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RESPONSABILIDADE SOCIAL

Controlo de alcoolemia no meio laboral

O controlo da alcoolemia em meio laboral sofreu recentemente


alterações significativas na sequência da nova perspetiva da
ACT – Autoridade para as Condições de Trabalho sobre esta matéria.
Atendento às consequências para as empresas decorrentes desta
nova perspetiva, vimos com este artigo apresentar, em primeiro lugar,
um enquadramento histórico desta temática e de seguida os
requisitos dos Regulamentos de Alcoolemia na atualidade

Texto: Paulo Moreira [Jurista, Sócio co-fundador da Factor Segurança, Lda.]

ENQUADRAMENTO 3 – Os requisitos exigidos pela Inspeção do Trabalho para “validar”


esses mecanismos de controlo resumiam-se de forma muito simples
– Anterior a 2008 ao seguinte:
i) O Regulamento Interno (RI) de controlo de alcoolemia tinha
1 – Desde há muito anos, ainda na
de ser submetido à aprovação do Instituto Nacional do Tra-
vigência do Decreto-Lei n.º 49408,
balho e Previdência – INTP (a que correspode atualmente a
de 24 de novembro de 1969 (esta-
ACT) (art. 39.º n.º 3 do já referido DL 49408), (único requi-
belecia a regulamentação principal
sito formal previsto)
do contrato de trabalho), que é
admissível aos empregadores adotar ii) O INTP dispunha de um prazo de 30 dias para tomar decisão
mecanismos de controlo do trabalho de aprovação ou não aprovação, findo o qual, não havendo
sob efeito de alcool ao abrigo do decisão, o RI se consideraria aprovado;
chamado “poder regulamentar”, isto iii) O RI deveria ser de aplicação universal (isto é, a todos os
é, do poder que o empregador dis- trabalhadores sob pena de ferir o princípio da igualdade) e
põe para regulamentar aspetos aleatória (para evitar efeitos persecutórios);
organizativos da sua atividade que
contendam com direitos dos traba- iv) O RI deveria salvaguardar o princípio do contraditório, dispo-
lhadores. nibilizando assim ao trabalhador um conjunto de meios de
defesa contra o registo positivo da alcool.
2 – Isso acontecia mesmo sem existir
v) Não era feita qualquer exigência de qualificação especial à
na legislação laboral (nem mesmo
pessoa responsável por levar a cabo o teste para despiste de
na legislação relativa à SHST) uma
álcool.
solução legal que fundamentasse a
adoção desses mecanismos de con- 4 – Nem mesmo a consagração no Código do Trabalho aprovado
trolo do trabalho sob efeito de pela Lei n.º 99/2003, de 27 de agosto, do direito de personalidade
alcool. A figura da “integração de previsto no art. 19.º, extremamente exigente nas condições de sujei-
lacunas” prevista no art. 10º do ção a testes de alcoolémia aos trabalhadores, levou a ACT a mudar
Código Civil era aqui chamado para a sua perspetiva sobre os requisitos substantivos enumerados acima
solucionar essa ausência. de iii) a v).

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no âmbito dos controlos de subs-


Artigo 19.º
Testes e exames médicos
tâncias psicoativas efetuados a tra-
balhadores na sequência da Deli-
1 – Para além das situações previstas na legislação relativa a segurança, higiene e saúde
no trabalho, o empregador não pode, para efeitos de admissão ou permanência no
beração n.º 440/2010.
emprego, exigir ao candidato a emprego ou ao trabalhador a realização ou apresenta- 5 – Esta questão coloca-se com
ção de testes ou exames médicos, de qualquer natureza, para comprovação das condi-
ções físicas ou psíquicas, salvo quando estes tenham por finalidade a proteção e segu- maior importância nas situações em
rança do trabalhador ou de terceiros, ou quando particulares exigências inerentes à que os Contratos Coletivos de Traba-
atividade o justifiquem, devendo em qualquer caso ser fornecida por escrito ao candi- lho não prevêm testes para despiste
dato a emprego ou trabalhador a respetiva fundamentação.
do trabalho sob efeito de álcool ou
2 – O empregador não pode, em circunstância alguma, exigir à candidata a emprego
ou à trabalhadora a realização ou apresentação de testes ou exames de gravidez.
estupefacientes, pois só aí se coloca
3 – O médico responsável pelos testes e exames médicos só pode comunicar ao empre-
a necessidade da elaboração do
gador se o trabalhador está ou não apto para desempenhar a atividade, salvo autoriza- Regulamento de alcoolemia.
ção escrita deste. Porém, também nos Contratos Cole-
tivos de Trabalho onde já estão regu-
lados este tipo de testes, os princípios
– Após 2008 orientadores divulgados pela ACT e
1 – Em 31 de janeiro de 2008 o Comité Especializado para as CNPD deveriam ser seguidos pelos
questões éticas e profissionais no trabalho do Grupo Pompidou – Outorgantes patronais e sindicais, o
instância permanente do Conselho da Europa cujo objetivo é o que efetivamente não acontece.
desenvolvimento da cooperação multidisciplinar no âmbito da luta
contra o abuso e o tráfico ilícito de drogas no espaço europeu - Os requisitos dos
divulgou o resultado do trabalho que há já dois anos desenvolvia Regulamentos de
sobre o controlo do trabalho sob efeito de alcool e outras drogas, Alcoolemia na atualidade
onde prespectivava a dependência do alcool e outras drogas como Analisemos agora os requisitos – de
doença a tratar, mesmo que em meio laboral. forma e de substância – que as autori-
2 – Como consequência desse alerta auropeu, as autoridade nacio- dades exigem para a correta elabora-
nais envolvidas no combate ao alcoolismo decidiram finalmente ção e vigência de um Regulamento de
pegar no assunto. Juntaram-se o IDT – Instituto da Droga e da Toxi- Alcoolemia (com base nos dois docu-
ciodependência, a ACT – Autoridade para as Condições do Traba- mentos acima referidos e no Relatório
lho, a Direção Geral de Saúde, a CNPD – Comissão Nacional de do Grupo Pompidou já mencionado)
Proteção de Dados, algumas confederações patronais e associa- Requisitos formais:
ções sindicais e produziram documentação enquadradora da nova
– Existência de documento escrito
prespectiva de combate ao alcoolismo no meio laboral.
sob a forma de R.I. (artº 99º n.º 1
3 – Faltava a publicidade nos “media” para que este assunto, como do Código do Trabalho);
em tantos outros na sociedade portuguesa, passasse à ordem do dia. – Envio do R.I. à ACT – Autoridade
A dita publicidade apareceu quando os “media” decidiram noticiar a para as Codições de Trabalho (artº
decisão do Tribunal Central Administrativo do Norte, de 9 de outubro 99º n.º 2 al. b) do CT);
de 2009, de tornar improcedente a ação que a Autarquia do Porto,
liderada pelo Dr. Rui Rio, intentou contra a decisão da CNPD – – Publicitação do respetivo conteúdo
Comissão Nacional de Proteção de Dados de não validar alguns junto dos trabalhadores de modo a
aspetos do regulamento de Alcoolemia que a autarquia por- possibilitar o seu pleno conheci-
tuense sujeitara à apreciação da CNPD. E assim, repentinamente, mento (artº 99º n.º 2 al. a) do CT);
os regulamentos de alcoolemia passaram para a ribalta. – Sujeição a controlo prévio e autori-
zação da CNPD – Comissão
4 – Surgem, logo de seguida, documentos de várias entidades com
Nacional de Proteção de Dados
novas orientações sobre o que pode e deve, ou não, constar num
(artº 28º al. a) da Lei n.º 67/98
Regulamento de alcoolemia no trabalho para se poder aplicar,
referente à proteção de dados.
nomeadamente:
– Linhas Orientadoras para a Intervenção em Meio Laboral em Requisitos substantivos
“Segurança e Saúde do Trabalho e a Prevenção do Consumo de – Consideração dos dados relativos
Substâncias Psicoativas” (Protocolo entre ACT, CNPD através da à alcoolemia e drogas como
Deliberação n.º 440/2010, DGS, IDT, CIP, CCP, CGTP, UGT, SPMT) “dados de saúde” abrangidos pela
– Deliberação n.º 890 /2010 – CNPD – Aplicável aos tratamentos de categoria de “dados sensíveis” do
dados pessoais com a finalidade de medicina preventiva e curativa art. 7º da Lei n.º 67/98;

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– Só é permitido o registo de referên- – A informação de saúde, na qual se incluem os resultados dos tes-
cias genéricas (se consome ou não tes, em caso algum poderá ser comunicado ao empregador, ape-
consome); nas lhe podendo ser dado conhecimento do estado de aptidão ou
– Não autorização de tratamento auto- inaptidão do trabalhador;
matizado, de forma generalizada – Conservação dos resultados pelo prazo máximo de 1 ano, exceto
(para todo o universo de trabalhado- em situações de existência de processo judicial, enquanto se mos-
res da empresa) com detalhe que per- trar necessária;
mita estabelecer “perfis de consumo” – Os testes só podem ser efetuados no estrito cumprimento da Lei
(quantidades e tipos consumidos); (Código do Trabalho e Lei n.º 102/2009)
– Os testes de alcoolemia por razões
de segurança e saúde servem uma CONCLUSÃO
finalidade específica - segurança e
A nova perspetiva sobre o consumo do alcool e outras drogas, como
saúde dos próprios trabalhadores ou
patologia a combater quer no meio civil quer no laboral – causa
de terceiros – pelo que apenas são
nobre e digna - determinaram a adoção, pelas Autoridades com
legitimos testes “restritos às catego-
competência nesta matéria, de um conjunto de princípios orientado-
rias de trabalhadores cuja atividade
res da elaboração e vigência dos Regulamentos de Alcoolemia no
possa por em perigo a sua inte-
meio laboral que podem comprometer de forma séria a segurança
gridade física ou de terceiros”;
dos trabalhadores se aplicada de forma cega ao tecido empresarial
– Ilegitimidade da regra de “sorteiro” português.
ou decisão discricionária superior.
Se os testes de alcoolemia servem Temos cerca de 350.000 sociedades comerciais ativas em Portugal,
uma finalidade específica – segu- e pouco mais de mil médicos do trabalho (estima-se que cerca de
rança e saúde dos próprios traba- 1.300 inscritos no colégio respetivo, mas nem todos no ativo), o que
lhadores ou de terceiros – só dá uma média de cerca de 1 médico do trabalho por cada 270
devem ser utilizados quando os tra- empresas. Torna-se evidente a impossibilidade prática de cumpri-
balhadores efetivamente eviden- mento do quadro legal traçado acima.
ciem índícios de alcoolemia. Se é certo que está em causa a defesa de um direito de personali-
– Dúvidas quanto à adequação do dade consagrado na Lei – art. 19.º do Código do Trabalho atual –
limite de alc.0,5 nos casos de ativi- não é menos verdade que, face ao panorama do país (1 médico do
dade profissional de baixo risco. trabalho por cada 270 empresas), obrigar as empresas a cumprir
com todos os requisitos impostos pelas autoridades nesta matéria irá
– A fundamentação para a sujeição comprometer de forma seríssima a defesa de um outro bem maior,
aos testes de alcoolemia terá de ser a vida e integridade física dos trabalhadores.
dada sempre por escrito (art. 19.º n.º
1 in fine, do Código do Trabalho). Cabe a cada empresário, em consciência, saber como decidir em
concreto quando esteja em causa um conflito entre a defesa de um
– O consumo de substâncias psicoa-
direito de personalidade – art.19.º do CT – e de direitos constitucio-
tivas em si não constitui justa causa
nalmente consagrados como os que abaixo se transcrevem da
de despedimento. Apenas o com-
Constituição da República Portuguesa.
portamento que possa resultar
desse “estado” pode ser submetido
no âmbito do art. 351 do Código Artigo 24.º
do Trabalho; Direito à vidas
1. A vida humana é inviolável.
– Obrigatoriedade do teste de con-
trolo ter de ser sempre efetuado Artigo 25.º
por profissional de saúde (médico Direito à integridade pessoal
do trabalho ou outro profissional 1. A integridade moral e física das pessoas é inviolável.
de saúde por delegação do Artigo 59.º
médico do trabalho) (art. 19.º n.º Direitos dos trabalhadores
3, do Código do Trabalho).;
1. Todos os trabalhadores, sem distinção de idade, sexo, raça, cidadania, território de
– A informação que resultar dos tes- origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, têm direito:
tes deve ser de acesso exclusivo ao c) A prestação do trabalho em condições de higiene, segurança e saúde;
f ) A assistência e justa reparação, quando vítimas de acidente de trabalho ou de
médico do trabalho ou, sob sua doença profissional.
direção e controlo, a outros profis-
sionais de saúde obrigados ao
dever de sigilo; O texto foi escrito ao abrigo do Novo Acordo Ortográfico

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