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Contudo, a descrição desta linguagem pede pela utilização não de um, mas de vários
instrumentos teóricos, necessários para a confecção de uma análise condizente com sua
complexidade, ou seja, instrumentos capazes de produzir uma formulação mais
abrangente acerca das relações estabelecidas pelos processos de produção de sentido
nela midiatizados.
A Idéia de Movimento
emergiram.
A investigação de uma linhagem possível das idéias que conquistaram permanência pode
fornecer índices que favoreçam o entendimento da amplitude das interações presentes
nesta linguagem. Sob esta perspectiva, a arte de dançar pode ser considerada tão antiga
quanto os processos de especialização do movimento, implementados no corpo que
dança; e este tem sido, até então, seu paradigma axial, ou seja, dança é movimento.
Até aqui, as propostas estéticas que realocam a idéia de movimento têm como premissa o
não-entretenimento e o não-formalismo, contudo, em meados do séc XX, uma outra
discussão promoverá novamente a reconfiguração das concepções vigentes, nela a
necessidade de especialização do corpo que dança torna-se alvo de indagação.
Abalaram-se os pressupostos de que o treinamento técnico destinado à aquisição de um
modelo padronizado de corpo era indispensável para se fazer dança.
Este século, marcado por rupturas, tem produzido grandes mudanças nas expectativas
relativas à recepção da dança. O conceito de representação cênica é substituído pelo de
apresentação, ou seja, apresentar uma reflexão competente sem a proposição de
soluções definitivas. A concepção de espetáculo de dança como produto final é revista,
adotando-se o entendimento de produto processual. Com isso, o modelo da repetição é
substituído pela construção da ação a partir da singularidade da implementação, abrindo
brechas de reflexão em coisas constituídas, não mais se tratando da simples reprodução
de algo que está pronto. Na instância da criação, a improvisação é adotada como
ferramenta e os conceitos de incompletude, simultaneidade, fragmentação, acaso, não-
linearidade, não-hierarquização, entre outros, passam a ser adotados pelas composições
coreográficas.
Estes traços continuam permeando as produções atuais, onde a improvisação não é mais
apenas uma ferramenta de criação, mas também um outro modo de se organizar a cena,
uma vez que o material coreográfico previamente explorado se configura como
procedimentos que terão suas propriedades, formais e relacionais, reconstruídas a cada
apresentação.
Há alguns anos, esta discussão pareceria infundada, uma vez que reinava absoluta a
certeza de que o movimento era o meio de expressão fundamental da dança e, mais do
que isso, sabia-se perfeitamente o que esperar dele. Mas a situação mudou
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