O objetivo declarado nos PCN sobre o trabalho com pluralidade cultural para o Ensino
Fundamental visa “contribuir para a construção da cidadania na sociedade pluriétnica e
pluricultural” ((BRASIL, 1997a, p. 43). Neste sentido, a ação pedagógica deve partir do conhecimento prévio dos alunos, mas considerar que o próprio educando vive em um contexto social ainda demarcado por relações de preconceito aberto e muitas vezes dissimulado. Verificamos que a própria escola está imersa em um contexto de pluralidade cultural, que no entanto, não se realiza pela consideração da ótica antropológica da “Diferença”, que nos levaria a um processo de relativização e alteridade em relação ao outro, como assinala Roberto Da Matta. Neste sentido, entendo que a escola tem um desafio muito complexo, pois acaba também reproduzindo a própria estrutura social em que está integrada, o que se afigura do paradoxo da ideia de universalização, todas as crianças podem entrar, acessar a escola, mas, por outro lado, o processo educacional ainda é um grande funil de exclusão social, pois as crianças pobres, negras, indígenas, das favelas, os filhos da classe trabalhadora acabam fracassando na conclusão de seus estudos ou mesmo largando a escola sem concluí-lo, pois são rapidamente integradas no mercado de trabalho. Tendo em vista esta consideração, não podemos deixar de mencionar que existem muitas ações que procuram problematizar a pluralidade cultural na escola. Conheço uma experiência do Sarau Cultural, onde as questões da cultura urbana e da sexualidade são tematizadas para além dos limites da ideia de patrimônio ou herança cultural, pois entendo que estas ideias ainda marcam um limite na própria definição de cultural contidas no PCN, pois deixa de abarcar a lógica cultural enquanto manifestações urbanas. Um exemplo disto é o debate sobre a questão do Funk, tendo em vista que até os professores tem dificuldade de se aproximar do estilo, pois muitos ainda chamam tal manifestação de anti-cultural. Por fim, penso que é exigir demais da escola e de professores uma resposta efetiva para a questão da pluralidade cultural, pois as crianças e adolescentes acabem sendo muito formatados pelos conteúdos culturais da mídia, especialmente das redes sociais onde se explicita cada vez mais um cultura do capital, ou seja, aquilo que se apresenta como cultura está umbilicalmente ligado com uma ideia de mercadoria, a música, a dança, o estilo devem ser consumíveis, vendáveis, o que nos remete à cultura como indústria cultural, na famosa expressão de Adorno e Horkheimer. Espero poder acompanhar novas perspectivas no estágio que iremos realizar.