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ESTUDO DE CASO:
PROJETO DE INTERVENÇÃO PSICOSSOCIAL - LINGUAGENS E
SABERES: A INCLUSÃO DA PESSOA SURDA NO AMBIENTE DE
TRABALHO
GUARULHOS
2016
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Caroline Schiavoni da Silva RA: 28205618
GUARULHOS
2016
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SUMÁRIO
ANEXOS.....................................................................................................................20
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1.1 INTRODUÇÃO
O presente projeto tem por objetivo apresentar a inclusão da pessoa com deficiência
auditiva total ou parcial no mercado de trabalho, diante de tantas situações conflitantes
em suas vidas cotidianas, nota-se que a principal dificuldade está na comunicação.
Focamos em proporcionar o conhecimento de uma linguagem adequada, pois se esta
não for bem definida, poderá gerar muitos impasses no ambiente institucional.
A surdez do ponto de vista clínico é caracterizada pela diminuição da percepção
auditiva que dificulta a comunicação de forma natural, ou seja, apreende o mundo por
meio de experiências visuais, mas ao contrário do que pensam, os surdos têm sim um
modo diferente de agir, mas não são isolados e incomunicáveis, portanto, para esse
projeto de intervenção, notou-se a necessidade dos futuros trabalhadores com
deficiência auditiva, serem preparados antes mesmo de ingressarem no seu futuro
local de trabalho, e também proporcionar conhecimento aos que já trabalham na
prefeitura, de modo que percebam o povo surdo e se adaptem para recebê-los de
forma adequada. Para que haja a inclusão será feito um projeto de intervenção com
palestras e dinâmicas com os funcionários para que haja uma aceitação empática.
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1. 2 ANÁLISE E CONTEXTUALIZAÇÃO
Nota-se que desde a idade antiga (476 d.c), as pessoas com deficiência auditiva eram
excluídas da sociedade. Em Roma os surdos eram considerados como pessoas
enfeitiçadas ou castigadas, além de que eram considerados inválidos e um incômodo
para a sociedade, nessa época esses indivíduos eram mortos. Já no Egito e na Pérsia,
os surdos eram considerados como seres privilegiados, enviados pelos deuses e
acreditavam que eles possuíam algum poder de comunicação com os deuses. Na
Idade Média, os surdos eram queimados em fogueiras, tratados como sujeitos a parte
da sociedade e não podiam exercer seus direitos como cidadão. Somente na Idade
Moderna, foi reconhecido que a surdez não era impedimento para que o indivíduo
possa se desenvolver e aprender (STROBEL, 2009).
Em 1857 foi fundada a primeira escola para surdos no Brasil, no estado do Rio de
Janeiro, o “Imperial Instituto dos Surdos-Mudos”, que hoje é conhecido como: “Instituto
Nacional de Educação de Surdos”, criado pela Lei nº 939 de 26 de setembro. Nesta
escola surgiu a mistura da língua de sinais francesa com os sistemas já usados pelos
surdos de várias regiões do Brasil, a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) (STROBEL,
2009).
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Segundo Perlin e Miranda (2003, p.218):
A língua dos surdos não pode ser considerada universal, dado que não funciona como
um “decalque” ou “rotulo” que possa ser colocado e utilizado por todos os surdos de
todas as sociedades de maneira uniforme e sem influencias de usos (GESSER, 2009,
p.12).
A língua portuguesa oral e escrita pela pessoa surda são estigmatizados, pois não
alcançam aos propósitos impostos pelas pessoas ouvintes. A escrita representa um
desafio para o surdo, pois ele precisa entender uma realidade fônica na qual não lhe
é familiar acusticamente, além de que a escrita requer um fator emocional. Nem todos
os surdos são capazes de fazer leitura labial, pois tanto a leitura labial quanto a
vocalização são habilidades que requerem treinos intensos para serem desenvolvidas
(GESSER, 2009).
Sobre a língua brasileira de sinais, temos o que segue sobre a lei nº 10.436, de 24 de
abril de 2002. Em seu Artigo 1: “é reconhecida como meio legal de comunicação e
expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela
associados”. No Artigo 2, é determinado que: “deve ser garantido, por parte do poder
público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas
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institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras
como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas
do Brasil”. Já no Artigo 3, assegura-se que: “as instituições públicas e empresas
concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir
atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo
com as normas legais em vigor”. Por fim, o Artigo 4, determina que: “o sistema
educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito
Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de
Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua
Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares
Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente. Em seu parágrafo único está
determinado que: “a Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a
modalidade escrita da língua portuguesa”.
Em linhas gerais, tem-se o que segue de alguns dos direitos da pessoa com
deficiência: A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, assegura no
Artigo 7, parágrafo XXXI: “proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e
critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência”. Já o Artigo 23,
determina que é competência do estado, município e distrito federal, o que se propõe
no parágrafo II: “cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das
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pessoas portadoras de deficiência”. O Artigo 24, parágrafo XIV assegura a: “proteção
e integração social das pessoas portadoras de deficiência”. O Artigo 37, parágrafo VIII
determina que: “a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as
pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão”. No Artigo
227, parágrafo II é determinado: “criação de programas de prevenção e atendimento
especializado para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental,
bem como de integração social do adolescente e do jovem portador de deficiência,
mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos
bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas
as formas de discriminação”.
II - de 201 a 500......................................................................................................3%;
Segundo Pastore (2000), fica “clara a fragilidade” das políticas impostas pela lei ao
surdo e a pessoa com deficiência inseridos ao mercado de trabalho, que são
estigmatizadas como doentes pelos empregadores e a sociedade, que definem as
pessoas com deficiência:
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As empresas devem adotar atitudes que facilitem a contratação de pessoas
com deficiência. O modelo atual de organização do trabalho impôs um perfil de
trabalhador polivalente que desempenha inúmeras funções. Dependendo das
limitações impostas pela deficiência, muitas vezes a pessoa não consegue
desenvolver o conjunto das funções inseridas num mesmo cargo. Entretanto,
pode realizar grande parte delas. A empresa, sempre que possível, deve
verificar a possibilidade de desmembrar as funções de forma a adequar o cargo
às peculiaridades dos candidatos (art. 36, alínea "d", da Recomendação nº 168
da OIT).
A empresa deve estar atenta ao realizar a entrevista e testes com candidatos
com deficiência, os instrumentos utilizados devem estar em formato acessível
para as diferentes deficiências, como, por exemplo, a presença de intérprete
de sinais, quando o candidato for surdo, teste em Braile para os cegos, etc. O
ideal, quando forem ofertadas as vagas, é incentivar que os candidatos
informem antecipadamente as suas necessidades para participar do processo
seletivo (item 4.2 do Repertório de Recomendações Práticas da OIT: Gestão
de questões relativas à deficiência no local de trabalho).
Na seleção de empregados, com deficiência ou não, não podem ser usados
critérios pessoais. Somente os necessários ao exercício da atividade podem
ser exigidos. Se os requisitos não forem estritamente técnicos, a empresa
incorre em infração trabalhista e até penal por discriminação (art. 373A, I, II, V,
da CLT, c/c art. 1º da Lei nº 9.029/95).
Segundo Omote (1999 apud CORDEIRO et al, 2007), acredita que uma sociedade
inclusiva é aquela que oferecer vários tipos de serviços especializados onde atenda
as especificidades dos indivíduos com deficiências, dessa forma poderia diminuir a
desigualdade de oportunidades presente em nossa sociedade.
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1.3 PROJETO DE INTERVENÇÃO PSICOSSOCIAL
1ª Etapa:
A primeira etapa terá o objetivo de preparar os futuros candidatos para os setores nos
quais serão inseridos. Notou-se a necessidade dos futuros trabalhadores com
deficiência na audição, tanto surdez parcial ou total, de serem preparados antes
mesmo de ingressarem no seu futuro local de trabalho. Esse período de preparação
tem duração de duas semanas durante o horário de expediente que já faz parte da
proposta de trabalho da prefeitura, esse período será remunerado e diferente de um
ambiente de trabalho, será um ambiente onde acontecerão aulas. A proposta é
ministrar cursos na área de comunicação e profissionalizantes, como por exemplo:
administração e informática.
Proposta:
Durante duas semanas, no período de trabalho integral, meio período será dedicado
ao curso de comunicação com uma pausa para o café de 15 minutos durante a manhã,
após o almoço de 1 hora, inicia o segundo período com o curso de conhecimento
profissionalizante, com outra pausa para o café á tarde de mais 15 minutos, e assim
seguirá por duas semanas.
Curso em comunicação: principal objetivo é aprimorar e até mesmo proporcionar
conhecimento na linguagem de LIBRAS para os funcionários recém-contratados e que
são portadores de deficiência auditiva. Proporcionar através das línguas de sinais,
uma linguagem facilitadora no que se refere no conhecimento interno dos falantes-
ouvintes, expressar ideias e sentimentos, e dessa forma facilitar uma harmonia na
comunicação com seus futuros colegas de trabalho. Os professores ministrarão
conhecimento na Língua Brasileira de Sinais, e desse modo propiciar o pleno
desenvolvimento e garantir um bom trânsito em diferentes contextos, nesse caso, o
ambiente de trabalho.
Curso de conhecimentos profissionalizante: o objetivo é proporcionar cursos de
administração e informática teórica e prática, segue principalmente aos trabalhadores
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nos setores de escritório e administrativo, levando um conhecimento amplo no
trabalho e assim diminuir erros e facilitar a ação dos futuros colaboradores com
deficiência auditiva. Nessa fase serão analisadas as possíveis dificuldades nesse tipo
de trabalho e como serão articuladas com a deficiência do trabalhador. Aos
trabalhadores que não irão atuar em nenhum desses setores, terão a carga reduzida
estudando apenas o curso de comunicação e iniciando sua jornada de trabalho mais
cedo.
Ao final de etapa, todos os participantes receberão o certificado e já iniciarão seu
trabalho na prefeitura ou no setor ligado a ela.
2ª Etapa:
Nesta etapa será a intervenção propriamente dita, composta por palestras para os
funcionários da prefeitura abordando vários aspectos que serão descritos abaixo. As
palestras serão realizadas durante o período de três semanas com frequência de uma
vez por semana, com duração de aproximadamente duas horas cada e intervalo de
20 minutos.
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Quebra gelo: dinâmica do barbante
Após que todos estiverem amarrados, deve-se dar a orientação: “Se alguém souber a
solução, basta se soltar e a dupla deverá vir para frente e não contar como faz para
ninguém. Vocês devem se soltar um do outro, mas sem arrebentar o barbante, sem
abrir os nós e nem tirar o barbante dos pulsos”.
Dinâmica de Valorização
Essa dinâmica foi elaborada pelas alunas Mônica Cristina Ferreira Soares, Talita Aline
Santana de Oliveira, Thais Santos Silva e Monick Cristina da Silva (esta última não
faz parte do presente trabalho), especialmente para a disciplina de Estágio
Supervisionado Básico: Psicologia das Organizações e do Trabalho sob orientações
do Ms. Luiz Fernando Bacchereti, no sexto semestre do curso de psicologia (segundo
semestre de 2014).
Proposta: A intervenção proposta nesta dinâmica tem como objetivo, valorizar cada
funcionário da empresa independente de suas limitações e dificuldades. Mostrar para
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os funcionários que todos são importantes. Serão necessários aproximadamente 50
minutos para realização desta dinâmica.
O material necessário serão: caixas de presentes com tampas, (uma para cada
colaborador), um espelho colado na parte de baixo da caixa com fita dupla face.
Após 30 minutos, o palestrante deve dar instruções para os funcionários pegar uma
caixa de presente e deixa-las sobre seu o colo e não as abrir ainda;
Agora o palestrante deve começar a falar sobre as pedras preciosas que existem no
Brasil, que toda empresa possui essas pedras preciosas, e todas possuem um tesouro
precioso guardado. O palestrante deve dizer que em cada caixa existe uma pedra
preciosa cada uma com um nome e com uma cor (o palestrante diz por exemplo,
pedras como Rubi, Ametista, Esmeralda, Cristal e etc). Após todas as explicações e
contagem do tempo (1...2...3), deve-se pedir para que todos os colaboradores abram
as suas caixas ao mesmo tempo.
Seria interessante discutir: Questionar se foi possível perceber que para o bom
funcionamento da empresa, a mesma precisa de pessoas preciosas, e que cada um
tem sua importância. Perguntar como se sentiram quando perceberam que eles eram
as pedras preciosas. Que conclusões os colaboradores acreditam podem ser tiradas
da dinâmica?
3ª Etapa:
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Uma pesquisa de adaptação será realizada, após seis meses da inserção do
deficiente auditivo na empresa, onde pontos como, motivação, satisfação, clima e
cultura serão levantados.
Os pontos a serem levantados através da pesquisa tem como objetivo saber como a
empresa e funcionários se adaptaram, a mudança ocorrida após a inserção do
deficiente auditivo, como está o clima, sendo ele o termômetro da organização.
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1.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pessoa surda encontra ferramentas para entender o mundo a sua volta e assim
torna-lo acessível de acordo com suas percepções visuais, desse modo, objetivamos
atingir uma boa sintonia na comunicação do colaborador surdo com os demais
trabalhadores da prefeitura e para isso a prioridade é a língua de sinais. Em geral,
garantir atendimento e tratamento adequado às pessoas surdas, e como resultado
dessas ações, proporcionar que a pessoa surda passe a exigir seu espaço e
reconhecimento no trabalho, que ela mesma venha dimensionar suas qualidades e
buscar por melhora-las.
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1.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO. Programa de inclusão social da pessoa
com deficiência: convivência e atitude. TRT- 3ª Região, Minas Gerais, 2013.
Disponível em:
<http://www.trt3.jus.br/socioambiental/downloads/cartilha_inclusao_social.pdf>.
Acesso em 21 mai. 2016.
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