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desencorajamento das condutas inconvenientes. Para Pinel, a função
disciplinadora do médico e do manicômio deve ser exercida com firmeza,
porém com gentileza. Isso denota o caráter essencialmente moral com o qual a
loucura passa a ser revestida.
No entanto, com o passar do tempo, o tratamento moral de Pinel vai se
modificando e esvazia-se das idéias originais do método. Permanecem as
idéias corretivas do comportamento e dos hábitos dos doentes, porém como
recursos de imposição da ordem e da disciplina institucional. No século XIX, o
tratamento ao doente mental incluía medidas físicas como duchas, banhos
frios, chicotadas, máquinas giratórias e sangrias.
Aos poucos, com o avanço das teorias organicistas, o que era
considerado como doença moral passa a ser compreendido também como uma
doença orgânica. No entanto, as técnicas de tratamento empregadas pelos
organicistas eram as mesmas empregadas pelos adeptos do tratamento moral,
o que significa que, mesmo com uma outra compreensão sobre a loucura,
decorrente de descobertas experimentais da neurofisiologia e da
neuroanatomia, a submissão do louco permanece e adentra o século XX.
A partir da segunda metade do século XX, impulsionada principalmente
por Franco Basaglia, psiquiatra italiano, inicia-se uma radical crítica e
transformação do saber, do tratamento e das instituições psiquiátricas. Esse
movimento inicia-se na Itália, mas tem repercussões em todo o mundo e muito
particularmente no Brasil.
Nesse sentido é que se inicia o movimento da Luta Antimanicomial que
nasce profundamente marcado pela idéia de defesa dos direitos humanos e de
resgate da cidadania dos que carregam transtornos mentais.
Aliado a essa luta, nasce o movimento da Reforma Psiquiátrica que,
mais do que denunciar os manicômios como instituições de violências, propõe
a construção de uma rede de serviços e estratégias territoriais e comunitárias,
profundamente solidárias, inclusivas e libertárias.
2. PSIQUIATRIA NO BRASIL
A psiquiatria surge com a chegada da Família Real ao Brasil. Com o
objetivo de colocar ordem na urbanização e disciplinar a sociedade a partir de
embasamento nos conceitos da psiquiatria europeia que destratava o “louco” e
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intervia no tratamento do doente mental com seu isolamento, tratando-o no
hospital psiquiátrico.
No final da década de 70 com a mobilização dos profissionais da saúde
mental e dos familiares de pacientes com transtornos mentais, surge o
movimento de reforma psiquiátrica. Esse movimento se inscreve no contexto
de redemocratização do país e na mobilização político-social que ocorre na
época.
Importantes acontecimentos como a intervenção e o fechamento da
Clínica Anchieta, em Santos/SP, e a revisão legislativa proposta pelo então
Deputado Paulo Delgado por meio do projeto de lei nº 3.657, ambos ocorridos
em 1989, impulsionam a Reforma Psiquiátrica Brasileira.
Em 1990, o Brasil torna-se signatário da Declaração de Caracas a qual
propõe a reestruturação da assistência psiquiátrica, e, em 2001, é aprovada
a Lei Federal 10.216 que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas
portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em
saúde mental.
Dessa lei origina-se a Política de Saúde Mental a qual, basicamente,
visa garantir o cuidado ao paciente com transtorno mental em serviços
substitutivos aos hospitais psiquiátricos, superando assim a lógica das
internações de longa permanência que tratam o paciente isolando-o do
convívio com a família e com a sociedade como um todo.
A Política de Saúde Mental no Brasil promove a redução programada de
leitos psiquiátricos de longa permanência, incentivando que as internações
psiquiátricas, quando necessárias, se dêem no âmbito dos hospitais gerais e
que sejam de curta duração. Além disso, essa política visa à constituição de
uma rede de dispositivos diferenciados que permitam a atenção ao portador de
sofrimento mental no seu território, a desinstitucionalização de pacientes de
longa permanência em hospitais psiquiátricos e, ainda, ações que permitam a
reabilitação psicossocial por meio da inserção pelo trabalho, da cultura e do
lazer.
Em parceria, a Coordenação Nacional de Saúde Mental e o Programa
de Humanização no SUS, ambos do Ministério da Saúde, registraram o
cotidiano de 24 casas localizadas em Barbacena/MG, nas quais residem
pessoas egressas de longas internações psiquiátricas e que, por suas histórias
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e trajetórias de abandono nos manicômios, mais parecem personagens do
impossível.
Antes, destituídos da própria identidade, privados de seus direitos mais
básicos de liberdade e sem a chance de possuir qualquer objeto pessoal (os
poucos que possuíam tinham que ser carregados junto ao próprio corpo),
esses sobreviventes agora vivem. São personagens da cidade: transeuntes no
cenário urbano, vizinhos, trabalhadores e também turistas, estudantes e
artistas. Compuseram e compõem novas histórias no mundo.
Essa mostra fotográfica de beneficiários do Programa de Volta para
Casa e moradores de Serviços Residenciais Terapêuticos é, acima de tudo,
uma homenagem aos que transpuseram os muros dos hospitais, da sociedade
e os seus próprios.
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Lei no 10.708/2003 criou a possibilidade de pagamento de beneficio
assistencial mensal temporário de R$ 260,00 (Programa De Volta para Casa).
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VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos
possíveis;
3.1 CAPS
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3.2 Hospital Dia
3.3Residências Terapêuticas
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O Serviço Residencial Terapêutico (SRT) – ou residência terapêutica ou
simplesmente "moradia" – são casas localizadas no espaço urbano,
constituídas para responder às necessidades de moradia de pessoas
portadoras de transtornos mentais graves, institucionalizadas ou não.
O número de usuários pode variar desde 1 indivíduo até um pequeno
grupo de no máximo 8 pessoas, que deverão contar sempre com suporte
profissional sensível às demandas e necessidades de cada um.
O suporte de caráter interdisciplinar (seja o CAPS de referência, seja
uma equipe da atenção básica, sejam outros profissionais) deverá considerar a
singularidade de cada um dos moradores, e não apenas projetos e ações
baseadas no coletivo de moradores. O acompanhamento a um morador deve
prosseguir, mesmo que ele mude de endereço ou eventualmente seja
hospitalizado.
O processo de reabilitação psicossocial deve buscar de modo especial a
inserção do usuário na rede de serviços, organizações e relações sociais da
comunidade. Ou seja, a inserção em um SRT é o início de longo processo de
reabilitação que deverá buscar a progressiva inclusão social do morador.
Cada casa deve ser organizada segundo as necessidades e gostos de
seus habitantes: afinal é uma moradia! Por isso, a rigor, deverão existir tantos
tipos de moradias quanto de moradores. No entanto, pensando em termos bem
gerais, temos dois grandes tipos de SRTs:
SRT I – O suporte focaliza-se na inserção dos moradores na rede social
existente (trabalho, lazer, educação, etc.). O acompanhamento na residência é
realizado conforme recomendado nos programas terapêuticos individualizados
dos moradores e também pelos Agentes Comunitários de Saúde do PSF,
quando houver. Devem ser desenvolvidas, junto aos moradores, estratégias
para obtenção de moradias definitivas na comunidade. Este é o tipo mais
comum de residências, onde é necessário apenas a ajuda de um cuidador
(pessoa que recebe capacitação para este tipo de apoio aos moradores:
trabalhador do CAPS, do PSF, de alguma instituição que faça esse trabalho do
cuidado específico ou até de SRTs que já pagam um trabalhador doméstico de
carteira assinada com recursos do De Volta Para Casa).
SRT II – Em geral, cuidamos de nossos velhos, doentes e/ou
dependentes físicos, inclusive com ajuda de profissionais: o SRT II é a casa
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dos cuidados substitutivos familiares desta população institucionalizada, muitas
vezes, por uma vida inteira. O suporte focaliza-se na reapropriação do espaço
residencial como moradia e na inserção dos moradores na rede social
existente. Constituída para clientela carente de cuidados intensivos, com
monitoramento técnico diário e pessoal auxiliar permanente na residência, este
tipo de SRT pode diferenciar-se em relação ao número de moradores e ao
financiamento, que deve ser compatível com recursos humanos presentes
24h/dia.
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atendimento individual (consulta, psicoterapia, dentre
outros);
4. O SER HUMANO
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1-Auto conhecimento: É o desenvolvimento da capacidade de conhecer
as próprias atitudes que estão presentes e que dão vida ao comportamento de
ser humano.
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enfermagem, pois hoje, com todas as mudanças ocorridas no cenário atual das
Políticas de Saúde Mental Nacional e Internacional vivencia-se uma realidade
diferente de algumas décadas atrás, em que o doente mental, não está único e
exclusivamente dentro dos hospitais especializados em psiquiatria, mas sim,
ocupam todos os serviços de saúde instituídos na comunidade.
O campo de trabalho da enfermagem se expande e seu
significado torna-se notável. Sabe-se que cabe a ela o cuidado e a promoção
da ressocialização de cada pessoa, respeitando sua subjetividade. Para
efetivação do seu trabalho, o profissional pode desenvolver atividades junto ao
portador de transtorno mental, famílias e comunidade, contribuindo para um
convívio mais saudável na sociedade.
Os técnicos de enfermagem, enquanto profissionais de saúde,
devem munir-se de instrumentos que possibilitem melhor entendimento sobre a
saúde mental, o que permitirá adequar os cuidados básicos, para planejar e
implementar ações direcionadas aos portadores de transtorno mental, visando
à melhoria da qualidade da assistência em nível comunitário, contribuindo para
discussões desta temática, em nível nacional.
7.1Tratamento farmacológico
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ansiedade, como a perturbação por pânico e as fobias. estabilizantes do
humor, como o lítio e a carbamazepina, foram usados, com certo êxito, em
pacientes com doenças maníaco-depressivas.
7.2 Psicoterapia
Tipos de Psicoterapias.
Arteterapia
É uma forma de terapia que utiliza recursos expressivos, artisticos e
vivênciais com o objetivo de facilitar o auto-conhecimento e a comunicação
do cliente.
Programação Neurolingüística
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A PNL é um modelo de comunicação e comportamento que enfatiza o
papel da linguagem na determinação de nosso estado físico e psicológico.
Psicanálise
A Psicanálise é ao mesmo tempo um modo particular de tratamento do
desequilíbrio mental e uma teoria psicológica que se ocupa dos processos
mentais inconscientes.
Hipnose e hipnoterapia
7.3 Eletroconvulsoterapia
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Apesar do alto índice de eficácia e da segurança do tratamento, a
técnica ainda é incompreendida e confundida com tratamento doloroso,
antiquado ou mesmo tortura. Antigamente a ECT era conhecida como
“eletrochoque”. Nos anos 50, com a descoberta de remédios com efeitos
antipsicóticos, antidepressivos e estabilizadores do humor, a ECT começou a
ser vista negativamente. No entanto, nenhuma droga, até o momento, se
iguala, em eficácia, à ECT. Quando os profissionais começaram a observar as
limitações do efeito das medicações o interesse pela ECT voltou a crescer. Em
1959, foi relatado o uso de anestesia durante o procedimento. A partir dos anos
70 a técnica foi extremamente aprimorada, com o desenvolvimento de
aparelhos mais sofisticados, que permitem um controle preciso da carga
fornecida, uso de anestesia, oxigenação, relaxamento muscular e monitoração
detalhada das funções vitais.
Atualmente, estima-se que 50 mil pessoas recebam ECT por ano nos
Estados Unidos, no Brasil ainda não há dados precisos, mas a técnica é
amplamente utilizada nos melhores e mais conceituados hospitais de todo o
país. Infelizmente o preconceito e a falta de informação ainda existem, mas a
cada dia mais profissionais e pacientes reconhecem que a ECT é uma
intervenção eficaz, segura e, muitas vezes, capaz de salvar a vida em certos
transtornos nos quais outras intervenções tiveram pouco ou nenhum efeito.
O tratamento surgiu na década de 30, quando os neuropsiquiatras
italianos, Ugo Cerletti e Lucio Bini, iniciaram pesquisas induzindo convulsões
com eletricidade. Em 1938, Cerletti realizou a primeira terapia convulsiva
induzida eletricamente com finalidade terapêutica. Descobriu-se, então, que o
tratamento reduz o risco de suicídio, quase a ponto de desaparecimento,
rapidamente. Em poucos anos, a ECT tornou-se um dos principais métodos de
tratamento da esquizofrenia e transtornos do humor.
Os quadros depressivos são os que melhor respondem a este
tratamento. Todos os subtipos podem se beneficiar do tratamento: refratária,
unipolar, bipolar, catatônica, associada a transtorno de personalidade ou a uma
outra doença orgânica.
A ECT tem indicação como primeiro tratamento nos quadros nos quais:
Há um risco de suicídio iminente;
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Uma desnutrição que põe em risco a vida do paciente;
A presença de sintomas catatônicos;
Presença de sintomas psicóticos graves;
Em situações nas quais outros tratamentos são mais arriscados devido
aos seus efeitos colaterais (por exemplo: pacientes idosos, durante a gestação
e amamentação).
Outros quadros também podem ter indicação: mania e seus subtipos,
esquizofrenia e outras psicoses funcionais resistentes ao uso de antipsicóticos,
epilepsia refratária e transtornos mentais em epilépticos, síndrome neuroléptica
maligna e doença de Parkinson (há melhora dos sintomas extrapiramidais e
depressivos).
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Em muitas situações, quanto mais cedo se pedir ajuda, menores serão
as dificuldades com o problema.
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- Doenças mentais são doenças como quaisquer outras, e com
intervenções modernas, são altamente tratáveis.
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física - a causa destes sintomas é emocional. Por exemplo, o caso da pessoa
que sente taquicardia, o coração dispara e ela vai ao médico achando que está
com problema no coração, chegando lá ela faz exames, e não acusando nada,
o médico dispensa o paciente dizendo que ele está bem fisicamente. Esta
taquicardia pode ser sintoma de pânico - síndrome do pânico. Isso é
somatização. Os exames não acusam nada porque a pessoa não tem nada
fisicamente, o sofrimento físico é um reflexo do sofrimento emocional, que está
escondido. O correto nessa situação é que o médico encaminhe a pessoa para
um tratamento com psicólogo. Só o psicólogo pode tratar e amenizar esse
sofrimento, que apesar de estar se manifestando no corpo é essencialmente
mental, é psicológico. A ajuda deve ser feita a nível emocional.Somatização é
quando a pessoa apresenta sintomas cuja avaliação do médico não identifica
qualquer problema orgânico, mas identifica uma causa psicológica, e o
tratamento é feito com o psicólogo.
Quando usamos o termo “doença psicossomática” dizemos que a causa
é psicológica, mas a pessoa apresenta alterações clínicas detectáveis por
exames de laboratório, ou seja, o corpo da pessoa está tendo danos físicos -
chamamos de doença psicossomática. É uma doença física, verdadeira mas
com causa psicológica, ou seja, a doença apareceu no corpo, como uma
alergia por exemplo. Neste caso a pessoa deve tratar tanto com o psicólogo
como com o médico. Com o médico ela trata o corpo, e com o psicólogo trata a
mente - a cabeça, as emoções.
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