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(2) Núcleo de Estudo e Pesquisa em Computação Aplicada - NEPCA, IMED, Brasil. E-mail:
fahad.kalil@imed.edu.br
Viabilidade da plataforma Arduino e do protocolo ZigBee na elaboração
de redes de sensores sem fio (RSSF)
Resumo: Redes de sensores sem fio são sistemas que tem por intuito interligar sensores em ambientes
diversos, através de dispositivos e tecnologias que facilitem no desenvolvimento dessas redes. Bluetooth,
Wi-Fi e ZigBee são exemplos de protocolos utilizados em redes sem fio. Raspberry Pi, LPC e Arduino,
por sua vez são exemplos de microcontroladores ou dispositivos embutidos com um microcontrolador.
ZigBee e Arduino são mais aconselháveis para utilização em redes de sensores sem fio, pois além das
duas tecnologias serem mais acessíveis, o Arduino é mais recomendado para prototipação e testes, e o
ZigBee é um protocolo bastante flexível e mais adaptável às redes de sensores sem fio (RSSF).O objetivo
deste trabalho foi analisar a viabilidade da plataforma Arduino e do protocolo ZigBee no
desenvolvimento de redes de sensores. Constatou-se que estas duas tecnologias estão entre as melhores
em suas categorias, por diversos aspectos, dentre os quais preço acessível e simplicidade.
Palavras-chave: Redes; Sensores; RSSF; Arduino; ZigBee.
Abstract: Wireless sensor networks are systems whose purpose interconnect sensors in different
environments, across devices and technologies that facilitate the development of these networks.
Bluetooth, Wi-Fi and ZigBee are examples of protocols used in wireless networks. Raspberry Pi, LPC
and Arduino in turn are examples of devices with embedded microcontrollers or a microcontroller.
ZigBee and Arduino are more desirable for use in wireless sensor networks, because besides the two
technologies are more affordable, the Arduino is more suitable for prototyping and testing, and the
ZigBee protocol is a very flexible and adaptable to wireless sensor networks (WSN). The aim of this study
was to analyze the feasibility of the Arduino platform and ZigBee protocol in sensor network
development. It was found that these two technologies are among the best in their categories, by several
aspects, among which affordability and simplicity.
Keywords: Networks; Sensors; WSN; Arduino; ZigBee.
1. INTRODUÇÃO
Redes de sensores sem fio (RSSF) são sistemas integrados geralmente compostos por centenas de
dispositivos, de forma que estes podem monitorar o ambiente por meio de sensores, como nos campos da
agricultura, saúde, esportes e segurança, por exemplo. Cada sensor no sistema é um nó na rede e pode
realizar esta coleta de dados ambientais que são transmitidos sem a necessidade de cabos para um nó
integrador que irá processá-los.
A plataforma Arduino provê diversos recursos e várias possibilidades de aplicação. Em um cenário com
redes de sensores, um dispositivo Arduino pode atuar como um roteador ou gateway para conexão com
uma base de dados ou um sistema de usuário, isto porque possui conectividade Ethernet, Wifi, Bluetooth
ou ainda ZigBee. Existem diversos tipos de sensores, com aplicabilidades ilimitadas, tais como medidores
de temperatura, luminosidade, presença, umidade entre outros. Todo sensor precisa estar acoplado a um
circuito, que através de uma rede sem fio vai enviar os sinais captados às bases de dados e aos servidores
do sistema. Para o estabelecimento de uma rede sem fio, é preciso uma determinada gama de
equipamentos, como sensores, microcontroladores e interfaces de rede compatíveis. Para tanto,
especificações de protocolos sem fio são apresentadas como: protocolo Bluetooth, que embora seja
simples é eficiente em curtas distâncias (até 10m) e Wi-Fi, que está presente em inúmeros equipamentos,
entretanto, torna-se cara para ser utilizada em uma rede de sensores.
Para suprir esta demanda por um protocolo eficiente em redes de sensores, existe o protocolo ZigBee,
que é compatível com Arduino e possui uma arquitetura bastante robusta com capacidade de gerencia de
outros nós e alcance de cerca de 100m. Portanto, a proposta desse trabalho é verificar, através de
levantamento bibliográfico, experimentos e comparação de trabalhos já realizados, se a plataforma
Arduino e o protocolo Zigbee são aplicáveis em testes, se atendem aos requisitos de projeto e se são
viáveis do ponto de vista financeiro para o desenvolvimento de redes de sensores.
Segundo (DOS SANTOS, 2007), devido às inovações de microprocessamento e sensoriamento que estão
surgindo, sistemas eletrônicos e digitais de comunicação sem fio estão sendo feitos com o uso de sensores
inteligentes em diversos campos do conhecimento. As redes de sensores sem fio (RSSF), também
conhecidas como Wireless Sensor Networks (WSN) não se enquadram nas categorias tradicionais de
redes de computadores. São caracterizadas por possuírem geralmente vários nós espalhados pela sua área
de abrangência, consumo de energia limitado, são autoconfiguráveis e possuem tolerância a falhas, como
problemas de comunicação e perda de nós. Uma RSSF tem autonomia e depende da cooperação de todos
os ativos da rede. Não existem muitos padrões definidos para esse tipo de rede, no entanto é consenso que
os principais requisitos de uma RSSF são baixa latência, limitações de energia, baixo custo, grande
número de dispositivos e baixa complexidade dos nós componentes. As principais tecnologias disponíveis
no mercado são o ZigBee, Wi-Fi, Bluetooth e UWB. Dentre estas, o padrão mais adequado atualmente
para uma RSSF é o ZigBee, pelos fatores de custo e consumo. A alta taxa de dados do UWB não é
necessária. A alta potência do Wi-Fi apresenta um consumo de energia maior, e o Bluetooth, mesmo
apresentando baixo custo, demora nas respostas das requisições, o que não é adequado na elaboração de
uma RSSF.
2.1. Arduino
Define-se como microcontrolador um componente dotado de microprocessador, memória e outros
elementos que variam conforme o objetivo de sua elaboração, tais como memórias secundárias e portas
de entrada e saída. A maioria dos equipamentos eletrônicos modernos é dotada de ao menos um
microcontrolador em seu interior. Temos como exemplo os eletrodomésticos, que necessitam desse
componente para execução de suas tarefas básicas. É vantajoso o uso de um microcontrolador como
Arduino pelo preço acessível e pelo baixo consumo de energia.
Além de microcontrolador, o Arduino é uma plataforma de prototipagem idealizada para que a partir dela
sejam desenvolvidos diversos projetos tecnológicos, científicos e artísticos. Pode ser utilizado de várias
maneiras, tanto por amadores quanto por profissionais; sua aplicabilidade é ilimitada, só possuindo como
limite a imaginação e a restrição de hardware, bastando um pouco ou mesmo nenhum conhecimento
técnico por parte do usuário.
Tecnicamente falando, trata-se de uma plataforma livre, em hardware e software, que possui como
atributo marcante a sua flexibilidade de uso, podendo auxiliar na educação ou para a criação de projetos
que envolvam tecnologia em algum aspecto. Por ser uma ferramenta simples, é recomendado o seu uso
em atividades escolares práticas, e para outros propósitos mais básicos. É possível também projetar
estruturas mais complexas com mais microcontroladores, e dispositivos mais robustos, nos quais o
Arduino atuaria como uma ferramenta auxiliar no processo. No entanto, para protótipos que não
necessitam de muitos componentes, basta um Arduino, já que provê boa capacidade de simulação e teste
de circuitos.
Para estudos ligados à agricultura e pecuária, o Arduino também possibilita experimentos em menores
proporções. Já existem projetos onde é possível regar a terra conforme a umidade do solo,
automaticamente, evitando a desidratação das plantas, com o Arduino no controle do processo. Muitas
ideias podem ser realizadas, tais como supervisionar temperatura, luminosidade e umidade do solo, para
controlar as plantações, regulando as ações de dispositivos agentes, conforme estímulos naturais e/ou
parâmetros definidos pelo desenvolvedor. Além da agricultura, existem muitas outras atividades que
podem ser facilitadas se utilizarmos o Arduino.
No entanto, o Arduino por si só não tem capacidade para agregar sistemas mais complexos. Sozinho ele
pode efetuar atividades simples e locais, porém, se houver a necessidade de construir um sistema que
envolva diversos componentes distantes uns dos outros a uma determinada distância, como uma RSSF, é
necessário acrescentar ao Arduino algum tipo de equipamento que esteja capacitado para efetuar tarefas
em rede. Por exemplo, no sistema já citado da Agricultura precisaríamos agregar mais algum tipo de
equipamento ao Arduino, que seja capaz de trabalhar em rede, então todos os componentes passariam por
um filtro que agregaria todas as informações coletadas, assim se obteria uma rede que tenha a capacidade
de integrar todos os componentes da fazenda, com o intuito de entregar um relatório final ao fazendeiro.
O Arduino é compatível com os diversos tipos de tecnologias disponíveis para o desenvolvimento de uma
RSSF: ZigBee, Wi-Fi e Bluetooth.
2.2. Bluetooth
Bluetooth é uma tecnologia criada pela Ericsson em 1994, sendo caracterizada como pessoal e de curta
distância (WPAN). Opera na frequência 2,4 GHz ISM. Dentre outros aspectos foi destinada para
substituir cabos de ligação, porém com altos níveis de segurança. Suas principais características são
robustez, baixo consumo e custo acessível, além de ser compatível com várias tecnologias. Dispositivos
podem se conectar formando redes limitadas a 8 nós, conhecidas como piconets, que podem se juntar a
estruturas maiores, chamadas scattemets. É atrativa para RSSF pelo fato de facilitar a formação de redes
ad-hoc, pois possui um protocolo MAC específico.
2.3. Wi-Fi
Wi-Fi significa Wireless Fidelity e é um termo genérico utilizado para se referir a padrões de rede IEEE
802.11 (802.11a, 802.11b, etc.). Seu suporte a uma largura de banda maior consome energia e preço
superiores, o que prejudica seu uso em RSSF. Wi-Fi pode ser tranquilamente utilizado para redes de
sensores sem fio. Porém, se formos compará-lo com outros protocolos, não é o mais recomendado, pelo
alto preço, consumo de banda e energia. Wi-Fi é indicado às aplicações que necessitem de transmissões
de áudio e vídeo.
2.5. ZigBee
Em 2004 foi definido o padrão ZigBee por uma aliança empresarial chamada "ZigBee Alliance". Este
padrão foi criado para permitir comunicação wireless com baixo consumo de energia, e, para aplicações
de monitoramento, baixa taxa de transmissão. Para estruturar as camadas de acesso ao meio e física, o
ZigBee utiliza a definição 802.15.4 que trabalha em bandas de frequências livres. Os rádios com o padrão
802.15.4 trabalham nas faixas 868 MHz na Europa, 915 MHz nos EUA e 2.4 GHz no resto do planeta.
Dependendo do cenário de aplicação, (DOS SANTOS, 2007) afirma que as interferências internas dos
nós podem diminuir o desempenho geral da rede, prejudicando o uso em casos como automação e
controle. O estudo da vazão em vários níveis de taxa e frequência comprova o que a velocidade e a
quantidade de nós influenciam na qualidade do serviço dessas redes. A Figura 1 compara o padrão
ZigBee com as demais tecnologias de redes sem fio.
Recomendam-se os recursos e especificações do padrão ZigBee para tipos específicos de aplicações como
automações predial, residencial e industrial, etc., que não necessitam de alta taxa de dados, mas de pouca
demora nas requisições e confiabilidade. As taxas medidas são menores que as expostas e dependem de
vários fatores: topologia, taxa de envio de dados, escalabilidade, etc. Apesar dessas aplicações não
precisarem de elevadas taxa de dados, cada aplicação tem de trabalhar com uma taxa mínima, sendo
assim importante termos como referencial diferentes cenários e seus limites, baseados nos valores de
velocidade e na taxa de transferência.
Figura 1 – Comparação entre os principais padrões de redes sem fio. Fonte: Hearst Electronic Products (2013).
2.5.1. Xbee
Shields são dispositivos que permitem que novas características sejam anexadas ao Arduino. São
acessórios expansíveis, por assim dizer, integram fisicamente as mais diversas tecnologias à plataforma,
como Ethernet, Bluetooth e Wi-Fi. Shields são placas com posicionamento específico de pinos, podendo
assim serem conectados em cima do Arduino estendendo as suas capacidades. Os shields seguem a
mesma filosofia do Arduino: são fáceis de montar e baratos de produzir. Inclusive o Xbee pode ser
anexado ao Arduino através de uma shield.
Um exemplo de tecnologia Zigbee é o módulo Xbee, que utiliza o protocolo Zigbee embutido no seu
microcontrolador e possibilita a utilização do protocolo nas mais variadas aplicações e projetos, sendo
utilizado como transmissor e receptor de dados. O Xbee é fabricado pela Digi, que fabrica componentes
de comunicação sem fio, sendo um módulo que possibilita aos desenvolvedores que façam as
modificações que entenderem como necessárias para a comunicação entre os diversos dispositivos da
rede, desde que usem o padrão disponibilizado pelo fabricante do componente, para que não hajam
problemas de incompatibilidade durante a elaboração do projeto. A única diferença entre os módulo
existentes é a potência de transmissão, que variam conforme o objetivo da utilização, principalmente em
aspectos como necessidade de baixa latência, para aplicações que exigem alta velocidade nas respostas
das requisições. O trabalho de (FARIAS, 2013) descreve os módulos Xbee como possuidores de vários
pinos de entrada e saída que podem atuar tanto como leitores quanto como acionadores (input/output),
que efetuam a conexão do módulo com o ambiente externo, como o intuído da efetuar o trabalho para o
qual foram anexados ao projeto em que estiverem sendo utilizados. Em redes Zigbee, são estruturadas em
frames todas as mensagens que transitam no sistema. O formato dos dados que são enviados na
comunicação entre os dispositivos Xbee é definido por uma API própria que gerencia os módulos através
por outros programas e dispositivos utilizados no desenvolvimento do cenário, como por exemplo, com o
Arduino.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Efetuando levantamento bibliográfico sobre o tema a fim de avaliar as tecnologias mais viáveis no
desenvolvimento de redes de sensores sem fio (RSSF), este trabalho buscou determinar qual o melhor
protocolo de comunicação sem fio para essas redes, bem como verificar qual seria o melhor
microcontrolador para implementar em sistemas como estes. Buscou-se base em artigos científicos que
realizaram experiências e comparações para determinação das vantagens e desvantagens em relação às
tecnologias envolvidas no tema estudado. Ponderando-se os fatos apresentados, constatou-se que mesmo
que Wi-Fi e Bluetooth sejam tecnologias que também tem pontos positivos na utilização em redes de
sensores, o protocolo ZigBee (principalmente através do módulo Xbee) acaba sendo mais vantajoso e
mais viável pelo fato de pouco consumo de energia e por ter um protocolo específico para utilização em
redes RSSF. Em relação ao microcontrolador, o Arduino é o mais aconselhável para iniciantes, além de se
mais prático na prototipação do projeto, pelo fato de possuir em si os elementos básicos para conexão
com diversas outras tecnologias. Em trabalhos futuros pretende-se implementar na prática uma pequena
rede RSSF, com o intuído de avaliar o desempenho real das tecnologias ZigBee e Arduino.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DOS SANTOS, Sergio Torres. Redes de sensores sem fio em monitoramento e controle. 2007. Tese de
Doutorado. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO. UFRJ, 2007.
FARIAS, Tales. Utilização da plataforma Arduino e protocolo Zigbee para implementação de telemetria
tolerante a falhas. Passo Fundo: IMED, 2013.
D’AVILA, Márcio Rosa. Implementação de aspectos sustentáveis em habitações de interesse social. In:
Congresso Internacional de Sustentabilidade e Habitação de Interesse Social. Porto Alegre, de 04 a 07
de maio, 2010.
KLEINSCHMIDT, João Henrique; PELLENZ, Marcelo E.; LIMA JR, L. A. P. Uma aplicação de redes
de sensores usando Bluetooth. In: XXI Brazilian Telecommunications Symposium, Belém, Brasil.
2004.
DA CONCEIÇÃO JÚNIOR, André Lisboa. Rede sem Fio: Estudo Comparativo dos Protocolos Bluetooth
e ZigBee aplicados em Ambientes Industriais.
SILVA, MARCEL S.; FRUETT, FABIANO. Rede de sensores sem fio de baixo custo para
monitoramento ambiental. In: Anais: XVIII Congresso Brasileiro de Automática. Bonito. 2010.