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O campo magnético terreste, CMT, é variável no tempo e no espaço e resulta da conjugação de três
fontes geradoras: o núcleo, a crusta e a própria magnetosfera.
A SAMA (South Atlantic Magnetic Anomaly) é uma anomalia magnética que se regista no Atlântico Sul.
Em 2009, G. A. Hartmann e I. G. Pacca, investigadores da Universidade de S. Paulo, Brasil, publicaram
um artigo sobre esta anomalia.
De acordo com os dados recolhidos por estes investigadores, a SAMA é uma área em que a intensidade
magnética é cerca de metade da esperada para regiões a esta latitude. Medições geomagnéticas
revelam que, na geosfera, as intensidades mais elevadas se localizam nos pólos, sendo aí da ordem dos
60x103 nT (nanoTesla, unidade de intensidade do campo magnético terrestre utilizada em Geofísica) e
as mais baixas ao nível do equador, na ordem dos 30,5x103 nT.
A morfologia e a localização desta anomalia (figura 1), bem como a variação ao longo do tempo da
intensidade do campo geomagnético a ela associado (tabela 1) resultam de processos
magnetodinâmicos que ocorrem no núcleo externo da Terra. Segundo Hartmann e Pacca, a SAMA pode
estar relacionada com a inversão de fluxos no núcleo externo, sob a região do Atlântico Sul, ao nível da
fronteira manto-núcleo, isto é, na CMB (core-mantle boundary). Atualmente, a América do Sul está
praticamente toda abrangida pela SAMA, cujo centro se localiza no Paraguai.
As áreas geomagnéticas de muito baixa intensidade comportam-se como janelas na tela magnética que
protege a Terra do fluxo de partículas solares. Consequentemente, nestas regiões há maior
probabilidade de ocorrerem interferências ao nível das comunicações via rádio e satélite, assim como
problemas no processo de transmissão de energia elétrica.
Segundo Hartmann e Pacca, uma melhor compreensão deste e de outros fenómenos magnéticos só será
possível através do aprofundamento do conhecimento do geomagnetismo e da interação dinâmica que
se estabelece na CMB, isto é, na fronteira manto-núcleo.
Tal como no Atlântico Sul, em zonas continentais também se registam intensas anomalias magnéticas. É
o caso de Kursk, na Rússia, à latitude de 51°, onde se concentram 3/5 das reservas de minério de ferro
conhecidas neste país, quase 4% das reservas comprovadas do planeta. O magnetismo anormalmente
elevado desta região foi detetado pela primeira vez por geógrafos russos em 1770; no entanto, o
primeiro poço para a extração de minério de ferro foi aberto somente em 1923.
Adaptado de: HARTMANN e PACCA, Time evolution of the South Atlantic Magnetic Anomaly, Anais da Academia Brasileira de
Ciências (2009) 81(2): 243-255.
Figura 1. SAMA entre 1950 e 2005, por aplicação de modelos teóricos, antes de 1840, e por medição direta da intensidade
magnética, após 1840. O triângulo vermelho representa o centro da SAMA (Hartmann e I. G. Pacca, 2009).
Tabela I
Registo da variação da intensidade magnética no centro da SAMA (nT/ano)
Ano nT
1590 - 1640 - 3,7
1640 - 1690 - 7,4
1690 - 1740 - 3,9
1740 - 1790 - 17,8
1790 - 1840 - 30,4
1840 - 1890 - 48,5
1890 - 1940 - 14,3
1940 - 1990 - 34,6
Média (nT/ano) - 20,1
Nas questões de escolha múltipla selecione a única opção que permite obter uma afirmação correta.
6. Entre as margens continentais do Atlântico Norte também se registam anomalias magnéticas devido
(A) à densidade da crusta oceânica.
(B) à polaridade do campo magnético ao longo do tempo.
(C) ao elevado teor de ferro e de magnésio do manto.
(D) à expansão dos seus fundos oceânicos a partir do rifte.