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CAPÍTULO 3

NOÇÕES DE MECÂNICA
DOS FLUIDOS

1 ESTÁTICA DOS FLUIDOS

2 DINÂMICA DOS FLUIDOS – ESCOAMENTO INVÍSCIDO

3 DINÂMICA DOS FLUIDOS – ESCOAMENTOS VISCOSOS

4 DETERMINAÇÃO DAS PERDAS DE CARGA EM


ESCOAMENTOS

5 PERDAS DE CARGA LOCALIZADAS

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Como o técnico pode se envolver na operação, manutenção e até em projetos de


instalações de processos industriais ou domésticos, é preciso que tenha o conhecimento
necessário sobre os parâmetros de escoamento mais importantes, explorados pela Mecânica
dos Fluidos.
2

ÍNDICE

1  ESTÁTICA DOS FLUIDOS.................................................................................................... 3 


1.1  Introdução ................................................................................................................... 3 

1.2  Equações básicas da Fluidoestática ........................................................................... 3 

1.2.1  Fluidos incompressíveis .................................................................................... 3 

1.2.2  Fluidos compressíveis ...................................................................................... 4 

1.3  Pressão num ponto (leitura opcional) ......................................................................... 4 

1.4  Medidores de Pressão ................................................................................................ 6 

1.4.1  Medidor de pressão atmosférica ....................................................................... 7 

1.5  Medidores de pressão. ............................................................................................... 7 

1.5.1  Medidores de pressão mecânicos. ................................................................... 7 

1.5.2  Manômetro de tubo U: ...................................................................................... 8 

1.5.3  Manômetro de tubo em U inclinado: ................................................................10 

2  DINÂMICA DOS FLUIDOS – ESCOAMENTO INVÍSCIDO ............................................ 13 


2.1  Hipóteses Simplificadoras..........................................................................................13 

2.2  Equações Fundamentais ...........................................................................................14 

2.2.1  Equação da Continuidade ou da Conservação da Massa ...............................14 

2.2.2  Equação de Bernoulli .......................................................................................15 

2.3  Aplicações da Eq. de Bernoulli ..................................................................................19 

2.1  Diagrama Piezométrico .............................................................................................23 

3  DINÂMICA DOS FLUIDOS – ESCOAMENTOS VISCOSOS........................................... 24 


3.1  Escoamentos viscosos laminares e turbulentos ........................................................25 

4  DETERMINAÇÃO DAS PERDAS DE CARGA EM ESCOAMENTOS............................ 26 


5  PERDAS DE CARGA LOCALIZADAS .............................................................................. 26 
5.1  Método do coeficiente de perda.................................................................................26 

5.2  Método do comprimento equivalente. ........................................................................30 

5.3  Dutos não circulares ..................................................................................................33 

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6  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 35 

1 ESTÁTICA DOS FLUIDOS

1.1 Introdução
Fluido é uma substância que se deforma continuamente sob a ação de tensões de
cisalhamento. Nesta nota de aula será analisada a classe dos problemas de mecânica dos
fluidos onde o fluido está em repouso ou em um tipo de movimento que não provoca
deslocamento relativo entre as partículas de fluido adjacentes. Nestes casos, as tensões de
cisalhamento nas superfícies serão nulas e as únicas forças que atuarão nestas superfícies
serão as provocadas pela pressão. As tensões normais são mais conhecidas como
pressões.

1.2 Equações básicas da Fluidoestática


As equações que permitem calcular a variação de pressão no interior de uma massa
de fluido dependem das forças de campo e das forças de superfície. As forças de campo
são as originárias da aceleração da gravidade e das forças eletromagnéticas, que atuam
sobre toda a massa ou volume do elemento (daí às vezes serem chamadas de forças de
corpo). As forças de superfície podem ser classificadas como “forças de cisalhamento” e
“forças normais” e dependem de variações de pressões que um determinado fluido
experimenta ao longo do escoamento e da profundidade. Em fluidoestática, as forças que
influenciam na pressão do fluido são aquelas provocadas pela aceleração da gravidade e
pela força normal.
Para o cálculo das pressões são levadas em conta as seguintes hipóteses:
g = cte => aplicável na maioria das situações de engenharia (aceleração da gravidade
const.);
 = cte => fluidos incompressíveis (massa específica não varia);
  cte => fluidos compressíveis (massa específica variável).

1.2.1 Fluidos incompressíveis


Para fluidos incompressíveis a pressão hidrostática é avaliada por:

p  p0   g  z  z0  (1.1)

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ou
p  p0    z  z 0  (1.2)

onde  é o peso específico do fluido.

Na equação (1.2), Po é uma pressão de referência num local de referência de altura


zo.

1.2.2 Fluidos compressíveis


No caso de fluidos compressíveis, as massas específicas variam de modo significativo
com as alterações de pressão e de temperatura. Isso é importante em situações em que a
variação de altura é grande, da ordem de milhares de metros, onde se deve considerar a
variação da massa específica do fluido nos cálculos das variações de pressão.

p   RT (1.3)

Se admitirmos que a temperatura não varie com a elevação, teremos:

 g ( z2  z1 ) 
p2  p1 exp   (1.4)
 RT0 

1.3 Pressão num ponto (leitura opcional)

Considere que um elemento de fluido possa ser representado por um sólido como
mostrado na Figura 1 abaixo, que tem largura “b” e as forças que nele atuam. Cada face
deste sólido é submetida a esforços normais, decorrentes da coluna hidrostática, em função
dos quais se definem os valores de pressão. Como já vimos, o termo pressão é utilizado
para indicar a força normal por unidade de área que atua sobre um ponto do fluido num dado
plano. Então surge a seguinte questão: Como a pressão varia com a orientação do plano
que passa pelo dado ponto? É o que veremos a seguir.

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Figura 1 - Elemento de fluido submetido a forças normais.

Considerando o fluido como um corpo rígido, e sabendo-se que não existem tensões
de cisalhamento, a condição de equilíbrio exige que a soma das componentes seja nula, ou
seja,

F  0 p bz  p bs sen


x x n (1.5)

1
F z  0  pz bx  pnbs cos    bxz
2
(1.6)

mas
s sen   z (1.7)
s cos  x (1.8)

Combinando as equações, chegamos à conclusão que:

p x  pn (1.9)

1
pz  pn  z (1.10)
2
ou seja:

1- A pressão num ponto de um fluido em repouso é independente da direção. Este


resultado é conhecido como Lei de Pascal.

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2- Há uma variação de pressão vertical proporcional à massa específica, à gravidade


e à variação de profundidade.
No limite, ou seja, quando a dimensão  z assume valores bem pequenos, as equações
(1.9) e (1.10) tornam-se:

px = pz = pn = p

Considerando que  é arbitrário, conclui-se que a pressão p em um ponto de um fluido


estático independe da orientação.
Blaise Pascal foi um físico, matemático, teólogo e filosofo francês do século XVII que deu
uma grande contribuição aos estudos dos fenômenos envolvendo o movimento de fluidos.
Você pode ler mais sobre Pascal no sitio http://pt.wikipedia.org/wiki/Blaise_Pascal.

1.4 Medidores de Pressão


A pressão é uma característica muito importante do campo de escoamento. Desde
que pressão pode ser convertida em força, pode-se utilizar os métodos de medida de força
para medir pressão. Isso só não é válido para a região de alto vácuo onde uma variedade
de métodos não relacionados com força deve ser usada.
As pressões absolutas são medidas em relação à pressão atmosférica local. Deste
modo, a pressão relativa nula corresponde a uma pressão igual à pressão atmosférica local.
As pressões absolutas são sempre positivas, mas as pressões relativas podem ser tanto
positivas como negativas. Uma pressão negativa pode ser referida como vácuo. Ex.: A
pressão de 70 kPa (abs) pode ser expressa como –31,33 kPa (relativa), se a pressão
atmosférica local é de 101,33 kPa, ou pode ser expressa como um vácuo de 31,33 kPa.

Figura 2 - Representação das pressões.

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1.4.1 Medidor de pressão atmosférica


O instrumento utilizado para medir pressão atmosférica foi inventado por Torricelli e
foi denominado barômetro (encontra-se ilustrado na Figura 3). O equilíbrio da coluna de
mercúrio ocorre quando o peso da coluna mais a força provocada pela pressão de vapor do
mesmo são iguais à força devida à pressão atmosférica. Assim,

patm   .h  pvapor (1.11)

A contribuição da pressão de vapor, na maioria dos casos, pode ser desprezada porque
é muito pequena (a pressão de vapor do mercúrio a 20oC é de 0,16 Pa). Nestas condições,
temos que:

patm   .h (1.12)

Figura 3 - Barômetro de Torricelli

1.5 Medidores de pressão.


Existem diversos tipos de medidores de pressão, dentre os quais se pode destacar
os medidores mecânicos, os de tubo em U e os de tubo em U inclinados.

1.5.1 Medidores de pressão mecânicos.


Esses tipos de medidores de pressão utilizam o princípio da dilatação de um tubo oco
e curvado denominado Bourdon, semelhante a um conhecido brinquedo (“lingua de sogra”).
Esta dilatação está associada à uma pressão interna do fluido do reservatório ao qual o tubo
está conectado e o seu valor é registrado por um ponteiro preso a um mecanismo articulado,
como mostrado na Figura 4.

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Figura 4 - Manômetro de Bourdon.

Aplicação:
Um manômetro de bourdon instalado num vaso de pressão indica uma pressão
interna de 150 kPa. O equipamento está instalado num local onde um barômetro indica
uma pressão de 1020 mbar.
a) Qual o valor da pressão relativa?;
b) Qual o valor da pressão absoluta?;

Solução:
a) pr  pm  150kPa
b)
pa  patm  pman  102kPa 150kPa  252kPa

1.5.2 Manômetro de tubo U:


Este tipo de manômetro é o mais simples de ser aplicado e é composto basicamente
por um tubo preenchido com fluido manométrico conectado a um reservatório cuja pressão
se deva conhecer. Como forma de aplicação da equação da hidrostática, tome o medidor de
pressão do tipo tubo em “U” da Figura 5. Em função da leitura h2, da altura h1 , dos pesos
específicos dos fluidos, e aplicando a equação (1.1), pode-se obter o valor da pressão
manométrica no reservatório.

p A   1h1   2 h2  0 (1.13)

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p A   2 h2   1h1 (1.14)

Reservatório

pA

Figura 5 - Manômetro de coluna.

As medidas de pressão diferenciais são muito comuns em instalações de processos


industriais. Para ilustrar este caso, veja o medidor do tipo tubo em “U”, instalado entre duas
tubulações ou reservatórios “A” e “B” da Figura 6.

Figura 6 - Manômetro diferencial de coluna.

Desta forma, pode-se avaliar a pressão diferencial entre os reservatórios A e B por:

p A   1h1   2 h2   3h3  pB (1.15)

Logo
p A B   2 h2   3h3   1h1 (1.16)

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Vale ressaltar que o fluido manométrico deve ter alguns requisitos para a sua aplicação,
dentre os quais podemos citar: não deve reagir, misturar ou contaminar o fluido de trabalho,
deve ter uma coloração diferenciada a fim de que se possa identificar facilmente as fronteiras
ou superfícies livres entre os fluidos envolvidos. Outra característica importante é a de não
ser muito volátil (ou evaporar com facilidade).

Aplicação:
O manômetro de coluna da Figura 5 está conectado numa tubulação de água e o
fluido manométrico é óleo (densidade relativa 0,8) e as alturas h1 e h2 são 20 cm e 50
cm respectivamente. Calcule as pressões relativa e absoluta da tubulação sabendo-
se que a pressão atmosférica é de 101,32 kPa.
Solução:

Cálculo da pressão absoluta


p A   1h1   2 h2  patm
p A  patm   1h1   2 h2
N N
p A  101, 32kPa  9810 3
0, 2m  800 3 0,5m
m m
p A  99,758kPa

Cálculo da pressão relativa


pAman  pA  patm  99,758  101,32  1,562kPa

1.5.3 Manômetro de tubo em U inclinado:


Quando as medidas de pressão em um tubo em U forem pequenas ou de difícil leitura
em um manômetro em U convencional, pode-se utilizar um manômetro em U inclinado como
mostra a Figura 7.

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Figura 7 - Manômetro inclinado.

Neste tipo de manômetro, a sensibilidade de leitura é maior, pois, para pequenas


variações de pressão no reservatório, ocorre uma maior deflexão na escala de leitura. Sem
considerar a variação de volume no reservatório vale a seguinte relação entre pressões:

p1  p2   A  B  gh (1.17)

Mas neste caso h  h1  h2 .


ou
h  L sin  h1 (1.18)

Portanto,

p1  p2   A  B  g  L sin  h1  (1.19)

Como o volume deslocado é o mesmo, pode-se escrever que:

2
D2 d2 d
 h1   L  h1  L   (1.20)
4 4 D
Portanto:
 d 
2

p1  p2    A   B  gL  sin      (1.21)
  D  

O manômetro inclinado pode ser utilizado também para a medição de pressão


diferencial entre duas tubulações, como mostrado na Figura 8.

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Figura 8 - Manômetro diferencial inclinado.

Desta forma,

p A   1h1   2 h2   3h3  pB (1.22)

ou
p A   1h1   2 Lsen   3h3  pB (1.23)

Assim,
p A B   2 Lsen   3 h3   1h1 (1.24)

Aplicação:
O manômetro de coluna inclinada da Figura 8 está conectado à duas tubulações
kg kg
de ar (   1, 24 3
) e o fluido manométrico é a água (   1000 3 ) . Numa determinada
m m
situação, as alturas h1 e h3 são 10 cm e 20 cm respectivamente, a leitura l2 vale 30 cm

e o ângulo  vale 10o. Calcule o diferencial de pressão em kPa e em mbar.


Solução: De acordo com a equação (1.24):

pAB   2l2 sen   3h3   1h1

Como
 3  1 , pois nas duas tubulações escoam o mesmo tipo de fluido (ar),

pAB   2l2 sen   1 (h3  h1 )


e desta forma
N kg m
p A B  9810 3
0,3m.sen10  1, 24 3 .9,81 2 (0, 2  0,1) m
m m s
p A  B  0,512kPa

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Note que o valor do diferencial de pressão encontrado é equivalente a 5,2 cm de


coluna de água.

Oficina teórica
a) Para fluidos incompressíveis a pressão estática varia direta ou inversamente
com a coluna estática? Qual o nome que se dá a esta propriedade?
Diretamente proporcional Peso específico
___________________________________________________________________

b) Cite uma aplicação dos manômetros de coluna inclinada.


Medição de baixas pressões ou de pequenos diferenciais de pressão.
___________________________________________________________________

c) Qual o nome do medidor de pressão baseado na deformação de tubo oco


curvado e acoplado a um ponteiro por um mecanismo?
Manômetro de Bourdon.
____________________________________

Você poderá acessar o sitio http://www.feiradeciencias.com.br/ para saber mais sobre


medidores de pressão.

2 DINÂMICA DOS FLUIDOS – ESCOAMENTO INVÍSCIDO


Nesta parte do curso estudaremos fluidos em movimento e sua interação com o meio.
Antes de analisarmos os escoamentos, discutiremos aspectos elementares da dinâmica dos
fluidos fazendo diversas hipóteses simplificadoras, baseadas nas equações fundamentais
como as de conservação de massa e de energia.

2.1 Hipóteses Simplificadoras

Fluido invíscido
Pelo fato da viscosidade introduzir uma grande complexidade ao escoamento, assume-
se em primeira análise que esta (a viscosidade) é desprezível. Esta hipótese permite que se

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obtenham bons resultados em escoamentos complexos, principalmente quando a perda de


energia pelo atrito viscoso representar uma pequena parcela da energia total disponível.

Fluido incompressível
Esta hipótese só será válida para os líquidos e gases que não apresentarem variação
significativa de sua massa específica com a pressão.

Escoamento em regime permanente


Esta hipótese considera que as propriedades do fluido ou quaisquer parâmetros do
escoamento não variam com o tempo.

2.2 Equações Fundamentais

2.2.1 Equação da Continuidade ou da Conservação da Massa


Há um teorema da física que estabelece que a massa não pode ser criada nem
destruída. Deste teorema deriva-se a equação de conservação de massa (também
denominada equação da continuidade). Esta equação diz que, para escoamentos em regime
permanente, a massa de fluido que entra em um volume de controle é igual à massa de fluido
que sai do volume de controle. Escrevendo em notação matemática:

m  1v1 A1   2v2 A2 (1.25)

onde  é a massa específica do fluido, “A” é a área da seção transversal ao escoamento, “v”
é a velocidade média na seção transversal e “ m
 ” é a vazão de massa. Para um fluido
incompressível, pode-se simplificar a Eq. (1.25) fazendo a massa específica constante, entre
dois pontos do escoamento, ou seja:

V  v1 A1  v2 A2
(1.26)
m  v A  V
1 1

onde V é a vazão volumétrica (volume/tempo) que atravessa o volume de controle.

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Figura 9 - Escoamento em tubo com seção transversal variável.

Analisando a Figura 9 de acordo com a equação da conservação da massa aplicada a


um fluido incompressível, nota-se que a velocidade na seção 2 deve ser maior do que a da
seção 1 para compensar a redução de área.

Aplicação:
Água escoa na tubulação mostrada na Figura 9 com vazão de 1 l/s. Sabendo-se
que o diâmetro maior vale 25 mm e o menor 12 mm, calcule:
a) A velocidade nas duas seções;
b) A vazão mássica considerando que a massa específica da água vale 996 kg/m3;

Solução:
2
V 4V 4 x0, 001m3 / s  d1 
2
 25 
a) v1     2, 04 m / s e v2  v1    v2  2, 04    8,84 m / s
A1  d 2  0, 0252  d2   12 

b) m  V  996 x0, 001  0,996kg / s

2.2.2 Equação de Bernoulli


Também há outro teorema da física que estabelece que a energia não pode ser criada
e nem destruída. Deste teorema é derivada a equação de Bernoulli, que identifica as
diferentes formas de energia presentes no escoamento. O grande mentor desta formulação
matemática foi Daniel Bernoulli (1700 - 1782), um dos grandes nomes da mecânica dos
fluidos, aplicando o princípio da conservação de energia para explicar o movimento dos
fluidos. A equação de Bernoulli identifica as principais formas de energia presentes em um
escoamento e as correlaciona entre si. As energias identificadas por Bernoulli foram:

 energia potencial;

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 energia cinética;
 energia na forma de pressão.

P1
P2

Z2
Z1

Figura 10 - Parâmetros de escoamento aplicados à equação de Bernoulli.

Figura 11 - Escoamento com variação de altura e seção transversal.

Energia Potencial

O elemento de fluido de massa m tem energia potencial devido a sua elevação Z,


relativa a um plano de referência:
EP  m.g.Z (1.27)

Energia Cinética

O elemento de fluido de massa m se movendo com velocidade V, possui energia


cinética, dada por:

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1
EC  mV
. 2 (1.28)
2

Energia de Pressão

É a quantidade de trabalho realizado para deslocar um elemento de fluido com massa


m de um ponto a outro do sistema, e pode ser expresso por:

P
E pr  m (1.29)

Combinando as equações acima, obtêm-se a equação de Bernoulli:

p v2
  g.Z  cte [J/kg] (1.30)
 2

Esta formulação é válida quando se desprezam os efeitos do atrito viscoso do fluido.


Quando isso não é possível, é necessário corrigir-se a equação acrescentando mais um
termo que represente a energia dissipada em função da viscosidade do fluido.
A expressão (1.30) é uma equação de conservação, portanto o somatório das partes
componentes é sempre uma constante (a energia não pode ser criada e nem destruída).
Para utilizar a equação de Bernoulli, é necessário verificar se as seguintes hipóteses são
verdadeiras:

 Se o fluido é incompressível (a massa específica permanece constante);


 Se o fluido é ideal (ou seja, tem viscosidade desprezível e, portanto, as perdas de
energia devido ao atrito são desprezíveis);
 Se não existem equipamentos mecânicos, como bombas e turbinas, entre os pontos
de análise para retirar ou adicionar energia ao fluido;
 Se o escoamento obedece à hipótese de escoamento permanente (propriedades
invariáveis com o tempo);
 Se não há transferência de calor de/ou para o fluido.

Aplicação:

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Suponha a tubulação da Figura 11, onde o ponto 1 que se encontra na pressão de


2 bar, está inserido no trecho de 25 mm de diâmetro interno e altura de 2 m em relação
à linha de centro da seção 2. O trecho relativo ao ponto 2 tem 12 mm de diâmetro
interno. Sabendo-se que a vazão volumétrica vale 1 l/s, e aplicando todas as
considerações relativas à equação (1.30), calcule: a pressão do ponto 2;

Solução: sabemos que a energia se conserva entre as duas seções. Logo:

E1  E 2

p1 v12 p v2
  g .Z1  2  2  g .Z 2
 2  2
p2 p1 v12  v22
   g ( Z1  Z 2 )
  2
v12  v22
p2  p1     g ( Z1  Z 2 )
2
Assim,
2, 04 2  v22  g (2  0)
p2  200 kPa   
2000 1000

Falta, agora, calcular a velocidade na seção 2:


V
v2 
A2
m 0,996 x 4
v2    8,84m / s
 A2 996 x x0, 0122
Assim a pressão vale:
2, 04 2  8,84 2  g (2  0)
p2  200 kPa     183, 07 kPa
2000 1000

Oficina teórica:
a) O que é um fluido incompressível?
É aquele cuja massa específica é constante ou varia muito pouco com a pressão
ou com a temperatura.
___________________________________________________________

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b) Qual o nome das três parcelas de energia contempladas pela equação de


Bernoulli
Potencial Cinética de Pressão
__________________ ___________________ ___________________

2.3 Aplicações da Eq. de Bernoulli

Teorema de Torricelli
O Teorema de Torricelli estabelece que a velocidade de um jato livre de um fluido
(Figura 12) é determinada a partir da aplicação da equação de Bernoulli entre os pontos 1 e
2, da qual resulta:
p1v12 p2 v22
  g.z1    g.z2 (1.31)
 2  2

Sabendo-se que

v1 A1  v2 A2 (1.32)

E supondo que v1 = 0 e z2 = 0 (com base na Figura 12), aplicando na equação (1.31)


e explicitando a velocidade na saída tem-se:

v2  2.g.H (1.33)

A equação (1.33) é o resultado da aplicação do Teorema de Torricelli.

Figura 12 - Reservatório com saída para consumo por gravidade.

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Evangelista Torricelli foi um físico e matemático italiano, especializado em hidráulica, que


atuou no século XVII. Ele foi discípulo do grande Galileo Galilei, em Florença. Em sua
homenagem foi denominada uma unidade de pressão, o torricelli (símbolo torr.). 1 torr
equivale a 1 mm Hg (ou 1/760 atm).

Aplicação:
Calcule a vazão máxima de água que poderia ser obtida na saída do reservatório
da Figura 12, cujo nível encontra-se a uma altura H de 10 m, se desconsiderássemos
a viscosidade? Dado: diâmetro do tubo de saída 50 mm.

V2  v2 A
v2  2. g.H  2 x9,81x10  14m / s
Logo,
d2 0, 052
V2  v 2  14  0, 027 l / s
4 4

A velocidade obtida por Torricelli é a máxima velocidade que um jato pode atingir
neste tipo de situação, já que a análise é feita para um líquido ideal. Para fluidos reais, a
velocidade do jato reduzirá de um valor que dependerá da viscosidade do fluido e pode ser
determinada por:

2.g.H
V2  , (1.34)
1 K

onde K é uma constante experimental, e H é a altura.

Maiores detalhes sobre o efeito da viscosidade serão vistos mais adiante.

Aplicação:
Suponha que você tenha feito um experimento geometricamente semelhante ao
mostrado na Figura 12, cuidando para que o nível do reservatório não tenha se
alterado. Para medir a vazão você coletou num reservatório 12 litros de água durante
um tempo de 30 s. Neste caso calcule:
a) a vazão real em l/s e em m3/h;

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b) a velocidade real de saída do jato;


c) o valor da constante K da equação (1.34).

Solução:
V 12l
V    0, 4l / s  1, 44m³ / h
a) t 30s

V V 0, 0004m3 / s
b) v     5, 2m / s
A d2  0, 012 2
m
4 4
2 gh 2 g10
c) v2   5,2 
1 k 1 k

Resolvendo esta equação obtemos k=6,25. Ou seja, caso você altere a altura do
reservatório, o cálculo da nova velocidade será feito pela equação:

2 gh
v2   0,28gh
7,25

Note que a vazão real será sempre menor que a teórica, visto que, nestas
condições, estarão sendo consideradas as resistências ao escoamento através da
entrada na tubulação que estão relacionadas com a viscosidade do fluido.

Tubo de Pitot
O tubo de Pitot é uma aplicação direta da equação de Bernoulli para medir
velocidades em um escoamento. O fluido escoa do lado esquerdo para o direito da tubulação
mostrada na Figura 13 e existem, na tubulação, duas tomadas de pressão. Uma tomada é
feita na parede do tubo, chamada de tomada de pressão estática. A outra é feita no tubo
curvo (tubo de Pitot) e é paralela ao escoamento, sendo chamada de tomada de pressão
dinâmica.

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22

Figura 13 - Tubo de Pitot.

Como consequência desta configuração, o fluido adentra o tubo de Pitot. Uma vez o
fluido estando lá dentro ele tende a sofrer uma forte desaceleração até sua parada total (sua
estagnação). Neste ponto a energia cinética que o fluido possuía é transformada em energia
de pressão. No ponto da tomada de pressão estática a velocidade é a mesma da do meio
que a circunda. Aplicando a equação de Bernoulli entre os pontos 1 e 2 do sistema, obtemos:

2.  P2  P1 
v (1.35)

Desta forma podem-se utilizar dois medidores de pressão (manômetros) para se


determinar a velocidade do escoamento, usando-se da equação de Bernoulli.

Aplicação:
Calcule a vazão de ar numa tubulação de 50 cm de diâmetro sabendo-se que a
diferença entre as pressões de estagnação e estática (pressão dinâmica) vale 10 Pa e
que a massa específica do ar vale 1,2 kg/m3.

2.  P2  P1  2.10
v   4,1m / s
 1, 2
Cálculo da vazão:

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d2 0, 52
V  v  4,1  805l / s
4 4

A figura a seguir mostra um medidor tipo Tubo de Pitot usado em aeronaves (neste
caso, de pequeno porte).

Figura 14 - Tubo de Pitot.

O tubo de pitot deve essa denominação ao físico francês do século XVIII Henri Pitot, em
decorrência de seus estudos sobre hidrostática e hidráulica. Consulte o sitio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Henri_Pitot.

2.1 Diagrama Piezométrico

Uma interpretação visual proveitosa da equação de Bernoulli consiste em traçar duas


linhas de carga para um escoamento. A linha de energia (LE) (na Figura 15 é a Energy grade
line) mostra a altura constante de Bernoulli h0 = z + p/ + V2/2g. No escoamento sem atrito,
sem trabalho de eixo e adiabático, a LE tem altura constante. A linha piezométrica (LP) (na
Figura 15 é a Hydraulic grade line) ou hidráulica, mostra a altura correspondente à elevação
mais a altura de pressão z + p/, ou seja, a LE menos a altura de velocidade V2/2g. A LP é
a altura a que se elevaria o fluido em um tubo piezométrico ligado ao escoamento.
A Figura 15 ilustra as linhas de energia e piezométrica para um escoamento sem atrito
entre as seções 1 e 2 de um duto. Os tubos piezométricos medem a altura da pressão
estática z + p/, delineando então a LP. Os tubos de Pitot medem a altura total z + p/ +

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V2/2g, que corresponde à LE. Neste caso particular, a LE é constante, e a LP se eleva devido
a uma queda na velocidade.

Figura 15 - Diagrama piezométrico.

3 DINÂMICA DOS FLUIDOS – ESCOAMENTOS VISCOSOS

Em mecânica dos fluidos a avaliação da perda de energia ao longo do escoamento de


um fluido em uma tubulação (denominada perda de carga) é muito importante para o
dimensionamento de tubulações e equipamentos como bombas e ventiladores. A perda de
carga depende, no entanto, de diversos fatores como o tipo e os parâmetros do escoamento e
das propriedades dos fluidos, dentre as quais a viscosidade.
De uma forma geral a abrangência da mecânica dos fluidos pode ser visualizada de
acordo com o organograma abaixo.

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25

Figura 16 - Classificação dos escoamentos.

Este organograma classifica os escoamentos como viscosos e não viscosos (invíscidos).


Os escoamentos invíscidos são estudados para fins de análise cinemática e são, portanto,
idealizações ao contrário dos escoamentos reais que são viscosos. Estes escoamentos
viscosos por sua vez podem ser classificados em laminares e turbulentos. Tanto os
escoamentos invíscidos como os viscosos podem ser compressíveis ou incompressíveis,
internos ou externos. Neste curso, nosso interesse estará voltado para os escoamentos
viscosos, laminares ou turbulentos, incompressíveis e internos.

3.1 Escoamentos viscosos laminares e turbulentos


Os escoamentos laminares se diferenciam dos turbulentos pela observação de filetes de
tinta injetados na corrente da Figura 17. Para baixas vazões, na Figura 17a, observa-se que o
escoamento é uniforme, não havendo mistura. Neste caso o escoamento é dito laminar.
Quando a vazão é aumentada, observa-se que o filete deixa de ser regular, passando a ter
oscilações laterais como mostra a Figura 17b. Neste caso, ele é chamado de turbulento.

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Figura 17 - Visualização de escoamentos laminares e turbulentos.

Quando o escoamento deixa de ser suave e permanente (laminar), para se tornar


flutuante e agitado (turbulento), ele passa por uma transição para o estado de turbulência. Essa
transição depende de muitos efeitos, como, por exemplo, da rugosidade da parede da
tubulação ou das flutuações da corrente de entrada, mas o parâmetro básico é um número
adimensional denominado número de Reynolds (Re). Osborne Reynolds mostrou, em 1883,
que a mudança no padrão de escoamento dependia do parâmetro vD/ (onde  é a
viscosidade do fluido [Pa.s] e D o diâmetro da tubulação [m]) que agora recebe o seu nome. O
valor de projeto, aceito para a transição (de laminar para turbulento) do escoamento em tubos,
é considerado hoje como aproximadamente Re = 2300.

O número de Reynolds (Re) é uma relação entre quatro parâmetros que influenciam a
caracterização do escoamento (viscosidade, geometria, velocidade e massa específica). A
vantagem dos números adimensionais como o de Reynolds é permitir obter uma correlação
para o escoamento de diversos fluidos em condições diferentes, o que pode ajudar no projeto
de sistemas de bombeamento, por exemplo.

4 DETERMINAÇÃO DAS PERDAS DE CARGA EM ESCOAMENTOS

Antes de apresentar uma forma de avaliar as perdas de carga em uma tubulação, é


importante apresentar o conceito de escoamento desenvolvido. Observando a Figura 18,
quando um fluido escoa para o interior de uma tubulação, as velocidades em diferentes pontos
vão se alterando em função dos efeitos viscosos sentidos quando este (o fluido) entra em

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contato com a parede interna. A partir de um determinado comprimento (distância em relação


à seção de entrada, da tubulação), essas velocidades não se alteram mais, fazendo com que
o perfil de velocidades seja constante. Este comprimento, por isso, é denominado de
“desenvolvido”.

Figura 18 - Escoamento em desenvolvimento.

Na Figura 18, imediatamente abaixo da tubulação é mostrado o comportamento das


quedas de pressão, ou das perdas de carga, que passam a ser lineares a partir do comprimento
de desenvolvimento. Esta condição só é satisfeita, portanto, quando não houver mais variação
do formato do perfil de velocidades quando da entrada do fluido em uma tubulação.
Num escoamento viscoso, sabemos que a energia não se conserva, ou seja, entre dois
pontos do escoamento,

E1  E2  ht (1.36)

onde ht é a energia dissipada ou a perda de carga e E1 e E2 são descritas em função dos três
termos da equação de Bernoulli.
O termo ht representa a energia perdida, por unidade de massa, pelo escoamento

durante um determinado percurso. Perdas de carga são expressas como a queda de pressão
no escoamento. É importante não confundir a perda de carga (perda de energia irreversível)

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com a pressão necessária ao escoamento. A perda de carga representa a perda de energia do


escoamento, convertida em calor pelo atrito do fluido com as paredes sólidas do sistema. Ela
depende dos detalhes do escoamento e independe da orientação dos tubos. Para facilitar os
cálculos é comum separar ht em duas parcelas, uma tida como perda de carga localizada (hL)
e outra como perda de carga contínua ou distribuída (hC), como mostra a equação (1.37), a
seguir:

ht  hL  hC (1.37)

Desta forma,

p1  p2 V12  V22
  g  z1  z2   ht (1.38)
 2

Vamos considerar o escoamento incompressível e viscoso através de uma tubulação de


área constante, (V1 = V2), obtendo-se assim:

p1  p2
 g  z 2  z1   hc . (1.39)

Considerando-se que o tubo esteja na horizontal, pode-se reescrever a equação (1.39)


como:

p1  p2 p
 hc   hc (1.40)
 

Para determinar o hc agora precisamos saber como o gradiente de pressão se comporta.


Para escoamentos laminares, pode-se calcular a variação de pressão por meio da
seguinte expressão:

V
p  128 L (1.41)
 D4
onde:
V → vazão volumétrica que passa pelo tubo [m3/s];

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p → queda de pressão ao longo do comprimento L [Pa];


 → viscosidade dinâmica [Pa.s];
L → Comprimento linear da tubulação [m].

Sabendo-se que:
_ _
v  D2 p v
V    32 2 , (1.42)
4 L D

a perda de carga contínua para escoamentos laminares pode ser calculada substituindo-se a
equação (1.42) em (1.40) e chegando-se a:
_
L v
hc  32 (1.43)
D D

_
 v  2 
Sendo v a velocidade média do escoamento. Multiplicando-se esta equação por  _  2 
v
_
vD
e definindo o número de Reynolds como Re  , pode-se reescrever a Eq (1.43) como:

_2
64 L v
hc  (1.44)
Re D 2 [J/kg]

ou

_2
64 L v
hc  [mcf] (1.45)
Re D 2 g

A Eq. (1.44) pode ser então usada para determinar a perda de carga em escoamentos
laminares e que em conjunto com a Eq. (1.39) caracterizam todas as interações de energia em
um escoamento laminar. A perda de carga contínua pode ser representada também da seguinte
forma:
hc
J (1.46)
L

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onde J é a perda de carga unitária, muitas vezes expressa em metros de coluna de


fluido, mcf.

Aplicação:
Calcule a perda de carga numa tubulação de 50 mm que escoa óleo SAE 10W com
velocidade de 2 m/s. Dados: densidade relativa do óleo: 0,9; viscosidade dinâmica à 20oC
equivale a 0,1 Pa.s.
 vd 900 x 2 x 0, 05
Re    900
 0,1

Como Re<2300, o escoamento é laminar. Assim,


_2
64 v 64 2 2 1
J  hc / L    0, 29mcf
Re 2 gD 900 0, 05 2 g

Oficina teórica

a) De uma forma geral como se classificam os escoamentos?

Viscosos Não viscosos

__________________________ ______________________________

b) Como se classificam os escoamentos viscosos


Laminares Turbulentos
___________________________ ______________________________

c) Qual o nome do número adimensional que serve de parâmetro para diferenciar um


escoamento laminar de um turbulento?
Número de Reynolds
____________________________

Para os escoamentos turbulentos não é conhecida uma forma analítica para se


determinar a queda de pressão em uma tubulação. Para se obter uma função para a queda de
pressão utilizam-se dados experimentais. Uma metodologia para o cálculo da perda de carga

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para escoamentos turbulentos foi proposta por Moody (Moody, L.F (1944) - “Friction Factors for
Pipe Flow”, Transactions of the ASME, 66,8, November, pp 67-84) e pode ser formulada de
acordo com a seguinte expressão:
_2
Lv (1.47)
hc  f
D 2 [J/kg]

onde f é o denominado fator de atrito e foi obtido por meio de um procedimento experimental
realizado por Moody para diversos padrões de escoamentos, cujos resultados são
representado através da Figura 19, a seguir.

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32

Figura 19 - Diagrama de Moody.

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O valor do fator de atrito pode ser determinado em função do número de Reynolds e


da rugosidade relativa do material da tubulação. A tabela 1 ilustra valores de rugosidade
para alguns materiais utilizados em tubos para um determinado nível de acabamento
superficial.

Tabela 1 – Valores de rugosidade para materiais mais comuns.

Aplicação:
Calcule a perda de carga numa tubulação de 50 mm de PVC (  =0,0015 mm) na
qual escoa água com velocidade de 2 m/s. Dados: viscosidade dinâmica da água à
20oC vale 0,003 Pa.s.

 vd 1000 x 2 x 0, 05
Re    33333, 3  3 E 4
 0, 003

Como Re>2300, o escoamento é turbulento. Assim,

_2
hc v
 f
L 2 gD

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O fator de atrito é encontrado através do diagrama de Moody com a rugosidade


relativa calculada e o número de Reynolds.

 0, 0015
  0, 00003
d 50
Do diagrama, f =0,024
_2
h v 22
Logo, c  f  0, 024  0, 097 mca / m  9, 7cm.c.a
L 2 gD 2 g 0, 05

5 PERDAS DE CARGA LOCALIZADAS


As perdas localizadas ocorrem quando o escoamento atravessa os diversos acessórios
de uma tubulação como válvulas e conexões, sofrendo mudanças bruscas de seção.
Há duas formas para se determinar as perdas localizadas: o método do coeficiente de
perda e o do comprimento equivalente.

5.1 Método do coeficiente de perda.


Este método faz uso de um coeficiente, denominado de coeficiente de perda
localizada (K), conforme a equação (1.48), a seguir:
_2
p v
hL  K (1.48)
 2g

O valor da constante K é obtido experimentalmente, de uma forma bem simples,


medindo-se a queda de pressão e a vazão através de um acessório. Desta forma,
determina-se a velocidade média de referência e, finalmente, o valor da constante de
acordo com a equação (1.49).
2g p
K (1.49)
_2
v
Dentre as perdas de carga localizadas mais comuns estão:

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 As entrada e saídas de tubulações;


 As expansões e contrações suaves ou abruptas;
 Curvas, cotovelos e tês;
 Válvulas abertas ou parcialmente fechadas.

Vejamos agora alguns exemplos de levantamento de coeficientes de perda de carga,


determinados a partir de dados experimentais. Os valores dos coeficientes podem ser
mostrados através de gráficos, tabelas ou ábacos, bastando entrar com os dados
solicitados.

Figura 20 - Coeficientes de perda localizada.

Válvulas e conexões:

As perdas de carga em válvulas e conexões podem ser obtidas em função de um


comprimento equivalente, sendo que estes valores referem-se à posição completamente
aberta (da válvula, por exemplo). Para posições intermediárias há um acréscimo de perda
de carga significativo.
Na determinação da perda de carga deve-se tomar muito cuidado para se identificar
todas as perdas de carga e estimar com exatidão seus valores, pois, uma montagem
cuidadosa poderá reduzir significativamente as perdas de um sistema.

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A Figura 21 ilustra alguns tipos de válvulas utilizadas em sistemas de bombeamento.

a) Válvula gaveta, utilizada normalment


para bloqueio de tubulações;

b) Válvula globo, mais indicada para


regulagem de vazão;

c) Válvula de retenção, para evitar o


refluxo do escoamento;

d) Válvula de disco. Figura 21- Válvulas.

A Figura 22 possibilita a leitura do coeficiente de perda de carga em função do


tipo de válvula e da razão de abertura

Figura 22 - Coeficientes de perda de carga para válvulas parcialmente abertas.

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Curvas de 900

Figura 23 - Coeficientes de perda de carga localizada para curvas de 900.

Entrada de tubulações
2
  d 2 
K e  1     (1.50)
  D  

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Figura 24 - Coeficientes de perda localizada para entrada de tubulações.

5.2 Método do comprimento equivalente.


Este método faz uso de uma equação similar à equação (1.47), mas o comprimento
linear da tubulação é trocado por um comprimento equivalente, conforme a expressão
abaixo:
_2
L v
hL  f e (1.51)
D 2
Onde “f” é o fator de atrito calculado da mesma maneira da perda de carga contínua.
Le é o comprimento equivalente de rede relacionado com a perda de carga equivalente do
acessório em questão e é obtido experimentalmente. Comparando-se as equações (1.51)
e (1.48) pode-se constatar que:

D
Le  K (1.52)
f

Um sistema com um único tubo pode ter muitas perdas localizadas. Como todas
elas estão correlacionadas com v2/2g, elas podem ser somadas numa única parcela total
do sistema, caso o tubo tenha diâmetro constante.
_2
v L
ht  hc   hL  ( f   K) (1.53)
2g D

As perdas de carga localizadas podem ser significativas; por exemplo, uma válvula
parcialmente fechada pode causar maior queda de pressão do que um tubo longo.

Obs.: dados experimentais para perdas locais podem variar de acordo com as fontes de
origem. Fontes diferentes podem dar valores diferentes para cada tamanho de peça e
acessório.

Oficina teórica:

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a) Quais são os dois tipos de perdas de carga observados em escoamentos


internos em tubulações?
Contínuas Localizadas
_______________________________ _______________________________________

b) Marque como verdadeiro (V) ou falso (F)


(V) A perda de carga é diretamente proporcional ao comprimento de um tubo;
(F) A rugosidade interna de um tubo não é importante na avaliação de perdas de
carga;
(V) O fator de atrito é função da rugosidade relativa e do número de Reynolds;
(F) O valor do coeficiente de perda de carga é obtido através de cálculos muito
complicados;
(V) As perdas de carga representam custos indesejáveis em uma instalação de
bombeamento;
(F) Dobrando a velocidade de escoamento numa tubulação, dobra-se o valor da
perda de carga;
(V) Comprimento equivalente de um acessório corresponde a um trecho reto de
mesmo diâmetro da tubulação onde está instalado o que produziria a mesma perda
de carga.

Aplicação:
Um sistema de bombeamento é composto de uma bomba centrífuga, de uma
tubulação de ferro galvanizado com 100 m de tubo linear de 12 mm de diâmetro
interno (linha de descarga) e 10 m de tubo linear de 25 mm de diâmetro interno (linha
de sucção). Sabe-se que cada trecho contém os acessórios relacionados abaixo.
Calcule a perda de carga em cada trecho, sabendo-se que a velocidade no tubo de
maior diâmetro é de 1 m/s:
Dados: viscosidade dinâmica da água à 20oC vale 0,003 Pa.s.
Solução:

Na descarga, a velocidade é determinada por:

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2
d 
2
 25 
vd  vs  s   vd  1, 0.    4,34 m / s . Desta forma, podem-se calcular os
 dd   12 
principais parâmetros do escoamento nos dois trechos.

d [mm] v [m/s] Re  [mm]  /d f


Sucção 25 1 8333 0,15 0,006 0,04
Descarga 12 4,34 17360 0,15 0,0125 0,042

Desta forma, podem-se calcular agora as perdas de carga tanto na sucção


quanto na descarga da bomba:

Na sucção a velocidade é de 1 m/s

Diâm. [mm] Quant. k K f

Tubo 25 10 m - 0,04
Entrada de tubulação de canto 0,1
25 1 0,1 -
arredondado r/d= 0,10
Válvula gaveta h/d=0,8 25 2 0,7 1,4 -
Válvula de retenção 2,9
25 1 2,9 -
basculante
Curva 90o R/d=3 25 5 0,15 0,75 -
5,15

Assim, a perda de carga na sucção vale:


_2
v L
ht  hc   hL  (f   K )  1, 08mca
2g D

E na seção de descarga tem-se:

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Diâm. [mm] Quant. K K f

Tubo 12 100 m - 0,042


Válvula gaveta h/d=0,6 12 2 2 4 -
Válvula globo h/d=0,75 12 1 4 4 -
Curva 90º R/d=3 12 5 0,15 0,75 -
8,75

O que leva à:
_2
v L
ht  hc   hL  (f   K )  344, 4 mca
2g D

5.3 Dutos não circulares

Os mesmos cálculos para dutos circulares podem ser aplicados, também, a dutos
não circulares, desde que se aplique o diâmetro hidráulico correspondente, dado por:

4A
Dh  (1.54)
P

onde A é a área da seção transversal e P o perímetro molhado.


Este procedimento, no entanto, deve obedecer a determinadas restrições. Por
exemplo, para dutos quadrados ou retangulares a razão de aspecto (ar = h/b), ou seja, a
relação entre a altura e a sua largura, tem que ser menor que 4.
Podemos entender o diâmetro hidráulico como o diâmetro de um tubo circular que
apresenta a mesma perda de carga que o tubo não circular em estudo. Vejamos a seguinte
aplicação.

Aplicação:
Calcule o número de Reynolds do escoamento interno de 860 m3/h de ar num
duto retangular de ar condicionado de 20 cm x 60 cm, sabendo-se que a pressão e a

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temperatura do ar valem 110 kPa e 25oC respectivamente, e que a viscosidade


dinâmica do ar nestas condições vale 1,9E-5 Pa.s.

Solução:
 vDh
Sabe-se que o número de Re é dado por Re  , portanto, precisamos calcular

a massa específica do ar, assim como o diâmetro hidráulico e a sua velocidade.

Cálculo da massa específica do ar:


p
Da equação dos gases perfeitos,   e, para o ar R = 286,89 kJ/kmolK. Assim,
RT
p 110 kPa
   1, 29 kg / m 3
RT 286,89 kJ / kgK (25  273) K

Cálculo do diâmetro hidráulico

4 A 4 x 0, 2 x 0, 6
dh    0, 3m
P 1, 6

Cálculo da velocidade média no duto


V 860m3 / h
v   2m / s
A 0, 2 x0,6m2 x3600s / h

Cálculo do Re

 vd h 1, 29 x 2 x 0, 3
Re    40736,84
 1, 9 E  5

Assim como foi possível obter o número de Reynolds, podem-se calcular também
as perdas de carga da tubulação, como se o duto fosse circular com diâmetro igual
ao hidráulico.

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Um tubo é um duto de seção circular. Quando a seção não for circular não se deve
referenciar a tubulação por tubo, mas sim por duto. Em muitas aplicações industriais de ar
condicionado encontramos dutos de seção retangular.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

- Munson, Bruce R., Young, Donald F., “Fundamentos da Mecânica dos Fluidos”,
Volume 1, Editora Edgard Blücher LTDA. 2ª edição, 1997.

- White, Frank M., “Mecânica dos Fluidos”, 4a edição, Editora McGraw Hill.
- Fox, Robert W., Mac Donald, Alan T e Pritchard, Philip J.,“Introdução à Mecânica
dos Fluidos”,7ª edição, Editora LTC, 2010.
- Potter, Merle C., Wiggert, David C. “Mecânica dos Fluidos”, 1a edição. Editora
Thomson Pioneira, 2003.
- Cengel, Yunus A., Cimbala, John M. “Mecânica dos Fluidos”, 1ª edição. Editora
McGraw Hill – Artmed, 2007.

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