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NOÇÕES DE MECÂNICA
DOS FLUIDOS
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ÍNDICE
1.1 Introdução
Fluido é uma substância que se deforma continuamente sob a ação de tensões de
cisalhamento. Nesta nota de aula será analisada a classe dos problemas de mecânica dos
fluidos onde o fluido está em repouso ou em um tipo de movimento que não provoca
deslocamento relativo entre as partículas de fluido adjacentes. Nestes casos, as tensões de
cisalhamento nas superfícies serão nulas e as únicas forças que atuarão nestas superfícies
serão as provocadas pela pressão. As tensões normais são mais conhecidas como
pressões.
p p0 g z z0 (1.1)
ou
p p0 z z 0 (1.2)
p RT (1.3)
g ( z2 z1 )
p2 p1 exp (1.4)
RT0
Considere que um elemento de fluido possa ser representado por um sólido como
mostrado na Figura 1 abaixo, que tem largura “b” e as forças que nele atuam. Cada face
deste sólido é submetida a esforços normais, decorrentes da coluna hidrostática, em função
dos quais se definem os valores de pressão. Como já vimos, o termo pressão é utilizado
para indicar a força normal por unidade de área que atua sobre um ponto do fluido num dado
plano. Então surge a seguinte questão: Como a pressão varia com a orientação do plano
que passa pelo dado ponto? É o que veremos a seguir.
Considerando o fluido como um corpo rígido, e sabendo-se que não existem tensões
de cisalhamento, a condição de equilíbrio exige que a soma das componentes seja nula, ou
seja,
1
F z 0 pz bx pnbs cos bxz
2
(1.6)
mas
s sen z (1.7)
s cos x (1.8)
p x pn (1.9)
1
pz pn z (1.10)
2
ou seja:
px = pz = pn = p
A contribuição da pressão de vapor, na maioria dos casos, pode ser desprezada porque
é muito pequena (a pressão de vapor do mercúrio a 20oC é de 0,16 Pa). Nestas condições,
temos que:
patm .h (1.12)
Aplicação:
Um manômetro de bourdon instalado num vaso de pressão indica uma pressão
interna de 150 kPa. O equipamento está instalado num local onde um barômetro indica
uma pressão de 1020 mbar.
a) Qual o valor da pressão relativa?;
b) Qual o valor da pressão absoluta?;
Solução:
a) pr pm 150kPa
b)
pa patm pman 102kPa 150kPa 252kPa
p A 1h1 2 h2 0 (1.13)
p A 2 h2 1h1 (1.14)
Reservatório
pA
Logo
p A B 2 h2 3h3 1h1 (1.16)
Vale ressaltar que o fluido manométrico deve ter alguns requisitos para a sua aplicação,
dentre os quais podemos citar: não deve reagir, misturar ou contaminar o fluido de trabalho,
deve ter uma coloração diferenciada a fim de que se possa identificar facilmente as fronteiras
ou superfícies livres entre os fluidos envolvidos. Outra característica importante é a de não
ser muito volátil (ou evaporar com facilidade).
Aplicação:
O manômetro de coluna da Figura 5 está conectado numa tubulação de água e o
fluido manométrico é óleo (densidade relativa 0,8) e as alturas h1 e h2 são 20 cm e 50
cm respectivamente. Calcule as pressões relativa e absoluta da tubulação sabendo-
se que a pressão atmosférica é de 101,32 kPa.
Solução:
p1 p2 A B gh (1.17)
Portanto,
p1 p2 A B g L sin h1 (1.19)
2
D2 d2 d
h1 L h1 L (1.20)
4 4 D
Portanto:
d
2
p1 p2 A B gL sin (1.21)
D
Desta forma,
ou
p A 1h1 2 Lsen 3h3 pB (1.23)
Assim,
p A B 2 Lsen 3 h3 1h1 (1.24)
Aplicação:
O manômetro de coluna inclinada da Figura 8 está conectado à duas tubulações
kg kg
de ar ( 1, 24 3
) e o fluido manométrico é a água ( 1000 3 ) . Numa determinada
m m
situação, as alturas h1 e h3 são 10 cm e 20 cm respectivamente, a leitura l2 vale 30 cm
Como
3 1 , pois nas duas tubulações escoam o mesmo tipo de fluido (ar),
Oficina teórica
a) Para fluidos incompressíveis a pressão estática varia direta ou inversamente
com a coluna estática? Qual o nome que se dá a esta propriedade?
Diretamente proporcional Peso específico
___________________________________________________________________
Fluido invíscido
Pelo fato da viscosidade introduzir uma grande complexidade ao escoamento, assume-
se em primeira análise que esta (a viscosidade) é desprezível. Esta hipótese permite que se
Fluido incompressível
Esta hipótese só será válida para os líquidos e gases que não apresentarem variação
significativa de sua massa específica com a pressão.
onde é a massa específica do fluido, “A” é a área da seção transversal ao escoamento, “v”
é a velocidade média na seção transversal e “ m
” é a vazão de massa. Para um fluido
incompressível, pode-se simplificar a Eq. (1.25) fazendo a massa específica constante, entre
dois pontos do escoamento, ou seja:
V v1 A1 v2 A2
(1.26)
m v A V
1 1
Aplicação:
Água escoa na tubulação mostrada na Figura 9 com vazão de 1 l/s. Sabendo-se
que o diâmetro maior vale 25 mm e o menor 12 mm, calcule:
a) A velocidade nas duas seções;
b) A vazão mássica considerando que a massa específica da água vale 996 kg/m3;
Solução:
2
V 4V 4 x0, 001m3 / s d1
2
25
a) v1 2, 04 m / s e v2 v1 v2 2, 04 8,84 m / s
A1 d 2 0, 0252 d2 12
energia potencial;
energia cinética;
energia na forma de pressão.
P1
P2
Z2
Z1
Energia Potencial
Energia Cinética
1
EC mV
. 2 (1.28)
2
Energia de Pressão
P
E pr m (1.29)
p v2
g.Z cte [J/kg] (1.30)
2
Aplicação:
E1 E 2
p1 v12 p v2
g .Z1 2 2 g .Z 2
2 2
p2 p1 v12 v22
g ( Z1 Z 2 )
2
v12 v22
p2 p1 g ( Z1 Z 2 )
2
Assim,
2, 04 2 v22 g (2 0)
p2 200 kPa
2000 1000
Oficina teórica:
a) O que é um fluido incompressível?
É aquele cuja massa específica é constante ou varia muito pouco com a pressão
ou com a temperatura.
___________________________________________________________
Teorema de Torricelli
O Teorema de Torricelli estabelece que a velocidade de um jato livre de um fluido
(Figura 12) é determinada a partir da aplicação da equação de Bernoulli entre os pontos 1 e
2, da qual resulta:
p1v12 p2 v22
g.z1 g.z2 (1.31)
2 2
Sabendo-se que
v1 A1 v2 A2 (1.32)
v2 2.g.H (1.33)
Aplicação:
Calcule a vazão máxima de água que poderia ser obtida na saída do reservatório
da Figura 12, cujo nível encontra-se a uma altura H de 10 m, se desconsiderássemos
a viscosidade? Dado: diâmetro do tubo de saída 50 mm.
V2 v2 A
v2 2. g.H 2 x9,81x10 14m / s
Logo,
d2 0, 052
V2 v 2 14 0, 027 l / s
4 4
A velocidade obtida por Torricelli é a máxima velocidade que um jato pode atingir
neste tipo de situação, já que a análise é feita para um líquido ideal. Para fluidos reais, a
velocidade do jato reduzirá de um valor que dependerá da viscosidade do fluido e pode ser
determinada por:
2.g.H
V2 , (1.34)
1 K
Aplicação:
Suponha que você tenha feito um experimento geometricamente semelhante ao
mostrado na Figura 12, cuidando para que o nível do reservatório não tenha se
alterado. Para medir a vazão você coletou num reservatório 12 litros de água durante
um tempo de 30 s. Neste caso calcule:
a) a vazão real em l/s e em m3/h;
Solução:
V 12l
V 0, 4l / s 1, 44m³ / h
a) t 30s
V V 0, 0004m3 / s
b) v 5, 2m / s
A d2 0, 012 2
m
4 4
2 gh 2 g10
c) v2 5,2
1 k 1 k
Resolvendo esta equação obtemos k=6,25. Ou seja, caso você altere a altura do
reservatório, o cálculo da nova velocidade será feito pela equação:
2 gh
v2 0,28gh
7,25
Note que a vazão real será sempre menor que a teórica, visto que, nestas
condições, estarão sendo consideradas as resistências ao escoamento através da
entrada na tubulação que estão relacionadas com a viscosidade do fluido.
Tubo de Pitot
O tubo de Pitot é uma aplicação direta da equação de Bernoulli para medir
velocidades em um escoamento. O fluido escoa do lado esquerdo para o direito da tubulação
mostrada na Figura 13 e existem, na tubulação, duas tomadas de pressão. Uma tomada é
feita na parede do tubo, chamada de tomada de pressão estática. A outra é feita no tubo
curvo (tubo de Pitot) e é paralela ao escoamento, sendo chamada de tomada de pressão
dinâmica.
Como consequência desta configuração, o fluido adentra o tubo de Pitot. Uma vez o
fluido estando lá dentro ele tende a sofrer uma forte desaceleração até sua parada total (sua
estagnação). Neste ponto a energia cinética que o fluido possuía é transformada em energia
de pressão. No ponto da tomada de pressão estática a velocidade é a mesma da do meio
que a circunda. Aplicando a equação de Bernoulli entre os pontos 1 e 2 do sistema, obtemos:
2. P2 P1
v (1.35)
Aplicação:
Calcule a vazão de ar numa tubulação de 50 cm de diâmetro sabendo-se que a
diferença entre as pressões de estagnação e estática (pressão dinâmica) vale 10 Pa e
que a massa específica do ar vale 1,2 kg/m3.
2. P2 P1 2.10
v 4,1m / s
1, 2
Cálculo da vazão:
d2 0, 52
V v 4,1 805l / s
4 4
A figura a seguir mostra um medidor tipo Tubo de Pitot usado em aeronaves (neste
caso, de pequeno porte).
O tubo de pitot deve essa denominação ao físico francês do século XVIII Henri Pitot, em
decorrência de seus estudos sobre hidrostática e hidráulica. Consulte o sitio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Henri_Pitot.
V2/2g, que corresponde à LE. Neste caso particular, a LE é constante, e a LP se eleva devido
a uma queda na velocidade.
O número de Reynolds (Re) é uma relação entre quatro parâmetros que influenciam a
caracterização do escoamento (viscosidade, geometria, velocidade e massa específica). A
vantagem dos números adimensionais como o de Reynolds é permitir obter uma correlação
para o escoamento de diversos fluidos em condições diferentes, o que pode ajudar no projeto
de sistemas de bombeamento, por exemplo.
E1 E2 ht (1.36)
onde ht é a energia dissipada ou a perda de carga e E1 e E2 são descritas em função dos três
termos da equação de Bernoulli.
O termo ht representa a energia perdida, por unidade de massa, pelo escoamento
durante um determinado percurso. Perdas de carga são expressas como a queda de pressão
no escoamento. É importante não confundir a perda de carga (perda de energia irreversível)
ht hL hC (1.37)
Desta forma,
p1 p2 V12 V22
g z1 z2 ht (1.38)
2
p1 p2
g z 2 z1 hc . (1.39)
p1 p2 p
hc hc (1.40)
V
p 128 L (1.41)
D4
onde:
V → vazão volumétrica que passa pelo tubo [m3/s];
Sabendo-se que:
_ _
v D2 p v
V 32 2 , (1.42)
4 L D
a perda de carga contínua para escoamentos laminares pode ser calculada substituindo-se a
equação (1.42) em (1.40) e chegando-se a:
_
L v
hc 32 (1.43)
D D
_
v 2
Sendo v a velocidade média do escoamento. Multiplicando-se esta equação por _ 2
v
_
vD
e definindo o número de Reynolds como Re , pode-se reescrever a Eq (1.43) como:
_2
64 L v
hc (1.44)
Re D 2 [J/kg]
ou
_2
64 L v
hc [mcf] (1.45)
Re D 2 g
A Eq. (1.44) pode ser então usada para determinar a perda de carga em escoamentos
laminares e que em conjunto com a Eq. (1.39) caracterizam todas as interações de energia em
um escoamento laminar. A perda de carga contínua pode ser representada também da seguinte
forma:
hc
J (1.46)
L
Aplicação:
Calcule a perda de carga numa tubulação de 50 mm que escoa óleo SAE 10W com
velocidade de 2 m/s. Dados: densidade relativa do óleo: 0,9; viscosidade dinâmica à 20oC
equivale a 0,1 Pa.s.
vd 900 x 2 x 0, 05
Re 900
0,1
Oficina teórica
__________________________ ______________________________
para escoamentos turbulentos foi proposta por Moody (Moody, L.F (1944) - “Friction Factors for
Pipe Flow”, Transactions of the ASME, 66,8, November, pp 67-84) e pode ser formulada de
acordo com a seguinte expressão:
_2
Lv (1.47)
hc f
D 2 [J/kg]
onde f é o denominado fator de atrito e foi obtido por meio de um procedimento experimental
realizado por Moody para diversos padrões de escoamentos, cujos resultados são
representado através da Figura 19, a seguir.
Aplicação:
Calcule a perda de carga numa tubulação de 50 mm de PVC ( =0,0015 mm) na
qual escoa água com velocidade de 2 m/s. Dados: viscosidade dinâmica da água à
20oC vale 0,003 Pa.s.
vd 1000 x 2 x 0, 05
Re 33333, 3 3 E 4
0, 003
_2
hc v
f
L 2 gD
0, 0015
0, 00003
d 50
Do diagrama, f =0,024
_2
h v 22
Logo, c f 0, 024 0, 097 mca / m 9, 7cm.c.a
L 2 gD 2 g 0, 05
Válvulas e conexões:
Curvas de 900
Entrada de tubulações
2
d 2
K e 1 (1.50)
D
D
Le K (1.52)
f
Um sistema com um único tubo pode ter muitas perdas localizadas. Como todas
elas estão correlacionadas com v2/2g, elas podem ser somadas numa única parcela total
do sistema, caso o tubo tenha diâmetro constante.
_2
v L
ht hc hL ( f K) (1.53)
2g D
As perdas de carga localizadas podem ser significativas; por exemplo, uma válvula
parcialmente fechada pode causar maior queda de pressão do que um tubo longo.
Obs.: dados experimentais para perdas locais podem variar de acordo com as fontes de
origem. Fontes diferentes podem dar valores diferentes para cada tamanho de peça e
acessório.
Oficina teórica:
Aplicação:
Um sistema de bombeamento é composto de uma bomba centrífuga, de uma
tubulação de ferro galvanizado com 100 m de tubo linear de 12 mm de diâmetro
interno (linha de descarga) e 10 m de tubo linear de 25 mm de diâmetro interno (linha
de sucção). Sabe-se que cada trecho contém os acessórios relacionados abaixo.
Calcule a perda de carga em cada trecho, sabendo-se que a velocidade no tubo de
maior diâmetro é de 1 m/s:
Dados: viscosidade dinâmica da água à 20oC vale 0,003 Pa.s.
Solução:
2
d
2
25
vd vs s vd 1, 0. 4,34 m / s . Desta forma, podem-se calcular os
dd 12
principais parâmetros do escoamento nos dois trechos.
Tubo 25 10 m - 0,04
Entrada de tubulação de canto 0,1
25 1 0,1 -
arredondado r/d= 0,10
Válvula gaveta h/d=0,8 25 2 0,7 1,4 -
Válvula de retenção 2,9
25 1 2,9 -
basculante
Curva 90o R/d=3 25 5 0,15 0,75 -
5,15
O que leva à:
_2
v L
ht hc hL (f K ) 344, 4 mca
2g D
Os mesmos cálculos para dutos circulares podem ser aplicados, também, a dutos
não circulares, desde que se aplique o diâmetro hidráulico correspondente, dado por:
4A
Dh (1.54)
P
Aplicação:
Calcule o número de Reynolds do escoamento interno de 860 m3/h de ar num
duto retangular de ar condicionado de 20 cm x 60 cm, sabendo-se que a pressão e a
Solução:
vDh
Sabe-se que o número de Re é dado por Re , portanto, precisamos calcular
a massa específica do ar, assim como o diâmetro hidráulico e a sua velocidade.
4 A 4 x 0, 2 x 0, 6
dh 0, 3m
P 1, 6
Cálculo do Re
vd h 1, 29 x 2 x 0, 3
Re 40736,84
1, 9 E 5
Assim como foi possível obter o número de Reynolds, podem-se calcular também
as perdas de carga da tubulação, como se o duto fosse circular com diâmetro igual
ao hidráulico.
Um tubo é um duto de seção circular. Quando a seção não for circular não se deve
referenciar a tubulação por tubo, mas sim por duto. Em muitas aplicações industriais de ar
condicionado encontramos dutos de seção retangular.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- Munson, Bruce R., Young, Donald F., “Fundamentos da Mecânica dos Fluidos”,
Volume 1, Editora Edgard Blücher LTDA. 2ª edição, 1997.
- White, Frank M., “Mecânica dos Fluidos”, 4a edição, Editora McGraw Hill.
- Fox, Robert W., Mac Donald, Alan T e Pritchard, Philip J.,“Introdução à Mecânica
dos Fluidos”,7ª edição, Editora LTC, 2010.
- Potter, Merle C., Wiggert, David C. “Mecânica dos Fluidos”, 1a edição. Editora
Thomson Pioneira, 2003.
- Cengel, Yunus A., Cimbala, John M. “Mecânica dos Fluidos”, 1ª edição. Editora
McGraw Hill – Artmed, 2007.