Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
REFORMA TRABALHISTA
Lilian Katiusca
18/01/2018 – 08:28
Pixabay
SINDICATOS
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/reforma-trabalhista/contribuicao-sindical-sob-o-vies-da-reforma-trabalhista-18012018 1/6
4/3/2018 A contribuição sindical sob o viés da reforma trabalhista | JOTA
1)
Considerações Iniciais
Tem-se, aqui, uma das maiores e mais discutidas questões inauguradas pela Reforma Trabalhista: término da
obrigatoriedade de pagamento da contribuição sindical, independentemente de autorização dos
trabalhadores.
O art. 8º, da CR/88, coloca a contribuição sindical ao lado dos princípios da liberdade sindical, unicidade
territorial e autonomia dos sindicatos, como uma das marcas da organização do sistema sindical brasileiro.
I – a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
II – é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
pro ssional ou econômica, na mesma base territorial, que será de nida pelos trabalhadores ou
III – ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
IV – a assembléia geral xará a contribuição que, em se tratando de categoria pro ssional, será descontada
em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da
VII – o aposentado liado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais.
VIII – é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção
ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o nal do mandato, salvo se
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de
Embora haja previsão expressa no texto constitucional acerca do pagamento da Contribuição, em momento
algum foi mencionada a obrigatoriedade do seu recolhimento e, tampouco, está ela condicionada ao tal ato
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/reforma-trabalhista/contribuicao-sindical-sob-o-vies-da-reforma-trabalhista-18012018 2/6
4/3/2018 A contribuição sindical sob o viés da reforma trabalhista | JOTA
Diante desta interpretação, o legislador reformista alterou dispositivos da CLT determinado a facultatividade
Pela redação do art. 545, caput, da CLT, pré-reforma, o desconto da contribuição sindical ( também
denominada imposto sindical, é o montante pago aos sindicatos correspondentes ao valor de um dia de
trabalho por ano de cada empregado) independe de autorização do trabalhador. São descontadas
diretamente do salário dos empregados e repassadas ao sindicato da categoria. Para as demais contribuições,
a autorização dos trabalhadores se faz necessária, ou, ainda, estão condicionadas à sua associação, conforme
entendimento da Súmula Vinculante 40, STF, da Súmula 666 do STF e da OJ 17, SDC-TST.
Especi camente em relação à OJ 17, da SDC-TST, entende-se ser inconstitucional a cobrança de contribuição
a trabalhadores não sindicalizados prevista em instrumento coletivo e, portanto, será passível de devolução
Pela leitura e interpretação da OJ 17, da SDC-TST, pode-se a rmar que a regra celetista pré-reforma também
constitui óbice à realização dos princípios constitucionais da liberdade sindical, vez que não facultava aos
O legislador reformista, neste ponto, buscou adequar a redação do caput do art. 545, da CLT, aos princípios
constitucionais da organização sindical brasileira, suprimindo a parte nal da “antiga” redação, qual seja:
Em detrimento desta alteração, entende-se que foi extinta a obrigatoriedade de pagamento de contribuição
sindical, estando esta, a partir da vigência da Lei 13.467/2017, condicionada à opção a ser feita pelo próprio
trabalhador.
Quanto à data do repasse dos valores referentes à contribuição, uma vez feita a opção pelo empregado, a
regra foi mantida pelo legislador reformista, permanecendo sem alterações a redação do parágrafo único do
art. 545, da CLT: “O recolhimento à entidade sindical bene ciária do importe descontado deverá ser feito até
o décimo dia subseqüente ao do desconto, sob pena de juros de mora no valor de 10% (dez por cento) sobre o
montante retido, sem prejuízo da multa prevista no art. 553 e das cominações penais relativas à apropriação
indébita”.
Tanto os artigos 578 e 579, ambos da CLT, alterados pelo legislador reformista, mantiveram a mesma linha
interpretativa atribuída à nova redação do caput do artigo 545, da CLT, ou seja, reforçaram a regra segundo a
qual a contribuição sindical (a expressão “imposto sindical” foi substituída pela expressão contribuição
sindical – caput do art. 578, da CLT) é facultativa. O desconto do valor correspondente à contribuição, para
repasse a favor dos sindicatos da categoria econômica (sindicato patronal ou de empresas) e da categoria
pro ssional (sindicato dos trabalhadores) está condicionado a autorização prévia expressa do representado.
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/reforma-trabalhista/contribuicao-sindical-sob-o-vies-da-reforma-trabalhista-18012018 3/6
4/3/2018 A contribuição sindical sob o viés da reforma trabalhista | JOTA
Portanto, reitera-se: a Reforma Trabalhista trouxe mudança bastante expressiva sobre a temática
contribuição sindical no sentido de se determinar, para a validade do seu recolhimento mediante desconto
do da liberdade sindical.
A nova regra está em plena conformidade com o Precedente Normativo 119, do TST, tendo sido esta
compreensão ampliada no sentido de que, para o recolhimento da contribuição sindical, será sempre
De acordo com a Lei 13.467/2017, as regras referentes ao mês de desconto – março, para empregadores; abril,
para empregados e trabalhadores avulsos; fevereiro, para agentes ou trabalhadores autônomos e
pro ssionais liberais – foram mantidas. Tem-se, pois, com alteração dos artigos 582 e 583, da CLT, a
reiteração da regra segundo a qual o desconto da contribuição sindical só poderá ser realizado mediante
prévia e expressa autorização do trabalhador, qualquer que seja ele, emprego ou não.
Importante lembrar que, nos termos no Precedente Normativo 111, do TST, o empregador é obrigado a
informar o sindicato pro ssional a relação de empregados pertencentes à categoria. Tal exigência se justi ca
no fato de o sindicato identi car a regularidade no repasse das contribuições a seu favor.
Com a Reforma Trabalhista, tal exigência se faz desnecessária, uma vez que caberá ao próprio sindicato ter o
controle direto dos trabalhadores que zerem, facultativamente (e de forma prévia e expressa), a opção pelo
pagamento da contribuição sindical.
Da mesma forma que os empregados/trabalhadores poderão optar pelo recolhimento ou não da contribuição
sindical a favor dos sindicatos da categoria respectiva, também os empregadores poderão optar pelo seu
Portanto, o pagamento da contribuição sindical é faculdade a ser exercida pelos trabalhadores e também
pelos empregadores, mantidas as demais regras referentes à época de desconto e data de repasse às
entidades sindicais.
Quanto à regra do art. 602, da CLT, referente aos empregados que não estiverem trabalhando no mês do
desconto da contribuição sindical, esta será descontada no primeiro mês subsequente ao do reinício do
Percebe-se que legislador reformista cuidou de reitarar, nos dispositivos celetistas reiterados, que o desconto
da contribuição sindical a ser paga pelos trabalhadores e empregadores está condicionado a autorização
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/reforma-trabalhista/contribuicao-sindical-sob-o-vies-da-reforma-trabalhista-18012018 4/6
4/3/2018 A contribuição sindical sob o viés da reforma trabalhista | JOTA
5) Considerações nais
Um dos pontos de maior destaque da Reforma Trabalhista foi, de fato, a conversão da obrigatoriedade do
pagamento da contribuição sindical em ato facultativo, condicionado à autorização expressa do representado
Embora se discuta a inconstitucionalidade da alteração, percebe-se, pela leitura do art. 8º, inciso IV, que a
obrigatoriedade do pagamento não decorreu de norma constitucional. Ou seja: as alteração não violam a
CR/88.
Entende-se, ainda, que a opção pelo não pagamento não pode ser critério para exclusão do trabalhador ou
empregador da condição de sindicalizados. Esta ocorre automaticamente uma vez que a condição inerente às
organizações sindicais é a de representatividade das categorias econômica, pro ssional e pro ssional
diferenciada.
Em defesa da Reforma Trabalhista, a MP 808/2017 manteve todas as alterações, frustrando a expectativa dos
sindicatos que integram o sistema confederativo brasileiro que tanto exigem o retorno ao sistema anterior.
Espera-se que haja uma reestruturação dos sindicatos e seu fortalecimento para que, assim, convençam os
representados sobre a real necessidade de se pagar a contribuição, a partir do suporte representativo
verdadeiramente oferecido.
Lilian Katiusca – Graduada em Direito pela PUC-Minas e em Letras pela UFMG. Mestre em Direito Material
e Processual do Trabalho pela UFMG. Professora dos programas de graduação e pós-graduação do Centro
Universitário Unihorizontes; professora do programa de pós-graduação da UNIGRAD (BA); Professora do
Curso Ênfase. Professora da EBRADI. Advogada.
Os artigos publicados pelo JOTA não re etem necessariamente a opinião do site. Os textos buscam estimular o
debate sobre temas importantes para o País, sempre prestigiando a pluralidade de ideias.
COMENTÁRIOS
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/reforma-trabalhista/contribuicao-sindical-sob-o-vies-da-reforma-trabalhista-18012018 5/6
4/3/2018 A contribuição sindical sob o viés da reforma trabalhista | JOTA
Adicionar um comentário...
David Edson
não, não pode inclusive torna-se ato ilícito conforme disposto no inciso XXVI do artigo
611 B da Lei 13467
Curtir · Responder · 1 · 2 sem
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/reforma-trabalhista/contribuicao-sindical-sob-o-vies-da-reforma-trabalhista-18012018 6/6