Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
RESUMO
O abuso sexual infantil mascu-
ABUSO SEXUAL
lino é estudado na perspectiva de
gênero e transgeracional. Apre-
INFANTIL MASCULINO:
sentamos um estudo de caso de
um menino violentado desde os
O GÊNERO CONFIGURA
10 anos. O contexto: Grupo
Multifamiliar. Instrumentos:
O SOFRIMENTO E O
observações das interações, diá-
logos e entrevistas semiestrutura-
DESTINO?
das. Informações: organizadas a
partir da história transgeracio-
nal e de violência, da construção
do Genograma e do Ciclo de
Vida Familiar, dos dados dos
atendimentos e da situação atu- Tânia Mara Campos de Almeida
al da família. Os resultados in- Maria Aparecida Penso
dicam um contexto de carências
múltiplas, uma organização fa- Liana Fortunato Costa
miliar com conflitos nas tarefas
de proteção, bem como o alcoo-
lismo e a violação sexual vistos
como elementos configuradores da
masculinidade privilegiada.
Descritores: violência sexual
contra meninos; abuso sexual;
gênero; transgeracionalidade.
A violência sexual contra crianças e ado-
lescentes vem sendo estudada e discutida no país
há décadas, levando-se em conta quase que exclusi-
vamente a característica etária e socioeconômica des-
ses sujeitos ou, ainda, o ferimento da honra famili-
ar. Em geral, quando a violência ocorre dentro das
famílias ou entre pessoas conhecidas, a ênfase das
reflexões recai sobre os efeitos nocivos para as fa-
ses posteriores do desenvolvimento psíquico-emo-
cional dos sujeitos, bem como sobre os reflexos nas
47
49
51
53
55
57
A mãe trouxe uma preocupação que foi seu medo da reação do marido:
“Ele pode matar o abusador.” Esta afirmação pode nos levar a pensar em um pai
presente, preocupado e muito ligado ao filho, assim como em um pai que ocupa
o lugar daquele que gera mais problemas para a família do que é capaz de protegê-
la, mostrando-se impulsivo e infantil diante dos grandes desafios da vida.
Ao conhecer a história da família, descobrimos que Lúcio está sempre en-
tre os cuidados de duas mulheres, a mãe e a avó materna, que competem pelo
lugar de cuidadora e educadora da criança. Nessa dinâmica, o pai, que apresenta
dependência do álcool, pouco participa como mediador nos conflitos presentes
entre estas duas mulheres ou como protetor e educador do filho. Portanto, Lú-
cio tem praticamente duas mães superprotetoras, com papéis mal definidos e
conflituosos, e um pai distante e envolvido em seus dilemas pessoais.
Essa situação foi relatada pela mãe como presente ao longo de toda vida
familiar. O casal parental, desde a sua constituição, esteve acompanhado por
outras pessoas. Estas compartilharam com a mãe o papel de cuidadora e educa-
dora de seus filhos não de modo positivo, tal como em várias situações familia-
res bem sucedidas no país (Almeida, 2008). Neste caso, o desempenho de seu
papel materno acaba sendo realizado de forma precária e ambivalente. E, se-
gundo Minuchin (1982), o exercício da parentalidade requer a capacidade de
nutrir, guiar e controlar. Acreditamos que estes elementos são essenciais na
garantia da proteção das crianças, ainda que seja por mais de uma pessoa ou não
59
61
6. Notas conclusivas
63
65
NOTA
tmara@pos.ucb.br
penso@ucb.br
lianaf@terra.com.br
Recebido em agosto/2008.
Aceito em setembro/2008.
67