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PEDIDO DE LIMINAR/URGÊNCIA
PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA
1
em face de FACEBOOK SERVICOS ONLINE DO BRASIL LTDA., pessoa jurídica de
direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o n.º 13.347.016/0001-17, com sede na cidade
de São Paulo, Estado de São Paulo, na rua Leopoldo Couto de Magalhães Júnior, nº
700, andar 1 parte andar 5 andar 6 andar 15 parte, Itaim Bibi, CEP 04.542-000, pelos
fatos e fundamentos que passam a expor.
DA GRATUIDADE PROCESSUAL:
DA LEGITIMIDADE ATIVA:
2
sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral
até o quarto grau.
A regra contida no art. 226, § 3º, da CRFB, quando trata da união estável entre
homem-mulher, também deve ter plena aplicação às relações homoafetivas.
3
Nesse sentido, inclusive, enunciado 275 da IV Jornada de Direito Civil do
CJF:
DA LEGITIMIDADE PASSIVA:
DO SEGREDO DE JUSTIÇA:
DOS FATOS:
4
As autoras são irmã e companheira, respectivamente, de Marielle Francisco da
Silva, conhecida como Marielle Franco, assassinada no último dia 14 de março.
1 Fake news, tradução livre de notícias falsas, da expressão em inglês, é um termo utilizado para retratar a
publicação deliberada de desinformações, mentiras ou boatos, seja em via impressa, na televisão, no rádio,
nas mídias sociais e na internet em geral. Em todos os casos, a intenção é levar o leitor incauto a erro e criar
a roupagem de veracidade sobre fato falso e criminoso.
2 São mensagens que promovem o ódio e incitação à discriminação,à hostilidade e à violência contra uma
pessoa ou grupo em virtude de raça, religião, nacionalidade, orientação sexual, gênero, condição física ou
outra característica. Destacam-se algumas matérias que apuraram o caráter anti democrático e
nocivo dos discursos de ódio, disponível em:
<http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/o-discurso-de-odio/> e
<https://oglobo.globo.com/sociedade/brasil-cultiva-discurso-de-odio-nas-redes-sociais-mostra- pesquisa-
19841017>.
5
receber tais denúncias e este endereço eletrônico foi amplamente divulgado na mídia
em geral3.
Por ora, já foi possível mapear os links em anexo com conteúdos criminosos,
falsos, discursos de ódio e atentatórios à dignidade, honra e memória de Marielle
Francisco da Silva, sem prejuízo de outros que venham a ser indicados. Destaca-se
que após o anúncio de que as autoras ingressariam com a medida judicial cabível para
proteger a honra e a memória de Marielle Franco, diversas publicações do rol dos
denunciados pelos 18 mil e-mails já foram excluídos.
6
primeiras matérias que criou o boato da ligação de Marielle Franco com “bandidos”. Veja-
se:
(Grifos nossos).
7
O movimento coletivo de reação às informações falsas
espalhadas pelas redes sociais e por aplicativos contra a
vereadora Marielle Franco, assassinada a tiros na última
quarta-feira, não tem precedentes na internet brasileira,
afirmaram especialistas ouvidos ontem pelo GLOBO. O
fenômeno desencadeou ainda uma série de iniciativas que
visam também a exigir punição jurídica contra os
responsáveis pelas fake news. Concentrada num escritório
de advocacia carioca, uma força-tarefa criada para reunir
provas contra pessoas ou grupos que espalharam as
calúnias já contabilizou 16 mil e-mails com denúncias.
(...)
- Analiso a opinião pública digital há 11 anos, e nunca vi
uma reação tão forte em defesa de alguém. É a mais
estruturada contra uma notícia falsa e difamação que já
vimos - afirmou Manoel Fernandes, diretor da Bites,
consultoria que faz análise de dados transmitidos na
internet. - E acho que aí tem um aprendizado muito
importante para a sociedade: é possível reagir.
(Grifos nossos).
8
população está atenta e se opõe à divulgação de notícias falsas e discursos de ódio, já
que qualquer um pode ser vítima.
O caso de Marielle Franco deu maior visibilidade a um ranço que deve ser
combatido. A internet não é e não pode ser tratada como “terra sem lei”, tanto que os
debates acerca de suas limitações e ponderações de interesses originou o Marco Civil
da Internet, Lei Federal nº 12.965, de 23 de abril de 2014. Muitos paradigmas ainda
precisam ser regulados e a visibilidade que o presente caso teve na mídia mostrou o
quão danosa essa agressão invisível pode ser.
Com o passar dos dias, surgem novas análises do maior caso de repercussão
de fake news. Na matéria do jornal O Globo “Como ganhou corpo a onda de ‘fake
news’ sobre Marielle Franco”6, Fábio Malini, pesquisador entrevistado, afirma que
Estes fatos abriram um flanco para que o Poder Judiciário seja o pioneiro na
garantia de direitos fundamentais das pessoas que têm sua dignidade humana afrontada e,
como no caso em tela, das pessoas já falecidas que têm sua memória e honra igualmente
afrontadas, já que existe tutela jurídica dos direitos da personalidade da pessoa morta. E
as autoras, na qualidade de irmã e ex-companheira, são legitimadas para requerer essa
tutela jurídica.
6 Disponível em : <https://oglobo.globo.com/rio/como-ganhou-corpo-onda-de-fake-news-sobre-marielle-
franco-22518202>. Acesso em 23 de março.
9
DOS FUNDAMENTOS:
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Os links com publicações acima mencionados têm conteúdo ilícito, pois atentam
contra a dignidade e honra da Vereadora Marielle Franco, porque foram publicados e
compartilhados contendo crime contra a honra e violação ao direito da personalidade
de pessoa morta, causado grande dano e transtorno às autoras e toda da sua família.
11
É importante mencionar que os discursos divulgados nas publicações realizada
por usuários do Facebook, que ora se atacam, são incompatíveis com o respeito à
dignidade da pessoa humana de Marielle Franco, e não estão protegidos pela liberdade
de expressão, pois extrapola os limites deste direito fundamental, caracterizando-se
como caluniosos e como um discurso de ódio, por verdadeira afronta à dignidade da
pessoa humana, prevista no art. 1º, III, da Constituição da República. Este
entendimento foi sustentado pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 4274:
12
limites ao seu exercício. Com isso, o chamado hate speech
(consistente nas manifestações de pensamento ilimitadas,
contendo declarações de ódio, desprezo ou intolerância,
normalmente atreladas à etnia, religião, gênero ou
orientação sexual) não é permitido pelo sistema jurídico
brasileiro. Até porque a Constituição não vedou, tão só, ao
poder público a prática de atos discriminatórios, impondo,
por igual, a todo e qualquer cidadão ou pessoa jurídica tal
conduta. Por isso, impor limites à liberdade de expressão é
manter acesa a luz contra o preconceito e a intolerância –
que atingem, em especial, às minorias sociais, étnicas e
econômicas. (Curso de Direito Civil. Volume 1. Parte Geral e
LINDB. 12º edição. 2014. Salvador. Pág. 181 e 182).
7 Essa também é a conclusão de DANIEL SOLOVE. Para o autor, a Seção 230 do Communications Decency
Act deveria ser reformada: “Além de falhar na proteção adequada da privacidade, a lei superprotege a
liberdade de expressão. Particularmente, o CDA § 230 promove uma cultura de irresponsabilidade quando se
trata da liberdade de expressão online.”SOLOVE, Daniel. Speech, privacy and reputation on the Internet. in
LEVMORE, Saul; NUSSBAUM, Martha. The offensive Internet. Cambridge: Harvard University Press, 2010. p.
23. Tradução livre. Apud LONGHI, João Victor Rozatti. Marco civil da Internet no Brasil: breves
considerações sobre seus fundamentos, princípios e análise crítica do regime de responsabilidade civil dos
provedores.. In: MARTINS, Guilherme Magalhães. (Org.). DIREITO PRIVADO E INTERNET: Atualizado pela
Lei no 12.965/2014 (Marco Civil da Internet no Brasil). 1ed.: , 2014, v. , p. 109 e ss.
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A conduta dos selecionados perfis se torna mais lesiva, pois as notícias
inventadas e distorcidas, divulgadas no Facebook, estimulam o compartilhamento
massivo de informações falsas para todo o sempre, a respeito da pessoa
indevidamente retratada e que, muitas vezes, é de difícil reparação. Ademais não se
pode deixar de salientar que a empresa ré possui grande lucratividade com esses
perfis que possuem diversos seguidores e compartilhamentos.
É necessário dar um basta nisso. A internet não pode ser uma “terra sem lei”,
onde as pessoas “acham” que podem fazer o que bem entender e não serão punidas.
14
As publicações veiculados no Facebook, no conjunto, configuram crime contra a
honra de Marielle Franco, conforme destacado acima, pelas ofensas ali perpetradas,
por terem cunho que maculam a sua figura como pessoa, sendo o seu direito
resguardado no art. 5º, incisos V e X da CRFB8, devendo os agentes ser
responsabilizados pelos seus atos, criminal e civilmente. Destaca-se que a notícia de
crime já foi apresentada na Delegacia de Repressão a Crimes de Informática, conforme
noticiado em mídias de grande circulação9.
8 Constituição da República - Fundamento da República. art. 1º, III - a dignidade da pessoa humana; e art.
5º, V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material,
moral ou à imagem; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
10 Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o provedor de
aplicações de internet somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo
gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências para, no âmbito e nos
limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como
infringente, ressalvadas as disposições legais em contrário.
§ 1o A ordem judicial de que trata o caput deverá conter, sob pena de nulidade, identificação clara e
específica do conteúdo apontado como infringente, que permita a localização inequívoca do material.
§ 2o A aplicação do disposto neste artigo para infrações a direitos de autor ou a direitos conexos depende
de previsão legal específica, que deverá respeitar a liberdade de expressão e demais garantias previstas
no art. 5oda Constituição Federal.
§ 3o As causas que versem sobre ressarcimento por danos decorrentes de conteúdos disponibilizados na
internet relacionados à honra, à reputação ou a direitos de personalidade, bem como sobre a
indisponibilização desses conteúdos por provedores de aplicações de internet, poderão ser apresentadas
perante os juizados especiais.
§ 4o O juiz, inclusive no procedimento previsto no § 3o, poderá antecipar, total ou parcialmente, os efeitos
da tutela pretendida no pedido inicial, existindo prova inequívoca do fato e considerado o interesse da
coletividade na disponibilização do conteúdo na internet, desde que presentes os requisitos de
verossimilhança da alegação do autor e de fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação.
15
Do marco civil da internet e dos tratados internacionais que o Brasil é signatário.
11 A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), foi adotada pela Organização das Nações Unidas
em 10 de dezembro de 1948.
16
A proteção ao direito à privacidade dos indivíduos também foi garantida na
Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969. O artigo 11, item 2 e 312, explicitou a
proibição de ofensas ilegais à honra e reputação dos indivíduos, garantia que é igualmente
mencionada no Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos.
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Facebook é a maior rede social em todo o mundo, com 1,4 bilhão de usuários ativos
diários, em média, para dezembro de 2017 e com 2,13 bilhões de usuários ativos mensais
em 31 de dezembro de 2017, segundo informações da própria empresa14.
Portanto, Facebook tem acesso aos dados pessoais das contas de pessoas que
têm perfil ou página pública e publicaram comentários, vídeos ou compartilharam
discurso de ódio, fake news e conteúdos contra a honra de Marielle Franco. Desta
forma, é lícito requerer, por meio de ordem judicial, que a empresa seja obrigada a
fornecer os registros de conexão ou os registros de acesso a aplicações de internet,
para que as autoras formem um conjunto probatório para futuro processo judicial cível e
penal, que ajuizará em face dos responsáveis pela publicação dos vídeos e conteúdos
falsos e ilícitos, como autoriza o art. 22, da Lei nº 12.965/2014.
15 Os cookies são usados para armazenar e receber identificadores e outras informações em computadores,
telefones e outros dispositivos. Os cookies ajudam o Facebook a prestar, proteger e aprimorar seus Serviços,
seja personalizando conteúdo e anúncios, medindo anúncios ou viabilizando uma experiência mais segura.
18
É responsabilidade da parte ré em retirar do ar, no prazo de 24 horas, todas as
publicações que ora se notifica, sob pena de configuração do direito à reparação,
previsto no art. 19, da Lei nº 12.965/2014.
19
Assim, existe viabilidade técnica a ensejar a ordem judicial para que a parte ré
se abstenha de publicar e compartilhar conteúdos criminosos e que violam o direito a
personalidade de Marielle Franco, impulsionar conteúdos sabidamente inverídicos e
pode deletar os perfis identificados como falsos. A título de argumentação, o marco civil
da internet, Lei nº 12.965/2014, já prevê no seu art. 21 que:
Na prática, o Facebook pode criar filtros com as imagens abaixo, para bloquear
novas postagens e retirar do ar as já existentes. Portanto, ao Facebook pode ser
ordenado para que não permita a publicação ou a republicação e o compartilhamento
de conteúdos criminosos, sabidamente inverídicos e atentatórios à honra e dignidade
da Vereadora Marielle Franco, sem a necessidade de prévia notificação, como se
visualiza abaixo, sem prejuízo de outros que venham a ser indicados (Prints de
compartilhamentos - DOC. 1):
20
21
22
23
24
Ademais, dentre os perfis indicados no documento anexo a esta exordial, requer-
se que o Facebook certifique quais perfis são verdadeiros e que garanta que os falsos
sejam excluídos de sua plataforma.
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Sem prejuízo da análise dos perfis pessoais do documento anexo, observa-se as
seguintes páginas públicas que compartilharam estes posts, acima mencionados,
repercutindo, com maior visibilidade devido ao número de seguidores, o conteúdo
criminoso, sabidamente inverídico e atentatório à honra, dignidade e memória da
Vereadora Marielle Franco. São as seguintes páginas públicas e algumas de suas
publicações, sem prejuízo de outras que venham a ser indicadas (Prints - DOC. 2):
Operacionais - https://www.facebook.com/Operacionais/posts/1794057390633432
Olavo de Carvalho
https://www.facebook.com/noticiasepoliticas/
https://www.facebook.com/noticiasepoliticas/photos/a.440726992695817.10737418
30.160506607384525/1336639159771258/?type=3&theater
Contraponto - https://www.facebook.com/Contraponto-1581486635444108/
https://www.facebook.com/permalink.php?
story_fbid=2218941628365269&id=1581486635444108&pnref=story
Anti-PT - https://www.facebook.com/PartidoAntiPT/
https://www.facebook.com/PartidoAntiPT/photos/a.1657750364446220.107374183
1.1646635912224332/2046027292285190/?type=3&theater
26
https://www.facebook.com/movimentocuritbacontracorrupcao/photos/a.4314404470
44582.1073741830.414795185375775/769346813253942/?type=3&theater
De outro norte, entende-se que o Facebook já deveria ter feito esse filtro e
retirado todas as publicações caluniosos e de incitação ao ódio de MARIELLE
FRANCO desde que tomou conhecimento, a partir do dia 17/03/2018, tendo em vista a
ampla e maciça divulgação nas redes sociais, jornais de grande circulação, programas
televisivos e telejornais. O tema foi maciçamente debatido e amplamente divulgado.
Tanto que após as análises apresentadas na reportagem “Como ganhou corpo a onda
de ‘fake news’ sobre Marielle Franco”16, no jornal O Globo, que estudou o rastro da
campanha de fake news atentatória contra a honra e memória da Vereadora Marielle
Franco apontou que
16 Disponível em : <https://oglobo.globo.com/rio/como-ganhou-corpo-onda-de-fake-news-sobre-marielle-
franco-22518202>. Acesso em 23 de março.
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tweets relacionando Marielle ao traficante Marcinho VP e à
facção Comando Vermelho. Quatro horas mais tarde, o site
Ceticismo Político publicou um texto que teve papel
fundamental na disseminação das falsas acusações. O link foi
divulgado no Facebook, e, pouco depois, o Movimento
Brasil Livre (MBL) replicou a mensagem, ampliando ainda
mais a repercussão.
(Grifos nossos).
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informe os IPs e usuários responsáveis pela criação da página e pela publicação dos
referidos conteúdos e, ainda, se as publicações atentatórias à honra de Marielle Franco
foram patrocinadas e/ou impulsionadas e por quem.
No mesmo dia 24, foi publicado o texto de Luciano Ayan, pseudônimo de Carlos
Augusto de Moraes Afonso, e este mesmo assumiu em publicação no link:
<https://www.ceticismopolitico.org/carta-aberta-de-luciano-ayan-aos-leitores/>18, cuja
Carta Aberta (DOC ANEXO), que
18 Acesso em 25 de março.
29
a desenvolver um método para a guerra política. Sinto dizer
aos meus oponentes: o método funciona que é uma beleza.
Ocorre que mesmo após a maciça divulgação dos conteúdos falsos, criminosos
e atentatórios à honra e memória de Marielle Franco, a empresa omitiu-se e continua
inerte, trazendo grande mal e transtornos para as autoras e todos da família de Marielle
Franco, necessitando recorrer ao judiciário, para que vejam todas as publicações
sabidamente inverídicas deletadas, já que não estão protegidas pela liberdade de
expressão, por serem atentatórias à dignidade da pessoa humana, fundamento da
República Brasileira.
30
pelo jornal O Globo19, houveram 361.005 compartilhamentos na mesma rede social
apenas em 5 dias. A título de ilustração, dependendo da notícia veiculada, pode-se
levar o assassinato de pessoas inocentes como foi o caso do linchamento da dona de
casa Fabiane Maria de Jesus, que morreu no dia 05/05/2014, após ter sido espancada
por dezenas de moradores de Guarujá/SP, devido um boato gerado por uma página em
uma rede social que afirmava que a dona de casa sequestrava crianças para utilizá-las
em rituais de magia negra20.
É necessário por um fim nisso. Não se pode fechar os olhos para esse tipo de
impunidade.
19 Na já mencionada matéria “Como ganhou corpo a onda de ‘fake news’ sobre Marielle Franco”, dicponível
em: <https://oglobo.globo.com/rio/como-ganhou-corpo-onda-de-fake-news-sobre-marielle-franco-22518202>.
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horas, a retirada do conteúdo abaixo relacionado,
publicado em sua plataforma YOUTUBE, sob pena de
multa diária de R$ 1.000,00 (um mil reais), sem prejuízo da
responsabilização pelos danos advindos da manutenção
indevida dos links, em descumprimento a esta decisão. Com
relação a novas postagens exclusivas da plataforma
YOUTUBE e que possam vir a ser identificadas como
ofensivas à honra e à memória de MARIELLE, deverá o réu
promover sua retirada no prazo de 48 horas da sua
notificação, que poderá se dar através de intimação nestes
autos ou por comunicação formal dos patronos das autoras,
com a devida discriminação do link, sem prejuízo da
vigilância que deve exercer sobre o conteúdo que expõe
em suas plataformas de atuação.
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Sobre o informado pelo Facebook no caso julgado perante o STJ vale destacar as
peculiaridades do caso concreto e da não aplicação do precedente do Tribunal da
Cidadania:
Desta forma, reitera-se, as autoras requerem que o Facebook seja obrigado a não
publicar conteúdos sabidamente que violem a dignidade de Marielle Francisco da Silva,
conhecida como Marielle Franco, e notificam a empresa para que não o faça, sob pena de
responsabilidade subsidiária.
Como já ressaltado acima, Facebook faz análise de dados dos seus usuários
para publicidade dirigida. Inclusive, recebe patrocínio para impulsionar páginas públicas
e publicações, possivelmente tendo recebido para impulsionar páginas que publicaram
e compartilharam conteúdos que desonram a Vereadora Marielle Franco, que ora se
combate. Quanto o Facebook lucrou nos dez dias por manter tais publicações ativas??
22 Após vazamento de dados, Facebook sofre cerco político e econômico. Disponível em:
<https://oglobo.globo.com/mundo/apos-vazamento-de-dados-facebook-sofre-cerco-politico-economico-
2251036>. Acesso em 21 de março.
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É certo que manter tais páginas e o risco de mantê-las é lucrativo, pois, até o presente
momento não se houve punição.
Por fim, destaca-se a falsidade dos perfis Luciano Ayan e Luciano Henrique Ayan
foram excluídos pelo próprio Facebook, requerendo-se, desde já, que informe se os
posts destes perfis foram impulsionados.
23 MARTINS, Guilherme Magalhães; LONGHI, João Victor Rozatti. A TUTELA DO CONSUMIDOR NAS
REDES SOCIAIS VIRTUAIS RESPONSABILIDADE CIVIL POR ACIDENTES DE CONSUMO NA
SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO in Revista de Direito do Consumidor | vol. 78/2011 | p. 191 - 220 | Abr -
Jun / 2011 | DTR\2011\1573.
34
Assim, nos termos do art. 6º, VIII, a critério do juiz, quando forem verossímeis as
alegações apresentadas pela parte hipossuficiente, pode o juiz inverter o ônus da prova
e ordenar que Facebook apresente as análises de dados (como número de
visualizações, alcance, curtidas, envolvimento com a publicação) de publicações e
quais perfis e publicações foram impulsionados/patrocinados.
Por essas razões, existe um defeito nesta prestação de serviço, o que resulta da
obrigação objetiva de reparar os danos causados, nos termos do art. 14 do Código de
Defesa do Consumidor, combinado com o art. 19 da Lei nº 12.965/2014.
Não restam dúvidas que a medida, além de ser de urgência, é necessária, posto
que os fatos mentirosos que o site YouTube tem abrigado relacionados à: “Marielle era ex
de Marcinho VP”; “Marielle foi eleita pelo comando vermelho”; “Marielle era usuária de
maconha”; “Marielle engravidou aos 16 anos”; “Marielle defendia bandido”; “Marielle
mereceu morrer”; “Marielle era criminosa”, são todos FALSOS, conforme se demonstrou
35
exaustivamente na presente exordial e melhor tratado no site, especialmente desenvolvido
para esclarecer as mentiras que estão circulando na internet:
<https://www.mariellefranco.com.br/quem-e-marielle-franco-vereadora>.
Ocorre que a família tem sofrido com os ataques desses vídeos, que ainda
permanecem circulando nas mídias sociais, com o intuito de desonrar a imagem de
quem não vive mais para se defender.
O gráfico revela que quando as fake news começaram a ser combatidas (linha
vermelha), as publicações espalhando boato começaram a diminuir (linha azul).
Portanto, é urgente a concessão da tutela antecipada requerida, como medida a
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combater as fake news, discursos de ódio e a divulgação de informações criminosas e
atentatórias à honra e memória de Marielle Franco.
DO PEDIDO.
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5. que seja obrigada a informar quais publicações foram atentatórias à honra e a
dignidade de Marielle Franco e quais perfis que fizeram estas postagens, indicadas nesta
exordial, foram impulsionadas/patrocinadas, nos termos do art. 6º, VIII, do Código de
Defesa do Consumidor;
6. que seja parte ré obrigada a informar se os perfis falsos, que foram excluídos , de
Luciano Ayan, Luciano Henrique Ayan e/ou do Movimento Brasil Livre - MBL
patrocinaram os posts indicados, nos termos do art. 6º, VIII, do Código de Defesa do
Consumidor;
7. que seja a parte ré obrigada a certificar se os perfis indicados nesta petição inicial
foram certificados que são verdadeiros e que sejam excluídos os falsos, por violar os
Termos de uso do Facebook;
8. a citação da parte ré, por via postal com AR, para, se quiser, apresentar
contestação;
9. condenação da ré a retirar da internet todas as matérias que caluniam e ofendam a
imagem de MARIELLE FRANCO, a fim de manter a decisão proferida em liminar, sob
pena de, cometendo desobediência, a empresa ré responda civilmente, conforme os
termos do art. 19 da 12.965/2015;
10. que seja obrigada a fornecer a identificação dos IPs e dos usuários, para futuras
ações de reparação civil e criminal;
11. ad argumentandum, que seja a parte ré obrigada a reparar às autoras pelos danos
causados, nos termos do art. 14 do Código de Defesa do Consumidor, combinado com o
art. 19 da Lei nº 12.965/2014.
12. a condenação nas custas e honorários de sucumbência em 20% sobre o valor total
da condenação.
13. deixam claro as autoras que NÃO tem interesse em realização de audiência de
conciliação e mediação, nos termos do art. 334 do Código de Processo Civil.
14. pedem o deferimento da Justiça Gratuita para ambas as partes, conforme os termos
do Lei 1.060/50 e arts. 98 e ss. do Código de Processo Civil.
38
bem como quaisquer outras que esse MM. Juízo entender necessário para o
prosseguimento do feito.
Nestes termos,
Pedem deferimento.
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