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O direito possui sua definição vinculada a idéias filosóficas e políticas que possuem forte
carga emotiva e por isso é difícil de estabelecer uma definição única.
Durante muito tempo, chamou-se por direito aquilo que chamaríamos de religião. Exemplo:
dez mandamentos.
Se o jurista contemporâneo compreende o direito a partir das normas jurídicas, dos contratos,
do Estado, das penas, no passado tudo isso era tema da religião.
A religião pode disciplinar sobre as condutas assim como o direito. No entanto, o direito se
relaciona de modo específico com os objetivos que regula.
No passado, como direito e religião se confundiam não havia algo que qualificasse os assuntos
estritamente como jurídicos ou religiosos. A especificidade do direito surge com o
capitalismo.
A instância específica do direito ocorre quando um ente abstrato aparentemente distante dos
indivíduos, o Estado, se institucionaliza e passa a regular as relações sociais.
No passado o direito tratava diretamente dos fatos, das situações, das coisas. Com o
capitalismo, o direito passa a ter uma estrutura mecânica, técnica que reflete a própria
mecanicidade das relações capitalistas.
Com o capitalismo a técnica jurídica passa a ser universal. Trata-se da técnica das normas
jurídicas
O jurista só compreende a realidade dos fatos por meio do conteúdo das normas técnicas
determinadas pelo Estado.
Os juristas passam a ser técnicos, aplicadores da lei que compreendem o direito como uma
ciência isolada, afastada das demais áreas sociais.
“O jurista tecnicista, que em geral que esconder a relação do direito com o todo – seja com o
capitalismo, que lhe dá a qualidade, seja com as demais relações, que se lhe somam
quantitativamente em maior ou menor grau – identifica o direito apenas como a norma
jurídica. Pinça um fenômeno isolado do direito e quer fazer dele a razão de ser da explicação
jurídica, sem relacionar a norma com os demais fenômenos. Estes são juristas limitadores,
que procedem a um reducionismo na explicação do direito, escondendo as relações do direito
com a sociedade” (MASCARO)
O direito não é uma ciência neutra e fechada em sim mesma, como a visão tecnicista faz
crer.
Os gregos antigos relacionavam uma idéia de estrutura jurídica com a especulação filosófica
do que seria justiça. Tratava-se de uma concepção abstrata, especulativa e generalizadora do
que seria a justiça através da moralidade.
A lei natural se relacionava com a noção de comportamento ético e justo voltado para a
coletividade.
O direito natural grego não tratava de fórmulas vazias mas, de uma estrutura racional e
filosófica de formas adequadas às constantes da vida cotidiana
Não se tratava de seguir regras estatais mas, uma prática com vinculação de rituais sagrados,
baseados na fundação de Roma.
Mesmo a intervenção dos pretores romanos seria uma forma artesanal de resolver conflitos
A sociedade romana, mais complexa, caracteriza-se por uma maior capacidade de reprodução
das decisões judiciais, em saber jurisprudencial baseado na tradição da fundação de Roma.
Mais, ainda sim os pretores se baseavam em produção espontânea de decisões e pela falta de
um saber jurídico plenamente sistemático.
LEX: normas criadas por autoridades (leis formais, voltadas). Com o tempo, a lex passa a
absorver o conteúdo do IUS
DERECTUM: (século IV. D.C) conotação religiosa que implica em comportamento direcionado
para a retidão conforme os princípios religiosos da Idade Média.
A palavra direito, em português, guardou o sentido de “ius” como aquilo consagrado pela
justiça (em termos de virtude moral), com o sentido de “derectum” como um exame de
retidão da balança PR meio do ato da justiça.
Já a sociedade feudal dependia muito pouco do direito para sua organização social. A
dominação dos senhores feudais ocorria mais pela tradição no domínio hereditário das terras;
Na idade média o homem era um ser social, o que implicava em gregariedade animal mas, a
dignidade humana, advinda da imagem e semelhança de Deus, inscreveu na consciência a lei
do livre arbítrio.
Haveria acima do direito dos homens e independente dele, um conjunto de imperativos éticos
expressão da razão divina.
Tanto nas sociedades escravagistas quanto na feudal verificava-se um domínio mais direto, de
senhor para escravo, de senhor para servo, de chefe da tribo em relação aos parentes.
O fim do feudalismo marca o início das atividades burguesas baseadas na compra e venda.
Trata-se do surgimento do capitalismo.
A base da exploração capitalista não é a força bruta, como na servidão e na escravidão, para
que os negócios fossem efetivados era preciso a segurança jurídica dos contratos, ou seja: o
produto seria entregue e o lucro garantido.
O Estado Moderno surge porque as relações mercantis capitalistas demandam uma série de
aparatos técnicos, institucionais e formais que se relacionam com um aparato político jurídico
estatal.
Os pensadores jurídicos modernos não mais tratavam sobre as relações morais da justiça, mas
sim das condições racionais da sobrevivência.
Trata-se de uma sociedade que se torna complexa e precisa dominar tecnicamente a natureza
ameaçadora.
Era a construção de uma teoria jurídica que baseava seus enunciados na razão mas, que se
validava e se legitimava por meio da posição divina, através do que seria a natureza do
homem.
Com o direito natural começa a aparecer pela primeira vez a noção de sistema jurídico como
técnica racional da convivência (concebida a partir de considerações sobre o homem em
estado da natureza, projetadas sobre a condição do homem na civilização.)
Até esse momento histórico a teoria jurídica européia era uma teoria da interpretação
(exegese) de textos singulares, como jus racionalismo a estrutura jurídica recebe um caráter
lógico demonstrativo de sistema fechado.
Uma razão sistemática que é pouco a pouco assimilada ao fenômeno do Estado Moderno,
aparecendo o direito como regulador racional, supranacional, capaz de operar apesar das
divergências nacionais e religiosas, em todas as circunstâncias.
O direito natural não era escrito, mas apenas deduzido pela razão humana da natureza das
coisas e dos próprios conteúdos intrínsecos a essa razão, ela acabava por tornar-se no direito
particular de cada autor, todos estes direitos com pretensão de único correto e universal.