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Tratar sobre a questão ambiental na Amazônia tem sido uma tarefa bastante
desafiadora para aqueles que se preocupam com o tema nos seus mais variados vieses. A
complexidade social e ambiental que essa região apresenta, particularmente em suas áreas de
fronteira agrária, permite múltiplas possibilidades de entradas e diversas interpretações dos
processos que nela se desenvolvem. Porém, por outro lado, essa complexidade se constitui em
um espaço fértil para a reflexão sobre um dos aspectos fundamentais que se esconde por trás
da crise ambiental amazônica: as relações sociedade-natureza.
Essas relações e as concepções de natureza que as fundamentam estão na base da
grande maioria dos debates travados sobre a questão ambiental: todas as manifestações contra
as agressões ao ambiente, seja na Amazônia ou em nível mundial, bem como as soluções
apontadas para a diminuição dos seus impactos, incidem diretamente sobre as formas com que
o ser humano trata o meio em que vive e explora.
No contexto desse estudo, mediante aos processos de ocupação que se desenvolveram
nas áreas de fronteira agrária da Amazônia oriental e às diferentes formas de exploração do
meio natural adotadas pelos vários atores locais, a discussão sobre os tipos de relações que a
sociedade estabelece com a natureza se torna ainda mais importante, principalmente se
considerarmos que esses processos e essas formas de exploração têm sido determinantes na
configuração de dinâmicas regionais geradoras de inúmeros e preocupantes problemas sociais
e ambientais – problemas estes que, muitas vezes, acabam se confundindo devido às fortes
inter-relações existentes entre eles. As transformações que vêm ocorrendo nos últimos anos
têm agregado elementos a essas dinâmicas provocando, aparentemente, alterações nas
maneiras como as populações locais, sobretudo a agricultura familiar, lidam com o seu meio
natural e contribuindo para aumentar o grau de complexidade presente nessas áreas de
fronteira.
Foi tendo em vista esse desafio de lidar com a complexidade das relações sociedade-
natureza nesses espaços de fronteira agrária que se levantou o questionamento sobre qual seria
o caminho teórico-analítico apropriado para melhor compreender essas relações e baseados
em quê os seres humanos definem as maneiras como vão se relacionar com a natureza.
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Para dar conta desse questionamento esse capítulo procurou seguir um percurso
de reflexão teórica a partir, basicamente, de dois eixos. O primeiro eixo, desenvolvido nas
duas primeiras seções, se refere às relações sociedade-natureza em si, sobre como elas se
estruturam em função das diferentes concepções de natureza que as sociedades humanas
desenvolveram ao longo do tempo e como, atualmente, a emergência de uma preocupante
crise ambiental vem praticamente forçando mudanças paradigmáticas importantes nas
matrizes de análise dessas relações em direção ao uso de perspectivas mais integradoras.
Esse conhecimento das bases dos diferentes paradigmas que fundamentam as relações
humanas com a natureza tem por objetivo ajudar a refletir mais adiante, no processo de
análise, sobre as mudanças que ocorrem nos campos das relações materiais e imateriais nas
áreas de fronteira agrária estudadas. Além disso, a adoção de um referencial analítico que
admite a interação entre os polos natureza e sociedade, mas que ao mesmo tempo procura
guardar suas especificidades, possibilita perceber a força das interações que se estabelecem
entre eles e o peso e as influências que cada um exerce sobre as dinâmicas atuais.
O outro eixo, tratado na terceira seção deste capítulo, parte do pressuposto que um dos
principais objetivos perseguidos pelas sociedades humanas e que, em grande medida, tem
determinado as relações sociedade-natureza é a garantia da sua sobrevivência e reprodução
social. Esses objetivos, juntamente com os significados que essas sociedades atribuem à
natureza, são peças fundamentais na definição das relações que vão estabelecer com o meio
natural que as circunda. Sendo assim, procura-se compor um quadro com elementos de
reflexão sobre reprodução social e com os diferentes tipos de processos que a compõem,
admitindo-se que as formas como as sociedades conseguem garantir sua reprodução social
podem ser consideradas como expressões legítimas das relações sociedade-natureza que se
estabelecem em um determinado espaço. Esse arcabouço da reprodução social permite
compreender quais as diferentes ordens de fatores que influenciam nas definições das práticas
sociais e produtivas que as famílias vão adotar para garantir a manutenção do seu modo de
vida.
Com isso, esse capítulo se propõe a colocar algumas bases e perspectivas analíticas
que servirão de suporte para as discussões e análises compreendidas nos capítulos 5 e 6,
principalmente.
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A discussão sobre os efeitos da ação humana no ambiente não é nova, porém somente
no século XX, principalmente nos últimos 20 anos, ganhou ampla magnitude devido às
evidências produzidas pelos efeitos globais e globalizantes da crise ambiental.
Desde os primórdios da humanidade, sob justificativa de garantir os meios para a sua
sobrevivência, o ser humano produz intervenções ou transformações na natureza. Tais
intervenções, no entanto, não se deram da mesma maneira ao longo da história uma vez que
as próprias visões que as sociedades humanas desenvolveram sobre a natureza variaram indo
desde uma total e mais harmoniosa integração entre ambas até sua quase completa
desconexão. De uma maneira geral, as formas de exploração e as relações que as sociedades
estabeleciam com a natureza eram orientadas pelas percepções que tinham sobre o meio
natural. Cada uma das formas de pensar a natureza e a relação sociedade-natureza definida
nos diferentes momentos históricos reflete a matriz paradigmática vigente naquele dado
momento.
Nas culturas pré-modernas ou “tradicionais”, a natureza era concebida como uma
entidade transcendente, misteriosa e sagrada, a qual os humanos se subordinavam e se
adaptavam ao seu tempo. O universo simbólico criado por essas sociedades integrava de
maneira umbilical humanos, natureza e deuses de tal modo que tornava inconcebível a
separação entre mundo natural e mundo social1 (WALDMAM, 2006).
Essa postura de culto à natureza começou a ser substituída no mundo ocidental por
outra muito mais contemplativa e interrogativa pelos físicos e filósofos gregos dos séculos VI
e V a.C, principalmente a partir do pensamento aristotélico. O início de certo estranhamento
entre o ser humano pensante e o ser natural ou a natureza em sua totalidade levou os gregos a
se interessar em refletir muito mais sobre o significado e a origem dos elementos formadores
da natureza (CAMARGO, 2005; GONÇALVES, 2006). O conceito dessa natureza dos
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Ao tomar como ponto de partida as concepções de natureza nas sociedades pré-modernas, não se pretende,
como se poderia supor, traçar uma linha evolutiva linear no tempo, onde este tipo de visão de mundo que
integra seres humanos e natureza seria considerado “menos avançado” em contraposição às sociedades
modernas que distinguem claramente os dois polos. A intenção é somente identificar as diversas concepções
de natureza ao longo do tempo, admitindo-se que a emergência de uma não necessariamente excluiu à outra
por completo, podendo perfeitamente coexistir em um mesmo espaço ao mesmo tempo.
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De acordo com Angioni (2004), essa noção de autodeterminação ao movimento presente na definição
aristotélica de natureza é frequentemente elucidada pela comparação entre as coisas naturais e os produtos da
técnica: os últimos não são capazes de se mover por si mesmos, ou seja, não são capazes de se determinar aos
movimentos específicos que os caracterizam enquanto produto da técnica; enquanto, por outro lado, os entes
naturais se caracterizam por uma autodeterminação ao movimento que os mantém em efetividade.
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cristã se diferenciava da cosmologia antiga que considerava que nada havia fora da
natureza (KESSELRING, 1992; RAYNAUT, 2006a).
Nessa época não havia uma clareza na distinção de visões de mundo e de concepções
da natureza segundo diferentes sociedades, porém, em geral, predominava aquela que tendia a
ver o mundo a partir de relações orgânicas que se desenrolavam em um universo vivo e
espiritual (CAPRA, 1987). Segundo Rossato (2004), essa diversidade nas visões de mundo,
em grande medida, tinha origem na permanência de duas concepções gerais de natureza que
os medievais haviam herdado do pensamento greco-romano, mas também na forte influência
que estas visões sofriam da doutrina cristã. A primeira concepção tinha a tendência de ver o
mundo a partir de dois polos opostos – o corpo e alma, o material e o artificial –, onde a
natureza era vista como algo profano, onde reside o mal e, sendo assim, como algo menos
nobre e elevado; tudo relacionado às forças naturais era considerado inferior e, por esse
motivo, as inclinações naturais (associadas ao corporal, material, sensível, passional)
deveriam ser controladas pela racionalidade e pelo espírito. Essa visão fundamentou a
argumentação de que a natureza deveria ser dominada e transformada de algo ruim em algo
melhor, baseando a antiga prática de uso predatório e destruidor.
Na segunda concepção de natureza, a tendência era de ver os polos dentro de uma
relação regida por princípios harmônicos e complementares. O mundo era considerado um ser
vivo e sendo obra divina era admitido como bom; a natureza, da mesma forma, sendo um
sistema do mundo, era igualmente tida como boa. A partir dessa visão, a divinização do
mundo levava ao entendimento de que a natureza deveria ser preservada porque, assim como
nas Escrituras Sagradas, nela o criador se revelava a si próprio. Sendo assim, tornou-se
recorrente na época o uso da metáfora da natureza como um livro – o Livro da Natureza –,
escrito ainda em linguagem cifrada. De acordo com Gonçalves (2006), essa metáfora
(também chamada “analogia hermenêutica”), iniciada por Santo Agostinho, que compara o
livro sagrado dos cristãos à natureza enquanto símbolo a ser decifrado reaparece várias vezes
ao longo da história, tanto em obras de filósofos cristãos, quanto nas obras de cientistas
renascentistas, como Galileu Galilei, por exemplo, que definiu a matemática e, em específico,
a geometria como “o alfabeto no qual Deus escreveu o universo”.
A partir de meados do século XII, essa natureza divinizada e a relação do homem com
a materialidade começaram a ser repensadas por teólogos católicos, sendo Tomás de Aquino,
bastante influenciado pelo pensamento aristotélico, um dos principais responsáveis por
apresentar uma ideia mais racional de natureza e a fundamentar um método igualmente
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A filosofia de Platão foi redescoberta pelos humanistas do século XV e teve uma grande influência no início da
Idade Moderna. Fortemente orientada pela matemática, a filosofia platônica contribuiu para a fundamentação
de uma visão de mundo onde tudo deve ser mensurado: “medir o que se pode medir e tornar mensurável o que
não o é”. Seus maiores vestígios foram deixados no século XVI, através de Copérnico, e no início do século
XVII, através particularmente de Kepler, quando se constitui em fator decisivo na imposição da visão
heliocêntrica do mundo (KESSELRING, 1992).
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entre Deus e a natureza. A visão da Idade Média de que Deus criador estava fora da
natureza e era anterior a ela continuava vigorando no período moderno. Porém, com o tempo,
o próprio ser humano, que na Idade Média situava-se dentro da natureza (da mesma forma
que a natureza, o ser humano havia sido criado por Deus), passou a assumir um lugar fora da
mesma. Ele se eleva a uma posição quase divina, de dono e dominador da natureza
(KESSELRING, 1992).
O papel de Deus enquanto causa explicativa dos processos naturais difundido pela
cosmologia cristã, na visão moderna vai sendo gradativamente substituído pela noção de que
eram as leis naturais que provocavam tais processos e que essas leis naturais eram passíveis
de serem conhecidas, uma vez que possuíam regularidade. No bojo do aperfeiçoamento do
que seria o determinismo mecânico4 das ciências naturais, a noção de um universo orgânico,
vivo e espiritual foi substituída por aquela do universo e do ser humano como uma máquina,
sendo a máquina do mundo a metáfora da Idade Moderna (CAMARGO, 2005; CAPRA,
1996).
No século XVII, vários pensadores vão fundamentar seus trabalhos essencialmente
sobre a ideia da possibilidade de entender a realidade a partir da linguagem matemática, sendo
a geometria sua principal forma de expressão (GONÇALVES, 2006). No entanto, vai ser
Descartes, filósofo francês considerado o “pai da nova filosofia”, o proponente de uma forma
mais acabada dessa visão lógica, matemática e geométrica do mundo, a partir da qual todos os
fenômenos da natureza poderiam ser explicados mediante a razão uma vez que se remetiam a
questões de movimento e cinética (daí a equivalência do mundo a uma máquina). Na filosofia
cartesiana era a faculdade do ser humano pensar e usar a razão que lhe conferia singularidade
e supremacia sobre tudo ao seu redor5. Essa forma de representação mecânica do mundo, que
ganhou mais ênfase ainda durante o Iluminismo e a laicização completa da ciência moderna,
reafirmou a concepção da natureza baseada na divisão fundamental entre duas zonas
ontológicas – humanos/natureza, espírito/matéria, sujeito/objeto – independentes e separadas,
finalizando um longo processo de cisão entre os dois polos (RAYNAUT, 2006a).
Com base nessa visão antropocêntrica a natureza passou, portanto, a se constituir em
um objeto da ciência moderna, cujos fenômenos deveriam ser moldados de forma a serem
4
Segundo Kesselring (1992), essa posição determinista presente nas ciências modernas foi herança da teologia
medieval, no sentido de que da mesma forma tinham a convicção de que cada evento natural possuiria uma
causa própria.
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A tradição cristã, que coloca o ser humano como superior a todas as outras espécies, devido ter sido criado à
imagem e semelhança de Deus, contribuiu muito na instituição do homem como “dono do mundo”, sendo esta
a tradição que inspirou as sociedades industriais na sua relação de dominação da natureza.
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Essa ideia de estoque de recursos se consolida a partir do desenvolvimento das filosofias econômicas do século
XVIII e da autonomia da economia enquanto ciência da produção e da circulação de bens materiais. Nesse
contexto, a natureza assume uma condição de reserva de recursos livremente ofertada à atividade humana
(RAYNAUT, 2006a).
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Bourg (1997) denomina essa natureza artificializada de “tecno-natureza”, onde as regulações que antes se
faziam de modo natural, ou seja, de maneira automática, são substituídas por regulações artificiais orientadas
pelos humanos.
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Não se pode negar, é claro, que a adoção da visão de mundo baseada na filosofia do
progresso ajudou a levar os países centrais a níveis significativos de crescimento. No entanto,
vendo por outro lado, também não se pode negar que os padrões de exploração do meio
natural impostos pelo homem moderno, baseados em uma lógica predatória, foram
responsáveis pelo esgotamento dos elementos naturais desses países no passado e, atualmente,
têm sido determinante no estabelecimento dos processos de rápida dilapidação das riquezas
naturais e demais problemas ambientais que ocorrem em países pobres ou emergentes, como
o Brasil. Segundo Giddens (1996), as consequências que essa visão produz sobre o ambiente
são tão significativamente negativas a ponto de haver sérios indícios de esgotamento (mesmo
que a longo prazo) de importantes recursos materiais e de elementos naturais necessários para
a manutenção da vida humana no planeta como um todo.
Essa dimensão planetária da atual crise ambiental e a clara percepção dos limites que
esse padrão de desenvolvimento adotado pelas sociedades industriais apresenta colocam em
amplo questionamento a eficiência dessa concepção de mundo que se sedimenta sobre a
separação entre sociedade e natureza e obrigam essas sociedades a rever sua antiga pretensão
de dominação irrestrita dos seres humanos sobre a natureza.
Os riscos ambientais e sociais que as ações humanas, e mais especificamente as
novidades tecnológicas e organizacionais, produzem nas sociedades modernas geram um
ambiente de incertezas e instabilidade devido à amplitude e imprevisibilidade de suas
consequências, muito diferente daquele quadro de pretenso domínio e certeza do futuro
propagado pela ciência moderna ao fazer pensar que o homem era capaz de conhecer e
dominar completamente os fenômenos naturais (BECK, 1996; FERRY, 1994; GIDDENS,
1991).
Esse processo de sensibilização com relação aos problemas ambientais – que se
intensificou a partir da década de 1960 e tomou maior proporção com o Relatório Brundtland,
em 1987, e depois com a Rio-92 – e a relevância que esta questão passou a ter frente à
sociedade provocou, no campo acadêmico, uma mobilização das mais diferentes áreas do
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Essa noção de “desenvolvimento sustentável”, que segundo Almeida (1998) surgiu principalmente da
compreensão da finitude dos recursos naturais e das injustiças sociais geradas pelo modelo de
desenvolvimento adotado pela grande maioria dos países, começou a ser institucionalizada a partir da
publicação do Nosso Futuro Comum, em 1987, e referendada na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente (Rio-92). Apesar de ainda ser difusa e pouco precisa, o principal elemento que esta noção traz é a
importância do desenvolvimento ser capaz de garantir as necessidades das gerações futuras.
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indicam que os seres humanos não podem ser vistos somente como resultado de um
processo sociocultural, mas também como um componente que modifica e é
modificado pelo ambiente biofísico, ou seja, procura destacar a relação de
dependência existente entre as sociedades humanas e os ecossistemas. (MATTEDI,
2003, p. 06).
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Seguindo essa lógica, todos os custos e benefícios ambientais envolvidos nos processos produtivos e que não
faziam parte dos cálculos econômicos deveriam ser objeto de um procedimento de dotação de valor
economicamente mensurável, podendo assim os elementos exteriores ao sistema econômico serem facilmente
internalizados (incluindo aí todos os “recursos naturais” que entram na produção de bens e serviços). Sendo
assim, o capital natural passaria a ser alvo da mesma racionalidade já adotada para os outros elementos
fundamentais no processo produtivo e de atribuição do valor.
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Assim como os demais sistemas, sociedade e natureza concebidas enquanto tal são representações da
realidade. Tanto os fatos naturais quanto os fatos sociais são dotados de objetividade, no sentido de que
possuem uma existência intrínseca, e possuem iguais condições de serem submetidas ao esforço explicativo
da ciência.
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após ter sido submetida a mudanças de forma ou estado, de suporte material à produção
da vida social dentro de todas as suas dimensões (e.g. madeira, pedra, couro, metais etc.
utilizados para construções, equipamentos, artesanatos, entre outros); e, finalmente, inclui o
próprio ser humano enquanto um organismo vivo, agente e objeto de interações biológicas e
físico-químicas.
Já o campo denominado campo das relações não-materiais, da imaterialidade ou das
relações ideais compreende os processos cuja articulação participa na organização, na
reprodução e na transformação das representações mentais do mundo e dos modos de
estruturação das relações sociais; ele nos remete a processos de produção, de circulação e de
transmissão de sentido tanto do ponto de vista da cultura coletiva (representações, valores,
normas), quanto dos intercâmbios entre atores sociais. As FIG. 5 e 6 procuram ilustrar
esquematicamente essa perspectiva de compreensão das relações sociedade-natureza.
vai se usar nesse estudo para aprofundar a compreensão sobre as relações sociedade-
natureza nas áreas de fronteira agrária.