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MARX E ESTADO: NOTAS PARA A DISCIPLINA

POLÍTICA EDUCACIONAL

Wanderson Ferreira Alves


Faculdade de Educação

A noção de Estado e de política dentro do marxismo são temas vastos e


controversos, seja pelo temas em si, seja pelo fato do marxismo ser um verdadeiro
continente. Nesse terreno é possível sim falar em uma unidade apresentada pelo corpo
teórico do legado de Marx, mas uma unidade na diversidade, visto que tanto hoje como
ontem “não existe um único marxismo, mas sim muitos marxismos, freqüentemente
empenhados [...] em ásperas polêmicas internas a ponto de negarem uns aos outros o
direito de se declararem marxistas” (HOBSBAWM, 1983, p.14).
Nesse texto, um tanto esquemático e de natureza meramente didática, o
objetivo não é abordar o conjunto das questões que envolvem o debate sobre o Estado
nos quadros teóricos marxianos (ou seja, de Marx) ou do próprio marxismo (ou seja, as
obras dos comentadores e dos que tem como referência essa tradição). O interesse é
bem mais modesto e envolve duas proposições centrais:
a) identificar o cerne da crítica marxiana sobre o Estado;
b) sublinhar as contribuições de Karl Marx para a compreensão do Estado e da
sociedade moderna;
Essas duas proposições compõem a seqüência das reflexões a seguir e para as
quais me valho, em larga medida, das elaborações de: KARL MARX, NORBERTO
BOBBIO e RUY FAUSTO. Devido à finalidade do texto, as citações são eventualmente
longas, pois o interesse é reforçar a posição dos autores em torno da matéria estudada.
Feitas essas considerações, sigamos em frente.

II

Uma questão relativamente tranqüila entre os estudiosos é a de que quem


procurar uma publicação de Marx específica sobre o tema do Estado, ou mesmo uma
seção de alguma de suas obras centrais na qual desenvolva mais longamente o tema, não
irá encontrar nada.

Como se sabe, Marx não escreveu nenhuma obra de teoria do


Estado em sentido estrito, ainda que sua primeira obra de fôlego,
que ficou alias incompleta e permaneceu por quase um século
inédita (escrita em 1843, foi publicada pela primeira vez em 1927),
fosse um comentário e uma crítica, parágrafo por parágrafo, de uma
parte expressiva da seção referente ao Estado da Filosofia do
direito de Hegel (obra conhecida como Crítica à filosofia do direito
de Hegel), e ainda que na obra imediatamente sucessiva – que ficou
conhecida com o título de Manuscritos econômico-filosóficos de
1844 e também permaneceu incompleta e inédita – tivesse
anunciado nas primeiras linhas do ‘prefácio’ que pretendia
apresentar, uma após outra em ensaios diferentes e independentes, a
crítica do direito, da moral e da política. (BOBBIO, 2006, p.150)

No entendimento de Bobbio, para compreender o Estado no pensamento de


Karl Marx é preciso recorrer a um conjunto de obras esparsas, pois que nenhuma delas
abriga em particular essa problemática. Contudo, adverte que “também não existe obra
sua de que não se possam extrair, sobre este mesmo problema, passagens relevantes e
esclarecedoras” (BOBBIO, 2006, p.151).
Ao abordar a problemática do Estado em Marx, Bobbio sublinha a
originalidade da inversão que este operou nos modos de conceber a relação entre
sociedade civil e Estado predominantes entre os pensadores de sua época e dos que o
precederam, Hobbes, Locke... No contraponto com toda essa tradição, notem que de
subestrutura ou de estrutura da qual derivam os demais constitutivos (família,
sociedade...), o Estado passa a superestrutura da sociedade.
Vejamos então as observações de Norberto Bobbio sobre essa questão:

A inversão da relação entre sociedade civil e Estado, realizada por


Marx com respeito à filosofia política de Hegel, representa uma
verdadeira ruptura com toda a tradição da filosofia política
moderna. Ao passo que esta tende a ver na sociedade pré-estatal
(quer seja esta o estado da natureza de Hobbes, ou a sociedade
natural de Locke, ou o estado de natureza ou primitivo do Rousseau
do Contrato social...) uma subestrutura, real mas efêmera,
destinada à ser resolvida na estrutura do Estado na qual somente o
homem pode levar uma vida racional e destinada, portanto,
desaparecer total ou parcialmente uma vez constituído o Estado,
Marx em vez disso considera o Estado – entendido como conjunto
das instituições políticas, na qual se concentra a máxima força
imponível e disponível em uma determinada sociedade – pura e
simplesmente como uma superestrutura com respeito à sociedade
pré-estatal, que é o lugar onde se formam e se desenvolvem as
relações materiais de existência, e enquanto superestrutura como
algo destinado a desaparecer na futura sociedade sem classes. Ao
passo que a filosofia da história dos escritores anteriores a Hegel (e
com particular força no próprio Hegel) caminha para um
aperfeiçoamento sempre maior do Estado, a filosofia da história de
Marx caminha, ao contrário, para a extinção do Estado. (idem,
p.155, grifos meus)

Simplificando o que foi dito anteriormente, isso significa que o raciocínio


segue o seguinte caminho:

SOCIEDADE » lócus da subestrutura que se expressa no » ESTADO

SOCIEDADE » lócus da estrutura que se expressa no » ESTADO

Marx abre e segue o segundo caminho anteriormente assinalado. Desde o


princípio ele considerava o Estado como expressão de relações sociais. Mas o que

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explica essa diferença entre a compreensão da relação entre Estado e sociedade
desenvolvida por Marx e a dos demais autores? Senão vejamos.
Acompanhemos a diferença entre os modos de se compreender o que é
característico do humano presente em um grande nome como René Descartes –
relembremos uma de suas sentenças mais célebres: Cogito ergo sum, “Penso, logo
existo”. Aqui a existência humana se enlaça à propriedade do pensamento, dito de outro
modo, o pensamento “explica” o humano.
Na lógica que preside as reflexões marxianas o raciocínio é diferente: a base é
dada pela ação humana. Para compreender melhor relembremos um trecho de uma de
suas obras mais conhecidas, A ideologia alemã: “Podemos distinguir os homens dos
animais pela consciência, pela religião, por tudo o que se quiser. Mas eles começam a
distinguir-se dos animais assim que começam a produzir seus meios de vida...” (MARX
& ENGELS, 1990, p.15). O que significa isso? Em uma palavra: que a explicação para
os fenômenos sociais passa a ser buscada no histórico processo de produção/reprodução
que, individual e coletivamente, homens e mulheres realizam em sociedade.
Pois bem, se tal premissa baliza o pensamento de Marx, então é razoável
imaginar que o Estado não será algo “fora” do quadro social, mas algo que se expressa
dentro de determinadas relações sociais e contexto histórico. Assim, quem ler o famoso
Manifesto Comunista de 1848 encontrará que

com o estabelecimento da indústria moderna e do mercado


mundial, [a burguesia] conquistou para si própria, no Estado
representativo moderno, autoridade política exclusiva. O poder
executivo do Estado moderno não passa de um comitê para
gerenciar os assuntos comuns de toda a burguesia. (MARX &
ENGELS, 1998, p.12)

Do mesmo modo, quem procurar na obra A ideologia alemã, encontrará Marx


e Engels explicando que determinados indivíduos “trabalham produtivamente de
determinado modo”, que isto implica “determinadas relações sociais e políticas” que
não estão seccionadas da produção: “estrutura social e o Estado decorrem
constantemente do processo de vida de determinados indivíduos” (MARX & ENGELS,
1990, p,21). Os autores mais adiante dizem ainda mais, sublinhando a aparência que
reveste as relações sociais e a figura do Estado, visto que é pela

contradição do interesse particular e do interesse comunitário que o


interesse comunitário assume uma forma autônoma como Estado,
separado dos interesses reais dos indivíduos e do todo, e ao mesmo
tempo como comunidade ilusória, mas sempre sobre uma base
real... .(idem, p. 37)

Vale comentar esse trecho: notem que existem diferentes interesses no quadro
de uma sociedade, “contradição do interesse particular e do interesse comunitário”, que
o Estado parece se desprender dos laços diretos com os indivíduos, ”assume uma forma
autônoma separado dos interesses reais dos indivíduos e do todo”, mas o Estado tem sua
base na própria realidade social, por isso está assentado “sobre uma base real”.

Pois bem, continuemos. Para a compreensão do pensamento de Marx sobre o


Estado, uma passagem de certo modo canônica é o Prefácio à crítica da economia
política. O texto, escrito em 1859, permite identificar bem o modo como Marx apreende

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o Estado não a partir dele mesmo, mas como algo derivado das relações sociais. Segue o
texto de Marx:

Minha investigação desembocou no seguinte resultado: relações


jurídicas, tais como formas de Estado, não podem ser
compreendidas nem a partir de si mesmas, nem a partir do assim
chamado desenvolvimento geral do espírito humano, mas, pelo
contrário, elas se enraízam nas relações materiais de vida, cuja
totalidade foi resumida por Hegel sob a denominação de “sociedade
civil” (Bürgerliche Gesellschaft), seguindo os ingleses e franceses
do século XVIII, mas que a anatomia da sociedade burguesa
(Bürgerliche Gesellschaft), deve ser procurada na Economia
Política [...].

Marx segue explicando os resultados de seus estudos:

O resultado geral ao que cheguei e que, uma vez obtido, serviu-me


de fio condutor aos meus estudos, poder ser formulado em poucas
palavras: na produção social da própria vida, os homens contraem
relações determinadas, necessárias e independentes de sua vontade,
relações de produção estas que correspondem a uma etapa
determinada de desenvolvimento das suas forças produtivas
materiais. A totalidade dessas relações de produção forma a
estrutura econômica da sociedade, a base sobre a qual se levanta
uma superesturura jurídica e política, e à qual correspondem formas
sociais determinadas de consciência. O modo de produção da vida
material condiciona o processo em geral da vida social, político e
espiritual. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser,
mas, ao contrário, é o seu ser social que determina sua consciência.
(MARX, 1996, p.51-52)

Se se quiser destacar um dos grandes ganhos das elaborações de Marx ao


debate sobre o Estado, talvez o ponto principal esteja na demonstração do caráter de
classe do Estado. Em uma sociedade estruturalmente cindida entre classes e grupos
com interesses antagônicos, o Estado é a expressão de suas contradições, de seus
conflitos e disputas. Resta saber uma coisa: o que exatamente move essas contradições,
conflitos, disputas? Do que se está falando afinal?
Veremos a seguir que o cerne da questão está no modo de produção capitalista
e que ao abordarmos algumas de suas características é possível entender melhor o
próprio Estado.

III

Em O Capital, Marx estrutura uma formidável análise sobre a constituição do


capital (cujo movimento é histórico) e da própria sociedade capitalista. Ele observa um
quadro sócio-histórico com traços próprios (a burguesia, os trabalhadores, a força de
trabalho vendida e comprada, as relações entre proprietários e trabalhadores
juridicamente reguladas, as garantias à propriedade privada, o desenvolvimento da
grande indústria, etc.) e no qual aquilo que os homens e mulheres produzem tem cada
vez menos a ver com os interesses dos produtores diretos (um calçado para meu uso, por

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exemplo) e mais a ver com uma produção socialmente realizada (a fabricação de
calçados tendo em vista o mercado). O trabalho humano entra em um complexo
processo de produção e circulação de mercadorias e no qual, é importante reter isso, o
próprio trabalho (ou melhor, a força de trabalho) converte-se em mercadoria.
O dinheiro é a mercadoria que permite expressar o valor das outras, o dinheiro
é um equivalente geral. Marx explica que a forma dinheiro “é um cristal gerado
necessariamente pelo processo de troca, e que serve, de fato, para equiparar os
diferentes produtos do trabalho e, portanto, para convertê-los em mercadorias” (idem,
2006, p.111). Mas, vejam bem, essas mercadorias não entram em movimento sozinhas:
é a sociedade capitalista que oferece as bases para o impulso maior desse processo, a
sociedade capitalista “permite” novas relações sociais.

Não é com seus pés que as mercadorias vão ao mercado, nem se


trocam por decisão própria. Temos, portanto, de procurar seus
responsáveis, seus donos. As mercadorias são coisas; portanto,
inertes diante do homem. Se não é dócil, pode o homem empregar
força, em outras palavras, apoderar-se dela. Para relacionar esses
coisas umas com as outras, como mercadorias, têm seus
responsáveis de comportar-se, reciprocamente, como pessoa cuja
vontade reside nessas coisas, de modo que um só se aposse da
mercadoria do outro, através, portanto, de um ato voluntário
comum. É mister por isso que reconheçam, um no outro, a
qualidade de proprietário privado. Essa relação de direito, que tem
o contrato por forma, legalmente desenvolvida ou não, é uma
relação de vontade, em que se reflete a relação econômica. O
conteúdo da relação jurídica ou de vontade é dado pela própria
relação econômica. As pessoas, aqui, só existem, reciprocamente
na função de representantes de mercadorias e, portanto, de donos
de mercadorias. No curso de nossa investigação, veremos, em
geral, que os papéis econômicos desempenhados pelas pessoas
constituem apenas personificação das relações econômicas que elas
representam. (idem, p.109-110)

Em uma sociedade com tais características, uma sociedade que transforma


tudo em preços, tudo em mercadorias, Marx vaticina recorrendo a uma passagem
bíblica. A metáfora é curiosa e tem lá sua verdade:

Todos eles têm um mesmo desígnio, e entregarão sua força e seu


poder à besta. E que só possa comprar ou vender quem tiver o
sinal, a saber, o nome da besta ou o número do seu nome.
(Apocalipse)

Nesses termos, se seguirmos Marx, o mundo aberto com a modernidade e a


sociedade capitalista não foi um processo de progressivo desencantamento do mundo,
como queria o notável Max Weber, mas um processo desencantamento que é, ao mesmo
tempo, encantamento. Nas palavras do Filósofo Ruy Fausto, “O capitalismo é à sua
maneira um mundo encantado” (FAUSTO, 1997).
Bom, mas para compreendermos melhor o que foi dito no parágrafo anterior
vamos a seguir acompanhar um diálogo extraído de um filme clássico, Vinhas da ira,
um filme produzido em 1940 e que trata da relação entre os trabalhadores do campo nos

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Estados Unidos e a indústria agrícola. O referido diálogo se dá entre um agricultor
chamado Sr. Muley que, junto com a esposa e os filhos, espera com a espingarda em
mãos o funcionário de um banco que chega à sede de sua pequena propriedade. Isto por
volta do ano de 1920. O funcionário do banco é que inicia o diálogo:

Funcionário - Olha, o arrendamento não funciona mais e vocês terão que


desocupar as terras.

Muley - Desocupar... mas nós moramos aqui há 50 anos!

Funcionário - Eu não tenho nada a ver com isso. A dona da terra é a


Agropecuária Shawnee.

Muley - E quem são eles?

Funcionário - Ninguém, é uma companhia.

Muley - Deve ter um presidente, alguém que saiba o que é uma espingarda!

Funcionário - Não é culpa dele, o banco manda nele

Muley - Onde fica o banco?

Funcionário - Do que adiantaria ir atrás dele? Ele [o presidente do banco] é


só um funcionário que mal consegue dar conta de tudo o que lhe mandam
fazer

Filho de Muley - Então, em quem atiramos? – e a cena se encerra com o foco


na família e Muley mirando o horizonte.

Como se pode depreender do ilustrado acima, as relações sociais tornam-se


naturais, o que é histórico se cristaliza, o mercantil se expande, a desigualdade se
converte (e isto formalmente via jurídica) em igualdade1. Enfim, as pessoas se vêem
diante de forças que as dominam e as ultrapassam. Por isso, o Sr. Muley não sabe e
também não tem em quem atirar. O que permite a “guarda” do conjunto dessas relações
e processos? O que avaliza a manutenção de um quadro social como esse? Em uma
palavra, o Estado.
Em uma análise que confere primazia à lógica dialética, Fausto (1987) explica
que quando se investiga a obra O Capital é possível dizer que o Estado não está lá como
objeto desenvolvido, mas que as categorias e desenvolvimentos de O Capital
pressupõem (em sentido dialético) o Estado.
Fausto assinala que comumente os autores abordam e tentam examinar a
noção de Estado em Marx a partir do interesse ou das relações entre as classes, o que,
para o autor, é uma iniciativa não de todo incorreta, mas que não é rigorosa. A
proposição de Fausto (aqui apresentadas de modo muito parcial) é abordar o Estado a
partir da dialética de suas formas. Com base na lógica de exposição do livro I de O

1
Atenção, compreender que o Direito e a forma jurídica se expressam e se articulam a determinada forma
social é uma coisa, menosprezar o lugar e a importância do Direito e da forma jurídica é outra. Evitemos
simplificações.

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Capital, Fausto assinala momentos na relação entre Estado, sociedade e o modo de
produção capitalista. A proposição do autor desperta interesse, senão vejamos:

a) primeiro momento na lógica de exposição de O Capital – é o âmbito da


circulação simples (ou seja, o simples movimento da circulação das mercadorias), no
que os agentes da troca das mercadorias são indivíduos iguais e a troca se faz por
princípios de equivalência: “Tem-se face a face dois indivíduos, ambos proprietários de
uma mercadoria que obtiveram direta ou indiretamente através de seu trabalho e que
trocam segundo o princípio da equivalência” (FAUSTO, 1987, p.292);

b) segundo momento na lógica de exposição de O Capital – a igualdade se


dissipa: “todo traço da igualdade da apropriação e de equivalência desaparece. Quando
se considera o processo de produção como um movimento contínuo, a troca de
equivalentes se torna uma simples aparência e com ela a igualdade dos contratantes e a
apropriação pelo trabalho. A relação entre capitalista e trabalhador [...] vem a ser uma
relação de não equivalência entre desiguais, apropriação da riqueza não pelo trabalho
próprio mas pelo trabalho alheio. O ato pelo qual uma classe bomba a riqueza produzida
por uma outra classe” (idem).

Portanto, a relação vai da igualdade a não-igualdade entre os agentes, ou


melhor, vai da aparência da igualdade ao seu contrário, à sua essência: a não-igualdade
da relação. A relação entre os momentos é de contradição e as determinações do
aparente mudam de sinal para seu oposto (atenção: é importante não perder de vista que
Ruy Fausto faz constantemente uso de figuras dialéticas: aparência/essência,
distinção/identidade, posto/pressuposto, etc.).

Notem que no primeiro momento da lógica de exposição de O Capital há uma


relação de identidade entre os indivíduos e, em torno dessa aparência não há nem
mesmo conflito entre classes; no segundo momento temos exploração entre classes e
estas como opostos em conflito. O Estado é o guardião da identidade anteriormente
comentada A sentença de Fausto resume bem tudo isso: o “Estado guarda apenas o
momento da igualdade dos contratantes negando a desigualdade das classes, para que,
contraditoriamente, a igualdade dos contratantes seja negada e a desigualdade seja
posta” (idem, 1987, p.300).

***

A identificação da aparência da igualdade em um mundo efetivamente desigual (atente-


se: ao fundo existe a problemática das classes sociais) e o lugar que o Estado ocupa
nesse quadro social foi o objeto das discussões presentes neste texto. A compreensão do
referido processo foi uma das grandes contribuições da obra de Karl Marx. Uma obra
que, como todo grande empreendimento intelectual, tem seus pontos de avanço, seus
impasses e suas dificuldades. Todavia, decididamente, trata-se de uma obra que tem
lugar indelével nas ciências humanas e sociais.

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Referências

BOBBIO, Norberto. Nem com Marx, nem contra Marx. São Paulo: UNESP, 2006.

________________. Estado, governo, sociedade. Para uma teoria geral da política.


14ªed. São Paulo: Paz e Terra, 2007.

FAUSTO, Ruy. Marx: lógica e política – investigações para a reconstituição do sentido


da dialética (Tomo II). São Paulo: Brasiliense, 1987.

____________. Dialética marxista, dialética hegeliana: a produção capitalista como


circulação simples. São Paulo: Paz e Terra, 1997.

HOBSBAWM, Eric. História do marxismo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

MARX, Karl. Para a crítica da Economia Política. Coleção: Os pensadores. São


Paulo: Nova Cultural, 1996.

___________. Prefácio à crítica da Economia Política. Coleção: Os pensadores. São


Paulo: Nova Cultural, 1996

___________. O Capital: crítica da economia política. Livro primeiro, volume 1: o


processo de produção do capital. 23ªed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.

MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. São Paulo: Centauro, 1990.

_____________________________. Manifesto do partido comunista. São Paulo: Paz e


Terra, 1999.

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