alegre/RS 14 A 16 DE MARÇO
e trabalhos em espaços Realização: NNeventos Curso: NR-12 Formação de
confinados” 8 E 9 DE MARÇO Informações: Multiplicadores – Aspectos
Local: São Paulo /SP Curso Perícias de (51) 3222 9063/ legais, aplicação, gestão para
Realização: Paula Scardino Insalubridade e Periculosidade (51) 3395 4731 implantação e manutençãoo
Informações: Local: Curitiba/PR nneventos@nneventos.com.br Local: Porto Alegre/RS
(11)3499-6061/ Realização: www.nneventos.com.br Realização: NNeventos
(11) 3499-1009/ Grupo Treimam/TDPS Informações:
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(16) 3237-6472/3021-9222 Curso: Sistema de gestão (51) 3395 4731
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alicepenna@alicepenna.com.br Realização: Paula Scardino 12 E 13 DE MARÇO Informações:
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Realização: ABNT Curso: NR-20 Formação (11)3499-6061/

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Revista

Edição Abril

Produto eM Foco: calçados de segurança


RISCOS OCUPACIONAIS:agrIcultura
Edição Maio

Produto eM Foco: Óculos de Proteção


RISCOS OCUPACIONAIS:IndústrIa Metal-MecânIca

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Esta é uma seção especial da revista Cipa para publicar fotos, encaminhadas por
leitores, de situações de riscos e de ambientes inapropriados a que trabalhadores estão
expostos. Ao se deparar com um flagrante dessa natureza, envie-nos a imagem e o
seu nome completo, endereço, telefone e profissão. Informe onde, quando e como
testemunhou a cena.

O registro ao lado mostra o


flagrante de um serviço de
manutenção realizado na fa-
chada de um supermercado,
no município de Mucuri, na
Bahia. O funcionário não
usa EPIs como capacete
ou vestimentas de segu-
rança. Além disso, a área
não está devidamente
isolada, o que coloca em
risco a segurança do
trabalhador e de outras
pessoas que cami-
nham pelo local.

Colaboração:
Maicom Miranda Gusmão, técnico em Segurança do Trabalho.
Boa Vista do Buricá (RS)

*Envie seu flagrante para a seção LEITOR EM ALERTA


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A força da história.

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